Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O envelhecimento é influenciado por diversos fatores ocorridos nas fases anteriores da vida, como
as experiências vividas, os hábitos adquiridos na família, na escola ou em outras instituições.
O termo idoso ganhou força quando foi associado à distinção social. Na França do século XIX,
velho ou velhote era o indivíduo pobre e com baixo status social. Já aquele que usufruísse de mais
recursos econômicos recebia a denominação de idoso.
No Brasil no fim da década de 1960 o termo velho passou a ser substituído por idoso nos
documentos oficiais.
O envelhecimento é influenciado por diversos fatores ocorridos nas fases anteriores da vida, como
as experiências vividas, os hábitos adquiridos na família, na escola ou em outras instituições. Dessa
forma, como a velhice não abriga uma única visão, também não corresponde a um conceito. Pode
haver discrepância entre a idade cronológica definida pelo tempo de vida, a biológica compatível
com o desempenho do organismo humano e a idade cultural ou social que correspondente à
participação do velho na vida social.
O termo terceira idade: é usado sem estigma depreciativo e pode ser pensada na faixa entre 50 a
77 anos de idade. O mercado consumidor enxerga o termo como um nicho a ser explorado e
aproveita para potencializar o consumo em oposição à imagem mais clássica do velho que se
recolhia para esperar a morte. Atualmente, a aposta do marketing é no sentido de destacar as
possibilidades de vida do idoso. É a valorização do velho jovem.
Goldenberg enfatiza a questão da liberdade. Para os participantes das pesquisas realizadas por ela,
a velhice não precisa ser acompanhada de vitimização, dores e doenças. Para eles, o foco principal
envolve a moeda tempo e o que fazer com ele.
Surge a figura do velho feliz com a própria condição e com a sensação de já ter cumprido suas
responsabilidades na vida, podendo usufruir mais livremente as escolhas que faz, o que aumenta a
possibilidade de ser velho e feliz. Trata-se de um viés também social e cultural, entretanto,
invocando mais responsabilidades pessoais.
Módulo 2- contexto sociocultural da velhice.
-Como a Teoria das Representações Sociais (TRS) impacta a forma de entender a
velhice?
Teoria das representações sociais (TRS):
Serge Moscovici, intelectual francês atuante na área de psicologia social
considerado o principal nome no cenário da TRS e que estabeleceu as bases
de suas teorias, inspirado em Émile Durkheim.
Tanto Moscovici quanto Durkheim tentavam entender o homem na
sociedade.
A TRS nos possibilita perceber e compreender com mais facilidade a forma
como tratamos o envelhecimento.
A TRS Tem como objetivo compreender como o conhecimento humano é
produzido e analisar o impacto sobre as práticas sociais.
A TRS ajuda a entender como somos e porque agimos de uma forma ou de
outra.
O estudo apresentou o idoso como protagonista, a velhice como última fase da vida e o próprio
envelhecimento como processo que transcende a própria velhice para abranger todo o curso de
vida.
Atualmente a busca pela perfeição do corpo e da saúde nos leva a construir alguns
estereótipos, que acabam por reger nossas condutas.
Os corpos precisam ser perfeitos, a beleza e a saúde precisam ser perseguidas de forma
incessante. Esse estereótipo, principalmente a busca pelo corpo perfeito, na sociedade
cuja população de velhos aumenta progressivamente nos faz olhar o processo de
envelhecimento sob uma ótica distorcida que compara o velho ao jovem. A velhice e a
juventude são momentos distintos da vida e situações não são comparáveis.
Goldenberg discorre sobre a valorização atribuída ao corpo de modo tão intenso que
estabelece um valor sob a forma de capital físico, simbólico e social. Funciona como um
passaporte para a aceitação social. O corpo bonito é o magro, em boa forma, sexy e
saudável.
Para os mais jovens velho é quem tem cabelos brancos, rugas, usa óculos, dentadura e, em
alguns casos, quem sabe bengala. Essa é a imagem da fragilidade. O corpo velho e
associado a fragilidade.
Bourdieu pesquisou e desenvolveu uma abordagem sobre o que nem sempre está
visível aos olhos de todos, mas tem grande poder sobre nossa forma de entender o
mundo e reagir a ele.
Poder simbólico:
Denominado por Pierre Bordieu
Para Pierre os poderes simbólicos não são concretos, são forças que se estabelecem
a partir do que os homens determinam ser mais importante. Essas forças se
originam nos fatos sociais e na maneira como a sociedade reage a eles.
Quando se pensa sobre a visão do processo de envelhecimento das populações, o que isso
representa e como reagir à imagem de fragilização que pode levar à perda de autonomia,
estamos lidando com a reação a um poder simbólico instituído.
- A visão de Pierre Bourdieu e os lugares sociais definidos pelo poder do
simbólico
Dois fatos acompanham o ser humano: A violência em diferentes formas e o
envelhecimento.
São inúmeras as formas de violência testemunhadas nos tempos atuais. Podemos falar de
efeitos originários de violências sobre as desigualdades sociais, no trânsito das grandes
metrópoles do mundo, contra mulheres, entre outras formas; e isso sem nos referirmos às
guerras sempre existentes no mundo.
Minayo ), uma das pesquisadoras na área, apresenta um quadro que exibe violência
estrutural, interpessoal e institucional. A violência estrutural nos remete à desigualdade
social; a interpessoal se relaciona à comunicação de interação com o velho; e a
institucional está relacionada às políticas públicas que não conseguem atender
suficientemente esse segmento da população.
A aposentadoria pode ser considerada um marco do início da velhice e com ela chegam
muitos fatores que tornam necessário que haja uma ressignificação da velhice.
A religião controlava o que pudesse ser vinculado a qualquer tipo de prazer relacionado ao
corpo. A procriação era o esperado das funções sexuais, e o corpo era tratado como algo
que devia ser escondido.
já no final da Idade Média, havia uma reação, por meio das artes, de uma nova
mentalidade surgindo lentamente contra o rigor religioso. Esse movimento cultural dos
séculos XIV e XV, principalmente nas artes, caracterizou o Renascimento iniciado na Itália,
quando o corpo desnudo começou, gradativamente, a ser exibido em nome da expressão
artística.
Os séculos XVI e XVII sofreram grande influência do filósofo que teve a obra baseada no
racionalismo, Descartes. Ele também enfocava o dualismo corpo/mente ou corpo/alma
mas por outro ângulo diferente do religioso, pois para ele prevalecia a razão. Por isso
mesmo era chamado de racionalista.
Da mesma forma que houve liberação em relação ás mulheres poderem desenvolver mais
e outros papéis sociais, houve também em relação a forma que os corpos eram vistos.
Por volta de 1950-1960 surgiram os biquínis em substituição aos trajes de banho que
cobriam quase todo o corpo. Eles funcionaram como um passaporte para a liberação de
vários costumes, inclusive o uso da sexualidade, pois o advento da pílula anticoncepcional
ditou uma das primeiras liberações femininas em relação ao próprio corpo.
A expectativa acerca de como devemos nos comportar é aprendida e nos acompanha por
toda a vida, e as influências culturais são determinantes sobre a forma em que as condutas
se estabelecem.
A velhice não é vivenciada da mesma forma para homens e mulheres, pois os papéis sociais
construídos para um e outro são diferentes. A fragilidade se estabelece de forma
praticamente igualitária, mas a forma de reagir a ela se manifesta com mais facilidade nas
mulheres que buscam se socializar mais do que os homens.
Essa capacidade de socialização das mulheres idosas favorece também a busca de maior
qualidade de vida refletida nas escolhas de atividades.
A aposentadoria atinge mais fortemente aos homens idosos pelo abalo do fator
econômico.
Se o homem velho adoece, torna-se mais frágil, pois, sem lutar contra a sensação de
inutilidade oriunda da aposentadoria, ele tende a se sentir sem função, aumentando o
risco de ficar acamado. Já a mulher, mesmo doente, continua exercendo os papéis sociais
de mãe, esposa, avó e amiga como fez durante toda a vida.
A imagem associada à mulher velha é a de enrugada, sem viço ou brilho e decadente. Não
se fala da bela velha, mas do belo velho.
Não importa ser bonita ou feia, uma vez que é assexuada. É apenas a avó, o que reforça o
estereótipo da mulher velha e o preconceito existente em relação a ela.
As observações feitas em relação à mulher velha não são compatíveis com as observações
feitas em relação aos homens. Enquanto os cabelos brancos na mulher são associados ao
estado de avó, no homem são um charme extra