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Tem a fórmula química C6H6, com os seus átomos de carbono nos vértices de um hexágono e um
átomo de hidrogénio ligado a cada carbono.
Na sua análise química são utilizadas técnicas de cromatografia de gás para a sua separação,
com detecção por ionização por chama, fotoionização ou espectrometria de massa.
Origens e utilizações
É utilizado como matéria-prima para síntese de outros compostos orgânicos (p.e. estireno, fenóis,
ciclohexano, etc.) e como aditivo nos combustíveis para veículos, substituindo, em parte, o
chumbo. No passado foi utilizado como solvente em tintas, colas e semelhantes, limpeza a seco,
etc. Atendendo aos seus efeitos na saúde, foi substituído por outros produtos, neste tipo de
utilização.
Deste modo e atendendo à sua volatilidade, o benzeno entra em contacto com o homem
principalmente através do ar, em ambientes industriais específicos ou na atmosfera urbana,
resultante de fugas de combustíveis ou da sua queima incompleta.
Ambiente
Atendendo à sua elevada volatilidade, o benzeno tende a acumular-se maioritariamente no ar, quer
a partir da água, quer do solo ou sedimentos. No entanto, é removido da atmosfera para a água e
para o solo durante os períodos de chuva.
Ar
Têm sido medidos os seguintes valores típicos para concentrações médias diárias de benzeno no
ar de 0,51 µg/m3 (0,16 ppb) em locais remotos,
1,50 µg/m3 (0,47 ppb) em áreas rurais e 5,76 µg/m3 (1,8 ppb) em zonas
urbanas. No entanto, foram observadas concentrações pontuais muito mais elevadas, atingindo
valores de 510 µg/m3.
Em cidades ou regiões onde existem indústrias que produzem ou transformam benzeno, verifica-
se um aumento da sua concentração na atmosfera, embora de uma forma mais variável.
No entanto, mesmo em alguns locais atrás referidos, no interior das habitações foram observadas
concentrações de benzeno superiores às concentrações ao ar livre. A sua origem é o fumo do
tabaco que constitui uma fonte de exposição importante quer para fumadores quer para a
população em geral. Foram medidos valores da concentração de benzeno no fumo de cigarros
com filtro de 26 a 36 µg/m3. Existem igualmente estudos que apontam para a contribuição de
produtos de consumo como adesivos, materiais de construção e tintas que contribuem para
baixos níveis de benzeno no interior das habitações.
Água
As concentrações de benzeno observadas na água são muito variáveis, desde 0,005 - 0,015 µg/l
em regiões não poluídas, até 87,2 µg/l em água da chuva ou 330 µg/l em poços poluídos. Em
águas superficiais, as concentrações de benzeno são geralmente inferiores a 1 µg/l. O valor
paramétrico para águas de consumo humano, segundo o Dec. Lei nº 243/2001 é de 1,0 µg/l.
Solo
Alimentos
Dados sobre ocorrência de benzeno nos alimentos são muito limitados. No entanto são
conhecidos alguns valores particularmente elevados como 120 µg/kg em rum da Jamaica, 19
µg/kg em carne de vaca, 500-1900 µg/kg em ovos e 3-88 µg/kg em 37 de 114 amostras de peixe.
Exposição da população
No Canadá calculou-se a dose de benzeno a que um não fumador está sujeito em cerca de 230
µg/dia. Para um fumador haverá a somar 1800µg/dia. Para os Estados Unidos foi estimada a dose
diária, para não fumadores e em diversas cidades, entre 430 e 1530 µg/dia.
A absorção do benzeno, por via aérea e por via oral, é feita facilmente. A eliminação é feita por via
aérea através do ar expirado. Os metabolitos da decomposição do benzeno no organismo são
eliminados principalmente por via urinária. Por ingestão ou pela via dérmica a absorção é
relativamente reduzida.
Efeitos no homem
Foi demonstrado que o benzeno produz um considerável número de efeitos biológicos. Os efeitos
agudos do benzeno reflectem a sua actividade como anestésico geral e podem conduzir a uma
depressão do sistema nervoso central, perda de consciência e sensibilização do miocárdio às
catecolaminas. A exposição crónica pode resultar na depressão de medula óssea que provoca
leucopenia, anemia, e/ou trombocitopenia. Os efeitos imunotóxicos do benzeno estão
provavelmente relacionados com a depressão da medula óssea. Em ensaios em animais foi
descrito o aparecimento de tumores epiteliais, enquanto que no homem a resposta carcinogénica
é a leucemia. Um terceiro tipo de impacte biológico é a produção de respostas teratogénicas tais
como aberrações cromossómicas, trocas de cromatídeos e micronúcleos. Foi ainda sugerida a
produção pelo benzeno, de efeitos fetotóxicos.
Exposição crónica
No Environmental Health Criteria 150 Benzene são apresentados diversos estudos de toxicidade
por exposição crónica ao benzeno, quer em ensaios animais, quer na área da saúde ocupacional.
Não são referidos estudos relativos a condições de exposição semelhantes às da poluição
atmosférica.
Conclusões
Para apoiar os estados membros no desenvolvimento de valores-guia para exposição ao benzeno,
o grupo de trabalho da OMS concluiu que um TWA de 3,2 mg/m3 (1 ppm) durante um período de
trabalho de 40 anos não está estatisticamente associado com um aumento de morte por
leucemia. Contudo, dado que o benzeno é um cancerígeno para o homem, a exposição deverá ser
limitada ao nível mínimo tecnicamente possível. Exposições a níveis superiores a 32 mg/m3 (10
ppm) deverão ser evitadas. Benzeno e produtos contendo benzeno nunca deverão ser utilizados
para processos de limpeza.
Lisboa 10-09-2002