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EUROPEIA II
ACÇÃO/RECURSO DE
ANULAÇÃO
Dulce Lopes – dulce.rdgr@gmail.com
Via
Via
comunitári
Nacional
a
Eventual
Eventual reenvio
excepção de
prejudicial
ilegalidade
Actos
Actos nacionais
comunitários
Excepção: artigo 14, 2, do Protocolo n.º 4 relativo aos Estatutos do Sistema Europeu de
Bancos Centrais e do BCE – recurso de anulação para o TJ contra ato nacional de
destituição do governador do Banco central nacional – Proc. C‑202/18 e Case C‑238/18
(Letónia) – a preservação de um sistema integrado e independente dos Estados
Pressupostos processuais
Pressupostos processuais (requisitos necessários para ser
proferida uma decisão, favorável ou desfavorável ao seu autor):
1. Contra quem se deve iniciar o processo (legitimidade
processual passiva)?
2. Se o acto é passível de anulação?
3. Se ainda há prazo para propor a acção?
4. Se o Autor tem legitimidade processual activa?
5. Se foi invocado fundamento para a anulação?
(nalguns casos pode ainda haver outros pressupostos
relacionados com a existência de recursos administrativos prévios
necessários – art. 73.º, n.º 1 do Regulamento N.º 2100/94 do
Conselho)
Condições de procedência da acção (se o autor prova os factos de
que depende ganho de causa e se o réu não elide a pretensão do
autor)
Acção de anulação
• Por intermédio desta acção, o requerente solicita a anulação de uma
medida adoptada por uma Instituição, órgão ou organismo da União
Europeia (artigo 263 TFUE):
• O TJUE fiscaliza a legalidade dos actos legislativos, dos actos do Conselho,
da Comissão e do Banco Central Europeu, que não sejam recomendações ou
pareceres, e dos actos do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu
destinados a produzir efeitos jurídicos em relação a terceiros. O Tribunal
fiscaliza também a legalidade dos actos dos órgãos ou organismos da União
destinados a produzir efeitos jurídicos em relação a terceiros.
• Estas medidas/actos devem ser emitidos por uma Instituição (vide a expressa
inclusão do Conselho Europeu) ou outro órgão ou organismo comunitário
(mesmo que seja um órgão não instituído pelos Tratados, como uma Agência
com poderes decisórios, como o Instituto Comunitário das Variedades
Vegetais), mas não por entidades nacionais ainda que em
execução/implementação ou preparação do direito da União.
Acção de anulação
• As medidas/actos sujeitos à apreciação do TJUE nesta acção são apenas
os que se revistam de vinculatividade (actos decisórios, obrigatórios e
com efeitos externos): são medidas vinculativas as que se destinam a
produzir efeitos jurídicos externos, positivos ou negativos, relativamente
a terceiros/ medidas que produzem efeitos jurídicos vinculativos que
afectem os interesses do recorrente, alterando de forma caracterizada a
situação jurídica deste.
• Por isso se usa a formulação: “que não sejam recomendações ou
pareceres” ou “destinados a produzir efeitos jurídicos em relação a
terceiros”.
• A irrelevância do critério formal “nomen iuris”, para definir os efeitos de um
acto comunitário.
• No Proc. C-249/02, o Tribunal entendeu que uma carta dirigida ao Governo
Português não era apenas informativa, mas visava produzir efeitos directos
(definia as correcções financeiras aplicáveis e critérios), estando inquinada por
vício de incompetência (foi assinada apenas por um Director-Geral da Comissão)
Acção de anulação
• Excluindo, portanto, a anulação de actos políticos, preparatórios,
informativos, confirmativos ou de mera execução.
• Actos informativos: Proc. T-212/99: Não constitui uma decisão
susceptível de ser objecto de um recurso de anulação uma carta da
Comissão que se limita a expor as razões dos atrasos ocorridos na
classificação de uma substância num dos anexos do Regulamento n.°
2377/90 (…) Esta carta, que se limita a informar o operador em causa
do estado do processo, não modifica a sua situação jurídica.
• Actos preparatórios: Proc. T-37/92: Quando se trate de actos ou
decisões cuja elaboração se processa em várias fases,
nomeadamente no termo de um processo interno, só constituem, em
princípio, actos recorríveis as medidas que fixem definitivamente a
posição da instituição no termo desse processo, excluindo as
medidas transitórias cujo objectivo é preparar a decisão final.
Acção de anulação
• Actos confirmativos: Proc. C-48/96: Uma empresa foi notificada em 93
de ter sido incluída numa lista de projectos de substituição, de acordo com
o qual apenas teria direito a financiamento se este ficasse disponível. Só
em 94 recebeu uma notificação confirmando esta última situação. O TJ
confirmou a decisão do TPI referindo que a primeira decisão já excluía a
empresa da lista dos beneficiários, pelo que já se havia esgotado o prazo
de recurso ao abrigo da acção de anulação.
• Actos de execução: Proc. T-353/00 : impossibilidade de anulação do acto
que negava o exercício de funções no Parlamento Europeu a Jean Marie
Le Pen, por este ter sido considerado ineligível no direito nacional francês:
tratou-se de uma mera declaração do Presidente do Parlamento Europeu,
sem efeitos constitutivos.
• Actos políticos: Artigo 275.º TFUE: exclusão do controlo da política
externa e de segurança comum, com excepção da fiscalização da
legalidade das decisões que estabeleçam medidas restritivas contra
pessoas singulares ou colectivas, adoptadas pelo Conselho com base no
Capítulo 2 do Título V do Tratado da União Europeia
Acção de anulação
• O prazo para dar início a esta acção é muito limitado: dois meses (ao
que acresce uma dilação em razão da distância de 10 dias – 51.º do
Reg TJ; 59.º Reg TG) desde:
• Publicação da medida (se a medida é publicada – 297 TFUE, o prazo acima
referido só começa a contar a partir do termo do 14.º dia subsequente ao dia da
publicação – art 50.º do Regulamento de Processo do TJUE e art. 60 do
Regulamento do TG)
• Notificação da mesma ao recorrente (nos casos não sujeitos a publicação);
• Dia em que o recorrente tenha tomado conhecimento do acto (caso em que deve
num prazo razoável solicitar o texto integral da medida T-109/94; T-411/06)
Actos legislativos
3. violação dos Tratados ou de qualquer norma jurídica relativa à sua aplicação (inclui
disposições de direito secundário ou direito convencional ou princípios de direito da
União, como os da subsidiariedade e proporcionalidade)
4. Desvio de Poder (uma instituição ou órgão é movida, na sua acção, por finalidades
distintas das estabelecidas por lei, ou o seu objectivo é o de se furtar ao cumprimento de
uma regra ou procedimento pré-estabelecido)
Acção de anulação
• C.
• O Parlamento Europeu pode reagir através de uma acção de anulação,
fundamentando a mesma na infracção de regras de competência (usurpação de
poderes). Para tanto, não necessita de demonstrar um qualquer interesse (ainda
que o tenha, como no caso) uma vez que é hoje um recorrente privilegiado e não
um mero recorrente interessado.
Caso prático II
• A União Europeia, na sequência da recente crise económica e do
adensar dos problemas da insegurança, tem vindo a ser objecto, em
vários Estados-membros, de protestos nas Fronteiras.
• O Conselho, de modo a evitar entraves à livre circulação de pessoas e
bens, decide emanar um Regulamento a dar instruções imperativas às
polícias nacionais para intervirem nessas situações, dispersando as
manifestações, de modo a assegurar a liberdade de circulação.
• Como fundamento legal para esta medida, o Conselho invoca o artigo
26.º, n.º 3, sobre a realização do mercado interno: “O Conselho, sob
proposta da Comissão, definirá as orientações e condições necessárias
para assegurar um progresso equilibrado no conjunto dos sectores
abrangidos”.
• Uma ONG, que tem vindo a organizar algumas contestações na fonteira,
pretende debater a legalidade deste Regulamento. Terá sucesso?
Tópicos
• A. A questão da legitimidade activa da ONG (e outras associações)
• Proc T-585/93 e C-321/95 (considerou-se que a Greenpeace só tinha
legitimidade indirecta; não pode invocar um interesse próprio, mas apenas
os interesses dos seus membros); proc. 72/74; proc. 282/85; proc. T-381/11;
proc. T-91/07 e, em recurso, C-335/08 P.
• Apenas se reconhece legitimidade a associações quando haja uma disposição que
expressamente o preveja - Regulamento Aarhus reconhece legitimidade directa mas com
limitações (não abrange actos legislativos e judiciais, mas apenas actos administrativos)
C-191/82; quando todos os membros da associação sejam directa e individualmente
afectados T-447/03 – T-229/02; e quando os próprios interesses da associação estejam em
causa, proc. 67/85 e T-84/01,
• Desequilíbrio entre acesso ao TJUE e aos tribunais nacionais (C-240/09 e
C-263/08; e proc. C‑401/12 P a C‑403/12 P).
Tópicos
• B. Invalidades:
• 1. A questão da base legal (é uma matéria de realização de mercado interno ou
de cooperação policial: art. 82, 83 e 87 TFUE)?
• 2. A questão da forma do acto: A harmonização mínima prevista nestes artigos
e a forma eleita (Regulamento e não Directiva – art 83.º, n.º 1
• 3. A questão do procedimento seguido: não recurso ao procedimento legislativo
ordinário - art 83.º, n.º 1
• 4. A questão da usurpação de poderes: ordens imperativas às polícias nacionais
e não meros actos de coordenação (matérias reservadas aos Estados)?
• 5. A questão do desvio de poder: a finalidade da medida poderia ser não a
garantia da liberdade de circulação, mas o afastamento de críticas dirigidas à
União?
• 6. Violação de normas substantivas: a medida adoptada restringe um direito
fundamental reconhecido na Carta dos Direitos Fundamentais, sendo que,
mesmo que a finalidade prosseguida seja legítima, o meio parece ser
desproporcional
Caso Prático III
• Rochar, um dos únicos dois produtores de um medicamento ainda em fase
experimental, foi confrontado no passado dia 15 de fevereiro com a
publicação de um regulamento adoptado pela Agência Europeia dos
Medicamentos, organismo da União Europeia, que proibia a utilização de
um componente usado naquele medicamento.
• Impossibilitado de continuar a produção daquele medicamento, a Rochar
visa reagir judicialmente daquele Regulamento comunitário, por considerar
que o mesmo padece de uma errada avaliação dos factos que conduziram à
proibição referida.
• a) Qual o órgão jurisdicional a que se deve dirigir? A sua resposta seria
idêntica se o regulamento proibitivo tivesse sido emanado pelo Infarmed,
Instituto público português?
• b) Analise sucintamente a verificação dos vários pressupostos processuais de
que depende o desenvolvimento da adequada ação a intentar contra a
Agência Europeia dos Medicamentos.
DIREITO DA UNIÃO
EUROPEIA II
ACÇÃO - RECURSO POR OMISSÃO/
ACÇÃO PARA CUMPRIMENTO/
Acção por Omissão
• Visa controlar a ausência de pronúncia das Instituições,
órgãos e organismos da União, quando um comportamento
activo destes seja exigível.
• O sistema jurisdicional da União ficaria incompleto se apenas a acção
das Instituições e Órgãos da União pudesse ser fiscalizada
judicialmente, mas não a sua inacção (nalguns casos o TJ afirmou a
unidade ou complementaridade entre a acção do art. 263 e a do art. 264
do TFUE)
• Mas há diferenças entre estas acções no que se refere aos seus requisitos
processuais (e que aproxima a acção por omissão da acção por
incumprimento): a accão por omissão é sempre precedida de uma fase
não contenciosa (fase esta que encontra o seu fundamento no princípio
da separação de poderes e que constitui um pressuposto processual
necessário para o momento judicial) e tem natureza declarativa
Acção por Omissão
Convite à acção (notificação ou solicitação
para agir) dirigido pelo interessado à
entidade competente para a prática do
acto.