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UNIDADE I. O trabalho da psicologia junto ao direito


- Definição de Psicologia pode ser dada por sua origem grega:
Ψυχολογία = Psyche + logia
Psyche quer dizer alma ou mente e também era o nome da deusa Psiquê;
Logia vem de logos, que quer dizer: discurso, conhecimento, ciência.
- Psicologia é a ciência que estuda a mente e o
comportamento.
- Influências de outras áreas de conhecimento - Filosofia, Fisiologia
e a Medicina,
Psiquê na mitologia grega divide a história com Eros, que conta a história
de amor entre os dois.
Psiquê era a mais nova de três filhas de um rei e era extremamente bela.
Sua beleza atraia muitos admiradores que rendiam-lhe homenagens.
Ofendida e enciumada pela beleza de Psiquê, Afrodite enviou seu filho
Eros para fazê-la apaixonar por alguém, assim todas as homenagens
seriam apenas para ela. Porém, ao ver sua beleza, Eros apaixonou-se
profundamente por Psiquê. Depois de sofrer bastante por causa da deusa
do amor (Afrodite), Eros transformou Psiquê em imortal, com a ajuda de
Zeus.

1.1 Psicologia: Psicologia jurídica, Psicologia forense, Psicologia judiciária.

Psicologia jurídica inclui toda aplicação do saber psicológico a questões relacionadas a


prática do Direito.

O CFP lançou uma Referência técnica para atuação do psicólogo em varas de famílias
(2010). Psicólogo jurídico é aquele que trabalha com questões relacionadas ao sistema
de justiça, abrangendo aqueles que exercem suas práticas no tribunal e os que, em
seus consultórios, emitem pareceres a serem anexados ao processo (p.13).

A designação psicologia jurídica é uma referência que denomina o conjunto de


intervenções técnicas realizadas pelos psicólogos e relacionadas ao universo do
Direito, seja nos tribunais, ou fora deles. Portanto Psicologia Jurídica é a denominação
das aplicações da Psicologia relacionadas as práticas jurídicas

Resumindo: A psicologia jurídica é o universo de todas as práticas psicológicas, nela se


inserindo aquelas realizadas nos órgãos cujo fundamento é evitar a jurisdicionalização
dos conflitos (Defensoria Pública e Conselho Tutelar), bem como naqueles voltados a
atender pessoas em situação de vulnerabilidade social (CRAS) ou sob risco de
rompimento de vínculos familiares (CREAS), quando o psicólogo insiste em uma prática
genuinamente psicológica.
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Campo da ciência psicológica, para atender a demanda judicial, fundamentada nos


modelos clínicos de investigação, incluindo os conhecimentos jurídicos e médicos-
legais. Fornece caráter normativo, com a competência de ditar as normas para o
atendimento da totalidade dos procedimentos judiciais envolvidos na fase processual
(Psicologia Forense) e na fase de execução penal (Psicologia Criminal).

Psicologia Forense se propõem esclarecer, com o saber psicológico , as questões


judiciais particulares, emergidas nas fases de instrução ou processual

Atividade Despenhada: Psicodiagnóstico Pericial, com elaboração de laudo ou Parecer


Psicológico

A Psicologia Forense desempenha uma atuação exclusivamente pericial e objetiva


esclarecer dúvidas localizadas no campo psicológico, e que precisam ser resolvidas
perante o Sistema de Justiça Criminal, compreendido pelos juízes, promotores e até
mesmo autoridades policiais (delegado de polícia) antes de uma necessária tomada de
decisão.

Objeto de estudo da Psicologia Forense: são os comportamentos que se dão na


interface com o campo jurídico. A Psicologia Forense é uma ciência autônoma,
complementar ao Direito e não tem uma relação de subordinação (Walker & Ahapiro,
2003). Psicologia Forense é encarregada de descrever, explicar, predizer e intervir
sobre o comportamento humano que tem lugar no contexto jurídico, com a finalidade
de contribuir com a construção e prática de sistemas jurídicos objetivos e justos.

O psicólogo que trabalha na execução penal busca a reintegração social do preso e o


realizado nas Centrais de Penas e Medidas Alternativas, assim como a assistência
técnica psicológica realizada no MP e nos serviços criados pela Lei Maria da Penha e
nos CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social).

CREAS → é um INSTRUMENTO público onde são oferecidos serviços com o objetivo de


acolher, orientar, e acompanhar famílias e indivíduos em situação de violação de
direitos, fortalecendo e reconstruindo os vínculos familiares e comunitários.

Os usuários atendidos no CREAS se encontram em uma situação de risco pessoal ou


social, em que seus direitos foram violados ou ameaçados. Alguns exemplos de
violações são o abuso sexual, a violência física ou psicológica, e o abandono ou
afastamento do convívio familiar, evidenciando o rompimento ou fragilização desses
vínculos.

(CRAS) → Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é um equipamento público


onde são oferecidos serviços, programas e benefícios com o objetivo de prevenir
situações de risco e fortalecer os vínculos familiares e comunitários.
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Psicologia Judiciaria

Psicólogo servidor dos tribunais de Justiça e a de todos que a eles se equiparam ao


proceder a estudo psicológico sob determinação judicial de envolvidos em processos
judiciais. Propondo a atender as mediações de conflito de casais em litígio, tratamento
as vitimas de violência, assessoria judiciária e carcerária, com o intuito de viabilizar
uma humanização na aplicação da lei, que seja, condizente com a realidade.

Também diz respeito à prática profissional do psicólogo judiciário que ocorre


subordinada à autoridade judiciária. O psicólogo age a serviço e a mando da justiça,
tem a obrigação de assumir o objetivo de auxiliar uma decisão judicial e, por isso,
submete-se ao princípio da imparcialidade, condição imanente a que uma decisão
possa ser expressão de justiça.

Imparcialidade: aquilo que não tem parte. Isto é, não tomar parte de nenhum dos
lados, manter-se neutro, reto, ser equitativo, não favorecer alguém em detrimento de
terceiro. OBS: Psicólogo que nunca manteve contato prévio com as partes.

O ECA é a principal referência na delimitação da área de atuação da Psicologia


Judiciária. Nele encontramos definidas as competências do psicólogo judiciário.
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe forem
reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou
verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento,
orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à
autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico.
A Psicologia Judiciária inclui também as perícias regulamentadas pelo Código de
Processo Civil, o exame criminológico e demais intervenções realizadas por psicólogos
do sistema prisional, a serviço e a mando da justiça, com envolvidos em processo
criminal com os quais nunca mantiveram contato profissional ou pessoal, assim como
aquelas realizadas por psicólogos da rede pública ou privada, sempre que atuarem sob
determinação judicial procedendo a exame psicológico com envolvidos com quem
nunca mantiveram relação profissional ou pessoal.
A legislação impede a perícia de acontecer caso o profissional já deu assistência prévia
anterior ao envolvido em processo judicial.

1.2 Primórdios da Psicologia Jurídica

O primeiro laboratório de psicologia foi fundado pelo médico alemão Wilhelm Wundt,
em 1879, em Leipzig, na Alemanha. Esse acontecimento marcou o surgimento da
psicologia como ciência. Seu interesse de estudo era os processos mais básicos da
percepção e a velocidade dos processos mentais mais simples. O laboratório de
Wundt serviu de modelo a muitos outros que posteriormente surgiram em países
europeus, EUA e no Brasil. A Psicologia inicia a sua trajetória cientifica através do
estudo experimental dos processos psicológicos, os elementos da mente. Seu objeto é
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muito diferente da psiquiatria – não a loucura e seus entrelaçamentos com a razão,


mas a analise daqueles processos comuns a todo ser humano (o universalismo)
procurando estabelecer as condições normais, ideais de seu funcionamento e aquelas
outras condições que determinam seu aparecimento diferenciado. Percepção,
associação de ideias, memória, motivação, tempo de reação, etc. são múltiplos os
processos submetidos à verificação experimental.

Com a acumulação do saber científico, a psicologia sai do espaço restrito do


laboratório, mantendo suas regras de pesquisas e práticas. Os testes psicológicos indica
uma recusa dos instrumentos que eram utilizados nos laboratórios (mecânicos e
elétricos) transformando-se em testes de lápis e papel, cuja facilidade de aplicação –
tanto em termos de local quanto em relação à quantidade possível de pessoas testadas
ao mesmo tempo – faz com que se tornem a técnica privilegiada de produção dos
saberes e práticas psicológicas.

É através deste instrumento que a Psicologia se aproxima do Direito, sem demover a


psiquiatria. Atenção maior para a fidedignidade do testemunho, questão para qual é
importante o conhecimento dos processos mentais tais como a percepção, a
motivação e emoção, do funcionamento da memória, do mecanismo de aquisição de
hábitos, do papel de repressão.

Psicologia: aspectos sensitivos, perceptivos emocionais, motivação .

testes psicológicos e psicodiagnósticos - aproximação do Direito, diagnostico de


patologização

Psicologia do Testemunho – psicologização do Direito,

Psicologia Jurídica - Papel do Psicólogo - estrito avaliador x sujeito cidadão

A psicologia jurídica passou por um momento de expansão para além da justiça


criminal, para outras áreas jurídicas principalmente a de família, infância e
adolescência, trabalho. A Psicologia no auxilio ao Direito tem como objetivo
aprofundar nas questões que formam a psique do homem, não tratando de uma forma
positivada, rígida e padronizada como a psiquiatria o faz, mas compreendendo o
individuo em sua totalidade. o ser humano é um ser dotado de experiências e
inteligências distintas, cada qual com sua própria percepção de mundo.
Para que serve a Psicologia Jurídica no campo jurídico?
- estabelecer o que é certo ou errado, justo e injusto
- dar confiabilidade ao testemunho
Psicologia e Direito = Aliança repressora com o objetivo de manter a ordem Jurídica
Objetivo – assegurar a cidadania e dignidade humana
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1.3 Psicologia do testemunho

A psicologia do testemunho tem origens nos trabalhos de Alfred Binet, em relação com
a sugestionabilidade da memória das crianças. Por outro lado, Karl Marbe e Hugo
Munsterberg fizeram diversos trabalhos nos que se ressaltavam os problemas da
vulnerabilidade das testemunhas, a idoneidade deles, os erros perceptivos e de memória
de quem presencia um delito, e outros crimes.

Durante as últimas três décadas do século XX A psicologia do testemunho foi


fundamentando-se na psicologia cognitiva dentro do paradigma do processamento da
informação, tendo grande importância os estudos sobre a memória , tendo cada vez mais
participação em julgamentos, assessorando os tribunais sobre o funcionamento dos
processos cognitivos e como eles agem dentro das declarações das testemunhas,
realizando pericias sobre a credibilidade dos testemunhos e as provas de identificação
nas rodas de reconhecimento.
Prática psicológica: escuta, perícia, exame criminológico, laudos psicológicos baseados
no psicodiagnósticos.

1.4 Psicologia jurídica no Brasil


A prática profissional de psicólogos brasileiros na área da Psicologia Jurídica tem seu
início no reconhecimento da profissão, na década de 1960. Essa prática aconteceu de
forma gradual e lenta, muitas vezes de maneira informal, por meio de trabalhos
voluntários. Os primeiros trabalhos ocorreram na área criminal, enfocando estudos
acerca de adultos criminosos e adolescentes em conflito com a lei.
Quando a Lei de Execução Penal (Lei Federal nº 7.210/84) foi decretada, o psicólogo
passou a ser reconhecido legalmente pela instituição penitenciária.

Determinar o nascimento da Psicologia Jurídica no Brasil só é possível através dos


estudos acerca do tema, em bibliografias e documentários, registros de quando o Direito
e a Psicologia se aproximaram, quando foram implantadas medidas socioeducativas, no
qual os psicólogos começaram a acompanhar os menores infratores que estavam ‘’sob
guarda do
Estado’’, na alegação de orientá-los e desenvolvê-los para a vida em sociedade, não
permitindo que pequenas infrações transformassem adolescentes em temidos
criminosos.
Na duas últimas décadas do século XX, a psicologia passa a ter papel fundamental nos
preceitos da justiça. Principalmente na preparação de laudos informativos de avaliação,
apresentando ao magistrado de forma periódica a evolução do assistido, indicando até
mecanismos para a satisfação das necessidades de cada particular, mas nunca
interferindo naquilo que cabe exclusivamente ao juiz: decidir aplicando a lei.
É preciso acentuar de forma contínua, que o psicólogo exerce o papel de avaliador,
acompanhando e apresentando dados para a decisão, e nunca como um influenciador na
decisão do juízo.
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1.5 Atribuições do psicólogo jurídico

A psicologia é um campo amplo de atuação e engloba o trabalho desenvolvido por


psicólogos em toda esfera do judiciário os principais campos de atuação do psicólogo
são:

Direito de Família: processos que envolvem separação e divórcio, especialmente os


litigiosos; disputa de guarda, regulamentação de visitas, alienação parental.

Direito da Criança e do Adolescente: processos que abranjam adoção, acolhimento,


destituição do Poder Familiar; desenvolvimento de medidas socioeducativas a
adolescentes que cometeram atos infracionais.

Direito Civil: processos que envolvam indenizações decorrentes de danos psíquicos,


assim como os casos de interdição judicial.

Direito Penal: perito na verificação de periculosidade, para revisão de penas; de


condições de discernimento ou sanidade mental das partes em litígio ou em
julgamento.

Direito do Trabalho: perito em processos trabalhistas que envolvam acidentes no


trabalho; nexo causal entre condições de trabalho e saúde mental; investigação acerca
de afastamentos oriundos do sofrimento psicológico no trabalho.

Vitimologia: avaliação do comportamento e da personalidade da vítima e de suas


reações diante da infração penal sofrida.

Psicologia do Testemunho: avaliar a veracidade dos testemunhos, incluindo o estudo e


análise das falsas memórias.

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