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28/05/20

Atualização Jurídica Semanal

Volume 5
Maio.2020
SUMÁRIO
1. Inovações Legislativas .................................................................................................................................................3

1.1 Lei nº 13.999, de 18 de maio de 2020 ....................................................................................................3

1.1.1 Pronampe..........................................................................................................................................................3

1.1.2 Alterações na Lei nº 13.636/18 ...............................................................................................................6

1.1.3 Alterações na Lei nº 10.735/03 ............................................................................................................ 10

1.1.4 Alterações na Lei nº 9.790/99 ............................................................................................................... 12

2. Jurisprudências Recentes........................................................................................................................................ 14

2.1 Superior Tribunal de Justiça – STJ .......................................................................................................... 14

2.1.1 Reincidência por posse de drogas para consumo próprio...................................................... 14

2.1.2 Rescisão unilateral de representação comercial ........................................................................... 15

2.1.3 Racismo contra judeus ............................................................................................................................. 15

2.1.4 Conflito entre execução civil e fiscal.................................................................................................. 16

QUADRO SINÓTICO ..................................................................................................................................................... 18

LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 19

JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................ 20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................. 22


CONCURSEIRO EM DIA

Volume 5 – Maio/2020

Neste capítulo abordar-se-ão as principais inovações legislativas e recentes jurisprudências


firmadas pelos Tribunais Superiores, notadamente o Supremo Tribunal Federal e o Superior

Tribunal de Justiça. No universo dos concursos públicos é fundamental manter-se bem


informado. Para isto, conte sempre conosco.

Vamos juntos!

1. Inovações Legislativas

1.1 Lei nº 13.999, de 18 de maio de 2020

A lei em epígrafe institui o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de


Pequeno Porte (Pronampe). Além disso, altera a

 Lei nº 13.636, de 20 de março de 2018 - Dispõe sobre o Programa Nacional de


Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO);
 Lei nº 10.735, de 11 de setembro de 2003 - Dispõe sobre o direcionamento de depósitos
à vista captados pelas instituições financeiras para operações de crédito destinadas à
população de baixa renda e a microempreendedores; e
 Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999 - Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas
de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público e institui e disciplina o Termo de Parceria.

1.1.1 Pronampe
Trata-se de Programa cujo objeto é o desenvolvimento e o fortalecimento dos pequenos
negócios, consoante disposição do artigo 1º da Lei nº 13.999/20. Destina-se à

 Microempresa que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a


R$360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e

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 Empresa de pequeno porte que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a
R$360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$4.800.000,00
(quatro milhões e oitocentos mil reais).

Saliente-se que a receita bruta considerada é a auferida no exercício de 2019, como


determina o artigo 2º da lei em estudo.

Às empresas com mais de um ano de funcionamento, conceder-se-á linha de crédito, no

âmbito do Pronampe, de até 30% da receita bruta anual calculada com base no exercício de
2019. Já para as empresas com tempo de funcionamento inferior a um ano, o limite do

empréstimo corresponderá a até 50% do seu capital social ou a até 30% da média de seu
faturamento mensal apurado desde o início de suas atividades, o que for mais vantajoso.

Poderão aderir ao Pronampe e, assim, requerer a garantia do Fundo Garantidor de

Operações (FGO):

 O Banco do Brasil S.A.;


 A Caixa Econômica Federal;
 O Banco do Nordeste do Brasil S.A.;
 O Banco da Amazônia S.A.;
 Os bancos estaduais;
 As agências de fomento estaduais;
 As cooperativas de crédito
 Os bancos cooperados
 As instituições integrantes do sistema de pagamentos brasileiro;
 As plataformas tecnológicas de serviços financeiros (fintechs);
 As organizações da sociedade civil de interesse público de crédito; e
 As demais instituições financeiras públicas e privadas autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil, atendida a disciplina do Conselho Monetário Nacional e do Banco
Central do Brasil a elas aplicável.

O artigo 2º, §3º, da lei em estudo, faz ressalva importante quanto às empresas contratantes
do programa de crédito. O parágrafo determina que tais empresas “assumirão contratualmente
a obrigação de fornecer informações verídicas e de preservar o quantitativo de empregados em

número igual ou superior ao verificado na data da publicação desta Lei, no período


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compreendido entre a data da contratação da linha de crédito e o 60º (sexagésimo) dia após o
recebimento da última parcela da linha de crédito”.

Da leitura do dispositivo, depreende-se que foi insculpida na legislação ferramenta de

preservação do emprego. Assim, as empresas aderentes não podem reduzir o quadro de


funcionários desde a contratação do crédito até o sexagésimo dia após o pagamento da última

parcela, sob pena de caracterizar o vencimento antecipado da dívida pela instituição financeira.

Outrossim, o artigo 2º, §5º, da novel legislação, veda a contratação do crédito por parte das
empresas que possuam condenação relacionada a trabalho em condições análogas às de

escravo ou a trabalho infantil.

O parágrafo 10, por sua vez, esclarece as possibilidades de destinação dos recursos, ao
afirmar que “servirão ao financiamento da atividade empresarial nas suas diversas dimensões e

poderão ser utilizados para investimentos e para capital de giro isolado e associado, vedada a
sua destinação para distribuição de lucros e dividendos entre os sócios”. Neste ponto, é de

suma importância atentar-se às vedações legais.

As instituições financeiras participantes poderão formalizar operações de crédito no âmbito


do Pronampe até 18 de agosto de 2020, três meses após a entrada em vigor da Lei (18/05/20).

Este período é prorrogável por mais três meses.

O artigo 4º da Lei nº 13.999/20 elenca uma série de dispensas às instituições financeiras

participantes, para fins de concessão do crédito. O dispositivo merece leitura integral e acurada.

No que tange à fiscalização das condições estabelecidas para as operações de crédito, o


artigo 8º da Lei esclarece que competirá ao Banco Central do Brasil. Outrossim, findo o prazo
para contratações, fica o Poder Executivo autorizado a adotar o Pronampe como política oficial

de crédito de caráter permanente com tratamento diferenciado e favorecido.

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1.1.2 Alterações na Lei nº 13.636/18
Quanto as alterações promovidas na lei que dispõe sobre o Programa Nacional de
Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), confira a quadro comparativo abaixo.

Redação anterior Nova redação


Art. 1º. Fica instituído, no âmbito do Ministério do Art. 1º. Fica instituído, no âmbito do Ministério da
Trabalho, o Programa Nacional de Microcrédito Economia, o Programa Nacional de Microcrédito
Produtivo Orientado (PNMPO), com objetivo de
Produtivo Orientado (PNMPO), com objetivo de apoiar e
apoiar e financiar atividades produtivas de
financiar atividades produtivas de empreendedores,
empreendedores, principalmente por meio da
principalmente por meio da disponibilização de recursos
disponibilização de recursos para o microcrédito
produtivo orientado. para o microcrédito produtivo orientado. (Redação

§1º São beneficiárias do PNMPO pessoas naturais e dada pela Lei nº 13.999, de 2020)
jurídicas empreendedoras de atividades produtivas §1º São beneficiárias do PNMPO pessoas naturais e
urbanas e rurais, apresentadas de forma individual ou jurídicas empreendedoras de atividades produtivas
coletiva.
urbanas e rurais, apresentadas de forma individual ou
§2º A renda ou a receita bruta anual para
coletiva.
enquadramento dos beneficiários do PNMPO,
§2º A renda ou a receita bruta anual para enquadramento
definidos no §1º deste artigo, fica limitada ao valor
de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). dos beneficiários do PNMPO, definidos no § 1º deste

§3º Para os efeitos do disposto nesta Lei, considera- artigo, fica limitada ao valor máximo de receita bruta
se microcrédito produtivo orientado o crédito estabelecido para a microempresa, nos termos da Lei
concedido para financiamento das atividades Complementar nº 123, de 14 de dezembro de
produtivas, cuja metodologia será estabelecida em
2006. (Redação dada pela Lei nº 13.999, de 2020)
regulamento, observada a preferência do
§3º Para os efeitos do disposto nesta Lei, considera-se
relacionamento direto com os empreendedores,
microcrédito produtivo orientado o crédito concedido
admitido o uso de tecnologias digitais e eletrônicas
que possam substituir o contato presencial. para fomento e financiamento das atividades produtivas,
§4º O primeiro contato com os empreendedores, para cuja metodologia será estabelecida em ato do Conselho
fins de orientação e obtenção de crédito, dar-se-á de Monetário Nacional, admitida a possibilidade de
forma presencial.
relacionamento direto com os empreendedores ou o uso
de tecnologias digitais e eletrônicas que possam
substituir o contato presencial, para fins de orientação e
obtenção de crédito. (Redação dada pela Lei nº 13.999,
de 2020)
§4º (Revogado pela Lei nº 13.999, de 2020)

Art. 3º São entidades autorizadas a operar ou Art. 3º São entidades autorizadas a operar ou participar
participar do PNMPO, respeitadas as operações a elas do PNMPO, respeitadas as operações a elas permitidas,
nos termos da legislação e da regulamentação em vigor:

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permitidas, nos termos da legislação e da I - Caixa Econômica Federal;
regulamentação em vigor: II - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
I - Caixa Econômica Federal; Social;
II - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e III - bancos comerciais;
Social; IV - bancos múltiplos com carteira comercial;
III - bancos comerciais; V - bancos de desenvolvimento;
IV - bancos múltiplos com carteira comercial; VI - cooperativas centrais de crédito;
V - bancos de desenvolvimento; VII - cooperativas singulares de crédito;
VI - cooperativas centrais de crédito; VIII - agências de fomento;
VII - cooperativas singulares de crédito; IX - sociedades de crédito ao microempreendedor e à
VIII - agências de fomento; empresa de pequeno porte;
IX - sociedades de crédito ao microempreendedor e X - organizações da sociedade civil de interesse público;
à empresa de pequeno porte; XI – agentes de crédito; (Redação dada pela Lei nº
X - organizações da sociedade civil de interesse 13.999, de 2020)
público; XII – instituições financeiras que realizem, nos termos da
XI - agentes de crédito constituídos como pessoas regulamentação do Conselho Monetário Nacional,
jurídicas, nos termos da Classificação Nacional de operações exclusivamente por meio de sítio eletrônico
Atividades Econômicas (CNAE); ou de aplicativo; (Redação dada pela Lei nº 13.999, de
XII - fintechs, assim entendidas as sociedades que 2020)
prestam serviços financeiros, inclusive operações de XIII – pessoas jurídicas especializadas no apoio, no
crédito, por meio de plataformas eletrônicas. fomento ou na orientação às atividades produtivas
XIII - pessoas jurídicas especializadas no apoio, no mencionadas no art. 1º desta Lei; (Incluído pela Lei nº
fomento ou na orientação às atividades produtivas 13.999, de 2020)
mencionadas no art. 1º. (Incluído pela Medida XIV – correspondentes no País; (Incluído pela Lei nº
Provisória nº 905, de 2019) (Revogada pela Medida 13.999, de 2020)
Provisória nº 955, de 2020) XV – Empresas Simples de Crédito (ESCs), de que trata a
§1º As instituições elencadas nos incisos I a XII Lei Complementar nº 167, de 24 de abril de
do caput deste artigo deverão estimular e promover 2019. (Incluído pela Lei nº 13.999, de 2020)
a participação dos seus respectivos correspondentes §1º As instituições de que tratam os incisos I a XV
no PNMPO. do caput deste artigo deverão estimular e promover a
§2º As instituições financeiras públicas federais que se participação dos seus correspondentes no PNMPO,
enquadrem nas disposições do caput deste artigo aplicando-se-lhes o seguinte: (Redação dada pela Lei
poderão atuar no PNMPO por intermédio de nº 13.999, de 2020)
sociedade da qual participem direta ou indiretamente, I – as atividades de que trata o §3º do art. 1º desta Lei
ou por meio de convênio ou contrato com quaisquer poderão ser executadas, mediante contrato de prestação
das instituições referidas nos incisos V a XII de serviço, por meio de pessoas jurídicas que
do caput deste artigo, desde que tais entidades demonstrem possuir qualificação técnica para atuação no
tenham por objeto prestar serviços necessários à segmento de microcrédito, conforme critérios
contratação e ao acompanhamento de operações de estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional;
microcrédito produtivo orientado e desde que esses e (Incluído pela Lei nº 13.999, de 2020)
serviços não representem atividades privativas de II – a pessoa jurídica contratada, na hipótese de que trata
instituições financeiras. o inciso I deste parágrafo, atuará por conta e sob

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§3º As organizações da sociedade civil de interesse diretrizes da entidade contratante, que assume inteira
público, os agentes de crédito constituídos como responsabilidade pelo cumprimento da legislação e da
pessoas jurídicas e as pessoas jurídicas especializadas regulamentação relativa a essas atividades. (Incluído
de que tratam os incisos X, XI e XIII do caput deverão pela Lei nº 13.999, de 2020)
observar as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da §2º As instituições financeiras públicas que se
Economia para realizar operações no âmbito do enquadrem nas disposições do caput deste artigo
PNMPO, nos termos estabelecidos no inciso II poderão atuar no PNMPO por intermédio de sociedade
do caput do art. 6º. (Redação dada pela Medida da qual participem direta ou indiretamente, ou por meio
Provisória nº 905, de 2019) (Revogada pela Medida de convênio ou contrato com quaisquer das instituições
Provisória nº 955, de 2020) referidas nos incisos V a XV do caput deste artigo, desde
§4º As organizações da sociedade civil de interesse que tais entidades tenham por objeto prestar serviços
público e os agentes de crédito constituídos como necessários à contratação e ao acompanhamento de
pessoas jurídicas, de que tratam, respectivamente, os operações de microcrédito produtivo orientado e desde
incisos X e XI do caput deste artigo, devem habilitar- que esses serviços não representem atividades privativas
se no Ministério do Trabalho para realizar operações de instituições financeiras. (Redação dada pela Lei nº
no âmbito do PNMPO, nos termos estabelecidos no 13.999, de 2020)
inciso II do caput do art. 6º desta Lei. §3º Para o atendimento ao disposto no §1º deste artigo,
§5º As entidades previstas nos incisos V a XII as instituições financeiras públicas federais, diretamente
do caput deste artigo poderão prestar os seguintes ou por intermédio de suas subsidiárias, poderão
serviços, sob responsabilidade das demais entidades constituir sociedade ou adquirir participação em
previstas no caput deste artigo: sociedade sediada no País, vedada a aquisição das
I - a recepção e o encaminhamento de propostas de instituições mencionadas no inciso IX do caput deste
abertura de contas de depósitos à vista e de conta de artigo.
poupança; §4º As organizações da sociedade civil de interesse
II - a recepção e o encaminhamento de propostas de público, os agentes de crédito constituídos como
emissão de instrumento de pagamento para pessoas jurídicas e as pessoas jurídicas especializadas de
movimentação de moeda eletrônica aportada em que tratam os incisos X, XI, XIII, XIV e XV do caput deste
conta de pagamento do tipo pré-paga; artigo deverão observar as diretrizes estabelecidas pelo
III - a elaboração e a análise de propostas de crédito Ministério da Economia para realizar operações no
e o preenchimento de ficha cadastral e de âmbito do PNMPO, nos termos estabelecidos no inciso II
instrumentos de crédito, com a conferência da do caput do art. 6º desta Lei. (Redação dada pela Lei
exatidão das informações prestadas pelo proponente, nº 13.999, de 2020)
à vista de documentação competente; §5º As entidades a que se referem os incisos V a XV
IV - a cobrança não judicial; do caput deste artigo poderão prestar os seguintes
V - a realização de visitas de acompanhamento, de serviços, sob responsabilidade das demais entidades
orientação e de qualificação, e a elaboração de laudos referidas no caput deste artigo: (Redação dada pela
e relatórios; e Lei nº 13.999, de 2020)
VI - a digitalização e a guarda de documentos, na I – a recepção e o encaminhamento de propostas de
qualidade de fiel depositário. abertura de contas de depósitos à vista e de conta de
§6º Todas as instituições listadas no caput deste poupança, de microsseguros e de serviços de
artigo poderão, ainda, prestar os seguintes serviços adquirência; (Redação dada pela Lei nº 13.999, de 2020)
com vistas à ampliação do alcance do PNMPO:

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I - a promoção e divulgação do PNMPO em áreas II - a recepção e o encaminhamento de propostas de
habitadas e frequentadas por população de baixa emissão de instrumento de pagamento para
renda; movimentação de moeda eletrônica aportada em conta
II - a busca ativa de público-alvo para adesão ao de pagamento do tipo pré-paga;
PNMPO. III - a elaboração e a análise de propostas de crédito e o
§7º Os recursos do FAT, no âmbito do PNMPO, serão preenchimento de ficha cadastral e de instrumentos de
operados pelas instituições financeiras oficiais crédito, com a conferência da exatidão das informações
federais, mediante os depósitos especiais de que trata prestadas pelo proponente, à vista de documentação
o art. 9º da Lei nº 8.019, de 11 de abril de 1990 , bem competente;
como pelas entidades previstas nos incisos V a XII IV - a cobrança não judicial;
do caput deste artigo, nesse segundo caso com V - a realização de visitas de acompanhamento, de
prestação de garantia por meio de títulos do Tesouro orientação e de qualificação, e a elaboração de laudos e
Nacional ou outra a ser definida pelo órgão gestor relatórios; e
do FAT, nas condições estabelecidas pelo Conselho VI - a digitalização e a guarda de documentos, na
Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador qualidade de fiel depositário.
(Codefat). §6º Todas as instituições listadas no caput deste artigo
§8º (VETADO). poderão, ainda, prestar os seguintes serviços com vistas
à ampliação do alcance do PNMPO:
I - a promoção e divulgação do PNMPO em áreas
habitadas e frequentadas por população de baixa renda;
II - a busca ativa de público-alvo para adesão ao PNMPO.
III – outros serviços e produtos desenvolvidos e
precificados para o desenvolvimento da atividade
produtiva dos microempreendedores, conforme o art. 1º
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.999, de 2020)
§7º Os recursos do FAT, no âmbito do PNMPO, serão
operados pelas instituições financeiras oficiais federais,
mediante os depósitos especiais de que trata o art. 9º da
Lei nº 8.019, de 11 de abril de 1990 , bem como pelas
entidades previstas nos incisos V a XII do caput deste
artigo, nesse segundo caso com prestação de garantia
por meio de títulos do Tesouro Nacional ou outra a ser
definida pelo órgão gestor do FAT, nas condições
estabelecidas pelo Conselho Deliberativo do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (Codefat).
§8º (VETADO).

Do comparativo acima, extrai-se que a novel legislação merece leitura atenta, visando
identificar, principalmente, as alterações mais sutis. De igual modo, é necessário observar as
mudanças promovidas pelas Medidas Provisórias nº 905/19 e 955/20.

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1.1.3 Alterações na Lei nº 10.735/03

A melhor forma de assimilar alterações legislativas é através de estudo comparativo. Para


tanto, também as mudanças na lei que dispõe sobre o direcionamento de depósitos à vista

captados pelas instituições financeiras para operações de crédito destinadas à população de


baixa renda e a microempreendedores serão apresentadas através de tabela.

Redação anterior Nova redação


Art. 2º. O Conselho Monetário Nacional - CMN, Art. 2º. O Conselho Monetário Nacional - CMN,
regulamentará o disposto nesta Lei, estabelecendo, regulamentará o disposto nesta Lei, estabelecendo, no
no mínimo: mínimo:
I - o percentual de direcionamento de recursos de
I - o percentual de direcionamento de recursos de que
que trata o caput do art. 1º;
trata o caput do art. 1o;
II - os critérios para enquadramento das pessoas
físicas de que trata a alínea a do inciso I do art. II - os critérios para enquadramento das pessoas físicas

1º; (Revogado pela Medida Provisória nº 802, de que trata a alínea a do inciso I do art.
de 2017) (Revogado pela Lei nº 13.636, de 2018) 1º; (Revogado pela Medida Provisória nº 802, de
III - os critérios para o enquadramento dos 2017) (Revogado pela Lei nº 13.636, de 2018)
microempreendedores de que trata a alínea b do
III - os critérios para o enquadramento dos
inciso I do art. 1º;
microempreendedores de que trata a alínea b do inciso
IV - os critérios para a seleção das pessoas de baixa
I do art. 1º;
renda de que trata a alínea c do inciso I do art.
1º; (Revogado pela Medida Provisória nº 802, IV - os critérios para a seleção das pessoas de baixa

de 2017) (Revogado pela Lei nº 13.636, de 2018) renda de que trata a alínea c do inciso I do art.
V - a taxa de juros máxima para os tomadores de 1º; (Revogado pela Medida Provisória nº 802,
recursos e o valor máximo da taxa de abertura de de 2017) (Revogado pela Lei nº 13.636, de 2018)
crédito;
V - a taxa de juros máxima para os tomadores de
VI - o valor máximo do crédito por cliente; (Redação
recursos e o valor máximo da taxa de abertura de crédito;
dada pela Lei nº 11.110, de 2005)
VI - o valor máximo do crédito por cliente; (Redação
VII - o prazo mínimo das operações;
VIII - os critérios para o repasse dos recursos da dada pela Lei nº 11.110, de 2005)
exigibilidade de que trata o art. 1º para aplicação por VII - o prazo mínimo das operações;
parte de outra instituição financeira; VIII – os critérios para o repasse dos recursos da
IX - os critérios para aquisição de créditos de outra
exigibilidade de que trata o art. 1º desta Lei para
instituição financeira ou de outras entidades
aplicação por parte de entidades autorizadas a operar ou
especializadas em operações de microcrédito que
participar do Programa Nacional de Microcrédito
atendam às condições fixadas no art. 1º; e
X - o prazo de adaptação das instituições financeiras Produtivo Orientado (PNMPO), respeitadas as operações

ao disposto nesta Lei. a elas permitidas, nos termos da legislação e da

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Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional regulamentação em vigor; (Redação dada pela Lei nº
poderá, com base em critérios de proporcionalidade 13.999, de 2020)
e de eficiência, isentar parte das instituições referidas
IX – os critérios para aquisição de créditos de outras
no art. 1º do cumprimento do direcionamento dos
instituições financeiras ou de outras entidades
depósitos à vista de que trata esta Lei, com o objetivo
autorizadas a operar ou a participar do PNMPO,
de assegurar o funcionamento regular das instituições
desobrigadas e a aplicação efetiva dos recursos em respeitadas as operações a elas permitidas, nos termos

operações de crédito de que trata esta da legislação e da regulamentação em vigor;


Lei. (Incluído pela Medida Provisória nº 905, de e (Redação dada pela Lei nº 13.999, de 2020)
2019) (Revogada pela Medida Provisória nº 955, de X - o prazo de adaptação das instituições financeiras ao
2020)
disposto nesta Lei.
§1º O Conselho Monetário Nacional poderá, com base
em critérios de proporcionalidade e de eficiência e
observada a isonomia de tratamento para efeito de
manutenção de livre e justa concorrência, isentar parte
das instituições referidas no art. 1º desta Lei do
cumprimento do direcionamento dos depósitos à vista
de que trata esta Lei, com o objetivo de assegurar o
funcionamento regular das instituições desobrigadas e a
aplicação efetiva dos recursos em operações de crédito
de que trata esta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.999, de
2020)
§2º Na hipótese de repasse para instituição não
autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil, a
responsabilidade pelo correto direcionamento dos
recursos, nos termos da regulamentação em vigor,
permanece com a instituição financeira
repassadora. (Incluído pela Lei nº 13.999, de 2020)

Art. 3º. Os recursos não aplicados nos termos desta Art. 3o Os recursos não aplicados nos termos desta Lei
Lei deverão ser recolhidos ao Banco Central do Brasil, deverão ser recolhidos ao Banco Central do Brasil, sem
sem remuneração, permanecendo indisponíveis nos remuneração, permanecendo indisponíveis nos termos
termos de regulamentação daquela autarquia. de regulamentação daquela autarquia.
Parágrafo único. Alternativamente ao disposto Parágrafo único. Alternativamente ao disposto
no caput, o Conselho Monetário Nacional poderá no caput deste artigo, o Conselho Monetário Nacional
estabelecer custo financeiro às instituições referidas poderá estabelecer custo financeiro às instituições
no art. 1º que apresentarem insuficiência na aplicação referidas no art. 1º desta Lei que apresentarem
de recursos, nos termos previstos nesta insuficiência na aplicação de recursos, nos termos
Lei. (Incluído pela Medida Provisória nº 905, de previstos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.999, de 2020)

11
2019) (Revogada pela Medida Provisória nº 955, de
2020)

1.1.4 Alterações na Lei nº 9.790/99


Por fim, o quadro comparativo com as alterações promovidas na lei que dispõe sobre a
qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da

Sociedade Civil de Interesse Público.

Redação anterior Nova redação


Art. 2º. Não são passíveis de qualificação como Art. 2º Não são passíveis de qualificação como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público,
ainda que se dediquem de qualquer forma às ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades
atividades descritas no art. 3º desta Lei: descritas no art. 3º desta Lei:
I - as sociedades comerciais; I - as sociedades comerciais;
II - os sindicatos, as associações de classe ou de II - os sindicatos, as associações de classe ou de
representação de categoria profissional; representação de categoria profissional;
III - as instituições religiosas ou voltadas para a III - as instituições religiosas ou voltadas para a
disseminação de credos, cultos, práticas e visões disseminação de credos, cultos, práticas e visões
devocionais e confessionais; devocionais e confessionais;
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive
inclusive suas fundações; suas fundações;
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a V - as entidades de benefício mútuo destinadas a
proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de
de associados ou sócios; associados ou sócios;
VI - as entidades e empresas que comercializam VI - as entidades e empresas que comercializam planos
planos de saúde e assemelhados; de saúde e assemelhados;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e
e suas mantenedoras; suas mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
não gratuito e suas mantenedoras; gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais; IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas; X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas; XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de XII - as fundações, sociedades civis ou associações de
direito privado criadas por órgão público ou por direito privado criadas por órgão público ou por
fundações públicas; fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer
quaisquer tipo de vinculação com o sistema tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional a
financeiro nacional a que se refere o art. 192 da que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
Constituição Federal.

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Parágrafo único. Não constituem impedimento à
qualificação como Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público as operações destinadas a microcrédito
realizadas com instituições financeiras na forma de
recebimento de repasses, venda de operações realizadas
ou atuação como mandatárias. (Incluído pela Lei nº
13.999, de 2020)

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2. Jurisprudências Recentes

2.1 Superior Tribunal de Justiça – STJ

2.1.1 Reincidência por posse de drogas para consumo próprio


Em mudança de entendimento, a Sexta Turma do STJ concluiu pela exigibilidade de

reincidência específica para majoração de pena no delito de posse de drogas para consumo
pessoal.

Assim, o relator do REsp 1771304, Ministro Nefi Cordeiro, refuta precedente da própria 6ª

Turma1, para o qual a reincidência genérica seria suficiente para fins de aumento de pena no
crime tipificado no artigo 28 da Lei nº 11.343/06.

Para o relator, a "melhor exegese, segundo a interpretação topográfica, essencial à

hermenêutica, é de que os parágrafos não são unidades autônomas, estando vinculadas


ao caput do artigo a que se referem". Logo, o §4º do artigo retro mencionado estaria atrelado

ao caput do dispositivo, referindo-se, a reincidência ali insculpida, à prática do mesmo delito.

Art. 28, Lei nº 11.343/06. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação

legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: (...)


II - prestação de serviços à comunidade;

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. (...)


§4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão

aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.

1
AgRg no HC 497.852/RJ - Rel. Min. Laurita Vaz - Sexta Turma - Julgado em 11/06/2019 - DJe 25/06/2019.
14
2.1.2 Rescisão unilateral de representação comercial
O artigo 27, “j”, da Lei nº 4.886/65 prevê que é devida ao representante comercial
indenização em decorrência da rescisão injustificada do contrato de representação. Quanto à

esta indenização, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, firmou entendimento
pela inviabilidade de seu pagamento antecipado.

O colegiado concluiu que, antes do encerramento da relação contratual, não cabe o

pagamento da referida indenização, mesmo que cláusula contratual preveja tal possibilidade
explicitamente. Logo, incabível indenização antecipada por rescisão unilateral da

representação comercial.

A relatora do REsp 1831947, Ministra Nancy Andrighi, ressaltou que a “obrigação de reparar
o dano somente surge após a prática do ato que lhe dá causa (por imperativo lógico), de modo

que, antes da existência de um prejuízo concreto passível de ser reparado – que, na espécie, é
o rompimento imotivado da avença –, não se pode falar em indenização".

Do julgamento do REsp 1831947 é possível extrair característica marcante das cláusulas

indenizatórias, qual seja seu caráter compensatório. Nesse diapasão, sem efetivo prejuízo, não

há que se falar em reparação.

Andrighi também suscitou a relação de desequilíbrio entre representante e empresa

representada, em virtude da qual exsurge tutela jurídica especial ao representante comercial.


Demonstrativo de tal tutela é a obrigatoriedade de previsão da referida indenização em
quaisquer contratos.

2.1.3 Racismo contra judeus


Em sede de conflito de competência, o Superior Tribunal de Justiça concluiu que compete
à Justiça Federal o julgamento de crime de racismo contra judeus. A Terceira Seção do STJ

15
considerou a potencial transnacionalidade do delito, posto que, no caso sob discussão, fora
cometido nas redes sociais.

Para o relator do CC 163420, Ministro Joel Ilan Paciornik, a possibilidade de acesso no

exterior do conteúdo discriminatório, mesmo que ainda não tenha se efetivado, atrai a
competência para a Justiça Federal.

Paciornik suscitou o RE 628.624, de repercussão geral, no qual o STF “reconhece a

competência da Justiça Federal não apenas no caso de acesso da publicação por alguém no
estrangeiro, mas também nas hipóteses em que a amplitude do meio de divulgação tenha o

condão de possibilitar o acesso".

RE 628.624/MG

Decisão: O Tribunal, por maioria, vencido o Ministro Marco Aurélio, apreciando o tema 393 da
repercussão geral, fixou tese nos seguintes termos: "Compete à Justiça Federal processar e
julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo

criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990) quando praticados por
meio da rede mundial de computadores". Ausentes, justificadamente, o Ministro Celso de

Mello e, nesta assentada, o Ministro Dias Toffoli. Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski.

Plenário, 29.10.2015.

O relator ainda ressaltou que o país ratificou Convenção Internacional sobre Combate ao
Racismo, mais uma razão pela qual a Justiça Federal resta como competente para julgamento

da ação.

2.1.4 Conflito entre execução civil e fiscal


Ainda que perfectibilizada a arrematação, no conflito entre a execução civil e a fiscal, com
penhora sobre o mesmo bem, a Fazenda tem preferência no recebimento do produto da

16
alienação. Com este entendimento, a Terceira Turma do STJ negou provimento ao REsp
1661481.

O recorrente suscitou a inviabilidade da manifestação tardia da Fazenda, em decorrência da

preclusão. Sob relatoria da Ministra Nancy Andrighi, o recurso especial foi julgado no sentido
de reconhecer a preferência da Fazenda Pública, ainda que se manifeste de forma extemporânea,

com supedâneo nos artigos 186 e 187 do Código Tributário Nacional.

Para afastar a tese da preclusão, a relatora ainda esclareceu que “não há prazo específico
estipulado em lei a estabelecer marco final para que o titular de crédito preferencial reclame

participação no produto da arrematação levada a cabo em processo diverso”. Ademais, mesmo


ciente da existência de crédito preferencial, o recorrente não alertou o juízo da execução, indo

de encontro ao princípio da boa-fé processual.

17
QUADRO SINÓTICO

INOVAÇÕES LEGISLATIVAS
Institui o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte (Pronampe), para o desenvolvimento e o fortalecimento dos
Lei nº 13.999/20 pequenos negócios; e altera as Leis nos 13.636, de 20 de março de 2018, 10.735,
de 11 de setembro de 2003, e 9.790, de 23 de março de 1999.

JURISPRUDÊNCIAS RECENTES
Exige-se reincidência específica para majoração da pena no delito de posse
REsp 1771304/ES de drogas para consumo pessoal (art. 28, §4º, Lei nº 11.343/06).

Incabível indenização antecipada por rescisão unilateral da representação


REsp 1831947/PR comercial.

Compete à Justiça Federal o julgamento de crime de racismo contra judeus.


CC 163420

Ainda que perfectibilizada a arrematação, no conflito entre a execução civil e


REsp 1661481/SP a fiscal, com penhora sobre o mesmo bem, a Fazenda tem preferência no
recebimento do produto da alienação.

18
LEGISLAÇÃO COMPILADA

 Lei nº 13.999, de 18 de maio de 2020: íntegra.

 Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006: artigo 3º, I e II.


 Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 (CLT): artigo 362, §1º.

 Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965: artigo 7º, § 1º, IV.


 Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990: artigo 27, caput, “b” e “c”.

 Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991: artigo 47, caput, I, “a”.


 Lei nº 8.870, de 15 de abril de 1994: artigo 10.

 Lei nº 9.012, de 30 de março de 1995: artigo 1º.


 Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996: artigo 20.
 Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002: artigo 6º.

 Lei nº 13.636, de 20 de março de 2018: artigos 1º, 3º e 6º.


 Lei nº 10.735, de 11 de setembro de 2003: artigos 2º e 3º.

 Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999: artigo 2º.


 Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006: artigo 28, §4º.
 Lei nº 4.886, de 09 de dezembro de 1965: artigos 27, “j”, e 35.
 Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN): artigos 186 e 187.

19
JURISPRUDÊNCIA

Superior Tribunal de Justiça

 REsp 1771304/ES

RECURSO ESPECIAL. POSSE DE DROGAS. ART. 28, § 4º, DA LEI 11.343/2006. APLICABILIDADE ÀQUELE QUE
REINCIDIR NA PRÁTICA DO DELITO PREVISTO NO CAPUT DO ART. 28 DA LEI DE DROGAS. MELHOR EXEGESE.
REVISÃO DO ENTENDIMENTO DA SEXTA TURMA. RECURSO IMPROVIDO. 1. A melhor exegese, segundo a
interpretação topográfica, essencial à hermenêutica, é de que os parágrafos não são unidades autônomas, estando
direcionados pelo caput do artigo a que se referem. 2. Embora não conste da letra da lei, é forçoso concluir que a
reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei 11.343/2006 é a específica. Revisão do entendimento. 3. Aquele
que reincide no contato típico com drogas para consumo pessoal fica sujeito a resposta penal mais severa: prazo
máximo de 10 meses. 4. Condenação anterior por crime de roubo não impede a aplicação das penas do art. 28, II
e III, da Lei 11.343/06, com a limitação de 5 meses de que dispõe o § 3º do referido dispositivo legal. 5. Recurso
improvido.

 REsp 1831947/PR

RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL. RESCISÃO UNILATERAL IMOTIVADA PELA


REPRESENTADA. INDENIZAÇÃO. ART. 27, “J”, DA LEI 4.886/65. CLÁUSULA CONTRATUAL QUE PREVÊ PAGAMENTO
ANTECIPADO ACRESCIDO ÀS COMISSÕES MENSAIS. ILEGALIDADE. FORMA DE PAGAMENTO QUE NÃO SE
COADUNA COM O CONCEITO DE INDENIZAÇÃO. 1. Ação ajuizada em 4/12/2013. Recurso especial interposto em
5/9/2018. Conclusão ao Gabinete em 20/8/2019. 2. O propósito recursal é definir se o pagamento antecipado da
indenização, devida ao representante comercial por ocasião da rescisão injustificada do contrato pelo representado,
viola o art. 27, “j”, da Lei 4.886/65. 3. A Lei 4.886/65, em seu art. 27, “j”, estabelece que o representante deve ser
indenizado caso o contrato de representação comercial seja rescindido sem justo motivo por iniciativa do
representado. 4. O pagamento antecipado, em conjunto com a remuneração mensal devida ao representante
comercial, desvirtua a finalidade da indenização prevista no art. 27, “j”, da Lei 4.886/65, pois o evento, futuro e
incerto, que autoriza sua incidência é a rescisão unilateral imotivada do contrato. 5. Essa forma de pagamento
subverte o próprio conceito de indenização. Como é sabido, o dever de reparar somente se configura a partir da
prática de um ato danoso. No particular, todavia, o evento que desencadeou tal dever não havia ocorrido – nem

20
era possível saber se, de fato, viria a ocorrer – ao tempo em que efetuadas as antecipações mensais. 6. O princípio
da boa-fé impede que as partes de uma relação contratual exercitem direitos, ainda que previstos na própria avença
de maneira formalmente lícita, quando, em sua essência, esse exercício representar deslealdade ou gerar
consequências danosas para a contraparte. 7. A cláusula que extrapola o que o ordenamento jurídico estabelece
como padrão mínimo para garantia do equilíbrio entre as partes da relação contratual deve ser declarada inválida.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

 REsp 1661481/SP

RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. BEM HIPOTECADO EM FAVOR DO EXEQUENTE. HASTA
PÚBLICA. LEVANTAMENTO DOS VALORES. INSURGÊNCIA DA FAZENDA NACIONAL. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO.
EXECUÇÃO FISCAL COM PENHORA SOBRE O BEM ALIENADO. CRÉDITO PREFERENCIAL. RESTITUIÇÃO DEVIDA.
AUSÊNCIA DE OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ. 1. Execução ajuizada em 1/6/1994. Recurso especial
interposto em 14/5/2014. Autos encaminhados à Relatora em 25/8/2016, redistribuídos em 18/9/2019 e novamente
conclusos em 7/2/2020. 2. O propósito recursal é definir se os valores levantados pelo recorrente devem ser
restituídos ao juízo da execução em virtude da existência de crédito preferencial, cujo titular manifestou-se nos
autos depois de perfectibilizada a arrematação do bem objeto da penhora. 3. O entendimento desta Corte aponta
no sentido de que, coexistindo execução fiscal e execução civil, contra o mesmo devedor, com pluralidade de
penhoras recaindo sobre o mesmo bem, o produto da venda judicial, por força de lei, deve satisfazer o crédito
fiscal em primeiro lugar. Precedente. 4. A postura adotada pela instituição financeira recorrente, que, mesmo ciente
da existência de crédito preferencial em favor de terceiros, deixa de sinalizar tal fato ao juiz e vem aos autos
requerer o levantamento do montante depositado, revela atitude contrária à boa-fé objetiva. 5. A decisão que
deferiu o pedido de levantamento do produto da arrematação em benefício do credor particular não foi antecedida
da necessária intimação da Fazenda Nacional - titular de crédito preferencial perseguido em execução fiscal
garantida por penhora sobre o bem arrematado. 6. Nos termos da jurisprudência desta Corte, a alegação de
violação ao art. 6º da LINDB não viabiliza a interposição de recurso especial, pois os princípios contidos nesse
dispositivo – direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada – apesar de previstos em lei ordinária, são
institutos de índole marcadamente constitucional. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

______. Lei nº 13.999, de 18 de maio de 2020. Institui o Pronampe. Brasília: Presidência da

República, 2020.

______. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da


Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Brasília: Presidência da República, 2006.

______. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Rio

de Janeiro: Presidência da República, 1943.

______. Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965. Código Eleitoral. Brasília: Presidência da República,
1965.

______. Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990. Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de

Serviço. Brasília: Presidência da República, 1990.

______. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da Seguridade Social.
Brasília: Presidência da República, 1991.

______. Lei nº 8.870, de 15 de abril de 1994. Altera dispositivos das Leis nº 8.212 e 8.213, de

24 de julho de 1991. Brasília: Presidência da República, 1994.

______. Lei nº 9.012, de 30 de março de 1995. Proíbe as instituições oficiais de crédito de


conceder empréstimos, financiamentos e outros benefícios a pessoas jurídicas em débito

com o FGTS. Brasília: Presidência da República, 1995.

______. Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural - ITR. Brasília: Presidência da República, 1996.

______. Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002. Dispõe sobre o Cadastro Informativo dos créditos
não quitados de órgãos e entidades federais e dá outras providências. Brasília: Presidência
da República, 2002.
22
______. Lei nº 13.636, de 20 de março de 2018. Dispõe sobre o Programa Nacional de
Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO). Brasília: Presidência da República, 2018.

______. Lei nº 10.735, de 11 de setembro de 2003. Dispõe sobre o direcionamento de depósitos

à vista captados pelas instituições financeiras para operações de crédito destinadas à


população de baixa renda e a microempreendedores. Brasília: Presidência da República, 2003.

______. Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999. Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas

de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público. Brasília: Presidência da República, 1999.

______. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Lei de Drogas. Brasília: Presidência da República,

2006.

______. Lei nº 4.886, de 09 de dezembro de 1965. Regula as atividades dos representantes


comerciais autônomos. Brasília: Presidência da República, 1965.

______. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Código Tributário Nacional. Brasília: Presidência

da República, 1966.

STF. Supremo Tribunal Federal. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/. Acessado em 26/05/2020.

STJ. Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Inicio.


Acessado em 26/05/2020.

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