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Terça-feira, 13 de Setembro de 1994 I SÉRIE - Número 37

BOLETIM DA REPÚBLICA
PUBLICAÇÃO OFICIAI DA REPUBLICA DE MOÇAMBIQUE

3.° SUPLEMENTO

IMPRENSA NACIONAL DE MOÇAMBIQUE A Assembleia da República, ao abrigo do disposto no


n.° 1 do artigo 135 da Constituição, assim determina:
A V I S O
ARTIGO 1
A matéria a publicar no «Boletim da República» deve Objectivos
ser remetida em cópia devidamente autenticada, uma
por cada assunto, donde conste, além das indicações 1. A presente lei estabelece os princípios básicos que
necessárias para esse efeito, o averbamento seguinte, permitem estender a acção das pessoas jurídicas, singu-
assinado e autenticado: Para publicação no «Boletim lares ou colectivas, públicas ou privadas, que desenvol-
da República». vem actividades, ou, financeira e materialmente as apoiem,
no campo das artes, letras, ciência, cultura e acção social.
2. O apoio financeiro ou material revestirá a forma de
doação.
SUMARIO
ARTIGO 2

Assembleia da República: Destinatários


Lei n.° 4/94: São destinatários da presente lei:
Lei que estabelece os princípios básicos que permitem estender
a acção das pessoas jurídicas, singulares ou colectivas, pú- а) as associações constituídas nos termos da Lei
blicas ou privadas, que desenvolvem actividades, ou, finan- n.° 8/91, e as demais associações ou entidades
ceira e materialmente as apoiem, no campo das artes, letras, públicas ou privadas, que sem objectivos de
ciência, cultura e acção social. proselitismo confessional ou partidário, desen-
Lei n.o 5/94: volvem, sem fins lucrativos, acções no âmbito
Atribui ao Conselho de Ministros competência para instituir
da presente lei;
um regime fiscal aplicável à actividade mineira. b) as pessoas jurídicas privadas, singulares ou colec-
Lei n.o 6/94:
tivas, que levem a cabo ou apoiem, sem fins
lucrativos para os membros ou proprietários,
Cria o Instituto do Patrocínio e Assistência Jurídica. acções no âmbito da presente lei.

ARTIGO 3
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Elegibilidade

Lei n.o 4/94 1. As acções e doações elegíveis para os benefícios enun-


ciados na presente lei são levadas a cabo no âmbito das:
de 13 de Setembro
a) artes;
Com a proclamação da independência nacional, o apoio b) letras;
do Estado a iniciativas dos cidadãos contribuiu para um c) educação;
progresso importante nas artes, letras, ciência, cultura e d) ciência;
acção social. e) preservação e restauro do património cultural;
O imperativo da afirmação crescente da sociedade civil f) saúde;
exige a tomada de medidas, entre outras, de natureza fis- g) acção social.
cal, que incentivem o apoio pelas entidades privadas e
indivíduos às actividades no campo social e da cultura, 2. O Conselho de Ministros poderá alargar o âmbito
como complemento de acções que vêm a ser tomadas pelo da aplicação enunciado no número anterior, observados
Estado neste âmbito. os objectivos da presente lei.
ARTIGO 4 ARTIGO 11

Uso dos valores ou bens doados Fiscalização

As entidades elegíveis à categoria de beneficiárias de- Compete às entidades de tutela e ao Ministério das Fi-
verão utilizar, exclusivamente, os bens ou valores rece- nanças, consoante os casos, a fiscalização das actividades
bidos, na realização dos fins especificados na presente lei. previstas na presente lei.
ARTIGO 12
ARTIGO 5

Avaliação Regulamentação

Para efeitos de obtenção de benefícios fiscais os apoios Compete ao Conselho do Ministros, até 180 dias após
não monetários deverão ser avaliados, servindo de base a publicação da presente lei, a aprovação de normas regu-
o valor constante da factura da aquisição, ou o preço lamentares necessárias para a sua implementação e exe-
normal do mercado. cução.
ARTIGO 6 ARTIGO 13

Tratamento fiscal a atribuir aos receptores Entrada em vigor

1. As entidades quo desenvolvem as actividades nas A presente lei entra em vigor 180 dias após a sua pu-
condições previstas na presente lei, além dos benefícios blicação
já garantidos em legislação anterior, estão isentas dos Aprovada pela Assembleia da República.
impostos que incidem sobre a transmissão de bens ou
valores doados. O Presidente da Assembleia da República, Marcelino
2. O Conselho de Ministros, no âmbito das suas com- dos Santos.
petências, poderá alargar os benefícios a conceder às enti-
dades referidas no número anterior Promulgada aos 13 de Setembro de 1994

ARTIGO 7 Publique-se
Tratamento a da ao livro
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.
1. O livro cultural, científico e escolar, assim como os
in sumos para a sua produção local gozam de isenção total
do direitos de importação e do Imposto de Circulação.
2. O Conselho de Ministros, no âmbito das suas com-
petências, poderá alargar os benefícios a conceder ao livro Lei n.° 5/94
e à sua produção nacional. de 13 de Setembro

ARTIGO 8 A Lei n.° 2/86, de 16 de Abril, no seu capítulo II,


Tratamento fiscal a atribuir aos doadores fixa os «pagamentos ao Estado» a serem efectuados pelas
entidades que, na República de Moçambique, desenvol-
As entidades doadoras poderão considerar como custos vem actividades mineiras, estabelecendo o regime fiscal
ou perdas do exercício, para efeitos da determinação da em relação aos impostos em vigor, imposto sobre a pro-
matéria colectável da Contribuição Industrial ou a deduzir dução, imposto sobre a superfície, as isenções e os incen-
na liquidação do Imposto Complementar, os montantes tivos fiscais ao investimento estrangeiro.
doados, em percentagem a ser fixada pelo Conselho de Decorridos oito anos da vigência da Lei n.° 2/86, de
Ministros não superior a 15 por cento do rendimento 16 de Abril, e obtida alguma experiência significativa na
colectável. tributação da actividade mineira, impõe-se a necessidade
ARTIGO 9 da sua reformulação por forma a adequá-la à legislação
Requisitos gerais para a obtenção dos benefícios fiscal geral alterada em 1993, para que corresponda, por
outro lado, à actual conjuntura sócio-económica do país.
1. Para efeitos de obtenção dos benefícios fiscais pre- Tem-se em conta ainda que o quadro legal recente-
vistos nos artigos 6 e 8 desta lei, os beneficiários deverão mente aprovado sobre as bases do investimento nacional
cumprir os requisitos de legislação fiscal em vigor. e estrangeiro em Moçambique, consubstanciado na Lei
2. Para o gozo dos benefícios estipulados na presente n.° 3/93, de 24 de Junho, e no Código dos Benefícios
lei, bastará aos doadores de bolsas da formação, capaci- Fiscais, aprovado pelo Decreto N.o 12/93, de 21 de Julho,
tação ou investigação nas áreas definidas pelo artigo 3, não abrange os investimentos do sector mineiro.
submeter ao Ministério das Finanças, um documento pas- Nestes termos, ao abrigo do disposto na alínea j) do
sado pelo beneficiário e devidamente autenticado, que n.° 2 do artigo 135 da Constituição, a Assembleia da
confirme a recepção e indique o montante da bolsa rece- República determina:
pida.
ARTIGO 10 ARTIGO 1

Penalidades Atribuição de competências

A prestação de falsas declarações, ou desvio da utili- E atribuída ao Conselho de Ministros competência para
zação dos bens para outros fins que os estipulados na instituir um regime fiscal aplicável à actividade mineira,
presente lei implicam, além da perda da qualidade de fixando formas apropriadas da tributação em impostos
beneficiário, as demais sanções previstas na legislação em incidentes sobre esta actividade e as respectivas taxas e
geral. incentivos a investimentos realizados nesta área.
ARTIGO 2 Lei n.° 6/94
Adequação d o regime fiscal de 13 de Setembro
O regime fiscal a que se refere o artigo 1 desta lei O livre acesso dos cidadãos aos tribunais, bem como
deverá adequar-se às características específicas da activi- o direito de defesa e o direito à assistência e patrocínio
dade mineira e integrar, entre outros, o imposto sobre a judiciário são princípios consagrados na Constituição da
produção e o imposto sobre a superfície cujas bases são República, competindo ao Estado garantir o exercício
fixadas na presente lei. destes direitos fundamentais.
O surgimento da Ordem dos Advogados de Moçambi-
ARTIGO 3 que e a consequente extinção do Instituto Nacional de
Imposto sobre a produção Assistência Jurídica (INAJ) levam a que a concretização
de tais deveres constitucionais sejam assegurados pelo
1. O imposto sobre a produção é devido pelos titulares Estado, através de novas fórmulas organizativas e insti-
de concessão, certificado ou alvará, quanto à produção tucionais, realizando-se assim o desiderato de justiça so-
obtida a partir da área sujeita àqueles títulos mineiros. cial.
2. São igualmente sujeitos ao imposto sobre a produção Nestes termos, ao abrigo do disposto no artigo 135
os titulares de licenças concedidas para a realização de da Constituição, a Assembleia da República determina:
testes, ensaios ou análises dos produtos mineiros ou amos- Artigo 1. É criado o Instituto do Patrocínio e Assis-
tras obtidos a partir de áreas de licenças, desde que os tência Jurídica, que tem por função garantir a concreti-
produtos se destinem posteriormente à comercialização. zação do direito de defesa constitucionalmente consa-
3. As taxas do imposto sobre a produção serão gradua- grado, proporcionando ao cidadão economicamente des-
das entre 3 por cento e 10 por cento- protegido, o patrocínio judiciário e a assistência jurídica
de que caracer.
ARTIGO 4
Art. 2 - 1. O Instituto do Patrocínio e Assistência
Jurídica, subordina-se ao Ministério da Justiça e regula-se
Imposto s o b r e a superfície
por estatuto próprio a aprovar pelo Conselho de Ministros.
2. Enquanto não for aprovado o estatuto a que se refere
Os titulares de licença pagarão ao Estado, a título do o número anterior, vigoram os princípios e regras estabe-
imposto sobre a superfície, uma taxa anual sobre a área lecidos no Decreto n ° 8/86, de 31 de Dezembro, naquilo
da licença. que forem aplicáveis.
ARTIGO 5 Art. 3. O estatuto do Instituto do Patrocínio e Assis-
Revogação tência Jurídica referido no n.° 1 do artigo 2 da presente
lei deve ser aprovado num prazo de 120 dias.
São revogadas as disposições do capítulo II da Lei Art. 4. Os meios humanos e o património do extinto
n.° 2/86, de 16 de Abril. Instituto Nacional de Assistência Jurídica revertem para
o Instituto do Patrocínio e Assistência Jurídica sem outros
Aprovada pela Assembleia da República. formalismos legais.
Aprovada pela Assembleia da República.
O Presidente da Assembleia da República, Marcelino
dos Santos. O Presidente da Assembleia da República, Marcelino
dos Santos.
Promulgada aos 13 de Setembro de 1994.
Promulgada aos 13 de Setembro de 1994.
Publique-se. Publique-se.
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO. O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.

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