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Breve histórico da psicologia jurídica no Brasil

Um breve Histórico da Psicologia Jurídica no Brasil e seus campos de atuação. Referência: Rovinsk, Lago, Teixeira, Bandeira,
Amato. Estudos de Psicologia -Campinas, 2009.

Prof. Ma. Melissa Pereira David Sousa.



O que é psicologia Jurídica: É uma ciência social, complementar
às demandas do judiciário, trata-se do estudo do pensamento e do
comportamento em ambientes regulados juridicamente.

Envolve diversos aspectos como: a prevenção, a compreensão da
motivação, a resolução de conflitos, o estudo do caso, o
assessoramento aos operadores do direito e aos litigantes, a
indicação da melhor forma de readequação e tratamento destes
indivíduos no contexto social nas diversas etapas do processo
judicial.
Psicologia: Ciência X Profissão.

A história da atuação de psicólogos brasileiros na área da Psicologia Jurídica
tem seu início no reconhecimento da profissão, na década de 1960. Tal
inserção deu-se de forma gradual e lenta, muitas vezes de maneira informal,
por meio de trabalhos voluntários.

Os primeiros trabalhos ocorreram na área criminal, enfocando estudos acerca
de adultos criminosos e adolescentes infratores da lei (Rovinski, 2002). O
trabalho do psicólogo junto ao sistema penitenciário existe, ainda que não
oficialmente, em alguns estados brasileiros há pelo menos 40 anos. Contudo,
foi a partir da promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal nº
7.210/84), que o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pela
instituição penitenciária (Fernandes, 1998).

A história revela que essa preocupação com a avaliação do
criminoso, principalmente quando se trata de um doente mental
delinquente, é bem anterior à década de 1960 do século XX.
Durante a Antiguidade e a Idade Média a loucura era um fenômeno
bastante privado. Ao "louco" era permitido circular com certa
liberdade, e os atendimentos médicos restringiam-se a uns poucos
abastados. A partir de meados do século XVII, a loucura passou a
ser caracterizada por uma necessidade de exclusão dos doentes
mentais.

Criaram-se estabelecimentos para internação em toda a Europa,
nos quais eram encerrados indivíduos que ameaçassem a ordem da
razão e da moral da sociedade (Rovinski, 1998). A partir do século
XVIII, na França, Pinel realizou a revolução institucional,
liberando os doentes de suas cadeias e dando assistência médica a
esses seres segregados da vida em sociedade (Pavon, 1997). Após
esse período, os psicólogos clínicos começaram a colaborar com os
psiquiatras nos exames psicológicos legais e em sistemas de justiça
juvenil (Jesus, 2001).

Cattell,(1944), estudioso da psicologia do
testemunho, focou seus estudos em dados
quantitativos, favorecendo o reconhecimento da
Psicologia como ciência legítima. Para o autor seria
necessário um estudo da personalidade e relações
afetivas da testemunha para saber se ela era
imparcial, confiável.

Em 1950, com Mira Y Lopes as discussões
sobre psicologia jurídica se tornaram mais
amplas, (criminal e Testemunha), partindo
para estudos de capacidade intelectual, QI.

Despine, considerado o fundador da psicologia
Criminal, (1968) afirmava que o “delinquente”
possui uma deficiência (patologia/doença) ou
carece de interesse por si mesmo (auto
estima/auto imagem), de simpatia para com seus
semelhantes (relacionamento interpessoal e
social), de consciência moral e de sentimentos de
dever (pertença).

O direito é uma ciência social , assim como a
psicologia, redefinidora, pois um conceito
antes utilizado, poderá e será muitas vezes
superado.


Sofrendo influência da cultura, do
pensamento, do comportamento e da
educação de um povo.

A proposta é que tanto os psicólogos como os
operadores do direito tenham capacidade de
compreender os fatores que contribuíram para
determinado individuo agir contra a disposição
legal.
(processo: corno X caipira matador)

Investir na análise da conduta humana aperfeiçoa os
estudantes, não permitindo que a objetividade própria
da norma, retire a capacidade de compreensão de que
fatores íntimos dos sujeitos tem influência decisiva no
desenvolvimento dos litígios. ( processo: ex mulher quer o cachorro)

É importante também, que os estudantes se afastem
do senso comum, aprofundem na sua área de atuação
e não ignore as outras ciências.


É igualmente importante, que se certifiquem que o
estudo dos atores jurídicos, do autor, da vítima e/ou da
testemunha, não é um dado qualquer, não é baseado
em interesses ou impressões pessoais do
psicólogo/perito, mais é fruto de um estudo sério,
baseado em ciência empírica. (ser imparcial, mas utilizar
todas as estratégias e ferramentas)

A perícia psicológica é considerada um meio de prova no âmbito
Jurídico e sua materialização se dá através da elaboração do
chamado laudo pericial. (documentos produzidos pelo psicólogo,
resolução 006/2019)


Os instrumentos utilizados nas perícias psicológicas são praticamente
os mesmos utilizados nas avaliações clínicas, pois no Brasil faltam
instrumentos criados especificamente para avaliar aspectos
subjetivos que relacionem-se com as questões legais.
Pericia / avaliação psicológica:

Pericia: avaliação psicológica com intuito de produzir provas. ( A lei 4.112 de 27 de agosto
de 1962, que dispõe sobre a profissão de psicólogo, afirma que no exercício profissional, entre outras
atribuições, cabe ao psicólogo: "Realizar perícias e emitir pareceres sobre a matéria de psicologia“)

Avaliação Psicológica: a Avaliação Psicológica é um conjunto de procedimentos
para a coleta de informações necessárias e suficientes para responder às questões
relacionadas ao problema que se pretende investigar (Guzzo, 2001)

Psicodiagnóstico: O psicodiagnóstico pode ser compreendido como uma forma
específica de avaliação psicológica, conduzida com propósitos clínicos e visando
identificar forças e fraquezas no funcionamento psíquico, tendo como expectativa a
descrição e compreensão, o mais profunda e completamente possível da
personalidade do paciente ou do grupo familiar (Cunha, 2002; OCampo, 2003).
Avaliação Psicológica / Pericia

A avaliação psicológica pericial ou perícia psicológica forense difere de
outros tipos de avaliação psicológica em função do seu objetivo final:
subsidiar decisões legais, quando estas dependem de um entendimento
acerca do funcionamento psicológico do(s) envolvidos(s).

Deste modo, a perícia psicológica pode se fazer presente em questões
relacionadas a todas as áreas do direito.
Quais áreas os profissionais de psicologia
podem auxiliar os operadores do direito?

Direito civil:

família: Separação, mediação, conciliação, Guarda, interdição (AP, Munchchausen, feminicídio,
Lei Maria da Penha)

Infância e juventude: Tipos de Violência, Medidas socioeducativas, cultura e crime.


Direito trabalho: (Perícia, Nexo causal, dano moral e sexual, assédio, síndrome do pequeno
poder, Burnout)


Direito penal: (Artigo 26 - imputabilidade, semi imputabilidade, inimputabilidade penal,
criminologia, escala Hare, entrevistas anamnese, Cessação de periculosidade.)

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