Você está na página 1de 3

Jurista Giacoppo

O Brasil necessita reduzir o número de presos, o que evitará que infratores de baixo
risco entrem em contato com facções criminosas, as prisões devem ser reservadas para
os crimes graves e violentos, segregando da sociedade apenas as pessoas que
efetivamente possam causar riscos evidentes aos cidadãos. Em primeiro lugar, é
importante destacar que, não são os fatores externos ao sistema penal que estimulam a
superlotação de presídios. Em outras palavras, não é um aumento do crime, trata-se do
aumento nas taxas de encarceramento resultante de reformas legislativas extremamente
punitivas.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Levantamento Nacional de Informações


Penitenciárias (Infopen) em 2020, cerca de 734 mil pessoas foram privadas de liberdade
no Brasil. Com esse número, o país atinge a marca da terceira maior população
carcerária do mundo. No ranking de encarceramento, o Brasil tem 338 presos por 100
mil habitantes, índice que cresceu mais de 30% nos últimos dez anos. Entretanto, a
capacidade atual do sistema é de 440,5 mil. Esse cenário necessita ser superado, pois a
superlotação nos presídios leva a situações insalubres e até mesmo desumanas.

Nesse sentido, uma estratégia muito importante é o investimento numa politica de


alternativas penais em razão da pena de prisão. Ademais, isso poderia ser feito, por
exemplo, através da substituição de penas de até oito anos por medidas alternativas,
atualmente previstas somente para penas de quatro anos, o que representaria redução
imediata da população carcerária brasileira, nos crimes cometidos sem violência ou
grave ameaça. Logo, é de suma importância a adoção de penas alternativas para os
pequenos traficantes, aqueles que são dependentes financeiros ou químicos que
comercializam drogas por conta de sua vulnerabilidade social, e a redefinição nas
políticas de enfrentamento aos crimes de drogas (uma das principais causas da entrada
no sistema prisional) que seja menos violadora, encarceradora e seletiva.

Medidas como audiências de custódia, garantindo a apresentação do preso até o Juiz


num prazo de 24 horas, também são importantes para a diminuição da superpopulação
carcerária, pois possibilitam à autoridade judiciária uma análise dos requisitos formais
em uma prisão em flagrante, podendo intervir numa eventual prisão ilegal.

Jurista Juarez

A Lei de Execução Penal, tem como principal objetivo a ressocialização, porém não
encontra respaldo para se consolidar, sendo que a reinserção do ex-detento à sociedade
deixa claro a insuficiência de atuação do poder público e da comunidade em reinserir
esse indivíduo no meio social digno e adequado, o fato é que a prisão tem tornado
criminosos mais eficientes e perigosos a cada dia, o que ressalta um aumento nos
índices de criminalidade e reincidência. Ao destinar apenas 5% do Fundo Penitenciário
Nacional (Funpen) para medidas alternativas de cumprimento de pena, o governo
estimula a punição, ao invés da ressocialização dos condenados.
Embora a Lei de Execução Penal vise a ressocialização, dispondo aos presos
acesso a pena humanitária, garantida pela assistência médica e social, a dificuldade de
efetivação desses direitos ainda se faz presente. Além da violência entre os presos,
o sentimento de impunidade pertence à sociedade, o que desqualifica a adoção da LEP
no sistema penitenciário.

De acordo com a lei sobre a execução de penas, a condição de possibilidade para os


presos trabalharem, aprenderem e se divertirem seria essencial para proporciona-lhes
oportunidades de retorno ao meio social. Novamente, o sistema prisional sofre com o
problema de integração destes cidadãos ao trabalho remunerado, resultando em
superlotação, pois a redução de penas a partir de um trabalho humanitário não é
possível.

É evidente que o sistema penitenciário brasileiro está em crise, devido aos muitos
problemas encontrados em toda a estrutura carcerária e a inaplicabilidade dos
recursos previstos na lei de execuções penais, lei 7.210 de 11 de julho de 1984, como
forma de resguardar os direitos e garantias dos detentos.

Portanto, o problema precisa ser solucionado, partindo inicialmente de uma reforma


no sistema carcerário, e posteriormente em toda a estrutura legislativa, através da
aplicação de recursos, a fim de compreender a pena dentro do sistema punitivo e como
fortalecimento das garantias sociais aplicar da maneira mais eficaz possível a Lei de
Execução Penal, que já se encontra em vigor no Brasil.

Jurista Peter

O reconhecimento da luta contra a criminalidade é algo a ser enfrentado pela sociedade,


com o dever de buscar diversos meios para combater o crime e prevenir o crescimento
deste, evitando que mais sujeitos adiram às suas práticas, buscando renovar a dogmática
penal, excluir e reformular os conceitos de pena, delinquente e infração, abandonando o
princípio da retribuição penal, propondo a eliminação de prisões, ou seja, indo de
acordo com os princípios fundamentais da Escola de Defesa Social, baseada na razão
social, dessa forma, busca a proteção do ser humano e a garantia dos direitos do
cidadão, portanto, considera importante a ressocialização do delinquente. Para essa
corrente, o crime é considerado um problema social e humano, logo, abandona o
conceito de crime baseado no Direito.

É necessário ter como objetivo a renovação dos meios de combate à criminalidade,


como citado anteriormente, preocupando-se com a prevenção do crime, tratamento do
menor delinquente e visando uma reforma penitenciária para promover a transformação
dos criminosos em sujeitos contribuintes para a sociedade. As penas devem ser
substituídas por medidas educativas, fazendo com que o Estado tenha a função de
melhorar o indivíduo e promover sua ressocialização, substituindo o Direito Penal pelo
Direito de Defesa Social.
Ainda de acordo com a corrente de Defesa Social é necessária uma concepção crítica
do fenômeno criminal e o acompanhamento e estudo nas suas transformações, causas
e efeitos, entendendo-o como um resultado social, que necessita de cura racional,
através de uma política que respeite a dignidade da pessoa e resguarde os direitos do
homem. A atividade punitiva do Estado deve ser exercida não de forma dogmática,
mas dentro de uma visão abrangente do conhecimento humano, pois a lei não é a
única fonte do direito.

Portanto, a luta contra a criminalidade deve ser reconhecida como uma das tarefas
mais importantes que cabem à sociedade, nessa luta os cidadãos devem recorrer a
diversos meios de ação, quer pré-criminosos, quer pós-criminosos. O direito criminal
deve ser considerado como um dos meios de que a sociedade pode servir-se para fazer
diminuir a criminalidade.

Jurista Andreza

O art. 3º da Constituição Federal (BRASIL, 1988), afirma que todos possuem o direito à
vida, à liberdade e à segurança pessoal. No entanto, em contradição com este normativo,
tem-se outra realidade, em que a segurança pessoal não é garantida, logo, é necessário
evidenciar a desestruturação do sistema carcerário brasileiro, a ineficácia e o descaso do
poder público em presídios superlotados e abandonados. Diante desse cenário
alarmante, uma análise precisa ser realizada em relação à dignidade da pessoa humana
no sistema prisional atual para reconhecer que a barbárie continua e que os indivíduos
são esquecidos e violados nos presídios sob a custódia do Estado.

A LEP (Lei de execução penal) foi concebida não só para proteger os direitos dos
detidos, mas também para proteger a integridade da pessoa, tendo como principal
objetivo a sua reinserção na sociedade e o combate ao crime de forma humanizada.
Entretanto, as celas são superlotadas, instáveis e insalubres, tornando as prisões um
ambiente favorável para a propagação de epidemias e doenças. Sem dúvida, os
problemas com o sistema prisional brasileiro tornam-se mais evidentes quando este é
analisado, levando descrédito ao Estado em sua função de promover o bem-estar de
todos os brasileiros e garantir a reeducação dos condenados.

Em suma, diante do desrespeito à dignidade das pessoas privadas de liberdade, há a


necessidade de se repensar todo o sistema prisional brasileiro, impondo que a função
de ressocialização do infrator funcione verdadeiramente, permitindo sua recuperação e
reinserção à vida em sociedade.

Você também pode gostar