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DISCIPLINA: Políticas de Juventude e Contextos

de Intervenção
UFCD 8970 Políticas de Juventude no mundo e
relações internacionais
DISCIPLINA: Políticas de Juventude e Contextos de Intervenção
Módulo 3 Políticas de Juventude no mundo e relações internacionais
:: Conselho da Europa
_Juventude no Conselho da Europa: valores, órgãos estatutários e instrumentos fundamentais
_Sector da Juventude: Participação dos jovens no processo de decisão
_Abordagem ao trabalho de juventude
_Prioridades
:: Políticas de juventude na Europa
_Introdução às políticas de juventude no espaço internacional (União Europeia, Conselho da Europa, Nações Unidas,
Organização IberoAmericana de Juventude, Comunidade de Países de Língua Portuguesa, Organização para a Segurança
e a Cooperação na Europa, entre outros)
_União Europeia e Conselho da Europa: diferenças, semelhanças e cooperação
_União Europeia
_Juventude e os Tratados
_Processo de decisão: Comissão Europeia, Conselho Europeu e Parlamento Europeu
_Diálogo estruturado: sistema de determinação de prioridades; dinâmicas de participação dos jovens
_Abordagem ao trabalho de juventude
:: Estudo de casos
Conselho da Europa

Conselho da Europa: fundado em 1949 para proteger e promover os Direitos Humanos, a


Democracia e o Estado de Direito. Hoje os seus 47 Estados-Membro cobrem praticamente todo o
continente europeu. Tem a sua sede em Estrasburgo.

O CONSELHO DA EUROPA (CdE) tem trabalhado bastante ao nível da juventude e defende que as
politicas de juventude servem para criar condições e oportunidades de aprendizagem e
cidadania ativa, que permitam aos jovens desenvolverem competências, autonomia e
autoestima para integrarem a vida social, laboral, cultural, politica e económica.

O setor da juventude deve potenciar a educação não-formal, o voluntariado, o associativismo, a


participação, a criatividade, a aprendizagem intercultural, a informação e aconselhamento,
o apoio entre pares e com adultos e a prevenção de riscos.
Conselho da Europa

O objetivo da política de juventude do Conselho a Europa é dar à juventude – às raparigas como


aos rapazes, às jovens mulheres como aos jovens homens – oportunidades e experiências iguais
que os e as permitam desenvolver o conhecimento, a capacidade e as competências para ter um
papel ativo em todos os aspetos da sociedade.

O Conselho da Europa tem um papel importante no apoio e fomento da participação e da


cidadania ativa. De facto, a participação é crucial para a política de juventude do Conselho da
Europa de várias maneiras.
Conselho da Europa

No Conselho da Europa, a participação juvenil é vista como “o direito das e dos jovens a serem incluídas e incluídos
e a assumirem deveres e responsabilidades na vida quotidiana ao nível local, bem como o direito de influenciar
democraticamente os processos das suas vidas”. A participação, sendo um direito, também significa que todos os e
as jovens podem exercer este direito sem discriminação – independentemente da sua origem ou da língua que
falam.
A participação juvenil também pode ser vista como uma forma de parceria entre jovens e pessoas adultas.
“Parceria tem a ver com fazer coisas juntos. Tem a ver com ouvir a voz de toda a gente e levar a sério ideias
diferentes”.
Na prática, isto significa que metas, objetivos, papéis, responsabilidades, decisões, etc., são negociados e
acordados, e que jovens e pessoas adultas sabem precisamente:
– para onde vão;
– o que se espera deles e delas;
– o que elas e eles esperam das outras pessoas;
– como vão fazer isto;
– que tipo de apoio vão obter e de onde.
Abordagem ao trabalho de juventude

O portefólio de youth work do Conselho da Europa defende que o trabalho na área da


juventude deve criar condições para os jovens, ser educativo, envolvente, empoderador,
emancipador e agradável. Podendo ser realizado por profissionais, voluntários e lideres
juvenis, identifica oito funções dos youth workers.
1 • responder às necessidades e aspirações dos jovens;
2 • providenciar oportunidades de aprendizagem para jovens;
3 • apoiar e empoderar os jovens para compreenderem e se envolverem na sociedade;
4 • apoiar os jovens a responderem de forma ativa e construtiva às relações interculturais;
5 • praticar ativamente avaliações para melhorar a qualidade do trabalho realizado;
6 • apoiar a aprendizagem coletiva em grupo;
7 • contribuir para o desenvolvimento da organização e para a melhoria das políticas e
programas de juventude;
8 • desenvolver, implementar e avaliar projetos.
Câmara Municipal de Gaia (2017) «Plano Municipal da(s) Juventude(s) de Gaia»,
Políticas de juventude na Europa
As políticas públicas relacionadas com os e as jovens e as suas necessidades e aspirações são
designadas como “políticas de juventude
O desenvolvimento de uma política de juventude eficaz tornou-se um objetivo importante para um número crescente
de países na Europa e em todo o mundo.
O Conselho da Europa apoia estes esforços ao proporcionar diretrizes e instrumentos legais que ajudam a criar ou
melhorar políticas de juventude a nível local, nacional e europeu.
As abordagens à política de juventude diferem entre os Estados-membros. Em alguns países, considera-se a política de
juventude uma área de trabalho importante, são facultados os recursos apropriados e é concedido acesso a
informação, poder e tomada de decisão. Noutros, as políticas de juventude podem constituir um elemento de outras
áreas de política, tais como a política de educação, do desporto, da cultura, do turismo, etc.
Também existem diferentes métodos de implementação de políticas – o método centralizado, onde as decisões e
ações são coordenadas a partir de um ponto central (por exemplo, um ministério ou outra agência responsável por
assuntos relacionados com a juventude) – ou o método descentralizado, onde o poder de tomada de decisão e os
recursos são delegados a outros níveis, incluindo regiões e comunidades locais.
Manual sobre a Carta Europeia Revista sobre a Participação dos e das Jovens
na Vida Local e Regional
Políticas de juventude na Europa

Para o FÓRUM EUROPEU DA JUVENTUDE (FEJ), as políticas de juventude apoiam os jovens


a atingirem o seu potencial.
≪Acreditamos em políticas positivas de juventude, baseadas na premissa de que cada
jovem tem as suas competências e talentos, e que abordam os jovens não como um
problema, mas como detentores de direitos≫.

A UNIÃO EUROPEIA (UE) defende que ≪o capital humano e social dos jovens constitui um
dos maiores trunfos da Europa para o futuro≫, mas alerta que eles enfrentam desafios de
transição para a vida adulta e emancipação, pelo que ≪as políticas devem acompanhar os
jovens nesta “viagem” e ajuda-los a explorar todo o seu potencial ≫.

Câmara Municipal de Gaia (2017) «Plano Municipal da(s) Juventude(s) de Gaia»,


Políticas de juventude na Europa

A qualificação, empreendedorismo e empregabilidade jovem são investimentos inteligentes na


ótica da ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO (OCDE).
«Dotar os jovens de aptidões e ferramentas para encontrarem um emprego é bom, não só para
as suas perspetivas pessoais e autoestima, mas também apoia o crescimento económico, a
coesão social e o bem-estar geral. É por isso que o investimento na juventude deve ser uma
prioridade política em todo o mundo».

A COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA (CPLP) reconhece os «jovens como


sujeitos de direitos e sujeitos políticos» e «um núcleo social com caraterísticas próprias», que
exige políticas públicas específicas e construídas com a participação de jovens para apoiar
a sua «afirmação» e «projetos de vida».

Câmara Municipal de Gaia (2017) «Plano Municipal da(s) Juventude(s) de Gaia»,


Políticas de juventude na Europa

No espaço ibero-americano, a filosofia do ORGANISMO INTERNACIONAL DE JUVENTUDE


PARA A IBERO-AMERICA (OIJ) advoga uma ≪visão integral das pessoas jovens≫,
enquanto ≪sujeitos de direitos, atores estratégicos de desenvolvimento, atores políticos,
sujeitos interligados e atores locais e globais ≫.

Para as NAÇÕES UNIDAS (ONU), os jovens são os ≪beneficiários, parceiros e líderes≫ das
políticas de juventude e representam ≪agentes positivos de mudança≫.

O artigo 70º da CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA é dedicado aos Direitos da


Juventude e defende que ≪a política de juventude deverá ter como objetivos prioritários o
desenvolvimento da personalidade dos jovens, a criação de condições para a sua efetiva
integração na vida ativa, o gosto pela criação livre e o sentido de serviço a comunidade ≫.

Câmara Municipal de Gaia (2017) «Plano Municipal da(s) Juventude(s) de Gaia»,


União Europeia

União Europeia (UE): uma união económica e política dos Estados-Membro situados na Europa e
comprometidos com a integração regional e cooperação social. A UE foi estabelecida pelo
Tratado de Maastricht em 1993.
Os objetivos da União Europeia são:
•promover a paz, os seus valores e o bem-estar dos seus cidadãos
•garantir a liberdade, a segurança e a justiça, sem fronteiras internas
•favorecer o desenvolvimento sustentável, assente num crescimento económico equilibrado e na
estabilidade dos preços, uma economia de mercado altamente competitiva, com pleno emprego e
progresso social, e a proteção do ambiente
•lutar contra a exclusão social e a discriminação
•promover o progresso científico e tecnológico
•reforçar a coesão económica, social e territorial e a solidariedade entre os países da UE
•respeitar a grande diversidade cultural e linguística da UE
•estabelecer uma união económica e monetária cuja moeda é o euro
https://europa.eu/european-union/about-eu/eu-in-brief_pt
União Europeia

Valores
Os valores da UE são comuns aos países que a compõem, numa sociedade em que prevalecem a inclusão, a
tolerância, a justiça, a solidariedade e a não discriminação. Estes valores são parte integrante do modo de vida
europeu:
•Dignidade do ser humano
A dignidade do ser humano é inviolável. Deve ser respeitada e protegida, constituindo a base de todos os direitos
fundamentais.
•Liberdade
A liberdade de circulação confere aos cidadãos europeus o direito de viajarem e residirem onde quiserem no
território da União. As liberdades individuais, como o respeito pela vida privada, a liberdade de pensamento, de
religião, de reunião, de expressão e de informação, são consagradas na Carta dos Direitos Fundamentais da UE.
•Democracia
O funcionamento da União assenta na democracia representativa. Ser cidadão europeu também confere direitos
políticos: todos os cidadãos europeus adultos têm o direito de se apresentar como candidatos e de votar nas
eleições para o Parlamento Europeu. Os cidadãos europeus têm o direito de se apresentar como candidatos e de
votar no seu país de residência ou no seu país de origem.
União Europeia
•Igualdade
A igualdade implica que todos os cidadãos têm os mesmos direitos perante a lei. O princípio da igualdade
entre homens e mulheres está subjacente a todas as políticas europeias e é a base da integração europeia,
aplicando-se em todas as áreas. O princípio da remuneração igual para trabalho igual foi consagrado no
Tratado em 1957. Apesar de continuarem a existir desigualdades, a UE realizou progressos significativos.
•Estado de Direito
A UE assenta no Estado de Direito. Tudo o que a UE faz assenta em Tratados acordados voluntária e
democraticamente pelos países que a constituem. O direito e a justiça são garantidos por um poder judicial
independente. Os países da UE conferiram competência jurisdicional ao Tribunal de Justiça da União
Europeia, cujos acórdãos devem ser respeitados por todos.
•Direitos humanos
Os direitos humanos são protegidos pela Carta dos Direitos Fundamentais da UE, que proíbe a discriminação
em razão, designadamente, do sexo, origem étnica ou racial, religião ou convicções, deficiência, idade ou
orientação sexual, e consagra o direito à proteção dos dados pessoais e o direito a acesso à justiça.
Estes objetivos e valores constituem a base da UE e estão estabelecidos no Tratado de Lisboae na 
Carta dos Direitos Fundamentais da UE.
Processo de decisão: Comissão Europeia, Conselho Europeu e Parlamento Europeu

Há três grandes instituições da UE envolvidas no processo legislativo:


•o Parlamento Europeu, diretamente eleito, que representa os cidadãos da UE;
•o Conselho da União Europeia, que representa os governos nacionais e cuja presidência é assumida
rotativamente pelos Estados-Membros;
•a Comissão Europeia, que vela pela defesa dos interesses da UE no seu todo.
Em conjunto, estas três instituições adotam, através do «processo legislativo ordinário» (a antiga
«codecisão»), as políticas e a legislação que se aplicam em toda a UE. Em princípio, a Comissão
propõe nova legislação e o Parlamento e o Conselho adotam-na. A Comissão e os Estados-Membros
são os responsáveis pela sua execução. A Comissão vela também pela correta transposição da
legislação da UE para as ordens jurídicas nacionais.

De acordo com esse processo, a legislação da UE tem de ser conjuntamente adotada pelo
Parlamento Europeu, diretamente eleito pelos cidadãos europeus, e pelo Conselho (ou seja, pelos
governos dos 28 países da UE).
Diálogo estruturado: sistema de determinação de prioridades; dinâmicas de
participação dos jovens

Diálogo estruturado: é um fórum, praticado por exemplo pela União Europeia, para dinamizar a
reflexão conjunta e contínua sobre as prioridades, implementação e acompanhamento de
políticas. Ao nível da juventude, implica a reflexão e dinamização de consultas regulares
entre jovens e organizações de juventude e o diálogo entre representantes dos jovens e decisores
políticos.

Os temas debatidos são decididos pelos ministros da Juventude dos países da União Europeia.
Após a escolha do tema é formado um grupo constituído por representantes dos países do trio de
presidências da UE, da Comissão Europeia e do Fórum Europeu da Juventude, que é responsável
pela  coordenação do  processo e pelas elaboração das questões  que são apresentadas, duas vezes
por ano, aos jovens de toda a Europa.
Estas perguntas servem de base à realização de consultas nos países da UE, que são organizadas
por grupos de trabalho nacionais e, na maioria dos casos, dirigidas pelos conselhos nacionais da
juventude, com a participação de outras organizações juvenis e partes interessadas.
Diálogo estruturado: sistema de determinação de prioridades; dinâmicas de
participação dos jovens

Os resultados das consultas nacionais e dos contributos das organizações internacionais de


juventude são reunidos em documentos de referência destinados às Conferências da UE sobre a
Juventude, onde os representantes dos jovens e os responsáveis políticos têm a oportunidade de
trabalhar em conjunto e apresentar à UE as suas propostas. Estas conferências realizam-se duas
vezes por ano e são organizadas pelo país responsável pela presidência da UE.
 Esse país apoia as recomendações da Conferência sobre a Juventude e transmite-as ao Conselho
da União Europeia para que sejam tidas em conta nas resoluções ou conclusões adotadas pelos
ministros europeus da Juventude.
As recomendações das conferências também servem de base às políticas definidas pela Comissão
Europeia.

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