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O DESCOMPASSO EXISTENTE ENTRE O DIREITO PENAL BRASILEIRO

E O TRATAMENTO DOS PSICOPATAS HOMICIDAS

Karina Ramos Perez Martins1

INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da humanidade há o interesse em decifrar a mente humana, o


comportamento e a criminalidade, porém os psicopatas se tornaram um empecilho para essa análise.
Hodiernamente os psicopatas ainda apresentam muitos enigmas a se decifrar, porque há muita
dificuldade de compreender o seu comportamento e o porquê dele.
Seguindo na mesma lógica ainda hoje percebe-se que há empecilhos para a sua identificação na
sociedade, pois pelo seu alto grau de dissimulação e habilidade de se dissociar por inúmeras vezes
passam despercebido pelas autoridades sem levantar quaisquer suspeitas.
Convém ressaltar que essas questões são de extrema relevância para o direito, visto que esses
indivíduos não raras vezes estão em conflito com a lei já que ela não é reconhecida por eles como
uma barreira. Desse modo, percebe-se que esses indivíduos se fazem presentes em grande escala no
nosso sistema penitenciário, sendo responsáveis pelos maiores índices de reincidência.
O presente trabalho tem o intuito de analisar as penas aplicadas aos psicopatas homicidas e sua
verdadeira eficácia. Almejando, desse modo tentar identificar os pontos positivos e negativos de
cada uma das sanções penais aplicadas a esse grupo tão ímpar de criminosos visando, dessa forma
descobrir qual é a melhor medida para se adotar nesses casos.
Nota-se, portanto, que apesar de se tratar de um tema pesado e um pouco macabro que por
muitas vezes provoca repulsa social, ele se mostra cada dia mais presente na sociedade brasileira o
que cria a necessidade de ser analisado mais a fundo como assevera o caso do Lázaro que ficou
conhecido como o serial killer de Brasília que mostra como nosso modo de lidar com esses
indivíduos é falho, pois ele foi preso múltiplas vezes e mesmo assim continuou praticando delitos
ao fugir da penitenciária.
Este artigo será dividido em quatro partes a primeira delas com a finalidade de dar um panorama
geral sobre o que é a psicopatia, seus graus e consequências para o direito. Já a segunda será voltada
para a teoria do crime vislumbrando a análise dos aspectos da culpabilidade de forma especial da
imputabilidade.

1 Graduanda em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro


O terceiro capítulo por sua vez será reservado para tratar dos psicopatas que cometem homicídio
que será o recorte de análise deste trabalho. E por fim a quarta parte vai tratar dos obstáculos que se
encontram no tratamento desses psicopatas homicidas pelo direito penal brasileiro.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesse diapasão, insta salientar que para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizado como base os
manuais de direito penal do Bitencourt na análise da culpabilidade e o Manual de Criminologia do
Nestor Sampaio. Ademais, foi utilizado Focault,a história da loucura com o intuito de compreender
a evolução histórica do tema, mas também o DSM-5 e obras de autores pioneiros sobre esse tema
como Robert Hare em contexto mundial e Hilda Morano ao se tratar das pesquisas no Brasil.

METODOLOGIA
Neste trabalho a análise será feita através do levantamento bibliográfico, análises de casos reais e
pela jurisprudência sobre o tema.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir do que foi observado na doutrina e nos casos analisados é de se chegar a conclusão que a
melhor classificação para esse tipo de criminoso é realmente a semi-inimputabilidade como é
apoiada por grande parte da doutrina. Não obstante é notório que ela precisa de ajustes ao se tratar
desses casos, pois ela não pode ser aplicada como é agora.
É inegável a necessidade pensar um meio de ponderar o bem-estar coletivo e o bem-estar
individual com o intuito de dar ao indivíduo psicopata uma pena em simetria com a nossa
Constituição federal e que leve em conta os princípios penais da humanidade e individualização da
pena.
Ademais, ficou evidente que esses criminosos devem ser tratados em ambientes separados visto
a complexidade do tratamento um ambiente só deles onde ficará sobre vigilância e constante
tratamento. Nota-se que desse modo esse método trará benefícios não só para eles mas também os
profissionais a entenderem melhor e consequentemente tratarem melhor os casos.
É preciso evidenciar também que punge a necessidade da criação de uma lei específica para
tratar do assunto para prever aplicação do método PCLR da disponibilidade de profissionais
competentes. A melhor forma de garantir um tratamento que possua as garantias constitucionais é a
regulamentação da forma de tratamento.

CONCLUSÕES
De fato, fica evidente que ainda se esta longe de achar soluções para o efetivo tratamento desses
indivíduos. Porém insta salientar que só ter-se-á respostas ao colocar o tema em pauta e discutir as
peculiaridades desses casos. Sempre é produtivo a analise do que deu certo em outros países e
também o que não deu certo com o intuito de vislumbrar a aplicabilidade dessas prática no Brasil.
Só com a reflexão sobre esse descompassado que permitirá a aplicação assertiva do direito
penal nesses casos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CASOY, Ilana. Arquivos Serial killer: louco ou cruel ? E made in Brazil. Rio de janeiro:
darkside Books,2017.

MORANA, Hilda Clotilde Penteado. Identificação do ponto de corte para a escala PCL-R
psycopathy checkelist revised em população forense brasieira:caracterização de dois subtipos
de personalidade:transtorno global e parcial.Doutorado em ciências.Universidade de São Paulo.
São Paulo, 2003.

TRINDADE, Jorge. Manual de psicologia jurídica para operadores do direito.3 ed. Porto
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SCHECHTER, Harold. Serial killers: a anatomia do mal. Rio de janeiro: darkside books, 2013.

PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio.Manual esquemático de criminologia. 10.ed .São


Paulo:Saraiva Educação, 2020.

FOULCAULT. Michel. Vigiar e punir. 27 ed. Petrópolis: editora vozes 1999

BECCARIA,Cesare. Dos delitos e das penas.

FOULCALT. Michel. História da loucura na idade clássica.São Paulo: editora perspectiva,1978.


ROSENVALD, Nelson. Dignidade Humana e boa fé no código civil. 1 ed.São Paulo: editora
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BITENCOURT, Cezar Roberto.Tratado de direito penal:parte geral.24. Ed. São Paulo:Saraiva


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