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JURÍDICA
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Sumário
PERÍCIA E AVALIAÇÃO............................................................................3
LEGISLAÇÃO..........................................................................................13
TÉCNICAS..............................................................................................18
COMPETÊNCIA......................................................................................22
PSICOLOGIA FORENSE........................................................................26
REFERÊNCIAS.......................................................................................38
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NOSSA HISTÓRIA
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PERÍCIA E AVALIAÇÃO
“A psicologia tem um longo passado, mas uma curta história”. Esta frase
dita por um experimentalista alemão chamado Hermann Ebbinghaus, resume
bem a história da psicologia.
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Se a psicologia como ciência é recente, o mesmo se aplica à psicologia
forense. É importante mencionar que Psicologia e Direito, mesmo constituindo-
se em disciplinas distintas, possuem, como ponto de intersecção: o interesse
pelo comportamento humano. Contudo, embora possuam o mesmo objeto
material, diferem quanto ao seu objeto formal: Enquanto o Direito se dedica ao
estudo do dever ser, a Psicologia se preocupa com o estudo do ser (ROVINSKI,
2013).
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aponta a relação entre a Psicologia e o Direito no Brasil. Nesse momento
histórico, as áreas de atuação dos psicólogos forenses eram direcionadas
apenas ao estudo de questões criminais.
Diagnóstico psicológico;
Orientação psicopedagógica;
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Como dito anteriormente, a Psicologia Forense vem sendo entendida
como “aquela que utiliza as áreas de saber da psicologia para fazer frente aos
questionamentos formulados pela justiça, cooperando, a todo momento, com a
administração da mesma, atuando no Foro (Tribunal), qualificando o exercício
do Direito, sendo seus limites estabelecidos pelos requerimentos da lei e pelo
vasto campo de conhecimento da psicologia”. (Rovinski, 2013, p.17).
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Com isso, o psicólogo forense busca compreender o humano a partir dos
princípios da:
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Execução Penal (Lei Federal nº 7.210/1984), que, entre outras orientações,
passaram a prever os exames de personalidade, criminológico e o parecer
técnico das Comissões Técnicas de Classificação.
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CARACTERÍSTICAS DO CONTEXTO DA AVALIAÇÃO
FORENSE:
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é exercido na clínica com fins terapêuticos, podendo, deste modo, trazer
contribuições efetivas ao campo do Direito.
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melhor entendimento sobre a dinâmica da avaliação psicológica pericial, suas
contribuições, limites e importância para subsidiar os operadores do Direito no
seu processo de tomada de decisão.
O nosso Código de Processo Civil (CPC), na sua Seção VII, “Da Prova
Pericial”, pode nos ajudar na reflexão sobre perícia ao informar, no seu artigo
420, que a prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.
No seu parágrafo único deixa evidente que o juiz indeferirá a perícia quando:
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Destacamos que “peritagem” e “expertise” são sinônimos de perícia.
Perícia é um exame de situações ou fatos relacionados a coisas e pessoas. A
perícia é praticada por um especialista na matéria que lhe é submetida. O
trabalho de peritagem tem como objetivo elucidar determinados aspectos
técnicos que, em geral, são especificados por meio de quesitos.
LEGISLAÇÃO
Quanto à Polícia Civil, menciona a Lei Maior o seguinte: “às polícias civis,
dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
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competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
penais, exceto as militares”.
Nessa esteira, ainda, refere o artigo 4°, caput, do Código Penal que “a
polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da
sua autoria”.
Veja-se que quando a Lei Maior faz essa afirmativa, de forma clara, ela
está dizendo que a atividade investigativa, no âmbito criminal, será realizada
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pelas instituições que carregam em seu bojo as atividades de polícia judiciária,
i.e., a Polícia Federal e as Polícias Civis, nas suas respectivas áreas de atuação.
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Parte da doutrina entende que a Constituição Federal estabelece uma
distinção entre as funções de polícia judiciária e as funções de polícia
investigativa. Entretanto, sedimentou-se na doutrina e na jurisprudência a
utilização da expressão polícia judiciária para se referir ao exercício de atividades
relacionadas à apuração das infrações penais.
Nos termos do art. 124 da CF, infere-se que as infrações penais militares
serão julgadas pela Justiça Militar. E, nos termos dos artigos 7°, 8° e 9° do
Código de Processo Penal Militar, extrai-se que a apuração das infrações penais
militares será feita por autoridades militares que atuarão fazendo as vezes de
polícia judiciária. Trata-se, portanto, de verdadeira investigação criminal. Assim,
classificamos como investigação criminal derivada própria ou propriamente dita.
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Ressalte-se, inclusive, que as conclusões dos inquéritos parlamentares,
nem sempre dispensam investigações pela polícia judiciária, como a realidade
tem nos mostrado, diante dos diversos interesses que se encontram por trás
desse expediente investigatório. Assim, por não se constituir em uma
investigação criminal propriamente dita, classificamos como investigação
criminal derivada imprópria.
TÉCNICAS
Como tal, por não ser processo, não se faz presente o princípio da
publicidade, que é próprio dos processos, assim como outros princípios balizares
como o da ampla defesa e do contraditório, que são garantias norteadoras de
um Estado Democrático de Direito.
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O inquérito é procedimento preparatório formador da opinião do titular
da ação penal. Pode ele aceitar ou não as conclusões trazidas por ele. É o
inquérito um procedimento facultativo e dispensável para o exercício da ação
penal.
Aliás, o Estatuto da Advocacia, Lei 8.906/94, em seu artigo 7º, inciso XV,
estatui que é direito do advogado examinar em qualquer repartição policial,
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito policial, findos ou em
andamento, ainda que conclusos a autoridade, podendo copiar peças e tomar
apontamentos. Ali não se faz qualquer distinção entre inquéritos sigilosos e não
sigilosos.
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O artigo 6º do Código de Processo Penal prescreve(functor deóntico) à
autoridade policial, logo que tiver conhecimento da infração penal, que tome as
seguintes providências:
d) ouvir o ofendido;
e) ouvir o indiciado;
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35.639 – SP, Relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, 21 de outubro de 2004,
quando se disse que a determinação de indiciamento formal, quando já em curso
ação penal pelo recebimento da denúncia, é tida por desnecessária e causadora
de constrangimento ilegal.
a) carteira de identidade;
b) carteira de trabalho;
c) carteira profissional;
d) passaporte;
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ou ainda, dentre outras hipóteses, for insuficiente para identificar, de forma cabal,
o indiciado.
COMPETÊNCIA
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porquanto a vontade do legislador constituinte foi expressa no sentido de que a
essa instituição incumbe a apuração de infrações penais comuns.
Não se desconhece que o artigo 4º, parágrafo único do CPP dispõe que
a competência de apuração de infrações penais “não excluirá a de autoridades
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função”. Uma leitura rasa
e isolada do dispositivo da Lei de 1941 levaria a acreditar na existência de
diversas leis que autorizam outros órgãos a realizarem investigação criminal.
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(mal que também atinge a acusação e o julgamento), o problema decorre da falta
de investimentos do Estado, e não do modelo em si, que nunca foi implementado
em sua plenitude.
De outro lado, a apuração de ilícitos não penais pode ser feita por
diversos órgãos públicos. Evidentemente, a investigação não criminal é bem
diferente da investigação criminal. Não cabe, por exemplo, a adoção de medidas
cautelares como a prisão e a liberdade provisória, técnicas investigativas como
a interceptação telefônica, e decisões como o indiciamento. Claro que ambas
consistem em atividade de coleta de informações a fim de demonstrar um fato;
mas os mecanismos e requisitos legais para essas tarefas são distintos e
inconfundíveis.
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PSICOLOGIA FORENSE
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Psicologia forense também é bastante útil na elaboração de pareceres acerca
da exploração sexual e de maus-tratos.
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definitivamente não terão uma visão idêntica do mesmo objeto. Isso mostra,
entre outras coisas, que as relações entre predisposições afetivas e as
categorias perceptivas são íntimas: em situações extremas, tal processo pode
originar pseudopercepções:
Não apenas é certo que vemos as coisas como gostaríamos que fossem, mas que
também, em determinadas circunstâncias, as vemos como gostaríamos que não fossem, [...] e
isso constitui o que é a denominada alucinação. (LÓPEZ, 1945, p. 183, tradução nossa)
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ter “idas e vindas”, a narração pode ser desuniforme e multilinear. Em síntese,
os dados coligidos pelos interrogatórios direcionados costumam ser mais
concretos, mas, ao mesmo tempo, menos ricos. As narrações livres, por seu
turno, são mais extensas, tem mais meandros, por isso mesmo podem ser mais
confusas.
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alguém esteve realmente ou não no local de um crime, ao contrário de perguntar-
lhe diretamente, pode-se perguntar sobre algum aspecto secundário do lugar e,
de acordo com a resposta, é lícito deduzir se ela esteve lá ou não.
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Pesquisas também têm demonstrado que o sexo do entrevistado
influencia nas declarações, visto que o tipo de socialização diferenciada pela
qual passam homens e mulheres desde a infância faz com que os primeiros
sejam mais diretos, todavia menos ricos em pormenores, enquanto que as
mulheres são mais complexas com suas narrações, contudo, mais confusas e
sinuosas. Como saber com exatidão quando a testemunha está dizendo a
verdade ou não? Essa questão vem sendo uma das demandas mais freqüentes
do Direito em relação à Psicologia.
Nesse sentido, a seguir são descritas algumas das técnicas mais comuns
que permitem identificar elementos comportamentais e verbais acerca do grau
de veracidade de um depoimento. (VITACCO; ROGERS, 2001).
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c) Análise do Conteúdo: esse método diz respeito à análise de entrevistas
transcritas. Fundamenta-se em dezenove indicadores de realidade
estabelecidos por Steller e Kohenken (apud VITACCO; ROGERS, 2001) –
estrutura lógica, elaboração desestruturada ou não, quantidade de detalhes,
articulação contextual, descrição das interações, reprodução de diálogos,
contradições, apresentação de elementos não usuais, apresentação de
elementos supérfluos, detalhes incompreensíveis, associação do fato com
eventos externos, descrição de estados mentais subjetivos, descrição do estado
mental do autor do delito, autocorreções espontâneas, aceitação da ausência de
memória sobre certos episódios, dúvidas sobre o próprio testemunho,
autodesaprovação, comiseração ao autor do crime, detalhes sobre a ofensa. Tal
conjunto de quesitos surgiu na Alemanha, nos anos 1950, e tinha como objetivo
estrito a verificação da fidedignidade dos relatos de crianças abusadas
sexualmente. A crítica que sofre essa técnica é que muitos critérios não seriam
quantificáveis (como medir, por exemplo, o índice de afeto do acusado?), ficando
dependentes da subjetividade do profissional forense.
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sustenta que as avaliações e gostos subjetivos são, em grande medida,
influenciados pela cultura, não existindo, em nenhum campo da ação humana,
neutralidade absoluta.
Ele defende que o corpo de jurados, enquanto grupo (ainda que provisório
e constituído ad hoc) é sujeito a ser influenciado por estereótipos, manipulações
e outras interferências que venham enviesar a apreensão de informações
realmente relevantes sobre o caso e sobre o réu. Pesquisas vêm demonstrando
que juízes e jurados têm discordado do veredicto em aproximadamente 20% dos
casos. Ademais, é comprovado que os jurados podem, consciente ou
inconscientemente, lançar mão de certo número de dados externos à questão
propriamente dita no intuito de elaborar seus pareceres. Isso foi descoberto após
estudos psicológicos terem aventado a possibilidade de fatores socioculturais de
jurados, juízes, réus e advogados estarem manipulando, indiretamente, o
processo de julgamento.
Outro dado concreto que corrobora tal hipótese é que nos estados
sulistas dos Estados Unidos, onde existe pena de morte para o estupro seguido
de assassinato, sentenciados negros cujas vítimas eram brancas foram
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condenados dezoito vezes mais do que qualquer outra combinação étnica:
acusado branco e vítima branca, acusado negro e vítima negra e acusado branco
e vítima negra. Também nas questões que envolvem classe social algum viés
aparece: em geral o júri concede penas mais severas a acusados com status
social mais baixo.
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Outro ponto a ressaltar é que os jurados que têm fé num mundo melhor
estão mais predispostos a sustentar que as vítimas “respeitáveis” não mereciam,
sob nenhuma hipótese, ter sofrido o que sofreram, ao passo que crêem,
sutilmente, que as pessoas rotuladas como denegridas (prostitutas, por
exemplo) de certo modo procuram ser vitimadas ou tornam isso fácil. Skolnick
(apud DECAIRE, 1998) sugere que uma maior tendência à culpabilização e sua
contrapartida, ao inocentamento, varia quando os jurados participam ou
assistem a um crime considerado leve ou bárbaro, alternadamente. Dessa
forma, quando primeiro fazem parte de um veredicto sobre estupro, por exemplo,
posteriormente tendem a julgar um simples delito de vandalismo de maneira
bastante rigorosa. Já com outro grupo de jurados, submetido a um experimento
oposto, ocorreu o contrário, ou seja, eles aplicaram uma pena um pouco mais
branda do que deveria ser para um caso considerado grave após terem
deliberado sobre uma “mera” baderna em espaço público.
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Já a teoria da Psicologia social sobre grupos prediz que quando os
membros de um júri discutem entre si suas visões, vagamente parecidas umas
com as outras, isso pode favorecer que uma sólida posição única surja daí,
reforçando a decisão comum de todos e, habitualmente, tal opinião pode chegar
a níveis exagerados. Myers e Kaplan (apud DECAIRE, 1998) investigaram este
tema a polarização grupal e argumentaram que a deliberação judicial em grupo
tem seus benefícios: favorece que os estereótipos se enfraqueçam.
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REFERÊNCIAS
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