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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DAS ÁGUAS


BACHARELADO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
TRATAMENTO DE ESGOTO INDUSTRIAL E AGRICOLA

ALARILSON COSTA
ANA QUELOENE
JAMILE COSTA
KELSON BATISTA
RENATA HIPÓLITO

SURFACTANTES

Santarém-PA
Março/ 2016
ALARILSON COSTA
ANA QUELOENE
JAMILE COSTA
KELSON BATISTA
RENATA HIPÓLITO

SURFACTANTES

Trabalho apresentado ao componente


curricular Tratamento de Efluente
Industrial e Agrícola, como requisito
básico para obtenção de nota e avaliado
pelo professor: Israel Nunes.

Santarém-Pa
Março/2016
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3

2 SURFACTANTES: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO .......................................... 4


2.1 Impactos dos Surfactantes no Meio Ambiente, Parâmetros e Tratamentos. ........... 5

CONCLUSÃO........................................................................................................................... 9

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 10


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INTRODUÇÃO

Os surfactantes são moléculas que possuem atividade detergente. A estrutura química


espacial é semelhante a um cotonete onde a parte de algodão seria a extremidade POLAR
(solúvel em água) da molécula e a haste flexível seria a parte APOLAR (não solúvel em água)
da molécula. Dentre os tipos de surfactantes encontrados, temos os catiônicos aniônicos e os
não-iônicos, sendo que, surfactantes mais comuns são os aniônicos que apresentam sulfato na
estrutura, como o lauril sulfato de sódio e lauril sulfato de amônio. Neste sentido Nitschke e
Pastore (2002) diz que, “os surfactantes constituem uma classe importante de compostos
químicos amplamente utilizados em diversos setores industriais”.
A importância comercial dos surfactantes torna-se evidente a partir da tendência do
mercado em aumentar a produção desses composto em decorrência da diversidade de
utilização industrial (CALVO, 2009; apud SILVA). Os surfactantes são aplicados em diversas
indústrias, tais como, industrias agrícolas, indústria alimentícia, indústria farmacêuticas, de
higiene têxtil e de cosméticos.
Os surfactantes são muito utilizados em residências para limpeza em geral, pois
conseguem “envolver” sujeira e retirá-la junto com a água, através de um processo chamado
emulsificação. Há vários tipos surfactantes, uma delas é o sabão.
Todavia, essas substâncias causam diversos problemas ecológicos, pois os surfactantes
são os principais componentes orgânicos antropogênicos em efluentes e lodos não tratados.
Entretanto, existe tratamento para esse tipo de efluente, onde o mais apropriado está baseado
na destruição química. Além disso, o Ministério da Saúde definiu que as substâncias
surfactantes aniônicas devem ser biodegradáveis e fixou limites de potabilidade para
surfactantes em 0,5 mg/L.
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2 SURFACTANTES: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

A descoberta do surfactante, foi motivada pela necessidade de um agente de


limpeza que não se combinasse com os sais dissolvidos na água, ao contrário do sabão. O
termo surfactante é derivado do inglês “sufactants”, que significa agentes ativos de superfície
e são definidos como moléculas anfipáticas constituída de uma porção hidrofóbica e uma
porção hidrofílica, onde a porção apolar é uma cadeia hidrocarbonada enquanto a porção
polar pode ser iônica, não-iônica ou anfotéria (Nitschke e Pastore, 2002).
As partes hidrofílicas das moléculas de surfactantes regulamente alcançam a
solubilidade de água por meio de ligações iônicas de hidrogênios. Isto provê a base de
classificação dos surfactantes em quatro subgrupos. Três destes subgrupos exibem ligações
iônicas: aniônicas, catiônicas e anfotéricos. O quarto subgrupo inclui surfactantes de não-
iônicos.
Catiônicos: compostos que quando em direção em dissolução, o grupo ativo fica
carregado positivamente (cátion). São bastante utilizados como amaciantes de roupas, alguns
grupos tem poder microbicidas e são utilizados como aditivos de produtos de limpeza
doméstica e industrial.
Aniônicos: compostos que em dissolução, o grupo ativo fica carregado
negativamente (ânion). São bastante utilizados no setor de detergentes de limpeza e lavagem
(50%), correspondendo, ainda, uma elevada fração para a indústria de têxteis e fibras (10%).
São usados como estabilizadores na indústria alimentar e em tinturarias e na biorremediação
dos solos contaminados. Quando se tratando de volume os surfactantes aniônicos mais
utilizados, são os Alquilbenzeno sulfonatos de sódio lineares (LAS) e o dodecilsulfato de
sódio (DSS) (Sirisattha et al., 2004 apud Romanelli, 2004).
Anfotéricos: desenvolvem uma carga negativa ou positiva dependendo do pH da
solução, se alcalina ou ácida. Eles tendem a trabalhar melhor a pH neutro. As betaínas são os
principais anfótero. São utilizados em xampus e limpadores de pele.
Não iônicos: não se ionizam na água, para serem solúveis precisam de polímeros
de oxido de etileno. São bons emulsificantes, porém não espumam, por isso a sua aceitação no
mercado está restrita ao uso de lavanderias e como amaciantes, tem algum poder germicida.
Os surfactantes constituem uma classe importante de compostos químicos
amplamente utilizados em diversos setores industriais e podem ser produzidos sinteticamente
(sintéticos) e por microrganismos os biossurfactantes.
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Os surfactantes sintéticos são compostos orgânicos que possuem a capacidade de


reduzir a tensão superficial da água, facilitando seu contato com os objetos a serem limpos,
sendo por isso, utilizados como princípio ativo dos detergentes (Cosméticos & Perfumes,
2001). A grande maioria dos surfactantes disponíveis comercialmente são sintetizados a partir
de derivados de petróleo.
Os álcoois sulfatos foram os primeiros surfactantes sintéticos empregados
comercialmente e, ainda hoje, são usados em algumas formulações em combinação com
outros detergentes. Posteriormente, a indústria passou a utilizar produtos à base de
Alquilbenzeno sulfonados (ABS) que possuem o grupo alquila bastante ramificado. Na
atualidade o ABS tem sido substituído pelo LAS (Sulfanado de Alquilbenzeno Linear), em
função da sua taxa insuficiente de biodegradabilidade.
Os biossurfactantes são compostos produzidos por bactérias, leveduras e fungos.
São classificados de acordo com a sua natureza bioquímica e pela espécie que os produzem, e
as principais classes de biossurfactantes são: glicolipídios, fosfolipídios e ácidos graxos,
lipopeptídeos/llpoproteínas, surfactantes poliméricos e surfactantes particulados
(ROMANELLI, 2004).
Os biossurfactantes aceleram a degradação de vários óleos por microrganismos e
promovem a biorremediação de águas e solos. São uteis na biorremediação de locais
contaminados com metais pesados tóxicos como chumbo, urânio e cádmio.
As principais áreas de aplicação dos surfactantes são: detergentes de limpeza,
indústria têxtil, indústria comestica, remediação do solo, indústria de papel, indústria
alimentícia e a indústria de corantes. Esse consumo em diversas áreas da indústria faz com
que o consumo mundial de surfactantes seja cerca de 8 milhões de toneladas por ano
(ROMANELLI, 2004).

2.1 Impactos dos Surfactantes no Meio Ambiente, Parâmetros e Tratamentos.

Os surfactantes são os principais constituintes dos produtos de limpezas e de higiene


pessoal, diariamente são liberados no ambiente uma quantidade consideráveis desse
composto, o que provoca sérios problemas de poluição. Alguns fatores afetam o potencial
tóxico dos surfactantes, entre eles a sua estrutura molecular, a dureza da água, temperatura e
concentração de oxigênio dissolvido.
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Muitos estudos têm demonstrado que os surfactantes causam diversos problemas


ecológicos. De acordo com Cunha et al. (2000 apud ROMANELLI, 2004), os principais
problemas são:
• Formação de espumas, que causam poluição visual e inibem processos de
depuração dos corpos receptores e nas ETEs, além de concentrarem e disseminarem
impurezas, bactérias e vírus;
• Diminuição das trocas gasosas entre a atmosfera e a superfície da água pela
formação de uma película isolante na superfície da água;
• Aumento do conteúdo de fosfatos no meio aquático, pela utilização de
polifosfatos em combinação com os surfactantes, favorecendo a eutrofização;
• Elevada toxicidade a organismos aquáticos presentes nos corpos hídricos
receptores.
Além de afetarem as propriedades físico-químicas e biológicas dos solos permanecem
no meio por muito tempo, principalmente os sintéticos, pois poucos microrganismos são
capazes de quebra suas moléculas. As moléculas de surfactante podem infiltrar e contaminar o
lençol freático, podendo também carregar poluentes orgânicos hidrofóbicos.
A determinação de surfactantes sintéticos aniônicos e dos seus produtos de degradação
em amostras ambientais é um problema complexo. Muitos métodos analíticos têm sido
empregados para a análise de surfactantes, entre eles os métodos colorimétricos como o do
Azul de Metileno (MBAS), cromatografías planar, gasosa e Líquida de Alta Eficiência
(CLAE), além de eletroforese capilar (Romanelli, 2004).
Assim, o monitoramento de surfactantes deve ser realizado com muita cautela, pois
concentrações subestimadas podem comprometer diversos ecossistemas. A concentração dos
surfactantes aniônicos no ambiente mostra variações sazonais e de acordo com a distância de
centros urbanos.
Os surfactantes são os principais componentes orgânicos antropogênicos em efluentes
e lodos não tratados. Entretanto não é parâmetro de projeto e controle das ETEs, por isso não
deve ser adotado como padrão de lançamento. Está presente nos padrões de qualidade dos
corpos d’água, não necessitando a sua inclusão entre os padrões de lançamento. É também um
parâmetro cujo controle deve ser efetuado na fonte (ex: detergentes).
No Brasil, o Ministério da Saúde, definiu na portaria n° 112, de 14 maio de 1982, que
as substâncias surfactantes aniônicas (substâncias tensoativas aniônicas), utilizadas na
composição de sabões e detergentes de qualquer natureza, devem ser biodegradáveis. Já a
portaria do Ministério da Saúde 518/2004 fixa limites de potabilidade para surfactantes em
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0,5 mg/L. Isso por que os surfactantes caracterizam-se por ocupar uma interface água/ar e
carregar partículas suspensas nos esgotos, impedindo-as de participar do processo de
coagulação-floculação.
Considerando a sua grande utilização, as elevadas concentrações destes compostos que
chegam ás estações de tratamento de efluentes e que são encontradas em corpos receptores,
além dos efeitos adversos causados a diferentes organismos, torna-se evidente a necessidade
de se estudar formas alternativas de tratamento de efluentes que contenham surfactantes.
A maior parte do surfactante pode ser degradada na coluna de solo, mas isso depende
do número de microrganismos presentes. Por essa razão para fazer a remoção e tratamento
dos surfactantes vários processos podem ser aplicados incluindo o processo físico-químico de
coagulação/floculação, adsorção, processos oxidativos avançados e processos biológicos.
A coagulação e a floculação são processos físico-quimicos que fazem com que as
partículas coloidais sejam agregados, provocando a aglomeração das impurezas suspensas,
facilitando a sua remoção. No processo físico-quimico de coagulação/floculação, pode no
final do tratamento atingir uma remoção de 80 a 90% dos surfactantes. O processo de
adsorção é um processo de separação baseado na adesão de uma partícula presente em uma
fase em outra. O carvão ativado é um exemplo de adsorventes (PERES, 2005).
Os processos oxidativos avançados transformam a maioria dos contaminantes
orgânicos em dióxido de carbono, água e ânions inorgânicos, através de reações de
degradação, que envolvem espécies transitórias oxidantes, principalmente radicais hidroxilas
(ROMANELLI, 2004). São processos limpos e não seletivos, podendo degradar inúmeros
compostos, independentemente da presença de outros.
Além disso, podem ser usados para destruir compostos orgânicos tanto em fase
aquosa, como em fase gasosa ou até adsorvidos numa matriz sólida. Esses processos têm
como principal característica a geração de radicais hidroxila (HO•), que reagem rápida e
indiscriminadamente com muitos compostos orgânicos, ou por adição à dupla ligação ou por
abstração do átomo de hidrogênio em moléculas orgânicas alifáticas. O resultado é a
formação de radicais que reagem com oxigênio, dando início a uma série de reações que
podem culminar em espécies inócuas, tipicamente CO2 e H2O (AMIRI e BOLTON, 1997
apud PERES, 2005).
Destacam-se os processos oxidativos avançados: a fotólise de peróxido de hidrogênio,
ozonização, a fotocatálise heterogênea e o processo fenton.
Os métodos de tratamento de efluentes baseados na destruição química, quando
devidamente desenvolvidos, fornecem uma solução completa para o problema dos poluentes
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de maneira diferente daqueles em que uma separação de fases é realizada, criando o


consequente problema da disposição final dos resíduos (ANDREOZZI et al., 1999 apud
PERES, 2005). O processo que emprega o carvão ativado, por exemplo, apenas transfere os
poluentes adsorvidos da água para o carvão, que necessita de um tratamento posterior.
Os processos biológicos são processos onde se utiliza os microrganismos para o
tratamento dos surfactantes e podem se dividir em aeróbios e anaeróbios. Para o tratamento
dos surfactantes pode ser destacados a remoção dos surfactantes ABS e do LAS no referido
processo. No quadro 1 serão abordados alguns processos biológicos para o tratamento e
remoção desses surfactantes.
Quadro 1: processos biológicos aplicados no tratamento de surfactantes ABS e LAS.

Esses processos biológicos surgem como uma alternativa especialmente, com relação
aos custos se comparados a outras formas de tratamento. Segundo Peres (2005), a maneira
biológica de diminuir um detergente sintético, não é fácil, mas é viável industrialmente.
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CONCLUSÃO

Os surfactantes são responsáveis por grandes problemas ambientais e o seu tratamento


pode ser feito através de processos físico-químicos e biológicos.
A degradação do surfactante pelos processos físico-químicos é uma ferramenta
adicional que vem sendo estudada e desenvolvida, demonstrando capacidade potencial em
reduzir os problemas ecológicos relacionados ao uso destas substâncias. Mas os tratamentos
biológicos são considerados vantajosos, pois seus custos são bem menores em relação aos
custos dos processos físico-químicos.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BRASIL, PORTARIA nº 518/ 2004 - Ministério da Saúde. Disponível na internet:


http://www.mm.gov.com.brl.

COMESTICOS & PERFUMES. A perfumaria funcional: sabão em pó, amaciante e


detergente. Crhodia, n. 11, 2001.

CUNHA, C. P.; LOBATO, N.; DIAS, S. Problemática dos tensioactivos na indústria de


produção de detergentes em Portugal. Instituto Superior da Universidade. Técnica de
Lisboa. Apostila. 2000.

NITSCHKE, M; PASTORE, G.M. Biossurfactantes: propriedades e aplicações. Quim Nova.


Vol, 25. N° 5, p-772-776. Campinas - São Paulo, 2002.

PERES, S, D. Técnicas aplicadas ao tratamento e redução dos efluentes líquidos de uma


empresa de saneantes domissanitarios. Dissertação (Mestrado Profissional em Engenharia) –
universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005.

ROMANELLI, M.F. Avaliação da toxicidade aguda e crônica dos surfactantes DSS e


LAS submetidos à irradiação com feixes de elétrons. Dissertação (mestrado em ciências na
área de tecnologia nuclear) – instituto de pesquisa energéticas e nuclear. São Paulo, 2004.

SILVA, S.N.R.L. Glicerol como substrato para produção de biossurfactante.Dissertação


de Mestrado da Universidade Católica de Pernambuco. Pesquisa disponível:
http://www.unicap.br/tede//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=381. Acesso em: 04/03/2016

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