Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A presente autorização legislativa tem a duração de Por outro lado, igualmente urge criar, para os investido-
90 dias. res, um sistema de incentivos, benefícios e facilidades que
ARTIGO 7.° atenda, em concreto, ao impacto económico e social dos
(Dúvidas e omissões)
projectos na economia.
As dúvidas e as omissões que resultarem da aplicação e
da interpretação da presente lei são resolvidas pela Assem- Deste modo, a atractividade do regime regulador do
bleia Nacional. investimento privado não prejudica a arrecadação de receitas
ARTIGO 8.° públicas, que se revelam como essenciais para a materia-
(Entrada em vigor) lização da função social do Estado.
Publique-se.
LEI DO INVESTIMENTO PRIVADO
ARTIGO 1.°
O investimento privado, a par do investimento público, (Objecto)
continua a ser uma aposta estratégica do Estado, para a
mobilização de recursos humanos, financeiros, materiais A presente lei estabelece as bases gerais do investimento
e tecnológicos, com vista ao desenvolvimento económico e privado na República de Angola e define os princípios e o
social do País, ao aumento da competitividade da economia, regime de acesso aos incentivos e outras facilidades a
ao crescimento da oferta de emprego e à melhoria das conceder pelo Estado a este tipo de investimento.
condições de vida das populações.
ARTIGO 2.°
Considerando que a aprovação da Lei n.° 11/03, de 13 de (Definições)
Maio — Lei de Bases do Investimento Privado permitiu, no
essencial, alcançar os objectivos que o Estado se propunha Para efeitos da presente lei, considera-se:
2932 DIÁRIO DA REPÚBLICA
a) investimento privado — a utilização no território i. dentro e fora do território nacional, por pessoas
nacional de capitais, tecnologias e know how, singulares ou colectivas, não residentes
bens de equipamento e outros, em projectos eco- cambiais, de capitais, tecnologias e know
nómicos determinados, ou a utilização de fundos how, bens de equipamentos e outros, em
que se destinam à criação de novas empresas, projectos económicos determinados, ou
agrupamentos de empresas ou outra forma de ainda a utilização daqueles fundos na cria-
representação social de empresas privadas, ção de novas empresas, agrupamentos de
nacionais ou estrangeiras, bem como a aquisição empresas, ou outra forma de representação
da totalidade ou parte de empresas de direito social de empresas privadas, nacionais ou
angolano já existentes, com vista à implementa- estrangeiras, bem como a aquisição da
ção ou continuidade de determinado exercício totalidade ou parte de empresas de direito
angolano já existentes, com vista à imple-
económico de acordo com o seu objecto social,
mentação ou continuidade de determinada
desde que estes investimentos sejam qualificá-
actividade económica, de acordo com o seu
veis como tal, nos termos do artigo 3.° da pre-
objecto social;
sente lei;
ii. fora do território nacional, por pessoas singu-
b) investimento privado qualificado — é todo aquele
lares ou colectivas residentes cambiais, de
que cabe no âmbito do artigo 3.° da presente lei;
capitais, tecnologias e know how, bens de
c) investidor privado — qualquer pessoa, singular ou
equipamentos e outros, em projectos econó-
colectiva, residente ou não, independentemente micos determinados ou ainda a utilização
da sua nacionalidade, que realize no território daqueles fundos na criação de novas empre-
nacional investimentos destinados aos fins refe- sas, agrupamentos de empresas, ou outra
ridos na alínea a); forma de representação social de empresas
d) investimento interno — a utilização, por via do privadas, nacionais ou estrangeiras, bem
recurso a activos domiciliados no território como a aquisição da totalidade ou parte de
nacional ou derivados de financiamentos obtidos empresas de direito angolano já existentes,
no exterior — com a amortização a ser realizada com vista à implementação ou continuidade
com recurso ao Fundo Cambial do País — de de determinado exercício económico, de
capitais, tecnologias e know how, bens de equi- acordo com o seu objecto social;
pamentos e outros, em projectos económicos iii. para efeitos do disposto na alínea anterior,
determinados, ou ainda a utilização daqueles fun- relativamente aos capitais não domiciliados
dos na criação de novas empresas, agrupamentos em território nacional oriundos do recurso a
de empresas ou outra forma de representação crédito, deve a sua amortização ser realizada
social de empresas privadas, nacionais ou sem recurso ao Fundo Cambial de Angola.
estrangeiras, bem como a aquisição da totalidade
g) investidor externo — qualquer pessoa, singular ou
ou parte de empresas de direito angolano já exis-
colectiva, residente cambial ou não, independen-
tentes, com vista à implementação ou continui-
temente da sua nacionalidade, que introduza ou
dade de determinado exercício económico, de
utilize no território nacional, nos termos da alínea
acordo com o seu objecto social;
anterior, capitais domiciliados no exterior de
e) investidor interno — qualquer pessoa, singular ou Angola, com direito a transferir lucros e divi-
colectiva, residente cambial, independentemente dendos para o exterior;
da sua nacionalidade, que realize investimentos h) reinvestimento externo — aplicação em território
no País, com capitais domiciliados em Angola ou nacional da totalidade ou de parte dos lucros
derivados de financiamentos obtidos no exterior, gerados em virtude dum investimento externo e
sem direito a repatriar dividendos ou lucros que, nos termos da presente lei, sejam passíveis
para o exterior. Sendo os capitais não domicilia- de exportação, devendo o mesmo obedecer às
dos em território nacional, deve-se apresentar mesmas regras a que está sujeito o investimento
para licenciamento um contrato de mútuo, nos externo;
termos da legislação cambial; i) investimento indirecto — todo o investimento
f) investimento externo — a introdução e utilização interno ou externo que compreenda, isolada ou
em Angola, com o recurso a activos domici- cumulativamente, as formas de empréstimo,
liados: suprimento, prestações suplementares de capital,
I SÉRIE — N.º 94 — DE 20 DE MAIO DE 2011 2933
tecnologia patenteada, processos técnicos, segre- referido projecto de investimento o montante mínimo de
dos e modelos industriais, franchising, marcas USD 1 000 000,00 (um milhão de dólares dos Estados Uni-
registadas, assistência técnica e outras formas dos da América).
de acesso à sua utilização, seja em regime de
exclusividade ou de licenciamento restrito por 5. Para efeitos do disposto nos números anteriores, devem
zonas geográficas ou domínios de actividade ter-se em consideração os consórcios, joint ventures e outras
industrial e/ou comercial; formas relevantes de associação empresarial.
j) investimento directo — todo o investimento, interno
ou externo, realizado em todas as formas que não 6. Lei própria regula o sistema de incentivos e outras
caibam na definição de investimento indirecto, facilidades a conceder pelo Estado, a investidores de nacio-
referidas na alínea anterior; nalidade angolana, no quadro do fomento empresarial.
k) ANIP — Agência Nacional para o Investimento Pri-
ARTIGO 4.°
vado;
(Regimes especiais de investimento)
l) CNFI — Comissão de Negociação de Facilidades e
Incentivos, órgão intersectorial intermitente, que 1. Os regimes de investimento privado, bem como os
funciona junto da ANIP, que procede à análise e direitos, garantias e incentivos inerentes aos mesmos, nos
avaliação da proposta de investimento privado e domínios das actividades de exploração petrolífera, diaman-
estabelece negociações com o investidor sobre os tífera, das instituições financeiras, e ainda de outros sectores
incentivos e benefícios por este solicitados; que a lei determine, são estabelecidos em diplomas especí-
m) BNA — Banco Nacional de Angola, exerce as fun- ficos.
ções de banco central e de autoridade cambial
máxima no País; 2. As entidades legalmente competentes para autorizarem
n) Zonas Económicas Especiais — as zonas de inves- a realização dos investimentos definidos no número anterior
timento consideradas especiais, de acordo com devem enviar à ANIP, no prazo de 30 dias a contar data da
os critérios definidos pelo Executivo; referida autorização, a informação contendo os elementos
o) CRIP — Certificado de Registo de Investimento referentes ao valor global, local do investimento, a forma,
o regime, número de postos de trabalho criados e, demais
Privado.
informação considerada relevante para efeitos de registo e
controlo estatístico centralizado do referido investimento.
ARTIGO 3.°
(Âmbito)
3. A ANIP deve emitir um certificado pelo registo em
1. A presente lei aplica-se a investimentos externos e modelo diferente do utilizado no Certificado de Registo de
internos, cujo montante global corresponda ao valor igual Investimento Privado (CRIP), que é conferido a projectos
ou superior a USD 1 000 000,00 (um milhão de dólares dos por si aprovados.
Estados Unidos da América) ou o seu equivalente em moeda
4. Em tudo o que não se ache previsto nos regimes espe-
nacional no caso de ser investimento interno.
ciais de investimento criados ao abrigo do n.º 1 aplica-se
subsidiariamente o disposto na presente lei, especialmente
2. O regime de investimento privado previsto na presente em matéria de prazos e penalidades.
lei só é aplicável aos projectos de investimento realizados em
território nacional. CAPÍTULO II
Princípios e Objectivos da Política
3. O presente regime de investimento privado não é apli- do Investimento Privado
cável aos investimentos realizados por pessoas colectivas de ARTIGO 5.°
direito privado com 50% ou mais do seu capital social detido (Princípios gerais)
A realização do investimento privado de acordo com o a) utilização de moeda nacional ou outra livremente
previsto na presente lei, independentemente da forma de que conversível domiciliada em território nacional;
se revista, deve contribuir para o progresso da pessoa humana b) aquisição de tecnologia e know how;
angolana, para o desenvolvimento económico e social sus-
c) aquisição de máquinas e equipamentos;
tentável do País, bem como conformar-se com os princípios
d) conversão de créditos decorrentes de qualquer tipo
e objectivos da política económica nacional, com as disposi-
de contrato;
ções da presente lei, sua regulamentação e demais legislação
e) participações sociais sobre sociedades e empresas
aplicável.
de direito angolano, domiciliadas em território
ARTIGO 7.° nacional;
(Responsabilidade pela definição e promoção f) aplicação de recursos financeiros resultantes de
do investimento privado)
empréstimos, incluindo os que tenham sido
1. Cabe ao Executivo definir e promover a política do obtidos no exterior, devendo os mesmos ser pre-
investimento privado, especialmente daquele que contribua viamente licenciados, nos termos da legislação
decisivamente para o desenvolvimento económico e social cambial em vigor;
do País e do bem-estar geral da população. g) criação de novas empresas exclusivamente perten-
centes ao investidor privado;
2. A ANIP é o órgão encarregue de executar a política h) ampliação de empresas ou de outras formas de
nacional em matéria de investimentos privados qualificados, representação social de empresas;
nos termos da presente lei, bem como de promover, coor- i) aquisição da totalidade ou parte de empresas ou de
denar, orientar e supervisionar os investimentos privados. agrupamentos de empresas já existentes;
j) participação ou aquisição de participação no capital
ARTIGO 8.° de empresas ou de agrupamentos de empresas,
(Universalidade do investimento privado) novas ou já existentes, qualquer que seja a forma
de que se revista;
1. À luz do princípio da livre iniciativa económica, é
k) celebração e alteração de contratos de consórcios,
admitida a realização de investimentos privados qualificados,
associação em participação, joint ventures,
nos termos do artigo 3.°, de qualquer tipo e em todo o territó-
rio nacional, desde que os mesmos não contrariem a legis- associação de terceiros a partes ou a quotas de
lação e os procedimentos formais em vigor. capital e qualquer outra forma de contrato de
associação permitida, ainda que não prevista na
2. O disposto no número anterior não prejudica a facul- legislação comercial em vigor;
dade do Executivo, enquanto autoridade definidora e pro- l) tomada total ou parcial de estabelecimentos comer-
motora da política do investimento privado, de favorecer ciais e industriais, por aquisição de activos ou
determinados tipos de investimento, designadamente em através de contratos de cessão de exploração;
função dos sectores em causa ou das Zonas Económicas m) tomada total ou parcial de empresas agrícolas,
Especiais onde estes se realizem. mediante contratos de arrendamento ou de quais-
I SÉRIE — N.º 94 — DE 20 DE MAIO DE 2011 2935
quer acordos que impliquem o exercício de a) introdução no território nacional de moeda livre-
direitos de posse, de uso, de aproveitamento e mente conversível;
exploração da terra, por parte do investidor; b) introdução de tecnologia e know how, desde que
n) exploração de complexos imobiliários, turísticos ou representem uma mais-valia ao empreendimento
não, independentemente da natureza jurídica que e sejam susceptíveis de avaliação pecuniária;
assumam; c) introdução de máquinas, equipamentos e outros
o) realização de prestações suplementares de capital, meios fixos corpóreos;
adiantamentos dos sócios e, em geral, os d) participações em sociedades e empresas de direito
empréstimos ligados à participação nos lucros; angolano domiciliadas em território nacional;
p) aquisição de bens imóveis situados em território e) criação e ampliação de sucursais ou de outra forma
de representação social de empresas estrangeiras;
nacional, quando essa aquisição se integre em
f) criação de novas empresas exclusivamente perten-
projectos de investimento privado;
centes ao investidor externo;
q) cedência, em casos específicos e nos termos acor-
g) aquisição da totalidade ou parte de empresas ou de
dados e sancionados pelas entidades competentes
agrupamento de empresas já existentes e partici-
dos direitos de utilização de terras, de tecnolo- pação ou aquisição de participação no capital
gias patenteadas e de marcas registadas, cuja de empresas ou de agrupamentos de empresas,
remuneração se limite à distribuição de lucros novas ou já existentes, qualquer que seja a forma
resultantes das actividades em que tais tecnolo- de que se revista;
gias ou marcas tenham sido aplicadas; h) celebração e alteração de contratos de consórcios,
r) cedência de exploração de direitos sobre concessão associações em participação, joint ventures,
e licenças e direitos de natureza económica, comer- associações de terceiros a partes ou a quotas de
cial ou tecnológica. capital e qualquer outra forma de contrato de
associação permitida no comércio internacional,
ARTIGO 11.° ainda que não prevista na legislação comercial
(Formas de realização do investimento interno) em vigor;
i) tomada total ou parcial de estabelecimentos comer-
Os actos de investimento privado interno podem ser ciais ou industriais, por aquisição de activos ou
realizados, isolada ou cumulativamente, através das seguin- através de contratos de cessão de exploração;
tes formas: j) tomada total ou parcial de empresas agrícolas,
mediante contratos de arrendamento ou de quais-
a) alocação de fundos próprios; quer acordos que impliquem o exercício de posse
b) aplicação, em Angola, de disponibilidades existen- e exploração por parte do investidor;
tes em contas bancárias constituídas em Angola, k) exploração de complexos imobiliários, turísticos ou
tituladas por residentes cambiais, ainda que resul- não, independentemente da natureza jurídica que
tantes de financiamentos obtidos no exterior; assumam;
c) alocação de máquinas, equipamentos, acessórios e l) realização de prestações suplementares de capital,
outros meios fixos corpóreos; adiantamentos aos sócios e, em geral, emprés-
d) incorporação de créditos e outras disponibilidades timos ligados à participação nos lucros;
do investidor privado, susceptíveis de serem apli- m) aquisição de bens imóveis situados em território
cados em empreendimentos; nacional, quando essa aquisição se integre em
e) incorporação de tecnologias e know how, desde que projectos de investimento privado.
representem uma mais-valia ao empreendimento
e sejam susceptíveis de avaliação pecuniária. 2. Não são consideradas investimento externo as opera-
ções que consistam no afretamento temporário de automó-
ARTIGO 12.° veis, embarcações, aeronaves e outros meios susceptíveis
(Operações de investimento externo) de aluguer, leasing ou qualquer outra forma de uso tempo-
rário no território nacional contra pagamento.
1. Nos termos e para efeitos da presente lei, são opera-
ções de investimento externo, entre outros, os seguintes actos 3. Não obstante o disposto no número anterior, as opera-
e contratos, realizados sem recurso às reservas cambiais do ções ali referidas podem ser consideradas operações de
País: investimento externo, desde que, pela sua grande relevância
2936 DIÁRIO DA REPÚBLICA
económica ou importância estratégica, o Executivo expressa 2. Ao investidor externo são garantidos os direitos decor-
e, casuisticamente, entenda conceder-lhes tal estatuto. rentes da propriedade sobre os meios que investir, nomeada-
mente o direito de dispor livremente deles, nos mesmos
ARTIGO 13.° termos que o investidor interno.
(Formas de realização do investimento externo)
SECÇÃO II
1. Os actos de investimento externo podem ser reali- Garantias Comuns
ARTIGO 18.°
É permitido o repatriamento proporcional de capitais
(Transferência de lucros e dividendos) gerados como lucros, dividendos e afins, nos termos do artigo
anterior, a partir das operações de investimento externo,
1. Depois de implementado o projecto de investimento desde que este investimento atinja o limite mínimo, por cada
privado externo e mediante prova da sua execução, de investidor, de USD 1 000 000,00 (um milhão de dólares dos
acordo com as regras definidas na presente lei, mormente Estados Unidos da América).
nos artigos 19.° e 20.° e nas condições estabelecidas na
respectiva autorização do BNA, nos termos da legislação ARTIGO 20.°
cambial aplicável, é garantido o direito de transferir para o (Critérios para a graduação do direito de repatriamento
de lucros e dividendos)
exterior:
1. Considerando o disposto no artigo 35.° sobre as zonas
a) os dividendos ou os lucros distribuídos, depois de de desenvolvimento, a graduação percentual do direito de
devidamente verificados e certificados os res- repatriamento de lucros e dividendos efectua-se do seguinte
pectivos comprovativos do pagamento dos modo:
impostos devidos, tendo em conta o montante do
capital investido e a sua correspondência com a) nos projectos de investimento externo implemen-
as respectivas participações no capital próprio tados na Zona A e que sejam inferiores a
da sociedade ou da empresa;
USD 10 000 000,00 (dez milhões de dólares dos
b) o produto da liquidação dos seus investimentos,
Estados Unidos da América), só podem ser repa-
incluindo as mais-valias, depois de pagos os
triados lucros, dividendos e afins, nos termos do
impostos devidos;
n.° 1 do artigo 18.°, transcorridos três anos após
c) quaisquer importâncias que lhe sejam devidas, com
a sua implementação efectiva;
dedução dos respectivos impostos, previstas em
b) nos projectos de investimento externo implemen-
actos ou contratos que, nos termos da presente
tados na Zona A e que sejam iguais ou superiores
lei, constituam investimento privado;
a USD 10 000 000,00 (dez milhões de dólares
d) produto de indemnizações, nos termos do n.° 3 do
dos Estados Unidos da América), mas inferiores
artigo 16.°;
a USD 50 000 000,00 (cinquenta milhões de
e) royalties ou outros rendimentos de remuneração de
dólares dos Estados Unidos da América), só
investimentos indirectos, associados à cedência
podem ser repatriados lucros, dividendos e afins,
de transferência de tecnologia.
nos termos do n.° 1 do artigo 18.°, transcorridos
dois anos após a sua implementação efectiva;
2. O repatriamento de lucros e dividendos, nos termos da
c) nos projectos de investimento externo implemen-
alínea a) do número anterior, é objectivamente proporcional
e graduado, respeitando-se os limites do artigo 20.°, nomea- tados na Zona B e que sejam inferiores a
damente em função do valor investido, do período da con- USD 5 000 000,00 (cinco milhões de dólares dos
cessão e da dimensão dos incentivos e benefícios fiscais e Estados Unidos da América), só podem ser repa-
aduaneiros, do prazo do investimento, dos lucros efectiva- triados lucros e dividendos, nos termos do n.° 1
mente realizados, do impacto socioeconómico do investi- do artigo 18.°, transcorridos dois anos após a
mento e da sua influência na diminuição das assimetrias sua implementação efectiva.
regionais, do impacto do repatriamento dos lucros e divi-
dendos na balança de pagamentos do País. 2. O disposto nas alíneas do número anterior não se
aplica aos casos previstos na alínea a) do n.° 1 do artigo 29.°
3. Os termos da proporção e graduação percentual do
ARTIGO 21.°
repatriamento dos lucros e dividendos, no âmbito do número (Requisitos económicos para aceder a outras facilidades)
anterior são objecto de uma ponderação e negociação
casuísticas, de acordo com dados objectivos, devendo estes É permitido o acesso a incentivos e facilidades às opera-
constar obrigatoriamente do contrato de investimento a ções de investimento que preencham os seguintes requisitos
celebrar. de interesse económico:
2938 DIÁRIO DA REPÚBLICA
SECÇÃO IV CAPÍTULO I
Deveres Benefícios Fiscais e Aduaneiros
ARTIGO 23.° SECÇÃO I
(Deveres gerais do investidor privado) Regras Gerais
ARTIGO 25.°
Os investidores privados estão obrigados a respeitar a (Princípio geral)
presente lei e demais legislação aplicável e regulamentos em
vigor na República de Angola, bem como os compromissos As pessoas colectivas ou singulares abrangidas pela
contratuais, sujeitando-se às penalidades neles definidas. presente lei estão sujeitas ao cumprimento da legislação
I SÉRIE — N.º 94 — DE 20 DE MAIO DE 2011 2939
fiscal em vigor, usufruindo dos benefícios fiscais estabele- e) proporcionar parcerias entre entidades nacionais e
cidos e sujeitando-se às mesmas penalizações. estrangeiras;
f) induzir a criação de novos postos de trabalho para
ARTIGO 26.°
(Noção e natureza contabilística dos incentivos) trabalhadores nacionais e elevar a qualificação
da mão-de-obra angolana;
1. Consideram-se beneficios fiscais as medidas que g) obter a transferência de tecnologia e aumentar a efi-
implicam uma redução ou isenção do montante a pagar dos ciência produtiva;
impostos em vigor, com o fim de promover o desenvolvi- h) aumentar as exportações e reduzir as importações;
mento de factores à escala macroeconómica para o País, bem i) aumentar as disponibilidades cambiais e o equilí-
como de favorecer actividades de reconhecido interesse brio da balança de pagamentos;
público, social ou cultural. j) propiciar o abastecimento eficaz do mercado
interno;
2. São benefícios ou incentivos fiscais e aduaneiros, k) promover o desenvolvimento tecnológico, a efi-
nomeadamente as deduções à matéria colectável, as dedu- ciência empresarial e a qualidade dos produtos;
ções à colecta, as amortizações e reintegrações aceleradas, o 1) reabilitar, expandir ou modernizar as infra-estrutu-
crédito fiscal, a isenção e redução de taxas de impostos, ras destinadas à actividade económica.
contribuições e direitos de importação, o diferimento no
tempo do pagamento de impostos e outras medidas fiscais de ARTIGO 28.°
carácter excepcional que beneficiem o investidor contri- (Carácter excepcional dos incentivos e benefícios)
buinte.
1. O investimento privado a realizar ao abrigo da presente
lei pode gozar de incentivos e benefícios fiscais e aduaneiros,
3. Para efeitos da presente lei, os benefícios fiscais são
considerados despesas fiscais, devendo na sua determinação nos termos de legislação própria.
e controlo contabilístico, ser exigida uma declaração apro-
priada dos benefícios usufruídos em cada exercício fiscal. 2. Os incentivos e os benefícios fiscais não constituem
regra, nem são de concessão automática ou indiscriminada,
4. Para ter acesso ao regime de incentivos e benefícios nem ilimitados no tempo.
fiscais e aduaneiros, todo o investidor tem de ter a sua
contabilidade devidamente organizada e certificada por um 3. As mercadorias importadas ao abrigo de projectos de
auditor externo. investimento privado devidamente aprovados, cujo valor
seja igual ou superior a USD 1 000 000,00 (um milhão
5. Sem prejuízo do disposto na presente lei, o tratamento de dólares dos Estados Unidos da América) e inferior a
contabilístico dos incentivos e benefícios fiscais e aduaneiros
USD 50 000 000,00 (cinquenta milhões de dólares dos Esta-
é regido por regulação específica.
dos Unidos da América), obedecem ao regime de tributação
ARTIGO 27.° previsto na Pauta Aduaneira dos Direitos de Importação e
(Critérios e objectivos da atribuição de incentivos)
Exportação.
A concessão dos incentivos e facilidades previstos na pre-
sente lei é feita tendo em conta os seguintes objectivos eco- 4. Na ponderação sobre a proporção e graduação dos
nómicos e sociais: incentivos e benefícios fiscais e aduaneiros a conceder,
seguem-se os critérios enunciados no n.° 2 do artigo 18.°,
a) incentivar o crescimento da economia; além da objectiva consideração sobre o tipo de investimento
b) promover o bem-estar económico, social e cultural e a sua inserção na estratégia de desenvolvimento económico
das populações, em especial da juventude, dos
do País, a percepção de mais-valias directas e indirectas, a
idosos, das mulheres e das crianças;
complexidade do investimento e o período estimado para o
c) promover as regiões mais desfavorecidas, sobretudo
retorno do capital.
no interior do País;
d) aumentar a capacidade produtiva nacional, com
base na incorporação de matérias-primas locais 5. Nos diplomas específicos sobre cada tipo de imposto
e elevar o valor acrescentado dos bens produ- devem ser concretizados os percentuais na redução da taxa
zidos no País; do imposto, no âmbito dos incentivos fiscais.
2940 DIÁRIO DA REPÚBLICA
Para efeitos da atribuição de incentivos fiscais às opera- 3. O período de isenção ou redução conta-se a partir do
ções de investimento, o País é organizado nas seguintes zonas início da laboração de pelo menos 90% da força de trabalho
de desenvolvimento: prevista, no âmbito da implementação do projecto de inves-
timento, sem prejuízo do disposto em legislação específica
a) Zona A — Província de Luanda, os municípios-sede ao nível da contratação de força de trabalho expatriada.
das Províncias de Benguela, Cabinda, Huíla e o
Município do Lobito; 4. A redução do percentual da taxa do imposto não pode
b) Zona B — Restantes municípios das Províncias de ser superior a 50%.
Benguela, Cabinda e Huíla e Províncias do
Bengo, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Malanje, ARTIGO 39.°
Namibe e Uíge; (Graduação do período dos incentivos)
b) por um período de até seis anos, no caso de inves- 2. Para efeitos do número anterior, pode o órgão compe-
timentos realizados na Zona B; tente para aprovação, mediante prévio parecer do departa-
c) por um período de até nove anos, para investimen- mento ministerial responsável pelo sector das finanças,
tos realizados na Zona C. estabelecer uma redução percentual da taxa do imposto para
os projectos que visem apenas melhorar a qualidade de
ARTIGO 41.°
(Imposto de Sisa) outros, com aportes de novos capitais ou adição de outros
equipamentos.
As sociedades que promovam operações de investimento ARTIGO 45.°
abrangidas pela presente lei ficam sujeitas à isenção ou (Obrigações fiscais)
redução do percentual do pagamento do imposto de sisa pela
aquisição de terrenos e imóveis adstritos ao projecto, 1. Os incentivos fiscais e aduaneiros não dispensam o
devendo, para o efeito, requerer a referida isenção ou bene- investidor privado da sua inscrição no registo geral de
fício à repartição fiscal competente. contribuintes, do cumprimento das demais obrigações legais
e formalidades prescritas pela administração fiscal e da
ARTIGO 42.° comprovação casuística do incentivo que lhe tenha sido
(Critério para aplicação dos limites máximos)
concedido.
1. Na Zona A, o limite máximo de isenção só pode ser
atribuído aos investimentos avaliados num valor superior 2. O exercício do direito a qualquer dos incentivos fiscais
a USD 50 000 000,00 (cinquenta milhões de dólares dos de tipo normativo previstos na presente lei tem lugar no
Estados Unidos da América), ou que gerem, no mínimo, momento da satisfação das obrigações fiscais, através da
quinhentos novos postos de trabalho directos para cidadãos demonstração e da verificação dos pressupostos estabele-
nacionais.
cidos para o incentivo em causa.
3. Pode ainda ser atribuído o limite máximo de isenção A atribuição dos incentivos fiscais resulta da análise
para projectos de investimento em qualquer das zonas, se casuística dos projectos e circunscrevem-se ao preceituado
estiverem reunidos, pelo menos, dois dos requisitos obriga- na presente lei.
toriamente cumulativos, nos termos do artigo 29.°
ARTIGO 47.°
ARTIGO 43.° (Remessa dos processos)
(Tempo de vida útil dos equipamentos)
Devem ser remetidas cópias à ANIP de todos os proces-
1. O período de isenção ou de qualquer outro incentivo sos de incentivos aprovados pelo Ministério das Finanças,
não pode ser superior ao tempo de vida útil dos equipamen- através da Direcção Nacional de Impostos e do Serviço
tos importados adstritos ao projecto de investimento. Nacional das Alfândegas.
ARTIGO 51.°
2. São estabelecidas as seguintes regras para as operações (Regime contratual)
de investimento privado:
1. O regime processual único para implementação de um
a) obrigatoriedade de o investidor privado negociar projecto de investimento privado, no âmbito da presente lei,
exclusivamente com as instituições financeiras corresponde ao regime contratual.
legalmente autorizadas;
b) possibilidade de o investidor privado, pessoa sin- 2. Não obstante poderem existir diferentes níveis de apro-
gular ou colectiva, desde que não na qualidade vação, o regime contratual caracteriza-se por implicar, neces-
sariamente, uma negociação entre o candidato a investidor e
individual de sócio ou accionista, adquirir moeda
as autoridades competentes do Executivo, sobre os termos
estrangeira, seja para introduzir no País, seja para
específicos do investimento, podendo, inclusive, incidir
realizar transferências para fora do País, nos
sobre os incentivos e benefícios pretendidos, no âmbito
termos da presente lei e da legislação cambial
de um contrato de investimento, sem prejuízo dos elementos
aplicável.
objectivos para ajuizar a regularidade, o mérito, a importân-
cia e a conveniência do projecto de investimento.
3. As instituições financeiras, legalmente autorizadas a
exercer o comércio de câmbios, e os investidores privados,
3. A discricionariedade das autoridades competentes do
nos termos do número anterior, que a elas recorram são
Executivo prevista no número anterior não prejudica o
solidariamente responsáveis pela regularidade e lisura das
direito de impugnação e o direito ao recurso dos particulares
transacções de que participem no quadro da presente lei,
sobre as decisões tomadas pelo órgão competente do Exe-
sem prejuízo do disposto em matéria de fiscalização na Lei
cutivo que os desfavoreçam, nos termos gerais do procedi-
n.° 12/10, de 9 de Julho — Lei Sobre o Combate ao Bran-
mento administrativo.
queamento de Capitais e ao Financiamento do Terrorismo.
ARTIGO 52.°
(Âmbito do regime processual)
4. O Executivo deve regulamentar as formas de fiscali-
zação e controlo das actividades constantes do n.° 3 do Todos os projectos de investimento privado estão sujeitos
presente artigo. ao regime contratual, enquanto regime processual único.
e) definição das condições de exploração, gestão, de implementação e de um estudo para avaliação do impacte
associação e prazos dos empreendimentos que ambiental do projecto de investimento.
são objecto do contrato de investimento privado;
f) definição e quantificação das facilidades, benefícios 3. O órgão competente para aprovação pode baixar ins-
fiscais e outros incentivos a conceder e a assegu- trutivos à ANIP solicitando pontualmente a junção de outros
rar pelo Estado ao investidor privado, como documentos ao processo de investimento, de acordo com o
contrapartida do exacto e pontual cumprimento projecto em análise.
dos objectivos fixados;
g) localização do investimento e regime jurídico dos 4. A ANIP pode adoptar mecanismos electrónicos, infor-
bens do investidor; máticos e de interface virtual com recurso à internet para a
h) mecanismos de acompanhamento pela ANIP das recepção das propostas de investimento, recolha e tratamento
acções de realização do investimento durante o de dados, bem como para a subsequente comunicação com o
período contratual; investidor e acompanhamento do investimento.
i) forma de resolução de litígios, com previsão por-
menorizada do foro e dos procedimentos da ARTIGO 55.°
arbitragem, caso se opte por esta via extrajudi- (Suspensão do processo e desistência)
cial;
1. É permitido ao investidor suspender o processo de
j) definição geral, mas fundamentada, em anexo, do
investimento junto da ANIP até 180 dias, desde que seja antes
impacto económico, social e ambiental do pro-
do agendamento da decisão sobre o mesmo projecto de
jecto previsto, sempre que tal se aplique. investimento junto do órgão competente para aprovação.
2. Se até ao final do prazo estabelecido o proponente não da maioria simples, tendo o representante da ANIP voto de
corrigir a sua proposta, a ANIP emite decisão expressa inde- qualidade em caso de empate, não sendo permitidas absten-
ferindo liminarmente a solicitação de investimento. ções.
3. As posições e o parecer da CNFI resultam de um con- 4. O prazo para aprovação é de 15 dias, contados a partir
senso entre os seus membros e, na falta destes, por votação da recepção do expediente, nos termos do artigo anterior,
2946 DIÁRIO DA REPÚBLICA
3. Da decisão negatória do investimento cabe reclamação 1. Depois de validamente emitidos, os CRIP constituem
e recurso, nos termos das regras do procedimento e conten- títulos de investidor privado.
cioso administrativo.
2. Os CRIP constituem o documento comprovativo da
4. Se o proponente concordar com as causas evocadas aquisição dos direitos e da assumpção dos deveres de inves-
pelo órgão competente para rejeitar a proposta, pode corrigir tidor privado consagrados na presente lei, devendo servir de
as faltas ou incorrecções da proposta e voltar a apresentá-la, base para todas as operações de investimento, acesso a
iniciando-se um novo processo de investimento, sem prejuízo incentivos e facilidades, obtenção de licenças e registos,
da aplicação do princípio do aproveitamento dos actos jurí- solução de litígios e outros factos decorrentes da atribuição
dicos anteriores, no que for possível. de facilidades e incentivos.
I SÉRIE — N.º 94 — DE 20 DE MAIO DE 2011 2947
ARTIGO 66.°
TÍTULO IV
(Importação de capitais)
Decurso dos Projectos de Investimento
1. O licenciamento das operações de importação de capi-
tais é requerido pelo proponente junto do BNA, através de CAPÍTULO I
uma instituição bancária autorizada a exercer o comércio de Implementação dos Projectos de Investimento
câmbios, mediante apresentação do Certificado de Registo
do Investimento Privado (CRIP). ARTIGO 70.°
(Execução dos projectos)
1. Nos termos da legislação em vigor, os investidores 5. Compete à ANIP, em coordenação com o BNA,
privados devem, obrigatoriamente, ter contas em bancos denunciar e requerer a declaração de nulidade dos actos
domiciliados no País, onde depositam os respectivos meios constitutivos das sociedades realizados em contravenção
monetários, e através das quais fazem todas as operações do previsto nos n.os 2 e 3 do presente artigo.
de pagamento, internas e externas, relacionadas com o
investimento aprovado, nos termos da presente lei. ARTIGO 77.°
(Objecto social singular e proibição da extensão dos benefícios)
2. De acordo com o seu critério e responsabilidade, o
investidor privado pode manter na sua conta bancária 1. As sociedades e empresas constituídas para investi-
valores monetários em moeda estrangeira, convertendo-os, mentos privados no âmbito da presente lei devem, preferen-
I SÉRIE — N.º 94 — DE 20 DE MAIO DE 2011 2949
cialmente, ser de propósito único e de objecto social fechado, tidor interno interessado, caso exista, em igualdade de
correspondendo este ao projecto de investimento aprovado. circunstâncias, o direito de preferência.
2. Não podendo aplicar-se o disposto no número anterior, 2. O direito de preferência a que se refere o número
fica expressamente proibida a extensão de quaisquer facili- anterior tem natureza legal, podendo a sua não observância
dades, incentivos ou benefícios concedidos no quadro do ser impugnada por qualquer interessado que se sinta lesado,
investimento privado, previstos na presente lei ou em legis- no prazo de 180 dias a contar da data da cessão da posição
lação avulsa, a outras actividades empresariais desenvol- contratual a impugnar.
vidas pelo investidor, não cobertas pela aprovação de
investimento privado concedida nos termos do CRIP ou do 3. Sem prejuízo do n.° 1, a autorização da ANIP sobre a
contrato de investimento privado. cessão total ou parcial relativamente ao investimento privado
está sujeita à homologação pelo órgão competente para apro-
ARTIGO 78.°
vação do investimento.
(Alargamento do objecto)
f) pela ilicitude superveniente do seu objecto social; f) a falta de informação anual referida no n.° 1 do
g) pela falência da sociedade; artigo 71.°;
h) por desvio manifesto na realização do objecto social g) a falsificação de mercadorias e prestação de falsas
do empreendimento; declarações.
i) em todos os restantes casos previstos na legislação
em vigor.
2. A sobrefacturação dos preços de máquinas e equipa-
mentos importados, nos termos da presente lei, constitui
2. A iniciativa para a dissolução, nos casos previstos nas
infracção nos termos da legislação aplicável.
alíneas a) d), e), f) e g) do número anterior, pode partir da
ANIP.
ARTIGO 85.°
(Falsificação de mercadorias e falsidade das declarações)
3. A dissolução e liquidação das sociedades ou empresas
constituídas para fins de investimento privado processa-se Sem prejuízo das penalidades enquanto transgressão nos
nos termos da legislação comercial em vigor. termos da presente lei, à falsificação de mercadorias ou à
prestação de falsas declarações cabem ainda as consequên-
TÍTULO V cias sancionatórias nos termos da legislação penal aplicável.
Transgressões e Penalidades
CAPÍTULO II
Penalizações
CAPÍTULO I
Tipos Legais ARTIGO 86.°
(Multas e outras penalizações)
ARTIGO 83.°
(Incumprimento doloso ou culposo das obrigações legais) 1. Sem prejuízo de outras penalidades especialmente pre-
vistas por lei, as transgressões referidas nos artigos 84.° e
Sem prejuízo do disposto noutros diplomas legais, cons- 85.° da presente lei são passíveis das seguintes consequên-
titui transgressão o incumprimento doloso ou culposo das cias:
obrigações legais a que o investidor privado está sujeito, nos
a) multa, no valor correspondente em kwanzas, que
termos da presente lei e demais legislação sobre investimento
varia entre USD 10 000,00 e USD 500 000,00,
privado.
sendo o valor mínimo e o valor máximo eleva-
ARTIGO 84.° dos para o triplo em caso de reincidência;
(Outras transgressões) b) perda das isenções, incentivos fiscais e outras
facilidades concedidas;
1. Constitui transgressão, nomeadamente: c) revogação da autorização do investimento.
a) o uso das contribuições provenientes do exterior 2. A não execução dos projectos dentro dos prazos fixa-
para finalidades diversas daquelas para as quais dos na autorização ou na prorrogação é passível da penali-
tenham sido autorizadas; dade prevista na alínea c) do número anterior, acompanhada
b) a prática de actos de comércio fora do âmbito do do pagamento de uma multa no valor de 1/3 do valor do
projecto autorizado; investimento, salvo se for comprovada situação de força
maior.
c) a prática de facturação que permita a saída de capi-
tais ou iluda as obrigações a que a empresa
3. Nos casos previstos no número anterior, os activos
ou associação esteja sujeita, designadamente as
pertencentes ao pretenso investidor domiciliados na Repú-
de carácter fiscal;
blica de Angola revertem a favor do Estado Angolano.
d) a não execução das acções de formação ou a não
substituição de trabalhadores estrangeiros por
ARTIGO 87.°
nacionais nas condições e prazos previstos na (Competência para aplicar penalizações)
proposta de investimento;
e) a não execução injustificada do investimento nos 1. A penalidade prevista na alínea a) do artigo anterior é
prazos contratualmente acordados; aplicada pela ANIP e a prevista na alínea c) pelo órgão com-
I SÉRIE — N.º 94 — DE 20 DE MAIO DE 2011 2951
petente que aprovou o investimento privado, nos termos da 2. Com recurso a esta receita, a ANIP reforça a sua capa-
presente lei. cidade institucional, devendo apetrechar-se materialmente,
no âmbito estrutural e mobiliário, bem como no âmbito
2. A penalidade prevista na alínea b) do n.° l do artigo do incremento e elevação dos seus recursos humanos.
anterior é aplicada, nos termos da legislação específica sobre
a matéria e pelo órgão competente para aprovação do inves- ARTIGO 90.°
timento privado. (Regulamentação)
ARTIGO 91.°
ARTIGO 88.° (Investimento privado de valor inferior ao limite mínimo estabelecido)
(Procedimento e recurso sobre penalizações)
ARTIGO 89.°
(Comparticipação nos emolumentos, taxas e multas) Sem prejuízo da eventual aplicação subsidiária da Lei do
Investimento Privado, compete ao Executivo regular o
1. Sem prejuízo da dotação que receba a partir do Orça- investimento privado interno no exterior, respeitando as
mento Geral do Estado, a ANIP tem como receita própria imposições da Lei Cambial e garantindo o interesse público,
100% do montante resultante dos emolumentos e 50% do consubstanciado na reentrada dos capitais exportados, bem
montante resultante das taxas e multas por si cobradas no como dos rendimentos que tenham sido gerados no âmbito
âmbito da presente lei. do projecto de investimento.
2952 DIÁRIO DA REPÚBLICA
CAPÍTULO II
Direito Transitório As dúvidas e as omissões que resultarem da aplicação e
da interpretação da presente lei são resolvidas pela Assem-
ARTIGO 95.° bleia Nacional.
(Projectos de investimento anteriores) ARTIGO 98.°
(Entrada em vigor)
1. A presente Lei do Investimento Privado e a sua regu-
lamentação não se aplicam aos processos de investimentos A presente lei entra em vigor à data da sua publicação.
aprovados antes da sua entrada em vigor, continuando estes,
até ao respectivo termo da sua implementação a serem Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,
regidos pelas disposições da legislação e dos termos ou aos 19 de Abril de 2011.
contratos específicos com base nos quais a autorização
foi concedida. O Presidente da Assembleia Nacional, António Paulo
Kassoma.
2. Contudo, os investidores privados podem requerer
à ANIP a submissão dos seus projectos, já aprovados, ao Promulgada aos 19 de Maio de 2011.
regime estabelecido na presente Lei do Investimento Privado,
cabendo a decisão ao órgão competente para a sua aprova- Publique-se.
ção, de acordo com o seu valor e/ou características, nos
termos do presente diploma. O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.