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PROF.

REGINA OLIVEIRA – PSICÓLOGA


PSICOLOGIA JURÍDICA
3º PERÍODO DIREITO
Area da psicologia relacionada a aplicação dos
saberes e das práticas psicológicas no âmbito da
Justiça.

Assim, esta é a principal interface entre a


Psicologia e o Direito. O termo psicologia forense
também pode ser utilizado para se referir a
pratica da psicologia no sistema jurídico, porem
é menos utilizado no Brasil.
▪ Pinheiro 2019, traz uma nova conceituação da
psicologia Jurídica

Conceito chave:
psicologia jurídica pode ser definida como o estudo do
comportamento juridicamente relevante de pessoas e
grupos em um ambiente regulado pelo direito (vide slide 9).
▪Porém, a autora acredita que essas
definições mesmo que pareçam
abrangentes, são incompletas, se
pensarmos a psicologia jurídica sob três
dimensões:
• A psicologia do direito

• A psicologia no direito

• A psicologia para o direito


▪ Objetiva explicar a essência do fenômeno jurídico, a
fundamentação psicológica do direito, uma vez que
está repleto de conteúdos psicológicos.
▪ O direito nasceu da/por conta da necessidade de
sobrevivência e da organização dos homens em
sociedade.
▪ Freud em o Mal estar na civilização (1930), afirma: Que
para viver em sociedade o homem necessita limitar os
seus desejos (instintos) infinitos. Daí a necessidade do
surgimento do Estado e do Direito.
O que os
homens
fazem em
função dos
seus
desejos?
▪Estuda a estrutura das normas jurídicas
como estímulos vetores das condutas
humanas. A psicologia já estava presente
antes do surgimento da norma.
(Adaptação da lei para os tempos em que
se vive determinada época, conforme os
avanços).
▪ Papel da psicologia como ciência auxiliar ao direito, ao
lado da medicina legal, da antropologia, sociologia, da
economia (trindade 2007).
▪ Ex: é o psicólogo perito, que fornece parecer psicológico
sobre o estado mental de uma pessoa, que tenha
cometido algum ilícito penal. Também elabora parecer
acerca do estado mental do sujeito passivo na ação
penal, como no caso de abuso sexual de crianças e
adolescentes e nas questões que envolvem a guarda
deles.
▪ Sobre a nomenclatura internacional de psicologia forense,
não adequada para nós, por restringir a amplitude do
trabalho desenvolvido pelo psicólogo ao direito.
▪A palavra “Forense” latin: forensis, limita a
psicologia ao contexto do fórum. Forense é tudo
aquilo que é relativo ao fórum, cortes ou tribunais.
▪ Entretanto, a psicologia em conexão com o direito diz
respeito ao ramo da psicologia que “vai além das portas do
fórum.
▪ A história da psicologia jurídica está ligada a
medicina, mas precisamente a psiquiatria.
▪ A psiquiatria nasceu em 1973, com o médico
Philippe Pinel, e inspirou, principalmente, a
psicologia clinica e a psicopatologia, pelo fato de
lidarem com o mesmo objeto: as doenças mentais.
Há um século de diferença do nascimento da
psiquiatria e a psicologia.
▪ Na abordagem psiquiátrica dos transtornos
mentais aparece Francis Galton, que
defendeu a conceituação frenológica, na qual
afirmava que o caráter e as funções
intelectuais estavam relacionados ao
tamanho de crânio.

▪ Frenologia é a doutrina segundo a qual cada


faculdade mental se localiza em uma parte do
córtex cerebral, sendo que o tamanho de
cada parte é diretamente proporcional ao
desenvolvimento da faculdade
correspondente.
▪ Na antropologia criminal, do médico italiano Cesare Lombroso,
defendia que a criminalidade era um fenômeno hereditário: seria
possível identificar um individuo criminoso pelas suas
características físicas.
▪ Lombroso refinou, classificou e sintetizou a teoria de Galton.
(acreditava que o tamanho do crânio era proporcional a
inteligência).
▪ Sua principal contribuição para à Criminologia foi a sua teoria sobre o “homem
delinquente”. Em síntese, a teoria contou com a análise de mais de 25 mil reclusos de
prisões europeias. Além disso, seis mil delinquentes vivos e resultados de pelo menos
quatrocentas autópsias (PABLOS DE MOLINA , 2013, p. 188).
▪ A partir do estudo realizado, Lombroso constatou que entre esses homens e cadáveres
existiam características em comum, físicas e psicológicas, que o fizeram crer que eram os
estigmas da criminalidade.
▪ Nesse sentido, para ele, o crime era um fenômeno biológico. E não um ente jurídico, como
afirmavam os clássicos. Sendo assim, o criminoso era um ser atávico, um selvagem que já
nasce delinquente.
▪ Utilizando-se do método empírico-indutivo ou indutivo-experimental, o positivismo
criminal de Lombroso buscava através da análise dos fatos, explicar o crime sob um viés
científico. Em suma, concebia o criminoso como um indivíduo distinto dos demais, um
subtipo humano.

Cesare Lombroso e a teoria do criminoso nato | Jusbrasil


▪ Já o psiquiatra francês Esquirol, na tentativa de
compreender a causa determinante dos comportamentos
chamados anormais, tais como a loucura, a perversidade,
a maldade entre outros.
▪ Criou a concepção médico-moral, de acordo com essa
concepção a loucura individual estaria ligada a uma
degeneração racial. A causa de determinados
comportamentos se originava em uma desgenerancia que
gerava distúrbios morais.
▪ O que essas concepções queriam demonstrar era, em
síntese, que o comportamento criminosos nada mais
seria do que uma expressão do comportamento do
doente mental.
▪ Assim sendo, a interface entre psiquiatria e direito surgiu da
necessidade, de compreender o indivíduo quanto a sua
autonomia, sua capacidade de entendimento, e de se
autodeterminar, ou seja, de se responsabilizar por seus próprios
atos. A autodeterminação, refere-se a capacidade do controle de
impulsos e desejos.
▪ Psiquiatria e psicologia se entrelaçam pelo mesmo objeto de estudo:
as doenças mentais e na psicologia, estuda também o
funcionamento mental dito saudável.
▪ No séc. XIX, a psiquiatria tinha, dentre outras funções,
a de abordar as questões sociais e sobre elas exercer
controle, tendo em vista, o estabelecimento da ordem
nos espaços urbanos.
▪ A psiquiatria identificava e controlava os elementos
desordeiros: combate ao alcoolismo, á prostituição e ao
crime.
▪ A partir daí insere-se a psicologia jurídica, como
instrumento de individualização ou aferição da
subjetividade na prática do ato criminoso e de sua
interpretação.
▪ Enquanto subjetividade entende-se: “(...) ao mundo de ideias,
significados e emoções construído internamente pelo sujeito a
partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua
constituição biológica e, também, fonte de sua manifestações
afetivas e comportamentais (Bock et al, 2018).
▪ A psicologia jurídica que surgiu atrelada a psiquiatria, estendeu sua
teoria e sua prática para além do seu foco de origem que era a
loucura, com o estudos das condutas ditas anormais alcançou o
estudo das condutas ditas normais.
▪E é no estudo das condutas normais que se
desenvolve a psicologia ligada ao direito e atua no
direito civil, direito do trabalho, administrativo, direito
da criança e adolescente.
▪ Atualmente novas abordagens em psicologia tem
ganhado espaço, como a psicologia do testemunho: na
qual se investiga a fidedignidade do relato do sujeito no
processo em audiência forense.
Surge através da prática Forense

Em 1814 foi publicada a primeira matéria sobre


medicina legal

Em 1835, durante o império, foi promulgada a Lei de 4 de Julho, segundo o qual os


menores de 14 anos e os alienados (doentes mentais graves), tornavam-se
inimputáveis, ou seja, não eram responsáveis por seus atos.

Em 1884, duas obras inauguraram a prática forense no Brasil:


- As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil (Nina Rodrigues)
- Menores e Loucos (Tobias Barreto)
▪ No século XX, foram criados os manicômios
judiciários, para o tratamento dos “doentes mentais
criminosos” (tratamento médico-psiquiátrico).
▪ Somente em 1945, surgiu a primeira obra relacionando
psicologia e justiça.
▪ Foi o texto de Altavilla, intitulado “o processo
psicológico e a verdade jurídica: o perfil psicológico
dos personagens envolvidos no embate judicial”.
• Napoleão Teixeira inseriu a psicanálise na prática forense ao
apontar os possíveis fatores inconscientes que levam o
1945 individuo a praticar um “ato infracional”.

• O manual de psicologia de Myra e Lopes, foi lançado em meados do


século
século XX, servindo de fonte de estudo da psicologia até os dias de
hoje.
XX

• Até 1960 quando a psicologia foi regulamentada como profissão, a


contribuição do psicólogo á prática forense se restringia a pericia
com os testes de QI, averiguação da idade mental e o exame da
1960 personalidade.

Sua atuação envolvia processos ao então chamado juizado de menores,


como a adoção, o abandono e as ilegalidades cometidas contra as
1960 a 1980 crianças e adolescentes.
▪ 1. psicologia judicial ▪ 10. psicologia da vitima ou
vitimologia.
▪ 2. psicologia penitenciária
▪ 3. psicologia criminal
▪ 4. psicologia cível geral e da família
▪ 5. psicologia laboral e administrativa
▪ 6. psicologia do testemunho
▪ 7. psicologia da criança e do
adolescente infrator
▪ 8. psicologia policial
▪ A psicologia vive obcecada pela compreensão da chaves do
comportamento humano.

▪ O direito é o conjunto de regras que busca regular esse


comportamento, prescrevendo condutas e formas de
soluções de conflitos, de acordo com as quais deve se
plasmar o contrato social que sustenta a vida em
sociedade.
▪ O crime passa a ser um problema criminoso, do
juiz, advogado, do psicólogo e sociólogo.
▪ Dentro deste contexto a psicologia surge como
uma das ciências que auxiliam a justiça. Trazendo
aos autos uma realidade psicológica dos agentes
envolvidos.
▪ No inicio os psicólogos apenas formulavam laudos
baseados em diagnósticos, exames e testes
psicológicos.
▪ Novos estudos revelaram a necessidade de buscar
novas formas de intervenção.
▪ Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim
de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das
pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício
profissional.
▪ Art. 10 – Nas situações em que se configure conflito entre as
exigências decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirmações dos
princípios fundamentais deste Código, excetuando-se os casos
previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo,
baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.
▪ Parágrafo único – Em caso de quebra do sigilo previsto no caput
deste artigo, o psicólogo deverá restringir-se a prestar as
informações estritamente necessárias.
▪ Art. 11 – Quando requisitado a depor em juízo, o
psicólogo poderá prestar informações, considerando o
previsto neste Código.
▪ Art. 12 – Nos documentos que embasam as atividades
em equipe multiprofissional, o psicólogo registrará
apenas as informações necessárias para o
cumprimento dos objetivos do trabalho.
▪ Art. 13 – No atendimento à criança, ao adolescente ou
ao interdito, deve ser comunicado aos responsáveis o
estritamente essencial para se promoverem medidas
em seu benefício.
▪ Art. 21 – As transgressões dos preceitos deste Código
constituem infração disciplinar com a aplicação das
seguintes penalidades, na forma dos dispositivos legais ou
regimentais:
▪ a) Advertência;
▪ b) Multa;
▪ c) Censura pública;
▪ d) Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trinta)
dias, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia;
▪ e) Cassação do exercício profissional, *ad referendum do
Conselho Federal de Psicologia.

▪ * JURÍDICO (TERMO) sujeito à aceitação posterior por parte de um colegiado (diz-se de ato tomado isoladamente).
▪ Art. 22 – As dúvidas na observância deste Código e os
casos omissos serão resolvidos pelos Conselhos
Regionais de Psicologia, ad referendum do Conselho
Federal de Psicologia.
▪ Art. 23 – Competirá ao Conselho Federal de Psicologia
firmar jurisprudência quanto aos casos omissos e fazê-
la incorporar a este Código.
▪ Art. 24 – O presente Código poderá ser alterado pelo
Conselho Federal de Psicologia, por iniciativa própria
ou da categoria, ouvidos os Conselhos Regionais de
Psicologia.
▪ Art. 25 – Este Código entra em vigor em 27 de agosto
de 2005.
▪ A Resolução nº 13/2007 - Revoga as Resoluções CFP nº 14/2000,
02/2001, 03/2002, 05/2003, 02/2004, 033/2005, 04/2005,
08/2005, 13/2005, 14/2005. Institui a Consolidação das
Resoluções relativas ao Título Profissional de Especialista em
Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos para seu registro.
▪ 1. A formação do psicólogo o habilita a atuar em qualquer uma das
áreas da psicologia, descritas na Resolução CFP 13/2007, sendo
elas: Psicologia Escolar/Educacional; Psicologia Organizacional e
do Trabalho; Psicologia de Trânsito; Psicologia Jurídica;
Psicologia do Esporte; Psicologia Clínica; Psicologia Hospitalar;
Psicopedagogia; Psicomotricidade; Psicologia Social;
Neuropsicologia.
▪ Sendo assim, segue abaixo a descrição da área de
atuação da psicologia jurídica, conforme o anexo II da
Resolução CFP 03/2007:
▪ Psicólogo especialista em Psicologia Jurídica
▪ Atua no âmbito da Justiça, colaborando no
planejamento e execução de políticas de cidadania,
direitos humanos e prevenção da violência, centrando
sua atuação na orientação do dado psicológico
repassado não só para os juristas como também aos
indivíduos que carecem de tal intervenção, para
possibilitar a avaliação das características de
personalidade e fornecer subsídios ao processo judicial,
além de contribuir para a formulação, revisão e
interpretação das leis:
▪ Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças,
adolescentes e adultos em conexão com processos jurídicos,
seja por deficiência mental e insanidade, testamentos
contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de
crianças, aplicando métodos e técnicas psicológicas e/ou de
psicometria, para determinar a responsabilidade legal por atos
criminosos;
▪ Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, Justiça
do Trabalho, da família, da criança e do adolescente,
elaborando laudos, pareceres e perícias, para serem anexados
aos processos, a fim de realizar atendimento e orientação a
crianças, adolescentes, detentos e seus familiares;
▪ Orienta a administração e os colegiados do sistema
penitenciário sob o ponto de vista psicológico, usando
métodos e técnicas adequados, para estabelecer
tarefas educativas e profissionais que os internos
possam exercer nos estabelecimentos penais;
▪ Realiza atendimento psicológico a indivíduos que
buscam a Vara de Família, fazendo diagnósticos e
usando terapêuticas próprias, para organizar e resolver
questões levantadas;
▪ Participa de audiência, prestando informações, para
esclarecer aspectos técnicos em psicologia a leigos ou
leitores do trabalho pericial psicológico;
▪ Atua em pesquisas e programas sócioeducativos e de
prevenção à violência, construindo ou adaptando
instrumentos de investigação psicológica, para atender às
necessidades de crianças e adolescentes em situação de
risco, abandonados ou infratores;
▪ Elabora petições sempre que solicitar alguma providência ou
haja necessidade de comunicar se com o juiz durante a
execução de perícias, para serem juntadas aos processos;
▪ Realiza avaliação das características da personalidade, através
de triagem psicológica, avaliação de periculosidade e outros
exames psicológicos no sistema penitenciário, para os casos de
pedidos de benefícios, tais como transferência para
estabelecimento semiaberto, livramento condicional e/ou outros
semelhantes.
▪ Assessora a administração penal na formulação de
políticas penais e no treinamento de pessoal para
aplica-las. Realiza pesquisa visando à construção e
ampliação do conhecimento psicológico aplicado ao campo
do direito.
▪ Realiza orientação psicológica a casais antes da entrada
nupcial da petição, assim como das audiências de
conciliação.
▪ Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações
que chegam às instituições de direito, visando à
preservação de sua saúde mental.
▪ Auxilia juizados na avaliação e assistência psicológica
de menores e seus familiares, bem como assessorá-los no
encaminhamento a terapia psicológicas quando necessário.
▪ Presta atendimento e orientação a detentos e seus
familiares visando à preservação da saúde.
▪ Acompanha detentos em liberdade condicional, na
internação em hospital penitenciário, bem como
atuar no apoio psicológico à sua família.
Desenvolve estudos e pesquisas na área criminal,
constituindo ou adaptando os instrumentos de
investigação psicológica.

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