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2022
RESUMO:
RESUMO: ..................................................................................................................................... 2
1. TEMA-PROBLEMA: ........................................................................................................... 4
2. JUSTIFICATIVA, HIPÓTESE E INOVAÇÕES PRETENDIDAS NA PESQUISA .......... 5
3. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 7
4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................ 7
5. FONTES DA PESQUISA ..................................................................................................... 8
6. METODOLOGIA ................................................................................................................. 9
6.1 Pressupostos conceituais e marco teórico ............................................................................. 10
6.2 Estado da Arte ....................................................................................................................... 11
6.3 Variáveis e indicadores ......................................................................................................... 13
6.4 Tipos de pesquisa .................................................................................................................. 13
6.5 Cronograma ........................................................................................................................... 14
7. REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 15
1. TEMA-PROBLEMA:
A questão carcerária no Brasil e na América Latina apresenta diversos problemas
que se reiteram no tempo e, um deles, sem dúvida alguma é a superlotação carcerária.
Conforme pesquisa desenvolvida pela Sociedade de Criminologia Latino-Americana1,
três em cada quatro sistemas prisionais na América Latina estão superlotados, dentre eles,
o Brasil, que é o país com a terceira maior população carcerária do mundo2, registrando,
no ano de 2021, conforme dados coletados junto ao DEPEN3, um total de 679.687 pessoas
privadas de liberdade, com 490.024 vagas disponíveis, resultando, assim, um déficit de
189.663 vagas, observando que o STF, apreciando a ADPF 3474, por conta das mazelas
identificadas, declarou Estado de Coisas Inconstitucional no sistema penitenciário
brasileiro.
Conforme DIAS (2017), a superlotação leva à precarização dos estabelecimentos
prisionais, inclusive dos serviços prestados e dos produtos de primeira necessidade que o
Estado tem o dever de garantir aos custodiados. Com ela, desenvolve-se um ciclo perverso
dentro das cadeias, pois, com celas superlotadas, presos ficam amontoados e passam a
lutar por espaços, o que gera conflito permanente, em um círculo vicioso. Com isso, a
própria relação entre presos e agentes penitenciários torna-se ainda mais precária e, assim,
a simples retirada de um interno transforma-se em missão perigosa, posto que os agentes
penitenciários ficam mais expostos à ira dos prisioneiros. Isso implica, invariavelmente,
na redução de diversos direitos do apenado, como exemplo a redução de banho de sol, de
saídas para estudo e trabalho, diminuindo também o tempo destinado à visitação de
familiares. Assim, pode-se dizer que a superlotação carcerária é a mãe de quase todos os
problemas que afligem o sistema carcerário, em especial o brasileiro (Nesse sentido, ver:
TEIXEIRA, 2008).
Como bem demonstram JAPIASSÚ e FERREIRA (2020)5, além de se configurar
um quadro grave de violação de direitos fundamentais, as taxas de ocupação elevadas e a
1
Disponível em https://drive.google.com/file/d/1n8Y9R7KhRit2D7xqoj46KiS46hR1-Q__/view
2
segundos dados coletados junto ao World Prision Brief. Disponível em
https://www.prisonstudies.org/highest-to-lowest/prison-population-total?field_region_taxonomy_tid=All
Acesso em 23/02/2022
3
De acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), com dados até julho de 2021. Disponível
em
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiYWIxYjI3MTktNDZiZi00YjVhLWFjN2EtMDM2NDdhZDM5
NjE2IiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9
4
STF. ADPF 347. Processo 0003027-77.2015.1.00.00000. Rel. Min. Marco Aurélio.
5
JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano; FERREIRA, Ana Lúcia Tavares. Superpopulação carcerária e
Sistemas Internacionais de Direitos Humanos. Revista Brasileira de Ciências Criminais. vol. 164. ano 28.
p. 159-197. São Paulo: Ed. RT, fevereiro 2020.
precariedade das condições de detenção impossibilitam, via de regra, que o Estado
garanta a segurança no ambiente prisional. A falta de segurança no cárcere resulta, por
sua vez, na lesão aos bens jurídicos cuja proteção justifica e legitima o próprio direito
penal e, mais especificamente, implica na frustração das finalidades da pena.
Diante dessa situação precária nos estabelecimentos penitenciários, o Brasil foi
alvo de várias denúncias perante a Comissão e a Corte Interamericana de Direitos
Humanos, que integram o Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos
(que é o sistema regional aplicável ao Estado brasileiro por força do Decreto n. 678, de 6
de novembro de 1992) e que resultaram em mais de 40 medidas provisórias que
determinaram a redução das graves violações de direitos humanos nas diversas unidades
prisionais brasileiras.
Dentre as unidades prisionais brasileiras processadas perante a Corte
Interamericana que foram alvo de medidas provisórias, posso citar: Caso Penitenciária
Urso Branco/RO; Caso do Complexo Penitenciário de Curado/PE; Caso do Complexo
Penitenciário de Pedrinhas/MA; Caso Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho/RJ; Caso
Complexo do Tatuapé da FEBEM/SP; Penitenciária “Dr. Sebastião Martins Silveira/SP;
Caso da Unidade de Internação Socioeducativa/ES
Nesse contexto, a presente pesquisa pretende discutir a precariedade do sistema
prisional brasileiro quanto à aplicação da pena privativa de liberdade, a partir do histórico
dos casos de violações dos direitos humanos contra pessoas privadas de liberdade
denunciados no Sistema Interamericano de Direitos Humanos, que resultaram em
medidas provisórias na Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Assim sendo, a pergunta de pesquisa será: como e de que forma o Sistema
Interamericano de Direitos Humanos, em especial, a Corte Interamericana de Direitos
Humanos, tem contribuído para o controle da superpopulação carcerária brasileira?
3. OBJETIVO GERAL
4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
5. FONTES DA PESQUISA
As principais fontes para a pesquisa serão as Resoluções da Corte Interamericana
de Direitos Humanos em casos de denúncias de violação dos direitos das pessoas privadas
de liberdade que resultaram em medidas provisionais. Elas estão disponíveis no site
oficial da referida Corte (https://www.corteidh.or.cr/medidas_provisionales.cfm).
Utilizarei como metadados “superpopulação carcerária”; “direitos humanos”; “pessoa
privada de liberdade”; “medida provisória”, “Brasil”.
A pesquisa preliminar já apontou a existência de 689 resoluções sobre medidas
provisórias expedidas pela Corte IDH, mas ao alterar o parâmetro para “Brasil” esse
número muda para 47. Todavia, haverá a necessidade de excluir 3 deles pois não fazem
referência a unidades prisionais brasileiras. Desse modo, identifiquei 44 resoluções, assim
distribuídas:
6
Resolução da Corte de 25 de agosto de 2011; Resolução do Presidente da Corte de 26 de julho de 2011;
Resolução da Corte de 25 de novembro de 2009; Resolução da Presidenta da Corte de 17 de agosto de 2009;
Resolução da Corte de 2 de maio de 2008; Resolução da Corte de 21 de setembro de 2005; Resolução da
Corte de 7 de julho de 2004 ;Resolução da Corte de 22 de abril de 2004; Resolução da Corte de 29 de agosto
de 2002; Resolução da Corte de 18 de junho de 2002
7
Resolução da Corte de 28 de novembro de 2018; Resolução da Corte de 15 de novembro de 2017;
Resolução da Corte de 23 de novembro de 2016; Resolução da Corte de 18 de novembro de 2015; Resolução
da Corte de 7 de outubro de 2015; Resolução da Corte de 22 de maio de 2014
8
Resolução da Corte de 14 de outubro de 2019; Resolução da Corte de 14 de março de 2018; Resolução
da Corte de 14 de novembro de 2014
9
Resolução da Corte de 13 de fevereiro de 2017; Resolução da Presidenta da Corte de 20 de abril de 2021
10
Resolução da Corte de 22 de novembro de 2018; Resolução da Corte de 31 de agosto de 2017; Resolução
da Corte de 13 de fevereiro de 2017
“Complexo do Tatuapé” da FEBEM11
6. METODOLOGIA
Metodologia é, na verdade, a reflexão sobre o caminho a ser seguido pelo cientista
em seu trabalho, nas diversas fases da pesquisa e de sua realização, promovendo, com
detalhes, a descrição do percurso, dos desvios do trajeto, dos obstáculos a superar e
superados e dos resultados a serem alcançados.
Para MARCONI e LAKATOS (2003), método é o conjunto das atividades
sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o
objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido,
detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.
No presente estudo, o método empregado será o indutivo, por intermédio do qual,
partindo de dados particulares, suficientemente constatados, serão inferidas uma verdade
geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Chama-se a atenção para o fato de
que o argumento indutivo, da mesma forma que o dedutivo, fundamenta-se em premissas,
contudo, nos dedutivos, as premissas verdadeiras levam inevitavelmente à conclusão
verdadeira, enquanto que os indutivos conduzem apenas a conclusões prováveis.
Neste caso em particular, em se tratando de tema relacionado ao sistema prisional,
com todas as dificuldades de se promover uma pesquisa, serão utilizados dados
qualitativos, posto que serão utilizados dados numéricos que caracterizam resultados
estatísticos, impondo-se a necessidade de interpretação e compreensão, condição
fundamental para uma análise científica.
A pesquisa ainda terá caráter descritivo, revelando as características da população
carcerária brasileira e das unidades prisionais, desenvolvendo-se, ainda, a partir de
11
Resolução da Corte de 25 de novembro de 2008; Resolução da Presidenta da Corte de 10 de junho de
2008; Resolução da Corte de 3 de julho de 2007; Resolução da Corte de 4 de julho de 2006; Resolução da
Corte de 30 de novembro de 2005; Resolução da Corte de 17 de novembro de 2005
12
Resolução da Corte de 25 de novembro de 2008; Resolução da Presidenta da Corte de 10 de junho de
2008; Resolução da Corte de 30 de setembro de 2006; Resolução da Corte de 28 de julho de 2006
13
Resolução da Corte de 15 de novembro de 2017; Resolução da Corte de 23 de junho de 2015; Resolução
do Presidente da Corte de 26 de setembro de 2014; Resolução da Corte de 29 de janeiro de 2014; Resolução
da Corte de 21 de agosto de 2013; Resolução da Corte de 20 de novembro de 2012; Resolução da Corte de
26 de abril de 2012; Resolução da Corte de 1 de setembro de 2011; Resolução do Presidente da Corte de
26 de julho de 2011 e Resolução da Corte de 25 de fevereiro de 2011.
pesquisa bibliográfica e coleta dos dados como Resoluções da Corte Interamericana de
Direitos Humanos.
Livros, revistas, artigos científicos, jurisprudência, dentre outros, serão também
fontes de consulta para melhor definição do estudo.
14
Carta das Nações Unidas. Junho de 1945. Disponível em https://brasil.un.org/sites/default/files/2021-
08/A-Carta-das-Nacoes-Unidas.pdf
15
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e direito constitucional. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 118
16
Disponível em
https://midia.mpf.mp.br/pfdc/hotsites/sistema_protecao_direitos_humanos/interamericano.htm
Direitos Humanos. Em 1969, a Convenção Americana era adotada. (...) Em
1977, as Nações Unidas formalmente endossaram uma nova concepção,
encorajando ‘os Estados, em áreas em que acordos regionais de direitos
humanos ainda não existissem, a considerar a possibilidade de firmar tais
acordos, com vista a estabelecer em sua respectiva região um sólido aparato
regional para a promoção e proteção dos direitos humanos (Assembleia
Geral, resolução 32/127, 1977)’”17
Em relação à proteção dos direitos das pessoas privadas de liberdades, foco deste
estudo, pontua-se que a maior parte dos tratados internacionais e regionais de direitos
humanos contém dispositivos relacionados à esses direitos, tanto de forma direta quanto
indireta, proibindo a tortura e os tratamentos desumanos, degradentes e cruéis, dentre eles,
podemos destacar: a) Declaração Universal dos Direitos Humanos; b) Pacto Internacional
sobre Direitos Civis e Políticos; Convenção Americana sobre Direitos Humanos. c)
Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou
Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes d) Regras Mínimas para o Tratamento
dos Presos, também conhecidas como Regras de Mandela.
Desse modo, nos últimos 50 anos, a Corte Interamericana de Direitos Humanos,
que faz parte do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, tomou conhecimento de
mais de 40 casos de violação de direitos dentro de uma prisão ou local de detenção. O
conhecimento e julgamento desses casos permitiu ao Tribunal construir um conjunto de
normas para a proteção dos direitos humanos dos presos. Esses padrões jurisprudenciais
fixados pela Corte foram elevados como mínimos que os Estados devem respeitar.
Nesse sentido, o dizer de Cançado Trindade18: “O futuro da proteção internacional
dos direitos humanos depende em grande parte da adoção e do aperfeiçoamento das
medidas nacionais de implementação”. Demonstra-se, assim, a necessidade de adoção de
medidas nacionais para a implementação dos tratados internacionais de proteção dos
direitos humanos, bem como das decisões proferidas pelos organismos internacionais de
17
Henry Steiner, Regional arrangements: general introduction, material do Curso International Law and
Human Rights, Harvard Law School, 1994. Sobre o contexto no qual se delineia o sistema regional,
comenta Henry Steiner: “A Carta das Nações Unidas inclui obrigações legais concernentes aos direitos
humanos e quase todos os Estados hoje são partes da Carta. A Declaração Universal alcançou
reconhecimento universal e seus dois principais Pactos Internacionais, um de direitos civis e políticos e
outro de direitos sociais, econômicos e culturais, entraram em vigor. Há outras Convenções que consagram
direitos particulares, que receberam grande adesão. (...) Iniciativas semelhantes têm internacionalizado os
direitos humanos em uma base regional na Europa e na América Latina”.
18
Antônio Augusto Cançado Trindade e Manuel E. Ventura Robles, El futuro de la Corte Interamericana
de Derechos Humanos, p. 27
proteção, de modo a conferir-lhes aplicabilidade imediata e direta no âmbito interno dos
Estados.
Mas a atuação dos órgãos que exercem jurisdição na região — refiro-me à
Comissão e a Corte, não foi isenta de conflitos, pois há polêmica em torno da
incorporação dos tratados internacionais à ordem interna, pois há um corrente (monista)
para a qual não existem limites entre a ordem jurídica internacional e a ordem jurídica
interna e há um corrente (dualista) para a qual existe uma dualidade de ordens jurídicas,
uma interna e outra externa, sendo então necessário e indispensável um ato de recepção
para introduzir as regras. Há também críticas quanto à duração excessiva dos processos,
que podem chegar a durar, entre a ocorrência dos fatos e a decisão, 14 anos e a pouca
efetividade no cumprimento das sentenças.
Nesse cenário, diante da dificuldade estrutural prisional do Estado brasileiro
tentarei analisar a atuação da Corte Interamericana de Direitos Humanos na proteção dos
Direitos Humanos, em especial, das pessoas privadas de liberdade e a implementação de
suas decisões em âmbito doméstico.
6.5 Cronograma
FASES Atividades 2022.1 2022.2 2023.1 2023.2
Preparação da Pesquisa X
Escolha do Tema X
PLANEJAMENTO
Formulação do problema X
Definição da Metodologia X
Pesquisar Resoluções da Corte IDH
COLETA DE
x
DADOS Tabelar as Resoluções contra o X
Estado brasileiro
Redação Provisória X
REDAÇÃO
Correção da Redação X
ENTREGA DO ARTIGO X
19
Adoto no presente projeto de pesquisa a concepção de pesquisa empírica defendida por Gustavo Silveira
Siqueira: “Não pretendo discutir os diversos conceitos aqui; portanto, a pesquisa empírica, resumidamente,
tenta entender como o direito existe na realidade. É uma discussão não do “dever ser” ou da norma jurídica,
mas do que ela é. É o direito no dia a dia, nos tribunais, nas salas de aula, nos documentos históricos. É o
impacto do direito na vida das pessoas. Trata-se de uso, por exemplo, de métodos sociológicos ou
antropológicos de entrevista para conhecer os sujeitos que praticam ou que vivenciam o direito; do uso de
métodos históricos para fazer uma história do direito; de estatísticas na análise de sentenças e padrões
decisões.” (SIQUEIRA, Gustavo Silveira. Pequeno Manual de Metodologia da Pesquisa Jurídica. 2ª ed.,
Belo Horizonte, 2021, p. 105).
7. REFERÊNCIAS
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