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Universidade Capital Federal Unifecaf

Taboão da Serra

Jacqueline Pereira Lopes

Psicopatia a Luz do código Penal

Taboão da Serra SP
2023
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PSICOPATIA À LUZ DO CÓDIGO PENAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Campus Taboão da Serra. como parte dos
requisitos para conclusão do curso de Direito para a obtenção do grau de Bacharel em
Ciências Jurídicas

Psicopata à luz do código penal.


Orientador- Camila Francis

Taboão da Serra SP
2023
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RESUMO
LOPES, Jacqueline Pereira. Psicopatia a Luz do Código Penal: abordagem a
psicopatia de acordo com o código penal. São Paulo, 2023. 22 fls. Artigo cientifico
(Graduação em Direito) – Universidade Capital Federal-FECAF, 2023.
O artigo cientifico foi realizado principalmente através de pesquisas bibliográficas em
livros, doutrinas, artigos publicados em revistas e sites, teve como objetivo analisar a
psicopatia a luz do Direito Penal e explicar como o sistema penal brasileiro se comporta
diante de crimes cometidos por indivíduos psicopatas. Dessa forma, são apresentados os
conceitos, a possível origem deste transtorno e as espécies existentes atualmente, bem como,
uma análise, de como o ordenamento jurídico aborda e observar como o Direito Penal é
aplicado na prática.

Palavras-Chave: Psicopata – Transtorno – Teoria – Psicopatia – Culpabilidade –


Crime.

ABSTRACT

LOPES, Jacqueline Pereira. Psychopathy in the Light of the Penal Code: approach to
psychopathy according to the penal code. São Paulo, 2023. 22 pgs. Scientific article
(Graduation in Law) – Universidade Capital Federal-FECAF, 2023.
The scientific article was carried out mainly through bibliographical research in books,
doctrines, articles published in magazines and websites, aimed to analyze psychopathy in the
light of Criminal Law and explain how the Brazilian penal system behaves in the face of
crimes committed by psychopathic individuals. In this way, the concepts, the possible origin
of this disorder and the currently existing species are presented, as well as an analysis of how
the legal system approaches and observe how the Criminal Law is applied in practice.

Keywords: Psychopath – Disorder – Theory – Psychopathy – Guilt – Crime.

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Introdução

O foco principal deste trabalho é analisar a responsabilidade legal de psicopatas no


direito penal, o que requer uma abordagem multidisciplinar que engloba conhecimentos de
Psicologia Jurídica, Psiquiatria Forense, Criminologia e Direito. O artigo identificará primeiro
os psicopatas e, posteriormente, examinará os tratamentos clínicos e jurídicos necessários para
eles

O nível de complexidade relacionado com a utilização de medidas punitivas contra


criminosos com psicopatia é extremamente alto. Isso se deve ao considerável desafio de
diagnosticar com precisão o distúrbio, bem como o impasse resultante na determinação da
responsabilidade do indivíduo ou da falta dela. Devido ao fato de que esta questão é foco de
muito debate, um exame aprofundado da psicopatia no contexto do Direito Penal se faz
necessário para potencialmente desvendar soluções para estes conflitos.

No Segundo capítulo, este conceito e sua evolução histórica serão discutidos. A


História, porque ainda hoje o conceito desta doença não é assunto pacífico entre os
especialistas, e também analisará as principais características que uma pessoa com transtorno
da personalidade antissocial possui bem como os tipos de psicopatas que existem.

No capítulo três, o agente psicopata será tratado como criminosos, primeiramente


analisado a teoria do crime, como bipartida e tripartida, quais teorias são adotadas pelo
sistema penal brasileiro, levando em conta a culpabilidade, a fim de classificar o agente
criminoso dentro do ordenamento jurídico.

No quarto capitulo, o tema será aprofundado sobre como o ordenamento jurídico e o


sistema penal brasileiro tratam dos agentes criminosos e os métodos de tratamento
atualmente utilizados, além da aplicação das penas correspondentes, como o cumprimento
de penas com mandados de prisão ou mesmo internação em clínicas psiquiátricas até que
seja possível fazê-lo sem constituir retorno ao convívio social sem risco. No quarto e último
capitulo será analisado alguns estudos de casos reais podem ser observados onde crimes
injustificados foram cometidos por pessoas supostamente "comuns", de modo que a
psicopatia é confirmada por relatórios e uma breve revisão de tais crimes será feita, por

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exemplo, são destacados casos: Ca Francisco Costa Rocha, o “Chico Picadinho”; Susane von
Richthofen.

1. PSICOPATIA

Neste capítulo, origens, história e Conceituação e classificação dos diferentes tipos


de psicopatia serão abordados. Existe uma afirmação de que todo psicopata é um louco e,
portanto, deve ser tratado como tal, então analisaremos se essa afirmação é verdadeira ou se
é apenas uma opinião popular que toma uma proporção maior devido aos casos que
ganharam notoriedade na mídia.

1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Inicialmente a compreensão da psicopatia não é nada parecido com o que as pessoas


pensam sobre esse transtorno por vezes grave e brutal, mas, ao mesmo tempo, esses
pervertidos brutais estão inseridos na sociedade cometendo crimes. Entre 1800 e 1835
houve vários Assassinatos – como os de Sélestat, na Alsácia, na França, e do distrito de
Henriette-Cournier, em Paris – são semelhantes por serem perigosos, muitas vezes
acompanhados de assassinatos brutais (FOUCAULT, 2003). Comum a esses casos é que
seus autores assumiram Crime, mas não se defenderam, não argumentaram, não expuseram
seus motivos, apenas permaneceram inertes durante o julgamento e as perguntas que foram
feitas. Além disso estudos de antropólogos apontavam que a psicopatia não estava ligada a
medicina e sim ao sobrenatural, divindades e magia negra.

Segundo René Ariel Dotti, (2002, p.123):

“Nas sociedades primitivas, o tabu era a proibição aos profanos de se relacionarem


com pessoas, objetos ou lugares determinados, ou deles se aproximarem, em virtude do
caráter sagrado dessas pessoas, objetos e lugares cuja violação acarretava ao culpado ou a seu
grupo o castigo da divindade.”

Acreditava-se que uma pessoa que entra em estado psicótico estivesse possuída por
um demônio, e que um "ser" não identificado teria entrado no corpo do indivíduo e causado
os delitos cometidos por tal. As sociedades primitivas que adoravam deuses vinculavam as
atitudes dos indivíduos a lugares e objetos que poderiam levar ao seu castigo.

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Os romanos da Roma antiga foram os primeiros a classificar os criminosos,
colocando-os em três estados como um tipo de transtorno mental: possuído, demoníaco e
energúmenos. (SILVA, José Américo, 2007, p. 01).

Com o passar dos anos e com o advento da tecnologia, os transtornos mentais


passaram a ser vistos e estudados como doenças e não como casos de possessão demoníaca.

Diante dessa situação, é difícil julgar essas pessoas já que esses crimes não eram
comuns a quaisquer sintomas convencionais de loucura (FOUCAULT, 2003), exceto a falta
de motivo real para praticar o comportamento. O conceito de psicopatia, originário da
Grécia, surgiu na ciência forense em meados do século XIX. Todas as pessoas com
problemas ou doenças mentais eram diagnosticadas como psicopatas, até que os médicos da
época descobriram que muitos criminosos cruéis e malignos não tinham nenhum problema
mental ou doença. E foi a partir desse levantamento que a chamada “tradição clínica da
psicopatia” se baseou e observou em estudos de caso, entrevistas e observações de
psicopatas reais (GARDENAL, 2018).

Phillipe Pinel como o pioneiro no campo da psiquiatria, muitas vezes referindo-se a


ele como o "pai da psiquiatria". Ele foi o primeiro médico a identificar certos transtornos
mentais e fornecer descrições científicas de padrões comportamentais e emocionais que se
assemelham muito ao que hoje entendemos como psicopatia. Pinel introduziu o conceito de
"mania sem delírio", que se refere a pacientes que exibem comportamento violento, mas
mantêm uma compreensão da irracionalidade de suas ações sem delírios. Mais pesquisas e
estudos nos anos subsequentes contribuíram para uma compreensão mais profunda do
assunto e, na década de 1940, estudiosos e especialistas estabeleceram uma estrutura
abrangente para o diagnóstico. No entanto, as especificações dessa estrutura ainda
precisavam de mais desenvolvimento.

Durante essa época, Hervey Cleckley conduziu um estudo de pesquisa essencial


intitulado "A Máscara da Sanidade", que expandiu o conhecimento existente sobre
psicopatia. O estudo identificou 16 características distintas da condição e enfatizou que um
diagnóstico não pode ser feito apenas com base no acúmulo dessas características.

O autor do texto pretendeu distinguir a psicopatia da criminalidade pura e, em vez


disso, associá-la ao estudo da personalidade e do comportamento, com foco particular nos

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aspectos afetivos e interpessoais. Seguindo os passos de Hervey, vários estudos
experimentais foram realizados com o objetivo de definir os vários níveis de psicopatia.

Semelhante a Phillipe e Hervey, vários outros escritores apresentaram suas próprias


ideias e desempenharam um papel na formação do conceito de psicopatia.

O campo da medicina passou por uma mudança significativa em sua compreensão da


natureza da loucura e do nível de ameaça representado pelos doentes mentais. Em vez de
atribuir o comportamento cruel à possessão por espíritos malévolos, a medicina passou a
adotar o conceito de psiquiatria. No entanto, a psiquiatria não ficou imune a críticas e
oposições. Reynold, um advogado francês, argumentou que os médicos tendiam a rotular
todos como doentes, impossibilitando a diferenciação entre os que realmente eram doentes
mentais e os que eram simplesmente criminosos.

Com o surgimento da psiquiatria, iniciou-se a classificação dos níveis de gravidade


das anomalias, pois cada indivíduo apresentava um grau variável de desequilíbrio, variando
de leve a grave. A responsabilidade da psiquiatria reside em estudar e determinar as causas de
tais desvios.

Constatamos que o código penal brasileiro define estágios e graus, tratando de


anormalidades que vão desde as mais leves até as mais graves, que não podem ser
confundidas com a psiquiatria, pois são transtornos mentais, sendo a psiquiatria a
especialidade médica capaz de estudar tais transtornos mentais e suas causas.

Nessa etapa, Edmur de Aguiar Whitaker (1958, p.281/282) destaca:

“Quando os autores de delitos agem em consequência de determinantes psíquicos


anormais, se trata de anormalidade grave, o nosso Código Penal declara o agente
irresponsável, não criminoso. Se nos defrontamos com portadores de anormalidades leves (os
chamados “fronteiriços”, que abrangem certas anormalidades psíquicas pouco acentuadas e as
psicopatias), o código os declara responsáveis, permitindo, porém, ao juiz, uma atenuação da
pena. Por outro lado, havendo anormalidade, cabe sempre a “medida de segurança” em grau
variável.”.

O código penal brasileiro define estágios e graus, tratando de anormalidades que vão
desde as mais leves até as mais graves, que não podem ser confundidas com a psiquiatria, pois

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são transtornos mentais, sendo a psiquiatria a especialidade médica capaz de estudar tais
transtornos mentais e suas causas.

Com base nessa pesquisa, concluímos que o que mais interessa à psicopatologia são os
sinais comportamentais do indivíduo, sua convivência com a sociedade e suas queixas quando
está insatisfeito com algo. É tanto uma ciência da natureza da doença mental quanto um
estudo que busca entender o mais completamente possível o que leva as pessoas a se
comportarem de maneira tão antinatural.

1.2 Conceito

A psicopatia é um tema muito significativo no campo da psicologia forense, já que


seus portadores estão por vezes envolvidos em atos criminosos ou processos judiciais. Porém
o assunto é tratado de formas diferentes tanto na medicina quanto na sociedade. Algumas
pessoas não sabem o que realmente significa um louco, acham que um psicopata também é
louco, utilizando de termos podem ser influenciados por local, legislação do local, tradição,
entre outros aspectos, mas não há uma definição padrão.

A seguir irei dispor a diferença entre esses termos:

Psicopata e Psicopatia: Entendemos a psicopatia como um comportamento social e o


psicopata como um indivíduo que adquire e exibe esse comportamento social, caracterizado
pela falta de moralidade, ética e moralidade do sujeito atuante. consciência. Os seres
humanos, com uma atitude intransigente uns com os outros e com as regras da sociedade, são
caracterizados pela falta de bons sentimentos.

Psicopata e Sociopata: Ambos estão presentes no Código Internacional de Doenças nº


10 (CID-10) e são identificados no F60.2 (Personalidade Dissocial), onde diz que as
personalidades dissociais se diferenciam em: amoral, antissocial, associal, psicopática e
sociopática.

Atualmente, ambos os termos se referem a pessoas com transtorno de personalidade


antissocial. Robert Hare apontou que a diferença entre os dois é a origem do distúrbio, e que
sociólogos, criminologistas e psicólogos acreditam que um distúrbio deve ser chamado de
sociopatia se tiver origem no próprio ambiente social, por exemplo, em Ele viveu em um
ambiente onde "aprendeu" a cometer atitudes antissociais em um ambiente de baixo nível
socioeconômico e pais violentos.
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Serial killer: são pessoas que cometem uma série de crimes, geralmente com intervalos
de tempo. Eles podem matar várias pessoas ao mesmo tempo, e ter um "modus operandi"
deixando sua "assinatura" em cada cena do crime. Algumas pessoas são muito brilhantes e
algumas não são tão brilhantes. Uma das formas de investigar os crimes dos seriais killers é
dividi-los em "criminosos organizados" e "criminosos desorganizados". Um serial killer não
precisa ser um psicopata, ele pode ser um esquizofrênico, um psicopata ou um sujeito com
algum tipo de doença mental.

Em suma a psicopatia é um transtorno de personalidade caracterizado por um conjunto


de traços, como a falta de empatia e remorso, manipulação, impulsividade, egoísmo e
comportamentos antissociais. Pessoas com psicopatia muitas vezes apresentam um
comportamento imprudente, desrespeitoso e irresponsável, além de uma tendência a violar as
normas e valores da sociedade. É importante ressaltar que a psicopatia não significa
automaticamente a presença de um comportamento violento ou criminoso, embora haja uma
associação mais forte entre a psicopatia e esses tipos de comportamento do que na população
em geral.

1.3 CARACTERISTICAS

O termo “psicopata” é erroneamente associado pela sociedade, ao serial killers, serial


killers ou aqueles que cometem crimes em serie. Esse erro ocorre devido a influência da mídia
e até uma certa romantização por filmes e series. Porém, nem todo psicopata é um
criminoso/assassino. Embora tendam a cometer crimes nesse nível de brutalidade, por serem
em grande parte emocionalmente incompetentes.

Há também uma dificuldade em estabelecer características e padrões de


comportamento, primeiro porque é de difícil diagnóstico e segundo porque é incomum,
estima-se que afete apenas 3% a 2% da população mundial, tendo em vista que entre essas
pessoas algumas nunca manifestarão a doença de forma mais expressiva.

Em geral, pode-se dizer que os psicopatas têm o córtex frontal, região do cérebro onde
se localizam todas as emoções, com irregularidades em seu funcionamento que também estão
associadas à personalidade, principalmente ao comportamento social, por isso uma das
principais características das pessoas com esse transtorno é a falta de empatia.

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Não há uma causa específica, embora cientificamente, algumas pesquisas mostraram
que há uma forte influência genética no desenvolvimento do transtorno, de modo que a
psicopatia difere da sociopatia por não resultar de um trauma ou situação que ocorreu durante
a vida.

Devido à falta de atividade cerebral nesta área é afetado diretamente as decisões e


emoções, o psicopata acaba sendo um indivíduo distante, incapaz de entender seus próprios
sentimentos ou ser sensível às emoções dos outros, basicamente o psicopata está mais
relacionado a uma maneira de ser, é um indivíduo que vê o mundo de forma diferente,
digamos que ele vive a vida com quase zero emoções e muita razão. São pessoas frias,
calculistas e que enxerga no outro apenas um objeto, uma “peça em jogo de tabuleiro” que ele
vai usar em beneficio próprio para conquistar status poder e diversão.

Suas características são:

1.2 Superficialidade e eloquência

São pessoas de extremo poder de sedução, que falam super bem, conquistando a
confiança das pessoas, mas que quase nunca cumprem o que falam.

1.2.1 Egocentrismo e megalomania

Todo psicopata é egocêntrico acredita ser melhor e acima de todos, e megalomaníaco


por se achar poderoso detentor de todos os direitos.

1.2.2 Ausência de sentimento de culpa

Uma das características mais marcantes no transtorno. Uma vez que ele não é capaz de
ter sentimentos, ele não tem culpa. O tornando capaz de cometer qualquer atrocidade, como
roubar, matar, estuprar ou extorquir.

1.3.3 Ausência de empatia

Outra das características bem marcante quanto ao psicopata, pois a sua incapacidade
em ter sentimentos sociais como, pena, piedade, compaixão o impede de se colocar no lugar
do outro.

1.3.4 Mentiras trapaças e manipulação

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Eles são ótimos mentirosos e não se constrangem ao serem pegos na mentira, e usam
dessa habilidade para manipular e trapacear. Estão dispostos sempre dispostos a utilizar
dessas artimanhas para conquistar o que querem.

1.3.5 Pobreza de emoções

Apesar de não serem capazes de ter bons sentimentos eles sentem, entre tanto seus
sentimentos rudimentares que não cria conexão com as pessoas e sociedade. Os sentimentos
mais comuns nos psicopatas é a raiva e frustação de não conquistar o que querem e acham que
tem direito.

1.3.6 Impulsividade

A impulsividade no psicopata é muito racional, ele sabe o que faz, quando faz, e como
faz. Diferente da impulsividade comum ele escolherá melhor hora, e local para cometer o
crime, e sanar sua impulsividade por se achar merecedor daquele ato de prazer e ou diversão.

1.3.7 Auto controle deficiente

Mais típicos em psicopatas mais graves, que são aqueles que por uma coisa mínima,
são capazes de matar por exemplo. Principalmente quando estão em ambientes onde se sente
mais confortáveis, onde estão no controle.

1.3.8 Necessidade de excitação

Psicopatas tem necessidades de coisas muito extravagantes, para que se sintam


excitados eles precisam de extravagancias como estuprar, torturar, em subjugar o outro e
quando mais grave for o transtorno mais evidente será essa característica.

1.3.9 Falta de responsabilidade e comportamentos precoces

Ele acredita não ter responsabilidade para com seus atos, ele acreditar ser seu direito
cometer tais atos, como se o universo devesse isso à ele. E esse comportamento surge de
maneira precoce, desde a infância.

1.3.10 Comportamento transgressor no adulto

Passa em geral a cometer crimes, seja na área cível, familiar e penal.

1.4 TIPOS DE PSICOPATAS

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Após analisarmos as características do psicopata, agora farei uma breve classificação
dos tipos de psicopatas.

1.4.1 Hipertímico

O primeiro tipo de psicopata é o hipertimico, caracterizado por um humor alegre, ativo


e impulsivo. Schneider disse que esse tipo de pessoa é "o temperamento sangrento de um
homem de sangue leve". Ele os define como charlatães amigáveis, propensos ao mau
comportamento, como ofensas, mentiras, fraudes e pequenas infrações.

1.4.2 Depressivo

Ele é um daqueles psicopatas com um espírito sombrio, embora nem sempre seja fácil
identificar essa característica neles, já que eles tendem a esconder seus sentimentos. Em
algumas pessoas, a melancolia pode assumir o controle, enquanto em outras pode ocorrer
depressão ou paranoia. Tanto este tipo quanto o primeiro são propensos ao alcoolismo.
Pessoas com depressão paranoide podem se tornar muito insensíveis.

1.4.3 Inseguro

Dentro desse grupo, existem dois tipos de psicopatas: Os sensíveis e os anancásticos.


Os primeiros são muito impressionáveis, mas têm dificuldade em expressar suas emoções.

Os anancásticos transformam suas inseguranças em obsessões, tornando-se muito


rígidos e inflexíveis. Embora esse tipo de personalidade seja "estranho" e às vezes até
"suspeito", eles raramente cometem crimes.

1.4.4 Fanáticos

Nesse caso, há um conjunto de pensamentos supervalorizados que são vivenciados


com intensa emoção. Existem fanáticos passivos e existem fãs de luta.

Geralmente, esse tipo ocorre em homens ou mulheres maduros. Dependendo de suas


condenações, eles podem cometer crimes menores, mas geralmente se envolvem apenas em
atos que atrapalham a vida social

1.4.5 Vaidoso em busca de reconhecimento

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A característica distintiva desse psicopata é a vaidade. Eles precisam agir mais do que
realmente são, tanto para si mesmos quanto para os outros. Eles mentem de propósito e
acreditam neles.

Eles fingem suas emoções para não criar intimidade e não sabem amar. Existem
excêntricos (que chamam a atenção para si por seu comportamento incomum), fanfarrões (que
se gabam) e hipócritas (que organizam fantasias estruturadas para enganar os outros).

1.4.6 Lábil

Este é um tipo de psicopata que pode ser confundido com depressão. Nesse caso,
porém, a pessoa sente uma tristeza muito intensa ou mau humor, como uma tempestade, mas
depois passa quase que inesperadamente. Eles costumam ser viciados e podem cometer
crimes emocionais ou ocasionais.

1.4.7 Explosivo

Os psicopatas explosivos têm um humor violento que pode ser desencadeado até
mesmo por causas triviais. Na maioria dos casos, corresponde a mulheres com menos de 50
anos.

Frequentemente estão envolvidos em vários crimes: desrespeitam, desobedecem e


põem em perigo o que os rodeia. Eles são imaturos, atrofiados e carecem de autocontrole.

1.4.8 Desalmado

Eles representam os doentes mentais no seu melhor, sem empatia, vergonha ou culpa.
Caracteriza-se pelo baixo desenvolvimento da consciência. Eles tendem a ser mal-humorados,
distantes e antissociais.

Eles cometeram vários tipos de crimes e contravenções, muitos dos quais podem
incluir atos de crueldade. No entanto, muitos deles conseguem viver impunemente sem
infringir oficialmente a lei.

1.4.9 Abúlico

Eles são pessoas extremamente influentes e podem receber todos os tipos de


estímulos. São afáveis e compreensivos, mas inconstantes e maleáveis. Esse tipo de
personalidade está fortemente associado a roubo, peculato, fraude e prostituição. Esses

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indivíduos podem simplesmente cometer crimes devido à pressão dos colegas ou do ambiente.
Schneider os coloca no grupo mais jovem.

1.4.10 Astênico

Há fraqueza física e fraqueza mental. Ambos estão vigilantes sobre si mesmos, o


primeiro com o corpo, o segundo com a mente. Em ambos os casos, você tem uma sensação
de alienação. Devido à hiper vigilância, muitas vezes sofrem de doenças imaginárias. Eles
raramente se envolvem em crimes e costumam frequentar hospitais com frequência.

A classificação de tipos de psicopatas de Kurt Schneider é atualmente considerada


desatualizada. No entanto, alguns de seus métodos, que servem de base para
desenvolvimentos até os dias atuais, mas de uma forma modificada.

2 PSICOPATA CRIMINOSO

2.1 Teoria do crime

Nesse ponto será analisado brevemente a teoria do crime e sua relação com a
psicopatia, antes disso, é necessária uma compreensão ampla do conceito, trazendo uma breve
visão geral das tendências analíticas sobre os conceitos de crime bipartidário e tripartido.

Após esta análise, é possível entender a culpabilidade do agente, discutindo a


inimputabilidade e a imputabilidade e o atual posicionamento da legislação penal nos casos de
crimes cometidos por psicopatas.

Portanto, o conceito analítico do que é crime inclui, o conceito de crime formal e


material, formalmente, crime é tudo o que a própria lei prevê, desde que válido antes do fato
consumado, ou seja, atos simples e diretos.

Em essência, os crimes envolvem conceitos formais adicionado da proteção legal de


do bem jurídico, portanto, um crime ocorre se dano ou ameaça de dano for causado a um bem
jurídico legalmente protegido

O conceito analítico de crime surge assim como uma combinação de:

Conceitos anteriormente relacionados, com o objetivo de resolver a discussão e


esclarecer com mais clareza os conceitos mais corretos adotados pela legislação atual,
subdivididos em duas teorias, bipartida e tripartida.

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2.2 Teoria tripartida

A teria tripartida deriva da teoria clássica, ela diz que o crime é composto por fato típico, fato
ilícito e fato culpável. O dolo e a culpa sediam na culpabilidade, de modo que faltando algum
não há crime.

2.3 Teoria tripartida

A teoria tripartida vem da teoria finalista de Hans Welzel de 1930 na Alemanha, a


teoria diz que o crime é composto por fato típico e ilícito somente. Ou seja, foi retirada a
culpabilidade do conceito analítico de crime, sedo que o dolo e a culpa, que antes pertenciam
a culpabilidade foi arrastado para o fato típico, mas esteticamente a conduta.

Deste modo a culpabilidade perdeu seu principal sentido, servindo apenas como um
papel valorativo na aplicação da pena.

2.4 Teoria utilizado no Brasil

A teoria tripartida é defendida por Nelson Hungria, Juarez Tavares e Cezar Roberto
Bittencourt, já a teoria tripartida é defendida por Damásio de Jesus, Fernando Capez, Celso
Delmanto, Renê Ariel Dotti, Julio Fabbrini Mirabete, Flavio Augusto Monteiro de Barros,
José Frederico Marques, Renato Nalini Fabbrini, Maggiore, Cleber Masson, entre outros.

Mas a teoria que de fato é usada no brasil é a bipartida, pois vejamos, fazendo uma
análise de forma literal o diz o artigo 1° do nosso código penal, que é o principio da
legalidade, que diz, “Não há crime sem lei anterior que o defina.” E mais adiante no mesmo
código no artigo 23 do Código Penal,” não há crime quando o fato é cometido em estado de
necessidade, legítima defesa ou em cumprimento de dever legal. Para as pessoas que tem o
dever de enfrentar o perigo, como policiais e bombeiros, o estado de necessidade não isenta
de punição, mas pode reduzi-la, a depender do caso”, ou seja, a lei fala, “não há crime”, mais
adiante no artigo 26 do código penal que trata da excludente de culpabilidade, percebemos
que a lei não fala que há crime, ela diz que “É isento de pena o agente que, por doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento”.

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Dessa forma podemos perceber que os únicos dispositivos do no código penal que
trata não haver crime, é o artigo 1° do principio da legalidade, e o artigo 23 da excludente de
ilicitude, logo, através de uma analise literal a teoria que vigora no brasil é a bipartida.

2.5 Culpabilidade

Para que a culpabilidade seja estabelecida, é necessário que a pessoa tenha capacidade
de entender a gravidade da ação e de escolher entre fazer ou não fazer aquilo que se tem em
mente. Isso significa que, caso ela tenha algum problema mental que a impeça de
compreender as consequências de suas ações e escolhas, ela não poderá ser considerada
culpada.

No entanto, é importante ressaltar que existem casos em que a pessoa pode ser
considerada culpada, mesmo que tenha algum problema mental. Isso ocorre quando ela tinha
ciência de que sua conduta era ilegal, mesmo que não compreendesse completamente as
consequências de suas ações.

Assim, a culpabilidade é um conceito complexo que envolve diferentes aspectos,


como a intenção, o conhecimento da ilicitude da conduta e a possibilidade de compreender as
consequências dela. Cada caso deve ser avaliado individualmente para determinar se houve
culpabilidade e qual a responsabilidade penal da pessoa envolvida.

2.6 Culpabilidade do psicopata

Segundo o código penal brasileiro, a responsabilidade penal se fundamenta na


culpabilidade, que é a possibilidade de censurar o agente que agiu com dolo ou culpa, ou seja,
que teve consciência e vontade de praticar o ilícito. Além disso, o código penal brasileiro
prevê a possibilidade de exclusão ou diminuição da culpabilidade em casos de
inimputabilidade ou semi-imputabilidade, respectivamente.

A inimputabilidade é a incapacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de


determinar-se de acordo com esse entendimento. A semi-imputabilidade é a capacidade
reduzida de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. Ambas as situações devem ser decorrentes de doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

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O problema é que a psicopatia não é reconhecida como uma doença mental pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) nem pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-V). Portanto, o psicopata não se enquadra nos requisitos legais
para ser considerado inimputável ou semi-imputável. Por outro lado, alguns estudiosos
defendem que o psicopata tem uma anomalia psíquica que afeta sua capacidade de
compreender e seguir as normas sociais e jurídicas, o que justificaria uma atenuação ou
isenção da pena.

Diante desse impasse, cabe ao juiz analisar cada caso concreto, levando em conta as
circunstâncias do crime, a personalidade do agente, os laudos periciais e os princípios
constitucionais. O objetivo é garantir a aplicação da justiça e da segurança pública, sem violar
os direitos fundamentais do acusado nem os interesses da sociedade.

No Brasil, para haver uma condenação utiliza-se o princípio do livre convencimento


do juiz, previsto no art. 371 do CPC/2015, ”o juiz tem liberdade para apreciar e avaliar as
provas produzidas nos autos e, a partir daí, formar livremente seu convencimento, desde que
fundamentado nesses elementos.” Que deve dar relevância analise do fato e dos elementos
presentes nos autos, podendo ter ajuda dos Amigos Curie ou especialistas em outras aéreas
que possam ajudar na fomentação da melhor decisão do juízo.

3 Psicopata, Tratamento e as formas cabíveis frente ao ordenamento juridico.

Apesar da teoria funcionar muito bem, o fato é, a legislação existente, tem tido
dificuldade em encontrar soluções viáveis para lidar com psicopatas, uma vez que o problema
é real e que há uma necessidade urgente de uma política criminal voltada especificamente
para psicopatas e pessoas com outros transtornos de personalidade.

Nesse sentido, é importante lembrar o princípio Individualização das pena,


esclarecendo que cada pena é genérica e abstrata, devendo ser concretizada apenas quando o
juiz estiver prestes a proferir uma sentença relativa ao caso e, para sua plena eficácia, levar
em consideração o indivíduo e o crime realidade social e psicologia pertinente (cfr. artigo XLI
art. 5º da Constituição Federal).

Diante disso, é necessário descartar as penas privativas de liberdade aos psicopatas,


pois a comprovação cientifica que há consequências de mantê-los na prisão, o que aumenta o
nível de crueldade colocando em risco a vida e a saúde mental de outros criminosos.

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O Decreto nº 24.559 de 1934, que ainda hoje funciona, foi o primeiro texto normativo
a discutir a psicopatia. A norma discute psicopatas e o âmbito jurídico.

Foi aí que então a psicopatia ganhou a notoriedade devida, e o entendimento que o


assunto merece ser tratado de forma especial, e principalmente uma forma de buscar uma
harmonia entre a psiquiatria e juristas.

Esta norma trata claramente de natureza humana, elenca em seus dispositivos, um


conselho dedicado à proteção dos psicopatas para garantir sua assistência médica e
psicológica, juízes e uma defesa de alta qualidade adequada para tratar pessoas e casos de
acordo com o grau de sua de periculosidade.

Além de se preocupar com o bem-estar humano, garantindo um mínimo de dignidade,


esta norma trouxe medidas como limitar o número de pesos por quarto e fortalecer as
características que os manicômios devem ter para legalizar e posteriormente prestar
atendimento.

Ele também lista internação obrigatória em clínicas psiquiátricas, quando a pessoa


manifesta o transtorno de forma mais grave.

Logo após, foi promulgada a Lei nº 10.216 de 2001, "dispondo proteção e direitos das
pessoas com transtornos mentais e reorientação do paradigma assistencial em saúde mental”
(PLANALTO, 2001).

Neste, porém, a psicopatia não é mencionada, entende-se, portanto, que a lei é


estritamente voltada para indivíduos acometidos por doença mental. No entanto, a
contribuição para o doente mental está no sentido de que a lei trata de diferentes percepções
sobre a internação, que passa de regra a medida aplicável em casos excepcionais.

Embora os transtornos psicopáticos sejam cada vez mais conhecidos, os legisladores


atuais ainda precisam promulgar leis ou regras mais eficazes, já que ainda vigora uma lei que
possui mais de 70 anos.

O sistema penal nacional não aplica a pena de morte ou tão pouco de prisão perpetua,
como em muitos outros países. Nesse raciocínio, é compreensível que, em primeiro lugar, a
impossibilidade de mudança de regime tivesse alguns efeitos de longo prazo, mas as decisões

18
grosseiras nos levam a acreditar que o Brasil deve adotar um sistema mais eficiente. (Aguiar,
2008).

No entanto, a lei sabe que existem garantias básica, elencadas a Constituição Federal
as chamadas Cláusulas de Pedra descritas no art. 5º que não podem ser alteradas em virtude
do art. 60 § 4º inciso IV.

Mas uma vez que os psicopatas são considerados semi-imputáveis, eles ficam sujeitos
a medidas de segurança por tempo indeterminado e a tratamento médico psiquiátrico. A
principal medida a ser tomada diante dos psicopatas e as implicações enfrentadas no sistema
jurídico atual. O sistema jurídico executa as penas aos psicopatas de forma regrada, ou seja,
passa por um longo tratamento por meio das medidas de segurança. Para os crimes
envolvendo os psicopatas como autores, mesmo que tenha cessado as penas (seja medida de
segurança ou privativa de liberdade) deveria ser monitorado perpetuamente.

Depois de entender as medidas de segurança, o mais efetivo até agora, no caso da


psicose, por ser o único tratamento para a psicose, é preciso lembrar que a psicose é um
transtorno de personalidade que permanece incurável.
O prazo das medidas protetivas aplica-se ao perigo continuado, mas não além dos 40
anos permitidos pela lei penal, a lógica desse prazo é que algo que não tem cura deve ser
levado em consideração, mas não pode ser uma medida do permanente caráter de algo que
deve ser analisado.
Assim, indivíduos com psicose no momento do diagnóstico, apesar por representar
risco à sociedade enquanto estiver vivo, impossibilitado de cumprir pena ou de tomar medidas
que ultrapassem os limites admissíveis, ele precisa ser reintegrado ao meio social de acordo
com as garantias básicas previstas na Constituição Federal, especialmente o artigo5º, XLVII,
alínea B.

Com isso, psicopatas criminosos tendem a reincidir em crimes mais graves, colocando
a sociedade em constante risco, no sentido que afirma Palomba:

“Quanto a se discutir eventual liberação pela suspensão da medida de segurança, quase


há um consenso, com poucas discórdias em torno dele, no sentido de que tais formas extremas
de psicopatia que se manifestam através da violência são intratáveis e que seus portadores
devem ser confinados. Deve-se a propósito deste pensamento considerar que os portadores de

19
personalidade psicopática são aproximadamente de três a quatro vezes propensos a apresentar
recidivas de seu quadro do que os não psicopatas”. (2003, p.186).

Seguindo na esteira do caso de prisioneiros com transtorno de personalidade, questões


permanecem sobre qual seria a melhor maneira de lidar com esses efeitos. Para tanto, foi
elaborada em 2006 uma legislação de reforma psiquiátrica (Lei nº10.216/2001) onde o seu
artigo 5º diz o seguinte:

“O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de


grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte
social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida,
sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser
definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário”.

A referida lei dispõe quanto a necessidade de uma legislação especial para pacientes
que precisam realizar o tratamento de forma contínua e além do prazo permitido pela
Constituição. Esses projetos estão disponíveis na PL 4.500/2001 aguardando para a
apreciação do Plenário. Há também a PL 6.858/2010, que trata de maneira mais direta quanto
aos psicopatas.

Nesta linha de raciocínio, Ana Beatriz Barbosa Silva (2010), disserta sobre o tema da
seguinte forma:

“Senhoras e senhores, não trago boas novas. Com raras exceções as terapias biológicas
(medicamentos) e as psicoterapias em geral se mostram, até o presente momento, ineficazes
para a psicopatia. Para os profissionais de saúde, este é um fator intrigante e ao mesmo tempo
desanimador, uma vez que não dispomos de nenhum método eficaz que mude a forma de um
psicopata se relacionar com os outros e perceber o mundo ao seu redor. É lamentável dizer
que, por enquanto, tratar um deles costuma ser uma luta inglória”. (p.169).

Então, o fato de que a medicina não conserta problemas no tratamento de psicopatas,


mostrando-se ineficazes, as mesmas consequências também envolvem o setor jurídico,
gerando a necessidade de maior colaboração entre as disciplinas e em todos os campos
possíveis, para desenvolver algo que realmente funcione e proteja a sociedade dos efeitos da a
violação do doente mental, e garantir a dignidade pessoal do doente mental.

5 Caso concreto
20
A partir das análises e estudos realizados até o momento, já foi possível vislumbrar o
conceito histórico da psicopatia. O conceito mais aceito atualmente fora vislumbrado a partir
de uma visão jurídica sobre as implicações e formas de tratamento. Para uma compreensão
realística e factual, demonstrar os conhecimentos já demonstrados aplicados na prática.

5.1 Caso de Francisco Costa Rocha, o “Chico Picadinho”

O primeiro homicídio cometido por Francisco Costa Rocha, homem apelidado de


"Chico Picadinho", foi em 4 de agosto de 1966, assassinou a bailarina Margareth Suida,
bailarina austríaca, no apartamento que dividia com amigos. Ele desmembrou o corpo da
vítima. (Sacramento, 2012).

Em 21 de março de 1974, após oito anos de prisão pelos crimes acima mencionados,
Chico foi solto por recomendação da Junta Médica, que provou que poderia se reintegrar à
sociedade (Sacramento, 2012).

Logo após sua libertação, no dia 16 de outubro de 1976, sozinho com Ângela Sousa da
Silva no apartamento de um amigo de sua mãe, ele a matou e dividiu seu corpo em onze
partes, usando facas, lâminas de barbear e serras. e outros, 2016). Posteriormente condenado a
pena privativa de liberdade.

Em 2017, a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, em conflito


positivo de competência, permitiu que Francisco, então com setenta e cinco anos,
continuasse internados em unidade de terapia intensiva e no centro de tratamento Psiquiátrico
em Taubaté (LEIMIG, 2017). O conflito se deu quando um dos juízes do Tribunal de Família
e Sucessões da Comarca, que contrariou a decisão da juíza do tribunal de execução criminal,
que deu a Chico sua liberdade - sabendo que ele não deveria voltar ao seio da sociedade. Ele
entendeu que ele não deveria ser ressocializado, pois não se encontraria mais
cumprindo pena corporal e, sim, submetido a internação compulsória porque, nas
palavras do referido desembargador: “Francisco Costa Rocha não tem vontade valida a
externar, é absolutamente incapaz."(Diário de Justiça de São Paulo (DJSP), 26 de abril de
2017).
Ainda sujeita à decisão do juiz da Vara de Família, a decisão final por meio de laudo
psiquiátrico, informando que Francisco transtorno de personalidade psicopática anormal,
imoral e sádica, transtorno de personalidade dissocial e transtorno categórico misto, fazendo

21
concluir sua periculosidade, a qual colocaria em risco tanto os demais. quanto ele mesmo,
caso fosse posto imediatamente em liberdade (DJSP, 26
de abril de 2017).

5.2 Caso Suzane Von Richthofen


O caso Suzane von Richthofen envolve diversos aspectos que vão desde a motivação
do crime até as consequências legais para os envolvidos. O caso ganhou notoriedade nacional
e internacional pela brutalidade com que Suzane e seus cúmplices, os irmãos Daniel e Cristian
Cravinhos, assassinaram os pais dela, Manfred e Marísia von Richthofen, em outubro de
2002.

Segundo a acusação, o crime foi planejado por Suzane, que queria ficar com a herança
da família, estimada em cerca de R$ 11 milhões, e ter liberdade para viver com Daniel, que
era rejeitado pelos pais dela. A defesa de Suzane alegou que ela sofria abusos psicológicos dos
pais e que foi manipulada por Daniel, que tinha interesse no dinheiro dela. Os três foram
condenados por homicídio qualificado: Suzane a 39 anos e seis meses de prisão; Daniel a 39
anos e dois meses; e Cristian a 38 anos e seis meses.
Ao longo dos anos, os réus tentaram obter benefícios penais, como redução da pena,
progressão de regime e liberdade condicional. Para isso, eles precisaram cumprir requisitos
como tempo de cumprimento da pena, bom comportamento, trabalho e estudo na prisão. Além
disso, eles foram submetidos a testes criminológicos, que avaliaram o perfil psicológico e a
capacidade de reinserção social de cada um. Em 2023, Suzane foi a primeira a conseguir a
progressão ao regime aberto, após passar por um teste favorável. Daniel e Cristian ainda
cumprem pena no regime semiaberto.
Suzane von Richthofen é uma das criminosas mais conhecidas do Brasil, por ter
planejado e facilitado o assassinato de seus pais em 2002, junto com seu namorado Daniel
Cravinhos e o irmão dele, Cristian. O caso chocou a opinião pública pela brutalidade e frieza
dos envolvidos, que alegaram ter cometido o crime por não aceitarem a proibição do
relacionamento amoroso entre Suzane e Daniel. Muitos se perguntam se Suzane é uma
psicopata, ou seja, se ela possui um transtorno de personalidade caracterizado pela falta de
empatia, remorso, culpa ou arrependimento, além de manipulação, impulsividade e violação
das normas sociais.

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A resposta a essa questão não é simples, pois depende de uma análise jurídica e
psicológica do caso. Do ponto de vista jurídico, Suzane foi considerada imputável, ou seja,
capaz de entender o caráter ilícito de sua conduta e de se determinar de acordo com esse
entendimento. Ela foi condenada a 39 anos e seis meses de prisão por duplo homicídio
qualificado. A imputabilidade não exclui a possibilidade de existir uma psicopatia, mas indica
que ela não é suficiente para afetar a capacidade de discernimento do agente.
Do ponto de vista psicológico, Suzane foi submetida a diversos exames e laudos que
tentaram traçar seu perfil psíquico. Alguns especialistas afirmaram que ela apresentava traços
de psicopatia, como egocentrismo, narcisismo, insensibilidade afetiva e ausência de culpa.
Outros apontaram que ela sofria de transtorno afetivo bipolar, que causa alterações de humor
e impulsividade. Há ainda quem defenda que ela foi influenciada pelo namorado e pelo irmão
dele, que seriam os verdadeiros psicopatas
6 CONCLUSÃO
Podemos concluir então, a partir do presente instrumento e da interseção entre Direito
Penal, Psicopatologia, Psiquiatria e Psicologia, é possível concluir que o possuidor de
personalidade psicopática é capaz de compreender o caráter ilícito de seus atos. O destino do
psicopata será em regra uma das unidades do sistema prisional, mas que existem exceções que
devem ser analisado caso a caso.
E que também o assunto deveria ser abordado pelos legisladores, afim de criar leis
mais eficazes quanto a psicopatia, que idealmente deveria receber tratamento diferente dos
internos comuns e apropriado às suas peculiaridades.

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7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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psicopata-na-sociedadepsicopata-na-sociedade. Acesso em 24/11/2020

PALOMBA, G. A. Perícia na Psiquiatria Forense. São Paulo: Saraiva. 2016.


CASOY, Ilana. Serial Killer: Louco ou Cruel. 2.ed. São Paulo: Mandras, 2002. Cf.
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pode-atingir-entre-1-a-2-da-populacao-mundial/#:~:text=O%20Transtorno%20da
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https://amenteemaravilhosa.com.br/tipos-de-psicopatas-kurt-schneider/
https://jus.com.br/artigos/68505/culpabilidade-dos-psicopatas-prisao-ou-tratamento
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/analise-do-caso-suzane-von-richthofen-sob-a-
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ANDRADE, Haroldo da Costa. Das Medidas de Segurança. 1. ed. São Paulo: América
Jurídica, 2014

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.
BRASIL. Lei nº 10.2016, de 06 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos
das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental
BRASIL. Lei nº 10.2016, de 06 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos
das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental
BRASIL. PL 5613/2005. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei. Altera os dispositivos
da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, Lei de Execução Penal, para criar comissão técnica
independente da administração prisional e a execução da pena do condenado psicopata,
estabelecendo a realização do exame criminológico, condenado, pena privativa de liberdade,
nas hipóteses que especifica. Disponível em: http://www.câmara.gov.br/proposicoesWeb/fich
adetramitacao?idProposicao=293481>.

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, parte geral. 23ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2019.

MIRABETE, Júlio Fabbrini; FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal, volume


1: parte geral, arts. 1º a 120 do CP. 26. ed. rev. e atual. até 5 de janeiro de 2010. São Paulo:
Atlas, 2010.

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