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MOSTRA

O CINEMA POLÍTICO DE
KEN LOACH
DE 3 A 15 DE ABRIL DE 2018
CINEMA 2
CAIXA CULTURAL RIO DE JANEIRO
“A POLÍTICA ESTÁ EM TUDO,
NÃO HÁ COMO FAZER CINEMA
SEM FAZER POLITICA.”
A CAIXA é uma empresa pública brasileira que prima pelo respeito
à diversidade, e mantém comitês internos atuantes para promover
entre os seus empregados campanhas, programas e ações voltados
para disseminar ideias, conhecimentos e atitudes de respeito e
tolerância à diversidade de gênero, raça, orientação sexual e todas
as demais diferenças que caracterizam a sociedade.

A CAIXA também é uma das principais patrocinadoras da cultura


brasileira, e destina, anualmente, mais de R$ 80 milhões de seu
orçamento para patrocínio a projetos nas suas unidades da CAIXA
Cultural além de outros espaços, com ênfase para exposições,
peças de teatro, espetáculos de dança, shows, cinema, festivais
de teatro e dança e artesanato brasileiro. Os projetos patrocinados
são selecionados via edital público, uma opção da CAIXA para tornar
mais democrática e acessível a participação de produtores e artistas
de todo o país.

A mostra O CINEMA POLÍTICO DE KEN LOACH é uma retrospectiva


inédita, cujo objetivo principal é apresentar a consistente e
fascinante obra de Ken Loach, um dos mais importante cineastas
contemporâneos, conhecido pelo engajamento político e social mas
também pela qualidade artística de seus filmes

Ao patrocinar mais esta mostra para o público carioca, a CAIXA


reafirma sua política cultural de estimular a discussão e a
disseminação de ideias, promover a pluralidade de pensamento,
mantendo viva sua vocação de democratizar o acesso à produção
artística contemporânea.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL


INDICE

Apresentação Entrevista “O Espírito de 45” e o grito


Fernanda Bastos Rodrigo Fonseca
de esperança de Ken Loach
10 14 Sergio Veloso

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Filmografia Filmes da mostra Programação Equipe


26 30 54 58
KEN LOACH
(INGLATERRA, 17/06/1936)

Combativo e suave, assim é o cinema de Ken Loach. O diretor britânico previdenciárias, pela informatização que iguala casos diferentes, ou seja,
sabe equilibrar químicas opostas como ninguém. Aborda de maneira direta pessoas que ficam marginalizadas pelo sistema depois de terem vivido
questões sociais e políticas extremamente duras e polêmicas, mas as mostra muitos anos de acordo com as normas desse mesmo sistema.
com precisa delicadeza, de modo que não se possa mais desviar o olhar,
nem considerá-las distantes. Eu, Daniel Blake é o filme mais recente de Loach e está totalmente
sintonizado com as questões contemporâneas – crise econômica, reformas,
Loach confronta as políticas de Estado com o seu resultado real na vida das igualdade de diretos entre homens e mulheres – mas frequentemente,
pessoas, filmando de uma forma bem realista e direta, muito influenciada o diretor volta seu olhar para a origem e o desenvolvimento de tais
pelo documentário. Cria uma estética tão despojada, que o espectador distorções sociais, fazendo filmes sobre conflitos que ocorreram na Europa
embarca no drama de cada personagem, torce por ele e sofre com as durante o século XX, como Terra e Liberdade (1995), Ventos de Liberdade
injustiças que lhe são impostas. Várias dessas injustiças estão ligadas a (2006) e Jimmy’s Hall (2014). Em Terra e Liberdade, o diretor mira a
questões políticas ou econômicas, sociais e institucionais, muitas vezes Espanha, durante a Guerra Civil que resultou na ditadura de Franco. O
incontornáveis. Em Eu, Daniel Blake (2016), o diretor retrata a luta de um relato é feito através de cartas escritas por Dave, um jovem britânico que
marceneiro para se reinserir no mercado de trabalho após sofrer um enfarto. se encanta pela causa e se alista na resistência antifranquista. Com Dave
Blake fica enredado em um sistema social cheio de regras contraditórias, nos aproximamos de jovens comuns, que se levantaram contra um golpe
além disso, tem que usar a internet para obter seus benefícios trabalhistas, de estado, mas reivindicaram principalmente a chance de sonhar, de ter
mas ele, como muitos de sua geração, tem dificuldade com computadores poder de fala e, em última instância, lutaram contra o nazi-fascismo, que
e tecnologia. Quando recorre ao auxílio dos funcionários públicos do setor crescia na Europa, nos anos 1930. O segundo conta como se formou o grupo
que cuida da licença médica e salário desemprego, é recebido com uma terrorista IRA, Exército Revolucionário Irlandês, que marcou a história do
frieza equivalente a das máquinas com as quais ele não sabe lidar. Blake Reino Unido no século passado, mas o enfoque é na vida de dois irmãos,
é, individualmente, um cidadão que sempre cumpriu seu papel social e se fundadores do grupo, que se tornam adversários. Já em Jimmy’s Hall,
vê desamparado, impedido de usufruir seus direitos de contribuinte. Mas, Loach mostra como um grupo de poderosos desarticula impiedosamente
coletivamente, Blake representa uma geração inteira de cidadãos dentro qualquer possibilidade de mudança ou resistência política que possa
e fora da Europa surpreendidos pelas mudanças nas leis trabalhistas e ameaçar sua permanência no poder ou trazer prejuízos financeiros.

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Os imigrantes aparecem como personagens recorrentes na obra do cineasta poucos e dá poucas instruções sobre interpretação durante as filmagens; ele
para retratar o indivíduo que sai de seu país de origem em busca de uma conta com a carga de espontaneidade das emoções que vão se construindo
vida melhor, mas cai num limbo social e fica marginalizado no lugar onde entre intérprete e personagem ao longo do processo.
sonhou prosperar. São pessoas que sonham, que vão atrás do sonho, mas ele
se realiza em pesadelo. Olhando para Uma Canção para Carla (1996), Pão e Desse modo, cada espectador que se deixa marcar pela experiência dos filmes
Rosas (2000), Apenas um beijo (2004) e Mundo Livre (2007) juntos, percebe- do inglês revê a macro política pela micro política, ou seja, como a organização
se a dimensão do fluxo migratório, que hoje é uma questão presente em social pode afetar as subjetividades. Com isso ele nos dá a oportunidade de
vários países. Os quatro filmes reafirmam o afastamento entre o público e o identificar preconceitos que nem sabíamos que tínhamos e mudar de opinião
privado, contando as histórias de amor entre Carla e George Lennox, Maya e sobre determinados grupos sociais. Ou nos deixa manter a chama da esperança
Sam Shapiro, e Casim e Roisin, que enfrentam preconceitos raciais, sociais acesa ao ver histórias como as de Kim (Terra e Liberdade), de Robbie (A parte
e religiosos. Há também Angie, que se desumanizou completamente diante dos anjos, 2013) e de Liam (Felizes Dezesseis, 2002), que, com seus olhos
da miséria e trata os imigrantes como inferiores e Tahara, irmã mais nova ávidos e brilhantes de jovens, enxergam saídas, mesmo nas condições mais
de Casim, de origem paquistanesa e criada na Escócia, que não se identifica adversas.
mais com as regras de sua família e quer viver de acordo com seu tempo. Uma
adolescente contestadora como tantas outras, mas a partir de questões que Ken Loach defende com seu cinema uma posição política muito definida,
se ampliam para o afastamento entre ocidente e oriente. alinhada a todas as lutas pela igualdade social. Segundo palavras dele: “a
política está em tudo, não há como fazer cinema sem fazer politica.” Seu
Os personagens de Loach são, ao mesmo tempo, universais – nos fazendo apreço pela justiça é anterior à atividade cinematográfica, Loach estudou
pensar sobre questões éticas fundamentais, princípios morais, estruturas Direito em Oxford. Talvez essa formação lhe permita tomar um problema
sociais – e comuns, “gente como a gente” – pessoas que não conseguem social polêmico, refletir sobre seus resultados subjetivos, personificá-
emprego, ou que têm um relacionamento difícil com a família, ou ainda que los e retratá-los com tantas nuances e sutilezas, para que através dessas
não podem pagar todas as suas contas. Esse duplo viés característico dos experiências individuais, cada espectador experimente conceitos que podem
personagens combina com o jeito como o diretor escolhe e lida com os atores. parecer distantes de sua realidade, mas que afetam a sociedade, o entorno.
No documentário Versus: the life and films of Ken Loach, de Louise Osmond
(2016), Loach diz que procura no elenco características que são essenciais nos
personagens. Atores e atrizes contam que o diretor lhes fornece o roteiro aos FERNANDA BASTOS
Cocuradora

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O que a palavra democracia
De 1967, quando estreou como cineasta com representa para o seu cinema?
A Lágrima Secreta, até 2016, quando foi
contemplado com sua segunda Palma de Ouro, KEN LOACH: Democracia é respeito. Meus filmes
existem porque as pessoas deixam de respeitar o direito
por Eu, Daniel Blake, o diretor inglês Kenneth
das outras sempre que o capitalismo impõe alguma nova
Charles Loach dirigiu mais de 50 longas-metragens,
regra. Eu sou o que se chama de “cineasta social”, porque
incluindo ficções premiadas nos maiores festivais do eu abordo conflitos da exclusão, seja ela dada pela
mundo, documentários e telefilmes. economia ou pela intolerância. Há formas fabulares de
se fazer dramaturgia e algumas até usam metáforas para
A primeira Palma ele recebeu em 2006, por mascarar debates políticos. Eu prefiro caminhar pelo Real
Ventos da Liberdade, que dava tintas épicas a seus de forma frontal, criando empatia entre o público e meus
procedimentos narrativos, baseados na discussão personagens para conduzir os espectador ao inferno moral
a ser percorrido por meu protagonista. Mas tenho cuidado
da luta de classe. Sinônimo vivo de filmes-piquete,
de jamais vitimizar pessoas nas histórias que conto.
no qual a exclusão social é sempre a antagonista,
Detesto a estratégia manipuladora de fazer a plateia ter
o diretor chegou aos 80 anos avesso à ideia de se pena dos personagens.
aposentar das telas. “O que me move a filmar é a
perplexidade e o mundo não me deixa parar de me
sentir perplexo com as incompetências estatais no
cuidado com o povo. Quando fiz Jimmy’s Hall, em
2014, pensei em parar e me aposentar, mas não foi
possível. O mundo não deixa”, disse o diretor, em
Cannes, onde a entrevista a seguir foi feita.

RODRIGO FONSECA
Presidente da Associação de Críticos
de Cinema do Rio de Janeiro e roteirista

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O que existe de documental na sua linguagem? quando dizem que meu estilo de filmar é documental. Eu construo
quadros... quadros vivos. O documentário tem uma dimensão
KEN LOACH: Faço documentários vez por outra, quase distinta: ele deixa que o Real construa os quadros por ele. E, para
sempre usando arquivos. Na ficção, eu encaro o Real, mas não uso isso, ele reage ao Real com a rapidez que este demanda, com uma
ferramentas documentais para fazê-lo, pois todo procedimento câmera que treme. Eu, não. Eu filmo para emocionar. E, neste caso,
requer uma orientação ética prévia. Câmera na mão, por exemplo, filmo para deixar as pessoas com raiva.
pode virar um recurso estilizado quando empregado sem um
conceito, sem razão estética. Eu filmo com a disciplina que a ficção Desde Uma Canção Para Carla (1996),
exige. Fazer ficção significa trabalhar com atores e esse trabalho todos os seus filmes trazem a assinatura de
exige um respeito que não pode ser maculado por exibicionismos Paul Laverty no roteiro.
de movimentos ou de cortes. Atores são uma classe profissional com O que ele trouxe para o seu cinema?
muita imaginação, algo que, por certa subserviência ao texto, nem
sempre é explorado na prática. Eu gosto de testar essa imaginação KEN LOACH: Trouxe pesquisa de campo. Laverty não escreve
e ver como eles trazem as próprias fragilidades até o filme que roteiros como quem conta histórias fabulares. Ele constrói os
fazemos juntos, de modo a ter uma cooperação criativa. O espaço da scripts como se fossem investigações jornalísticas, sendo fiel
atuação de um ator é um lugar do Sagrado... o Sagrado da busca... ao distanciamento crítico na hora de retratar dilemas sociais.
da investigação. Eu não posso invadir esse lugar com a câmera para E o trabalho dele na maneira de construir diálogos valoriza as
captar um ângulo melhor, para enfiar um close. Meu papel é observar personalidades dos meus atores, pois aposta na coloquialidade. Em
o que os atores produzem em uma investigação que eu fomento. Eu, Daniel Blake, por exemplo, ele aproveita bem o humor natural
Eu uso tripé, deixo a câmera fixa, assim que encontro o ponto de de Dave Johns.
captação preciso, e olho, com calma. Por isso, eu não concordo

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O filme que projetou sua carreira Sua obra costuma ser associada
mundialmente, Kes, de 1969, é um marco ao adjetivo “marxista”.
do cinemanovismo inglês, lançado no mesmo O senhor ainda lê Karl Marx?
tempo em que marcos do Cinema Novo
brasileiro, tipo Macunaíma, chegaram às telas. KEN LOACH: Claro, é e sempre será importante ouvir
Como é a sua relação com o cinema do Brasil? o que o “Velho” tem a dizer. Ele é a minha cota de lucidez
de vida, um companheiro constante. Sabe qual foi o nosso
KEN LOACH: Cidade de Deus foi um marco na maior erro no Ocidente? Deixamos de consultar os livros,
sobretudo aqueles que falam sobre desarmonias sociais.
Inglaterra, mas eu sou do tempo de Glauber Rocha e
Existe uma sabedoria neles que paramos de consultar e isso
outros grandes realizadores latino-americanos, que nos
tirou nosso senso de luta de classe. O descaso com a leitura
apresentaram uma realidade de exclusão e de contradição
não tem a ver com diferenças geracionais, ou seja, de que
econômica bem diferente da que vivíamos na Europa,
só as novas gerações não lêem. Isso é generalizado. Marx
mesmo nos locais onde o desemprego é uma epidemia.
entendia o mundo a partir de um modelo de funcionamento
Ali aprendemos muito sobre o Brasil. A situação de vocês
social com engrenagens muito sólidas espalhadas entre a
hoje, com o golpe de estado de 2016, após a derrubada
Infraestrutura, onde estão as lutas pela sobrevivência pelo
da presidenta Dilma, mexeu comigo e com todo europeu
trabalho, e a Superestrutura, onde entra a própria Arte.
preocupado com incongruências sociais do mundo, pois é
Ele fez da dialética uma estrutura de funcionamento da
algo que demanda muito cuidado para com a saúde física e
vida prática. Livros como O Capital são armas. E estamos
financeira de vocês. O golpe poderia render um filme. Mas
precisando de armas para buscar a democracia.
como eu não falo Português, não seria a pessoa exata para
filmar. Mas eu estou na torcida para que o Brasil prospere. O
mundo já tem problemas demais.

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“EU SOU O QUE SE CHAMA DE
‘CINEASTA SOCIAL’, PORQUE EU
ABORDO CONFLITOS DA EXCLUSÃO,
SEJA ELA DADA PELA ECONOMIA
OU PELA INTOLERÂNCIA.”
O ano de 1945 é um marco na história mundial. Com o fim da Segunda Grande
“O ESPÍRITO DE 45” Guerra, uma nova era e uma nova ordem mundial começava a se delinear. Na

E O GRITO DE Inglaterra, nas eleições gerais de 1945, os trabalhistas conquistaram a maioria


da Câmara dos Comuns e deram início a construção de um dos mais bem
ESPERANÇA DE sucedidos Estados de bem-estar social da Europa, nacionalizando a indústria,

KEN LOACH alcançando o pleno-emprego e criando um amplo sistema de saúde pública


que foi mimetizado mundo afora, inclusive no Brasil.

Depois de ter suas cidades bombardeadas pela poderosa força aérea alemã e
centenas de milhares de soldados mortos nos campos de batalha, a Inglaterra,
vitoriosa, reconstrói-se apostando na força de suas instituições públicas e no
fortalecimento de um Estado responsável, que assume a função de assegurar
não somente que o país se reerga da guerra, mas também que todos cidadãos
tenham uma estrutura mínima de salvaguardas sociais. De certa forma, a
vitória na guerra foi socializada e transformada em benefício para a população
inglesa em geral, mas, principalmente, dos trabalhadores ingleses.
O “Espírito de 1945” de Ken Loach retrata essa época de grande otimismo,
solidariedade e cidadania. Há quem, entre os mais críticos, alerte que Loach
omitiu alguns fatos e dados daquele período. Steven Fielding , jornalista do
The Guardian, argumenta que a narrativa de Loach é fantasiosa e que não
passa de propaganda. Segundo o autor, de acordo com pesquisas de opinião da
época, a maioria da população inglesa não optou por um governo socialista,
como o filme nos faz crer, mas por uma coalisão para um capitalismo
reformado, uma espécie de liberalismo igualitário, no qual o Estado assume
algumas funções e responsabilidades, mas o mercado permanece como ponto
central para coesão social.

A crítica do Fielding pode até fazer sentido, mas é importante entender o


contexto no qual “O Espírito de 45” foi produzido, muito mais próximo de “Eu,
Daniel Blake” do que do contexto histórico do pós-guerra. É no contraste com
“Eu, Daniel Blake” que a força de “O Espírito de 45” fica evidente. A Inglaterra
de “Eu, Daniel Blake” é o contrário da sociedade que se refez por meio de
medidas de bem-estar social e instituições públicas fortes e operantes. É a
Inglaterra pós Thatcher, na qual tudo que que era público foi privatizado e
tudo que era coletivo, individualizado. Ao longo das décadas seguintes, aquilo
que em 1945 parecia sólido se desmanchou no ar ácido do neoliberalismo
thatcherista.

* https://www.theguardian.com/commentisfree/2013/mar/08/ken-loach-the-
spirit-of-45-fantasy (último acesso 05/04/2018)
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No mundo de Daniel Blake não há salvaguardas que impeçam pessoas de
sentirem fome ou que garantam a trabalhadores impedidos de trabalhar
o mínimo para manter suas vidas. No mundo neoliberal é cada um por si,
uma espécie de laissez faire aumentado, perverso e irrestrito, no qual a
manutenção da vida é exclusivamente responsabilidade individual. Nesse
contexto, tudo que é coletivo e social é entendido como um peso, um fardo
a ser carregado por indivíduos qualificados, bem sucedidos e capazes, mas
que não têm qualquer obrigação em compartilhar seu sucesso individual e
singular com o todo da sociedade. É o individualismo nu e cru. A antítese
de qualquer sociedade solidária.

Pode até ser que, como diz Steven Fielding, “O Espírito de 45” seja
uma propaganda fantasiosa da cabeça de Ken Loach. Mas o fato, depois
de vivido e acontecido, só pode ser revivido na forma da narrativa. E,
enquanto narrativa, o fato, o momento histórico, deixa de ser somente
um fato e passa a ser um objeto manejado por aquele que narra. Passa,
então, a ser outra coisa, mais próximo dos desejos e interesses de quem o
conta do que o que de fato foi originalmente.

Quem conta “O Espírito de 45” é Ken Loach, o cineasta do proletariado,


que sempre se preocupou em fazer cinema ou televisão da perspectiva
do trabalhador. A força da narrativa de “O Espírito de 45” não está na sua
exatidão histórica, mas sim em nos contar uma história de uma época na
qual a confiança no público e no coletivo se sobrepunha ao individualismo
exacerbado e despudorado da época atual.

No atual contexto distópico de hegemonia neoliberal, “O Espírito de 45”


deve ser lido com um grito de esperança pelo retorno a um mundo que
já existiu, que já foi possível, mas que foi cirurgicamente desconstruído
para que o capital rentista e financeiro pudesse fluir livremente pelo
planeta, produzindo lucros estratosféricos, mas concentrados nas mãos de
pouquíssimos. A sua força está justamente na carga utópica que grita que
um outro mundo que já foi possível, pode, novamente, ser possível.

SÉRGIO VELOSO
IRI/Puc-Rio

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FILMOGRAFIA

2016 - Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake) 2012 - A Parte dos Anjos (The Angels’ Share) 2000 - Pão e Rosas (Bread and Roses) 1996 - Uma Canção para Carla (Carla’s Song)

2016 Eu, Daniel Blake 2014 Jimmy’s Hall 2005 Uma Canção para Carla 1998 The Flickering Flame
(I, Daniel Blake) Director’s Cut (Carla’s (Documentário)
2013 O Espírito de 45 song)
(The Spirit of ‘45, Meu Nome é Joe
documentário) McLibel (documentário, (My name is Joe)
co-direção Franny
2012 A Parte dos Anjos Armstrong) 1996 Uma Canção para Carla
(The Angels’ Share) (Carla’s Song)
Tickets (co-direção
2010 Rota Irlandesa Abbas Kiarostami e 1995 A Contemporary Case
(Route Irish) Ermanno Olmi) for Common Ownership
(documentário,
2009 À Procura de Eric 2004 Apenas um Beijo curta-metragem)
(Looking for Eric) (Ae Fond Kiss...)
Terra e Liberdade
2007 Mundo Livre 2002 Felizes Dezesseis (Land and Freedom)
(It’s a Free World...) (Sweet Sixteen)
1994 Ladybird Ladybird
Cada um com seu 11’09’01 – episódio
Cinema - episódio United Kingdom 1993 Chuva de Pedras
Happy Ending (Raining Stones)
(Chacun son Cinema) 2001 The Navigators
1991 Riff-Raff
2006 Ventos da Liberdade 2000 Pão e Rosas
(The Wind that Shakes (Bread and Roses)
the Barley)

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1986 - Singing the Blues in Red/Fatherland 1981 - Looks and Smiles 1971 - Vida em Família (Family Life) 1969 - Kes

1990 Agenda Secreta 1983 Questions of Leadership 1973 A Misfortune (TV) 1969 Kes
(Hidden Agenda) (Documentário para TV)
Full House (série de TV) 1967 A Lágrima Secreta
1989 The View from the The Red and the Blue: (Poor Cow)
Woodpile Impressions of Two 1977-1971
(Documentário para TV) Political Conferences - Play for Today 1965/1969
Autumn 1982 (série de tv/3 The Wednesday Play
Time to Go (Documentário para TV) episódios) (série de TV/10
(documentário
episódios)
para TV, curta- 1981 Looks and Smiles 1971 The Save the Children
metragem) Fund Film 1964 Catherine
1980 Auditions (Documentário) (Teletale - série de TV )
1986 Singing the Blues in (Documentário para TV)
Red/Fatherland Vida em Família Z Cars
O Vigia (Family Life) (série de tv/3
(The Gamekeeper)
1985 Which Side Are You On? The Rank and File episódios)
(Documentário) 1979 Black Jack (Play for Today - Diary of a Young Man
série de tv) (série de tv/3
1975 Days of Hope episódios)
(série de TV/4 After a Lifetime
episódios) (ITV Sunday Night
Theatre -
série de TV)

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EU, DANIEL BLAKE (I, Daniel Blake) JIMMY’S HALL
Direção: Ken Loach Direção: Ken Loach
Roteiro: Paul Laverty Roteiro: Paul Laverty
Edição: Jonathan Morris Edição: Jonathan Morris
Fotografia: Robbie Ryan Fotografia: Robbie Ryan
Música: George Fenton Música: George Fenton
Produção: Rebecca O’Brien Produção: Rebeca O’Brien
Elenco: Dave Johns, Hayley Squires, Briana Shann, Dylan McKiernan. Elenco: Barry Ward, Francis Magee, Simone Kirby.
Reino Unido/França/Bélgica, 2016, cor, 97 min. Reino Unido /Irlanda/França, 2014, 100 min, cor, 12 anos.
Palma de Ouro no Festival de Cannes 2016.
Melhor Ator (Johns) e Estreante Mais Promissora (Squires) no British Independent Em 1921, o pecado de Jimmy Gralton foi construir um salão de dança em
Film Awards 2016 uma vila na Irlanda, à beira da Guerra Civil. O Pearse-Connolly Hall era um
Outstanding British Film no BAFTA 2017- British Academy Film Awards lugar onde os jovens podiam aprender, argumentar, sonhar ... mas, acima de
tudo, dançar e se divertir. À medida que o salão crescia em popularidade,
Daniel Blake, 59, que trabalhou como marceneiro durante a maior parte de sua reputação socialista e de espírito livre atraia a atenção da igreja e dos
sua vida no nordeste da Inglaterra, precisa da ajuda do Estado pela primeira políticos que forçaram Jimmy a fugir e o salão a ser fechado.
vez após uma doença.
Uma década depois, no auge da Depressão, Jimmy retorna dos Estados
Ele conhece Katie, uma mãe solteira e seus dois filhos pequenos, Daisy e Unidos para cuidar de sua mãe e promete viver tranquilamente. O salão
Dylan. A única chance de Katie escapar de um albergue em Londres é aceitar está abandonado e vazio e, apesar dos apelos dos jovens locais, permanece
um apartamento a cerca de 480 quilômetros de distância. fechado. No entanto, quando Jimmy se reintegra à comunidade e vê a pobreza
Daniel e Katie encontram-se na terra de ninguém, presos ao arame farpado da e a crescente opressão cultural, o líder e ativista dentro dele é estimulado.
burocracia do bem-estar social na Grã-Bretanha moderna. Ele, então, toma a decisão de reabrir o salão.

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O ESPÍRITO DE 45 (The Spirit of ‘45) A PARTE DOS ANJOS (The Angels’ Share)
Direção: Ken Loach Direção: Ken Loach
Edição: Jonathan Morris Roteiro: Paul Laverty
Música: George Fenton Edição: Jonathan Morris
Produção: Rebecca O´Brien, Kate Ogborn, Lisa Marie Russo Fotografia: Robbie Ryan
Reino Unido, 2013, p&b e cor, 94 min. Música: George Fenton
Produção: Rebecca O’Brien
Documentário. Decisivo na trajetória do Reino Unido, o ano de 1945 é repleto de Elenco: Paul Brannigan, John Henshaw, Gary Maitland, William Ruane, Siobhan
acontecimentos que mudaram a vida dos britânicos. Neste período, logo após o Reilly.
fim da II Guerra Mundial, a união dominava no espírito da população. Narrativas e Reino Unido/França/Bélgica/Itália, 2012, cor, 101 min.
imagens históricas ilustram a singularidade desse espírito britânico de 45. Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2012.

A Segunda Guerra Mundial foi provavelmente a maior a luta coletiva que o Reino Robbie (Paul Brannigan) escapa, por pouco, de uma sentença de prisão. Ele
Unido já experimentou. A determinação de construir um mundo melhor era acaba de ter um filho com a namorada Leonie (Siobhan Reilly) e promete que
muito forte. Acreditava-se, que nunca mais seria permitido que a pobreza, o o futuro do primogênito será diferente de tudo que viveu. Durante o serviço
desemprego e a ascensão do fascismo desfigurassem as vidas daquelas pessoas. A comunitário, ele conhece outras pessoas que enfrentam a mesma dificuldade
ideia central era a propriedade comum, onde produção e serviços beneficiariam para encontrar emprego e descobre um dom em degustação de uísque, que
a todos. Alguns poucos não devem ficar ricos em detrimento de todos os outros ... pode mudar suas vidas para sempre.

“Nós vencemos a guerra juntos, juntos poderíamos conquistar a paz. Se planejamos O termo “a parte dos anjos” é bastante comum no meio de destilação
a realização de campanhas militares, não poderíamos planejar construir casas, do uísque, onde se passa boa parte da história do filme. Trata-se de uma
criar um serviço de saúde e um sistema de transporte e fabricar bens de que referência bem-humorada à parte do volume de álcool que evapora durante o
precisávamos para a reconstrução?” envelhecimento da bebida nos barris.

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ROTA IRLANDESA (Route Irish) MUNDO LIVRE (It’s a Free World)
Direção: Ken Loach Direção: Ken Loach
Roteiro: Paul Laverty Roteiro: Paul Laverty
Edição: Jonathan Morris Edição: Jonathan Morris
Fotografia: Chris Menges Fotografia: Nigel Willoughby
Produção: Rebecca O’Brien, Pascal Caucheteux Música: George Fenton
Elenco: Mark Womack, John Bishop, Andrea Lowe. Produção: Rebecca O’Brien, Ken Loach
Reino Unido/França/Espanha/Bélgica/Itália, 2010, cor, 109 min. Elenco: Kierston Wareing, Juliet Ellis, Leslaw Zurek.
Reino Unido/ Alemanha/Espanha/Itália,/Polônia, 2007, 96 min, 12 anos.
Após se aposentar das forças especiais do Reino Unido, em 2004, Fergus vai Prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza 2007.
trabalhar em uma firma de segurança privada no Iraque, uma das atividades
mais lucrativas do mundo. Ele convence seu amigo de infância Frankie, ex- Angie (KIerstonWareing) é uma jovem que acaba de ficar desempregada. Não
paraquedista, a entrar com ele no negócio. De volta à sua cidade, Liverpool, é a primeira vez que isso acontece. Mas, mesmo que não tenha educação
recebe a notícia de que Frankie morreu na Route Irish, estrada iraquiana formal, ela tem energia, perspicácia e ambição. Junto com a amiga Rose (Juliet
considerada a mais perigosa do mundo. Ao lado da mulher do amigo, Rachel, Ellis), decide ter o próprio negócio e monta uma agência de recrutamento de
Fergus investiga o ocorrido, descobrindo verdades que desafiam a memória trabalhadores imigrantes.
dos dias felizes que passaram juntos.

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VENTOS DA LIBERDADE (The Wind that Shakes the Barley) APENAS UM BEIJO (Ae Fond Kiss...)
Direção: Ken Loach Direção: Ken Loach
Roteiro: Paul Laverty Roteiro: Paul Laverty
Edição: Jonathan Morris Edição: Jonathan Morris
Fotografia: Barry Ackroyd Fotografia: Barry Ackroyd
Música: George Fenton Música: George Fenton
Produção: Rebecca O’Brien Produção: Rebecca O’Brien
Elenco: Cillian Murphy, Pádraic Delaney, Liam Cunningham, Orla Fitzgerald. Elenco: Atta Yaqub, Eva Birthistle, Ahmad Riaz, Shamshad Akhtar.
Reino Unido/Irlanda/Alemanha/Espanha/França/Bélgica/Itália,/Suíça/ Reino Unido/Alemanha/Espanha/Bélgica/Itália, 2004, cor, 104 min
Holanda, 2006, cor, 127 min. Prêmio do Júri Ecumênico no Festival de Berlim 2004
Palma de Ouro no Festival de Cannes 2006. César de Melhor Filme da União Europeia

Irlanda, 1920. Os trabalhadores do interior do país se organizam para Casim (Atta Yaqub) é filho de Tariq (Ahmad Riaz) e Sadia (Shamshad Akhtar),
enfrentar os esquadrões britânicos que chegam para sufocar o movimento pela imigrantes paquistaneses que se instalaram em Glasgow, na Escócia. Eles
independência. Cansado de testemunhar tanta brutalidade, Damien (Cillian preparam um casamento arranjado para Casim com uma prima, seguindo a
Murphy), um jovem estudante de medicina, abandona tudo para juntar-se ao tradição muçulmana. Casim, que é DJ e sonha em montar sua própria casa
irmão Teddy (Padraic Delaney), que já aderiu à luta armada. Quando as táticas noturna, tem sua vida completamente mudada quando conhece Roisin (Eva
não-convencionais dos irlandeses começam a abalar a supremacia dos soldados Birthistle), professora de música numa escola católica. Os dois se apaixonam
britânicos, o governo se vê forçado a negociar e os dois lados discutem um e decidem ficar juntos. No entanto, eles terão que enfrentar a incompreensão
acordo de paz. Nesse momento, na Irlanda, aqueles que estavam unidos pela tanto de católicos quanto de muçulmanos.
independência se dividem entre os que são a favor e os que são contra o acordo,
deixando os irmãos em lados opostos de uma nova guerra, agora interna. O título do filme se refere a um poema de Robert Burns, que possui o mesmo
O título do filme vem do poema de mesmo nome de Robert Dwyer Joyce (1830 nome.
- 1883).

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FELIZES DEZESSEIS (Sweet Sixteen) THE NAVIGATORS
Direção: Ken Loach Direção: Ken Loach
Roteiro: Paul Laverty Roteiro: Rob Dawber
Edição: Jonathan Morris Edição: Jonathan Morris
Fotografia: Barry Ackroyd Fotografia: Barry Ackroyd, Mike Eley
Música: George Fenton Música: George Fenton
Produção: Rebecca O’Brien Produção: Rebecca O’Brien
Elenco: Martin Compston, Willian Ruane, Annmarie Fulton, Michelle Coulter. Elenco: Dean Andrews, Thomas Craig, Joe Duttine, Venn Tracey, Andy Swallow.
Reino Unido, 2002, cor, 106 min. Reino Unido/Alemanha/Espanha, 2001, cor, 96 min.
Prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes 2002.
Cinco amigos que trabalham na companhia ferroviária inglesa British Rail ficam
Liam (Martin Compston) é um jovem obstinado, que luta para sobreviver na sem saber o que fazer, quando os rumores de que a empresa seria privatizada
realidade hostil e sombria das ruas de Greenock, cidade da Escócia, onde se concretizam. O processo de privatização é apresentado aos operários, pelos
predomina o desemprego e a desesperança. A mãe (Michelle Coulter) está funcionários superiores, como um grande benefício para todos, mas o grupo
presa. Enquanto aguarda sua liberdade, ele se esforça em oferecer uma vida acaba percebendo que a realidade é bem diferente da proposta.
melhor para sua família. Liam começa a vender drogas e envolve-se numa
série de intrigas perigosas, afastando-se cada vez mais de seus sonhos.

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PÃO E ROSAS (Bread and Roses) UMA CANÇÃO PARA CARLA (Carla’s Song)
Direção: Ken Loach Direção: Ken Loach
Roteiro: Paul Laverty Roteiro: Paul Laverty
Edição: Jonathan Morris Edição: Jonathan Morris
Fotografia: Barry Ackroyd Fotografia: Barry Ackroyd
Música: George Fenton Música: George Fenton
Produção: Rebecca O’Brien Produção: Sally Hibbin
Com Pilar Padilla, Adrien Brody, Elpidia Carrillo. Com Robert Carlyle, Oyanka Cabezas, Scott Glenn.
Reino Unido/França/Espanha/Alemanha/Suíça/Itália, 2000, cor, 110 min. Reino Unido/Espanha/Alemanha, 1996, cor, 127 min.

As irmãs mexicanas Maya (Pilar Padilla) e Rosa (Elpidia Carrillo) trabalham no George (Robert Carlyle) é um motorista de ônibus da cidade de Glasgow, Escócia,
serviço de limpeza de um prédio comercial no centro da cidade de Los Angeles. que se apaixona por uma de suas passageiras, a bela Carla (Oyanka Cabezas).
A caminho de uma manifestação por direitos trabalhistas, elas conhecem Sam Ele frequentemente a deixa viajar sem pagar, o que faz ele perder o emprego.
(Adrien Brody), ativista apaixonado, norte-americano. O envolvimento com Aos poucos, George descobre que Carla tem traumas muito mais profundos do
Sam e com a política torna-se uma ameaça ao emprego e ao sustento da que ele imaginava. Para ajudá-la a compreender melhor suas preocupações,
família e até a sua permanência nos Estados Unidos. George aceita viajar com Carla para seu país natal, a Nicarágua, que vive um
período da turbulência política.

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TERRA E LIBERDADE (Land and Freedom) LADYBIRD LADYBIRD (Ladybird Ladybird)
Direção: Ken Loach Direção: Ken Loach
Roteiro: Jim Allen Roteiro: Rona Munro
Edição: Jonathan Morris Edição: Jonathan Morris
Fotografia: Barry Ackroyd Fotografia: Barry Ackroyd
Música: George Fenton Música: George Fenton
Produção: Rebecca O’Brien Produção: Sally Hibbin
Elenco: Ian Hart, Rosana Pastor, Icíar Bollaín, Tom Gilroy. Elenco: Crissy Rock, Vladimir Vega, Sandie Lavelle.
Reino Unido/Alemanha/Espanha/França/Itália, 1995, cor, 109 min. Reino Unido, 1994, cor, 101 min.
Prêmios FIPRESCI e do Júri Ecumênico no Festival de Cannes 1995.
Maggie (Crissy Rock) tem um histórico de passar de um relacionamento abusivo
Após a morte de seu avô, uma adolescente decide vasculhar seus documentos para outro. Ela tem quatro filhos, de quatro pais diferentes, o que chama a
e descobre que ele era um veterano da Guerra Civil Espanhola. Durante sua atenção do Serviço Social quando eles se ferem em um incêndio. Maggie,
juventude, David (Ian Hart) se juntou ao Partido Comunista e logo se aliou ao então, é julgada como uma mãe incompetente e seus filhos são tirados de seus
POUM (Partido Obrero de Unificación Marxista). Ele deixou a Inglaterra para cuidados. Ela finalmente encontra o homem dos seus sonhos, Jorge (Vladimir
lutar contra os fascistas na Espanha em 1936, vendo seus sonhos e ideologias Vega), um expatriado do Paraguai, e começam uma família juntos. Mas, o
serem postos à prova. Serviço Social não parece disposto a aceitar que a vida dela mudou e afasta-
os de seus novos filhos. Ela e Jorge lutam contra o Serviço Social, a imigração
e outros burocratas do governo em uma batalha desesperada para refazer a
sua família.

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CHUVA DE PEDRAS (Raining Stones) RIFF-RAFF
Direção: Ken Loach Direção: Ken Loach
Roteiro: Jim Allen Roteiro: Bill Jesse
Edição: Jonathan Morris Edição: Jonathan Morris
Fotografia: Barry Ackroyd Fotografia: Barry Ackroyd
Música: Stewart Copleand Música: Stewart Copleand
Produção: Sally Hibbin Produção: Sally Hibbin
Elenco: Bruce Jones, Julie Brown, Gemma Phoenix.
Reino Unido, 1993, cor, 90 min. Elenco: Robert Carlyle, Emer McCourt, Jim R. Coleman.
Prêmio do Júri no Festival de Cannes 1993. Reino Unido, 1991, cor, 95 min.
Melhor Filme no European Film Award
O orgulhoso Bob (Bruce Jones), apesar de não ter dinheiro, quer que a sua
filha tenha um vestido belo e caro para a Primeira Comunhão. Sua teimosia O escocês Stevie (Robert Carlyle) é um ex-presidiário que tenta recomeçar
e determinação o colocam em apuros, ele recorre a meios cada vez mais a vida em Londres. Ele consegue trabalho em um canteiro de obras, mas
questionáveis, em seu desespero para levantar o dinheiro necessário para o este não é exatamente o emprego dos seus sonhos. Ele conhece Susan (Emer
vestido. Esta falha trágica o leva a arriscar tudo o que ele ama, seus valores, McCourt) após encontrar a bolsa que ela perdeu na rua. Ela é uma cantora
sua amada família, ou até mesmo a sua alma imortal e sua salvação, na busca que sonha em se tornar uma estrela. Daí em diante eles tentam viver juntos e
cega desse objetivo. construir uma relação de cumplicidade.

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AGENDA SECRETA (Hidden Agenda) SINGING THE BLUES
Direção: Ken Loach
Roteiro: Jim Allen
IN RED/FATHERLAND
Direção: Ken Loach
Edição: Jonathan Morris
Roteiro: Trevor Griffiths
Fotografia: Clive Tickner
Edição: Jonathan Morris
Música: Stewart Copleand
Fotografia: Chris Menges
Produção: Eric Fellner
Música: Béla Bartók, Benjamin Britten, Christian Kunert, Gerulf Pannach
Elenco: Frances McDormand, Brian Cox, Brad Dourif.
Produção: Raymond Day
Reino Unido, 1990, cor, 108 min.
Elenco: Gerulf Pannach, Fabienne Babe, Sigfrit Steiner.
Reino Unido/Alemanha Ocidental/França, 1986, cor, 110 min.
Paul Sullivan (Brad Dourif) e sua mulher Ingrid Jessner (Frances McDormand) são
advogados norte-americanos que trabalham em Belfast, Irlanda do Norte, com
Klauss Dritteman (Gerulf Pannach), um jovem cantor da Alemanha Oriental,
um grupo de defensores dos direitos humanos. Paul descobre uma conspiração
é convidado a deixar o seu país, porque as canções que ele escreve não
envolvendo o governo de Margaret Thatcher e acaba sendo assassinado. O
agradam as autoridades. Antes de sair, sua mãe lhe dá a chave de um cofre
inspetor Kerrigan (Brian Cox) assume a tarefa de investigar o caso e conta
na Alemanha Ocidental, onde seu pai, que teve o mesmo destino, embora
com a ajuda de Ingrid para isso. Aos poucos, Kerrigan vai percebendo que está
por razões diferentes, deixou todos os seus documentos pessoais. A imprensa
diante de uma complexa trama de traição, mentiras, violência e poder.
ocidental fica insatisfeita pois Klauss é tão crítico do país como era na Alemanha
Oriental. Após desenvolver uma obsessão por seu pai, ele sai para procurá-lo
com a ajuda de um jovem jornalista que também está em busca dele.

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LOOKS AND SMILES VIDA EM FAMÍLIA (Family Life)
Direção: Ken Loach Direção: Ken Loach
Roteiro: Barry Hines Roteiro: David Mercer
Edição: Steve Singleton Edição: Roy Watts
Fotografia: Chris Menges Fotografia: Charles Stewart
Música: Marc Wilkinson Música: Marc Wilkinson
Produção: Irving Teitelbaum Produção: Tony Garnett
Elenco: Graham Green, Carolyn Nicholson, Tony Pitts. Elenco: Sandy Ratcliff, Bill Dean, Grace Cave, Malcolm Tierney.
Reino Unido, 1981, cor, 104 min. Reino Unido, 1971, cor, 108 min.
Prêmio Yound Cinema no Festival de Cannes 1981. Prêmios FIPRESCI, OCIC e Interfilm no Festival de Berlin 1972.

O Thatcherismo e os problemas irlandeses fornecem o pano de fundo para a Janice Baildon (Sandy Ratcliff) tem 19 anos e vive em Londres com seus pais,
história de Mick (Graham Green), um jovem bem-intencionado, em Sheffield, que são extremamente tradicionais. Ela é considerada uma filha rebelde, fica
que não tem nenhuma expectativa. Mick vive com seus pais, trabalha em sua grávida e seus pais a forçam a interromper a gravidez. A jovem passa a agir de
moto, procura trabalho e a cada duas semanas recebe o seu cheque do seguro- maneira mais agressiva e, consequentemente, passa a ser mais maltratada.
desemprego. Seu melhor amigo, Alan (Tony Pitts), é enviado para Belfast para A partir daí, Janice é internada, tratada como esquizofrênica, passando por
reprimir os católicos. Em uma boate, Mick conhece Karen (Carolyn Nicholson), tratamentos extremos.
que trabalha em uma loja de sapatos e vive com sua mãe recém-separada.

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KES VERSUS: THE LIFE
Direção: Ken Loach
Roteiro: Barry Hines, Ken Loach, Tony Garnett
AND FILMS OF KEN LOACH
Direção: Louise Osmond
Edição: Roy Watts
Edição: Joby Gee
Fotografia: Chris Menges
Fotografia: Roger Chapman
Música: John Cameron
Música: Roger Goula
Produção: Tony Garnett
Produção: Rebecca O’Brien
Elenco: Ken Loach, Paul Laverty, Jim Allen, Lesley Ashton, Robert Carlyle,
Com David Bradley, Colin Welland, Freddie Flechter, Lynne Perrie.
Dave Johns.
Reino Unido, 1969, cor, 111 min.
Reino Unido, 2016, cor, 93 min.

Billy Casper (David Bradley) é um adolescente de 15 anos que enfrenta


Documentário sobre a vida pessoal e profissional, de cinco décadas, do
diariamente todo o tipo de violência física e psicológica, em casa e na escola.
cineasta com depoimentos de colaboradores, atores e familiares.
O rapaz encontra um pequeno falcão, que passa a chamar de Kes e cuidar com
muito afeto. Enquanto sua afeição pela ave cresce, crescem também suas
humilhações públicas.

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“O ESPAÇO DA ATUAÇÃO DE UM
ATOR É UM LUGAR DO SAGRADO...
O SAGRADO DA BUSCA... DA
INVESTIGAÇÃO.”
PROGRAMAÇÃO

3 DE ABRIL (TERÇA) 19h Agenda Secreta (1990), de Ken 10 DE ABRIL (TERÇA) 13 DE ABRIL (SEXTA)
Loach, Reino Unido, 108 min, 14
16h15 Programa Milênio/Globonews anos. 16h30 Ventos da Liberdade (2006), 17h O Espírito de 45 (2013), de
– Ken Loach (2017), Brasil, 23 min, de Ken Loach, Reino Unido/Irlanda/ Ken Loach, Reino Unido, 94 min,
Livre. Entrada franca. 7 DE ABRIL (SÁBADO) Alemanha/Espanha/França/Bélgica/ 12 anos. Sessão comentada com
Itália/Suiça/Holanda, 127 min, 12 Sérgio Veloso (professor de Relações
17h Eu, Daniel Blake (2016), de 14h30 Versus: the life and films anos. Internacionais da PUC Rio)
Ken Loach, Reino Unido/França/ of Ken Loach (2016), de Louise
Bélgica, 97 min, 12 anos. Osmond, Reino Unido, 93 min, 10 19h Mundo Livre (2007), de Ken 14 DE ABRIL (SÁBADO)
anos. Loach, Reino Unido/ Alemanha/
19h Jimmy’s Hall (2014), de Ken Espanha/Itália/Polônia, 96 min, 12 15h Riff-Raff (1991), de Ken Loach,
Loach, Reino Unido/Irlanda/França, 16h30 Ventos da Liberdade (2006), anos. Reino Unido, 95 min, 14 anos.
100 min, 12 anos. de Ken Loach, Reino Unido/Irlanda/
Alemanha/Espanha/França/Bélgica/ 11 ABRIL (QUARTA) 17h Chuva de Pedras (1993), de
4 DE ABRIL (QUARTA) Itália/Suiça/Holanda, 127 min, 12 Ken Loach, Reino Unido, 90 min, 14
anos. 16h30 Agenda Secreta (1990), de Ken anos.
16h30 Uma Canção para Carla Loach, Reino Unido, 108 min, 14
(1996), de Ken Loach, Reino Unido/ 19h Debate O cinema de Ken anos. 19h Rota Irlandesa (2010) de
Espanha/Alemanha, 127 min, 12 Loach, com o Presidente da Ken Loach, Reino Unido/França/
anos. Associação de Críticos de Cinema do 19h Felizes dezesseis (2002), de Espanha/Bélgica/Itália, 109 min, 14
Rio de Janeiro e roteirista Rodrigo Ken Loach, Reino Unido, 106 min, anos.
19h Pão e Rosas (2000), de Ken Fonseca e a curadora Fernanda 14 anos.
Loach, Reino Unido/França/ Bastos. 15 DE ABRIL (DOMINGO)
Espanha/Alemanha/Suiça/Itália, 12 DE ABRIL (QUINTA)
110 min, 14 anos. 8 DE ABRIL (DOMINGO) 15h The Navigators (2001), de Ken
17h Mundo Livre (2007), de Ken Loach, Reino Unido/Alemanha/
5 DE ABRIL (QUINTA) 14h Terra e Liberdade (1995), de Loach, Reino Unido/Alemanha/ Espanha, 96 min, 14 anos.
Ken Loach, Reino Unido/Alemanha/ Espanha/Itália/Polônia, 96 min, 12
16h30 Kes (1969), de Ken Loach, Espanha/França/Itália, 109 min, 16 anos. 17h Looks and Smiles (1981), de
Reino Unido, 111 min, 14 anos. anos. Ken Loach, Reino Unido, 104 min,
19h Apenas um Beijo (2004), de 14 anos.
19h Vida em Família (1971), de 16h30 Jimmy’s Hall (2014), de Ken Ken Loach, Reino Unido/Alemanha/
Ken Loach, Reino Unido, 108 min, Loach, Reino Unido/Irlanda/França, Espanha/Bélgica/Itália, 104 min, 14 19h Singing the Blues in Red
14 anos. 109 min, 14 anos. anos. (Fatherland) (1986), de Ken Loach,
Reino Unido/Alemanha Ocidental/
6 DE ABRIL (SEXTA) 19h Ladybird Ladybird (1994), de França, 110 min, 14 anos.
Ken Loach, Reino Unido, 101 min,
17h A parte dos Anjos (2012), de 16 anos.
Ken Loach, Reino Unido/França/
Bélgica/Itália, 101 min, 14 anos

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“EU FILMO PARA EMOCIONAR.
E, NESTE CASO, FILMO
PARA DEIXAR AS PESSOAS
COM RAIVA.”
EQUIPE

CURADORIA CÓPIAS
Claudia Oliveira Buendía Filmes
e Fernanda Bastos
REGISTRO FOTOGRÁFICO
COORDENAÇÃO GERAL Miguel Pinheiro
& PRODUÇÃO
Claudia Oliveira ASSESSORIA DE IMPRENSA
Claudia Oliveira
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO e Mariana Bezerra
Mariana Bezerra
AGRADECIMENTOS
PRODUÇÃO EXECUTIVA Abraão Silvestre (MPLC)
Breno Lira Gomes Cantina Donanna
Elias Oliveira (Imovision)
REDES SOCIAIS Emma Lawson
Lucia Possas e Rebecca O’Brien
(Sixteen Films)
Julia Fidelis
MONITORIA
Globonews
Arthur Wermelinger
Jorge Sayão
Ken Loach
MARKETING
Marcelo de Souza (Mares Filmes)
Daniela Barbosa
Milton Machado
Samuel Ferreira (MPLC)
PROJETO GRÁFICO
Sueli Tanaka
Beth Rocha
Revista Piauí
Madre Comunicação

VINHETA
Fernanda Bastos, edt.

LEGENDAGEM
ELETRÔNICA
Casarini Produções

58
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Alvará de Funcionamento da CAIXA Cultural RJ: nº 041667, de 31/03/2009, sem vencimento.

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