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A SUPERLOTAÇÃO CARCERÁRIA

FRENTE A VIOLÊNCIA NO BRASIL

Pesquisa Qualitativa

Aula de Metodologia de Pesquisa

Introdução

“A violência em todas as suas manifestações é, hoje, sem dúvida alguma, o principal problema
que estamos enfrentando. Deixou de ser um fato exclusivamente policial para ser um problema
social que afeta a sociedade como um todo.” (BAIERL; ALMENDRA, p 59, 2002).

Essa pesquisa é caracterizada pelo estudo e análise em um problema social e institucional


agravante no Brasil . Assim, é uma questão de prioridade desafiadora para a intervenção de
segurança no estado.

As prisões no Brasil, segundo o relatório da ONG Human Rights Watch (sobre violações
dos direitos humanos no mundo) estão em condições desumanas, são locais de tortura (física e
psicológica), violência, superlotação.

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A Constituição Federal Brasileira dispõe, em seu em seu art. 1°, III, a dignidade da
pessoa humana como um de seus fundamentos. O legislador constituinte teve a preocupação de
firmar que o Estado proporcionasse a dignidade para todos os indivíduos. Assim, percebe-se a
preocupação em conceder uma condição normativa ao princípio da dignidade humana,
entendendo-o como um dos alicerces do Estado Democrático de Direito.

Problemas de Pesquisa

Os problemas de pesquisa analisados por mim envolvem primeiramente a abrangência do


tema, que faz referência aos dados de diversos aspectos que envolvem essa questão: número de
presos e sua relação matemática, o número de agentes e a questão proporcional para os números
de presos. A pesquisa sobre o déficit financeiro do Estado e a precariedade que isso gera.
A população prisional cresce de forma acelerada desde a metade da década de 1990, mas
as iniciativas que fortalecem as penas alternativas são falhas.

É preciso reconhecer que o esforço teórico de identificar essas explicações exigiria uma
investigação interdisciplinar abrangente que está fora do escopo deste traba- lho. Nada
obstante, embora não seja viável demonstrar fundamentadamente que razões de forma
direta conduzem ao quadro descrito acima, é possível identificar algumas não
explicações, isto é: algumas razões de que até se poderia cogitar paraexplicar o problema,
mas que, na realidade, não são relevantes ou têm relevância bastante reduzida. A
utilidade de identificar as não explicações é excluí-las desde logo do debate (ou ao menos
demonstrar a sua pouca pertinência para o mesmo) e, assim, facilitar a aproximação das
razões que, de fato, são relevantes. Algumas não explicações serão enunciadas e
examinadas abaixo e, ao fim do tópico, se cogitará também de uma hipótese explicativa
positiva para o fenômeno. BARCELLOS, 2010

Trezentos milhões de reais por dia é o custo estimado da violência no Brasil, o


equivalente ao orçamento anual do Fundo Nacional de Segurança Pública, e um valor superior
ao envolvido na reforma da Previdência que tanto mobilizou os governos. Esses valores não
contabilizam o sofrimento físico e psicológico das vítimas da violência brasileira, uma das mais
dramáticas do mundo. Com 3% da população mundial o Brasil concentra 9% dos homicídios
cometidos no planeta. Os homicídios cresceram 29% na década passada e entre os jovens esse
crescimento foi de 48%. As mortes violentas de jovens aqui são 88 vezes maiores do que na
França. E poucos países sofrem as ações de terrorismo urbano como as praticados por traficantes
no Rio de Janeiro. Dados de: José Vicente da Silva Filho <Disponível em:
(http://www.aprasc.com.br/policia/acoes.asp>

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Apresentam 715.592 pessoas sob custódia, considerando-se que 567.655 estão presas no
sistema prisional e 147.937 estão submetidas à prisão domiciliar e 20.532 jovens que estão
cumprindo medidas socioeducativas.

Hipóteses
As hipóteses que podem ser apresentadas para essa pesquisa envolve primeiramente a
questão de mandatos incumpridos, nos quais ha um grande número de acusados que livraram-se
de cumprir suas penas, deixando-as pendentes e contribuindo para a superlotação. Logo, uma
agilidade nos processos e mas penas pendentes evitaria essa situação. O confinamento de presos
não condenados, cerca de um terço da população carcerária. Já que essas pessoas não foram
condenadas por crime algum e são presumidos inocentes aos olhos da lei, uma parte delas será
eventualmente absolvida sem levar em consideração o tempo que passaram confinadas sem
necessidade. Assim, a questão da detenção antes do julgamento necessita ser re analisada com
urgência para que, consequentemente, o número de detentos consiga ser diminuído. O aumento
de assistência jurídica e o aumento de número de juízos adiantaria positivamente o processo dos
casos.
A reforma no sistema educacional é, sem dúvida, uma hipótese imprescindível nesta
pesquisa, uma vez que o ensino de qualidade não oferece uma porta de entrada para os
indivíduos obterem um passaporte para melhores empregos, o que faz aumentar o custo de
oportunidade para cometer crimes. Com isso, esse menino deixa de ser o bandido de amanhã,
para ser uma semente transformadora da sociedade. Outras hipótese seria o investimento em
penas diferenciadas em regime semiaberto e uma mudança na legislação de Combate às drogas,
pois a lei não determina qual é a quantidade de droga que uma pessoa pode levar consigo para
caracterizá-la como usuário ou como traficante.
O cumprimento da Lei de Execuções Penais é um fator que, se realizado, o vácuo de
poder que é resultado da ausência do Estado seria diminuído e violência, consequentemente

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diminuiria drasticamente. Torna evidente a ruína do sistema penitenciário pois, na teoria, o
condenado deveria ser alojado em cela individual, conforme art. 88 da Lei de Execuções Penais:
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho
sanitário lavatório.

Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:

a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e


condicionamento térmico adequado à existência humana;

b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).

Não é possível que uma ressocialização efetiva aconteça utilizando-se celas superlotadas,
pois a realidade vivida pelos presos lá dentro acaba por incentivá-los a se rebelar. Dessa forma, é
possível perceber que a solução provisória para o problema englobado nesta pesquisa se volta á
medidas que diminuem a violência, investem na educação da população carioca e no âmbito
jurídico do estado.

O coordenador da pesquisa, Daniel Cerqueira, chamou a atenção para o fato de que a


desigualdade de crimes sofridos entre negros e não negros está aumentando.
"A gente tem no Brasil uma desigualdade na letalidade por raça que é escandalosa", disse ele,
afirmando que esse dado não chega a ser novo. "E essa boca [distância entre os números de
homicídios no gráfico] continua se alargando".

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Os números registraram 49.524 assassinatos de negros em 2017, um aumento de 62,3% em
relação a 2007 e de 9,1% ante 2016. Quando são analisados os não negros, os números absolutos
tiveram queda de 0,8% em relação a 2016 e alta de 0,4% perante 2007, fechando 2017 em
14.734 mortes.

Justificativa
Sabe-se que o sistema carcerário possui um finalidade técnica de fazer com que um
indivíduo que cometeu delitos arque com as consequências estabelecidas pelo Estado e depois,
recuperar esse indivíduo para viver em sociedade. Entretanto, a justiça brasileira não tem
conseguido exercer esse papel devido aos números e estatísticas exacerbadas no índice da
violência brasileira, uma vez que a violência tem aumentado e, consequentemente, o número de
presos também. Com a falta de estrutura, esse crescente número gera superlotação nos presídios
no país, que mesmo com investimentos, eles são insuficientes devido a ineficiência do estado e
situação económica em que se encontra.
Assim, as unidades penitenciárias não têm garantido a integridade dos presos, muito
menos os seus direitos humanos, fortemente garantidos na Constituição Brasileira. Na
perspectiva social, essa pesquisa é importante para que a finalidade inicial dos presídios seja
seguida e que haja uma verdadeira ressocialização social dos presos e o entendimento dos
motivos nos quais a violência tem aumentado tanto para que o sistema carcerário se recupere
dessa superlotação.
Ressocializar é dar ao preso o suporte necessário para reintegrá-lo a sociedade, é
buscar compreender os motivos que o levaram a praticar tais delitos, é dar a ele uma chance de
mudar, independente de acontecimentos passados.

A organização administrativa do sistema prisional mantém-se onerosa e corrupta para


atender o interesse de uma minoria que presta serviços para os presídios, em prejuízo e
sofrimento de toda a sociedade. Todos os presos não tem opção senão reincidirem no
crime e se manter na marginalidade, o que favorece o ganho de quem lucra com esse
sistema. O custo do preso para o Estado é exorbitante, representando lucro nas mãos
dos concessionários que supostamente fornecem serviços como alimentação. Esse
modelo é mantido através da corrupção dos agentes públicos que rejeitam mudanças
estruturais para manter o atual sistema . VALDIR NUNES PALMEIRA, 2016

Marco Teórico

Com base na obra "Os meninos do Tráfico", de MV Bill e Celso Athayde , um livro que
virou documentário, é possível perceber a falta de oportunidades, bem como a culpa recíproca
entre o Estado e sociedade que se tornam alheios, a este grave problema que afeta as famílias,
envolvidos e a sociedade como um todo. resultando em uma degradação total nos princípios dos
direitos fundamentais da pessoa humana, assegurados no art. 5º da CF, que norteiam o direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade. Novamente, as premissas
estabelecidas na obra se ligam diretamente a questão da violência e da falta de investimento na
educação do povo brasileiro.
O tráfico de drogas possui influência nas favelas e, consequentemente, na vida do jovem
que convive nesse ambiente hostil. Basta dizer que durante as gravações que deram ensejo a esta
obra, dezesseis dos dezessete “falcões” entrevistados foram mortos, sendo que quatorze, em

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apenas três meses, vítimas da violência na qual estavam inseridas, assassinados por policiais ou
por bandidos, morreram a serviço do tráfico, na luta pelo tráfico, pelo sustento dos viciados, de
uma sociedade viciada e omissa.

Não sei exatamente qual o papel desse documentário. Solucionar eu tenho certeza de
que não é. Mas é mais um instrumento para ajudar a pensar, repensar as leis dentro do
Brasil, para que as pessoas discutam e vejam se é esse mesmo o Brasil que a gente quer.
Ou a gente tem um Brasil só ou tem dois Brasis. E parece que estão cuidando mais de
um e esquecendo do outro. Só que o outro tá crescendo e se transformando num
monstro. Onde nós já perdemos o controle. Tá engolindo todo mundo. ATHAYDE,
2006.

Objetivos Gerais e Específicos

Essa pesquisa foca justamente na relação direta da violência com o sistema carcerário em
estado de crise, uma vez que as condições vivenciadas pela classes mais baixas possibilitam
determinadas formas de violência e criminalidade, onde o acesso é precário a Educação, Saúde,
Habitação, Trabalho. Assim grande parte dos casos está associada às desigualdades sociais.
A população penitenciária é de presos em sua maioria pobres e negros já vitimizados
socialmente antes mesmo de entrarem no sistema penal Os crimes cometidos pela classe
dominante, conhecidos como crimes de “colarinho branco”, em sua maioria ficam impunes
dando muitas vezes continuidade no seus negócios de dentro do sistema carcerário mundo afora.
Ou seja, a desigualdade tem uma ligante específico com a violência, que é a semente do
problema carcerário enfrentado no Brasil, hoje. Entender a origem da violencia no país e curar
essa "ferida" social é urgente para que as prisões se recuperem, a sociedade se reerga e as prisões
possuam uma finalidade positiva para o sistema judiciário.
O sistema prisional Brasileiro mostra-se totalmente desumano e deficiente. Não atende a
sua finalidade e tornou-se uma grande escola de crime, onde os presos que praticaram crimes
mais leves são recrutados para a prática de crimes maiores em busca de respeito e vantagens
materiais ou até mesmo movidos pela coação através de ameaças contra a sua integridade física
ou dos seus entes queridos fora da prisão. O Estado não deveria permitir ou sustentar a rotina de
convivência e clausura de presos que praticaram pequenos delitos com outros altamente
perigosos e com uma margem infinitamente menor de serem ressocializados. Pode-se ainda
afirmar que os criminosos de alta periculosidade não poderão ser ressocializados no atual
contexto do Sistema Penitenciário.

Metodologia

A metodologia usada nesta pesquisa seria a qualitativa, onde eu fiz uma coleta de
diversas informações de pessoas que não necessariamente possuem o mesmo pensamento que eu
meu, mas a coleta em si fontes diferentes criou uma base para eu desenvolver esse assunto.

Referências Bibliográficas

ALEXANDRE DA SILVA, Laís. Violência e sistema prisional: um reflexo da desigualdade


social.AmbitoJurídico<Disponívelem:https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-107/violenci
a-e-sistema-prisional-um-reflexo-da-desigualdade-social/>

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ATHAYDE, Celso; MV Bill. Falcão – Meninos do Tráfico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão: causas e alternativas, 2º ed. São
Paulo: Saraiva. 2001.

BARCELLOS, Ana Paula de. Violência urbana, condições das prisões e dignidade humana

Brasil. Lei de Execução Penal. Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Novo diagnóstico de pessoas presas no Brasil.

Constituição Da República Federativa do Brasil. 1988

FARIAS, Helvio. Superlotação Carcerária no Brasil. JusBrasil <Disponível em:


https://jus.com.br/artigos/60759/superlotacao-carceraria-no-brasil>

Human Rights Watch. Disponível em http://www.hrw.org/portuguese/reports/presos.

LISBOA, Vinicius. Repórter Da Agência Brasil. Edição de Narjara Carvalho

PALMEIRA NUNES, Valdir. Reforma do sistema prisional. Câmara do Deputados. Brasília,


Fevereiro de 2016.

Planejamento – http://www.planejamento.gov.br. Referência: Outubro/2009 Superintendência


dos Serviços Penitenciários. Disponível em http://www.susepe.rs.gov.br.

MELLO, PORTEIRA CAMPOS, Bernardo. A Superlotacao carcerária do Brasil. Conteúdo


Jurídico<Disponívelem:https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/52249/a-superlotacao-c
arceraria-no-brasil>

MURARO, Mariel. Sistema Prisional Brasileiro e Direitos Humanos. 2016 <Diponível em:
https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/413681359/sistema-prisional-brasileiro-e-
direitos-humanos>

VICENTE DA SILVA FILHO, José <Disponível em:


(http://www.aprasc.com.br/policia/acoes.asp >

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