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CURSO DE DIREITO
MANAUS
2021
CARLOS ALBERTO DE SALES NETO
MANAUS
2021
CARLOS ALBERTO DE SALES NETO
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Dr. Mauro Moraes Antony
Universidade Nilton Lins (UNL)
_________________________________________
Prof. Dr.
Universidade Nilton Lins (UNL)
_________________________________________
Prof. Dr.
Universidade Nilton Lins (UNL)
A POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO PÚBLICA NA MODALIDADE DE PARCERIA
PÚBLICO-PRIVADA(PPP) NO SISTEMA PRISIONAL DO ESTADO DE RORAIMA.
ABSTRACT: This paper aims to address the proficiency of the Public-Private Partnership
institute in the prison system in the state of Roraima, starting with a brief presentation of the
current situation of the prison units in the country, entering into the problem of the state in
question, advancing on the possibility of the PPP modality in the current legal system,
evidencing the benefits of this model, making a survey of the legal specificities and examples
existing in the national system that are applicable to the penitentiary system of the state of
Roraima. To address the topic, referring to the methodology, we used several doctrinal teachings
and bibliographies (books, scientific articles, monographs, journalistic reports, texts from the
Internet, etc.). With the results obtained, it remains to be demonstrated that the privatization of
the prison system is a viable alternative for a better application of penalties, bringing benefits
and resulting in a great advance for society and for the prison system of the state of Roraima.
1
Graduando do curso de Direito na Universidade Nilton Lins (UNL), Manaus/AM, netodesales@gmail.com.
2
Graduado em Administração Pública pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Graduado em Direito
pela Faculdades Integradas Benett, mauro.antony|@tjam.jus.br.
1 INTRODUÇÃO
3
A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar
condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
4
As Regras mínimas para o tratamento do preso foi vigorada em 1955 pelo então presidente do ano correspondente
Nelson Mandela. Estas regras foram batizadas de “regras de Mandela” e foram idealizadas com o intuito acerca
da respeitabilidade e integridade do referido preso, pois o âmbito carcerário ovacionava por uma boa organização
penitenciária. Uma vez estabelecida, esta lei impediu a prática de algemar presas parturientes no parto e pós-parto;
no que tange as mortes de presos dentro do sistema penitenciário, impôs a necessidade de monitoramento do
sistema prisional por órgãos externos e independentes; proibindo, ainda, e, também, a revista vexatória de crianças,
segundo o Canal Ciências Criminais, 2016.
5
DINIZ, Eduardo Albuquerque Rodrigues. Realidade Do Sistema Penitenciário Brasileiro. Rev. Jus Navigandi,
Teresina, ano 1, n. 1, nov. 1996. Disponível em<:http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1008.> Acesso em:
30 nov. 2020.
Não somente, o Autor ainda demonstra que com estes estabelecimentos, nosso país
tinha, em 1995, a população carcerária de pouco mais de 148 mil presos, saltando para 361.402
em 2005, o que configura um avanço de 143,91% em uma década. A taxa anual de crescimento
variava entre 10 e 12%.
E apesar dos dados supracitados, os números atuais são mais alarmantes. Conforme
pesquisa apresentada pelo Ministério da Justiça e o Departamento Penitenciário Nacional no
Fórum Brasileiro de Segurança Pública,6 esta é a realidade que compreende o período entre
2018 e 2019 dos presídios no Brasil.
Tabela 1 – Total de pessoas privadas de liberdade no Sistema Penitenciário, vagas no sistema prisional e
percentual de ocupação
6
Ministério da Justiça/Departamento Penitenciário Nacional – Depen; SENASP; Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, 2020.
Nessa mesma pesquisa, mostrou-se que a “região Norte é a que mais concentra o
número de presos amontoados, atingindo a taxa de 200%. A com a menor taxa é a da região
Sul, totalizando 130%” MARTINES (2019).7
Evidencia-se assim que, temos uma população de apenados numa constante de
crescimento avassalador e incontrolável por parte do órgão encarregado, tendo em vista que,
aumento de preso, significa aumento de violência e aumento do número de cidadãos que
descumprem as leis vigentes, o que deveria ser enfrentado com mais rigor e importância.
7
MARTINES, Fernando. Brasil Tem Superlotação Carcerária De 166% E 1,5 Mil Mortes Em Presídios.
2019. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-ago-22/brasil-lotacao-carceraria-166-15-mil-mortes-
presidios. Acesso em: 01 mar. 2021.
8
Os direitos humanos não são apenas um conjunto de princípios morais que devem informar a organização da
sociedade e a criação do direito. Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião
e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre e muitos outros. A legislação de direitos humanos obriga
os Estados a agir de uma determinada maneira e proíbe os Estados de se envolverem em atividades específicas
NONATO (2020).
nem todos os detentos possuem a natureza criminosa adentrados em crimes unissubjetivos, isto
é, responsável por homicidiar um indivíduo.
Foi a partir deste contexto que ocorreram significativas mudanças acerca das penas
privativas de liberdade. Tais direitos são previstos dentro das constituições, tratados e
convenções internacionais onde é possível averiguar a consagração acerca da proteção e
efetivação da dignidade de um indivíduo, onde estabelece-se condições mínimas de vida
e promove-se particularidades positivas para o desenvolvimento da personalidade humana.
Sendo assim, limita-se o poder dos governantes e impede que algum detento sofra abuso de
poder ante o Estado IGNÁCIO, JÚLIA (2020).
A partir das declarações acima, adentrando nas Parcerias Público-Privadas
SOARES (2019, p.12 apud CARVALHO FILHO, 2010) complementam que
Mesmo diante das dificuldades em pensar respostas no calor dos fatos, associar os
acontecimentos atuais com a reflexão que vem sendo feita pelas ciências humanas
brasileiras, nos últimos anos, oferece uma possibilidade de discutir o processo social
e histórico que produziu os fatos que assuntaram a sociedade. Essa é a melhor maneira
de se pensar em medidas estruturais em vez de paliativas – ou demagógicas,
populistas – que busquem reverter o processo atualmente enfrentado pela sociedade
brasileira.10
9
SOARES.E.P. PPP no Sistema Prisional e a Sua Contribuição Para Aplicação da Função Ressocializadora da
Pena. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, pp. 1-46, 2019.
10
MANSO.B.P.; DIAS.C.N. PCC, Sistema Prisional e Gestão do Novo Mundo do Crime no Brasil. Rev. bras.
segur. pública. São Paulo, n. 2, v. 11, pp. 10-29, Ago./Set. 2017.
2.1.2 Parceria público privada no sistema prisional
Pode-se compreender que uma PPP é de fato uma boa sucessão de interesses para
ambos os lados, seja para indivíduos pertencentes a esfera do Poder Público ou adentrados no
âmbito da concessionária-parceira privada. Esta modalidade tornou-se uma alternativa para as
tribulações encontradas pelo poder do Estado quando voltado para a gestão, dilações de prazos
de uma determinada obra ou serviço, entre outras situações adversas. Visto que, ao que refere-
se a compreensão de uma PPP - onde origina-se a partir do momento em que intercorre uma
licitação, é dada por critérios individuais e a depender do que adequar-se melhor para a ocasião-
esta empresa privada, após contemplar-se diante a apresentação da oferta, passa a tomar posse
de todas as responsabilidades administrativas, execuções de serviços etc, que estavam sob juízo
do Poder Público. Ademais, quando estas implicações adentram-se na esfera prisional, cujas
competências referem-se aos recintos de cárceres, celas especiais e presídios em sua totalidade,
é de suma relevância avaliar a situação precária presente no local, onde visa-se de forma
favorável à qualidade de vida dos detentos. Estas intencionalidades possuem fundamentações
adentradas no Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) criado a partir da Declaração
Universal dos Direitos Humanos (OHCHR).
Uma vez que esta conceitualização é depreendida, pode-se obter uma análise mais
aprofundada adentrando no sistema prisional brasileiro, onde encontra-se colapsado em quase
todas as regiões do país, na qual configura-se com superlotações, falta de infraestruturas
adequadas e, em determinadas regiões, encontra-se em situações de precariedade acerca do
saneamento básico, proporcionando ao detento uma “sobrevida”, uma vez que denota-se um
espaço limitado dentro das celas carcerárias onde muitos não conseguem movimentarem-se de
forma adequada devido a superlotação.
Para ter-se a real compreensão do sistema penal, é preciso pensar em dois modelos
11
Esta Lei institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Ou seja, que trata da Parceria Público-Privada (PPP),
trouxe importantes inovações para a contração pela administração pública de serviços e obras públicas. No entanto,
a lei das PPP tão somente regula duas novas formas de concessão onde a administração pública passa a ser sócia
do parceiro privado na empresa que receberá a concessão, segundo análises de MACIEL. RODRIGO TAVARES,
2005.
12
MÜLLER.K.K. A Viabilidade das Parcerias Público-Privadas no Sistema Prisional Brasileiro. Trabalho de
Conclusão de Curso. Universidade de Caxias do Sul. pp. 01-165. Canela, 2018.
que se coincidem, mas que por serem divergentes estão em contínuo clima de tensão:
o estado político e Estado de polícia. O Estado de polícia é a força autoritária do
Estado que determina os atos que são "bons" e que devem ser seguidos pela sociedade.
Admite punir o sujeito transgressor da lei para reeducá-lo e proteger o restante da
sociedade, mas ao mesmo tempo marginalizando certos grupos 'rotulados' pela
sociedade. Já o Estado político, se propõe a ser mais democrático, onde as decisões
são estatais, deixando que a maioria escolha, levando em conta o interesse das
minorias, exercendo a justiça igualitariamente a todos. Caracteriza-se como um
Estado solidário e respaldado de igualdade (MURARO, 2015). 11
Além do mais, segue a compreensão acerca da PPP, que para PINTO (2018, p.10
apud COUTINHO, 2005, p.48-49) confirma-se que
13
PINTO.R.C.L. Políticas Públicas de Parceria Público Privada no Sistema Prisional. Projeto de Artigo.
Universidade Federal de São João DEL-REI – UFSJ. pp. 1-29. São João Del Rei, 2018.
2.1.4 Departamento penitenciário nacional e suas diretrizes
14
DEPEN. Resultados 2019. Relatório Anual Depen Verão. pp. 01-36, 2020.
projeto prioritário relacionado as Vagas e na condição de melhorar a prestação de assistência ao
preso, o Depen já efetivou eventos para debater a inserção de Parcerias Público-Privadas (PPPs)
dentro do sistema penitenciário brasileiro. Dentre os participantes do evento, pode-se destacar
a presença do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Secretaria do Programa de Parcerias de
Investimentos (SPPI) da Casa Civil, Universidade de Brasília, Federação das Indústria do
Estado de São Paulo, Caixa Econômica Federal, Banco Nacional de Desenvolvimento Social
(BNDES), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Nações Unidas de Serviços para
Projetos (UNOPS) e Cruz Vermelha DEPEN (2019, p.21).13
Ao adentrar na esfera penitenciária, denota-se a respeito dos indivíduos que
perderam sua liberdade por contrassensos impostos na Legislação. Abaixo, é possível
notabilizar valores acerca das privatizações em âmbito nacional no ano de 2017, tabela
elaborada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública Departamento Penitenciário
Nacional15 que evidencia:
15
Ministério da Justiça e Segurança Pública Departamento Penitenciário Nacional, (DEPEN) é o órgão executivo
que acompanha e controla a aplicação da Lei de Execução Penal e das diretrizes da Política Penitenciária Nacional,
emanadas, principalmente, pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária – CNPCP. Além disso, o
Departamento é o gestor do Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN, criado pela Lei Complementar n° 79, de
07 de janeiro de 1994 e regulamentado pelo Decreto n° 1.093, de 23 de março de 1994.
O DEPEN é responsável pelo Sistema Penitenciário Federal, cujos principais objetivos são isolamento das
lideranças do crime organizado, cumprimento rigoroso da Lei de Execução Penal e custódia de: presos condenados
e provisórios sujeitos ao regime disciplinar diferenciado; líderes de organizações criminosas; presos responsáveis
pela prática reiterada de crimes violentos; presos responsáveis por ato de fuga ou grave indisciplina no sistema
prisional de origem; presos de alta periculosidade e que possam comprometer a ordem e segurança pública; réus
colaboradores presos ou delatores premiados DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL, 2020.
Quadro 1 – Pessoas privadas de liberdade no Brasil junho de 2017
Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – Infopen, junho, 2017; IBGE, 2017.
Este quadro evidencia que apenas no ano de 2017 houve um aumento significativo
a respeito das privações de liberdade de pessoas que consumaram atitudes contrárias à Lei e
que opuseram-se diante dos princípios morais instaurados na sociedade brasileira.
Gráfico 1 – Pessoas privadas de liberdade por natureza da prisão de regime no sistema penitenciário
16
Para mais, também é válido botar-se em evidência acerca dos tipos penais, onde possuem coeficientes decisórios
a respeito do cárcere do detento, uma vez que, a sua condenação e seu tempo fixado na sentença serão emanados
de suas respectivas naturezas. Ademais, as unidades prisionais que dispunham de informação sobre o tipo penal
mostram com gráficos, tabelas e quadros a proporcionalidade acerca da natureza jurídica do crime.
3 O SISTEMA PRISIONAL DO ESTADO DE RORAIMA.
Roraima é o Estado brasileiro que está localizado mais ao norte do Brasil. Faz
fronteira a norte e oeste com a Venezuela e a leste e norte com a Guiana. Ao Sul faz divisa com
os Estados brasileiros Amazonas e Pará. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística – IBGE – Roraima é o Estado menos populoso do país com uma população de
631.181 habitantes. Na capital Boa Vista está concentrada a grande parte da população total
(419.652 habitantes) (IBGE, 2021). E é também em Boa Vista se encontra a maioria dos
estabelecimentos prisionais do Estado, quatro dos cinco existentes. 17
De acordo com os dados já expostos na tabela 1, as informações colhidas no
relatório do Anual Brasileiro de Segurança Pública de 2020 mostram que a população carcerária
do Estado de Roraima é a segunda menor do Brasil com 3.188 presos no sistema penitenciário.
No entanto, apesar de ser o segundo estado com a menor população carcerária do
Brasil, o sistema prisional de Roraima acompanha a realidade do resto do país, com problemas
semelhantes aos outros integrantes da Federação. O estado tem cinco unidades penitenciárias
subordinadas a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania, são elas a Cadeia Pública de Boa
Vista, a Cadeia Pública de São Luiz do Anauá localizada no município de São Luiz,18 a Cadeia
Pública Feminina classificada no Departamento Penitenciário Nacional como Penitenciária
Feminina de Monte Cristo e a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), construída
primariamente para o regime semiaberto, objetivando o trabalho agrícola como forma de
reeducação dos apenados.
Todavia, desde a sua construção, em 1980, houve um aumento exponencial da
população carcerária, e hoje a instituição recebe detentos condenados ao regime fechado. E, de
acordo com levantamentos do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias – InforPen, o
estado comporta 4.198 detentos em suas unidades prisionais.
17
Atualmente a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo – PAMC é a maior em metragens quadradas e é dada como
a primacial da cidade de Boa Vista, RR. A mesma possui a menor população carcerária do país; possui sistema
prisional desorganizado e conflitivo, no qual presos de vários regimes se misturam durante período de pena. A
Penitenciária Agrícola de Monte Cristo foi construída no final da década de 1980 para atender presos do regime
semi-aberto no intuito que os mesmos desenvolvessem a prática agrícola. Contudo, devido ao aumento da
população carcerária e a falta de estrutura do Estado para comportar o aumento do número de presos, a
Penitenciária foi passando por adaptações recebendo preventivados e condenados a pena de regime fechado, sem
agrícola ser, segundo os estudos perscrutados de SILVA e ALMEIDA de set./dez. de 2014.
18
A cadeia atualmente encontra-se fechada devido o baixo número de detentos. A Secretaria de Justiça e Cidadania
(Sejuc), responsável pelo sistema penitenciário decidiu encerrá-la após concluir que possuía uma quantidade de
funcionários agentes quase proporcional ao número de detentos.
Além do mais, para uma melhor compreensão, segundo SILVA e ALMEIDA (2014,
p.8-9)
De acordo com a Lei de Execuções Penais – LEP20 – a qual dispõe as diretrizes para
a execução da pena de restrição de liberdade em regime fechado, semiaberto e aberto dos
indivíduos condenados por sentença ou decisão criminal.
A penitenciária destina-se ao condenado a pena de reclusão, em regime fechado.
Sendo assim, considerada um estabelecimento oficial ao qual são recolhidos os condenados à
pena de reclusão ou detenção. No decorrer de sua sentença, ficam sujeitos ao trabalho
remunerado e, mediante medidas progressivamente aplicadas, recebem assistência para sua
reeducação e readaptação social.
Essa deveria ser a penitenciária segundo a LEP e as definições presentes nos
dicionários, um local que após um período de tempo (cumprimento da pena) devolvesse um
indivíduo melhor ao convívio da sociedade mais ampla. Contudo, o presidio funciona como um
espaço não só de privação para os presos, mas também para os agentes penitenciários que ali
trabalham, já que atualmente o sistema prisional é tido como um ambiente desprovido de
19
SILVA.A.N.; ALMEIDA.L.B. Prisões da Fronteira (Sem) Norte: Observações Sociológicas Sobre o Sistema
Prisional em Roraima. Rev. Eletrônica EXAMÃPAKU, n. 03, v. 07, set./ dez. 2014.
20
A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar
condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
condições materiais e estruturais tanto para a prática profissional dos agentes quanto para a
estada dos detentos enquanto cumprem pena.
Com estas declarações que asseveram-se, incorporadas a capital do estado e
aludindo acerca dos agentes penitenciários na qual também devem integrar as reformas dentro
da esfera prisional, para SILVA; ALMEIDA (2014, p.12 apud GOFFMAN, 2010)
Mesmo com a visível inaptidão das instituições prisionais a equipe dirigente tem que
estar sempre preparada para evitar fugas, rebeliões ou motins independentemente das
condições estruturais e de trabalho que possam dispor. Por se tratar de um trabalho
com pessoas e não coisas e pela proximidade em que este ocorre, o agente
penitenciário fica exposto à aproximação facilita aos presos fazerem pedidos podendo
predispondo a criação de certos vínculos de amizade possibilitando assim uma troca
de favores entre agentes e presos, o que Goffman (2010) caracteriza como
“ajustamentos secundários”.19
21
Rebelião dada a partir das circunstâncias conflituosas entre as facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e
Facção do Norte (FDN).
do Estado foi construída para apenados em regime semiaberto, por se tratar de uma
penitenciária agrícola. As cadeias públicas por sua vez com vagas reduzidas destinadas a presos
provisórios e a casa do albergado para presos em regime aberto.
22
De acordo com o G1, em 2020 o estado apresentou resultados contrários ao estudo apresentado neste artigo.
Posteriormente a data de início deste documento, esses números elevaram-se e decorreram da reforma da Cadeia
Pública e Cadeia de São Luiz, trazendo como consequência a superlotação da cadeia de Monte Cristo.
Para a melhor compreensão das sínteses acima é possível analisar na tabela abaixo
as taxas de encarceramento no ano de 2013.
Tabela 3 – Produção carcerária por estado brasileiro e suas respectivas taxas de encarceramento
23
O anuário fundamenta-se nas informações fornecidas pelas Secretarias de Segurança Pública Estaduais, pelo
Tesouro Nacional, Polícias Civis, Militares e Federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública. Baseia-se
primordialmente na vasta imagem acerca da Segurança Pública brasileira.
Tabela 3 (Continuação) - Produção carcerária por estado brasileiro e suas respectivas taxas de
encarceramento.
Roraima é o Estado brasileiro que está localizado mais ao norte do Brasil. Faz
fronteira a norte e oeste com a Venezuela e a leste e norte com a Guiana. Ao sul faz
divisa com os Estados brasileiros Amazonas e Pará. Por Roraima estar situado entre
dois países contribui para a incidência de presos estrangeiros no sistema prisional
local. Segundo dados do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias – InforPen
– existem três presos venezuelanos e seis presos guianenses cumprindo pena no
sistema prisional do Estado. 19
24
Adentrando na contextualização das resultantes evidenciadas na Tabela 3, constata-se que pelo menos no ano
de 2012 (data correspondente ao estudo de caso da tabela) o sistema prisional de Roraima encontrava-se em
declínio devido o grande déficit carcerário presente naquele ano. Os dados mostram que o estado seu corolário de
1.769 em números absolutos e 622,0 acerca da sua taxa de encarceramento. Seguido pelos estados Amapá, com
2.045 de números absolutos e Tocantins com 2.100.
Ainda mais, os autores SILVA; ALMEIDA (2014, p.10 apud GOFFMAN, 2010)
integram em suas discussões que
Para mais, de acordo com NÓBREGA (2017 apud GÉRSI JÚNIOR, 2014)
25
CORDEIRO, G.C. Privatização Do Sistema Prisional Brasileiro. Ed. 2. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2014.
26
NÓBREGA, Leandro Alves da. Privatização do Sistema Carcerário Brasileiro. In: Âmbito Jurídico, Rio
Grande, XX, n. 158, mar .2017. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-
penal/privatizacao-do-sistema-carcerario-brasileiro/. Acesso em: 15 abril. 2021.
prisional, é impreterível a concepção acerca das privatizações, isto é, passar a posse da gestão
do bem público e de todas e quaisquer responsabilidades a uma empresa particular, onde trará
a oportunidade de as cadeias públicas avigorarem-se diante do sistema oscilante obtido em todo
o país. Pois, uma vez que o Estado não granjeie o fornecimento necessário diante às altas
demandas burocrática para o sistema prisional, é de maneira irrenunciável a
consubstancialização de novos meios para fornecer ao presidiário condições mínimas de
vivência, como previsto na Constituição Federal Brasileira de 1988 e na Declaração Universal
dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas, uma vez que
compreende-se que, de acordo com o art. 7 da DUDH “Todos são iguais perante a lei e
têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a
tal discriminação”. Sendo assim, finda-se com conceito de que o presidiário é detentor de seus
direitos e a esfera penitenciária deve-se ser um meio apenas para privá-lo de sua liberdade,
fazendo-o pagar por seus atos condenáveis com o cárcere e não abastecê-lo de condições em
que ocorre a sobrevida e consequentemente findar-se-á a vida.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
BRASIL, Lei n. 7.210 de 11 de julho de 1984. Institui a lei de execução penal. Diário Oficial
da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 11 de jul. de 1984.
BRASIL, Lei n. 12.986, de 2 de junho de 2014. Conselho Nacional dos Direitos Humanos –
CNDH. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 2 de jun. de 2014.
D’URSO, Luíz Flávio Borges. Privatização Das Prisões Mais Uma Vez A Polêmica.
Disponível em: http://www.oabms.org.br/noticias/lernoticia.php?noti_id=137 acesso em 08
out. 2020.
DEPEN. Resultados 2019. Relatório Anual Depen Verão. pp. 01-36, 2020.
GHADER, Miza Tânia Ribeiro Marinho. A privatização do sistema prisional brasileiro. In:
Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 86, mar 2011. Disponível em:
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.phpn_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=92
33. Acesso em: 15 abril. 2021.
GRECO, Rogério. Sistema prisional: colapso atual e soluções alternativas. 3. Ed. São Paulo:
Impetus, 2016.
NÓBREGA, Leandro Alves da. Privatização do Sistema Carcerário Brasileiro. In: Âmbito
Jurídico, Rio Grande, XX, n. 158, mar .2017. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/privatizacao-do-sistema-carcerario-
brasileiro/. Acesso em: 15 abril. 2021.
TISSIER, Martin. Análise comparada dos regimes jurídicos das parcerias público-
privadas na França e no Brasil. Paris: BOT Avocats, 2013.