Você está na página 1de 9

SÚMUL

ASVINCULANTES
COMENTADAS-PARTEI
DI
REI
TO CONSTI
TUCI
ONAL
CURSO CERS

SEGUNDA FASEOAB-XXXII
PROFª.FL
AVI
A BAHI
A
DIREITO CONSTITUCIONAL
Súmulas Vinculantes Comentadas – Parte I
Profª Flavia Bahia

Súmula Vinculante 2

É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de
consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

Data de Aprovação: Sessão Plenária de 30/05/2007.

Precedentes: ADI 3277 (Publicação: DJe nº 23 de 25/05/2007); ADI 2690 (Publicação: DJ de


20/10/2006); ADI 3183 (Publicação: DJ de 20/10/2006); ADI 2996 (Publicação: DJ de
29/09/2006); ADI 3147 (Publicação: DJ de 22/09/2006); ADI 2847 (Publicação: DJ de
26/11/2004).

Comentários: O Supremo Tribunal Federal entendeu que a expressão “sistema de sorteios”


constante do art. 22, XX, da CRFB/88 alcança os jogos de azar, as loterias e similares, dando
interpretação que veda a edição de legislação estadual sobre a matéria, em razão da
competência privativa da União, estando, a atividade dos bingos, abrangida no preceito
veiculado citado, que é categórico ao estipular a competência da União para legislar sobre
sorteios.

Ementas de Precedentes:

Ação direta de inconstitucionalidade: L. est. 7.416, de 10 de outubro de 2003, do Estado da


Paraíba, que dispõe sobre serviço de loterias e jogos de bingo: inconstitucionalidade formal
declarada, por violação do art. 22, XX, da Constituição Federal, que estabelece a competência
privativa da União para dispor sobre sistemas de sorteios. (ADI 3277, Relator(a): Min.
SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 02/04/2007, DJe-023 DIVULG 24-05-2007
PUBLIC 25-05-2007 DJ 25-05-2007 PP-00063 EMENT VOL-02277-01 PP-00079 LEXSTF v. 29, n.
342, 2007, p. 79-96 RDDP n. 50, 2007, p. 167).

Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Criação de serviço de loteria por lei estadual (Lei no
8.118/2002, do Estado do Rio Grande do Norte). 3. Vício de iniciativa. 4. Competência privativa
da União 5. Expressão "sistemas de consórcios e sorteios" (CF, art. 22, XX) inclui serviço de
loteria. 6. Proibição dirigida ao Estado-membro prevista no Decreto-Lei no 204/67. 7.
Precedente: ADI 2.847/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 26.11.2004, Tribunal Pleno. 8. Ação direta
de inconstitucionalidade julgada procedente. (ADI 2690, Relator(a): Min. GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 07/06/2006, DJ 20-10-2006 PP-00048 EMENT VOL-02252-01 PP-
00128 RTJ VOL-00201-02 PP-00502 LEXSTF v. 28, n. 336, 2006, p. 44-58 RT v. 96, n. 856, 2007, p.
97-103).

Súmula Vinculante 5

A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.

Data de Aprovação: Sessão Plenária de 07/05/2008.


Precedentes: RE 434059 (Publicação: DJe nº 172 de 12/09/2008); MS 24961 (Publicação: DJ de
04/03/2005); RE 244027 AgR (Publicação: DJ de 28/05/2002); AI 207197 AgR (Publicação: DJ de
24/03/1998).

Comentários: A designação de advogado em processo administrativo é mera faculdade da parte,


conforme entendimento do STF, de forma que a sua ausência no PAD não ofende a CRFB/88.
Importante ressaltar que a súmula foi mantida, tendo em vista que em sessão plenária realizada
no dia 30 de novembro de 2016, o STF rejeitou, por 6 votos a 5, proposta de cancelamento da
mesma, mantendo o entendimento sumulado.

Ementas de Precedentes:

Recurso extraordinário. 2. Processo Administrativo Disciplinar. 3. Cerceamento de defesa.


Princípios do contraditório e da ampla defesa. Ausência de defesa técnica por advogado. 4. A
falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição. 5. Recursos extraordinários conhecidos e providos. (RE 434059, Relator(a): Min.
GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 07/05/2008, DJe-172 DIVULG 11-09-2008 PUBLIC
12-09-2008 EMENT VOL-02332-04 PP-00736 LEXSTF v. 30, n. 359, 2008, p. 257-279).

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL DE CONTAS. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL:


CONCEITO. DIREITO DE DEFESA: PARTICIPAÇÃO DE ADVOGADO. I. - A Tomada de Contas Especial
não constitui procedimento administrativo disciplinar. Ela tem por escopo a defesa da coisa
pública. Busca a Corte de Contas, com tal medida, o ressarcimento pela lesão causada ao Erário.
A Tomada de Contas é procedimento administrativo, certo que a extensão da garantia do
contraditório (C.F., art. 5º, LV) aos procedimentos administrativos não exige a adoção da
normatividade própria do processo judicial, em que é indispensável a atuação do advogado: AI
207.197-AgR/PR, Ministro Octavio Gallotti, "DJ" de 05.6.98; RE 244.027-AgR/SP, Ministra Ellen
Gracie, "DJ" de 28.6.2002. II. - Desnecessidade de intimação pessoal para a sessão de
julgamento, intimados os interessados pela publicação no órgão oficial. Aplicação subsidiária do
disposto no art. 236, CPC. Ademais, a publicidade dos atos administrativos dá-se mediante a sua
veiculação no órgão oficial. III. - Mandado de Segurança indeferido. (MS 24961, Relator(a): Min.
CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2004, DJ 04-03-2005 PP-00012 EMENT VOL-
02182-02 PP-00332 RT v. 94, n. 836, 2005, p. 96-103 LEXSTF v. 27, n. 316, 2005, p. 217-232 RTJ
VOL-00193-01 PP-00347).

Súmula Vinculante 10

Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de Tribunal
que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

Data de Aprovação: Sessão Plenária de 18/06/2008.

Precedentes: RE 482090 (Publicação: DJe nº 48 de 13/03/2009); AI 472897 AgR (Publicações:


DJe nº 131 de 26/10/2007 DJ de 26/10/2007); RE 544246 (Publicações: DJe nº 32 de 08/06/2007
DJ de 08/06/2007); RE 319181 (Publicação: DJ de 28/06/2002); RE 240096 (Publicações: DJ de
21/05/1999 RTJ 169/756).

Comentários: Para evitar a burla ao princípio da reserva de plenário pelos órgãos fracionários é
que o Supremo Tribunal Federal editou o enunciado. Logo, se a decisão proferida pelos referidos
órgãos não declarar a inconstitucionalidade de forma expressa, mas afastar a incidência da
norma estará desrespeitando – de igual forma – o princípio da reserva de plenário, elencado no
art. 97 da CRFB/88. Quando a discussão da inconstitucionalidade da lei é colocada para exame
de órgão fracionário do Tribunal (turmas, seções ou câmaras, por exemplo), deve-se observar
os arts. 948 a 950 do CPC, quando três caminhos podem se abrir: a) se o órgão fracionário
entender que a norma questionada é válida, prossegue no julgamento do mérito da causa,
conforme dispõe o art. 949, I do CPC; b) se o órgão fracionário concordar com a
inconstitucionalidade suscitada não pode declará-la (em princípio). Deve promover a cisão do
julgamento e remeter ao órgão pleno ou ao órgão especial do tribunal o exame da
inconstitucionalidade (art. 949, II do CPC). Nessa hipótese, o órgão pleno ou especial do tribunal
examina tão somente se existe a inconstitucionalidade alegada e, lavrando acórdão, devolve-o
ao órgão fracionário para a continuidade do julgamento, com a apreciação do mérito; c) se o
órgão fracionário entender que a norma invocada para a solução do caso concreto é inválida e
se esta invalidade já tiver sido declarada pelo órgão pleno ou especial daquele tribunal ou pelo
órgão pleno do STF em outra causa, pode aplicar o entendimento de qualquer destas Cortes e
julgar imediatamente o mérito da causa. Ou seja, por medida de economia e celeridade
processuais, pode ocorrer de o órgão fracionário julgar diretamente o mérito da causa fundado
em decisão anterior de inconstitucionalidade daquela mesma norma. É o que autoriza o art. 949,
parágrafo único, do CPC.

Atenção!

....“Ressaltou que o entendimento prevalecente na Suprema Corte é o de que não afronta o


Enunciado 10 da Súmula Vinculante, nem a regra do art. 97 da Constituição Federal, o ato da
autoridade judiciária que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não haver
subsunção aos fatos ou, ainda, que a incidência normativa seja resolvida mediante a sua mesma
interpretação, sem potencial ofensa direta à Constituição. No caso da presente reclamação,
interpretou-se a legislação infraconstitucional respectiva (Lei 8.987/1995), à luz da decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF 46 sem qualquer
indício de declaração de inconstitucionalidade da referida norma. Além de a questão posta já se
encontrar judicializada em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida,
dúvida razoável acerca da interpretação das normas infraconstitucionais não é hipótese de
cabimento de reclamação". (Rcl 24284/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 22.11.2016).

Ementas de Precedentes:

CONSTITUCIONAL. PROCESSO CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ACÓRDÃO QUE AFASTA A


INCIDÊNCIA DE NORMA FEDERAL. CAUSA DECIDIDA SOB CRITÉRIOS DIVERSOS ALEGADAMENTE
EXTRAÍDOS DA CONSTITUIÇÃO. RESERVA DE PLENÁRIO. ART. 97 DA CONSTITUIÇÃO.
TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/2005, ARTS. 3º E 4º. CÓDIGO TRIBUTÁRIO
NACIONAL (LEI 5.172/1966), ART. 106, I. RETROAÇÃO DE NORMA AUTO-INTITULADA
INTERPRETATIVA. "Reputa-se declaratório de inconstitucionalidade o acórdão que - embora sem
o explicitar - afasta a incidência da norma ordinária pertinente à lide para decidi-la sob critérios
diversos alegadamente extraídos da Constituição" (RE 240.096, rel. min. Sepúlveda Pertence,
Primeira Turma, DJ de 21.05.1999). Viola a reserva de Plenário (art. 97 da Constituição) acórdão
prolatado por órgão fracionário em que há declaração parcial de inconstitucionalidade, sem
amparo em anterior decisão proferida por Órgão Especial ou Plenário. Recurso extraordinário
conhecido e provido, para devolver a matéria ao exame do Órgão Fracionário do Superior
Tribunal de Justiça. (RE 482090, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado
em 18/06/2008, DJe-048 DIVULG 12-03-2009 PUBLIC 13-03-2009 EMENT VOL-02352-06 PP-
01134 RTJ VOL-00209-03 PP-01374).
EMENTA: Controle de constitucionalidade: reserva de plenário (art. 97 da Constituição Federal).
Inobservância. Recurso extraordinário provido, para cassar a decisão recorrida, a fim de que seja
a questão de inconstitucionalidade submetida ao órgão competente. (RE 319181,
Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Primeira Turma, julgado em 21/05/2002, DJ 28-06-2002 PP-
00127 EMENT VOL-02075-09 PP-01806).

Súmula Vinculante 12

A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da
Constituição Federal.

Data de Aprovação: Sessão Plenária de 13/08/2008.

Precedentes: RE 562779 (Publicação: DJe nº 38 de 27/02/2009); RE 500171 (Publicação: DJe nº


202 de 24/10/2008); RE 542422 (Publicação: DJe nº 202 de 24/10/2008); RE 536744 (Publicação:
DJe nº 202 de 24/10/2008); RE 536754 (Publicação: DJe nº 202 de 24/10/2008).

Comentários: As universidades públicas são proibidas de cobrar taxa de matrícula. O art. 206 da
CRFB/88 mostra que existe a obrigação do Estado de manter uma estrutura que permita ao
cidadão o acesso ao ensino superior. Além disso, a gratuidade estabelecida pelo citado
dispositivo mostra-se como um princípio que não encontra qualquer limitação no que tange aos
distintos graus de formação acadêmica. Dessa forma, as universidades públicas, integralmente
mantidas pelo Estado, não podem criar quaisquer obstáculos de natureza financeira para o
acesso dos estudantes aos cursos que ministram, ainda que de pequena expressão econômica.

(...) “a gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais, conforme se lê no caput do


art. 206, IV, configura um princípio. Um princípio que não encontra qualquer limitação, no
tocante aos distintos graus de formação acadêmica. (...) O que não se mostra factível, do ponto
de vista constitucional, é que as universidades públicas, integralmente mantidas pelo Estado,
criem obstáculos de natureza financeira para o acesso dos estudantes aos cursos que ministram,
ainda que de pequena expressão econômica, a pretexto de subsidiar alunos carentes, como
ocorre no caso dos autos. (...) Não se afigura razoável, ademais, que se cobre uma taxa de
matrícula dos estudantes das universidades públicas, em especial das federais, visto que
a CF/1988, no art. 212, determina à União que aplique, anualmente, nunca menos de 18% da
receita resultante de impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino”. [RE 500.171, voto
do rel. min. Ricardo Lewandowski, P, j. 13-8-2008, DJE 202 de 24-10-2008, Tema 40.].

Ementas de Precedentes:

ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. ESTABELECIMENTO OFICIAL. COBRANÇA DE TAXA DE


MATRÍCULA. INADMISSIBILIDADE. EXAÇÃO JULGADA INCONSTITUCIONAL. I - A cobrança de
matrícula como requisito para que o estudante possa cursar universidade federal viola o art.
206, IV, da Constituição. II - Embora configure ato burocrático, a matrícula constitui formalidade
essencial para que o aluno tenha acesso à educação superior. III - As disposições normativas que
integram a Seção I, do Capítulo III, do Título VIII, da Carta Magna devem ser interpretadas à dos
princípios explicitados no art. 205, que configuram o núcleo axiológico que norteia o sistema de
ensino brasileiro. (RE 562779, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno,
julgado em 13/08/2008, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-038
DIVULG 26-02-2009 PUBLIC 27-02-2009 EMENT VOL-02350-04 PP-00664).
ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. ESTABELECIMENTO OFICIAL. COBRANÇA DE TAXA DE
MATRÍCULA. INADMISSIBILIDADE. EXAÇÃO JULGADA INCONSTITUCIONAL. I - A cobrança de
matrícula como requisito para que o estudante possa cursar universidade federal viola o art.
206, IV, da Constituição. II - Embora configure ato burocrático, a matrícula constitui formalidade
essencial para que o aluno tenha acesso à educação superior. III - As disposições normativas que
integram a Seção I, do Capítulo III, do Título VIII, da Carta Magna devem ser interpretadas à dos
princípios explicitados no art. 205, que configuram o núcleo axiológico que norteia o sistema de
ensino brasileiro. (RE 500171, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno,
julgado em 13/08/2008, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-202 DIVULG 23-10-2008 PUBLIC
24-10-2008 EMENT VOL-02338-05 PP-01014 LEXSTF v. 30, n. 360, 2008, p. 174-198).

Súmula Vinculante 18

A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a


inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

Data de Aprovação: Sessão Plenária de 29/10/2009.

Precedentes: RE 568596 (Publicação: DJe nº 222 de 21/11/2008); RE 433460 (Publicação: DJ de


19/10/2006); RE 446999 (Publicação: DJ de 09/09/2005).

Comentários: Trata-se da preocupação de inibir que a dissolução fraudulenta ou simulada de


sociedade conjugal seja utilizada como mecanismo de burla à norma da inelegibilidade reflexa
prevista no § 7º do art. 14 da CRFB/88. Portanto, não atrai a aplicação do entendimento
constante da referida súmula a extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges.

“A Súmula Vinculante 18 do STF (“A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do


mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do art. 14 da Constituição Federal”) não
se aplica aos casos de extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges”. [Tese
definida no RE 758.461, rel. min. Teori Zavascki, P, j. 22-5-2014, DJE 213 de 30-10-2014, Tema
678.].

Ementas de Precedentes:

CONSTITUCIONAL. ELEITORAL. ELEGIBILIDADE DE EX-CÔNJUGE DE PREFEITO REELEITO. CARGO


DE VEREADOR. IMPOSSIBILIDADE. ART. 14, § 7º, DA CONSTITUIÇÃO. SEPARAÇÃO JUDICIAL NO
CURSO DO SEGUNDO MANDATO ELETIVO. SEPARAÇÃO DE FATO NO CURSO DO PRIMEIRO
MANDATO ELETIVO. OPORTUNA DESINCOMPATIBILIZAÇÃO. INOCORRÊNCIA. RE DESPROVIDO I
- A dissolução da sociedade conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista
no art. 14, § 7º, da CF. II - Se a separação judicial ocorrer em meio à gestão do titular do cargo
que gera a vedação, o vínculo de parentesco, para os fins de inelegibilidade, persiste até o
término do mandato, inviabilizando a candidatura do ex-cônjuge ao pleito subsequente, na
mesma circunscrição, a não ser que aquele se desincompatibilize seis meses antes das eleições.
III - Recurso extraordinário desprovido. (RE 568596, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Tribunal Pleno, julgado em 01/10/2008, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-222 DIVULG 20-11-
2008 PUBLIC 21-11-2008 EMENT VOL-02342-16 PP-03239 RTJ VOL-00207-03 PP-01230).

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA AO CARGO DE PREFEITO.


ELEIÇÕES DE 2004. ART. 14, §7º DA CF. CANDIDATO SEPARADO DE FATO DA FILHA DO ENTÃO
PREFEITO. SENTENÇA DE DIVÓRCIO PROFERIDA NO CURSO DO MANDATO DO EX-SOGRO.
RECONHECIMENTO JUDICIAL DA SEPARAÇÃO DE FATO ANTES DO PERÍODO VEDADO.
INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DA REGRA DE INELEGIBILIDADE. 1. A regra estabelecida no art.
14, §7º da CF, iluminada pelos mais basilares princípios republicanos, visa obstar o monopólio
do poder político por grupos hegemônicos ligados por laços familiares. Precedente. 2. Havendo
a sentença reconhecido a ocorrência da separação de fato em momento anterior ao início do
mandato do ex-sogro do recorrente, não há falar em perenização no poder da mesma família
(Consulta nº 964/DF - Res./TSE nº 21.775, de minha relatoria). 3. Recurso extraordinário provido
para restabelecer o registro de candidatura. (RE 446999, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE,
Segunda Turma, julgado em 28/06/2005, DJ 09-09-2005 PP-00059 EMENT VOL-02204-05 PP-
00927 LEXSTF v. 27, n. 323, 2005, p. 307-327 RTJ VOL-00195-01 PP-00342 RCJ v. 19, n. 126, 2005,
p. 49-64).

Súmula Vinculante 25

É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

Data de Aprovação: Sessão Plenária de 16/12/2009.

Precedentes: HC 87585 (Publicação: DJe nº 118 de 26/06/2009); RE 349703 (Publicação: DJe nº


104 de 05/06/2009); RE 466343 (Publicação: DJe nº 104 de 05/06/2009); HC 95967 (Publicação:
DJe nº 227 de 28/11/2008); HC 96687 MC (Publicação: DJe nº 220 de 19/11/2008); HC 91950
(Publicação: DJe nº 216 de 14/11/2008); HC 93435 (Publicação: DJe nº 211 de 07/11/2008); HC
96582 (Publicação: DJe nº 211 de 07/11/2008); RE 562051 RG (Publicação: DJe nº 172 de
12/09/2008); HC 95170 MC (Publicação: DJe nº 143 de 04/08/2008); HC 90172 (Publicação: DJe
nº 82 de 17/08/2007).

Comentários: O status de supra legalidade atribuído ao Pacto de São José da Costa Rica, pelo
STF, fez com que o mesmo pudesse revogar a legislação infraconstitucional que versava sobre a
prisão civil do depositário infiel, em qualquer modalidade de depósito, sendo, portanto, ilícita a
sua prisão civil.

Ementas de Precedentes:

DEPOSITÁRIO INFIEL - PRISÃO. A subscrição pelo Brasil do Pacto de São José da Costa Rica,
limitando a prisão civil por dívida ao descumprimento inescusável de prestação alimentícia,
implicou a derrogação das normas estritamente legais referentes à prisão do depositário infiel.
(HC 87585, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 03/12/2008, DJe-118
DIVULG 25-06-2009 PUBLIC 26-06-2009 EMENT VOL-02366-02 PP-00237).

PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL EM FACE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS


HUMANOS. INTERPRETAÇÃO DA PARTE FINAL DO INCISO LXVII DO ART. 5O DA CONSTITUIÇÃO
BRASILEIRA DE 1988. POSIÇÃO HIERÁRQUICO-NORMATIVA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE
DIREITOS HUMANOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO. Desde a adesão do Brasil, sem
qualquer reserva, ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à Convenção
Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º, 7), ambos no ano
de 1992, não há mais base legal para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial
desses diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar específico no
ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna. O
status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo
Brasil torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou
posterior ao ato de adesão. Assim ocorreu com o art. 1.287 do Código Civil de 1916 e com o
Decreto-Lei n° 911/69, assim como em relação ao art. 652 do Novo Código Civil (Lei n°
10.406/2002). ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. DECRETO-LEI N° 911/69. EQUIPAÇÃO DO
DEVEDOR-FIDUCIANTE AO DEPOSITÁRIO. PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR-FIDUCIANTE EM FACE DO
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. A prisão civil do devedor-fiduciante no âmbito do contrato
de alienação fiduciária em garantia viola o princípio da proporcionalidade, visto que: a) o
ordenamento jurídico prevê outros meios processuais-executórios postos à disposição do
credor-fiduciário para a garantia do crédito, de forma que a prisão civil, como medida extrema
de coerção do devedor inadimplente, não passa no exame da proporcionalidade como proibição
de excesso, em sua tríplice configuração: adequação, necessidade e proporcionalidade em
sentido estrito; e b) o Decreto-Lei n° 911/69, ao instituir uma ficção jurídica, equiparando o
devedor-fiduciante ao depositário, para todos os efeitos previstos nas leis civis e penais, criou
uma figura atípica de depósito, transbordando os limites do conteúdo semântico da expressão
"depositário infiel" insculpida no art. 5º, inciso LXVII, da Constituição e, dessa forma,
desfigurando o instituto do depósito em sua conformação constitucional, o que perfaz a violação
ao princípio da reserva legal proporcional. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO. (RE 349703, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR
MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 03/12/2008, DJe-104 DIVULG 04-06-2009 PUBLIC 05-06-
2009 EMENT VOL-02363-04 PP-00675).

Súmula Vinculante 38

É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.

Data de Aprovação: Sessão Plenária de 11/03/2015.

Precedentes: AI 694033 AgR (Publicação: DJe nº 155 de 09/08/2013); AI 629125 AgR (Publicação:
DJe nº 196 de 13/10/2011); ADI 3691 (Publicação: DJe nº 83 de 09/05/2008); ADI 3731 MC
(Publicação: DJe nº 121 de de 11/10/2007); AI 565882 AgR (Publicação: DJe nº 92 de
31/08/2007); AI 622405 AgR (Publicação: DJe nº 37 de 15/06/2007); RE 441817 AgR (Publicação:
DJ de 24/03/2006); AI 481886 AgR (Publicação: DJ de 01/04/2005); AI 413446 AgR (Publicação:
DJ de 16/04/2004); RE 189170 (Publicação: DJ de 08/08/2003); RE 321796 AgR (Publicação: DJ
de 29/11/2002).

Comentários: Trata-se da conversão da súmula 645 do STF em súmula vinculante. O horário de


funcionamento dos estabelecimentos comerciais deve atender a características locais próprias,
análise a ser feita pelo Poder Legislativo local.

Importante ressaltar uma exceção ao enunciado acima, pois segundo o STF e até mesmo o STJ,
as leis municipais não podem estipular o horário de funcionamento dos bancos, já que a
competência para definir o horário de funcionamento das instituições financeiras é da União.
Isso porque tal assunto traz consequências diretas para transações comerciais intermunicipais e
interestaduais, transferências de valores entre pessoas em diferentes partes do país, dentre
outras situações que transcendem o interesse local do Município. Dessa forma, o horário de
funcionamento bancário é um assunto de interesse nacional (RE 118363/PR).

Ementas de Precedentes:

Agravo regimental no agravo de instrumento. Município. Fixação de horário de funcionamento


de estabelecimento comercial. Competência. Matéria de interesse local. Precedentes. 1. O
Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que compete aos municípios legislar sobre
o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais situados no âmbito de seus
territórios, por se tratar de matéria de interesse local. 2. Agravo regimental não provido. (AI
694033 AgR, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 21/05/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-155 DIVULG 08-08-2013 PUBLIC 09-08-2013).

Agravo regimental no agravo de instrumento. Farmácia. Horário de funcionamento.


Competência municipal. Precedentes. 1. A jurisprudência desta Corte está consolidada no
sentido de que os Municípios são competentes para fixar o horário de funcionamento de
farmácias e drogarias, o que não implica em violação aos princípios constitucionais da isonomia,
da livre iniciativa, da livre concorrência e da defesa do consumidor. 2. Agravo regimental não
provido. (AI 629125 AgR, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 30/08/2011,
DJe-196 DIVULG 11-10-2011 PUBLIC 13-10-2011 EMENT VOL-02606-03 PP-00380).

Você também pode gostar