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A dioxina é um grupo de substâncias químicas que se acumula no corpo e pode causar câncer,

mutações e outros problemas de saúde.

PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E DISPONIBILIDADE NO MEIO


AMBIENTE

As STPs sofrem degradação total, gerando H2 O e CO2 em condições aeróbicas.


A degradação parcial pode gerar produtos mais ou menos tóxicos ou persistentes,
como é o caso do DDT onde é metabolizado a DDE, e este é muito mais
persistente que o primeiro.

Devido às suas características de persistência no meio ambiente, as STPs podem


sofrer alterações nos seus processos de degradação quando estão associadas aos
sedimentos, pois estão menos expostas (disponíveis) a esses processos,
retardando-os. As moléculas sorvidas não estão biodisponíveis, estão usualmente
protegidas da luz UV (menor fotólise direta) e não podem entrar em contato com
fotooxidantes indiretos como OH.
A sorção das STPs aos solos e sedimentos também afeta o transporte, pois as
moléculas sorvidas são menos móveis no meio ambiente e não estão disponíveis
para processos de transferência de fases (exemplo troca ar-água etc.)

Bioacumulação
A bioacumulação só ocorre quando os processos envolvidos na assimilação são
superiores àqueles envolvidos na eliminação. O Fator de Bioconcentração – FB,
representa a razão no equilíbrio entre a concentração do composto no peixe e a
concentração dissolvida na água adjacente, considerando o mecanismo de difusão
nas guelras como a única fonte desse composto. A bioacumulação é máxima
quando o peso molecular está cerca de 350, o Log de Kow ~ 6,0 e a solubilidade
na água a 0,001 ppm.
Figura 9. Processos de acumulação e perda pelos peixes.

Fenômeno de Biomagnificação

STPs associadas aos lipídeos de presas (ex.: crustáceo) estão em estado


estacionário com a água ao redor. Quando o tecido da presa é digerido no intestino
do predador (peixe), os lipídeos são quebrados em moléculas menores, reduzindo
a capacidade de solubilizar ou reter a STP. Essa alta fugacidade (gradiente de
fugacidade) dos contaminantes lipofílicos apolares nos materiais digeridos resulta
numa transferência desses compostos para os tecidos lipídicos dos predadores.
(ALMEIDA, 2003)

Em outras palavras a biomagnificação é a bioacumulação ao longo da cadeia


alimentar, conforme exemplo abaixo:
Figura 10. Exemplo numérico de biomagnificação.
1
INTRODUÇÃO

As primeiras medidas para proibição, em nível mundial, do uso e da produção de


substâncias persistentes foram adotadas na Convenção de Estocolmo, em 2001,
que entrou em vigor em 18 de fevereiro de 2004. Nesse documento, doze
substâncias iniciais foram selecionadas: aldrin, endrin, dieldrin, clordano, DDT,
toxafeno, mirex, heptacloro, hexaclorobenzeno, PCB, dioxinas e furanos. Essas
substâncias compõem uma subclasse conhecida como Poluentes Orgânicos
Persistentes – POP que, juntamente com outras substâncias que satisfazem os
critérios de persistência e toxicidade, compõem o grupo das Substâncias Tóxicas
Persistentes – STP.

FONTES DE STP

As fontes naturais são a síntese por bactérias, plantas e fungos e as combustões


(incêndios florestais ou emissões vulcânicas).
As fontes antrópicas incluem:

» Efluentes industriais
» Esgotos domésticos
» Incineração de lixo: doméstico, industrial e hospitalar
» Queima incontrolada de lixo
» Derramamento de petróleo (óleos crus contêm 0,2 a 7 % de PAH)
» Produção de asfalto, alumínio, PVC, papel
» Produção de alumínio
» Queima de combustíveis fósseis
» Geração e composição de produtos agrícolas: um grande número de herbicidas,
inseticidas e fungicidas
» Queimadas florestais

HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS – PAH

Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos – PAH compõem uma classe de POP


caracterizados como subprodutos não intencionais. Esses compostos são
formados tanto por fontes naturais como por fontes antrópicas, sendo que as
atividades antrópicas são as principais responsáveis pelos PAHs no meio
ambiente. As fontes naturais são consequência da síntese por bactérias, plantas e
fungos, além das combustões (incêndios florestais ou emissões vulcânicas). As
fontes antrópicas incluem efluentes industriais e esgotos domésticos, incineração
de lixo, derramamento de petróleo (óleos crus contêm 0,2 a 7% de PAH), produção
de asfalto, produção de alumínio e queima de combustíveis fósseis (ALMEIDA,
2003).
OBSERVAÇÃO
O grupo dos PAHs consiste de compostos com dois ou mais anéis aromáticos
fundidos e que podem ser divididos em dois subgrupos: compostos de baixa
massa molar, formados por dois ou três anéis aromáticos fundidos (antraceno,
acenafteno, acenaftaleno, fluoreno, naftaleno e fenantreno), e os de alta massa
molar com quatro, cinco e seis anéis fundidos (pireno, fluoranteno,
benzo(a)antraceno, criseno, benzo(b)fluoranteno, benzo(a)pireno, indeno(1,2,3-
cd)pireno, dibenzo(a,h)antraceno, benzo(g,h,i)perileno).
Os compostos que contêm regiões vazias (bay regions) em suas estruturas, como
o benzo(a)pireno e o fenantreno, são os que mostram as mais altas reatividades
bioquímicas.

Figura 11. Exemplos de comostos da classe dos PAHs.

A persistência dos PAHs no meio ambiente varia com a massa molar. Os PAHs de baixas
massas molares são degradados mais facilmente. Enquanto os tempos de meia vida para
o naftaleno e antraceno no sedimento são de 9 e 43 horas, respectivamente, os PAHs de
massas molares mais altas apresentam tempos de meia vida em solos e sedimentos de
alguns anos.

s fatores de bioacumulação em organismos aquáticos têm relação direta com os


valores de Kow (que variam entre 4,79 a 8,2) e, freqüentemente, variam entre 100
– 2000, decrescendo com o aumento do tamanho molecular. Enquanto a
toxicidade aguda dos PAH de baixa massa molar é moderada, com valores de
LD50 para naftaleno e antraceno em ratos de 490 e 18000 mg/kg,
respectivamente, o benzo(a)antraceno (alta massa molar) exibe valor de LD50 em
ratos de 10 mg/kg. O efeito crítico de muitos PAHs em mamíferos é o potencial
cancerígeno, já que a ação metabólica dessas substâncias produzem
intermediários que se ligam covalentemente com o DNA celular.

Fontes antrópicas de PAH


O mecanismo de formação dos PAHs durante a combustão incompleta de material
orgânico ainda não é completamente compreendido. Acredita-se que duas reações
distintas estão envolvidas, a pirólise e a pirosíntese. A pirólise é consequência da
quebra parcial de compostos orgânicos em moléculas menores e mais instáveis a
altas temperaturas, enquanto a pirosíntese é consequência da recombinação
desses fragmentos (normalmente radicais), gerando hidrocarbonetos maiores e
relativamente estáveis. Em geral, qualquer composto orgânico contendo carbono e
hidrogênio pode servir como precursor de PAH.
IMPORTANTE
Vários compostos do grupo dos PAHs podem ser associados com uma fonte de
emissão específica. Fluoranteno, por exemplo, é um constituinte do xisto
betuminoso e asfalto derivado de petróleo. É também um produto universal da
combustão de matéria orgânica e de combustíveis fósseis. Fenantreno,
frequentemente, resulta da combustão incompleta de uma variedade de
compostos orgânicos, incluindo madeira e combustíveis fósseis.
Dibenzo(a,h)antraceno também é um produto da combustão incompleta.
Acenaftaleno é um componente do óleo cru e xisto betuminoso e também um
produto de combustão que pode ser produzido e liberado ao meio ambiente
através de incêndios naturais. Pireno, criseno e dibenzo(a,h)antraceno são
produtos de qualquer combustão incompleta.

Tabela 5: Compostos PAH prioritários e a subclasse (7 compostos) dos


cancerígenos animais

COMPOSTOS DA CLASSE DOS PAHS


Naftaleno Fenantreno Benzo(a)antraceno Benzo(a)pireno
Acenaftaleno Antraceno Criseno Indeno(1,2,3c,d)pireno
Benzo(b)fluoranten
Acenafteno Fluoranteno o Dibenzo(a,h)antraceno
Fluoreno Pireno Benzo(k)fluoranteno Benzo(g,h,i)perileno

4
TOXICIDADE DOS PAHS

Em virtude do seu potencial cancerígeno, os compostos policíclicos aromáticos são


de grande interesse. Em razão da sua larga disseminação no meio ambiente,
esses compostos representam um risco latente, especialmente porque a sua
incorporação através do ar e dos alimentos é inevitável. Devido ao seu alto
potencial cancerígeno e à presença abundante no meio ambiente, o
benzo(a)pireno é, frequentemente, usado como indicador da exposição humana
aos PAHs. Enquanto o benzo(a)pireno é razoavelmente bem caracterizado
toxicologicamente, poucas informações são disponíveis para a maioria dos outros
PAHs.

Compostos Clorados
Os compostos organoclorados que serão abordados compreendem duas classes
diferentes de STP: pesticidas e compostos industriais. Eles têm como principal
característica a alta persistência no meio ambiente, sendo considerados
compostos trans-fronteiriços, isto é, sem limites para seu transporte atmosférico. A
extensão da poluição global por esses compostos tornou-se evidente após eles
terem sido encontrados em áreas onde nunca foram utilizados ou produzidos,
como o Ártico, e por esse motivo são objetos de estudos em todo o mundo.

Grande parte dos compostos organoclorados são reconhecidamente tóxicos e


bioacumulativos nos tecidos dos organismos vivos. Nos sistemas aquáticos,
microorganismos podem acumular quantidades significativas de organoclorados da água e
retê-los em seus tecidos, iniciando-se assim, as primeiras etapas dos processos de
bioacumulação e biomagnificação e, consequentemente, afetando o homem que ingere
peixes constituintes da mesma cadeia alimentar. A toxicidade está, frequentemente,
relacionada aos efeitos letais de determinados compostos sobre os organismos vivos
(efeito agudo), porém as variações na taxa metabólica, no crescimento e na
reprodutibilidade são efeitos crônicos consequentes das longas exposições aos compostos
tóxicos.

Compostos Industriais – PCB


As bifenilas policloradas (ou do inglês, PCB) são compostos caracterizados pela
presença de anéis aromáticos halogenado. Elas foram introduzidas em 1929 e
produzidas em diversos países sob vários nomes distintos (Arocloro, Clophen,
Phenoclor etc.). Teoricamente essa classe compreende 209 compostos, mas
apenas 130 deles são encontrados em produtos comerciais. Apesar de não serem
mais produzidos, na década de 1980, foram muito utilizados como capacitores
dielétricos, fluidos hidráulicos, fluidos de transferência de calor e plastificantes.
Apesar de atualmente o uso de PCB estar bastante restrito em todo o mundo, eles
ainda podem ser encontrados nos sedimentos de vários corpos d’água devido a
sua persistência no meio ambiente e a sua capacidade de bioacumular nos
sistemas vivos. Comercialmente, os PCBs são encontrados como misturas,
contendo em média de 21-68% em massa de cloro e estão quase sempre
acompanhados de diferentes níveis de dibenzofuranos policlorados, compostos
também bastante tóxicos aos organismos vivos (BAIRD; CANN, 2011).

As misturas de PCB mais utilizadas nos Estados Unidos foram os Arocloros 1242,
1248, 1254 e 1260, que devem ser também os mais utilizados no Brasil, uma vez
que a maioria da importação era oriunda da indústria americana Monsanto. As
principais características de algumas misturas de Arocloro estão descritas na
Tabela a seguir.
Tabela 6: Propriedades físicas e químicas de algumas formulações técnicas de
Arocloros

TIPO DE AROCLORO 1242 1254 1260


Pressão de vapor (mmHg, 20 oC) 9,0 x 10-4 1,8 x 10-4 0,9 x 10-4
Solubilidade em água (mg/L) Massa molar 200-700 12-70 3-25
media 261 327 372
Número de átomos de cloro 2-4 4-6 5-7
A grande disseminação de produtos contendo PCB deve-se, principalmente, a
suas propriedades físico-químicas. Entre elas destacam-se: alta constante
dielétrica e elevada estabilidade térmica. Isso possibilitou o emprego de misturas
técnicas contendo PCB em diversos setores industriais. A solubilidade dos PCBs
em água decresce com o aumento do número de átomos de cloro na molécula e
varia entre 0,01 a 0,0001 μg/L a 25 °C. Os valores de pressão de vapor variam
entre 1,6 a 0,003x10-6 mm Hg a 20 °C, enquanto que os valores de log KOW
variam entre 4,3-8,26.

Figura 12. Estrutura genérica das bifenilas policloradas – PCB.

Tabela 7: Uso dos PCBs classificado de acordo com o tipo de Arocloro.

USO DE PCB TIPO DE AROC


Capacitores Elétricos 1221,1254
Transformadores Elétricos 1242,1254,1260
Bombas de Vácuo 1248,1254
Turbinas de Transmissão de Gás 1248,1254
Toxicidade dos PCBs
A principal razão para a regulamentação de PCB no meio ambiente é seu efeito no
sistema biológico, principalmente seu potencial cancerígeno. Os PCBs apresentam
t1/2 estimados que variam de algumas semanas até 2 anos no ar e, com exceção
dos mono e diclorobifenilas, mais de 6 anos em solos aeróbios e sedimentos. Os
PCBs também apresentam longos t1/2 em peixes adultos, alcançando mais de 10
anos (UNEP, 2003). A toxicidade aguda de PCB em mamíferos é, geralmente,
baixa.

Fontes de PCB no Brasil


A estimativa da produção mundial de PCB é de 1200 kt, dos quais 15% foram
utilizados pelos países em desenvolvimento. A estimativa do estoque brasileiro,
segundo o Ministério do Meio Ambiente, é de 80 kt (UNEP, 2003), representando
6,6% de todo PCB utilizado pelos países em desenvolvimento. Apesar de a
utilização do produto ter sido proibida no início dos anos 80, ainda há no Brasil
entre 250 e 300 kt de ascarel em uso, segundo estimativas da gerência da
Siemens, empresa que lidera a exploração dos serviços de troca do produto
(COSTA, 2000). Há também um mercado clandestino não contabilizado. Enquanto
cerca de 120 kt de Ascarel é usada em equipamentos de indústrias petroquímicas
e siderúrgicas, aproximadamente cerca de 100 kt está concentrada em indústrias
de pequeno porte e a mesma quantidade em concessionárias de energia (COSTA,
2000). Essas informações são bastante conflitantes devido à falta de um inventário
nacional.

O setor elétrico é uma fonte ativa de PCB para o ambiente através de seus
transformadores antigos. No estado de São Paulo, as subestações inativas de
energia elétrica já apresentaram diversos casos de vazamentos do óleo. A
empresa Furnas Centrais Elétricas, uma líder no setor de energia elétrica, gerando
66% da demanda energética brasileira, divulga em seu site um estoque de 140 t de
PCB em processo de incineração com o prazo para ser concluído, em 1999, sendo
que em 2003 a página ainda não foi atualizada (Furnas, 2003). Por outro lado, em
1997, a Eletropaulo, maior distribuidora de energia elétrica na América Latina,
responsável pela distribuição a 14 milhões de pessoas no estado de São Paulo,
assumiu possuir um passivo de 562 t de PCB. A siderúrgica CSN, no Rio de
Janeiro, planeja eliminar 800 t de Ascarel, contido em transformadores até o ano
de 2004, incinerando 80 t/ano (COSTA, 2000).

Outra fonte em potencial de PCB são os transformadores das plataformas de


perfuração de petróleo. No Brasil a exploração acontece desde os anos 1960 e,
apesar de, atualmente, ser improvável que as novas máquinas façam uso de
óleos, contendo PCB, plataformas antigas podem vir a ser fontes de PCB, caso os
transformadores ou outros equipamentos, contendo ascarel, ainda estejam em
uso.

Um número considerável de hidroelétricas foram construídas, no Brasil, durante as


décadas de 1960 e 1970 e é bastante provável que transformadores dessa época
utilizassem óleos, contendo PCB e que tenha havido vazamentos e
derramamentos desses óleos para o meio ambiente. Os trens movidos por
eletricidade também utilizavam transformadores, contendo PCB, sendo outra fonte
em potencial desses compostos no meio ambiente, apesar de não existirem
estudos que comprovem essas suspeitas.

O problema da ingerência dos resíduos municipais e industriais, principalmente nas


grandes cidades, onde existe uma variedade de pequenas empresas, possuindo
altas quantidades de óleos, contendo PCB, também atua, agravando a
contaminação de PCB no meio ambiente, por meio das descargas de efluentes
para os rios e oceanos. A incineração desses resíduos para uma pequena
empresa torna-se uma atividade bastante cara e, portanto, o derramamento nos
rios é, frequentemente, uma alternativa mais simples e barata, que é realizada às
escondidas dos órgãos ambientais.

5
PESTICIDAS CLORADOS

Os pesticidas surgiram na década de 1930 com o objetivo de garantir o suprimento


de alimentos à crescente população por meio do controle ou da erradicação de
pragas. Dentre eles, os pesticidas organoclorados são caracterizados como
compostos refratários, ou seja, de baixa reatividade no meio ambiente. Eles têm,
como principal característica, um grande número de átomos de cloro na molécula,
onde cada cloro eletronegativo retira elétrons do anel ou da estrutura em cadeia,
tornando o composto resistente a reações eletrofílicas, como a oxidação. Cada
átomo de cloro adicional diminui a volatilidade do composto, aumenta sua
lipofilicidade e torna-o mais estável quimicamente.
Os pesticidas definidos como prioritários pelo grupo da América do Sul do projeto
UNEP foram: aldrin, dieldrin, endrin, DDT, HCH (especificamente o lindano),
heptacloro e endossulfan. Eles, de uma forma ou de outra, tiveram grande uso no
Brasil tanto mediante importações, assim como pela síntese e formulação a partir
dos princípios ativos importados. Os únicos produtos da lista dos POPs que ainda
estavam em uso no Brasil há alguns anos são aqueles utilizados para a
preservação de madeira, isto é, Heptacloro e Lindano. Atualmente, esses dois
produtos também já foram proibidos.

As principais características desses compostos estão descritas nos itens a seguir.

Aldrin (1,2,3,4,10,10 Hexacloro


1,4,4a,5,8,8a hexaidro-1,4-
endo,exo-5,8-
dimetanonaftaleno). É
rapidamente metabolizado
para Dieldrin tanto pelas
plantas quanto pelos animais e,
por esta razão apresenta
persistência moderada e t1/2
no solo de 20-100 dias (UNEP,
2003).

Dieldrin (1,2,3,4,10,10-
Hexacloro-6,7-epoxi-
1,4,4a,5,6,7,8,8a-octaidroexo-
1,4- endo-5,8-
dimetanonaftaleno). É
altamente persistente no solo,
com um tempo de
vida de 3 a 4 anos em climas
temperados e possui alta
tendência à bioconcentração
(UNEP, 2003).

Endrin (3,4,5,6,9,9-Hexacloro-
1a,2,2a,3,6,6a,7,7a-octaidro-
2,7:3,6- dimetanonaft[2,3-
b]oxireno). É altamente
persistente no solo (em alguns
casos já foram relatados t de
até 12 anos). Em peixes, já
foram relatados fatores de
1/2
bioconcentração de 14 a 18000
(UNEP, 2003).

Heptacloro (1,4,5,6,7,8,8-
Heptacloro-3a,4,7,7a-tetraidro-
4,7-metanoindeno). É
metabolizado em solos, plantas
e animais para heptacloro
epóxido, que é mais estável em
sistemas biológicos, além de
cancerígeno. O t no solo em
regiões temperadas é
1/2
de 0,75 a 2 anos (UNEP,
2003).

Diclorodifeniltricloroetano
(DDT) – (1,1,1-Tricloro-2,2-bis-
(4-clorofenil)-etano).
É, provavelmente, o composto
químico mais controverso do
Século XX. Salvou várias vidas
no controle de pragas como a
malária, porém sua
persistência e lipofilicidade
causavam a morte de vários
animais.
O DDT foi amplamente utilizado numa variedade de tipos de plantações. O produto
técnico é uma mistura de cerca de 85% p,p’-DDT e 15 % do o,p’-DDT (UNEP,
2003). O DDT é altamente persistente em solos com uma meia vida de cerca de
1,1 a 3,4 anos. Ele também exibe altos fatores de bioconcentração (na ordem de
5x104 para peixes e 5x105 para bivalves). No ambiente, o produto é metabolizado
para DDD e DDE. O DDT tem alta reatividade e o DDE é o produto de degradação
da maioria das reações que ocorrem no meio ambiente. O DDE é estável a
oxidação, redução e hidrólise e, por isso, é o principal composto da classe dos
DDT encontrado no meio ambiente quando a fonte de contaminação não é mais
ativa. Foi demonstrado que DDT atua como desregulador endócrino.

Clique sobre a imagem abaixo:

Hexaclorocicloexanos (HCH) – (1,2,3,4,5,6-Hexaclorocicloexano, isômeros mistos). O


“HCH técnico” é uma mistura de vários isômeros, incluindo -HCH (60-70 %), -HCH (5-12
%) e -HCH (10-15 %). Lindano (-HCH) é utilizado como pesticida e também preservante
de madeira. Apresenta t1/2 no solo superior a 1 ano e atua como desregulador endócrino
(UNEP, 2003). Os HCHs são menos bioacumulativos que outros organoclorados por causa
de suas baixas lipofilicidades. As pressões de vapor, relativamente altas, facilitam o
transporte para longas distâncias na atmosfera.

Endossulfan (6,7,8,9,10,10-Hexacloro- 1,5,5a,6,9,9a-hexaidro-6, 9-metano-2, 4,3-


benzodioxathiepin-3-oxide). O produto técnico contém pelo menos 94 % dos isômeros
puros, α- e β- endossulfan. Ele é moderadamente persistente no solo com t1/2 de 50 dias.

Os dois isômeros têm diferentes tempos de degradação no solo (t1/2 de 35 e 150


dias para α- e β- isômeros, respectivamente, em condições neutras). Nas plantas,
o endossulfan é, rapidamente, degradado para seu sulfato correspondente. Há
evidências de sua atuação como desregulador endócrino (UNEP, 2003).
Tabela 8: Características físico-químicas dos principais pesticidas organoclorados

NÚMERO CA
COMPOSTO S SOLUBILIDADE PRESSÃO DE VAPOR LOG KOW
Aldrin 309-00-2 27 µg/L a 25 oC 2,31 x 10–5 mm Hg a 20 oC 5,17-7,4

Dieldrin 60-57-1 140 µg/L a 20 oC 1,78 x 10–7 mm Hg a 20 oC 3,69-6,2


Endrin 72-20-8 220-260 µg/L a 25 oC 7 x 10–7 mm Hg a 25 oC 3,21-5,34
Heptacloro 76-44-8 180 μg/L a 25 oC 0,3 x 10–5 mm Hg a 20 oC 4,4-5,5
p,p’-DDT 50-29-2 1,2-5,5 μg/L a 25 oC 0,02 x 10–5 mm Hg a 20 oC 6,19
Lindano (g-HCH) 58-89-9 7 mg/L a 20 oC 3,3 x 10–5 mm Hg a 20 oC 3,8
Endossulfan 115-29-7 320 μg/L a 25 oC 0,17 x 10–4 mm Hg a 25 oC 2,23-3,62
Fontes de pesticidas clorados no Brasil
Atualmente, as principais fontes ativas desses compostos são locais altamente
contaminados (hotspots). Em Paulínia, estado de São Paulo, está, provavelmente,
um dos hotspots mais conhecidos pela imprensa brasileira, onde várias toneladas
de solo, na antiga fábrica da SHELL, estão contaminadas com os compostos da
classe dos drins (aldrin, endrin e dieldrin). Outro hotspot de fama nacional está
localizado no município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, numa antiga
fábrica de pesticidas, num terreno onde funcionava a Fundação Cidade dos
Meninos. Em 1960, essa fábrica foi desativada e pelo menos 300 toneladas de
substâncias possivelmente cancerígenas, como o HCB (popularmente conhecido
como pó de broca), foram abandonadas no local.

6
LEGISLAÇÃO

A Portaria no 329/MA de 2/9/1985 proíbe em todo o território nacional, a


comercialização, o uso e a distribuição dos produtos agrotóxicos organoclorados,
destinados à agropecuária, dentre outros: aldrin, BHC, toxafeno, DDT,
dodecacloro, endrin, heptacloro, lindano, endossulfan, metoxicloro, nonacloro,
pentaclorofenol, dicofol e clorobenzilato. No entanto, algumas exceções são
permitidas:

Clique sobre os itens abaixo:


 a. Uso de iscas formicidas à base de Aldrin e Dodecacloro.
 b. Uso de cupinicidas à base de Aldrin para atividades de florestamento e
reflorestamento.
 c. Uso, quando aplicados pelos órgãos públicos componentes, em
campanhas de saúde pública de combate a vetores de agentes etiológicos
de moléstias.
d. Uso emergencial na agricultura, a critério da Secretaria Nacional de Defesa
Agropecuária – SNAD do Ministério da Agricultura.

a. Uso de iscas formicidas à base de Aldrin e Dodecacloro.

A Portaria no 424, de 7/11/1985, altera a Portaria no 329 quando autoriza a


comercialização, o uso e a distribuição desses compostos, em caráter emergencial
na agricultura, a critério da SNAD e seu uso, exclusivamente, ao processo de
industrialização da madeira.

Bem-vindo!
Neste capítulo estudaremos
O CASO DO MERCÚRIO
1
INTRODUÇÃO

A emissão natural de mercúrio é devida à gaseificação da crosta terrestre,


emissões vulcânicas e evaporação natural de corpos d’água. A mineração de ouro
e prata, a extração de mercúrio, a queima de combustíveis fósseis e a fabricação
de cimento são exemplos de fontes antropogênicas de mercúrio.

Átomos de mercúrio ocorrem na natureza em três estados de oxidação: Hg0, é a


substância simples, e duas formas oxidadas, Hg2 +(mercuroso) e Hg2+
(mercúrico). A substância simples é um metal líquido prateado, à temperatura
ambiente. Na natureza, o mercúrio se apresenta como o minério cinábrio, que
contém sulfeto de mercúrio (HgS). As transformações do mercúrio no meio
ambiente envolvem uma série de reações químicas complexas denominadas de
ciclo do mercúrio.
A substância simples e os compostos orgânicos de mercúrio (alquilmercuriais) são
solúveis em solventes não polares. O vapor de mercúrio é mais solúvel em sangue
do que em água, onde é ligeiramente solúvel. A solubilidade em água de alguns
compostos de mercúrio segue a seguinte ordem crescente:

2
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE O MERCÚRIO
O Brasil não produz mercúrio. A sua importação e comercialização são controladas
pelo IBAMA por meio da Portaria no 32 de 12/5/1995 e do Decreto no
97.634/1989, que estabelece a obrigatoriedade do cadastramento no IBAMA das
pessoas físicas e jurídicas que “importem, produzam ou comercializem a
substância mercúrio metálico”. O uso do mercúrio metálico na extração do ouro é
também regulamentado.
O Decreto no 97.507/1989 proíbe o uso de mercúrio na atividade de extração de
ouro, “exceto em atividades licenciadas pelo órgão ambiental competente”. Por
outro lado, a obrigatoriedade de recuperação das áreas degradadas pela atividade
garimpeira é igualmente regulamentada pelo Decreto no 97.632/1989.

Toxicologia
Os efeitos tóxicos causados pelo mercúrio metálico são produzidos depois de sua
oxidação no organismo e por causa de sua grande afinidade pelos grupos
sulfidrilas das proteínas e, em menor grau, por grupos fosforilas, carboxílicos,
amidas e aminas. Nas células, o mercúrio é um potente desnaturador de proteínas
e inibidor de aminoácidos, interferindo nas funções metabólicas celulares. Ele
causa, também, sérios danos à membrana celular ao interferir em suas funções e
no transporte por meio da membrana, especialmente nos neurotransmissores
cerebrais. Por outro Iado, estudos citogenéticos já realizados em pessoas
contaminadas por Hg, em níveis considerados toleráveis pela Organização Mundial
de Saúde – OMS, revelaram aumento significativo de quebras cromatídicas, com a
possível interferência nos mecanismos de reparo do DNA. Esse efeito pode
resultar em quebras cromossômicas e em morte celular, o que justificaria o quadro
progressivo de deterioração mental nos indivíduos mais altamente contaminados.
Doenças causadas pelo mercúrio
O mercúrio penetra no organismo humano e deposita-se nos tecidos, causando
lesões graves, principalmente nos rins, no fígado, no aparelho digestivo e no
sistema nervoso central.
A exposição aguda, por inalação de vapores de mercúrio, pode acarretar em
fraqueza, fadiga, anorexia, perda de peso e perturbações gastrointestinais. A
ingestão de compostos mercuriais, em particular cloreto mercúrico, provoca úlcera
gastrointestinal e necrose tubular aguda. A exposição excessiva ao Hg dá origem a
reações psicóticas, como, por exemplo, delírio, alucinação e tendência suicida.

Como o mercúrio chega ao homem


Existem duas maneiras de o mercúrio chegar até o homem: ocupacional e
ambiental. A maneira ocupacional é mais conhecida e está ligada ao ambiente de
trabalho, como mineração e indústrias, geralmente associada aos garimpos de
ouro ou às fábricas de cloro-soda e de lâmpadas fluorescentes. Trata-se de uma
contaminação pelas vias respiratórias, que atinge o pulmão e o trato-respiratório,
podendo ser identificada e quantificada pela dosimetria do mercúrio na urina.

A substância simples e os sais de mercúrio são os principais responsáveis pela


contaminação ocupacional, enquanto os compostos orgânicos de mercúrio,
predominantemente o metilmercúrio, são responsáveis pela contaminação
ambiental. Uma característica comum às duas formas de mercúrio é que ambas
podem atravessar a barreira placentária, afetando seriamente o feto.
3
O MERCÚRIO E OS PEIXES

A cadeia trófica, isto é, a cadeia alimentar, é formada em sua base inferior por
microrganismos e peixes de espécies mais simples (de nível trófico baixo),
terminando por peixes predadores (de nível trófico elevado) e, finalmente, o
homem, que se alimenta de peixes. As populações ribeirinhas da Bacia Amazônica
são dependentes do consumo de peixe para o seu sustento, chegando a consumir
em média 200 gramas por dia.
Clique sobre os números abaixo:

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A contaminação por mercúrio na Amazônia
Após a sua utilização no processo de extração do ouro, o mercúrio residual é
descartado nas margens e nos leitos dos rios, no solo, ou é lançado na atmosfera
durante o processo de queima do amálgama.
OBSERVAÇÃO

Disponível no meio ambiente, esse mercúrio pode transformar-se no metilmercúrio.


A metilação do mercúrio é o passo mais importante para a sua entrada na cadeia
alimentar de organismos aquáticos, maiores bioconcentradores desse metal.
Hoje, sabe-se que a velocidade de metilação realizada pelas bactérias é função de
vários fatores, como o baixo pH da água, alta concentração de matéria orgânica
dissolvida e baixo teor de material particulado, situação fácil de ser encontrada nos
rios amazônicos. O pH do Rio Negro, por exemplo, é particularmente baixo,
chegando a 3,8.

Cerca de 3 mil toneladas de mercúrio utilizadas nos garimpos de ouro da


Amazônia, ao longo dos últimos 20 anos, vem sofrendo oxidação e metilação nas
condições propícias das águas e sedimentos dos rios, contaminando as
populações ribeirinhas, por meio da ingestão de peixes. Existem diversas
pesquisas realizadas na Amazônia, abordando a contaminação da população
ribeirinha por mercúrio.

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