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2640 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 28.º Com efeito, a locação financeira pode desempenhar


(Contas) uma, função económica e socialmente útil na actual situação
angolana, face ao desenvolvimento das estruturas empresa-
O locatário deve evidenciar com clareza, em contas extra- riais nacionais;
-patrimoniais, o montante global dos encargos a satisfazer
em exercícios futuros, relativos aos Contratos de Locação Trata-se de um processo de financiamento que apresenta,
Financeira sobre coisas móveis ou imóveis, que haja cele- entre outras vantagens, a de possibilitar ao beneficiário a
brado. utilização de bens de equipamento ou de imóveis destinados
à sua instalação de vultuosos capitais próprios na respectiva
ARTIGO 29.º
aquisição;
(Regulamentação)

Do ponto de vista da instituição fornecedora dos meios


Compete ao Banco Nacional de Angola estabelecer os
financeiros, é de assinalar a particular segurança que decorre
procedimentos que se tornem necessários adoptar para as
da manutenção da propriedade do bem locado durante o
operações de locação financeira bem como publicar ou trans-
período de vigência do contrato;
mitir as instruções de carácter técnico e outras necessárias
à boa execução do regime legal do presente contrato.
Um dos traços de locação financeira é a sua função
ARTIGO 30.º económica típica ser de financiamento ao investimento pro-
(Legislação subsidiária) dutivo, que justifica a sua qualificação como instituições
financeiras não bancárias, mas as sociedades que nele inter-
Ao Contrato de Locação Financeira regulado no presente venham na qualidade de locadoras — ser prosseguida através
diploma são subsidiariamente aplicáveis as normas cons- de uma operação cuja estrutura jurídica é complexa, resul-
tantes do diploma regulador da Actividade das Sociedades tando da imbricação ou simbiose de várias técnicas contra-
de Locação Financeira, bem como o regime jurídico das tuais;
cláusulas gerais contratuais.
Considera-se, pois, que se torna necessário definir o
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.
quadro jurídico regulamentar das Sociedades de Locação
Financeira, na dupla vertente formal e substancial.
–––––––––

Decreto Presidencial n.º 65/11 O Presidente da República decreta, nos termos da alí-
de 18 de Abril nea 1) do artigo 120.° e do n.° 3 do artigo 125.°, ambos da
Constituição da República de Angola, o seguinte:
O Executivo atribui a maior relevância, no seu programa,
à modernização e solidez do sistema financeiro nacional, ARTIGO 1.º

estabelecendo como orientação vital o reforço das modali- (Aprovação)

dades de financiamento para os agentes económicos, assim


como a diversificação dos instrumentos de financiamento à É aprovado o Regulamento Sobre a Actividade das
disposição da economia; ‹‹Sociedades de Locação Financeira››, em anexo ao presente
Decreto Presidencial e que dele é parte integrante.
Considerando que as Sociedades de Locação Financeira
constituem uma das formas institucionais consagradas no ARTIGO 2.º
nosso sistema financeiro, estando expressamente previstas (Dúvidas e omissões)
na alínea d) da Lei Reguladora da Actividade Geral das
Instituições Financeiras, Lei n.° 13/05, de 30 de Setembro; As dúvidas e omissões que se suscitarem na interpretação
e aplicação do presente diploma são resolvidas pelo Presi-
Considerando que tais sociedades inflectem automatica- dente da República.
mente do supracitado quadro jurídico que disciplina o
conjunto de aspectos essenciais a que estão sujeitas a gene- ARTIGO 3.º
ralidade das instituições por parte do Banco Nacional de (Entrada em vigor)
Angola, torna-se assim dispensável a sua inclusão no
presente diploma, nomeadamente, as regras atinentes à sua O presente Decreto Presidencial entra em vigor na data da
constituição, administração e supervisão; sua publicação.
I SÉRIE — N.º 72 — DE 18 DE ABRIL DE 2011 2641

Apreciado em Conselho de Ministros, em Luanda, ARTIGO 5.º


aos 30 de Março de 2011. (Capital social)

Publique-se. Compete ao Banco Nacional de Angola estabelecer,


por aviso, os termos e condições de realização do capital
Luanda, aos 14 de Abril de 2011. social das sociedades previstas no presente diploma.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.


ARTIGO 6.º
––––––––– (Recursos)

REGULAMENTO SOBRE A ACTIVIDADE DAS As Sociedades de Locação Financeira só podem financiar


SOCIEDADES DE LOCAÇÃO FINANCEIRA
a sua actividade com fundos próprios e através dos seguintes
recursos:
ARTIGO 1.º
(Objecto)
Emissão de obrigações de qualquer espécie nos ter-
1. As Sociedades de Locação Financeiras, também desig- mos e condições fixados na Lei das Sociedades
nadas por sociedades de ‹‹leasing››, são instituições finan- Comerciais, bem como de papel comercial;
ceiras não bancárias que têm como objecto exclusivo o Financiamentos concedidos pelas instituições
exercício da actividade de locação financeira. bancárias, nomeadamente no âmbito do mercado
interbancário, se a regulamentação aplicável a
2. As Sociedades de Locação Financeira podem, acesso-
este mercado o permitir, bem como por institui-
riamente:
ções financeiras internacionais;
Obtenção de crédito dos fornecedores dos bens desti-
a) Alienar, ceder a exploração, locar ou efectuar
outros actos de administração sobre bens que lhes nados à locação;
hajam sido restituídos, quer por motivos de Suprimentos e outras formas de empréstimo e
resolução de um contrato de locação financeira, adiantamentos entre uma sociedade e os respec-
quer em virtude do não exercício pelo locatário tivos sócios;
do direito de adquirir a respectiva propriedade; Operações de tesouraria, quando legalmente permiti-
b) Locar bens móveis fora dos casos em que os bens das, entre as sociedades que se encontrem numa
lhes hajam sido restituídos no termo do contrato relação de domínio ou de grupo.
de locação financeira.
ARTIGO 7.º
ARTIGO 2.º
(Operações cambiais)
(Designação)

As Sociedades de Locação Financeira podem realizar as


A designação de sociedade de locação financeira,
operações cambiais necessárias ao exercício da sua activi-
sociedade de leasing ou outra que com elas se confunda,
não pode ser usada por outras entidades que não as previstas dade, nos termos da legislação aplicável.
no presente diploma.
ARTIGO 8.º
ARTIGO 3.º (Consórcios)
(Exclusividade)

As entidades habilitadas a exercerem a actividade de


Além das instituições bancárias, só as Sociedades de locação financeira podem constituir consórcios de locação
Locação Financeira podem celebrar, de forma habitual, na
financeira quando o montante de determinadas operações o
qualidade de locador, Contratos de Locação Financeira.
justifique.
ARTIGO 4.º
(Forma das Sociedades de Locação Financeira) ARTIGO 9.º
(Operações especialmente vedadas)
As Sociedades de Locação Financeira devem constituir-
-se como sociedades comerciais sob a forma de sociedade 1. Ficam especialmente vedadas à Sociedade de Locação
anónima. Financeira as seguintes espécies de operações:
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a) A aquisição de acções próprias, acções ou partes contribuintes em situação irregular para com a administra-
de capital de quaisquer instituições financeiras, ção fiscal;
salvo com autorização expressa do Banco Nacio-
nal de Angola; Tais medidas têm como principal finalidade a moraliza-
b) A aquisição ou posse de bens imóveis para além dos ção do sistema tributário, por um lado, e por outro, a dotação
necessários às suas instalações próprias ou ao por parte da administração fiscal, de ferramentas de combate
desenvolvimento do seu objecto social; aos elevados índices de impunidade, evasão e fraude fiscal
c) A prestação de serviços complementares da activi- que atingem a economia angolana.
dade de locação operacional, nomeadamente,
a manutenção e a assistência técnica dos bens
O Presidente da República decreta, nos termos da alínea l)
locados, podendo no entanto, celebrar contratos
do artigo 120.° e do n.° 3 do artigo 125.°, ambos da Consti-
de prestação de serviços com terceiras entidades;
tuição da República de Angola, o seguinte:
d) A proibição estabelecida na alínea b), do número
anterior não abrange as situações de títulos ou
imóveis como forma de reembolso de créditos MEDIDAS EXCEPCIONAIS DE CONTROLO
próprios, casos em que a Sociedade de Locação DE CONTRIBUINTES EM CIRCUNSTÂNCIA
Financeira deve proceder à alienação dos referi- DE IRREGULARIDADE REITERADA
dos bens no prazo de dois anos.
ARTIGO 1.º
ARTIGO 10.º (Objecto)
(Regime jurídico)

O presente diploma tem como objecto criar mecanismos


As Sociedades de Locação Financeira regem-se, em
e conferir poderes à administração fiscal para o controlo de
especial, pelas normas do presente diploma, directivas ou
instruções estabelecidas, pela Lei n.° 13/05, de 30 de Setem- contribuintes faltosos.
bro e subsidiariamente, pelas normas legais e regulamen-
tares aplicáveis. ARTIGO 2.º
(Suspensão de Número de Identificação Fiscal)
ARTIGO 11.º
(Regulamentação) 1. AAdministração Tributária pode suspender os Números
de Identificação Fiscal «NIF» dos contribuintes que tenham
Compete, em geral, ao Banco Nacional de Angola definir
deixado de apresentar as declarações fiscais a que estejam
os princípios reguladores e os procedimentos a adoptar no
obrigados.
exercício de Actividades das Sociedades de Locação Finan-
ceira, bem como publicar ou transmitir as instruções de
carácter técnico e outras, necessárias à boa execução do 2. Considera-se que o contribuinte deixou de apresentar
regime legal da referida actividade. as declarações a que esteja obrigado, quando essa falta se
verifique por um período mínimo superior a 12 meses, a con-
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. tar da data em que tenha terminado o prazo para entrega da
–––––––– primeira declaração em falta.

Decreto Presidencial n.º 66/11 3. A acção referida no n.º 1 tem de ser precedida de pelo
de 18 de Abril menos uma tentativa de contacto pela Administração Tribu-
tária através de notificação postal, obrigação essa que se con-
O Decreto n.° 61/04, de 28 de Setembro, institui o Número sidera cumprida se 30 dias após a sua expedição se verificar
de Identificação Fiscal (NIF) e estabelece os critérios a que ausência de resposta escrita ou interpelação da Administração
a sua concessão deve obedecer; Tributária pelo contribuinte, ou a devolução da mesma.
O cadastro de contribuinte, para além de ser um acto de
4. Os contribuintes subsumidos na hipótese dos n.os 1 e 2
capital importância para administração fiscal, como o é para
o contribuinte, não constitui, por si só, prova de situação fis- deste artigo, caso pretendam continuar em actividade, podem
cal regularizada; requerer o levantamento da suspensão, devendo para o efeito
entrar em contacto com a repartição fiscal competente, que
Torna-se assim imperioso criar mecanismos de maior deve informar as diligências necessárias à regularização da
controlo a contribuintes inadimplentes, através da estatuição sua situação fiscal e consequente levantamento da suspen-
de algumas medidas restritivas ou limitativas à actividade dos são.

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