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Psicologia Jurídica: Aspectos Históricos

Professora: Ms. Vanessa Carvalho


Disciplina: Psicologia Jurídica
 Para lembrar: não há como esgotar o tema da psicologia
jurídica; primeiro devido aos abismos epistemológicos entre
as ciências e segundo por que os temas serão sempre
retomados devido às demandas sociais.

 O sistema de justiça é recente e surge a partir da ascensão da


burguesia ao poder no Ocidente. Associado à consolidação do
Estado Moderno, baseado nos princípios da Revolução
Francesa e os ideais de justiça: Igualdade, Liberdade e
Fraternidade.
 Quando juristas chamam psiquiatras e psicólogos para
responderem a questões específicas, faz uma intersecção.
Formando confluências entre Psicologia, Psiquiatria (no
campo da saúde mental) e Direito. C
I
Ê
Medicina N
C
Medicina Legal Psiquiatria
I
A
Direito Psicologia S

F
O
R
Saúde Mental e Justiça Psicologia Judiciária E
N
S
Atuação da Psicopatologia
E
S
Ciências Forenses:
 Conhecimento técnico;
 Emergência de dois papeis importantes: Perito e Assistente
técnico;
 Leis emergem da sociedade (A cada fato o Direito convoca
para dar respostas, solicitando conhecimento específico);
 Direito necessita de subsídios;
 Intersecções entre diversas ciências e o Direito
 Direito afeta as ciências psi.

Lembrar: demandas específicas requerem respostas


específicas.
 Incialmente a função do psicólogo era fornecer parecer técnico
(pericial) que fundamentava as decisões judiciais.

 Nesse sentido a Psicologia passa a ser utilizada como um dos


saberes que substitui cientificamente o inquérito na produção
jurídica (Foucault, 1986).

 A Psicologia passa a ser percebida como um exercício de saber e


poder.

 Temos que ter em mente que aquilo que produzimos está a


exercício do poder. Gerará documentos que tem poder (através
do conhecimento) de prova e se juntará aos autos do processo
judicial.
 Devemos ter responsabilidade técnica frente aquilo que
coletamos e produzimos, pois diz de um sujeito.  ÉTICA.

 Há mais de três séculos a Psicologia e o Direito “namoram”,


buscam formas conjuntas de descrição do comportamento
criminoso.

 No sec. XX definidas as primeiras aplicações da psicologia ao


Direito, começam a surgir diferentes denominações para uma
nova área de trabalho.

 Lembrar: Condições de trabalho ruins não devem nos fazer


esquecer que lidamos acima de tudo com um sujeito/fenômeno
antes de qualquer coisa.
PSICOLOGIA JURÍDICA

Psicologia Psicologia Psicologia Psicologia


Forense Criminal Penitenciária Investigativa

 Desse modo, estamos diante da interdisciplinaridade. Esse é um termo


fértil e ainda não muito explorado para a realização do trabalho
interdisciplinar.
 O ato criminoso é um sintoma do sofrimento psíquico
manifesto de algo que o sujeito não conseguiu
resignificar, passando ele à ação.

 Interdisciplinar é a possibilidade de questões oriundas de um


campo do conhecimento, afetarem outro campo do
conhecimento. Ultrapassa o nível da mera troca de
informações e do somatório de saberes que são trazidos pelas
disciplinas envolvidas.
Deve-se sentar para conversar

Com o conhecimento tácito

Adquirido ao longo da vida, pela experiência.


Difícil de ser formalizado ou explicado.

(conversar com o agente penitenciário, o cuidador, o educador


social, etc.)
“Por trás de um conflito jurídico há um conflito psíquico”
Ponciano

Ao psicólogo cabe garantir DIREITOS A TODOS. A serviço da


cidadania plena.

O que separa o sujeito que comete o crime daquele que se junta


para matá-lo?

Freud à Eisntein:
“Se há a possibilidade de uma instância que possa salvaguardar a
população de todos os desatinos, essa instância é o Direito”.
OBS: Anotações realizadas durante o Congresso Internacional
de Psicologia Jurídica e Direito Penal. Salvador, novembro de
2016. Palestra de abertura conferida pelo psicólogo Altiere
Ponciano.
Psicologia Jurídica: Brasil
 A primeira grande articulação entre a Psicologia e o Direito
foi a Psicologia do Testemunho.

 Essa visa o estudo sobre a memória e o testemunho; de como


a memória se processa nos contextos jurídicos, frente aos
prejuízos ou fantasias que ocorrem. Investiga ainda a
fidedignidade do relato do sujeito em um processo jurídico.
 No Brasil, institucionalmente, os primórdios da Psicologia
Jurídica datam de 1980, o âmbito do tribunal de Justiça de
Estado de São Paulo, com o trabalho de profissionais
voluntários que, posteriormente, foram efetivados através o
primeiro concurso público, ocorrido em 1985.

 Antes desse período podemos considerar a publicação do


“Manual de Psicologia Jurídica” de Myra y Lopes, publicado
em 1932, mas editado no Brasil em 1955,como um marco
nos estudos que delineavam o encontro entre a Psicologia e o
Direito.
 Na edição da resolução nº 14/2000, publicada no dia 22 de
dezembro de 2000, na qual foi criado o título de especialista
em psicologia jurídica pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP).
Definição e objeto da psicologia jurídica

 A psicologia jurídica corresponde a toda aplicação do saber


psicológico às questões relacionadas ao saber do Direito.

 Toda e qualquer prática da Psicologia relacionada às práticas


judiciarias podem ser nomeadas como Psicologia Jurídica.
Atribuições...

 Avaliações, diagnósticos, assessoramentos, intervenções,


planejamento e realizações de programas de prevenção,
tratamento, reabilitação de indivíduos autores de atos
jurídicos, estudos e pesquisas dos problemas da Psicologia
Jurídica, formação e educação no sistema de treinamento e
seleção de profissionais no sistema legal (juízes, agentes
penitenciários, promotores, policiais, etc), elaboração e
assessoramento de informação social contra a criminalidade,
adoções conscientes, infância e juventude.
 “A Psicologia Jurídica surge num contexto em que o psicólogo
coloca seus conhecimentos à disposição do juiz (que irá exercer a
função julgadora), assessorando-o em aspectos relevantes para
determinadas ações judiciais, trazendo aos autos uma realidade
psicológica dos agentes envolvidos que ultrapassa a literalidade da
lei, e que de outra forma não chegaria ao conhecimento do
julgador por se tratar de um trabalho que vai além da mera
exposição dos fatos; trata-se de uma análise aprofundada do
contexto em que essas pessoas que recorreram ao judiciário estão
inseridas. Essa analise inclui aspectos conscientes e inconscientes,
verbais e não verbais, autênticos e não autênticos,
individualizados e grupais, que mobilizam os indivíduos às
condutas humanas” (SILVA, 2007,p. 6-7).
Estudo de caso

Juliana acaba de dar a luz a um bebê. Juliana não contou para


ninguém que estava gravida, como também ninguém percebeu, nem
seus filhos. Juliana mora sozinha com dois filhos, um de 12 e outro de
8 anos. Trabalha em casa de família e por receio em perder o
emprego, no dia que entrou em trabalho de parto, não disse nada no
emprego. No dia seguinte após alta, foi encontrada pela equipe de
abordagem social de um município, no ato ela estava a procura
aleatória de uma pessoa para cuidar do seu filho, uma vez que não
tinha como trabalhar e cuidar de um recém nascido. Todavia relatava
que não queria entregar o filho permanentemente, seria apenas por
um tempo, até ela se organizar.
Seria possível a criança ser institucionalizada e posteriormente
entregue a mãe? Judicialmente isso é possível?
Se sim, como poderia acontecer?
Mas, uma casa de acolhimento abrigo todo tipo de situação?
Não seria mais fácil encontrar uma pessoa de confiança para entrega
a criança? Isso seria possível?

Quais procedimentos a equipe poderia ter realizado no caso de


Juliana?

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