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AVD- psicomotricidade (módulo1)

Quem e quanto são os idosos?


Pode-se pensar em velhice como o processo de avanço da vida e velho como o sujeito que
envelhece. 

O envelhecimento é influenciado por diversos fatores ocorridos nas fases anteriores da vida, como
as experiências vividas, os hábitos adquiridos na família, na escola ou em outras instituições.

Dimensões que influenciam na construção do processo de envelhecimento: característica


biológica; contexto social; aspecto cognitivo e afetivo; psicológica; econômica, política e jurídica.

O processo de envelhecimento é gradativo e natural.

A OMS e a ONU estabeleceram que em países desenvolvido um indivíduo é considerado idoso


quando alcança os 65 anos. Já em países em desenvolvimento o indivíduo que possui 60 anos já é
considerado idoso.

Dia 1 de outubro é comemorado o dia do idoso.

-Diferença entre os termos velho e idoso


Pode-se pensar em velhice como o processo de avanço da vida e velho como o sujeito que
envelhece.

O termo idoso ganhou força quando foi associado à distinção social. Na França do século XIX,
velho ou velhote era o indivíduo pobre e com baixo status social. Já aquele que usufruísse de mais
recursos econômicos recebia a denominação de idoso.

No Brasil no fim da década de 1960 o termo velho passou a ser substituído por idoso nos
documentos oficiais.

O envelhecimento é influenciado por diversos fatores ocorridos nas fases anteriores da vida, como
as experiências vividas, os hábitos adquiridos na família, na escola ou em outras instituições. Dessa
forma, como a velhice não abriga uma única visão, também não corresponde a um conceito. Pode
haver discrepância entre a idade cronológica definida pelo tempo de vida, a biológica compatível
com o desempenho do organismo humano e a idade cultural ou social que correspondente à
participação do velho na vida social.

O termo terceira idade: é usado sem estigma depreciativo e pode ser pensada na faixa entre 50 a
77 anos de idade. O mercado consumidor enxerga o termo como um nicho a ser explorado e
aproveita para potencializar o consumo  em oposição à imagem mais clássica do velho que se
recolhia para esperar a morte. Atualmente, a aposta do marketing é no sentido de destacar as
possibilidades de vida do idoso. É a valorização do velho jovem.

 Os fatores que contribuíram para que o envelhecimento tenha se transformado em


fenômeno na atualidade estão ligados a:
 Avanços na área da pesquisa médica, o que tem possibilitado que se viva mais
agora do que antes.
 Aumento da população mundial de velhos; diminuição da natalidade, também no
âmbito mundial.

A quarta idade engloba o período de 78 anos até os 100.

-Velhice para Simone Beauvoir


Escritora francesa que considera os termos : abandono, conspiração do silêncio e exclusão como
características do processo de envelhecimento. Para ela a velhice e seus desdobramentos são
construções sociais complexas.

-Velhice para Mirian Goldenberg


Os termos que caracterizam a velhice para ela são: vitalidade, desejo e inserção social.

A antropóloga, após inúmeras pesquisas na área, aponta a situação do envelhecimento na


atualidade com otimismo, frente às possibilidades do próprio velho se modificar repensando o
estigma social que ainda existe.

Goldenberg enfatiza a questão da liberdade. Para os participantes das pesquisas realizadas por ela,
a velhice não precisa ser acompanhada de vitimização, dores e doenças. Para eles, o foco principal
envolve a moeda tempo e o que fazer com ele.

Surge a figura do velho feliz com a própria condição e com a sensação de já ter cumprido suas
responsabilidades na vida, podendo usufruir mais livremente as escolhas que faz, o que aumenta a
possibilidade de ser velho e feliz. Trata-se de um viés também social e cultural, entretanto,
invocando mais responsabilidades pessoais.
Módulo 2- contexto sociocultural da velhice.
-Como a Teoria das Representações Sociais (TRS) impacta a forma de entender a
velhice?
 Teoria das representações sociais (TRS):
 Serge Moscovici, intelectual francês atuante na área de psicologia social
considerado o principal nome no cenário da TRS e que estabeleceu as bases
de suas teorias, inspirado em Émile Durkheim.
 Tanto Moscovici quanto Durkheim tentavam entender o homem na
sociedade.
 A TRS nos possibilita perceber e compreender com mais facilidade a forma
como tratamos o envelhecimento.
 A TRS Tem como objetivo compreender como o conhecimento humano é
produzido e analisar o impacto sobre as práticas sociais.
 A TRS ajuda a entender como somos e porque agimos de uma forma ou de
outra.

 Em 1999, os autores Veloz, Nascimento-Shulze e Camargo analisaram os conteúdos das


representações sociais que diferentes grupos de pessoas tinham no que dizia respeito às
questões do envelhecimento humano. Eles perceberam três tipos de representação social
do envelhecimento:
 A primeira foi uma representação doméstica e feminina em que a
perda dos laços familiares é central.
 A segunda foi masculina, apoiando-se na noção de atividade,
caracterizando o envelhecimento como perda do ritmo de trabalho,
pela aposentadoria.
 A terceira foi mais utilitarista e apresentou o envelhecimento como
desgaste da máquina humana.

O estudo apresentou o idoso como protagonista, a velhice como última fase da vida e o próprio
envelhecimento como processo que transcende a própria velhice para abranger todo o curso de
vida.

- Como a cultura da perfeição afeta a percepção de velhice?


 Tesche aponta a relação entre a representação social, a ação que estabelecemos a partir
dela e os riscos de se constituírem estereótipos.

 Atualmente a busca pela perfeição do corpo e da saúde nos leva a construir alguns
estereótipos, que acabam por reger nossas condutas.
 Os corpos precisam ser perfeitos, a beleza e a saúde precisam ser perseguidas de forma
incessante. Esse estereótipo, principalmente a busca pelo corpo perfeito, na sociedade
cuja população de velhos aumenta progressivamente nos faz olhar o processo de
envelhecimento sob uma ótica distorcida que compara o velho ao jovem. A velhice e a
juventude são momentos distintos da vida e situações não são comparáveis.

 Goldenberg discorre sobre a valorização atribuída ao corpo de modo tão intenso que
estabelece um valor sob a forma de capital físico, simbólico e social. Funciona como um
passaporte para a aceitação social. O corpo bonito é o magro, em boa forma, sexy e
saudável.

- Como é visto o corpo do velho em meio a cultura jovem?


 Fica clara a mensagem enviada pela sociedade por meio de reportagens, novelas, na
realidade observada no tratamento dado aos velhos pelos adultos, entre outras situações.

 Para os mais jovens velho é quem tem cabelos brancos, rugas, usa óculos, dentadura e, em
alguns casos, quem sabe bengala. Essa é a imagem da fragilidade. O corpo velho e
associado a fragilidade.

Módulo 3 – parâmetros psicológicos no processo de


significação do corpo na velhice.

- A figura do idoso continua tendo os mesmos significados?


 De acordo com as características culturais do tempo e do momento que vivemos, a
visão de mundo e a forma de as pessoas se relacionarem se transforma. As marcas
e as características das populações se modificam como também se modifica a
maneira como são vistas.
 Séculos atrás não havia o mesmo contingente populacional de idosos no mundo.
Atualmente o crescimento da população idosa é um fenômeno no mundo inteiro e
os signos que atravessam o olhar sobre o envelhecimento também mudaram.

 A maneira de se encarar os papéis sociais ganhou novos contornos e significados.


No caso da população de idosos, o mesmo acontece.

- O impacto do poder do simbólico sobre o envelhecimento


 Pierre Bordieu:
 foi um sociólogo francês que atuou investigando inúmeras frentes no campo da
Sociologia, inclusive na Educação.

 as teorias e as ideias dele vão muito além da educação e do neoliberalismo,


permitindo que possamos compreender distintos fenômenos sociais e os efeitos
destes sobre as populações.

 Bourdieu pesquisou e desenvolveu uma abordagem sobre o que nem sempre está
visível aos olhos de todos, mas tem grande poder sobre nossa forma de entender o
mundo e reagir a ele.

 Poder simbólico:
 Denominado por Pierre Bordieu

 Para Pierre os poderes simbólicos não são concretos, são forças que se estabelecem
a partir do que os homens determinam ser mais importante. Essas forças se
originam nos fatos sociais e na maneira como a sociedade reage a eles.

 É no território pelo qual transitam as ideias e os poderes oriundos delas que se


localiza a fertilidade dos simbolismos e o que Pierre Bourdieu denominou poder
simbólico.

 O poder simbólico é invisível e só existe pela cumplicidade do grupo que o exerce.

 É uma forma de dominação exercida entre os indivíduos. Um domina e o outro é


dominado.

 No caso dos processos de envelhecimento, o poder maior está com quem, de


alguma forma, tenta tutelar o idoso.

 O poder de construir ou influir sobre a realidade é o que dá força ao poder


simbólico.

 Quando se pensa sobre a visão do processo de envelhecimento das populações, o que isso
representa e como reagir à imagem de fragilização que pode levar à perda de autonomia,
estamos lidando com a reação a um poder simbólico instituído.
- A visão de Pierre Bourdieu e os lugares sociais definidos pelo poder do
simbólico
 Dois fatos acompanham o ser humano: A violência em diferentes formas e o
envelhecimento. 

 São inúmeras as formas de violência testemunhadas nos tempos atuais. Podemos falar de
efeitos originários de violências sobre as desigualdades sociais, no trânsito das grandes
metrópoles do mundo, contra mulheres, entre outras formas; e isso sem nos referirmos às
guerras sempre existentes no mundo.

 Minayo ), uma das pesquisadoras na área, apresenta um quadro que exibe violência
estrutural, interpessoal e institucional. A violência estrutural nos remete à desigualdade
social; a interpessoal se relaciona à comunicação de interação com o velho; e a
institucional está relacionada às políticas públicas que não conseguem atender
suficientemente esse segmento da população.

 Os lugares sociais e culturais definidos pelo poder do simbólico em relação ao


envelhecimento alertam sobre as ações possíveis de minimizarem o preconceito contra o
velho.

- Aspectos psicológicos na ressignificação da velhice

 A aposentadoria pode ser considerada um marco do início da velhice e com ela chegam
muitos fatores que tornam necessário que haja uma ressignificação da velhice.

 A passagem da condição de trabalhador ativo a trabalhador aposentado caracteriza nova


fase para o indivíduo que, necessariamente, não o favorece em relação à aceitação social.
Ele passa a ser associado à falta de projetos e de função tanto na vida familiar como na
social.

 Nesse momento, outros aspectos da vida são concomitantes, como a possibilidade de


perdas de amigos por morte ou por afastamento, principalmente em relação ao círculo de
amigos do trabalho, e mudanças em relação ao próprio corpo. É necessário reinventar a
vida, o cotidiano e os sentidos emprestados a tudo o que se fazia anteriormente. Esse é o
sentido da ressignificação da velhice.

 Ressignificar representa, além do olhar externo sobre o idoso, a reação do próprio


indivíduo sobre o que lhe acomete. Não se conformar ou se submeter ao tratamento que
tentam lhe impor. Ressignificar significa o idoso fortalecer a funcionalidade, a autonomia a
noção de envelhecimento saudável e a liberdade de viver. Para a sociedade, significa
repensar e desmistificar a ideia de inutilidade, dependência e fragilidade.

Módulo 4 - Velhice, corporeidade e gênero

- O corpo do velho no contexto histórico social

 Os aspectos históricos influenciam na construção e reconstrução de mudanças corporais


que ocorrem ao longo do desenvolvimento humano.

 O contexto social situa historicamente os corpos.

 Os estudos sobre o envelhecimento se intensificaram a partir do século XX, quando a


multidimensionalidade e a heterogeneidade da velhice começaram a ser reconhecidas.

 Tradicionalmente, a função social do idoso era a de transmitir os conhecimentos


adquiridos aos mais jovens. Ele era uma figura de respeito e de autoridade pela sabedoria
que acumulava.

 Atualmente, com a valorização da juventude, da saúde e da beleza, vistas como ideais a


serem alcançados, tanto a representação social como a dimensão estética da velhice
mudaram.

- o significado do corpo nos séculos XX e XX


 Cada período histórico influencia a visão e o conceito de corpo que temos e
compartilhamos. Na Idade Média por exemplo a alma e o espírito importavam mais

 Corpo situado historicamente é o corpo cuja análise leva em consideração o contexto


histórico, uma vez que o ambiente, as normas sociais e os códigos estabelecidos mudam de
acordo com a época histórica.

 A religião controlava o que pudesse ser vinculado a qualquer tipo de prazer relacionado ao
corpo. A procriação era o esperado das funções sexuais, e o corpo era tratado como algo
que devia ser escondido.

  já no final da Idade Média, havia uma reação, por meio das artes, de uma nova
mentalidade surgindo lentamente contra o rigor religioso. Esse movimento cultural dos
séculos XIV e XV, principalmente nas artes, caracterizou o Renascimento iniciado na Itália,
quando o corpo desnudo começou, gradativamente, a ser exibido em nome da expressão
artística.

 Os séculos XVI e XVII sofreram grande influência do filósofo que teve a obra baseada no
racionalismo, Descartes. Ele também enfocava o dualismo corpo/mente ou corpo/alma
mas por outro ângulo diferente do religioso, pois para ele prevalecia a razão. Por isso
mesmo era chamado de racionalista.

 Para os séculos XX e XXI, o corpo assume um papel de protagonismo a ponto de ser


considerado um fenômeno a ser estudado. Não só passa a existir um destaque do corpo
como os conceitos de estética corporal passam a ter novas exigências.

 Para as mulheres, os modelos do final do século XIX e começo do século XX correspondiam


ao recato, sendo talvez os pés o ponto alto e o prenúncio da provocação sexual, cuja
exibição parcial era permitida afim de seduzir. As partes do corpo ainda semiescondidas na
vida cotidiana ditavam as fantasias sobre o que não era completamente visto e muito mais
imaginado. As mulheres passavam a ideia de fragilidade, ocultando o corpo mais do que
mostravam.

 Da mesma forma que houve liberação em relação ás mulheres poderem desenvolver mais
e outros papéis sociais, houve também em relação a forma que os corpos eram vistos.

 Por volta de 1950-1960 surgiram os biquínis em substituição aos trajes de banho que
cobriam quase todo o corpo. Eles funcionaram como um passaporte para a liberação de
vários costumes, inclusive o uso da sexualidade, pois o advento da pílula anticoncepcional
ditou uma das primeiras liberações femininas em relação ao próprio corpo.

 O século XXI apresenta a liberdade dos corpos e a liberdade de dimensões de estética. Ao


longo do tempo, o corpo do velho não usufruiu da mesma liberdade de transformação
como o do jovem, principalmente em relação às mulheres mais velhas. O que era esperado
delas era sempre discrição.

- O conceito de gênero na Velhice

 O sexo é determinado biologicamente enquanto gênero se estabelece culturalmente.

 Gênero pode ser entendido como um conjunto de comportamentos e papéis sociais


relacionados à masculinidade e feminilidade, em um grupo ou sistema social.
 A desigualdade de direitos e oportunidades relacionados aos gêneros feminino e
masculino, potencializa o poder de um sobre o outro. E ao envelhecerem essa
desproporção continua a existir.

 A expectativa acerca de como devemos nos comportar é aprendida e nos acompanha por
toda a vida, e as influências culturais são determinantes sobre a forma em que as condutas
se estabelecem.

 A velhice não é vivenciada da mesma forma para homens e mulheres, pois os papéis sociais
construídos para um e outro são diferentes. A fragilidade se estabelece de forma
praticamente igualitária, mas a forma de reagir a ela se manifesta com mais facilidade nas
mulheres que buscam se socializar mais do que os homens.

 Essa capacidade de socialização das mulheres idosas favorece também a busca de maior
qualidade de vida refletida nas escolhas de atividades.

 A aposentadoria atinge mais fortemente aos homens idosos pelo abalo do fator
econômico.

 Na velhice, a representação do homem ocupando o papel de provedor e a mulher mais


submissa e cuidadora da família se mantém.

 Se o homem velho adoece, torna-se mais frágil, pois, sem lutar contra a sensação de
inutilidade oriunda da aposentadoria, ele tende a se sentir sem função, aumentando o
risco de ficar acamado. Já a mulher, mesmo doente, continua exercendo os papéis sociais
de mãe, esposa, avó e amiga como fez durante toda a vida.

- A velhice e o corpo da mulher

 A dimensão estética considerada na nossa sociedade, também não valoriza de forma


igualitária os corpos de homens e mulheres, velhos e jovens.

 Aos homens jovens é imputada a imagem da força e do porte atlético. Ao envelhecerem,


os homens ainda podem ser considerados viris, com têmporas grisalhas que podem
funcionar como um atrativo a mais e com barrigas proeminentes que necessariamente não
comprometem as imagens deles. Desde que sejam produtivos, o aspecto físico é relevado e
não é considerado como forte o bastante para denegrir a imagem estética deles .

 O paradigma estético em relação ao corpo feminino reforça os estereótipos de perfeição. A


mulher deve ter baixo percentual de gordura, ser magra, mas com curvas nos lugares
considerados ideais. Sua conduta também deve ser sedutora, gentil e preocupada em
agradar o homem. Esse é o padrão tradicional de expectativa em relação ao gênero
feminino.

 Para envelhecer bem e serem razoavelmente aceitas, as mulheres permanecem com as


mesmas preocupações e cuidados, ainda que correndo o risco de serem consideradas feias
por serem velhas ou, no máximo, senhoras simpáticas.

 A imagem associada à mulher velha é a de enrugada, sem viço ou brilho e decadente. Não
se fala da bela velha, mas do belo velho.

 Não importa ser bonita ou feia, uma vez que é assexuada. É apenas a avó, o que reforça o
estereótipo da mulher velha e o preconceito existente em relação a ela.

 Em relação às mulheres, a velhice significa o descumprimento dos padrões de beleza e a


associação à feiura. A mulher é percebida como velha, como uma pessoa simpática e
assexuada, compatível com o estereótipo das avós, confinado a uma imagem tradicional de
servir à família.

 As observações feitas em relação à mulher velha não são compatíveis com as observações
feitas em relação aos homens. Enquanto os cabelos brancos na mulher são associados ao
estado de avó, no homem são um charme extra

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