Você está na página 1de 6

116 JURISPRUD!

:NCIA

rior, acentuando que das 890.512 em- sejou a Súmula n.O 501, certo que, im-
_prê.::as ca dastradas, apenas 213.813 pondo-lhes situação mais onerosa, a so-
for am passíveis de inspeção. lução merece equiva ler-se, é que, dando
8. T udo está a mostrar, e de for- cumprimento as decisões impugnadas
m a evidente, que, sem a prévia regu - à condição processual, imposta por lei
la mentação do Decreto-lei n.º 893, no a inda inexeqüível, obstando a aprecia-
tocante à exrigência nela introduzida çã o de invocada lesão do direito in-
para o ingresso p erante o Poder Judi- dividual, contrariaram elas, a um
ciá r io, e de ta l forma que assegure aos só tempo, duas garantias asseguradas
a eiden!ados a pronta solução de seus da Constituiçã o, a s dos §§ 4. 0 e 2.0 do
dissíd:os p ~lo infortún io emergente do art. 153.
labor, no vasto t erritório nacional, in- 9. Justifico, assim, o conhecimento
viável se torna o seu cumprimento. do recurso e o seu provimento, para o
P or imposição menos gravosa aos efeito de, reformando as decisões ob-
trabalhadores vítimas dos riscos de jeto do presente r ecurso, determinar
-zua ativ:da ce, qua ndo se lhes apontou que sej a processada a a ção promovida
:a ,Tusti ça F ederal de l.º e 2. 0 grau para pelo recorrente, independentemente da
·solver seus litígios, tornou esta Côrte prcva exi gi da de ter exaurido perante
'inefi caz a exi;?"ência, através do julgado o recor r ido a instância administrativa.
proferido r.o C J n.0 3.893, o qual en- É o meu voto.

CHEQUE. CONVENÇÃO DE GENEBRA


L ei Unif orme sôbre o Cheque , una nimidade de votos, conhecer do re-
adotada pela Com)( w;ão de Ge- curso e lhe dar provimento.
ne brc,. A provada es3a Convenção Brasília , 4 de agôsto de 1971.
pelo Cangro,sso N acional, e r e- A licnnar Baleeiro, Presidente - Os-
gularmente promuluada, suas waldo Trigue>iro, Relator.
nornws têm aplicação imediata.
inclusive naquilo em que modi- RELATÓRIO
dif icarem a legislação in terna.
R ecu rso extraordinár i o conhe- O S enhor Ministro Oswaldo Trig1ieiro
cido e provido. - O Juiz da Terceir a Vara Cível de
Curitiba julgo u Anibal Goulart Maia
RECURSO E TRAORDINARIO Filho carecedor da ação executiva que
N. 0 71.15<1 intentou cont ra Odilon Mello de Freit a s,
em razão da prescri ção verificada de
Paraná acôrdo com o art. 52 da Lei Uniforme
sôbre Cheque, adotada pela Convenção
Recorrente : Odilon Mello de Freitas. de Genebra, celebrada em 19 de mar ço
Recorrido : Anibal Goulart Maia Filho. de 1931 (fls. 59).
Interposto agravo, veio êste a ser
ACÓRDÃO provido pela Quarta Câmara Cível do
Tribunal de Justiça, ut acórdão de
Vistos, r elatados e discutidos êstes fl s. 72 que det erminou o prosseguimento
autos, acordam os Ministros do Supre- da açã o e está assim ementado:
mo Tribunal F eder al, em Sessão Ple- "Cheque - Convenção de Genebra
nária, na conformidade da ata do jul- - Lei Uniforme - Inaplicabilidade na
gamento e das notas taquigráficas, por ordem interna, enquanto não promul-
JURISPRUDF'.: NCIA 117

gada legislação ordinária Prescrição vada pelo Congresso Nacional, sob a


da ação - Carecedor da ação - Pro- vigência da Constituição de 1946, me-
vimento do Agravo. diante o Decreto Legislativo n. 0 54, de
A Convenção de Genebra não afetou 8-9-64, e promulgada pelo Decreto
a vigência da lei brasileira sôbre o n. 0 57.595, de 7-1-1966.
cheque. Os que entendem que essa incorpora-
As convenções internacionais não têm ção depende ainda ide legi.slação es-
o poder de modificar a legislação in- pecial acentuam que, no sistema bra-
terna de cada nação participante. sileiro, a lei só se revoga por outra
Os tratados, as convenções interna- lei, e que as nossas Constituições ja-
cionais, não são auto-executáveis, de- mais cons::igraram norma pertinente à
pendendo, para que entrem no quadro imediata eficácia dos tratados, celebra-
da legi~çã o interna, de lei elaborada dos pelo Brasil, quando colidentes com
pelo Congresso. Pa:'a vigorar no Br&Gil o nireito interno.
a Lei Uniforme de Genebra, há neces- Para êsse efeito, sem dúvida, ine-
sidade de uma nova lei cambial, em xiste regra constitucional expressa.
substituição ao Decreto n. 0 2. 044, Penso, todavia, que o princípio está
de 1908. implícito no contexto da lei maior.
Permanecei 1 vi~entes as leis ns ..... O art. 64, I, da Constituição de 1946
2.044, de l!l08, 2.591, de l!l12, e demais incluiu na competência exclusiva do
leis posterio ·e~ que r egulam a emissão, Congresso acional resolver definitiva-
circulação e pagamento de lf:'tras de mente sôbre os tratados e convenções
câmbio, notas promissórias e cheques". celebrados, com E stados estrangeiros,
Daí o presente recurso extraordiná- pelo Presidente da República. O prin-
rio, interpo~to com fundamento nas alí- cípio foi reproduzido pela Constituição
neas a e d do permissivo constitucional d~ 1967 (art. 47, I) e mantido pela vi-
(fls. 76) , no qual se alega negativa gente Emenda Constitucional n .0 1
de vigência de tratado e dissídio com (art. 44, 1).
d?cisões do Supremo Tribunal e do Não me parece curial que o Brasil
Tribunal de Justiça do Rio Grande do firme um tratado, que êsse t r atado seja
Sul , indicadas e transcritas às fls. 79/80. aprovado definitivamente pelo Con-
Admitido pelo despacho dP fls. 83, gresso Nacional, que em seguida seja
o recurso teve processamento regular. promulgado e, apesar de tudo isso, sua
Opir.ando pelo conhecimento e pro- ·a id?..de ainda fique dependendo de
vimento do recurso. a douta Procurado- nôvo ato do Poder Legislativo. A pre-
ri a-Geral <la República emitiu o pa- valecer êsse critério, o tratado, após
rec<.>r <le fls. 102, a qu~ anexou tra- sua ratificação, vigoraria apen as no
halho doutr inário do ilustre professor plano internacional, porém não no âm-
,vaaner Turbay Barreira. bito do direito interno, o que colocaria
o Brasil na privilegi ada posição de
VQTO poder exigir a observância do pactuado
pelas outras partes contratantes, sem
O S en hor Minist,ro Oswaldo Tr i- ficar sujeito à obrigação recíproca.
gueiro (R elator) - A controvérsia que A objeção seria ponderável se a
o presente r ecurso traz ao Supremo aprovação do tratado estivesse con-
Tribunal diz respeito à vigência, no fiada a outro órgão, que não o Con-
plano do direito interno, da Lei Uni- ~re~1,o Nacional. Mas, se a aprovação
forme sôbre cheque, adotada pela Con- é ato do mesmo poder elaborador do
vençií o de Genebra, de 1931, a que o direito escrito, não se justificaria que,
Brasil aderiu. Essa Convenção foi apro- além de solenEmente aprovar os têrmos
118 JURISPRUDftNCIA

do trntado, o Congresso Nacional ainda nadas, acham·-se em vigor e sua


tivesse de confirmá-los, repetitivamen- eficácia não se restringe aos atos
te, em nôvo diploma legal. de caráter internacional, senão que
Acresce que a aprovação dos tratados alcança, igualmente, as relações de
ôbedece ao mesmo processo de elabo- direito interno.
ração da lei, com a observância de idên- Estão em vigor no Brasil - a
ticas formalidades de tramitação. É Lei Uniforme sôbre Letra de Câm-
certo que se dispensa a sanção presiden- bio e Nota Promissória, assinadas
cial. Mas esta seria desnecessária, por- em Genebra em 7 de junho de
que, quando celebra um tratado e o 1930 e a Lei Uniforme sôbre Che-
:submete à aprovação legislativa, o Pre- que, ali assinada em 19 de março
;sidente ,o bviamente manifesta sua con- de 1931 - ambas com as neces-
-cordância. sárias adaptações aos textos ainda
Por outro lado, a Constituição in- vigentes de nosso direito e a ela
,clui, na competência do Supremo Tri- anterior, em face das reservas a
bunal, a atribuição de julgar, median- elas oferecidas pelo Brasil, no mo-
te recurso extraordinário, causa~ mento em que a elas aderiu."
oriundas da instância inferior, quando
a decisão fôr contrária à letra de tra- Nesse trabalho, o então Consultor-
tado ou de lei federal. Geral, doutor Adroaldo Mesquita da
A meu ver, essa norma consagra a Costa, analisou longa e eruditamente
v1gencia dos tratados, independente- a controvérsia, sob os seus vários as-
mente de lei especial. Porque, se essa pectos. E, a propósito, rememorou os
vigência dependesse de lei, a referên- debates travados na Assembléia Na-
cia a tratado, no dispositivo constitu- cional Constituinte de 1946, quando
cional, seria de todo ociosa. Por ou- teve oportunidade de impugnar artigo
tras palavras, a Constituição prevê a do Projeto em discussão, no qual se
ni!gativa de vigência da lei e a nega- dizia: "os tratados e convenções que
t iva de vigência do tratado, exigindo celebrar na forma desta Constituição
para a validade dêste a aprovação pelo passarão a fazer parte da legislação
Congresso, porém não sua reprodução interna". O eminente jurista criticou
formal em t exto da legislação interna. êsse preceito por sua superfluidade,
ft ste é, aliás, o ponto de vista do' Go- sustentando que, entre nós, consoante
vêrno brasileiro, como se verifica do o direito existente desde 1891, a apro-
parecer n. 0 738-H, da Consultoria-Ge- vação dos tratados e convenções é da
ral. aprovado pelo Presidente da Re- competência do Congresso Nacional,
públ ica e publicado no Diário Oficial que sôbre elas resolve definitivamente
dr 2',3/9/ 68 (pág. 8420). As conclusões e, (:Om a votação final, lhes atribui
dêsse parecer estão condensadas em fôrça de lei. Essa impugnação foi aco-
ementa do seguinte teor: lhida pela Constituinte, que expungiu
do texto em elaboração o dispositivo
"As disposições das Convenções censurado.
concluídas em Genebra a 7 de ju- Na jurisprudência do Supremo Tri-
nho de 1930 e 19 de março de bunal o tema já foi aflorado mais de
1!!31, aprovadas pelo Decreto Le- uma vez, porém sem pronunciamento
rris!ativo n. 0 54, de 8 de setembro que se possa ter como conclusivo. Em
de 1964, e nromulgaclas pelos De- seu notável estudo, o Professor Wag-
<'retos ns. 57. 595 e 57. 663, de 7 e ner Barreira aponta algumas decisões,
24 de janeiro de 1966, respectiva- que são aparentemente antagônicas. No
mente. com as re::ervas ali consig· RE 14. 215, julgado em 1956, e relata-
JURISPRUDf:NCIA 119

do por Edgar Costa, o Supremo Tri- abona o entendimento favorável à ime-


bunal teria decidido contràriamente à diata repercussão dos tratados-leis na
possibilidade de revogação da lei pelo área do direito interno. A começar pe-
tratado. Mas o que, nesse caso, se afir- lo direito americano, que nos oferece,
mou foi que a Convenção de Bruxelas, a êsse propósito, o exemplo mais ve-
promulgada pelo Decreto 350, de 1935, tusto. A Constituição dos Estados Uni-
não revogara o art. 494 do Código Co-, dos (art. VI) equipara os tratados às
mercial. O acórdão entendeu compatí- leis federais, atribuindo-lhes a carac-
veis as normas confrontadas, acen- terística de supreme law of the lwnd.
tuando que a própria Convenção res- Desde que aprovados pelo Senado, os
salvara expressamente, em seu art. 14, tratados passam a ter imediata incor-
"a aplicação das regras e vias de exe- poração ao direito interno. É princípio
cução organizadas pelas leis nacionais" que vigora há quase duzentos anos, sem
(Arquivo Judiciário, CXX/266). Con- sofrer impugnação doutrinária de tomo.
ciliando os dois diplomas, o acórdã() Note-se que, nos Estados Unidos, o
não examinou, em tese, o problema da problema apresenta aspectos particula-
prevalência de um sôbre o outro. res que, de certo modo, configuram
Já no julgamento da Apelação Cível uma anomalia do sistema constitucio-
n. 0 9 . 587, o Supremo Tribunal foi mais nal. Em primeiro lugar porque, ali, os
explícito, declarando, como se lê na tratados não são aprovados pelo Con-
ementa respectiva, que "o tratado re- gresso, mas apenas pelo Senado, em-
voga as leis que lhe são anteriores; bora por maioria de dois terços ( Cons-
não pode, entretanto, ser revogado pe- tituição, art. II, 2). Isso significa que
las posteriores, se estas não o fizerem uma lei federal, votada pelo Congresso,
expressamente ou se não o denuncia- pode ser ah-rogada por tratado apro-
rem" ( Revista de Direito Administra- vado apenas pelo Senado. Em segundo
tivo, 34/106). lugar, ocorre que, se dispõe sôbre di-
f:sse ponto de vista foi também ado- reito substantivo, o tratado pode even-
tado, embora incidentemente, no voto tualmente modificar legislação que, na-
vencedor de Philadelpho Azevedo, como quele país, é da competência dos Es-
relator da Apelação Cível 7. 872, na tados-membros. Dessa forma, o direi-
qual se decidiu sôbre a interpretação to estadual, que não pode ser alterado
de clá usula de tratado, relativo a di- por nenhum ato do Congresso, pode
reitos aduaneiros, celebrado entre o ser modificado, eventualmente, por um
Brasil e o Uruguai (Arquivo Judiciá- tratado, aprovado apenas pelo Senado.
rio, 69 / 13) . É esta uma conseqüência aparente-
Em 30/ 9/66, ao julgar o RE 58.713, mente repugnante à índole do regime
a Terceira Turma lhe negou provimen- federativo, porém aceita pela jurispru-
to, por considerar que o art. 30 da Lei dência constitucional. Disso é exemplo
Uniforme não contraria a Lei 2044. clássico o Caso Missouri v. Holland,
Conhecendo do recurso, interposto pelo julgado pela Suprema Côrte, em 1920.
fundamento da contrariedade ao trati:>.- Os Estados Unidos haviam firmado um
do, implicitamente se terá admitido sua tratado com o Canadá, para a prote-
plena vigência ( R T J, 39 / 450). Dadas ção das aves migradoras. Contra a
as peculiaridades dos casos invocados, execução dêsse ato insurgiu-se o Es-
parece certo que o Supremo Tribunal tado de Missouri, sob o argumento de
ainda não firmou orientação que, do que a caça sõmente poderia ser regu-
ponto de vista jurisprudencial, se tenha lada pelo direito estadual. Mas a Su-
como terminativa da controvérsia. prema Côrte deu pela validade do tra-
O direito comparado, a meu ver, tado e reconheceu a legitimidade de
120 JURISPRUD~NCIA

sua aplicação compulsória em relação dos os tratados de significação políti-


aos Estados (552 U.S. 416). ca e dos que impõem modificações ao
O art. 26 da Constituição francesa direito interno. Em nenhuma delas se
de 1946 estatuia que os tratados di- condiciona a vigência do tratado ra-
plomáticos, regularmente ratificados e tificado a nôvo ato legislativo, ou seja,
publicados, tinham fôrça de lei, mes- a lei elaborada para o propósito de in-
mo no caso de serem contrários às leis corporar as normas do tratado à legis-
internas, sem que houvesse necessida- lação nacional. A inexistência dêsse re-
de, para assegurar-lhes a aplicação, de quisito na maioria, senão na totalida-
outras disposições legislativas, a não de das Constituições democráticas, en -
serem as necessárias a assegurarem fraquece a posição doutrinária dos que
sua ratificação. Pela Constituição entendem necessária, além da aprova-
atual (art. 53), os tratados que modifi- ção do tratado, a edição de diploma le-
cam disposições de natureza legislati- gal que reproduza as normas modifi-
va somente podem ser ratificados ou cadoras do direito positivo.
aprovados em virtude de lei, não en- Quanto ao direito brasileiro, não me
trando em vigor senão depois dessa parece razoável que a validade dos
aprovação. No direito francês, dessa tratados fique condicionada à dupla
forma, é imprescindível, para a vali- manifestação do Congresso, exigência
dade dos tratados, o pronunciamento que nenhuma das nossas Constituições
do Poder Legislativo, porém não se jamais prescreveu. Por outro lado,
exige a prática de dois atos sucessi- acho que, em virtude dos preceitos
vos para a incorporação das normas constitucionais anteriormente citados, a
do tratado ao direito do país. definitiva aprovação do tratado, pelo
Segundo a Constituição da Áustria Congresso Nacional, revoga as disposi-
(arts. 49 e 50), os tratados políticos, ções em contrário da legislação ordi-
e os que modificam qualquer lei, não nária.
são válidos antes de sua ratificação
pelo Conselho Federal. Mas, desde que Por todo o exposto, conheço do re-
aprovados, tornam-se obrigatórios a curso e lhe dou provimento, para de-
partir do dia de sua publicação. clarar prescrita a obrigação demanda-
Por igual, a Constituição da Alema- da, de acôrdo com o art. 52 da Lei
nha Ocidental (art. 59.2) estabelece Uniforme, mandada executar, salvo em
que os tratados políticos, bem como os relação às reservas expressas, tão in-
que afetam matérias pertinentes à le- teiramente como nela se contém, pelo
gislação federal, dependem da aquies- Decreto 57.595, de 7 /1/66.
cência do órgão legislativo competen-
Vl()TO
te, mas não se exige que o tratado,
por essa forma aprovado, seja reprodu-
zido em nôvo ato legislativo a fim de O Senhor Ministro Eloy da Rocha:
ser incorporado ao direito comum. - Sr. Presidente, estou de acôrdo com
É êste, de resto, o princípio domi- o erudito e brilhante voto do eminente
nante na generalidade dos países da Ministro Oswaldo Trigueiro.
Europa (cf. as Constituições da Bél- Sem desenvolver o exame da ques-,
gica, art. 68; da Espanha, art. 14; da tão, como agora fêz S. Exa., a antiga
Finlândia, § 33; da Grécia, art. 32; Terceira Turma, em julgado de que
da Itália, art. 80; dos Países Baixos, fui Relator (CJ 4.663, de 17/5/1968 -·
art. 60; da Suécia, art. 12) . Em todos RTJ 48/76-78), admitiu a tese da in-
êsses países, como no Brasil, faz-se ne- serção, no direito positivo brasileiro,
cessária a aprovação legislativa de to- das normas da discutida Convenção de
JURISPRUD!:NCIA 121

Genebra, após aprovação e promulga- Presidência do Sr. Min. Aliomar Ba-


ção desta. leeiro. Presentes à sessão os Srs. Mins.
Luiz Gallotti, Adalício Nogueira, Os-
ExtratlJ da Ata waldo Trigueiro, Eloy da Rocha, Dja-
ci Falcão, Barros Monteiro, Amaral
RE 71.154 - PR - Rel., Min. Os- Santos, Thompson Flores e Antônio
waldo Trigueiro. Recte. Odilon Mello Neder. Procurador-Geral da República,
de Freitas (Adv. Hilton Ritzmann). o Prof. Xavier de Albuquerque.
Recdo. Aníbal Goulart Maia Filho Ausente, justificadamente, o Sr. Min.
( Adv. Almir Miró Carneiro). Bilac Pinto.
Decisão: Conhecido e provido, unâni- Dr. Álvaro Ferreira dos Santos, Vi-
me. - Plenário, em 4/8/71. ce-Diretor-Geral.

SEGURO OBRIGATóRIO DE RESPONSABILIDADE CIVIL

Seguro obrigatório de respon- preta o artigo 5.0 do Decreto-lei n. 0


sabilidade civil independe de 814, de 4/ 9/69, afirmando que quan-
culpa do segurado, tendo finali- do o legislador declarou que o paga-
dade social. mento d11s indenizações seria feito "in-
dependentemente de apuração de cul-
APELAÇÃO CiVEL N. 0 199.724 pa", não determinou que o pagamento
(São Paulo) fôsse fe ito independentemente de culpa
do segurado.
ACÓRDÃO E explica o juiz o seu raciocínio:
não se excusará a Seguradora, se ale-
Vistos, rdatados e discutidos êstes gar que a culpa não fôra ainda apu-
autos de APELAÇÃO CiVEL N. 0 rada. Mas, acionada, não se lhe po-
199.724, da comarca de SÃO PAULO, derá negar, como não se negaria ao
em que é apelante NELSON ALVES, segurado. deíesa consistente na inex:s-
sendo apelada SUL AMÉRICA TER- tência de culpa.
RESTRES, MARfTIMOS E ACIDEN- Ora, as afirmações são contraditó-
TES: rias, "data venia", porque se a Segu-
ACORDAM, em Quinta Câmara Ci- radora não pode se escusar, alegando
vil do Tribunal de Justiça do Estado que a culpa ainda não foi apurada,
de São Paulo, adotado o relatório de também não pode ela procrastinar o
fls. 51 verso, dar provimento à apela- pagamento, a pretexto de que aguar-
ção, contra o voto do Desembargador dará a prova de culpa em juízo, ou
Relator que o negava. mesmo na esfera administrativa.
O ilustre magistrado, decidindo ma- O seguro obrigatório de responsabi-
téria relativamente virgem na juris- lidade civil tem um caráter inteiramen-
prudência, considerou os princípios que te diverso do contrato de seguro de
regem o seguro obrigatório semelhan- responsabilidade civil, consoante a de-
tes ao tradicional contrato de seguro finição que lhe deu Aguiar Dias, ci-
de responsabilidade civil, e afirmou tado na sentença recorrida.
que não se poderá prescindir da idéia Em obra recentemente lançada pela
de culpa do segurado, sem o que não Editôra Jurídica e Universitária, de-
haverá obrigação de indenizar. nominada "Do Seguro Obrigatório de
Com apoio nessa argumentação o Responsabilidade Civil" o autor Elcir
prolator da sentença recorrida inter- Castello Branco assim se expressa:

Você também pode gostar