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06/05/20

Atualização Jurídica Semanal

Volume 2
Maio.2020
SUMÁRIO
1. Inovações Legislativas................................................................................................................................................. 3

1.1 Lei nº 13.994, de 24 de abril de 2020 ..................................................................................................... 3

2. Tribunais ........................................................................................................................................................................... 5

2.1 Supremo Tribunal Federal – STF ................................................................................................................ 5

2.1.1 Interrupção da prescrição .......................................................................................................................... 5

2.1.2 Ensino sobre questões de gênero ......................................................................................................... 6

2.2 Superior Tribunal de Justiça – STJ ................................................................................................................. 6

2.2.1 Reconhecimento da reincidência na fase executória .................................................................... 6

2.2.2 Constituição de procurador para defesa de interditado ............................................................. 7

QUADRO SINÓTICO ........................................................................................................................................................ 9

LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 10

JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................ 11

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................. 14


CONCURSEIRO EM DIA

Volume 2 – Maio/2020
Neste capítulo abordar-se-ão as principais inovações legislativas e recentes jurisprudências
firmadas pelos Tribunais Superiores, notadamente o Supremo Tribunal Federal e o Superior
Tribunal de Justiça. No universo dos concursos públicos é fundamental manter-se bem
informado. Para isto, conte sempre conosco.

Vamos juntos!

1. Inovações Legislativas

1.1 Lei nº 13.994, de 24 de abril de 2020

A lei em epígrafe altera a Lei nº 9.099/95, para possibilitar a conciliação não presencial
no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis. A legislação promove alterações nos artigos 22 e 23
da Lei dos JECs. Confira abaixo esquematização comparativa da redação dos dispositivos.

Redação anterior Nova redação


Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou
togado ou leigo ou por conciliador sob sua leigo ou por conciliador sob sua orientação.
orientação.
§1º Obtida a conciliação, esta será reduzida a escrito e
Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será
homologada pelo Juiz togado mediante sentença com
reduzida a escrito e homologada pelo Juiz togado,
eficácia de título executivo. (Incluído pela Lei nº
mediante sentença com eficácia de título executivo.
13.994, de 2020).

§2º É cabível a conciliação não presencial conduzida pelo


Juizado mediante o emprego dos recursos tecnológicos
disponíveis de transmissão de sons e imagens em tempo

real, devendo o resultado da tentativa de conciliação ser


reduzido a escrito com os anexos
pertinentes. (Incluído pela Lei nº 13.994, de 2020).

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Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz Art. 23. Se o demandado não comparecer ou recusar-se
togado proferirá sentença. a participar da tentativa de conciliação não presencial, o
Juiz togado proferirá sentença. (Redação dada pela Lei
nº 13.994, de 2020)

Do comparativo acima, extrai-se que a novel legislação inclui um segundo parágrafo ao


artigo 22, prevendo expressamente a possibilidade de conciliação não presencial. O dispositivo
esclarece, ainda, que para instrumentalizar a autocomposição será possível a utilização de
recursos tecnológicos de transmissão de sons e imagens em tempo real. Por fim, o artigo fixa
a necessidade de redução da tentativa de conciliação a escrito.

A Lei nº 13.994/20 não fixa período de vacatio legis, estabelecendo, o seu artigo 3º, vigência a

partir da data de sua publicação.

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2. Tribunais

2.1 Supremo Tribunal Federal – STF

2.1.1 Interrupção da prescrição


Sob relatoria do Ministro Alexandre de Moraes, no julgamento do Habeas Corpus
176473/RR, fixou-se tese que afasta qualquer distinção entre acórdão condenatório inicial ou
confirmatório da decisão para fins de interrupção da prescrição.

A temática era alvo de divergência entre a Primeira e a Segunda Turma do Supremo, razão
pela qual foi submetida a julgamento pelo Pleno.

O Plenário do STF vislumbrou que, segundo o artigo 117, IV, do Código Penal, não há
distinção entre estes pronunciamentos judiciais, podendo o acórdão que confirma decisão
condenatória interromper o prazo prescricional.

É fundamental conhecer a íntegra do dispositivo mencionado no acórdão.

Art. 117, CP. O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (Redação
dada pela Lei nº 11.596, de 2007).
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação dada pela Lei nº
9.268, de 1º.4.1996)
VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
§1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição
produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que
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sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a
qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o
prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

Do exposto, evidencia-se que o acórdão condenatório, ainda que confirmatório da sentença,


sempre está apto a interromper o prazo prescricional, pois representa pleno exercício da
jurisdição penal.

2.1.2 Ensino sobre questões de gênero


Ao julgar Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, o Plenário do Supremo
declarou inconstitucional legislação de município de Goiás que proibia o uso em escolas
públicas municipais de material didático com conteúdo denominado de “ideologia de gênero".

Também sob relatoria do Ministro Alexandre de Moraes, a ADPF 457/GO, proveniente da


Procuradoria-Geral da República, foi julgada procedente por unanimidade, reconhecendo-se a
competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (art.
22, XXIV, CF).

Ademais, argumentou-se que a legislação municipal, ao vedar a utilização de tais conteúdos,


não estaria cumprindo “com o dever estatal de promover políticas de inclusão e de igualdade,
contribuindo para a manutenção da discriminação com base na orientação sexual e identidade
de gênero”, furtando-se do papel estatal de promoção do bem comum.

2.2 Superior Tribunal de Justiça – STJ


2.2.1 Reconhecimento da reincidência na fase executória
Por maioria de votos, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça entendeu que a
reincidência deve ser considerada no momento da execução da pena, sendo reconhecida
ou não na sentença condenatória, por integrar as condições pessoais do condenado.

O julgamento dos EREsp 1738968 põe fim à divergência entre a Quinta e a Sexta Turma do
STJ. Aquela Turma entendia que a proclamação da reincidência, não reconhecida de forma

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expressa na sentença, pelo juiz da execução, afrontaria a coisa julgada e o princípio non
reformatio in pejus.

EREsp é a sigla para Embargos de Divergência em Recurso Especial. Fique atento!

A decisão subsidia-se no reconhecimento de que a reincidência é condição pessoal, que


acompanha o condenado, inclusive para fins de progressão de regime, sendo atribuição também
do juízo da execução a individualização da pena.

Afasta-se a tese de ofensa à coisa julgada e ao princípio non reformatio in pejus, pois não
há agravamento do tempo da pena nem modificação de seu regime inicial. A relatora, Ministra
Laurita Vaz, ainda destacou que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas, vem
decidindo neste sentido.

2.2.2 Constituição de procurador para defesa de interditado


No julgamento do REsp 1705605/SC, a Terceira Turma do STJ firmou entendimento de que
o curador não pode constituir defensor para representar o interditado sem prévia
autorização judicial.

A relatora do processo, Ministra Nancy Andrighi, asseverou que tal autorização é necessária
tanto nas ações que o interditado precise ajuizar quanto nas que sejam movidas contra ele, nos
termos do artigo 1.748, V, do Código Civil.

Os atos praticados por procurador constituído irregularmente que se enquadrem na hipótese


do artigo 1.748, V, do Código Civil são passíveis de convalidação, conforme disciplina do
parágrafo único, do mesmo dispositivo.

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Art. 1.748, CC. Compete também ao tutor, com autorização do juiz:
I - pagar as dívidas do menor;
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;
III - transigir;
IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os imóveis nos
casos em que for permitido;
V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as
diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos.
Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficácia de ato do tutor
depende da aprovação ulterior do juiz.

Todavia, o colegiado fixou distinção relevante no que toca à convalidação dos atos. Não se
aplica às hipóteses discriminadas no artigo 1.749, do Diploma Civil, referida possibilidade. Assim,
enquanto a inobservância da exigência legal não implica nulidade absoluta no caso do artigo
1.748, a ofensa à regra do artigo 1.749 não é suscetível de ratificação posterior.

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QUADRO SINÓTICO

INOVAÇÕES LEGISLATIVAS
Altera a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, para possibilitar a conciliação
Lei nº 13.994/20 não presencial no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis.

TRIBUNAIS
Não há distinção entre acórdão condenatório inicial ou confirmatório da
HC 176.473/RR decisão para fins de interrupção da prescrição.

Inconstitucional legislação municipal que veda a utilização em escolas


ADPF 457/GO públicas municipais de material didático sobre “ideologia de gênero”.

Mesmo não reconhecida na sentença condenatória, a reincidência deve ser


EREsp 1.738.968/MG considerada no momento da execução da pena.

Curador não pode constituir defensor para representar interditado sem


REsp 1.705.605/SC
prévia autorização judicial.

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LEGISLAÇÃO COMPILADA

 Lei nº 13.994, de 24 de abril de 2020: íntegra.


 Lei nº 9.099/95, de 26 de setembro de 1995: artigos 22 e 23.

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JURISPRUDÊNCIA

Supremo Tribunal Federal

 HC 176.473/RR
Decisão: O Tribunal, por maioria, indeferiu a ordem de habeas corpus e fixou a seguinte tese: "Nos termos do
inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o Acórdão condenatório sempre interrompe a prescrição, inclusive quando
confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a pena anteriormente imposta",
nos termos do voto do Relator, vencidos os Ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello.
Plenário, Sessão Virtual de 17.4.2020 a 24.4.2020.

 ADPF 457/GO

EMENTA: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. DIREITO CONSTITUCIONAL. LEI


1.516/2015 DO MUNICÍPIO DE NOVO GAMA – GO. PROIBIÇÃO DE DIVULGAÇÃO DE MATERIAL COM INFORMAÇÃO
DE IDEOLOGIA DE GÊNERO EM ESCOLAS MUNICIPAIS. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA PRIVATIVA LEGISLATIVA

DA UNIÃO. DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (ART. 22, XXIV, CF). VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS

ATINENTES À LIBERDADE DE APREENDER, ENSINAR, PESQUISAR E DIVULGAR O PENSAMENTO A ARTE E O SABER


(ART. 206, II, CF), E AO PLURALISMO DE IDEIAS E DE CONCEPÇÕES PEDAGOGICAS (ART. 206, III, CF). PROIBIÇÃO
DA CENSURA EM ATIVIDADES CULTURAIS E LIBERDADE DE EXPRESSÃO (ART. 5º, IX, CF). DIREITO À IGUALDADE

(ART. 5º, CAPUT, CF). DEVER ESTATAL NA PROMOÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE COMBATE À DESIGUALDADE E
À DISCRIMINAÇÃO DE MINORIAS. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL RECONHECIDAS.

PROCEDÊNCIA. 1. Compete privativamente à União legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (CF, art.
22, XXIV), de modo que os Municípios não têm competência legislativa para a edição de normas que tratem de
currículos, conteúdos programáticos, metodologia de ensino ou modo de exercício da atividade docente. A eventual
necessidade de suplementação da legislação federal, com vistas à regulamentação de interesse local (art. 30, I e
II, CF), não justifica a proibição de conteúdo pedagógico, não correspondente às diretrizes fixadas na Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996). Inconstitucionalidade formal. 2. O exercício da jurisdição
constitucional baseia-se na necessidade de respeito absoluto à Constituição Federal, havendo, na evolução das
Democracias modernas, a imprescindível necessidade de proteger a efetividade dos direitos e garantias
fundamentais, em especial das minorias. 3. Regentes da ministração do ensino no País, os princípios atinentes à
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber (art. 206, II, CF) e ao pluralismo
de ideias e de concepções pedagógicas (art. 206, III, CF), amplamente reconduzíveis à proibição da censura em

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atividades culturais em geral e, consequentemente, à liberdade de expressão (art. 5º, IX, CF), não se direcionam
apenas a proteger as opiniões supostamente verdadeiras, admiráveis ou convencionais, mas também aquelas

eventualmente não compartilhada pelas maiorias. 4. Ao aderir à imposição do silêncio, da censura e, de modo mais

abrangente, do obscurantismo como estratégias discursivas dominantes, de modo a enfraquecer ainda mais a
fronteira entre heteronormatividade e homofobia, a Lei municipal impugnada contrariou um dos objetivos
fundamentais da República Federativa do Brasil, relacionado à promoção do bem de todos (art. 3º, IV, CF), e, por
consequência, o princípio segundo o qual todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (art.
5º, caput, CF). 5. A Lei 1.516/2015 do Município de Novo Gama – GO, ao proibir a divulgação de material com

referência a ideologia de gênero nas escolas municipais, não cumpre com o dever estatal de promover políticas de
inclusão e de igualdade, contribuindo para a manutenção da discriminação com base na orientação sexual e
identidade de gênero. Inconstitucionalidade material reconhecida. 6. Arguição de descumprimento de preceito

fundamental julgada procedente.

Superior Tribunal de Justiça

 EREsp 1.738.968/MG

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PENAL. AUSÊNCIA

DE RECONHECIMENTO DA REINCIDÊNCIA PELO JUÍZO SENTENCIANTE. PROCLAMAÇÃO PELO JUÍZO DA


EXECUÇÃO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ACOLHIDOS.
1. A individualização da pena se realiza, essencialmente, em três momentos: na cominação da pena em abstrato ao

tipo legal, pelo Legislador; na sentença penal condenatória, pelo Juízo de conhecimento; e na execução penal, pelo
Juízo das Execuções. 2. A intangibilidade da sentença penal condenatória transitada em julgado não retira do Juízo

das Execuções Penais o dever de adequar o cumprimento da sanção penal às condições pessoais do réu. 3.
'Tratando-se de sentença penal condenatória, o juízo da execução deve se ater ao teor do referido decisum, no

tocante ao quantum de pena, ao regime inicial, bem como ao fato de ter sido a pena privativa de liberdade
substituída ou não por restritivas de direitos. Todavia, as condições pessoais do paciente, da qual é exemplo a
reincidência, devem ser observadas pelo juízo da execução para concessão de benefícios (progressão de regime,
livramento condicional etc.). (AgRg no REsp 1.642.746/ES, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA

TURMA, julgado em 03/08/2017, DJe 14/08/2017). 4. Embargos de divergência acolhidos para, cassando o acórdão

embargado, dar provimento ao agravo regimental, para dar provimento ao recurso especial e, assim, também cassar
o acórdão recorrido e a decisão de primeiro grau, devendo o Juízo das Execuções promover a retificação do
atestado de pena para constar a reincidência, com todos os consectários daí decorrentes.

 REsp 1.705.605/SC

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA NO CÓDIGO CIVIL DE 1916. OMISSÃO NO JULGADO.
INOCORRÊNCIA. EXAME DAS QUESTÕES RELEVANTES SUBMETIDAS AO ÓRGÃO JULGADOR. CURADOR JUDICIAL.
OUTORGA DE PROCURAÇÃO A TERCEIRO, EM NOME DA CURATELADA, SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. NULIDADE

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RELATIVA. ANULABILIDADE. CONVALIDAÇÃO OU RATIFICAÇÃO JUDICIAL POSTERIOR. POSSIBILIDADE.
CONTRATAÇÃO, PELO MANDATÁRIO, DE ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA PARA DEFESA DA INTERDITADA EM AÇÃO

RESCISÓRIA. POSSIBILIDADE. PODERES DE GESTÃO PATRIMONIAL, NO CÓDIGO CIVIL DE 1916, CONCENTRADOS

NA FIGURA DO CÔNJUGE VARÃO. AUSÊNCIA DE TRANSFERÊNCIA DA PRÓPRIA CURATELA. OBSERVÂNCIA DO


MELHOR INTERESSE DA INTERDITADA. 1- Ação ajuizada em 10/12/2001. Recurso especial interposto em 17/12/2015
e atribuído à Relatora em 08/08/2017. 2- Os propósitos recursais consistem em definir: (i) se houve omissões
relevantes no acórdão recorrido; (ii) se poderia o curador judicial constituir procurador, sem prévia autorização
judicial, para celebrar negócios jurídicos em nome da interditada, em especial a contratação de advogados para a

defesa da interditada em ação rescisória que fora contra ela ajuizada. 3- Inexiste omissão no julgado que examine
as questões relevantes para o desate da controvérsia, ainda que em sentido diverso daquele pretendido pela parte.
4- A inobservância da regra do art. 427, VII, do CC/1916 (atual art. 1.748, V, do CC/2002), que prevê que caberá ao

tutor, e também ao curador, apenas mediante prévia autorização judicial, propor ou responder as ações que
envolvam o tutelado ou curatelado, é causa de nulidade relativa (ou anulabilidade) suscetível de convalidação e
ratificação judicial posterior. 5- A outorga de procuração, pelo curador judicial e cônjuge da interditada, para que

terceiro, em nome dela, celebrasse contrato de prestação de serviços advocatícios para defendê-la em ação

rescisória, deve ser reputada como válida, na vigência do CC/1916, tendo em vista o contexto normativo e social

que previa a cessão de uma vasta gama de poderes de gestão e de administração ao cônjuge varão e, sobretudo,
por não ter havido a transferência da curatela propriamente dita, mas, apenas a gestão dos bens de propriedade

dos cônjuges, bem como por ter sido buscado e atingido o melhor interesse da interditada. 6- Recurso especial

conhecido e desprovido.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Presidência da República, 1988.

______. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de Janeiro:


Presidência da República, 1940.

______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília: Presidência da República,
2002.

______. Lei nº 13.994, de 24 de abril de 2020. Altera a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995,
para possibilitar a conciliação não presencial no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis.
Brasília: Presidência da República, 2020.

STF. Supremo Tribunal Federal. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/. Acessado em 05/05/2020.

STJ. Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Inicio.


Acessado em 05/05/2020.

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