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Gestão de políticas

públicas para
pequenos negócios
Módulo

1 Pequenos negócios:
conceitos e contexto
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa

Diretor de Educação Continuada


Paulo Marques

Coordenador-Geral de Educação a Distância


Carlos Eduardo dos Santos

Conteudista/s
Lillian Callafange dos Reis Toledo (Conteudista, 2021);
Maísa de Holanda Feitosa (Conteudista, 2021);
Pedro Pessoa Mendes (Conteudista, 2021);
Rodrigo Estrela de Freitas (Conteudista, 2021);

Equipe responsável:
Caio Henrique Caetano (Revisor, 2021)
Erley Ramos Rocha (Coordenador Web e implementador Articulate, 2021)
Guilherme Ribeiro Araújo (Implementador Moodle, 2021)
Israel Silvino Batista Neto (Diretor de arte, 2021)
Thaís de Oliveira Alcântara, (Coordenador, 2021).
Vanessa Mubarak Albin (Diagramadora, 2021)

Curso produzido em Brasília 2021.

Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT /


Laboratório Latitude e Enap.

Enap, 2021
Enap Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF

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Sumário
Unidade 1 : Pequenos negócios: principais conceitos......................... 5

Unidade 2: Pequenos negócios em números.................................... 15

Referências...................................................................................... 18

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1
Módulo

Pequenos negócios: conceitos


e contexto
Unidade 1 : Pequenos negócios: principais conceitos
Objetivo de aprendizagem: ao final desta unidade você será capaz de contextualizar, conceituar
e reconhecer pequenos negócios.

O segmento de pequenos negócios é bastante difuso. Tradicionalmente, são incluídas nessa


categoria as empresas urbanas de baixo faturamento e/ou ocupação. Extensivamente, a
depender do contexto, são considerados também os artesãos, os agricultores familiares, os
empreendedores autônomos, as empresas rurais de baixo faturamento, as startups etc.

Essa grande diversidade – aparentemente heterogênea – torna complexa a delimitação desse


público para a construção de políticas públicas. A definição de políticas para segmentos específicos
de pequenos negócios tem sido a saída que gestores e instituições públicas têm adotado para
driblar esse desafio, mas é possível perceber habitualmente a falta de complementariedade
entres essas políticas e, principalmente, seu baixo impacto em nível macroeconômico. No vídeo
a seguir, Alfredo Gonçalves Nascimento, analista de comércio exterior, discorre brevemente
sobre a importância das políticas públicas que fomentam pequenos negócios.

https://cdn.evg.gov.br/cursos/504_EVG/scorm/modulo01_scorm01/scormcontent/
assets/swvC-8wR0bCLkSmt_transcoded-UdxI66fD9E_lPiCu-modulo01video01.mp4?v=1
Vídeo 1 - A importância das políticas públicas de apoio aos pequenos negócios

Por exemplo, você consegue se lembrar de alguma política nacional de incentivo às startups
que tenha promovido impactos significativos na economia brasileira?

Em outras palavras, na ausência de um critério técnico reconhecido científica ou institucionalmente,


o gestor público deverá definir o conceito de pequenos negócios que irá adotar para planejar o
desenvolvimento do território em que atua, de modo a identificar o universo de público existente.

A partir do universo de pequenos negócios reconhecidos e identificados no território, o


gestor público poderá conhecer as vocações e características produtivas locais, compreender
profundamente o seu contexto macroeconômico e, ato contínuo, definir os segmentos prioritários
das políticas públicas.

Pequenos negócios no Brasil

O Brasil é um dos países com melhor estrutura institucional de apoio a pequenos negócios. Em
nível federal, existem diversos marcos regulatórios e políticas públicas de apoio a segmentos de

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pequenos negócios, além de secretarias específicas em Ministérios, criadas para coordenar as
ações governamentais. Esse contexto se reproduz em vários municípios e em todas as unidades
da federação.

O principal marco regulatório em vigor é a Lei Complementar nº 123/2006 – também conhecida


por Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (MPE) –, que instituiu o Estatuto Nacional da
Microempresa (ME) e da Empresa de Pequeno Porte (EPP).

A Lei Complementar nº 128/2008 criou o Microempreendedor Individual (MEI), inserindo-o na


Lei Geral da MPE. O texto define esse empreendimento como um tipo de Microempresa (ME),
mas, na prática, é um porte específico de negócio, com regras próprias na legislação e políticas
exclusivas nas esferas governamentais dos três níveis da federação.

A Lei Geral estabelece o conceito de microempresa e de empresa de pequeno porte. O critério


adotado para definir esse público foi o de faixas de faturamento anual, com valor máximo de R$
4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais), abarcando, portanto, 99% das empresas
brasileiras.

CAPÍTULO II - DA DEFINIÇÃO DE MICROEMPRESA E DE EMPRESA


DE PEQUENO PORTE

Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se


microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária,
a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada
e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de
Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme
o caso, desde que:

I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita


bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais);
e

II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-


calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e
sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões
e oitocentos mil reais).

§ 1º Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput deste


artigo, o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta
própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações
em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos
incondicionais concedidos.

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§ 2º No caso de início de atividade no próprio ano-calendário, o limite
a que se refere o caput deste artigo será proporcional ao número de
meses em que a microempresa ou a empresa de pequeno porte houver
exercido atividade, inclusive as frações de meses. [...]

Art. 18-A. O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar pelo


recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples
Nacional em valores fixos mensais, independentemente da receita
bruta por ele auferida no mês, na forma prevista neste artigo.

§ 1º Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI o


empresário individual que se enquadre na definição do art. 966 da Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, ou o empreendedor que
exerça as atividades de industrialização, comercialização e prestação
de serviços no âmbito rural, que tenha auferido receita bruta, no ano-
calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais), que
seja optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar
pela sistemática prevista neste artigo.

A Lei Complementar nº 123/2006 tem uma visão sistêmica do ambiente dos pequenos negócios,
olhando suas especificidades de forma ampla e buscando estruturar mecanismos para seu
desenvolvimento. Por se propor a ser o estatuto nacional das MPE, essa lei concentra as regras
gerais de tratamento diferenciado desse público a serem consideradas por todos os entes
federados em suas políticas:

Art. 1º - Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao


tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas
e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que
se refere:

I - à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime
único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias; [...]

O primeiro inciso se refere ao tema principal da Lei Geral: o Regime Especial Unificado de
Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno
Porte – Simples Nacional. Sistema tributário específico das MPE, o Simples Nacional estabelece
alíquotas diferenciadas para as suas atividades, além do pagamento dos principais tributos
federais, estaduais e municipais em documento único de arrecadação.

A inscrição da empresa no Simples Nacional não é automática, ou seja, as MPE devem optar
por esse regime tributário especial, após avaliar se esse lhe é mais benéfico do que o regime
tributário regular e se sua empresa não se enquadra em nenhuma das hipóteses de vedação de
ingresso no Simples Nacional.

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Não pode optar pelo Simples Nacional, a microempresa
ou empresa de pequeno porte:
I) Que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria
creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber,
gerenciamento de ativos (asset management) ou compra de direitos creditórios resultantes
de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring) ou que execute operações
de empréstimos de financiamento e de desconto de títulos de crédito, exclusivamente
com recursos próprios, tendo como contrapartes microempreendedores individuais,
microempresas e empresas de pequeno porte, inclusive sob a forma de empresas simples
de crédito;
II) Que tenha sócio domiciliado no exterior;

III) De cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal,
estadual ou municipal;

V) Que possua débito com o Instituto Nacional de Seguro Social - INSS - ou com as Fazendas
Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa;
VI) Que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto
quando na modalidade fluvial ou quando possuir características de transporte urbano
ou metropolitano ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropolitana para
transporte de estudantes ou trabalhadores.

VII) Que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica;


VII) Que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas;

IX) Que exerça atividade de importação de combustíveis;

X) Que exerça atividade de produção ou venda no atacado de:

a) Cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições


e pólvoras, explosivos e detonantes;

b) Bebidas não alcoólicas a seguir descritas:


2) Refrigerantes, inclusive águas saborizadas gaseificadas;
3) Preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentrados ou sabores
concentrados), para elaboração de bebida refrigerante, com capacidade de
diluição de até 10 (dez) partes de bebidas para cada parte do concentrado;
4) Cervejas sem álcool;

c) Bebidas alcoólicas, exceto aquelas produzidas ou vendidas no atacado por:


1) Micro e pequenas cervejarias;
2) Micro e pequenas vinícolas;
3) Produtores de licores;
4) Micro e pequenas destilarias.

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XIII) Que realize atividade de consultoria;

XIV) Que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis.

XV) Que realize atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir a
prestação de serviços tributados pelo ISS.

XVI) Com ausência de inscrição ou com irregularidades em cadastro fiscal federal, municipal
ou estadual quando exigível.
Quadro 1 - Não pode optar pelo Simples Nacional

Art. 1º - Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao


tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas
e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que
se refere:
[...]
II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias,
inclusive obrigações acessórias;
[...]

O segundo tema destacado pelo legislador – inciso II – na Lei Geral foi a questão trabalhista e
previdenciária. O diploma dispensa as MPE do cumprimento de algumas obrigações trabalhistas,
em especial daquelas que não comprometem nenhum direito do trabalhador, mas que geram
um esforço significativo para as MPE.

A Lei Geral estabeleceu, ainda, que o poder público e o Sistema S deverão estimular a formação
de consórcios entre as MPE para diminuir os custos e simplificar o acesso a serviços especializados
de segurança e medicina do trabalho.

Art. 1º - Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao


tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas
e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que
se refere:
[...]
III - ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência
nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à tecnologia,
ao associativismo e às regras de inclusão.
[...]

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O inciso III faz referência a uma série de políticas de incentivo que são estabelecidas pela Lei
Geral no que se refere aos aspectos de operação e de atuação no mercado pelas MPE.

Art. 1º - Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao


tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas
e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que
se refere:
[...]
IV - ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere o inciso
IV do parágrafo único do art. 146, in fine, da Constituição Federal.

Por fim, o inciso IV destaca a necessidade de adaptação do poder público, nas três esferas
governamentais para disponibilizar serviços empresariais – inscrição, declaração, baixa,
compensação de crédito tributário etc. – simples, eficientes e acessíveis. A unificação das bases
de dados das fazendas municipais, estaduais e federal é o principal desafio para a oferta desses
serviços.

Nesse contexto, a lei criou duas estruturas de deliberação muito importantes para essa política
pública, que têm garantido agilidade e ampla articulação de consenso entre as fazendas públicas,
quais sejam, o Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) e o Comitê para Gestão da Rede
Nacional para Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (CGSIM).

Além dos temas destacados no seu artigo 1º, a Lei Geral estabelece diretrizes em outras
áreas, como Acesso à Justiça e Fiscalização. O diploma parte da premissa de que as MPE são
vulneráveis frente aos outros agentes que atuam no mercado e adota como princípio geral,
independentemente de regulamentação, o tratamento favorecido e diferenciado para essas
empresas no cumprimento de suas obrigações e no usufruto dos seus direitos.

Esse tratamento especial, todavia, não beneficia todas as micro e pequenas empresas brasileiras;
a Lei Geral previu alguns casos em que, apesar de seu faturamento estar dentro do limite previsto
na lei para ser considerada MPE, a empresa não poderá se beneficiar das políticas destinadas a
esse público.

Não poderá acessar os benefícios da Lei Geral, a empresa:


I) De cujo capital participe outra pessoa jurídica;

II) Que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede
no exterior;

III) De cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócio
de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos dessa Lei
Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite que se trata o inciso II
do caput desse artigo.

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IV) Cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra
empesa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global
ultrapasse o limite de que se trata o inciso II do caput deste artigo;

V) Cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins
lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do
caput deste artigo;
VI) Constituída sob forma de cooperativas, salvo as de consumo;

VII) Que participe do capital de outra pessoa jurídica;

VIII) Que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e desenvolvimento, da


caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito
imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio,
de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de
previdência complementar;
IX) Resultante ou remanescente de cisão ou de qualquer outra forma de desmembramento
de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores;

X) Constituída sob a forma de sociedade por ações;

XI) Cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço,


relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade;
Quadro 2 - Não poderá acessar os benefícios da Lei Geral

A Lei Geral é o exemplo de uma política pública que evolui constantemente. Além da robustez
e eficiência dos dois Comitês, que mantêm atualizadas as regulamentações infralegais, conta
também com a atuação da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa no Congresso
Nacional.

Saiba mais
Quer saber mais sobre o tratamento especial para micro e pequenas empresas?
Acesse a página do SEBRAE que apresenta o histórico dessa importante política
pública nacional em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/
historico-da-lei-geral,8e95d6d4760f3610VgnVCM1000004c00210aRCRD

Outra norma importante para conhecimento do gestor de políticas públicas para pequenos
negócios é a Lei nº 11.326/2006, que estabelece as diretrizes para a formulação da Política
Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. A partir dessa lei, foram
criados o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), principal fundo de
investimento para agricultura familiar e/ou comunitária e, por consequência, a Declaração
de Aptidão ao PRONAF (DAP), que acabou estruturando uma base nacional de cadastro da
agricultura familiar e/ou comunitária.

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A experiência internacional

Outros países chegaram a soluções diferentes, mas também não conseguiram realizar uma
definição segura do que seria um pequeno negócio.

No quadro abaixo, veja alguns exemplos internacionais do tratamento diferenciado e favorecido


dos Pequenos Negócios (Fonte: OIS/SEBRAE).

País Conceito
Na África do Sul, a definição de pequenos negócios é feita do
seguinte modelo:

• Microempresa: menos de seis trabalhadores, com


menos de U$ 12,5 milhões de faturamento anual e
com menos de U$ 6 mil de ativo bruto.

• Muito pequena: menos de dez trabalhadores (em


alguns setores pode chegar até 20), menos de U$ 16
África do Sul milhões (podendo chegar U$ 40 milhões) de
faturamento anual e com ativo bruto menor que U$
12,5 mil (podendo chegar a U$ 40 mil) de ativo
bruto.

• Pequena: menos de 50 trabalhadores, menos de U$


165 milhões (podendo chegar U$ 2 bilhões) de
faturamento anual e com ativo bruto menor que U$
165 mil (podendo chegar a U$ 375 mil) de ativo
bruto.
A definição alemã é a adotada pela União Europeia para pequena
empresa que estabelece o limite de nove funcionários, volume
Alemanha
de negócios de 1 milhão de euros e balanço total de 2 milhões
de euros.

Na China, a definição de uma PME é complexa e depende da


categoria de indústria, do número de funcionários, faturamento
anual e ativos totais, e esses critérios para as pequenas e médias
China empresas são baseados na Lei das PMEs Promoção da China
(2003), que estabelece as diretrizes para a classificação de PME.
Uma pequena empresa, por exemplo, é definida como aquela
com número de funcionários inferior a 300.

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De acordo com a Agência Norte-Americana para os pequenos
negócios (SBA), a definição dos pequenos negócios depende do
setor econômico:
• Agricultura: faturamento até U$ 750 mil.

• Construção: faturamento até U$ 36,5 milhões.

• Manufatura: até 1500 funcionários.


EUA
• Atacado: até 250 funcionários.

• Varejo: faturamento até U$ 7,5 milhões e até 500


funcionários.

• Transportes: faturamento até U$ 7,5 milhões e até


500 funcionários.

• Finanças/Seguros: 1500 funcionários.


A lei das PME japonesa define uma segmentação de porte que
varia pelo setor industrial:

• Fábrica: capital declarado de até 300 milhões de


yens, até 300 funcionários (até 20 é microempresa),
e até 100 milhões de yen como capital declarado.

• Indústria de atacado: capital declarado de até100


milhões de yens, até 100 funcionários (até 5 é
microempresa), e até 100 milhões de yen como
Japão capital declarado.

• Indústria de serviço: capital declarado de até 50


milhões de yens, até 100 funcionários (até 5 é
microempresa), e até 100 milhões de yen como
capital declarado.

• Indústria de varejo: capital declarado de até 50


milhões de yens, até 50 funcionários (até 5 é
microempresa), e até 100 milhões de yen como
capital declarado.
De acordo com a Lei das Empresas do Reino Unido, de 2006,
uma pequena empresa é definida como uma empresa que não
Reino Unido possua um volume de negócios superior de £ 6.5 milhões, um
balanço total de mais de £ 3.260.000 e não possua mais de 50
empregados.
Quadro 3 - Experiência internacional

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Percebe como existe uma grande variação e, no geral, a definição das pequenas empresas
brasileiras apresentam um valor como teto menor do que o adotado nas principais economias?

Em publicação do IBGE, é relatado o histórico das políticas para esse público:

A implantação do primeiro estatuto da Microempresa (Lei nº 7.256


de 27 de novembro de 1984) e a inclusão das micro e pequenas
empresas na Constituição Federal de 1988, que passou a garantir-
lhes tratamento diferenciado (Artigo 179 do Capítulo da Ordem
Econômica);

A transformação em 1990 do Centro Brasileiro de Assistência Gerencial


à Pequena Empresa - CEBRAE -, criado em 1972 em Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE - com funções mais
amplas;

A criação de linhas especiais de crédito no BNDES, Caixa Econômica


Federal e Banco do Brasil;

A Lei nº 9.317 de 5 de dezembro de 1996, que instituiu o Sistema


Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das
Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIPLES;

A Lei 9.841 de 5 de outubro de 1999, que instituiu o Estatuto da


Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; e

O estabelecimento de um Fórum Permanente das Microempresas


e Empresas de Pequeno Porte, demonstrando a dimensão e a
importância das micro e pequenas empresas para o crescimento e
desenvolvimento da economia nacional.
Infográfico 1 - Linha do tempo.

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Unidade 2: Pequenos negócios em números
Objetivo de aprendizagem: ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os pequenos
negócios em números.

Uma vez compreendido o conceito, ou as diversas definições sobre os pequenos negócios, é


importante passarmos uma compreensão da dimensão do público, buscando demonstrar o
tamanho do seu impacto na sociedade e as diferentes esferas de impacto na economia brasileira.

Importante
O que é o DataSebrae? (https://datasebrae.com.br/)

Estamos falando de uma plataforma de apoio à inteligência com foco nos


pequenos negócios. Nela são apresentados dados e análises com o objetivo
de responder às perguntas daqueles que contribuem com o desenvolvimento
do empreendedorismo no Brasil.

À primeira vista isso pode até parecer simples, mas pense sobre a última vez
em que você precisou encontrar uma resposta objetiva. Foi difícil, não foi?
E nós conhecemos os motivos. Tanto que eles viraram as preocupações que
deram origem ao DataSebrae.

O DataSebrae tem como principais assuntos:

• Atividades econômicas: uma consolidação dos principais dados relativos aos


segmentos produtivos prioritários na reflexão sobre economia de pequenos negócios.

• Tendências econômicas: um panorama do contexto dos pequenos negócios e


principais projeções para o futuro.

• Influência ao empreendedorismo: principais temas relacionados aos pequenos


negócios.

• Perfis (empreendedores, empresas e população): uma síntese dos principais atributos


envolvendo as segmentações sociais relacionados ao segmento.

Para facilitar o acesso aos dados, são oferecidos os estudos e painéis de consulta aos usuários.

Para começarmos a entender o que representam os pequenos negócios em nosso contexto,


compartilhamos alguns números:

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Infográfico 2 – Pequenos Negócios em números

Para além dos números existentes, pode-se observar a replicação de um fenômeno global
no qual a quantidade de pequenas empresas reflete o que acontece em todo mundo,
onde a maior parte das empresas compõem o tecido econômico e são as maiores
geradoras de emprego.

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Contudo, o que impacta fortemente nossa realidade é a baixa produtividade desse segmento
produtivo. Quando comparadas as grandes empresas brasileiras com as demais existentes
nas principais economias, a diferença não é tão grande como a diferença vista nas pequenas
empresas – esse é, sem dúvida, o principal gargalo atual.

Cabe lembrar que os pequenos negócios são essenciais para garantir, também, às grandes uma
inserção nas cadeias globais de valor, pois estas dependem dos pequenos negócios, seja como
fornecedor, seja como distribuir de sua produção.

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Referências
BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis nº 8.212 e 8.213,
ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, da Lei nº 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei
Complementar nº 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis nº 9.317, de 5 de dezembro de
1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm. Acesso em: 01 dez. 2020.

CENTRAL DO FRAQUEADO. O que é franquia?: conheça o modelo de negócio e confira algumas


dicas para investir. conheça o modelo de negócio e confira algumas dicas para investir. 2019.
Disponível em: https://centraldofranqueado.com.br/blog/o-que-e-franquia/. Acesso em: 01
dez. 2020.

CONTABILIZEI. O que é prestador de serviços PJ e quais as diferenças para autônomo e


profissional liberal. 2021. Disponível em: https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-
online/o-que-e-prestador-de-servicos-pj-e-quais-as-diferencas-para-autonomo-e-profissional-
liberal/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20um%20aut%C3%B4nomo,sendo%20obrigado%20
a%20cumprir%20ordens. Acesso em: 01 dez. 2020.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. As micro e pequenas empresas comerciais


e de serviços no Brasil: 2001. Rio de Janeiro: IBGE, 2003. Disponível em: https://biblioteca.ibge.
gov.br/visualizacao/livros/liv1898.pdf. Acesso em: 20 abr. 2021.

SANTOS, Anselmo Luís dos; KREIN, José Dari; CALIXTRE, André Bojikian (org.). Micro e pequenas
empresas: mercado de trabalho e implicação para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Ipea, 2012.
Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3006/1/Livro_Micro%20e%20
pequenas%20empresas%20mercado%20de%20trabalho%20e%20implica%c3%a7%c3%a3o%20
para%20o%20desenvolvimento.pdf. Acesso em: 20 abr. 2021.

SEBRAE. Negócios familiares: entenda como eles funcionam. 2019. Disponível em: https://www.
sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/as-caracteristicas-de-negocios-familiares,48e89e665
b182410VgnVCM100000b272010aRCRD. Acesso em: 01 dez. 2020.

SEBRAE. Tudo o que você precisa saber sobre Eireli. 2019. Disponível em: https://www.sebrae.
com.br/sites/PortalSebrae/ufs/go/artigos/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-eireli,0b5960ef
67f4d610VgnVCM1000004c00210aRCRD. Acesso em: 01 dez. 2020.

STARTSE. O que é uma startup? 2021. Disponível em: https://app.startse.com/artigos/o-que-e-


uma-startup. Acesso em: 20 abr. 2021.

SEBRAE. DataSebrae. Disponível em: https://datasebrae.com.br/. Acesso em: 01 dez. 2020.

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