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I SÉRIE — N.

º 72 — DE 18 DE ABRIL DE 2011 2635

ARTIGO 15.° Decreto Presidencial n.º 64/11


(Repartição Administrativa) de 18 de Abril

A Repartição Administrativa é o serviço que se ocupa da Considerando o disposto na Lei n.° 13/05, de 30 de
generalidade das questões administrativas, da gestão do pes- Setembro — Lei das Instituições Financeiras, que regula o
soal, do património, do orçamento e das relações públicas. processo de estabelecimento, o Exercício de actividade, a
supervisão e o saneamento das instituições Financeiras,
ARTIGO 16.° a mesma deixou em aberto a actualização, em diplomas
(Repartição de Gestão e Planeamento Urbano)
especiais, da regulamentação dos vários tipos de instituições
financeiras não bancárias ligadas à moeda e crédito, sujeitas
à jurisdição do Banco Nacional de Angola e consequentes
1. A Repartição de Gestão e Planeamento Urbano é o serviço
normas disciplinares dos contratos que constituem o objecto
técnico encarregue de assegurar a execução de tarefas nos
da actividade dessas sociedades, nomeadamente, o Contrato
domínios da gestão do planeamento urbanístico e do ordena-
de Locação Financeira;
mento territorial, licenciamento das operações urbanísticas,
toponímia e sinalização rodoviária da Urbanização do Tala- O Contrato de Locação Financeira tem sido bem suce-
tona. dido na generalidade dos países pelas possibilidades de
financiamento rápido que faculta em função das garantias
2. A actividade de gestão da Urbanização do Talatona que oferece aos seus intervenientes, surgindo assim como um
compreende a ocupação urbana, em especial o saneamento instrumento útil no relacionamento das economias em vias
ambiental, a pavimentação e drenagem, a instalação e manu- de desenvolvimento;
tenção dos elementos físicos que constituem o funciona-
Por força das características específicas que a locação
mento da Urbanização do Talatona como os sistemas de
financeira possui e, tendo em conta os benefícios jurídicos e
energia eléctrica, água e pavimentação.
económicos que esta proporciona aos agentes económicos,
estabeleceu-se a necessidade do seu campo de aplicação não
3. A actividade de gestão e manutenção da Urbanização ser restritivo, podendo assim, o contrato de locação ter por
do Talatona compreende igualmente aos fluxos, usos, serviços objecto quaisquer bens passíveis de serem locados, quer
e qualidade da paisagem urbana que constituem os espaços e sejam bens móveis ou imóveis;
serviços mais abrangentes da vida urbana.
Contudo, torna-se imprescindível estabelecer a sua regu-
ARTIGO 17.° lamentação própria na ordem jurídica-financeira nacional,
(Dúvidas e omissões) definindo-se assim, de uma forma genérica, as suas bases
económico-jurídicas.
As dúvidas e omissões que se suscitarem na interpreta-
ção e aplicação do presente diploma são resolvidas pelo Pre- O Presidente da República decreta, nos termos da alí-
sidente da República. nea l) do artigo 120.° e do n.° 3 do artigo 125.°, ambos da
Constituição da República de Angola, o seguinte:
ARTIGO 18.°
(Entrada em vigor) ARTIGO 1.º
(Aprovação)

O presente Decreto Presidencial entra em vigor na data da


sua publicação. É aprovado o Regulamento do Contrato de Locação
Financeira, em anexo ao presente Decreto Presidencial do
Apreciado em Conselho de Ministros, em Luanda, qual é parte integrante.
aos 30 de Março de 2011.
ARTIGO 2.º
Publique-se. (Dúvidas e omissões)

Luanda, aos 14 de Abril de 2011. As dúvidas e omissões que suscitarem da interpretação e


aplicação do presente diploma são resolvidas pelo Presidente
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. da República.
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ARTIGO 3.º 3. A assinatura das partes nos contratos de locação finan-


(Entrada em vigor) ceira de bens móveis sujeitos a registo deve conter a indi-
cação, feita pelo respectivo signatário, do número, data e
O presente Decreto Presidencial entra em vigor na data da entidade emitente do bilhete de identidade ou do passaporte
sua publicação. dependendo da nacionalidade da parte.

Apreciado em Conselho de Ministros, em Luanda, 4. A locação financeira de bens imóveis ou de móveis


aos 30 de Março de 2011. sujeitos a registo fica sujeita à inscrição na competente
Conservatória dos Registos.
Publique-se.

5. Nas coisas móveis deve ser colocada placa ou aviso


Luanda, aos 14 de Abril de 2011.
visível, indicativo do direito de propriedade da Sociedade
de Locação Financeira.
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.
ARTIGO 4.º
–––––––––
(Destino do bem, findo o contrato)

REGULAMENTO DO CONTRATO DE LOCAÇÃO


Findo o contrato por qualquer motivo e não exercendo o
FINANCEIRA
locatário a faculdade de compra, o locador pode dispor do
bem, nomeadamente, vendendo-o ou dando-o em locação ou
CAPÍTULO I
locação financeira, ao anterior locatário ou a terceiro.
Princípios Gerais

ARTIGO 5.º
ARTIGO 1.º
(Limites à autonomia das partes)
(Noção)

1. O Banco Nacional de Angola pode, por aviso, estabe-


«Locação Financeira» é o contrato pelo qual uma das
lecer normas sobre determinação dos montantes das rendas e
partes se obriga, contra retribuição a conceder à outra o gozo
dos valores residuais atribuídos aos bens, locados, bem como
temporário de uma coisa, móvel ou imóvel, adquirida ou
definir os termos e condições da sua eventual revisão, a
construída por indicação desta e que a mesma pode comprar
periodicidade convencionada para o pagamento das rendas e
total ou parcialmente num prazo convencionado, mediante o
os prazos porque são efectuados os contratos.
pagamento de um preço determinado ou determinável, nos
termos do próprio contrato.
2. Os modelos de Contrato de Locação Financeira,
ARTIGO 2.º quer mobiliária quer imobiliária, devem ser submetidos à
(Objecto) aprovação prévia do Banco Nacional de Angola.

A locação financeira tem como objecto quaisquer bens ARTIGO 6.º

susceptíveis de serem dados em locação. (Boa-fé)

ARTIGO 3.º Na celebração do contrato, assim como na sua interpre-


(Forma e publicidade) tação e aplicação, as partes devem respeitar os ditames da
boa-fé.
1. Os Contratos de Locação Financeira podem ser cele-
brados por documento particular exigindo-se, no caso de bens CAPÍTULO II
imóveis, o reconhecimento presencial das assinaturas das Celebração e Vigência do Contrato
partes, salvo se as referidas assinaturas forem efectuadas na
presença de funcionário dos serviços de registo, aquando da ARTIGO 7.º
apresentação do pedido de registo. (Sociedades de Locação Financeira)

2. Para efeitos do disposto no número anterior, a existên- Além das instituições financeiras bancárias, apenas as
cia de licença de utilização ou de construção deve ser certi- Sociedades de Locação Financeira regularmente constituídas
ficada pela entidade que efectua o reconhecimento ou ao abrigo da legislação aplicável podem dar de locação
verificada pelo funcionário dos serviços de registo. financeira quaisquer coisas.
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ARTIGO 8.º 2. As partes podem, no entanto, condicionar o início da


(Proposta) sua vigência à efectiva aquisição ou construção, quando disso
seja o caso, das coisas locadas, à sua tradição a favor do
Os interessados na celebração de Contratos de Locação locatário ou a quaisquer outros factos.
Financeira devem dirigir-se às sociedades referidas no artigo
anterior apresentando uma proposta com a indicação do ARTIGO 12.º
(Posição jurídica do locador)
vendedor, da coisa a adquirir, devidamente caracterizada, dos
prazos de entrega e demais cláusulas do contrato.
1. São nomeadamente, obrigações do locador:
ARTIGO 9.º
a) Adquirir ou mandar construir o bem a locar;
(Renda e preço de aquisição)
b) Conceder o gozo do bem para os fins a que se des-
tina;
1. A renda a propor deve permitir, dentro do período de
c) Vender o bem ao locatário, caso este queira, findo
vigência do contrato, a amortização do bem locado e cobrir
o contrato.
os encargos e a margem de lucro da Sociedade de Locação
Financeira.
2. Para efeitos dos direitos e deveres gerais previstos no
regime da locação que não se mostrem incompatíveis com o
2. Se, por força de incumprimento de prazos ou de quais- presente diploma, assistem ao locador financeiro, em especial
quer outras cláusulas contratuais por parte do fornecedor ou e para além do estabelecido no número anterior, os seguintes
construtor dos bens locados ou ainda de funcionamento direitos:
defeituoso ou de rendimento inferior ao previsto dos equipa-
mentos locados, se verificar, nos termos da lei civil, uma a) Defender a integridade do bem, nos termos gerais
redução do preço das coisas fornecidas ou construídas, de direito;
deve a renda a pagar pelo locatário ser proporcionalmente b) Examinar o bem, sem prejuízo da actividade normal
reduzida. do locatário;
c) Fazer suas, sem compensação, as peças ou outros
3. O preço de aquisição pelo locatário deve corresponder elementos acessórios incorporados no bem pelo
ao presumível valor residual do bem locado, no fim do prazo locatário.
do contrato.
ARTIGO 13.°

ARTIGO 10.º (Posição jurídica do locatário)

(Duração)
São nomeadamente, obrigações do locatário:
1. O prazo de locação financeira de coisas móveis não
a) Pagar as rendas;
deve ultrapassar o que corresponde ao período presumível de
b) Pagar, em caso de locação de fracção autónoma, as
utilização económica da coisa.
despesas correntes necessárias à fruição das
partes comuns de edifício e aos serviços de inte-
2. O Contrato de Locação Financeira não pode ter dura-
resse comum;
ção superior a 30 anos, considerando-se reduzido a este
c) Facultar ao locador o exame do bem locado;
limite, quando superior.
d) Não aplicar o bem fim diverso daquele a que ele
se destina ou movê-lo para local diferente do
3. Não havendo estipulação de prazo, o Contrato de contratualmente previsto, salvo autorização do
Locação Financeira considera-se celebrado pelo prazo de locador;
24 meses ou de 10 anos, consoante se trate de bens móveis e) Assegurar a conservação do bem e não fazer dele
ou de bens imóveis. uma utilização imprudente;
f) Realizar as reparações, urgentes ou necessárias, bem
ARTIGO 11.º como quaisquer obras ordenadas pela autoridade
(Vigência do contrato) pública;
g) Não proporcionar a outrem o gozo total ou parcial
1. O Contrato de Locação Financeira produz efeitos a par- do bem por meio da cessão onerosa ou gratuita da
tir da data da sua celebração. sua posição jurídica, sublocação ou comodato,
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excepto se a lei o permitir ou o locador a auto- 2. Em qualquer dos casos, pode o locador opor-se à trans-
rizar; missão deste direito, provando que o locatário não oferece
h) Comunicar ao locador, dentro de 15 dias, a cedên- garantias bastantes para a execução do contrato.
cia do gozo do bem, quando permitida ou auto-
rizada nos termos da alínea anterior; ARTIGO 16.º
i) Avisar imediatamente o locador, sempre que tenha (Novo contrato)
conhecimento de vícios no bem ou saiba que o
ameaça algum perigo ou que terceiros se arrogam Findo o prazo do contrato, quando o locatário não queira
direitos em relação a ele, desde que o facto seja usar da faculdade de aquisição, podem as partes celebrar
ignorado pelo locador; nova locação financeira.
j) Efectuar o seguro do bem locado, contra o risco da
sua perda ou deterioração e dos danos por ela ARTIGO 17.°
provocados; (Relações entre o locatário e o vendedor ou o empreiteiro)
k) Restituir o bem locado, findo o contrato, em bom
estado, salvo as deteriorações inerentes a uma O locatário pode exercer contra o vendedor ou o emprei-
utilização normal, quando não opte pela sua teiro, quando disso seja caso, todos os direitos relativos ao
aquisição. bem locado ou resultantes do contrato de compra e venda ou
de empreitada.
2. Para além dos direitos e deveres gerais previstos no
regime da locação que não se mostrem incompatíveis com o ARTIGO 18.º
presente diploma, assistem ao locatário financeiro, em espe- (Despesas)
cial, os seguintes direitos:
Salvo estipulação em contrário, as despesas de transporte
a) Usar e fruir o bem locado; e respectivo seguro, montagem, instalação e reparação do
b) Defender a integridade do bem e o seu gozo, nos bem locado, bem como as despesas necessárias para a sua
termos do seu direito; devolução ao locador, incluindo as relativas aos seguros,
c) Usar das acções possessórias, mesmo contra o
se indispensáveis, ficam a cargo do locatário.
locador;
d) Onerar, total ou parcialmente, o seu direito,
ARTIGO 19.º
mediante autorização expressa do locador;
(Vícios da coisa locada)
e) Exercer, na locação de fracção autónoma, os
direitos próprios do locador, com excepção dos
O locador não responde pelos vícios da coisa locada
que, pela sua natureza, somente por aquele pos-
ou pela sua inadequação face aos fins do contrato, salvo o
sam ser exercidos;
disposto no artigo 1034.° do Código Civil vigente.
f) Adquirir o bem locado, findo o contrato, pelo preço
estipulado.
ARTIGO 20.º

ARTIGO 14.º (Risco)

(Transmissão do direito de locador)


Na vigência do contrato, o risco de perecimento ou dete-
O Contrato de Locação Financeira subsiste para todos os rioração da coisa, corre por conta do locatário.
efeitos, na transmissão dos direitos de locador, ocupando a
Sociedade de Locação Financeira adquirente a mesma CAPÍTULO III
posição da sua antecessora. Resolução do Contrato e Garantias

ARTIGO 15.º ARTIGO 21.º


(Transmissão do direito de locatário) (Princípios gerais)

1. O direito de locatário financeiro pode ser transmitido 1. O Contrato de Locação Financeira pode ser resolvido
entrevivos, nas condições previstas pelo artigo 1118.° do por qualquer das partes, nos termos gerais, com fundamento
Código Civil vigente e por morte, a título de sucessão legal no incumprimento das obrigações que assistam à outra, não
ou testamentária, quando o sucessor prossiga a actividade sendo aplicáveis as normas especiais constantes da Lei Civil,
profissional do falecido. relativas à locação.
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2. Para o cancelamento do registo de locação financeira 4. O Tribunal deve ordenar a providência requerida se a
com fundamento na resolução do contrato por incumpri- prova produzida revelar a probabilidade da verificação dos
mento, é documento suficiente a prova da comunicação da requisitos referidos no n.° 1, podendo, no entanto, exigir que
resolução à outra parte, nos termos gerais. o locador preste caução adequada.

ARTIGO 22.º
5. A caução pode consistir em depósito bancário à ordem
(Fundamentos específicos)
do Tribunal ou em qualquer outro meio legalmente admis-
sível.
O Contrato de Locação pode, ainda, ser resolvido pelo
locador, nos seguintes casos:
6. Decretada a providência e independentemente da
a) Dissolução ou liquidação da sociedade locatário; interposição de recurso pelo locatário, o locador pode dispor
b) Verificação de qualquer dos fundamentos de decla- do bem, nos termos previstos no artigo 4.º do presente
ração de falência do locatário; diploma.
c) Cessação da actividade económica ou profissional,
por parte do locatário, salvo nos casos previstos 7. Decretada a providência cautelar, o Tribunal ouve as
no n.° 1 do artigo 16.° do presente diploma. partes e antecipa o juízo sobre a causa principal, excepto
quando não tenham sido trazidos ao procedimento, nos ter-
ARTIGO 23.º mos do anterior n.° 2, os elementos necessários à resolução
(Garantias) definitiva do caso.

Podem ser constituídas a favor das Sociedades de Loca- 8. São subsidiariamente aplicáveis a esta providência as
ção Financeira quaisquer garantias, pessoais ou reais, dos disposições gerais sobre providências cautelares, previstas
créditos de rendas e de outros encargos ou eventuais indem- no Código de Processo Civil, em tudo o que não estiver
nizações devidas pelo locatário. especialmente regulado no presente diploma.

ARTIGO 24.º 9. O disposto nos números anteriores é aplicável a todos


(Antecipação de rendas) os contratos de locação financeira, qualquer que seja o seu
objecto.
A antecipação de rendas, a título de garantia, não pode
ser superior a um semestre, devendo, nesse caso, ser acor- CAPÍTULO IV
dada e efectivada no início da vigência do contrato. Disposições Gerais e Transitórias

ARTIGO 25.°
ARTIGO 26.º
(Providência cautelar de entrega judicial e cancelamento de registo)
(Operações anteriores ao contrato)

1. Se, findo o contrato por resolução ou pelo decurso do


Quando antes de celebrado um Contrato de Locação
prazo sem ter sido exercido o direito de compra, o locatário
Financeira, qualquer interessado tenha procedido à enco-
não proceder à restituição do bem ao locador, pode este, após
menda de equipamento, com vista ao contrato futuro,
o pedido de cancelamento do registo da locação financeira,
entende-se que actua por sua conta e risco, não podendo a
requerer ao Tribunal providência cautelar, consistente na sua
sociedade locadora ser, de algum modo, responsabilizada
entrega imediata ao requerente.
por eventuais prejuízos decorrentes da não conclusão do
2. Com o requerimento, o locador deve oferecer prova contrato, sem prejuízo do disposto no artigo 227.° do Código
sumária dos requisitos previstos no número anterior, excepto Civil.
a do pedido de cancelamento do registo, ficando o tribunal
obrigado à consulta do registo, podendo efectuar a referida ARTIGO 27.º
consulta pela via electrónica, caso a legislação e as condições (Operações da natureza similar)
técnicas o permitam.
Salvo o disposto no presente diploma, nenhuma entidade
3. O Tribunal deve ouvir o requerido, sempre que a pode realizar, de forma habitual, operações de natureza
audiência não puser em risco sério o fim ou a eficácia similar ou com resultados económicos equivalentes aos dos
da providência. Contratos de Locação Financeira.
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ARTIGO 28.º Com efeito, a locação financeira pode desempenhar


(Contas) uma, função económica e socialmente útil na actual situação
angolana, face ao desenvolvimento das estruturas empresa-
O locatário deve evidenciar com clareza, em contas extra- riais nacionais;
-patrimoniais, o montante global dos encargos a satisfazer
em exercícios futuros, relativos aos Contratos de Locação Trata-se de um processo de financiamento que apresenta,
Financeira sobre coisas móveis ou imóveis, que haja cele- entre outras vantagens, a de possibilitar ao beneficiário a
brado. utilização de bens de equipamento ou de imóveis destinados
à sua instalação de vultuosos capitais próprios na respectiva
ARTIGO 29.º
aquisição;
(Regulamentação)

Do ponto de vista da instituição fornecedora dos meios


Compete ao Banco Nacional de Angola estabelecer os
financeiros, é de assinalar a particular segurança que decorre
procedimentos que se tornem necessários adoptar para as
da manutenção da propriedade do bem locado durante o
operações de locação financeira bem como publicar ou trans-
período de vigência do contrato;
mitir as instruções de carácter técnico e outras necessárias
à boa execução do regime legal do presente contrato.
Um dos traços de locação financeira é a sua função
ARTIGO 30.º económica típica ser de financiamento ao investimento pro-
(Legislação subsidiária) dutivo, que justifica a sua qualificação como instituições
financeiras não bancárias, mas as sociedades que nele inter-
Ao Contrato de Locação Financeira regulado no presente venham na qualidade de locadoras — ser prosseguida através
diploma são subsidiariamente aplicáveis as normas cons- de uma operação cuja estrutura jurídica é complexa, resul-
tantes do diploma regulador da Actividade das Sociedades tando da imbricação ou simbiose de várias técnicas contra-
de Locação Financeira, bem como o regime jurídico das tuais;
cláusulas gerais contratuais.
Considera-se, pois, que se torna necessário definir o
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.
quadro jurídico regulamentar das Sociedades de Locação
Financeira, na dupla vertente formal e substancial.
–––––––––

Decreto Presidencial n.º 65/11 O Presidente da República decreta, nos termos da alí-
de 18 de Abril nea 1) do artigo 120.° e do n.° 3 do artigo 125.°, ambos da
Constituição da República de Angola, o seguinte:
O Executivo atribui a maior relevância, no seu programa,
à modernização e solidez do sistema financeiro nacional, ARTIGO 1.º

estabelecendo como orientação vital o reforço das modali- (Aprovação)

dades de financiamento para os agentes económicos, assim


como a diversificação dos instrumentos de financiamento à É aprovado o Regulamento Sobre a Actividade das
disposição da economia; ‹‹Sociedades de Locação Financeira››, em anexo ao presente
Decreto Presidencial e que dele é parte integrante.
Considerando que as Sociedades de Locação Financeira
constituem uma das formas institucionais consagradas no ARTIGO 2.º
nosso sistema financeiro, estando expressamente previstas (Dúvidas e omissões)
na alínea d) da Lei Reguladora da Actividade Geral das
Instituições Financeiras, Lei n.° 13/05, de 30 de Setembro; As dúvidas e omissões que se suscitarem na interpretação
e aplicação do presente diploma são resolvidas pelo Presi-
Considerando que tais sociedades inflectem automatica- dente da República.
mente do supracitado quadro jurídico que disciplina o
conjunto de aspectos essenciais a que estão sujeitas a gene- ARTIGO 3.º
ralidade das instituições por parte do Banco Nacional de (Entrada em vigor)
Angola, torna-se assim dispensável a sua inclusão no
presente diploma, nomeadamente, as regras atinentes à sua O presente Decreto Presidencial entra em vigor na data da
constituição, administração e supervisão; sua publicação.

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