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OBRIGAÇÕES LEGAIS

Autoria: Stephane Louise Boca Santa

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci

Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz


Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

SA231o

Santa, Stephane Louise Boca


Obrigações legais. / Stephane Louise Boca Santa – Indaial:
UNIASSELVI, 2018.

100 p.; il.

ISBN 978-85-53158-38-6

1.Empresas – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 336.243
Stephane Louise Boca Santa

Bacharela em Ciências Contábeis e mestre em


contabilidade pela Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC. Atua como pesquisadora da área de
contabilidade e gestão ambiental no Núcleo de Estudos
sobre o Meio Ambiente e Contabilidade – NEMAC da UFSC e
Grupo de Pesquisa em Eficiência Energética e Sustentabilidade
– GREENS da Universidade do Sul de Santa Catarina –
UNISUL. É autora de diversos artigos, dentre os quais se
destacam “Benefícios nas pequenas e médias empresas com
as mudanças nas Normas Brasileiras de Contabilidade”,
pela Revista de Contabilidade da Universidade Federal
da Bahia – UFBA; “Benefícios e custos ambientais
gerados com edificações sustentáveis: uma ferramenta
para análise de viabilidade financeira ambiental”,
pela Revista Catarinense da Ciência Contábil; e
“Universidade sustentável: análise internacional
sobre a temática na literatura científica”, pela
Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais.
Sumário

APRESENTAÇÃO...........................................................................07

CAPÍTULO 1
Obrigações Fiscais.......................................................................09

CAPÍTULO 2
Saúde e Segurança: Normas Regulamentares e Impacto.......33

CAPÍTULO 3
Legislação Ambiental...................................................................53

CAPÍTULO 4
Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas..................77
APRESENTAÇÃO
A disciplina de Obrigações Legais tem como objetivo apresentar aspectos
da legislação vigente relacionados às micro, pequenas e médias empresas, suas
particularidades e benefícios.

A disciplina visa ainda capacitar o aluno para a tomada de decisões quanto


às obrigações fiscais; de saúde e segurança; legislação ambiental; e ferramentas
de gestão para pequenas empresas.

O Capítulo 1 apresenta os aspectos legais referentes ao registro e


constituição das pequenas empresas. Apresenta ainda o Estatuto Nacional
da Microempresa e Empresas de Pequeno Porte. Incluindo a legislação para a
elaboração do contrato social, bem como, um exemplo de contrato social e uma
visão geral das obrigações acessórias da contabilidade. Por fim, a apresentação
de alguns aspectos relacionados à Consolidação das Leis Trabalhistas.

No capítulo 2 você irá conhecer a legislação que protege a segurança do


trabalhador, bem como conhecerá a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
– CIPA, reconhecendo sua principal função e quando se faz necessária. Além
disso, aprenderá a identificar uma atividade que traz perigo ao funcionário e a
forma de prevenção.

No capítulo 3 você irá conhecer a legislação ambiental aplicada a pequenas


empresas e como os aspectos da Política Nacional de Resíduos Sólidos são
aplicados às pequenas empresas de acordo com seu ramo de atividade. Você
aprenderá a identificar um possível crime ambiental e o agente regulador a ser
consultado. E verá como identificar quando é necessário realizar a Avaliação de
Impacto Ambiental – AIA.

Por fim, no capítulo 4 você compreenderá como a contabilidade pode auxiliar


na gestão da empresa. Além disso você verificará como realizar a identificação de
quando há necessidade de um Sistema de Gestão Ambiental – SGA, e como esse
sistema pode auxiliar no cumprimento das leis ambientais.

Bons estudos!
C APÍTULO 1
Obrigações Fiscais

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Conhecer a definição de pequena empresa e os passos para sua constituição.

� Localizar as leis que regem as pequenas empresas.

� Diferenciar as demonstrações contábeis e os livros obrigatórios.

� Compreender o funcionamento do regime tributário aplicável às pequenas


empresas.

� Compreender as leis trabalhistas aplicáveis às pequenas empresas.

� Distinguir os regimes tributários existentes.


OBRIGAÇÕES LEGAIS

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Capítulo 1 Obrigações Fiscais

Contextualização
Este capítulo trata das obrigações fiscais relacionadas às micro, pequenas
e médias empresas. Pois, diversas vezes, vimos as obrigações fiscais como
algo trabalhoso de fazer e administrar, mas a partir do momento em que há
entendimento da necessidade e função, torna-se mais fácil. Além do mais,
podemos usar de diversos benefícios ao nosso favor. E assim, além de evitar
multas e gastos desnecessários, estaremos agindo corretamente e, ainda, se
beneficiando disso.

Neste capítulo, você irá aprender como realizar o registro e constituição


de uma empresa, passo a passo, além da forma como se deve elaborar um
contrato social. Os aspectos relacionados à contabilidade podem ser importantes
ferramentas para auxiliar no gerenciamento da empresa, por isso, apresentamos
as demonstrações contábeis, regimes tributários e impostos. Por fim, todo
empresário sabe quanto a folha de pagamento representa nas despesas da
empresa, por isso, ter conhecimento no tema e atenção para a gestão da folha é
relevante e necessário.

Bons estudos!

Aspectos Legais, Registro e


Constituição das Pequenas
Empresas
A primeira coisa que devemos saber sobre pequenas empresas é a
definição/classificação destas empresas, e há várias formas de classificação.
Existe o empreendedor individual; classificação segundo a Lei Complementar nº
123; segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis; conforme o número de
empregados; conforme o Mercosul e assim por diante. Vamos conhecer cada uma
destas classificações?

a) Microempreendedor Individual (MEI) – Para que possa ser possível ser


um microempreendedor individual, é necessário que o faturamento seja de
até R$ 81.000,00 por ano ou R$ 6.750,00 por mês. Também é necessário
que não tenha participação em outra empresa como sócio ou titular e,
ainda, o número máximo de empregados contratados deverá ser de um,
recebendo salário mínimo ou o piso da categoria (SEBRAE, 2017).

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OBRIGAÇÕES LEGAIS

b) Classificação, segundo a Lei Complementar nº 123 – A lei de 14 de


dezembro de 2006, que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e
da Empresa de Pequeno Porte, foi alterada em atendimento ao art. 5º
da Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011. Para esta
lei, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a
sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário, devidamente
registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de
Pessoas Jurídicas, conforme o caso: I – microempresas, o empresário, a
pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que aufira em cada ano-calendário,
receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil
reais); II – empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica,
ou a ela equiparada, que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta
superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou
inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) (SEBRAE,
2017; SANTOS E VEIGA, 2014).

Os aspectos qualitativos da Resolução nº 59/98 afirmam que


as micro e pequenas empresas não deverão estar controladas por
outra empresa ou, ainda, pertencer a um grupo econômico que em
seu conjunto superem os valores estabelecidos. Se isso acontecer,
então ela não é considerada micro ou pequena empresa (SANTOS;
VEIGA, 2014).

c) Classificação segundo o Comitê de Pronunciamentos


Contábeis – O Pronunciamento Técnico Contabilidade (CPC)
para Pequenas e Médias Empresas (PME), que aprovou a
Norma Brasileira de Contabilidade NBC TG 1000 – norma que
se destina à utilização por pequenas e médias empresas, define
que pequenas e médias empresas são empresas que: (a) não
têm obrigação pública de prestação de contas; e (b) elaboram
demonstrações contábeis para fins gerais para usuários externos
(SANTOS; VEIGA, 2014; CPC PME, 2009).

d) Classificação de acordo com o número de empregados –


As empresas podem se classificar de acordo com o número de
empregados, conforme o Quadro 1.

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Capítulo 1 Obrigações Fiscais

Quadro 1 – Classificação de empresas conforme o número de empregados


Porte/Setor Indústria Comércio
Microempresas Até 19 Até 9
Empresas de Pequeno Porte De 20 a 99 De 10 a 49
Médias De 100 a 499 De 50 a 99
Grandes 500 ou mais 100 ou mais
Fonte: Sebrae (2017); Santos e Veiga (2014).

A classificação de empresas conforme o número de empregados é


geralmente utilizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE).

e) Classificação conforme o Mercosul – Segundo a Resolução nº 59/98


do Mercosul, os parâmetros podem ser quantitativos (pessoal empregado
e nível de faturamento) e qualitativos. Para fins de classificação,
prevalece o nível de faturamento. O Quadro 2 apresenta a classificação
segundo o faturamento bruto anual.

Quadro 2 – Classificação das micro e pequenas


empresas segundo o faturamento bruto anual
Porte Atividade Pessoal Ocupado Exportações
Comércio de
1 a 5 pessoas Até US$ 200 mil.
Microempresas Serviços
Indústria 1 a 10 pessoas Até US$ 400 mil.
Acima de US$ 200
Comércio de
6 a 30 pessoas mil até US$ 1,5
Serviços
Empresas de milhão.
Pequeno Porte Acima de US$ 400
Indústria 11 a 40 pessoas mil até US$ 3,5
milhões.
Fonte: Mercosul (1998); Santos e Veiga (2014).

Atividade de Estudos:

1) Descreva quais são as formas de definição de pequenas empresas


e o que cada uma destas definições leva em consideração para a
classificação do porte das empresas.
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OBRIGAÇÕES LEGAIS

Agora que já aprendemos a classificar, então, vamos estudar como


O processo para
abertura de uma proceder quanto ao registro e constituição das pequenas empresas.
empresa envolve O processo para abertura de uma empresa envolve várias etapas
várias etapas importantes. É necessário seguir cada um dos passos para não incorrer
importantes. É em multas e atrasos.
necessário seguir
cada um dos passos
A primeira etapa, segundo Santos e Veiga (2014), é estudar as
para não incorrer em
multas e atrasos. possibilidades realizando uma pesquisa prévia. É interessante que
o empreendedor invista numa atividade de que goste e saiba fazer,
pois o pequeno empreendedor geralmente precisa envolver-se mais no
negócio. Além do mais, o ideal é fazer uma pesquisa de mercado, para estudar a
rentabilidade do negócio.

A segunda etapa diz respeito à elaboração do projeto de investimento.


Isto é, um plano de negócios com a previsão de entradas, saídas e demandas
de financiamento. O fluxo de caixa é uma demonstração relevante para todas as
empresas. Também durante a elaboração do projeto recomenda-se pesquisar
quem será o público-alvo e os clientes em potencial; os canais de distribuição
e logística; custos do treinamento; riscos de investimentos; e os tributos. Enfim,
um planejamento estratégico englobando aspectos contábeis, financeiros e
administrativos (SANTOS; VEIGA, 2014).

A terceira etapa consiste em selecionar o local e verificar a situação do


imóvel. É importante que antes de alugar ou comprar um imóvel, seja investigado
se está regularizado na prefeitura; quais as leis de zoneamento; se há débitos
tanto de impostos quanto de água e energia elétrica; se não há restrição ambiental;
laudo de bombeiros e, por fim, fazer o registro do contrato no cartório (SANTOS;
VEIGA, 2014).

Já a quarta etapa refere-se à definição do tipo de empresa, isto é, se será


firma individual, sociedade por quotas, ou ainda, sociedade em nome coletivo. A
quinta etapa refere-se ao estudo das formas de tributação (microempreendedor
individual; Simples Nacional; com base no lucro presumido; com base no lucro
real) (SANTOS; VEIGA, 2014).

Definir a atividade A sexta etapa do processo de criação de uma empresa diz respeito
da empresa é à definição da atividade da empresa. Definir a atividade da empresa é
uma decisão uma decisão importante, pois está relacionada à forma de tributação, e
importante, pois está nem todas as atividades podem ser enquadradas no Simples Nacional ou
relacionada à forma
optar pelo lucro presumido. Já a sétima etapa refere-se às providências
de tributação
de documentação. Os documentos exigidos para abrir uma empresa
são, conforme Santos e Veiga (2014):

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Capítulo 1 Obrigações Fiscais

• Cópia autenticada do CPF e do RG de todos os sócios;


• Cópia do comprovante de endereço da empresa e dos sócios;
• Cópia autenticada da certidão de emancipação (no caso de sócio menor
de 18 e maior de 16 anos);
• Cópia da Certidão Negativa de Tributos Imobiliários e documento
comprobatório em que conste o IPTU do imóvel;
• Contrato de locação registrado no Registro de Títulos e Documentos (se
o imóvel for alugado);
• Vistoria da Vigilância Sanitária (dependendo da atividade da empresa);
• Laudo técnico dos órgãos ambientais (dependendo da atividade da
empresa);
• Laudo do Corpo de Bombeiros;
• Verificar as exigências e formalidades do Conselho Regional quanto à
elaboração do contrato social, formação societária e responsabilidades
técnicas (conforme a atividade);
• Comprovante de entrega das cinco últimas declarações do IRPF dos
sócios.

A oitava etapa para abrir uma empresa, segundo Santos e Veiga (2014),
refere-se à elaboração do contrato social (elaborado por advogado), contendo:

• Tipo societário;
• Qualificação completa dos sócios;
• Nome empresarial (firma ou denominação social);
• Objeto social;
• Capital social;
• Quotas de cada sócio no capital social; Para regularizar
• Responsabilidade dos sócios (sociedade limitada); a empresa há
• Se os sócios respondem ou não, subsidiariamente, pelas necessidade
obrigações sociais; de registrar o
• Nomeação do administrador e seus poderes; empreendimento na
Junta Comercial do
• Participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
Estado; registrar o
• Sede e foro; empreendimento no
• Prazo de duração; cartório (sociedade
• Outros aspectos, conforme necessidade. simples); inscrição
no Cadastro
Por fim, a nona etapa, segundo Santos e Veiga (2014), refere-se Nacional da Pessoa
Jurídica (CNPJ)
à regularização do empreendimento. Para regularizar a empresa há
via site da Receita
necessidade de registrar o empreendimento na Junta Comercial do Federal; inscrição
Estado; registrar o empreendimento no cartório (sociedade simples); na Secretaria da
inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) via site Fazenda do Estado;
da Receita Federal; inscrição na Secretaria da Fazenda do Estado; e e inscrição na
inscrição na Prefeitura Municipal. Prefeitura Municipal.

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OBRIGAÇÕES LEGAIS

A Figura 1 apresenta um resumo das etapas do processo de abertura de uma


empresa.

Figura 1 – Etapas do processo de abertura de uma empresa

Fonte: Adaptado de Santos e Veiga (2014).

Atividade de Estudos:

1) Qual das etapas do processo de abertura de uma empresa está


relacionada à forma de tributação da empresa, uma vez que,
dependendo do empreendimento, poderá definir a forma de
tributação?
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Capítulo 1 Obrigações Fiscais

Estatuto Nacional da Microempresa


e da Empresa de Pequeno Porte:
Redução de Impostos, Oportunidades
e Simplificação
O Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte foi
instituído pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, e possui
algumas alterações. Conforme esta legislação, em seu art. 1º, a lei estabelece:

Normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido


a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno
porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, especialmente no que se refere:
I  -  à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações
acessórias;
II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias,
inclusive obrigações acessórias;
III  -  ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à
preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes
Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de
inclusão. 
IV - ao cadastro nacional único de contribuintes a que se
refere o inciso IV do parágrafo único do art. 146, in fine, da
Constituição Federal (Incluído pela Lei Complementar nº 147,
de 2014).

A legislação trará ainda a definição de microempresa e de empresa de


pequeno porte, conforme vimos no tópico anterior, na qual a classificação das
empresas é realizada com base no faturamento. Ainda, estará relatado na lei so-
bre o processo de inscrição e baixa da empresa, devendo ser realizada de forma
especial e simplificada.

O Estatuto Nacional
O estatuto trata ainda sobre os tributos e contribuições aplicados da Microempresa
(composição do imposto, alíquotas e base de cálculo) às microempresas e da Empresa de
e empresas de pequeno porte. Como já vimos anteriormente, o Simples Pequeno Porte
foi instituído pela
Nacional poderá ser recolhido em documento único e mensal, engloban-
Lei Complementar
do os seguintes impostos e contribuições, segundo Brasil (2006): nº 123, de 14 de
dezembro de 2006

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OBRIGAÇÕES LEGAIS

I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ;


II - Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, observado o
disposto no inciso XII do § 1o deste artigo;
III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL;
IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
– COFINS, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste
artigo;
V - Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no
inciso XII do § 1o deste artigo;
VI - Contribuição Patronal Previdenciária – CPP para a
Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art.
22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da
microempresa e da empresa de pequeno porte que se dedique
às atividades de prestação de serviços referidas no § 5º-C do
art. 18 desta Lei Complementar;
VII - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS;
VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS.

O estatuto prevê as atividades vedadas ao ingresso no Simples Nacional e,


por isso, a escolha da atividade deverá ser realizada com atenção, pois implica
diretamente a forma de tributação, mas também, a todos os benefícios de uma
empresa do Simples Nacional.

Contrato Social e Contabilidade


O Contrato Social deve estar com consonância com o Código Civil, Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002, art. 997 e demais normas relacionadas ao tema,
conforme atividade e necessidade. A seguir apresentamos o art. 997 acima citado.

ARTIGO 997 DA LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002

Art. 997 A sociedade constitui-se mediante contrato escrito,


particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas
partes, mencionará:

I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos


sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação,
nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo
compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de
avaliação pecuniária;

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Capítulo 1 Obrigações Fiscais

IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;


V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição
consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade,
e seus poderes e atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII- se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas
obrigações sociais.

Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer


pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.

Fonte: Brasil (2002).

O Quadro 3 apresenta o modelo de contrato social disponibilizado pela Junta


Comercial do Estado de Santa Catarina – JUCESC.

Quadro 3 – Modelo de contrato social da JUCESC

MODELO BÁSICO DE CONTRATO SOCIAL

SOCIEDADE LIMITADA

CONTRATO DE CONSTITUIÇÃO DE: _____________________

1. Fulano de Tal, (nome completo), nacionalidade, estado civil, regime de


bens (se casado), data de nascimento (se solteiro), profissão, nº do CPF,
documento de identidade, seu número, órgão expedidor e UF onde foi emitida
(documentos válidos como identidade: carteira de identidade, certificado
de reservista, carteira de identidade profissional, Carteira de Trabalho e
Previdência Social, Carteira Nacional de Habilitação – modelo com base na
Lei nº 9.503, de 23.9.97), domicílio e residência (tipo e nome do logradouro,
número, bairro/distrito, município, Unidade Federativa e CEP) e
2. Beltrano de Tal ................................................... (art. 997, l, CC/2002);

(se for sócio pessoa jurídica, ver forma de qualificação e demais disposições da
Resolução JUCESC 03/09 e IN 98/2003 – e se sócio estrangeiro, mencionar tam-
bém a situação do visto - se permanente ou não - e demais disposições da Res-
olução JUCESC 03/09, IN 98/2003 e IN 76/1998. Se houver procurador ou repre-
sentante/assistente, ver orientações na Resolução JUCESC 03/09 e IN 98/2003).

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OBRIGAÇÕES LEGAIS

Constituem uma sociedade limitada, mediante as seguintes cláusulas:

1ª A sociedade girará sob o nome empresarial ............................. e terá sede


e domicílio na (endereço completo: tipo, e nome do logradouro, número,
complemento, bairro/distrito, município, Unidade Federativa e CEP). (art.
997, II, CC/2002)
2ª O capital social será R$ .................................. (.............................. reais) dividido
em .............. quotas de valor nominal R$ ...... (............ reais), subscritas e
integralizadas, neste ato em moeda corrente do País, pelos sócios:

Fulano de Tal ................. nº de quotas ............. R$ ...........


Beltrano de Tal ............... nº de quotas............. R$.................... (art. 997, III,
CC/2002) (art. 1.055, CC/2002)

3ª O objeto será .................................................... (não copiar do que diz


o código CNAE, pois nem sempre o mesmo está descrito em gênero e
espécie, conforme exigência do Decreto 1.800/96)
4ª A sociedade iniciará suas atividades em ...................... e seu prazo de
duração é indeterminado. (art. 997, II, CC/2002)
5ª As quotas são indivisíveis e não poderão ser cedidas ou transferidas a
terceiros sem o consentimento do outro sócio, a quem fica assegurado, em
igualdade de condições e preço, direito de preferência para a sua aquisição
se postas à venda, formalizando, se realizada a cessão delas, a alteração
contratual pertinente. (art. 1.056, art. 1.057, CC/2002)
6ª A responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas
todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. (art.
1.052, CC/2002)
7ª À administração da sociedade caberá COLOCAR O NOME DO(S)
ADMINISTRADOR(ES) com os poderes e atribuições de ........................
................... autorizado o uso do nome empresarial, vedado, no entanto,
em atividades estranhas ao interesse social ou assumir obrigações seja
em favor de qualquer dos quotistas ou de terceiros, bem como onerar ou
alienar bens imóveis da sociedade, sem autorização do outro sócio. (artigos
997, Vl; 1.013. 1.015, 1064, CC/2002)
8ª Ao término de cada exercício social, em 31 de dezembro, o administrador
prestará contas justificadas de sua administração, procedendo à elaboração
do inventário, do balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico,
cabendo aos sócios, na proporção de suas quotas, os lucros ou perdas
apurados. (art. 1.065, CC/2002)
9ª Nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, os sócios
deliberarão sobre as contas e designarão administrador(es) quando for o
caso. (arts. 1.071 e 1.072, § 2º e art. 1.078, CC/2002)

20
Capítulo 1 Obrigações Fiscais

10ª A sociedade poderá a qualquer tempo, abrir ou fechar filial ou outra


dependência, mediante alteração contratual assinada por todos os sócios.
11ª Os sócios poderão, de comum acordo, fixar uma retirada mensal, a título de
“pró-labore”, observadas as disposições regulamentares pertinentes.
12ª Falecendo ou interditado qualquer sócio, a sociedade continuará suas
atividades com os herdeiros, sucessores e o incapaz. Não sendo possível
ou inexistindo interesse destes ou do(s) sócio(s) remanescente(s), o valor
de seus haveres será apurado e liquidado com base na situação patrimonial
da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente
levantado.

Parágrafo único - O mesmo procedimento será adotado em outros casos


em que a sociedade se resolva em relação a seu sócio. (art. 1.028 e art. 1.031,
CC/2002)

13ª O(s) administrador(es) declara(m), sob as penas da lei, de que não está(ão)
impedidos de exercer a administração da sociedade, por lei especial, ou em
virtude de condenação criminal, ou por se encontrar(em) sob os efeitos dela,
a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos;
ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão,
peculato, ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro
nacional, contra normas de defesa da concorrência, contra as relações de
consumo, fé pública, ou a propriedade. (art. 1.011, § 1º, CC/2002)
Inserir cláusulas facultativas desejadas.
14ª Fica eleito o foro de ............ para o exercício e o cumprimento dos direitos e
obrigações resultantes deste contrato.

E por estarem assim justos e contratados, assinam o presente instrumento em


_______ vias.

_____________, ___ de ___________de 20__

Local e data

aa) _________________________ aa) ______________________

Fulano de Tal Beltrano de Tal

Visto: ______________ (OAB/SC 00000)

Nome

Fonte: JUCESC (Santa Catarina, Brasil) (2018).

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OBRIGAÇÕES LEGAIS

Escrituração Contábil
Agora vamos estudar a escrituração contábil. A obrigatoriedade de escrituração
contábil no Brasil teve início com o Código Comercial, Lei nº 556, de 25 de junho de
1850. Em 2002, esta lei foi revogada e entrou em vigor a Lei nº 10.406, Código Civil.
Posteriormente, o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno
Porte, Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que apresenta em
seu art. 27 que “as microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo
Simples Nacional poderão, opcionalmente, adotar contabilidade simplificada para
os registros e controles das operações realizadas, conforme regulamentação do
Comitê Gestor” (BRASIL, 2006; SILVA; MARION, 2013).

A contabilidade deve ser realizada por um contador (profissional da


contabilidade com registro no Conselho Federal de Contabilidade – CFC). O CFC
emitiu normas específicas de contabilidade para microempresas e empresas de
pequeno porte, a chamada NBC TG 1000, de 2009, emitida de forma convergente
com as Normas Internacionais de Contabilidade. Segundo a NBC TG 1000, CFC
(2009, p. 1),

[...] o termo empresas de pequeno e médio porte adotado nesta


Norma não inclui (i) as companhias abertas, reguladas pela
Comissão de Valores Mobiliários – CVM; (ii) as sociedades
de grande porte, como definido na Lei nº 11.638/07; (iii) as
sociedades reguladas pelo Banco Central do Brasil, pela
Superintendência de Seguros Privados e outras sociedades
cuja prática contábil é ditada pelo correspondente órgão
regulador com poder legal para tanto.

As normas, interpretações e comunicados técnicos definem


as exigências de reconhecimento, mensuração, apresentação
e divulgação relacionados a transações e outros eventos e
condições que são importantes em demonstrações contábeis
para fins gerais. As normas também podem definir as
exigências para transações, eventos e condições que surgem
principalmente em segmentos específicos NBC TG 1000 –
CFC (2009).

Segundo Silva e Marion (2013, p. 11):

O profissional contábil precisa ser visto como um comunicador


de informações essenciais à tomada de decisões, pois a
habilidade em avaliar fatos passados, perceber os presentes
e predizer eventos futuros pode ser compreendida como fator
preponderante ao sucesso empresarial.

22
Capítulo 1 Obrigações Fiscais

A contabilidade tem papel essencial para condução de um empreendimento,


seja qual for a atividade ou porte. Por isso, é importante que o empresário
converse com o seu contador para que juntos possam utilizar a contabilidade
gerando informações úteis e fundamentais à tomada de decisão. A contabilidade
vai muito além de apurar impostos e emitir guias. Pode ser uma ferramenta-chave
para a sobrevivência e sucesso do empreendimento.

A contabilidade evoluiu como ciência de tal forma que, hoje, abrange cada
vez um número maior de usuários. Aliada ao uso da tecnologia, a contabilidade
produz informações úteis para a tomada de decisão, desde que seja alimentada
com informações adequadas (SILVA; MARION, 2013).

A contabilidade pode gerar dados para auxiliar o empresário a realizar


compras adequadamente; colocar preço no produto ou serviço, levando em
consideração as despesas, custos e possíveis receitas; projeção da receita;
orçamentos; e outras necessidades da empresa. O importante é encarar a
contabilidade como aliada no negócio.

Segundo Silva e Marion (2013, p. 14), houve uma grande mudança desde o
início da indústria para os dias de hoje:

A passagem de uma economia industrial, baseada em


investimentos maciços em instalações físicas e máquinas,
para uma economia da informação, onde as empresas têm
que desenvolver e utilizar de forma eficaz a informação com
o intuito de obter vantagens competitivas, em processos
organizacionais e nos relacionamentos com os clientes, mostra
que as potencialidades da informação como ferramenta de
criação de valor para a entidade são incomensuráveis.

O empresário não deve pensar em cumprir as obrigações legais da forma


mais breve e superficial possível, muitas vezes, sem dar a atenção ao que a parte
legal exige. A legislação prevê várias facilidades e simplificações para a pequena
empresa – e estas devem ser utilizadas para favorecer a pequena empresa –, mas
isso não quer dizer que você empresário não possa ir além das exigências legais.
Invista tempo e dinheiro na gestão do seu empreendimento, com conhecimentos
relevantes e planejamento.

23
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Os autores Oliveira, Müller e Nakamura (2000) realizaram


uma pesquisa intitulada “A utilização das informações geradas
pelo Sistema de Informação Contábil como subsídio aos processos
administrativo nas pequenas empresas”. O artigo pode ser
acessado no link: <https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/
viewFile/508/403>. Boa leitura!

Demonstrações Contábeis e Livros


Obrigatórios
Segundo a NBC TG 1000, as demonstrações contábeis para pequenas e
médias empresas devem contemplar: Balanço Patrimonial; Demonstração do
Resultado e Demonstração do Resultado Abrangente; Demonstração dos Fluxos
de Caixa; Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração de
Lucros e Prejuízos Acumulados; e Notas Explicativas.

• Balanço Patrimonial (BP) – Demonstração que reflete a posição


patrimonial e financeira da empresa em determinado período (SILVA;
MARION, 2013).

• Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração


do Resultado Abrangente (DRA) – Demonstra o desempenho do
empreendimento relacionando as receitas e despesas. As receitas
e despesas devem estar em consonância com a Resolução CFC
1.285/2010. O resultado abrangente calcula-se através da diferença
aritmética entre todas as receitas e todas as despesas. Posteriormente,
somado a outros resultados abrangentes (SILVA; MARION, 2013).

• Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) – A DFC passou a ser


obrigatória no Brasil com a Lei nº 11.638/07. E tem como objetivo,
conforme a Resolução 1.296/10 do CFC, demonstrar a capacidade
do empreendimento de gerar caixa e equivalentes (contas bancárias,
aplicações financeiras de curto prazo). O conceito de caixa está
relacionado à entrada e saída de dinheiro (SILVA; MARION, 2013).

24
Capítulo 1 Obrigações Fiscais

• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e


Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) – Estas
demonstrações têm como foco o estudo do patrimônio líquido e suas
mutações. A DLPA foca na destinação do lucro líquido aos proprietários
(distribuição de dividendos) ou ainda reinvestimento (própria empresa)
(SILVA; MARION, 2013).

• Notas Explicativas (NE) – Nas NE devem constar quais os


procedimentos adotados para determinados cálculos ou informações
relevantes para o entendimento das demonstrações contábeis (SILVA;
MARION, 2013).

As microempresas e empresas de pequeno porte, que são optantes do


Simples Nacional, poderão optar por contabilidade simplificada para os registros
e controle das operações. Estas empresas devem registrar os lançamentos
contábeis em Livro Diário, porém, o lançamento poderá ser feito no final de cada
mês, desde que estejam em conformidade com a ITG 2000, norma do CFC nº
1.330, de 2011, sobre a escrituração contábil.

O Plano de Contas deve ser elaborado considerando a natureza das


operações realizadas, são elas: Ativo (circulante e não circulante); Passivo
(circulante, não circulante e patrimônio líquido); contas de resultado (receitas,
custos e despesas).

Os livros obrigatórios para micro, pequenas e médias empresas, segundo


Santos e Veiga (2014), são o Livro Diário, Livro Razão e Livros Auxiliares.

A Lei nº 10.406/02 (Código Civil), em seus artigos 1.179 a 1.195, apresenta


o embasamento legal dos livros contábeis quanto à linguagem, ordenamento,
metodologia e forma.

Segundo Santos e Veiga (2014, p. 162), o livro diário “tem o objetivo de


registrar, de forma cronológica, todos os fatos qualitativos ou quantitativos que
afetam o patrimônio”. A forma de fazer pode variar (manual, softwares), no
entanto, o livro deve ser impresso, encadernado e registrado.

As normas para a elaboração podem ser consultadas na Instrução Normativa


(IN), DNRC nº 102, de 2006. O livro deve conter o termo de abertura; termo de
encerramento; e os lançamentos de cada operação. As normas para a elaboração
são rigorosas e importantes, visando evitar fraudes e facilitar a fiscalização
(SANTOS; VEIGA, 2014).

25
OBRIGAÇÕES LEGAIS

O livro Razão também deverá ser elaborado em ordem cronológica, contendo


o registro de todos os fatos do período. Deve conter também o termo de abertura;
termo de encerramento; e a movimentação de cada conta. Devendo ainda,
também, ser impresso e registrado no órgão competente.

A Resolução do Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de


Pequeno Porte (CGSN) nº 10, de 28 de junho de 2007, obriga as empresas do Simples
Nacional aos seguintes livros auxiliares: Livro Caixa; Livro de Registro de Inventário
de Estoques; Livro de Registro de Entradas, modelo 1 ou 1-A; Livro de Registro dos
Serviços Prestados; Livro de Registro dos Serviços Prestados; Livro de Registro dos
Serviços Tomados; Livro de Registro de Entrada e Saída de Selo de Controle.

Atividade de Estudos:

1) Assinale a alternativa que indica corretamente os livros


obrigatórios para micro e pequenas empresas:

( ) Livro Diário e Livro de Registros do Ativo.


( ) Livro Razão e Livro de Registros das Despesas.
( ) Livro Diário e Livro Razão.
( ) Livro Diário e Livro de Registros das contas do Balanço.
( ) Livro Razão e Livro de Registro do Ativo.

Regime Tributário Aplicado:


Obrigações, Planejamento e Gestão
Nesta seção estudaremos quatro formas de tributação (microempreendedor
individual; Simples Nacional; com base no lucro presumido; com base no lucro
real) (SANTOS; VEIGA, 2014).

a) Microempreendedor Individual (MEI) – trata-se de um investidor sem


sócios, que não excede a receita bruta de R$ 81.000,00 por ano, além de
não participar de outra empresa. E ainda, tem no máximo um empregado
remunerado. Ser MEI traz a vantagem de ter redução burocrática,
podendo elaborar somente uma vez ao ano a declaração de faturamento,
entre outras vantagens na contratação de empregado, redução de carga
tributária e isenção de taxas para o registro da empresa.

26
Capítulo 1 Obrigações Fiscais

Para obter mais informações sobre o MEI, acesse o portal do


empreendedor-MEI: <http://www.portaldoempreendedor.gov.br/>.

b) Simples Nacional – regime tributário diferenciado, simplificado e com


benefícios. Os benefícios estão previstos na Lei Complementar nº
123, de 14/12/2006. Para optar por este regime, além da limitação no
faturamento, a empresa não poderá participar de outra pessoa jurídica ou
ser representante de pessoa jurídica com sede no exterior, entre outras
exigências e limitações. Os tributos abrangidos pelo Simples Nacional são:

• Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);


• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
• Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
• Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS);
• Contribuição para o PIS/Pasep;
• Contribuição Patronal Previdenciária (CPP);
• Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e
de Comunicação (ICMS);
• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). A empresa optante
pelo Simples
Nacional ficará
A empresa optante pelo Simples Nacional ficará possibilitada de
possibilitada
fazer um recolhimento único mensal, correspondente a de 4% a 18% da de fazer um
receita bruta mensal, dependendo da receita bruta dos últimos 12 meses. recolhimento
único mensal,
Segundo Santos e Veiga (2014, p. 155), as vantagens para o correspondente a de
enquadramento no Simples Nacional são: 4% a 18% da receita
bruta mensal,
dependendo da
• Menor tributação; receita bruta dos
• Maior facilidade no atendimento da legislação tributária, últimos 12 meses.
previdenciária e trabalhista;
• Simplificação no pagamento de diversos tributos abrangidos pelo
sistema, mediante uma única guia;
• Possibilidade de tributar as receitas na medida do recebimento das
vendas (regime de caixa);
• Nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência
de contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte;

27
OBRIGAÇÕES LEGAIS

• É facultado ao empregador de microempresa ou de empresa de pequeno


porte fazer-se substituir ou representar junto à Justiça do Trabalho
por terceiros que conheçam os fatos, ainda que não possuam vínculo
trabalhista ou societário;
• Regras especiais para protesto de títulos, com redução de taxas e
possibilidade de pagamento com cheque;
• As empresas enquadradas no Simples, assim como as pessoas físicas
capazes, também são admitidas como proponentes de ação perante o
Juizado Especial;
• As microempresas e as empresas de pequeno porte que se encontrem
sem movimento há mais de três anos poderão dar baixas nos registros
dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais, independentemente
do pagamento de débitos tributários, taxas ou multas devidas pelo atraso
na entrega das respectivas declarações nesses períodos;
• Estão dispensadas da entrega da apresentação da Declaração de
Débitos e Créditos de Tributos Federais (DCTF) e do Demonstrativo de
Apuração das Contribuições Federais (DACON).

c) Tributação com base no lucro presumido – segundo Santos e Veiga


(2014, p. 155), são empresas com “receita bruta total igual ou inferior
a R$ 72.000.000,00, no ano-calendário anterior, ou a R$ 6.000.000,00
multiplicado pelo número de meses em atividade no ano-calendário
anterior”; e ainda, que “não estejam obrigadas à tributação pelo lucro
real em função da atividade exercida ou da sua constituição societária ou
natureza jurídica”.

d) Tributação com base no lucro real – segundo Santos e Veiga (2014,


p. 156), consiste no lucro líquido contábil do período de apuração (com
adições, exclusões e compensações), como as seguintes: • Adições:
– os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações
e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido
que, de acordo com a legislação tributária, não sejam dedutíveis na
determinação do lucro real. Todas as pessoas jurídicas podem optar pelo
lucro real, porém, por “determinação da Lei nº 9.718, de 1998, art. 14; e
RIR/1999, art. 246”, algumas pessoas jurídicas ficam obrigadas a adotar
este regime. São ainda, obrigadas ao lucro real, “pessoas jurídicas
cuja receita bruta total tenha sido superior a R$ 72.000.000,00, no ano-
calendário anterior, ou a R$ 6.000.000,00, multiplicados pelo número de
meses em atividade no ano-calendário anterior”’.

28
Capítulo 1 Obrigações Fiscais

Consolidação das Leis Trabalhistas


– CLT
A CLT foi aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de A CLT foi aprovada
1943, passando a vigorar em 10 de novembro de 1943 e tem como pelo Decreto-lei nº
objetivo regular tanto as relações individuais, quanto as relações 5.452, de 1º de maio
coletivas de trabalho. de 1943, passando
a vigorar em 10 de
novembro de 1943
A folha de pagamento exige atenção dos gestores, pois
e tem como objetivo
representa um custo elevado para as empresas, podendo abranger, regular tanto as
além do salário, horas-extras, adicional noturno, adiantamento de relações individuais,
salários, retenções e demais benefícios. O Instituto Nacional da quanto as relações
Seguridade Social (INSS) e o Imposto sobre a Renda Retido na Fonte coletivas de
(IRRF), embora seja retido dos empregados, são de reponsabilidade trabalho.
do empregador (SANTOS; VEIGA, 2014).

a) FGTS – O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é recolhido


sobre a folha bruta do mês. Os percentuais recolhidos de FGTS são de
8% para o empregado e 0,5% para o governo. Porém, se houver rescisão
sem justa causa, a empresa deverá pagar o valor de 40% de multa sobre
o saldo da conta vinculada do empregado e 10% sobre o mesmo saldo
para o governo (SANTOS; VEIGA, 2014).

b) FÉRIAS – Outro direito aos empregados são as férias, estas, conforme


Santos e Veiga (2014, p. 136), “são calculadas pela base de 1/12 dos
rendimentos mensais, atualizada pelo salário mais recente, acrescida de
1/3. Também existem os mesmos encargos sociais de INSS e FGTS”.

c) 13º SALÁRIO – Já o 13º salário, ainda conforme Santos e Veiga (2014,


p. 136), “é calculado com base de 1/12 dos rendimentos mensais,
atualizado pelo salário mais recente, incidindo também os encargos
sociais de INSS e FGTS”.

d) CONTRIBUIÇÕES – Há também contribuições devidas pelos


empregados, e estas são compulsoriamente descontadas do salário, são
elas:

• Contribuição assistencial ou taxa assistencial;


• Contribuição associativa; e
• Contribuição confederativa.

29
OBRIGAÇÕES LEGAIS

e) VALE-TRANSPORTE – O vale-transporte é um direito do empregado,


onde há o compartilhamento das despesas de deslocamento com o
empregador. Este benefício antecipa a utilização efetiva do valor que
será gasto com o deslocamento residência-trabalho e vice-versa.

O valor descontado do empregado para o vale-transporte poderá ser de no
máximo 6% sobre o salário, caso o valor gasto com o trajeto residência-trabalho
ultrapassar este valor, então, o restante será de responsabilidade do empregador.

f) INSS – Quanto ao INSS, conforme Santos e Veiga (2014, p. 137):

O INSS descontado (retido) dos empregados deve seguir a


tabela vigente da Previdência Social, existindo limite máximo
de contribuição (teto). Caso o empregado tenha mais de uma
atividade remunerada, o total que deverá contribuir é o limite
mencionado, sendo que deverá solicitar uma “Carta de Teto
Máximo” ou “Carta de Contribuição Parcial ao INSS”, para
que o valor máximo descontado de sua remuneração não
ultrapasse esse teto. Se ultrapassar, estará tendo perdas.

g) IRRF – O IRRF é um imposto que todas as empresas precisam reter de


seus funcionários, e incide sobre os rendimentos do assalariado (pago por
pessoa física ou jurídica); rendimento não assalariado (pago por pessoa
jurídica); rendimentos de aluguéis e royalties (pagos a pessoa jurídica);
serviços de corretagem, propaganda e publicidade (BRASIL, 2018).

Suponha que um funcionário que tem um rendimento de R$ 3.000,00 e


possui um filho dependente. Além disso, o INSS incidente é de 11%. Então, a
base de cálculo do IRRF deverá ser realizada da seguinte forma:

Quadro 4 – Base de cálculo do IRRF


Rendimentos R$ 3.000,00
(-) INSS (11%) R$ 330,00
Dependentes (1) R$ 179,71
= Base de cálculo do IRRF R$ 2.490,29

Fonte: Santos e Veiga (2014, p. 141).

Para obter mais informações sobre o IRRF e tabela do ano


vigente, acesse o portal da Receita Federal do Brasil. Disponível em:
<http://idg.receita.fazenda.gov.br>.

30
Capítulo 1 Obrigações Fiscais

O pró-labore é uma remuneração destinada aos sócios ou titulares do


empreendimento, paga, em geral, por mês. Normalmente não há encargos
trabalhistas como o FGTS, férias e 13º salário. O cálculo sobre o pró-labore deve
conter: pró-labore; INSS descontado sobre o pró-labore; e IRRF sobre o pró-
labore, com o resultado deste cálculo, tem-se o pró-labore líquido. Destes, tem-se
ainda a contribuição previdenciária da empresa, Seguro de Acidente de Trabalho
(SAT) e de terceiros (SANTOS; VEIGA, 2014).

Algumas Considerações
Neste primeiro capítulo sobre obrigações fiscais, aprendemos os aspectos
legais, registro e constituição das empresas. Esta etapa deve ser bem planejada,
pois impactará em diversas coisas na empresa, como os impostos.

Estudamos ainda o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de


Pequeno Porte, especialmente redução de impostos, oportunidade e simplificação.
A legislação traz diversas simplificações para as empresas, ter conhecimento
destes benefícios poderá auxiliar inclusive na gestão financeira.

Quanto ao contrato social, trouxemos um modelo objetivando auxiliá-lo na


elaboração do seu contrato social ou capacitá-lo a prestar assessoria.

A contabilidade e a escrituração contábil não devem ser vistas como meras


exigências legais, pois podem se tornar uma importante ferramenta para auxiliar
na gestão da empresa. Utilize as demonstrações contábeis para auxiliar nos
dados financeiros, no planejamento e na gestão da empresa.

Por fim, apresentou-se a Consolidação das Leis Trabalhistas. A folha


representa um custo elevado para as empresas, por isso, os gestores devem
prestar atenção para esse aspecto, pois, além de ter funcionários satisfeitos,
poderão evitar processos de causas trabalhistas.

31
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Referências
BRASIL. Consolidação das leis trabalhistas – CLT. Disponível em: <www.
planalto.gov.br/CCIVIL_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 9 dez. 2017.

BRASIL. Lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Disponível em


<www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 9 dez. 2017.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 3 jan. 2018.

BRASIL. Receita Federal do Brasil. IRRF (Imposto sobre a renda retido na


fonte). 2018. Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/
tributos/IRRF>. Acesso em: 7 jan. 2018.

CPC PME (Brasil). CPC PME – Contabilidade para pequenas e médias


empresas. 2009. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=79>. Acesso em: 27 dez. 2017.

JUCESC (Santa Catarina, Brasil). Junta Comercial do Estado de Santa Catarina


– JUCESC. Modelo básico de contrato social. Disponível em: <http://www.
jucesc.sc.gov.br/index.php/informacoes/downloads/modelos>. Acesso em: 1 jan.
2018.

MERCOSUL (Brasil). MERCOSUL/GMC/RES Nº 59/98. 1998. Disponível em:


<http://www.mercosur.int/msweb/portal intermediario/Normas/normas_web/
Resoluciones/PT/Res_059_098_Política Apoio Pequen Média Empresas_Ata
4_98.PDF>. Acesso em: 27 dez. 2017.

SANTOS, Fernando de A.; VEIGA, Windsor, E. Contabilidade com ênfase em


micro, pequenas e médias empresas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

SEBRAE (Brasil). O que é ser MEI. 2017. Disponível em: <http://www.sebrae.


com.br/sites/PortalSebrae/sebraeaz/o-que-e-ser-mei,e0ba13074c0a3410VgnVC
M1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 27 dez. 2017.

SILVA, Antonio C. R. da.; MARION, José C. Manual de contabilidade para


pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas, 2013.

32
C APÍTULO 2
Saúde e Segurança: Normas
Regulamentares e Impacto

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Conhecer a legislação que protege a segurança do trabalhador.

� Reconhecer a função da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA


e quando se faz necessária.

� Identificar uma atividade que traz perigo ao funcionário e a forma de prevenção.


OBRIGAÇÕES LEGAIS

34
Capítulo 2 Saúde e Segurança: Normas Regulamentares e Impacto

Contextualização
Neste capítulo iremos estudar a saúde e segurança de trabalho e suas
normas regulamentadoras. Em um primeiro momento será apresentada uma
introdução sobre a saúde do trabalhador e como a legislação voltada à saúde e
segurança do trabalhador evoluiu ao longo do tempo.

Posteriormente apresentaremos as questões relacionadas à segurança


e medicina do trabalho e os principais riscos para o trabalhador. Neste tópico
destacaremos a constituição da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA) e o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

Saúde do Trabalhador
Assim como é importante a saúde financeira da sua empresa, também é
importante a saúde dos trabalhadores. Além disso, há uma série de normas a
serem seguidas em relação à saúde e segurança do trabalho.

O trabalhador vai para o seu trabalho levando os seus sonhos, preocupações,


pretensões de uma vida melhor. Por isso, é no local de trabalho que o indivíduo irá
depositar o seu empenho, em prol dos seus sonhos e os sonhos da sua família.
Assim, deve ser um local que não ofereça riscos de acidentes ou doenças, de modo
a não interromper estes desejos e planejamentos (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).

Além disso, o trabalhador fica motivado ao sentir-se seguro, visando a novas


conquistas e dando o seu melhor. Assim, a saúde e segurança no trabalho não
devem ser vistas como meros cumprimentos de regulamentações, mas um aspecto
que pode trazer retorno aos funcionários e à empresa (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).

Você não fica bem mais motivado a desempenhar a sua função quando está
ciente de que a sua saúde e segurança não estão em risco?

Assim, investir em uma cultura de segurança e prevenção de acidentes


vale muito a pena e traz resultados positivos, além de evitar ou reduzir multas
e processos judiciais trabalhistas e, consequentemente, custos. Para tanto,
precisamos conhecer o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e
em Medicina do Trabalho (SESMT), que deve trabalhar com a participação da
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), bombeiros civis, gestores
e profissionais de todos os níveis hierárquicos, visando a prevenção de acidentes
e incentivando o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) (CHIRMICI;
OLIVEIRA, 2016).

35
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Muitas nomenclaturas para você? Não se preocupe, iremos estudar cada


uma delas.

Historicamente, há poucos registros da humanidade em torno da preocupação


com a segurança no trabalho. A maioria dos trabalhadores não se preocupava,
pois o trabalho pesado geralmente era desempenhado por escravos ou cidadãos
de classes menos favorecidas. Somente em meados de 1700 é que se publicou
uma obra a respeito, intitulada “As doenças do trabalho”, escrita pelo médico
italiano Bernardino Ramazzini, essa obra serviu de base para o desenvolvimento
da medicina ocupacional (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).

Adam Smith (1776) falava que um empregado somente poderá alcançar o


máximo do seu potencial de produtividade se estiver com o estado normal da
saúde. Assim, as empresas passaram a preocupar-se mais com estas questões.

Com o surgimento das máquinas, na Revolução Industrial, houve muitos


avanços tecnológicos. Porém, geraram consequências negativas à segurança
do trabalho. As condições do trabalho eram desumanas e as taxas de acidentes
e doenças ocupacionais eram alarmantes. Não havia controle de desempenho
e de segurança no trabalho, tampouco, carga horária justa e descanso. As
consequências tomavam a sociedade, levando o trabalhador a optar pelo
alcoolismo, prostituição e criminalidade (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).

Também com a Revolução Industrial, os trabalhadores ficaram receosos


em serem substituídos por máquinas e, assim, começaram a surgir as primeiras
reivindicações do direito do trabalhador, associados a sindicatos. E foi com estas
reivindicações que os empresários capitalistas passaram a pensar em novas
formas para organizar o trabalho. Assim, surgiram então as legislações aos
trabalhadores, evoluindo com o passar do tempo (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).

Figura 1 – Acidente de trabalho

Fonte: Disponível em: <http://www.duniverso.com.br/tragedia-


acidente-de-trabalho-charge/>. Acesso em: 26 fev. 2018.

36
Capítulo 2 Saúde e Segurança: Normas Regulamentares e Impacto

A seguir apresentamos os principais acontecimentos de maior relevância


tanto para o trabalho quanto para o trabalhador. Constam também aqui algumas
legislações internacionais que influenciaram a legislação brasileira.

ACONTECIMENTOS DE MAIOR RELEVÂNCIA


PARA O TRABALHO E O TRABALHADOR

• 1918: Decreto nº 3.550, cria o Departamento Nacional do


Trabalho, regulamentando a organização do trabalho.
• 1919: Decreto Legislativo nº 3.724, institui a reparação em caso
de doença contraída pelo exercício do trabalho; é conhecido
como a primeira lei sobre acidentes de trabalho.
• 1920: reforma “Carlos Chagas”, incorpora a Higiene do Trabalho
ao âmbito da saúde pública por meio do Departamento Nacional
de Saúde Pública (DNSP), órgão vinculado ao Ministério da
Justiça e Negócios Interiores. Higiene do Trabalho, ou Higiene
Ocupacional, é um termo relacionado à área de Segurança
e Saúde no Trabalho, mais especificamente ao combate das
doenças ocupacionais.
• 1923: Decreto nº 16.027 cria o Conselho Nacional do Trabalho
e a Inspetoria de Higiene Industrial e Profissional junto ao
Departamento Nacional de Saúde, no Ministério da Justiça e
Negócios Interiores.
• 1930: Decreto nº 19.433, cria o Ministério do Trabalho, Indústria
e Comércio, desenvolvendo dispositivos regulamentadores das
condições de trabalho, da organização sindical e da previdência
social.
• 1934: Decreto Legislativo nº 24.637, cria a Inspetoria de Higiene e
Segurança do Trabalho, tornando-se conhecido como a segunda
lei sobre acidentes de trabalho.
• 1938: a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho se
transforma em Serviço de Higiene do Trabalho, passando,
em 1942, a denominar-se Divisão de Higiene e Segurança do
Trabalho.
• 1938: fundação da American Conference of Governmental
Industrial Hygienists (ACGIH), denominada, na ocasião, de
National Conference of Governmental Industrial Hygienists.
• 1943: pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio, entra em vigor a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com capítulo específico
dedicado a Higiene e Segurança do Trabalho.

37
OBRIGAÇÕES LEGAIS

• 1944: Decreto nº 7.036, institui a Comissão Interna de Prevenção


de Acidentes (CIPA).
• 1953: Recomendação nº 97 da OIT sobre “Proteção da Saúde
dos Trabalhadores”.
• 1953: Portaria nº 155 regulamenta as ações da CIPA.
• 1956: Decreto Legislativo aprova a Convenção nº 81 –
Fiscalização do Trabalho, da OIT.
• 1959: Conferência Internacional do Trabalho aprova a
Recomendação nº 112, que trata dos Serviços de Medicina do
Trabalho.
• 1966: Lei nº 5.161, cria a Fundação Centro Nacional de
Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho (Fundacentro),
posteriormente denominada Fundação Jorge Duprat Figueiredo,
de Segurança e Medicina do Trabalho.
• 1978: Portaria nº 3.214, aprova as Normas Regulamentadoras (NRs)
do Capítulo V, Título II, da CLT, referentes a segurança e medicina
do trabalho; após a aprovação provida pela referida Portaria, foram
viabilizadas legalmente e editadas 28 Normas Regulamentadoras,
as quais sofreram várias alterações ao longo do tempo, até os dias
atuais, inclusive com a inclusão das demais NRs.
• 1988: promulgada a Constituição Federal do Brasil e criadas as
Normas Regulamentadoras Rurais (NRRs).

Fonte: Chirmici e Oliveira (2016, p. 5).

As Normas Regulamentadoras (NR) vigentes são as seguintes:

• NR 01 - Disposições Gerais
• NR 02 - Inspeção Prévia
• NR 03 - Embargo ou Interdição
• NR 04 - Serviços Especializados em Eng. de Segurança e em Medicina
do Trabalho
• NR 05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
• NR 06 - Equipamentos de Proteção Individual – EPI
• NR 07 - Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional
• NR 08 - Edificações
• NR 09 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais
• NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
• NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de
Materiais

38
Capítulo 2 Saúde e Segurança: Normas Regulamentares e Impacto

• NR 12 - Máquinas e Equipamentos
• NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão
• NR 14 - Fornos
• NR 15 - Atividades e Operações Insalubres
• NR 16 - Atividades e Operações Perigosas
• NR 17 - Ergonomia
• NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção
• NR 19 - Explosivos
• NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis
• NR 21 - Trabalho a Céu Aberto
• NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
• NR 23 - Proteção Contra Incêndios
• NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho
• NR 25 - Resíduos Industriais
• NR 26 - Sinalização de Segurança
• NR 27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no
MTB (Revogada pela Portaria GM nº 262/2008)
• NR 28 - Fiscalização e Penalidades
• NR 29 - Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
• NR 30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário
• NR 31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária,
Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura
• NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde
• NR 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados
• NR 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção e Reparação Naval
• NR 35 - Trabalho em Altura
• NR 36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e
Processamento de Carnes e Derivados
• NRR 1 - Disposições Gerais (Revogada pela Portaria MTE 191/2008)
• NRR 2 - Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho
Rural (Revogada pela Portaria MTE 191/2008)
• NRR 3 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural
(Revogada pela Portaria MTE 191/2008)
• NRR 4 - Equipamento de Proteção Individual – EPI (Revogada pela
Portaria MTE 191/2008)
• NRR 5 - Produtos Químicos (Revogada pela Portaria MTE 191/2008)

Agora você já sabe onde iniciaram as discussões acerca do direito do


trabalho e quais foram os principais acontecimentos que influenciaram a legislação
brasileira! Então, vamos aprender quem são os profissionais de segurança e
saúde do trabalho?

39
OBRIGAÇÕES LEGAIS

De acordo com Chirmici e Oliveira (2016, p. 7), “o Serviço Especializado em


Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) foi instituído em
27 de julho de 1972”, e ainda “estabelecido no Art. 162 da Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT) e regulamentado pela Norma Regulamentadora nº 4 (NR-4) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)”. Portanto, conforme Art. 162:

As empresas, de acordo com normas a serem expedidas


pelo Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter
serviços especializados em segurança e em medicina do
trabalho. Parágrafo único – As normas a que se refere este
artigo estabelecerão: a) classificação das empresas segundo
o número de empregados e a natureza do risco de suas
atividades. b) o número mínimo de profissionais especializados
exigido em cada empresa, segundo o grupo em que se
classifique, na forma da alínea anterior. c) a qualificação exigida
para os profissionais em questão e o seu regime de trabalho.
d) as demais características e atribuições dos serviços
especializados em segurança e em medicina do trabalho, nas
empresas.

Ainda conforme Chirmici e Oliveira (2016, p. 10), o Brasil, após muitos anos
de trabalho, atualizações e criações de leis, normas, procedimentos, tornou-se
uma referência internacional para muitos países, trazendo exemplares legislações
e literatura específica. Porém, o número de acidentes de trabalho no Brasil é ainda
elevado, precisando melhorar consideravelmente.

NO BRASIL, 700 MIL PESSOAS SOFREM


ACIDENTE DE TRABALHO A CADA ANO

Descuido, falta de equipamentos de segurança e até exaustão


provocam 700 mil acidentes de trabalho por ano em todo o país.
Dados levantados pela Previdência Social e pelo Ministério do
Trabalho revelam a seriedade do problema, que atinge trabalhadores
de várias profissões. O Brasil é a quarta nação do mundo que mais
registra acidentes durante atividades laborais, atrás apenas da
China, da Índia e da Indonésia. Desde 2012, a economia já sofreu
um impacto de R$ 22 bilhões, por conta de pessoas afastadas de
suas funções após sofrerem ferimentos durante o trabalho. Se
fossem incluídos os casos de acidentes em ocupações informais,
esse número poderia chegar a R$ 40 bilhões.

40
Capítulo 2 Saúde e Segurança: Normas Regulamentares e Impacto

De acordo com o Ministério da Fazenda, entre 2012 e 2016,


foram registrados 3,5 milhões de casos de acidente de trabalho em
26 estados e no Distrito Federal. Esses casos resultaram na morte
de 13.363 pessoas e geraram um custo de R$ 22,171 bilhões para
os cofres públicos com gastos da Previdência Social, como auxílio-
doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-
acidente para pessoas que ficaram com sequelas. Nos últimos cinco
anos, 450 mil pessoas sofreram fraturas enquanto trabalhavam.

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/ibXBMn>. Acesso em: 26 fev. 2018.

O Quadro 1 apresenta os setores com maior número de acidentes de


trabalho.

Quadro 1 – Setores com maior número de acidentes de trabalho no Brasil


Setor/profissão Acidentes
Serviços 76.256
Indústria extrativista e da construção civil 46.673
Transformação de metais e de compósitos 44.808
Escriturários 40.371
Exploração agropecuária 33.990
Técnicos das ciências biológicas, bioquímicas, da saúde 29.718
Trabalhadores da fabricação de alimentos, bebidas e fumo 23.351
Fonte: Disponível em: <https://observatoriosst.mpt.mp.br/>. Acesso em: 26 fev. 2018.

Em 1985, a profissão de técnico de segurança do trabalho foi regulamentada


primeiramente pela Lei nº 7.410, de 27 de novembro, que dispõe sobre a
especialização de engenheiros e arquitetos em Engenharia de Segurança do
Trabalho e a profissão de Técnico de Segurança do Trabalho, em seguida, pelo
Decreto nº 92.350, de 9 de abril de 1986, sendo a denominação, técnico de
segurança do trabalho (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).

As atividades a serem desempenhadas pelo técnico de segurança do


trabalho estão descritas na Portaria nº 3.275, de 21 de setembro de 1989, Art. 1:

I. Informar o empregador, por meio de parecer técnico, sobre os riscos


existentes nos ambientes de trabalho, bem como orientá-lo sobre as
medidas de eliminação e neutralização;

41
OBRIGAÇÕES LEGAIS

II. Informar os trabalhadores sobre os riscos da sua atividade, bem como


as medidas de eliminação e neutralização;

III. Analisar os métodos e os processos de trabalho e identificar os fatores


de risco de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho
e a presença de agentes ambientais agressivos ao trabalhador,
propondo sua eliminação ou seu controle;

IV. Executar os procedimentos de segurança e higiene do trabalho


e avaliar os resultados alcançados, adequando-os às estratégias
utilizadas de maneira a integrar o processo prevencionista em uma
planificação, beneficiando o trabalhador;

V. Executar programas de prevenção de acidentes do trabalho,


doenças profissionais e do trabalho nos ambientes de trabalho, com
a participação dos trabalhadores, acompanhando e avaliando seus
resultados, bem como sugerindo constante atualização dos mesmos
e estabelecendo procedimentos a serem seguidos;

VI. Promover debates, encontros, campanhas, seminários, palestras,


reuniões, treinamentos e utilizar outros recursos de ordem didática
e pedagógica com o objetivo de divulgar as normas de segurança e
higiene do trabalho, assuntos técnicos, visando evitar acidentes do
trabalho, doenças profissionais e do trabalho;

VII. Executar as normas de segurança referentes a projetos de


construção, aplicação, reforma, arranjos físicos e de fluxos, com
vistas à observância das medidas de segurança e higiene do trabalho,
inclusive por terceiros;

VIII. Encaminhar aos setores e áreas competentes normas, regulamentos,


documentação, dados estatísticos, resultados de análises e
avaliações, materiais de apoio técnico, educacional e outros de
divulgação para conhecimento e autodesenvolvimento do trabalhador;

IX. Indicar, solicitar e inspecionar equipamentos de proteção contra


incêndio, recursos audiovisuais e didáticos e outros materiais
considerados indispensáveis, de acordo com a legislação vigente,
dentro das qualidades e especificações técnicas recomendadas,
avaliando seu desempenho;

42
Capítulo 2 Saúde e Segurança: Normas Regulamentares e Impacto

X. Cooperar com as atividades do meio ambiente, orientando quanto


ao tratamento e destinação dos resíduos industriais, incentivando e
conscientizando o trabalhador da sua importância para a vida;

XI. Orientar as atividades desenvolvidas por empresas contratadas, quanto


aos procedimentos de segurança e higiene do trabalho previstos na
legislação ou constantes em contratos de prestação de serviço;

XII. Executar as atividades ligadas a segurança e higiene do trabalho


utilizando métodos e técnicas científicos, observando dispositivos
legais e institucionais que objetivem a eliminação, controle ou redução
permanente dos riscos de acidentes do trabalho e a melhoria das
condições do ambiente, para preservar a integridade física e mental
dos trabalhadores;

XIII. Levantar e estudar os dados estatísticos de acidentes do trabalho,


doenças profissionais e do trabalho, calcular a frequência e a
gravidade destes para ajustes das ações prevencionistas, normas,
regulamentos e outros dispositivos de ordem técnica que permitam a
proteção coletiva e individual;

XIV. Articular-se e colaborar com os setores responsáveis pelos recursos


humanos, fornecendo-lhes resultados de levantamentos técnicos de
riscos das áreas e atividades para subsidiar a adoção de medidas de
prevenção em nível de pessoal;

XV. Informar os trabalhadores e o empregador sobre as atividades


insalubres, perigosas e penosas existentes na empresa, seus riscos
específicos, bem como as medidas e alternativas de eliminação ou
neutralização dos mesmos. Avaliar as condições ambientais de
trabalho e emitir parecer técnico que subsidie o planejamento e a
organização do trabalho de forma segura para o trabalhador;

XVI. Articular-se e colaborar com os órgãos e entidades ligados à prevenção


de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho;

XVII. Participar de seminários, treinamentos, congressos e cursos visando


ao intercâmbio e ao aperfeiçoamento profissional.

No Brasil, há ainda o engenheiro de segurança do trabalho, profissão


regulamentada pela Lei nº 7.410, de 27 de novembro de 1985. Há ainda a
Resolução nº 325, de 27 de novembro de 1987, que dispõe, no seu Art. 4, as
atividades desempenhadas pelo engenheiro de segurança do trabalho:

43
OBRIGAÇÕES LEGAIS

I. Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de


Engenharia de Segurança do Trabalho;

II. Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das


instalações e equipamentos, com vistas especialmente aos problemas
de controle de risco, controle de poluição, higiene do trabalho,
ergonomia, proteção contra incêndio e saneamento;

III. Planejar e desenvolver a implantação de técnicas relativas a


gerenciamento e controle de riscos;

IV. Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos


técnicos e indicar medidas de controle sobre grau de exposição e
agentes agressivos de riscos físicos, químicos e biológicos, tais como:
poluentes atmosféricos, ruídos, calor, radiação em geral e pressões
anormais, caracterizando as atividades, operações e locais insalubres
e perigosos;

V. Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo


medidas preventivas e corretivas e orientando trabalhos estatísticos,
inclusive com respeito a custos;

VI. Propor políticas, programas, normas e regulamentos de segurança do


trabalho, zelando pela sua observância;

VII. Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elaboração


de projetos de obras, instalações e equipamentos, opinando do ponto
de vista da engenharia de segurança;

VIII. Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus


pontos de risco e projetando dispositivos de segurança;

IX. Projetar sistemas de proteção contra incêndio, coordenar atividades


de combate a incêndio e de salvamento e elaborar planos para
emergência e catástrofes;

X. Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com a segurança


do trabalho, delimitando áreas de periculosidade;

XI. Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e


equipamentos de segurança, inclusive os de proteção individual e
os de proteção contra incêndio, assegurando-se de sua qualidade e
eficiência;

44
Capítulo 2 Saúde e Segurança: Normas Regulamentares e Impacto

XII. Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias


e equipamentos cuja manipulação, armazenamento, transporte ou
funcionamento possam apresentar riscos, acompanhando o controle
do recebimento e da expedição;

XIII. Elaborar planos destinados a criar e desenvolver a prevenção de


acidentes, promovendo a instalação de comissões e assessorando-
lhes o funcionamento;

XIV. Orientar o treinamento específico de segurança do trabalho e


assessorar a elaboração de programas de treinamento geral, no que
diz respeito à segurança do trabalho;

XV. Acompanhar a execução de obras e serviços decorrentes da adoção


de medidas de segurança, quando a complexidade dos trabalhos a
executar assim o exigir;

XVI. Colaborar na fixação de requisitos de aptidão para o exercício de


funções, apontando os riscos decorrentes desses exercícios;

XVII. Propor medidas preventivas no campo de segurança do trabalho,


em face do conhecimento da natureza e gravidade das lesões
provenientes do acidente de trabalho, incluídas as doenças do
trabalho;

XVIII. Informar aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por meio


de seus representantes, as condições que possam trazer danos à sua
integridade e as medidas que eliminam ou atenuam estes riscos e
que deverão ser tomadas.

As empresas podem contar ainda com o profissional da enfermagem do


trabalho, onde, dependendo do CNAE, a empresa poderá ficar obrigada a ter este
profissional internamente, conforme Art. 162 da CLT, onde o médico do trabalho
estará atuando também na promoção da saúde e segurança no trabalho.

Atividades de Estudos:

1) Quais benefícios uma empresa pode obter quando investe em


saúde e segurança no trabalho?
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45
OBRIGAÇÕES LEGAIS

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____________________________________________________
____________________________________________________

2) A Revolução Industrial trouxe muitos aspectos positivos, como


o avanço tecnológico. Porém, gerou também consequências
negativas. Apresente algumas das consequências negativas da
Revolução Industrial.
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____________________________________________________
____________________________________________________
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____________________________________________________

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi aprovada pelo Decreto-lei nº


5.452 em 1 de maio de 1943, entrando em vigor em 10 de novembro de 1943. O
capítulo V, do título II da CLT, trata da segurança e medicina do trabalho. Porém,
este texto foi apenas um instrumento inicial, pois foram necessárias reformas na
lei (ZOCCHIO, 2002).

A reforma na lei referente à saúde e medicina no trabalho veio com o


Decreto-lei nº 7.036, de 10 de novembro de 1944. Este decreto promoveu o
desdobramento do que constava no Capítulo V do Título II da CLT. O texto referia-
se às questões de higiene e de segurança do trabalho e também da assistência
previdenciária destinada às vítimas de acidentes (ZOCCHIO, 2002).

Assim como em casa ou na rua estamos expostos ao risco, no trabalho isso


também pode acontecer. Porém, geralmente é mais fácil identificar os riscos em
casa (manuseio com faca) ou na rua (travessia de uma rua) do que no trabalho.
É por isso que é importante a empresa contar com um profissional de saúde e
segurança do trabalho, pois este profissional irá identificar, prevenir e controlar os
riscos envolvidos na atividade a ser desempenhada dentro da empresa.

Os riscos ocupacionais são divididos pela legislação brasileira em cinco


grupos, e representados por cores diferentes, utilizadas para representá-los
no mapa de riscos de cada setor dentro da empresa, são eles: físicos (verde);
químicos (vermelho); biológicos (laranja); ergonômicos (amarelo); e de acidentes
(azul), conforme demonstrado na Figura 2.

46
Capítulo 2 Saúde e Segurança: Normas Regulamentares e Impacto

Figura 2 – Riscos ocupacionais

Fonte: Chirmici e Oliveira (2016).

• Agentes físicos: a NR-9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais


(PPRA) estabelece que agentes físicos são os que estão relacionados
a diversos tipos de energia. Exemplo: ruídos, vibrações, pressões
anormais, temperaturas, radiações, infrassom, ultrassom e umidade.

Sobre o ruído é preciso entender o que é e como se forma. Segundo Chirmici


e Oliveira (2016, p. 41), quando, por exemplo, uma colher toca um copo, “desse
contato surge uma perturbação do ar ao seu redor; dessa perturbação surgem
ondas invisíveis, que se locomovem em ciclos específicos. O resultado dessa
perturbação, resumidamente, é a produção de uma pressão sonora que chega
aos nossos ouvidos”. Os autores complementam ainda que “os equipamentos
e maquinários, entre outras possibilidades, podem produzir níveis de pressão
sonora, que nada mais são que as diferentes intensidades do som que chegam à
audição do trabalhador e que comumente chamamos de ruído”.

Conforme Chirmici e Oliveira (2016, p. 44), “Os limites de tolerância ao ruído


estão estabelecidos na NR-15 – Atividades e operações insalubres, da Portaria
nº 3.214/1978 do MTE, cujos Anexos 1 e 2 definem, respectivamente, o limite de
tolerância para ruído contínuo ou intermitente e o limite de tolerância para ruído
de impacto”.

47
OBRIGAÇÕES LEGAIS

O infrassom trata-se de sons que são gerados em baixa frequência (entre


1 e 80 Hz). Já o ultrassom são as ondas emitidas em alta frequência (superior
a 10.000 Hz). Assim, ambos são imperceptíveis ao ouvido humano. Não existe
um limite de tolerância para o ultrassom e nem mesmo formas de avaliação
na legislação brasileira. Por isso, conforme a NR-9, que aborda infrassom e
ultrassom, consideram-se meios de prevenção os limites estabelecidos pela
American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) (CHIRMICI;
OLIVEIRA, 2016).

Outro aspecto que deve ser controlado são as vibrações de equipamentos


e máquinas. Os limites de tolerância destas vibrações devem respeitar o Anexo
8 da NR-15. Ainda, outra questão relevante a se tomar cuidado é com a questão
das radiações. As radiações ionizantes são aquelas que possuem alta frequência
(raios x e gama). Os limites de tolerância devem respeitar o Anexo 5 da NR-15.
Já as radiações não ionizantes, que são as de baixa frequência, devem estar em
concordância com o Anexo 7 da NR-15 (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).

Quanto à exposição ao calor, o Anexo 3 da NR-15 apresenta as orientações


para avaliação. Há ainda atividades que expõem o trabalhador à pressão. A
legislação relacionada a questões de pressão pode ser encontrada na NR-15,
Anexo 6, da Portaria n° 3.214/1978 do MTE. Já a umidade é classificada como
insalubre, Anexo 10 da NR-15 (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).

• Agentes químicos: segundo Chirmici e Oliveira (2016, p. 53), podem


ser considerados agentes químicos:

As substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar


no organismo por via respiratória, nas formas de poeiras,
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela
natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser
absorvidos pelo organismo por meio da pele ou por ingestão,
conforme definição estabelecida na NR-9.

Os agentes químicos podem ser encontrados em três formas: gasosa, sólida


e líquida. Os tipos mais comuns de contaminantes: fumos; poeiras e particulados;
fumaças; neblinas; vapores; gases; e fibras.

• Agentes biológicos: os agentes biológicos considerados um risco,


conforme a NR-9, são bactérias, fungos, parasitas, protozoários, vírus,
entre outros. E podem ser encontrados em hospitais (serviços de
emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação); frigoríficos
e açougues; esgotos; lixos urbanos (coleta e industrialização); trabalhos
onde haja contato com pacientes, animais ou material infectocontagiante;
laboratórios (preparo de vacinas com animais; análises clínicas e

48
Capítulo 2 Saúde e Segurança: Normas Regulamentares e Impacto

histopatologia); locais de realização de exames necroscópicos, de


anatomia e histoanatomopatologia (aplica-se somente ao pessoal
técnico); cemitérios (exumação de corpos); estábulos e cavalariças;
resíduos de animais deteriorados; banheiros.

Quanto aos agentes biológicos, a legislação correspondente compreende:


NR-9 e o Anexo 14 da NR-15. Para programas de prevenção, a NR-9 deve ser
consultada. Já para a classificação do grau de insalubridade (graus máximo e
médio), o Anexo 14 da NR-15 deverá ser consultado.

• Agentes ergonômicos: estes agentes estão relacionados às condições


de inadaptabilidade (atividades, ambientes e equipamentos) às
necessidades psicofisiológicas do trabalhador. A legislação relacionada à
ergonomia é a NR-17.

• Agentes mecânicos ou acidentes: classificam-se como risco por


agentes mecânicos ou acidentes as atividades que apresentam a
possibilidade de que o trabalhador sofra acidentes. Por isso a importância
em se ter o controle necessário para eliminar ou neutralizar estes riscos.
Não há uma norma específica para estes agentes, porém, há diversas
normas na Portaria nº 3.214/78 do MTE.

Atividades de Estudos:

1) Relacione os agentes de risco com as atividades que podem ser


desempenhadas por um trabalhador:

(a) Físicos.
(b) Químicos.
(c) Biológicos.
(d) Ergonômicos.
(e) Acidentes.

( ) Atividades que contenham equipamentos e maquinários


desprotegidos.
( ) Atividades da construção civil com ruídos permanentes.
( ) Limpeza de banheiros.
( ) Atividades com sobrecarga física.
( ) Atividades com risco de contato com o gás liquefeito de petróleo.

49
OBRIGAÇÕES LEGAIS

( ) Atividades com sons gerados em baixa frequência (infrassom).


( ) Atividades onde há contato com poeira de sílica.
( ) Atividades que contenham contato direto com pacientes em
hospitais.

2) Por que é importante contar com a ajuda de um profissional de


segurança do trabalho para auxiliar na prevenção de riscos?
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____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Outro aspecto relevante a estudar dentro da temática segurança e medicina


do trabalho é a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).

A CIPA está regulamentada pela Norma Regulamentadora nº 05, que foi


aprovada pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978 e atualizada pela Portaria
SIT nº 247, de 12 de julho de 2011.

A CIPA visa constituir uma comissão interna nas empresas, onde os


integrantes são compostos por empregados e empregadores e o objetivo da
comissão é promover a segurança e saúde dos trabalhadores. Segundo o tópico
5.1 da NR5, o objetivo da CIPA é “a prevenção de acidentes e doenças decorrentes
do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a
preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador”.

A CIPA poderá existir em empresas privadas, públicas, mistas, beneficentes,


cooperativas ou outras instituições que sejam regidas pela Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT). E o número de integrantes dependerá do número de
empregados, porém, só há necessidade de constituir a CIPA quando o número de
empregados ultrapassar 20 funcionários.

Um dos objetivos da CIPA é divulgar e conscientizar sobre o uso dos


Equipamentos de Proteção Individual (EPI), regulamentado pela NR-6. Segundo
esta norma, considera-se EPI “todo dispositivo ou produto, de uso individual
utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar
a segurança e a saúde no trabalho”.

50
Capítulo 2 Saúde e Segurança: Normas Regulamentares e Impacto

A norma relata ainda as obrigações do empregador e do empregado. As


normas do empregador são:

a) Adquirir o adequado ao risco de cada atividade; (206.005-1


/I3)
b) Exigir seu uso; (206.006-0 /I3);
c) Fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão
nacional competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho; (206.007-8/I3);
d) Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado,
guarda e conservação; (206.008-6 /I3);
e) Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
(206.009-4 /I3);
f) Responsabilizar-se pela higienização e manutenção
periódica; e, (206.010-8 /I1);
g) Comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
(206.011-6 /I1);
h) Registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser
adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. (Inserida pela
Portaria SIT nº 107, de 25 de agosto de 2009).

Já os empregados têm como obrigação:

a) Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;


b) Responsabilizar-se pela guarda e conservação;
c) Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne
impróprio para uso; e
d) Cumprir as determinações do empregador sobre o uso
adequado.

A Figura 3 a seguir apresenta exemplos de EPI:

Figura 3 – Exemplos de EPI

Fonte: Disponível em: <http://fattoscontabil.com.br>. Acesso em: 26 fev. 2018.

51
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Conforme a Figura X, são exemplos de EPI, para a proteção auditiva,


abafadores de ruídos ou protetores auriculares; já para a proteção respiratória, o
uso de máscaras e filtros; no caso de proteção visual e fácil, poderão ser utilizados
óculos e viseiras; para a proteção da cabeça, utilizam-se capacetes; para proteção
de mãos e braços, luvas e mangotes poderão ser utilizados; e por fim, para pernas
e pés, são exemplos de EPI os sapatos, botas e botinas (PANTALEÃO, 2017).

Algumas Considerações
No Capítulo 2, referente à saúde e segurança: normas regulamentares e
impacto, iniciamos explanando sobre a saúde do trabalhador. Neste aspecto,
salientamos que investir numa cultura de segurança e prevenção de acidentes
traz resultados positivos tanto para o trabalhador quanto para a empresa.
Apresentamos ainda as normas regulamentadoras e os principais profissionais
que podem assessorar as empresas.

Apresentou-se ainda os riscos ocupacionais, que podem ser físicos; químicos;


biológicos; ergonômicos e de acidentes. Por isso é importante, dependendo do
número de funcionários na empresa, a implementação da CIPA, pois esta auxiliará
na conscientização do uso dos EPIs e na prevenção de acidentes.

Referências
BRASIL. Consolidação das leis trabalhistas – CLT. Disponível em: <www.
planalto.gov.br/CCIVIL_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 9 dez. 2017.

BRASIL. Ministério Público do Trabalho. Setores com maior número de


acidentes de trabalho no Brasil. 2017. Disponível em: <https://observatoriosst.
mpt.mp.br/>. Acesso em: 4 jan. 2018.

BRASIL. Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho e Anuário


Estatístico da Previdência Social (2017). Disponível em: <https://observatoriosst.
mpt.mp.br/>. Acesso em: 26 fev. 2018.

CHIRMICI, Anderson; OLIVEIRA, Eduardo A. R. de. Introdução à segurança e


saúde no trabalho. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

PANTALEÃO, Sergio Ferreira. EPI – equipamento de proteção individual:


não basta fornecer, é preciso fiscalizar. 2017. Disponível em: <http://www.
guiatrabalhista.com.br/tematicas/epi.htm>. Acesso em: 2 jan. 2018.

SMITH, Adam. A riqueza das nações. vol. 1. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
(Coleção – Os Economistas).

ZOCCHIO, Álvaro. Prática da prevenção de acidentes: ABC da segurança do


trabalho. 7. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2002.
52
C APÍTULO 3
Legislação Ambiental

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Conhecer a legislação ambiental aplicada a pequenas empresas.

� Compreender os aspectos da Política Nacional de Resíduos Sólidos aplicados


a pequenas empresas.

� Identificar um possível crime ambiental e o agente regulador a ser consultado.

� Identificar quais aspectos da Política Nacional de Resíduos Sólidos a empresa


deve seguir conforme a atividade da empresa.

� Identificar quando é necessário realizar a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA.


OBRIGAÇÕES LEGAIS

54
Capítulo 3 Legislação Ambiental

Contextualização
O capítulo Legislação Ambiental abordará as leis ambientais relacionadas a
pequenas empresas. Em um primeiro momento é apresentado o direito ambiental,
seus precedentes e sua evolução perante o sistema judiciário brasileiro.

Posteriormente, apresentaremos a Política Nacional de Resíduos Sólidos,


bem como os principais instrumentos contemplados na legislação. A coleta
seletiva e a logística reversa ganharão destaque neste tópico.

Em seguida, apresentam-se os temas crimes ambientais e agentes


reguladores. Pois as pessoas geralmente acreditam que um crime ambiental é
caracterizado por catástrofes grandes, como o derramamento de petróleo, porém,
dependendo do caso, o corte de uma árvore pode ser um crime ambiental.

Por fim, apresenta-se a avaliação do impacto ambiental, pois, ao comprar um


terreno, construir ou investir num empreendimento, é necessário avaliar os riscos
que serão apresentados ao meio ambiente e à população local.

Legislação Ambiental Aplicada a


Pequenas Empresas
Agora que você já sabe abrir uma empresa e como exercer a atividade de
forma segura, vamos falar de legislação ambiental. As ações de sustentabilidade
sugeridas pela legislação estão mais relacionadas com a atividade da empresa do
que com o porte. Por isso, algumas leis e normas são de interesse comum das
empresas.

Embora já houvesse valores ecológicos no Brasil desde a década de 1960,


somente com a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81)
é que estes valores migraram ao sistema jurídico (SARLET; MACHADO;
FENSTERSEIFER, 2015).

O direito ambiental é recente, sendo um dos ramos do direito moderno.


Existem diversos instrumentos legais nacionais e internacionais que devem ser
levados em consideração e respeitados. Lopes, Queiroz e Reis (2012) citam
alguns dos instrumentos a serem considerados:

• Convenção de Basileia de 1989 – sobre os movimentos transfronteiriços


de rejeitos perigosos;

55
OBRIGAÇÕES LEGAIS

• Convenção C-72 de 1972 – controle e prevenção internacional de fontes


de poluição marinha;
• IMO – International Maritime Organization – sobre produtos perigosos;
• Agenda 21 – documento referente ao desenvolvimento sustentável
resultado da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento;
• Rio 92 – convenção sobre a diversidade biológica;
• 1997 – Protocolo de Kyoto – visa combater o aquecimento global;
• 2012 – Rio +20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Natural (CNUDN).

Os princípios básicos que norteiam a aplicação do direito ambiental são:


(1) Princípio da supremacia do interesse público sobre o privado – que
considera o meio ambiente como sendo de todos e por isso público, devendo ser
preservado por todos; (2) Princípio do desenvolvimento – em que a preservação
ambiental deverá estar relacionada ao desenvolvimento/crescimento econômico;
(3) Princípio do poluidor pagador –segundo Lins (2015, p. 57), “esse princípio
parte da constatação de que os recursos ambientais são escassos e que o seu
uso na produção e no consumo acarreta a redução e/ou degradação”. Assim, o
poluidor deverá arcar com os custos das medidas preventivas e recuperação dos
danos ambientais.

Conforme o art. 225 da Constituição (BRASIL, 1988), “todos têm direito


ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Antes de seguir, alguns conceitos devem ficar claros neste momento:

a) Meio ambiente: segundo o art. 3º, I, da Lei nº 6.938/81, meio ambiente


pode ser definido como “o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”.

b) Sustentabilidade: o conceito tradicional de sustentabilidade vem


das ciências biológicas, aplicando-se aos recursos renováveis. Mas
essa palavra pode ter diversas dimensões, segundo Barbieri (2014):
sustentabilidade ecológica (está ligada à manutenção dos estoques
de recursos naturais); sustentabilidade ambiental (capacidade de o
ambiente resistir à ação humana e se recompor); sustentabilidade social
(melhoria da qualidade de vida da população); e sustentabilidade política
(está ligada ao processo de criação da cidadania e incorporação das
pessoas no processo de desenvolvimento).

56
Capítulo 3 Legislação Ambiental

c) Poluição: segundo o art. 3º, I, da Lei nº 6.938/81, caracteriza-se como


poluição a “degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente: prejudiquem a saúde, a segurança e o
bem-estar da população”; ainda, considera-se poluição ações que
“criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem
desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias
do meio ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo com os
padrões ambientais estabelecidos”.

d) Agente poluidor: Segundo o art. 3º, I, da Lei nº 6.938/81, “a pessoa


física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”.

e) Desenvolvimento sustentável: a comissão da ONU para o meio


ambiente menciona a tridimensionalidade do desenvolvimento
sustentável no relatório “Nosso Futuro Comum”. Assim, o conceito de
desenvolvimento sustentável engloba três objetivos simultâneos, que
são: crescimento econômico, equidade social e conservação ambiental.
A Figura 1 apresenta a tridimensionalidade do desenvolvimento
sustentável:

Figura 1 - Tridimensionalidade do desenvolvimento sustentável

Fonte: Adaptado de Dias (2015, p. 34); Boca Santa (2017).

Outro marco para o Direito Ambiental no Brasil foi a aprovação da Política


Nacional de Resíduos Sólidos, e este é o tema do nosso próximo tópico.

57
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Política Nacional de Resíduos Sólidos


Independentemente do porte da empresa ou da quantidade de funcionários,
todas as empresas geram resíduos, só varia o tipo de resíduo. Entretanto,
alguns destes resíduos podem causar danos ao meio ambiente, por isso, se faz
importante dar um destino adequado.

Após anos de discussão, foi aprovada a Lei da Política Nacional de Resíduos


Sólidos em 2 de agosto de 2010. Na sequência, em 23 de dezembro de 2010
foi editado o Decreto Regulamentador nº 7.404, criando o Comitê Interministerial
da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador visando à
implantação dos Sistemas de Logística Reversa (BECHARA, 2013).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei nº


12.305/2010. O lixo passa a ter uma conotação diferenciada, pois antes da lei,
o lixo representava algo sem valor, agora, esta ideia fica abandonada e outros
conceitos passam a ser utilizados, tais como, resíduo e rejeito.

Conforme a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza


Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em 2015, no Brasil, a
geração de resíduos sólidos foi de aproximadamente 79,9 milhões
de toneladas, onde, 7,3 milhões de toneladas não foram coletadas,
acarretando em destino impróprio. Ainda conforme a ABRELPE
(2015, p. 23), “as unidades inadequadas, porém, ainda estão
presentes em todas as regiões do país e recebem mais de 82 mil
toneladas de resíduos por dia, com elevado potencial de poluição
ambiental”. Com isso, algumas medidas foram importantes e ainda
estão em fase de adaptação e melhoria.

E por falar em resíduos, vamos entender o que são estes resíduos? A Lei
12.305 apresenta o conceito de resíduos e rejeitos no art. 3:

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de


atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder,
nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos
em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável
o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos
d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

58
Capítulo 3 Legislação Ambiental

Já os rejeitos, segundo a referida lei 12.305, são “resíduos sólidos que,


depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por
processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem
outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada”.

Bechara (2013, p. 34-35) apresenta a Lei Federal 12.305/2010 que constitui


a PNRS e prevê 19 instrumentos disponíveis, no Art. 8, são eles:

• Os planos de resíduos sólidos;


• Os inventários e o sistema declaratório anual de resíduos
sólidos;
• A coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e
outras ferramentas relacionadas à implementação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos;
• O incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas
ou de outras formas de associação de catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis;
• O monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e
agropecuária;
• A cooperação técnica e financeira entre os setores público
e privado para o desenvolvimento de pesquisas de novos
produtos, métodos, processos e tecnologias de gestão,
reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e disposição
final ambientalmente adequada de rejeitos;
• A pesquisa científica e tecnológica;
• A educação ambiental;
• Os incentivos fiscais, financeiros e creditícios;
• O Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico;
• O Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos
Resíduos Sólidos (Sinir);
• O Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico
(Sinisa);
• Os conselhos de meio ambiente e, no que couber, os de
saúde;
• Os órgãos colegiados municipais destinados ao controle
social dos serviços de resíduos sólidos urbanos;
• O Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos;
• Os acordos setoriais;
• No que couber, os instrumentos da Política Nacional de Meio
Ambiente, entre eles:
a) Os padrões de qualidade ambiental;
b) O Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente
Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais;
c) O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de
Defesa Ambiental;
d) A avaliação de impactos ambientais;
e) O Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente
(Sinima);
f) O licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras;
• Os termos de compromisso e os termos de ajustamento de
conduta;
• O incentivo à adoção de consórcios ou de outras formas de
cooperação entre os entes federados, com vistas à elevação
das escalas de aproveitamento e à redução dos custos
envolvidos.
59
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Os instrumentos da lei podem ser agrupados em três categorias: instrumentos


de planejamento; instrumentos de controle; e instrumentos econômicos
(BECHARA, 2013).

Mencionaremos alguns dos instrumentos de forma detalhada. A escolha foi


feita conforme aquilo que é mais comum em pequenas empresas: (a) Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS); (b) Sistema Declaratório; (c) Coleta
Seletiva; (d) Logística Reversa.

a) PGRS – Trata-se de um documento técnico visando identificar a tipologia


e a quantidade da geração de resíduos, também com informações sobre
as formas corretas do manejo. Conforme a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, a PGRS é obrigatória para os geradores de resíduos sólidos.

b) Sistema Declaratório – Salientamos ainda, sobre o Sistema


Declaratório, que conforme Bechara (2013, p. 41), “consiste no conjunto
de regras que deverão orientar a declaração formal que, nos termos da
lei, deverá ser prestada anualmente pelos geradores, transportadores e
receptores de resíduos sólidos”, esta disposição legal aplica-se também
a pessoas jurídicas de direito público. Porém, é necessário verificar as
leis referentes a cada Estado brasileiro sobre os inventários e o sistema
declaratório.

A POLÍTICA DOS 3Rs

A política dos 3Rs, ou ainda chamada de princípio dos 3Rs,


está contemplada na Lei 12.305/2010 e visa amenizar o impacto
causado pelos resíduos, poupando recursos naturais e evitando o
desperdício. Os 3Rs estão interligados e representam as palavras
“Redução”, “Reutilização” e “Reciclagem”. Segundo Bechara (2013,
p. 93), “os 3Rs são importantes porque quando se evita a geração
de resíduos ou se reutiliza os resíduos ao invés de descartá-los,
logra-se minimizar o risco de degradação ambiental e de agressão à
saúde”. Tão importante é a política dos 3Rs que a Lei contempla esta
política em seus objetivos.

60
Capítulo 3 Legislação Ambiental

c) Coleta Seletiva – Dentro da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, a


coleta seletiva foi o que se tornou mais popularmente conhecida, pois as
lixeiras coloridas podem ser encontradas em shoppings, áreas de lazer,
condomínios e nas mais diversas empresas e órgãos públicos. Ainda,
pessoas conscientes e comprometidas com o meio ambiente realizam a
coleta seletiva nas suas residências, dando ao lixo o destino correto.

A classificação dos resíduos é dada pela NBR 10004/04. A coleta seletiva


está definida na Lei nº 12.305/2010 e visa à coleta de resíduos sólidos de forma
segregada, de acordo com a sua constituição e composição (BECHARA, 2013).

As principais cores utilizadas para diferenciar os tipos de resíduos sólidos são:


azul (papel); vermelho (plástico); amarelo (metal); e verde (vidro), conforme Figura
6. Dentro desta classificação é importante salientar que nem tudo poderá ser
reciclado. Por exemplo: o papel carbono, metalizado, sanitário, livros, fotografias,
não podem ser reciclados. Cabos de panela, adesivos, esponja de aço, louças,
óculos também não podem ser reciclados. Por isso, o ideal é informar-se sobre o
que pode ser reciclado e o que não pode, conforme os resíduos que sua empresa
costuma gerar.

Figura 2 – Coleta seletiva conforme a classificação de cores

Fonte: A autora.

61
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Você sabe o que é consumo consciente? Pesquise sobre este


termo no portal sugerido e em outros materiais, para que possa,
assim, tornar-se também um consumidor consciente. Acesse:
<https://goo.gl/JfNHBL>.

d) Logística Reversa – Dentro da Política Nacional dos Resíduos Sólidos,


também devemos dar destaque à Logística Reversa. Apesar de menos
comum na rotina das pessoas, já é bastante pesquisada e utilizada por
empresas, que, aos poucos, estão divulgando aos clientes e expandindo
esta ação. Conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, Lei
nº 12.305/2010), a logística reversa é um

[...] instrumento de desenvolvimento econômico e social


caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e
meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento,
em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação
final ambientalmente adequada.

Conforme Valle e Souza (2014, p. 19),

[...] a logística reversa envolve o processo de planejamento,


implantação e controle de um fluxo de materiais, de produtos
em processo, de produtos acabados e de informações
relacionadas, desde o ponto de consumo até o ponto de
origem, por meio de canais de distribuição reversos.

A Figura 3 apresenta um exemplo de ciclo da logística reversa, onde os produtos


saem dos fabricantes e acabam retornando a eles em forma de matéria-prima.

62
Capítulo 3 Legislação Ambiental

Figura 3 – Cadeia de suplementos reversa

Fonte: Disponível em: <http://pre.univesp.br/logistica-reversa#.


Wmqz1a5KvIV>. Acesso em: 26 fev. 2018.

A Figura 4 apresentada em uma matéria do sítio eletrônico do Senado mostra


como funciona a logística reversa.

Figura 4 – Como funciona a logística reversa

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/cJbF4g>. Acesso em: 26 fev. 2018.

63
OBRIGAÇÕES LEGAIS

A logística reversa estava prevista pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente


(CONAMA) em 1999, para pilhas e baterias, pneumáticos e embalagens de agrotóxico
(2000). Porém, com a PNRS, ficam obrigados a implementar a logística reversa os
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos seguintes setores:

• Agrotóxicos (resíduos e embalagens);


• Pilhas e baterias;
• Pneus;
• Óleos lubrificantes (resíduos e embalagens);
• Lâmpadas fluorescentes (vapor de sódio e mercúrio, e luz mista); e
• Produtos eletroeletrônicos e componentes.

EMPRESAS CRESCEM 40% AO ANO COM


MODELO DE LOGÍSTICA REVERSA

O engajamento de indústrias, entidades e pessoas físicas


na logística reversa de resíduos, além de minimizar o descarte
inadequado de produtos pós-consumo, gera crescimento para os
negócios. Na Terracycle – empresa americana, que atua no Brasil há
oito anos e foi finalista na categoria pequena e média empresa do 3º
Prêmio de Sustentabilidade promovido pela Federação do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-
SP) – a expansão alcança 40% e ainda permite doações a instituições
sociais e educacionais.

Trata-se de uma plataforma on-line na qual pessoas e


empresas podem se cadastrar como voluntários em programas de
reciclagem, mantidos por fabricantes, que contratam a Terracycle. O
modelo trabalhado é o de “lixo patrocinado”, ou seja, é preciso que
companhias custeiem os programas. Atualmente são cinco empresas:
Colgate, Faber-Castell, 3M (Scotch-Brite), Avon e L’Occitane.

Fonte: Disponível em: <https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/empresas-


crescem-40-ao-ano-com-modelo-de-logistica-reversa>. Acesso em: 26 fev. 2018.

64
Capítulo 3 Legislação Ambiental

Sobre o papel do consumidor e do fabricante, Bechara (2013, p. 101) afirma:

Embora seja evidente a importância do papel do consumidor,


que é quem deve encaminhar os resíduos para um posto de
coleta, o papel que sobressai é o dos fabricantes, importadores,
comerciantes e distribuidores, que são obrigados a providenciar
um sistema eficiente, nos estabelecimentos comerciais, para o
recebimento dos resíduos descartados pelos consumidores e
um sistema eficiente para o repasse dos resíduos coletados
nesses estabelecimentos aos fabricantes e importadores, que
darão a destinação final ambientalmente adequada (artigo 33,
parágrafos 4º, 5º e 6º).

Assim, é importante que tanto o fabricante quanto o consumidor estejam


conscientes, alinhados e comprometidos com a logística reversa.

Visando contribuir com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o art. 42 da


Lei nº 12.305/2010 prevê que poderão ser instituídas pelo poder público medidas
indutoras e linhas de financiamento visando atender às seguintes ações:

(1) Prevenção e redução da geração de resíduos sólidos no


processo produtivo;
(2) Desenvolvimento de produtos com menores impactos à
saúde humana e à qualidade ambiental em seu ciclo de
vida;
(3) Implantação de infraestrutura física e aquisição de
equipamentos para cooperativas ou outras formas de
associação e catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda;
(4) Desenvolvimento de projetos de gestão dos resíduos
sólidos de caráter intermunicipal ou regional;
(5) Estruturação de sistemas de coleta seletiva e de logística
reversa;
(6) Descontaminação de áreas contaminadas, incluindo as
áreas órfãs;
(7) Desenvolvimento de pesquisas voltadas para tecnologias
limpas aplicáveis aos resíduos sólidos;
(8) Desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e
empresarial voltados para a melhoria dos processos
produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos.

Esta questão da indução por parte do Estado está prevista na Constituição.


Conforme Bechara (2013, p. 257), “a intervenção do Estado – englobando todos
os entes federativos – no domínio econômico por indução está relacionada
à função de incentivo, que está prevista nos artigos 170 e 174 da Constituição
Federal de 1988 (CF/88)”.

65
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Referente aos financiamentos, desde 2008, o Ministério do Meio Ambiente


(MMA) tem um acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDS), Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia
e Banco do Nordeste do Brasil, visando contribuir com o desenvolvimento
sustentável.

Há empresas que já têm um programa sólido de logística reversa, do qual


muitas vezes, nós, como consumidores, já participamos. Estas empresas podem
servir como modelo ou exemplo, são exemplos de empresas: FedEx, Correios,
Coca-Cola, Cargill e Natura.

A empresa FedEx tem um envelope do tamanho de ofício que é reutilizável,


isto é, foi projetado para ser utilizado duas vezes, uma sugestão de uso é para
remessa e retorno. Já a empresa Correios possui um Sistema de Logística
Reversa para auxiliar empresas e clientes quando há necessidade de devolução
ou troca de mercadorias (LOGÍSTICA REVERSA, 2015).

A Cola-Cola tem no Brasil um programa desenvolvido pela empresa


Refrescos Bandeirantes que visa apoiar cooperativas de reciclagem e escolas,
estimulando a reciclagem e conscientização ambiental. Já a Cargill tem buscado
fabricar seus produtos com o sabor tradicional, mas com redução do impacto
ambiental da cadeia produtiva de tomates (LOGÍSTICA REVERSA, 2015).

A Natura tem um programa de logística reversa em que realiza estudos e


monitoramento do ciclo de vida das embalagens recicláveis. A empresa trabalha
também com produtos com refil. Além do mais, ao comprar um produto da
empresa on-line, a empresa fornece informações do impacto que aquele produto
tem no meio ambiente (LOGÍSTICA REVERSA, 2015; NATURA, 2018).

Atividades de Estudos:

1) Embora já existisse a preocupação com o meio ambiente no


Brasil desde a década de 1960, qual lei representou um marco ao
Direito Ambiental no Brasil?
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Capítulo 3 Legislação Ambiental

2) O lixo sempre representou coisas que não têm valor e nem


serventia. Como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
mudou este conceito?
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3) A lei que institui a PNRS prevê 19 instrumentos. Qual é a utilidade


destes instrumentos?
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4) Preencha a segunda coluna, conforme os resíduos representados


na primeira coluna.

(a) Azul
(b) Vermelho
(c) Amarelo
(d) Verde
(e) Laranja
(f) Roxo
(g) Marrom

( ) Resíduos perigosos
( ) Plástico
( ) Papel
( ) Resíduos radioativos
( ) Vidro
( ) Metal
( ) Resíduos orgânicos

5) Busque lembrar se já participou, como consumidor, de um


processo de logística reversa e descreva-o.
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67
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Crimes Ambientais E Agentes


Reguladores
Muitas pessoas ainda não têm conhecimento suficiente sobre crimes
ambientais. Acreditam que seria necessário derramar petróleo no mar ou poluir
totalmente um rio para que possam ser enquadradas. Sim, estas ações são crimes
ambientais. Porém, há ações de menor impacto ao meio ambiente e mais presentes
no nosso dia a dia que também são considerados crimes ambientais, por exemplo,
queimar (mesmo para plantar), desmatar (mesmo para gerar lenha ou carvão).

Conforme a Constituição Federal, art. 225: “as condutas e atividades


consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação
de reparar os danos causados”. A lei que regula os crimes ambientais é a Lei nº
9.605/98, esta dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

Além do mais, é importante saber que se a sua empresa cometer um crime


ambiental, você, diretor, administrador ou responsável, tem corresponsabilidade. A
corresponsabilidade entre membros das empresas em relação ao meio ambiente
é mencionada no art. 2 da Lei nº 9.605/98:

[...] quem, de qualquer forma, concorre para a prática de


crimes previstos nesta lei, incide nas penas a estes cominadas,
na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico,
o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa
jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar
de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

O parágrafo único volta a enfatizar a corresponsabilidade: “a responsabilidade


das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou
partícipes do mesmo fato”.

O art. 3 esclarece ainda: “as pessoas jurídicas serão responsabilizadas


administrativa, civil e penalmente conforme disposto nesta Lei, nos casos em que
a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou
de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”.

Quanto ao valor das multas, no Brasil, o valor máximo de multas ambientais


permitida pela legislação (art. 61, do Decreto nº 6.514/08) é de 50 milhões de reais.

68
Capítulo 3 Legislação Ambiental

NOTÍCIAS REFERENTES A CRIMES AMBIENTAIS

A Volkswagen do Brasil foi multada em 2015 após cometer


fraude em motores a diesel, ainda foi necessário recall de 17 mil
unidades da picape Amarok (2011/2012) com motor a diesel, o valor
da multa foi de 50 milhões.

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/KGfuUi>. Acesso em: 26 fev. 2018.

Trinta e um pescadores recebem autuações por pesca ilegal no


Rio Mogi Guaçu em Pirassununga, SP. No caso de reincidência, há
multa no valor de R$ 800, mais R$ 20 por quilo de peixe apreendido.

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/kG2vHW>. Acesso em: 26 fev. 2018.

Na tragédia de Mariana, entre outros autos, Ibama multa


Samarco em R$ 500 mil por dia até a realização de adequações
exigidas.

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/47rrQD>. Acesso em: 26 fev. 2018.

Ibama multa o Santander em R$ 47,5 milhões por financiar o


plantio de grãos em áreas da Amazônia de proteção ambiental.

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/GQf6xa>. Acesso em: 26 fev. 2018.

Quanto aos agentes reguladores, na Constituição Federal há pelo menos 19


leis principais, algumas já foram citadas e outras ainda serão, entretanto, sempre
que um empreendimento for iniciado, deverá ser consultada a legislação aplicável.

Além da Constituição, há por volta de 19 decretos federais principais,


medidas provisórias, e pelo menos 40 principais resoluções do CONAMA.
Portarias: do Ministério do Interior, IBAMA, Ministério da Saúde e Serviço de
Vigilância Sanitária. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) também
apresenta uma série de normas a serem verificadas pelas empresas.

69
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Para conhecer quais são as legislações mencionadas (leis,


decretos federais, medidas provisórias, resoluções CONAMA,
portarias do Ministério do Interior, IBAMA, Ministério da Saúde,
Serviço de Vigilância Sanitária e Normas Técnicas da ABNT),
sugerimos a leitura do seguinte livro: BECHARA, E. (Org.). Aspectos
relevantes da política nacional de resíduos sólidos: Lei nº
12.305/2010. São Paulo: Atlas, 2013.

Ressalta-se ainda que o Brasil é um país federativo. Isto significa que cada
estado tem autonomia para legislar a favor do meio ambiente. Por isso, além
de verificar a legislação nacional, as empresas devem verificar as legislações
estaduais.

Quando um empreendimento envolve mais de um estado brasileiro, o IBAMA


ficará responsável pelo licenciamento. Se não for o caso de o empreendimento
envolver mais de um estado, então o licenciamento será realizado pelo órgão
responsável no estado do empreendimento.

Podemos citar como órgãos responsáveis por licenciamentos no sul do Brasil,


o Instituto Ambiental do Paraná – IAP, para o Estado do Paraná; a Fundação
do Meio Ambiente – FATMA para o Estado de Santa Catarina; e Secretaria do
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMA e Fundação Estadual de
Proteção Ambiental Henrique Luís Roesller – FEPAM, para o Estado do Rio
Grande do Sul.

Avaliação do Impacto Ambiental


Ao investir em um empreendimento é necessário realizar a análise de
perigo e avaliação de risco, visando ao controle da poluição e a prevenção de
acidentes, pois, se o empreendimento, terreno ou atividade apresentar risco de
impacto ambiental e não forem tratados adequadamente, não somente o meio
ambiente poderá ser afetado, mas também os seres vivos da região, inclusive o

70
Capítulo 3 Legislação Ambiental

homem, com a proliferação de doenças (HAMMES, 2012). Segundo a Resolução


nº 001/86 do CONAMA, impacto ambiental é conceituado como:

[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e


biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas, que
direta ou indiretamente afeta: a saúde; a segurança e o bem-
estar da população; as atividades sociais e econômicas; a
biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a
qualidade dos recursos naturais.

Já a NBR ISO 14001 possui uma preocupação ainda mais ampla, pois além
de preocupar-se com o impacto ambiental negativo causado no meio ambiente,
preocupa-se com a repercussão econômico-financeira, tanto para a empresa,
quanto para a sociedade (LOPES; QUEIROZ; REIS, 2012).

A NBR ISO 14001 (apud LOPES; QUEIROZ; REIS, 2012, p. 72) também
apresenta uma definição de impacto ambiental, sendo “qualquer modificação
do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das
atividades, produtos ou serviços de uma organização”.

O principal marco em relação à educação ambiental no âmbito do


Licenciamento Ambiental é a Instrução Normativa do IBAMA nº 02, de 27 de março
de 2012. Esta instrução fornece bases técnicas para programas de educação
ambiental (MMA, 2017).

O licenciamento ambiental trata-se de um instrumento do princípio


constitucional, pelo qual cabe ao Estado o dever de disciplinar as obras e também
as atividades econômicas. O licenciamento ambiental está condicionado à
realização do EIA-RIMA. Há três licenças exigidas, são elas:

(1) Licença prévia – destinada à fase de planejamento do empreendimento;


(2) Licença de instalação – autoriza o início da construção do
empreendimento;
(3) Licença de operação – permitindo a entrada em funcionamento da
atividade.

A Figura 5 apresenta as etapas do processo de licenciamento ambiental:

71
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Figura 5 – Etapas do processo de licenciamento ambiental

Fonte: Disponível em: <https://www.slideshare.net/pedrolivioramalhoolivio/


apresentao1-31671044>. Acesso em: 26 fev. 2018.

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental


(RIMA) estão explicitados na Resolução nº 001 do CONAMA de 1986. O EIA deve
conter no mínimo os seguintes itens:

• Informações gerais;
• Caracterização do empreendimento;
• Área de influência;
• Diagnóstico ambiental da área de influência (qualidade e fatores
ambientais; meio físico, biológico e antrópico);
• Análise dos impactos ambientais;
• Proposição de medidas mitigadoras;
• Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos
ambientais; e
• RIMA.

Já o RIMA deverá conter no mínimo os seguintes conteúdos:

• Objetivos e justificativas;
• Descrição do projeto e alternativas tecnológicas e locais;

72
Capítulo 3 Legislação Ambiental

• Síntese dos resultados do diagnóstico ambiental;


• Descrição dos impactos (com metodologias utilizadas);
• Qualidade ambiental futura da área de influência;
• Descrição dos efeitos esperados das medidas mitigadoras;
• Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
• Recomendações quanto às alternativas mais favoráveis; e
• Equipe técnica responsável.

NOTÍCIAS REFERENTES AO IMPACTO AMBIENTAL

“Obra embargada há 12 anos, a menos de 30 metros da orla,


está abandonada na Lagoa da Conceição - Além de ignorar os 30
metros da orla determinados pelo Código Florestal e pela Resolução
3003/2002 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), a
intenção era despistar a Lei Complementar Municipal 099/02, que na
época limitaria as construções na orla da Lagoa em dois pavimentos”.

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/ccddpq>. Acesso em: 26 fev. 2018.

“Novo relatório ambiental pode retomar as obras da LMG-760 -


O licenciamento ambiental da rodovia, realizado pelo Departamento
de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER), mostra
o mapeamento das espécies da fauna e flora local, e os impactos
ambientais e socioeconômicos para minimizar os efeitos negativos
que a estrada poderia gerar. Agora é preciso que o Ministério Público
acate e libere a licença ambiental para o retorno das obras”.

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/TWtYDh>. Acesso em: 26 fev. 2018.

“ICMBio embarga construção de piscina gigante de R$ 4 milhões


em área de proteção ambiental em Jeri – De acordo com o chefe do
Parque Nacional de Jericoacoara, Jerônimo Martins, o correto seria
realizar Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental
(EIA/RIMA) que subsidiaria o licenciamento das intervenções na área”.

Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/y9Vqu2>. Acesso em: 26 fev. 2018.

73
OBRIGAÇÕES LEGAIS

A avaliação de Impacto Ambiental (AIA) visa proporcionar informações


referentes ao potencial de impacto no ambiente e possui, segundo Lopes, Queiroz
e Reis (2012, p. 75), quatro principais objetivos, que são eles:

1. Assegurar que as considerações ambientais sejam


explicitamente tratadas e incorporadas ao processo
decisório.
2. Antecipar, evitar, minimizar ou compensar os efeitos
negativos relevantes biofísicos, sociais e outros.
3. Assegurar que as considerações ambientais sejam
explicitamente tratadas e incorporadas ao processo
decisório.
4. Antecipar, evitar, minimizar ou compensar os efeitos
negativos relevantes biofísicos, sociais e outros.

Algumas das obras sujeitas a AIA conforme Resolução nº 001 do CONAMA de


1986 são: ferrovias e estradas de rodagem com duas ou mais faixas; aeroportos;
oleodutos; gasodutos; minerodutos; obras hidráulicas para exploração de recursos
hídricos; aterros sanitários; complexos e unidades industriais e agroindustriais;
distritos industriais e zonas estritamente industriais; exploração econômica da
madeira ou lenha; projetos urbanísticos acima de 100 ha; empreendimentos
potencialmente lesivos ao Patrimônio Espeleológico Nacional; entre outros.

Algumas Considerações
No Capítulo 3, estudamos a legislação ambiental. O Direito Ambiental é
recente e está em constante aperfeiçoamento, conforme os princípios básicos
que o norteiam, que são: (1) Princípio da supremacia do interesse público sobre
o privado; (2) Princípio do desenvolvimento; e (3) Princípio do poluidor pagador.

Apresentamos ainda a Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010. Onde


destacamos os instrumentos mais comuns para pequenas empresas, são eles:
(a) Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos; (b) Sistema Declaratório; (c)
Coleta Seletiva; e (d) Logística Reversa.

Salientamos ainda que crime ambiental não precisa necessariamente ser de


grande impacto, dependendo do caso, a queimada de um lote ou a derrubada de
uma árvore já pode ser considerado um crime ambiental.

Por isso, se torna relevante e necessário, ao investir em um empreendimento,


realizar a Avaliação do Impacto Ambiental, para assim obter as licenças exigidas
pela lei, que podem ser: (1) Licença Prévia; (2) Licença de Instalação; e (3)
Licença de Operação.

74
Capítulo 3 Legislação Ambiental

Referências
BARBIERI, José C. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de
mudanças da Agenda 21. 15. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

BECHARA, E. (Org.). Aspectos relevantes da política nacional de resíduos


sólidos: Lei nº 12.305/2010. São Paulo: Atlas, 2013.

BOCA SANTA, Stephane L. Avaliação de edifícios sustentáveis em


instituições de ensino superior públicas federais: proposição de um modelo
baseado em sistemas gerenciais de avaliação socioambiental. 2017. 123 f.
Dissertação (Mestrado) – Curso de Ciências Contábeis, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2017.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988, 292 p. Brasil.

CONAMA, Resoluções. Resoluções. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/


port/conama/legiano.cfm?codlegitipo=3>. Acesso em: 31 maio 2017.

DIAS, Reinaldo. Sustentabilidade: origem e fundamentos; educação e


governança global; modelo de desenvolvimento. São Paulo: Atlas, 2015.

HAMMES, Valéria S. Julgar: Percepção do impacto ambiental. 3. ed. Brasília:


Embrapa, 2012.

LINS, Luiz dos Santos. Introdução à gestão ambiental empresarial: abordando


economia, direito, contabilidade e auditoria. São Paulo: Atlas, 2015.

LOGÍSTICA REVERSA – MEIO AMBIENTE – SUSTENTABILIDADE. 2015.


Disponível em: <http://logisticareversa.org/2015/08/30/natura/>. Acesso em: 25
jan. 2018.

LOPES, José A. V.; QUEIROZ, Sandra M; REIS, Luis F. S. de S. D. Gestão


Ambiental de empreendimentos. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 2012.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Licenciamento ambiental. Disponível em:


<http://www.mma.gov.br/informma/item/10201-licenciamento-ambiental>. Acesso
em: 15 ago. 2017.

75
OBRIGAÇÕES LEGAIS

NATURA. Produtos Natura. 2018. Disponível em: <http://rede.natura.net/espaco/


stephanebs>. Acesso em: 25 jan. 2018.

SARLET; MACHADO; FENSTERSEIFER. Constituição e legislação ambiental


comentadas. São Paulo: Saraiva, 2015.

VALLE, Rogerio; SOUZA, Ricardo G. de (Org.). Logística reversa: processo a


processo. São Paulo: Atlas, 2014.

76
C APÍTULO 4
Ferramentas de Gestão para
Pequenas Empresas

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Compreender como a contabilidade pode auxiliar na gestão da empresa.

� Compreender como o Sistema de Gestão Ambiental – SGA pode auxiliar no


cumprimento das leis ambientais.

� Realizar a identificação de quando há necessidade de um Sistema de Gestão


Ambiental – SGA.
OBRIGAÇÕES LEGAIS

78
Capítulo 4 Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas

Contextualização
Neste capítulo vamos estudar ferramentas de gestão para pequenas
empresas. A primeira ferramenta a ser mencionada é a contabilidade e a gestão
estratégica da informação contábil.

A contabilidade pode ser uma ferramenta muito útil e eficaz para a tomada
de decisão, registro e controle de todos os movimentos empresariais, para isso,
torna-se também relevante utilizar um Sistema de Informação Contábil. Além disso,
hoje existe o Sistema Público de Escrituração Digital – SPED, exigido para algumas
empresas, onde as informações ficam concentradas em um único banco de dados.

Posteriormente, vamos estudar a gestão estratégica ambiental. Para isso,


apresentaremos o Sistema de Gestão Ambiental – SGA (ISO 14000), pois as
empresas necessitam considerar as questões relacionadas ao meio ambiente.
Porém, dependendo da empresa, do tamanho, da atividade, da política da empresa
e da legislação, o acúmulo de informações pode tornar a gestão prejudicada. Por
isso, sugere-se às empresas o uso de um SGA.

Contabilidade e a Gestão Estratégica


da Informação Contábil
No Capítulo 1 estudamos as obrigações legais e aprendemos que a
contabilidade tem potencial para auxiliar bem mais do que simplesmente fazer
escrituração contábil e apuração de impostos, embora estas tarefas sejam,
também, fundamentais. Mas hoje, a contabilidade pode se tornar uma ótima
ferramenta para a gestão da empresa, porém, para que a empresa possa ter
um controle preciso das informações empresariais, das obrigações fiscais, de
estoque, contabilidade fiscal e gerencial, recomenda-se a utilização de um sistema
de informação e softwares auxiliares. Tudo dependerá do tamanho da empresa,
da atividade e dos profissionais envolvidos.

Segundo Oleiro, Dameda e Victor (2017, p. 42), “os avanços tecnológicos,


aliados com a capacidade de difusão de novas técnicas produtivas, surgem a todo
instante e em qualquer lugar”, e continuam: “com isso, a utilização de vantagens
competitivas e ferramentas estratégicas de gestão suplantará as administrações
que se mantiverem presas a conceitos ultrapassados”.

79
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Ainda conforme Oleiro, Dameda e Victor (2017, p. 42), “para a sobrevivência


de seus empreendimentos, os microempresários precisam pensar e agir com
objetivos definidos, buscando a prosperidade, mesmo que isto os conduza para
uma média ou grande empresa”. Afinal, se assim acontecer, todos ganham, porém,
do contrário, a empresa poderá estar sujeita a ser uma a mais na estatística da
mortalidade.

Além do mais, todas as empresas, independentemente do porte, têm


obrigações acessórias que precisam ser realizadas. Este serviço, muitas vezes,
fica com o escritório contábil, porém, o empresário é também responsável legal
por estas tarefas. Alguém já ouviu falar em SPED?

Vamos aprender, então, quais softwares são apropriados às micro e


pequenas empresas!

Mas, antes... você sabe o que são sistemas de informações?

Sistemas de informações servem de base para a tomada de


Sistemas de decisão, pois, alimentados adequadamente, fornecem e geram
informações servem
informações úteis e valiosas para a empresa. O sistema de informação
de base para a
tomada de decisão é uma série de elementos inter-relacionados que coletam, manipulam e
armazenam, e, por fim, disseminam as informações, fornecendo assim
um mecanismo de feedback, conforme apresentado na figura a seguir (STAIR,
1998; ROSA, 2006).

Figura 1 – Os componentes de um Sistema de Informação

Fonte: Stair (1998).

Os sistemas de informações gerenciais começaram a ser desenvolvidos na


década de 1960 e foram projetados para auxiliarem a administração na resolução
de problemas, aproveitando oportunidades e atingindo as metas estabelecidas
(STAIR, 1998; ROSA, 2006).

Conforme Rosa (2006, p. 9), “a contabilidade consiste de um sistema de


informação que assegura a coleta, o registro, a acumulação e o tratamento
dos eventos, assim como a produção de informações de caráter financeiro e
não financeiro”.

80
Capítulo 4 Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas

Ainda segundo Rosa (2006, p. 11), “o sistema contábil objetiva capturar dados
quantitativos e qualitativos, armazenar e organizar os dados em informação útil e
transformá-la em conhecimento que pode ser comunicado a toda organização”.

É muito importante que as empresas tenham um sistema de informações para


auxiliar na administração. Visando às vantagens dos sistemas de informações,
como acesso fácil a informação e fiscalização, unificação de todos os bancos de
dados, entre outros motivos, o Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, institui o
Sistema Público de Escrituração Digital – SPED. Segundo o art. 2º deste decreto:

O SPED é instrumento que unifica as atividades de recepção,


validação, armazenamento e autenticação de livros e
documentos que integram a escrituração contábil e fiscal
dos empresários e das pessoas jurídicas, inclusive imunes
ou isentas, mediante fluxo único, computadorizado, de
informações.

Isto é, o SPED irá concentrar informações contábeis e fiscais, devendo estas


informações ser emitidas de forma eletrônica. A lei esclarece ainda que esta
obrigação não deixa o empresário ou as pessoas jurídicas imunes ou isentas da
responsabilidade em manter os livros e documentos sob sua guarda, nos prazos
e forma previstos na legislação. O SPED é composto por cinco subprojetos,
conforme a figura a seguir.

Figura 2 – Subprojetos do SPED

Fonte: Disponível em: <http://www.sped.fazenda.pr.gov.br/modules/


conteudo/conteudo.php>. Acesso em: 28 mar. 2018.
81
OBRIGAÇÕES LEGAIS

A implantação deste software pode seguir a teoria da melhoria contínua, que


se trata de planejar, executar, verificar e revisar. No próximo tópico esta teoria
será apresentada. Por ora, é importante esclarecer que o empresário deverá
consultar o seu contador, para que juntos possam analisar quais as obrigações
acessórias devem realizar, conforme atividade e porte da empresa. O software do
SPED fica geralmente na responsabilidade do contador, no escritório contábil ou
no setor de contabilidade da empresa, porém, mesmo quando o SPED é enviado
pelo contador, informações tais como controle de estoque, compra e venda, nota
fiscal eletrônica, são informações de domínio da empresa.

Segundo Silva, Silva e Moraes (2013), o SPED Contábil ou Escrituração Contábil


Digital – ECD objetiva substituir os livros da escrituração mercantil e por isso deve
conter: Diário Geral; Diário com Escrituração Resumida (vinculado a um livro auxiliar);
Diário Auxiliar; Razão Auxiliar; e Livro de Balancetes Diários e Balanços.

Ficam obrigadas a transmitir o SPED Contábil ou ECD, segundo Instrução


Normativa RFB nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013:

I - as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real;


II - as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro
presumido, que distribuírem, a título de lucros, sem incidência
do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), parcela dos
lucros ou dividendos superior ao valor da base de cálculo do
Imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que
estiver sujeita;
III - as pessoas jurídicas imunes e isentas que, em relação aos
fatos ocorridos no ano calendário, tenham sido obrigadas à
apresentação da Escrituração Fiscal Digital das Contribuições,
nos termos da Instrução Normativa RFB nº 1.252, de 1º de
março de 2012;
IV – as Sociedades em Conta de Participação (SCP), como
livros auxiliares do sócio ostensivo.

As empresas que transmitirem a ECD ficam dispensadas de imprimir os livros


contábeis e registrar na Junta Comercial.

Para mais informações como legislação e downloads relacionados


ao SPED, acesse: <http://sped.rfb.gov.br/projeto/show/273>.

82
Capítulo 4 Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas

O SPED Fiscal ou Escrituração Fiscal Digital – AFD tem como objetivo unir os
registros de operação dos impostos, visando principalmente ao interesse do fisco.
Esta escrituração substitui os seguintes livros: Registro de Entradas; Registro de
Saídas; Registro de Inventário; Registro de Apuração do IPI; Registro de Apuração
do ICMS (SILVA; SILVA; MORAES, 2013).

Atividades de Estudos:

1) Com base na leitura realizada sobre SPED, escreva como você


acredita que este instrumento poderá contribuir para a fiscalização
no país.
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____________________________________________________
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____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) O SPED irá substituir diversos livros que as empresas são


obrigadas a fazer, tais como Livro Diário, Livro Razão e Balancetes.
Com isso, as empresas são ainda obrigadas a imprimir os livros,
registrar na Junta Comercial e manter arquivado?
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____________________________________________________
____________________________________________________
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A EFD-Contribuições visa realizar a escrituração da Contribuição PIS/Pasep


e Cofins, conforme o regime (não cumulativo e/ou cumulativo), a receita auferida
e os custos. Assim como os anteriores, deverá ser validado, assinado digitalmente
e transmitido via internet. É obrigatório, conforme Instrução Normativa RFB nº
1.252, de 1º de março de 2012, para os seguintes casos:

83
OBRIGAÇÕES LEGAIS

I - em relação à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins,


referentes aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de
janeiro de 2012, as pessoas jurídicas sujeitas à tributação do
Imposto sobre a Renda com base no Lucro Real;
II - em relação à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins,
referentes aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de julho
de 2012, as demais pessoas jurídicas sujeitas à tributação
do Imposto sobre a Renda com base no Lucro Presumido ou
Arbitrado;
III - em relação à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins,
referentes aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de
janeiro de 2013, as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6º, 8º e
9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, e na
Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983;
IV - em relação à Contribuição Previdenciária sobre a Receita,
referente aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de março
de 2012, as pessoas jurídicas que desenvolvam as atividades
relacionadas nos arts. 7º e 8º da Medida Provisória nº 540, de 2
de agosto de 2011, convertida na Lei nº 12.546, de 2011;
V - em relação à Contribuição Previdenciária sobre a Receita,
referente aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de abril
de 2012, as pessoas jurídicas que desenvolvam as atividades
relacionadas nos §§ 3º e 4º do art. 7º e nos incisos III a V do
caput do art. 8º da Lei nº 12.546, de 2011.

O CT-E Conhecimento de Transporte Eletrônico é um documento fiscal


instituído pelo SINIEF 09/07, de 25 de outubro de 2007, e poderá substituir os
seguintes documentos:

I - Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas, modelo


8;
II - Conhecimento de Transporte Aquaviário de Cargas, modelo
9;
III - Conhecimento Aéreo, modelo 10;
IV - Conhecimento de Transporte Ferroviário de Cargas,
modelo 11;
V - Nota Fiscal de Serviço de Transporte Ferroviário de Cargas,
modelo 27;
VI - Nota Fiscal de Serviço de Transporte, modelo 7, quando
utilizada em transporte de cargas.
§ 1º Considera-se Conhecimento de Transporte Eletrônico –
CT – e o documento emitido e armazenado eletronicamente,
de existência apenas digital, com o intuito de documentar
prestações de serviço de transporte de cargas, cuja validade
jurídica é garantida pela assinatura digital do emitente e pela
autorização de uso de que trata o inciso III da cláusula oitava.
§ 2º O documento constante do caput também poderá ser
utilizado na prestação de serviço de transporte de cargas
efetuada por meio de dutos.

84
Capítulo 4 Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas

Para mais informações, como legislação e downloads


relacionados ao CT-E, acesse: <http://www.cte.fazenda.gov.br/portal>.

As informações
Segundo Brasil (2018, s.p.), no site do Governo Federal, o constantes vão
desde informações
E-Social é “um projeto do Governo Federal e um instrumento de
da relação entre
unificação da prestação das informações referentes à escrituração das empregado e
obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas” e tem como finalidade empregador,
“padronizar sua transmissão, validação, armazenamento e distribuição, como admissão,
constituindo um ambiente nacional”. afastamento, aviso
prévio, acidente
de trabalho, até
As informações constantes vão desde informações da relação
as informações da
entre empregado e empregador, como admissão, afastamento, folha de pagamento,
aviso prévio, acidente de trabalho, até as informações da folha de contribuições
pagamento, contribuições previdenciárias, entre outras (SILVA; SILVA; previdenciárias, entre
MORAES, 2013). outras (SILVA; SILVA;
MORAES, 2013).

Para mais informações, como legislação e downloads relacionados


ao e-Social, acesse: <http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/1507>.

A figura a seguir apresenta a forma de integração do SPED com o contribuinte


e a Secretaria de Estado da Fazenda.

85
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Figura 3 – Escrituração fiscal

Fonte: Disponível em: <http://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2012/09/


sped-fiscal-o-que-e-e-como-funciona.html>. Acesso em: 28 mar. 2018.

Outro assunto que devemos falar ao mencionar as mudanças trazidas na


contabilidade e nas empresas com a informática se refere às Notas Fiscais
Eletrônicas – NF-E. Segundo Brasil (2018, s.p.),

[...] a nota fiscal eletrônica tem validade em todos os estados


da Federação e já é uma realidade na legislação brasileira
desde outubro de 2005, com a aprovação do Ajuste SINIEF
07/05, que instituiu nacionalmente a Nota Fiscal Eletrônica e o
Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica – DANFE.

Para mais informações, como legislação e downloads relacionados


a NF-E, acesse: <http://www.nfe.fazenda.gov.br/portal/principal.aspx>.

86
Capítulo 4 Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas

Brasil (2018) apresenta uma série de benefícios para o uso da NF-E,


demonstrados no Quadro a seguir.

BENEFÍCIOS DO USO DA NOTA FISCAL ELETRÔNICA – NF-E

Para os emitentes da Nota Fiscal Eletrônica (vendedores)


podemos citar os seguintes benefícios:

• Redução de custos de impressão do documento fiscal, uma vez


que o documento é emitido eletronicamente; 
• Redução de custos de aquisição de papel, pelos mesmos motivos
expostos acima; 
• Redução de custos de armazenagem de documentos fiscais; 
• GED – Gerenciamento Eletrônico de Documentos;
• Simplificação de obrigações acessórias;
• Redução de tempo de parada de caminhões em Postos Fiscais
de Fronteira;
• Incentivo a uso de relacionamentos eletrônicos com clientes
(B2B).

Para as empresas destinatárias de Notas Fiscais


(compradoras), podemos citar os seguintes benefícios:

• Eliminação de digitação de notas fiscais na recepção de


mercadorias, uma vez que poderá adaptar seus sistemas para
extrair as informações, já digitais, do documento eletrônico
recebido. Isso pode representar redução de custos de mão de
obra para efetuar a digitação, bem como a redução de possíveis
erros de digitação de informações; 
• Planejamento de logística de recepção de mercadorias pelo
conhecimento antecipado da informação da NF-e, pois a
previsibilidade das mercadorias a caminho permitirá prévia
conferência da Nota Fiscal com o pedido, quantidade e preço,
permitindo, além de outros benefícios, o uso racional de docas e
áreas de estacionamento para caminhões; 
• Redução de erros de escrituração devido à eliminação de erros
de digitação de notas fiscais;
• GED – Gerenciamento Eletrônico de Documentos, conforme os
motivos expostos nos benefícios das empresas emitentes;
• Incentivo a uso de relacionamentos eletrônicos com fornecedores
(B2B), pelos motivos já expostos anteriormente.
87
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Benefícios para a sociedade:

• Redução do consumo de papel, com impacto positivo em termos


ecológicos; 
• Incentivo ao comércio eletrônico e ao uso de novas tecnologias; 
• Padronização dos relacionamentos eletrônicos entre empresas; 
• Surgimento de oportunidades de negócios e empregos na
prestação de serviços ligados a NF-e. 

Benefícios para os contabilistas:

• Facilitação e simplificação da Escrituração Fiscal e contábil;


• GED – Gerenciamento Eletrônico de Documentos, conforme os
motivos expostos nos benefícios das empresas emitentes;
• Oportunidades de serviços e consultoria ligados à NF-e.

Benefícios para o fisco:

• Aumento na confiabilidade da Nota Fiscal;


• Melhoria no processo de controle fiscal, possibilitando um melhor
intercâmbio e compartilhamento de informações entre os fiscos;
• Redução de custos no processo de controle das notas fiscais
capturadas pela fiscalização de mercadorias em trânsito;
• Diminuição da sonegação e aumento da arrecadação sem
aumento de carga tributária;
• GED – Gerenciamento Eletrônico de Documentos, conforme os
motivos expostos nos benefícios das empresas emitentes;
• Suporte aos projetos de escrituração eletrônica contábil e fiscal da
Secretaria da Receita Federal e demais Secretarias de Fazendas
Estaduais (Sistema Público de Escrituração Digital – SPED).

Fonte: Brasil (2018, s.p.).

Observação: A Nota Fiscal Eletrônica de Serviço é de responsabilidade de


cada prefeitura. O sistema visa apurar o Imposto Sobre Serviços de Qualquer
Natureza (ISS).

88
Capítulo 4 Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas

BUROCRACIA: EMPRESAS TENTAM SE ADAPTAR


A REGRAS QUE MUDAM TODO DIA

[...] a exigência de documentos diferentes com a mesma


informação multiplica a burocracia na vida das empresas.

“Aqui nós temos a GIA e o SPED Fiscal. Ambas declaram o valor de


ICMS devido pela empresa. Poderiam ser uma só. Aqui temos a DACON
e o SPED Contribuições. Ambas declaram o PIS e Cofins devido pelas
empresas. Poderiam ser uma só”, aponta Richard Domingos, contador.

É tanta sigla, tanto documento, tanta regra que até quem é


profissional da papelada se atrapalha. Com quatro anos de faculdade,
vários anos de trabalho, contadores voltam para a sala de aula para
estudar a nossa burocracia.

Na área de contabilidade, biblioteca vira logo museu. “Todos os


dias tem mudança, todos os dias tem legislação nova, então você tem
que fazer para poder acompanhar”, comenta a contadora Maria Amélia
Yamaga. Por isso, um escritório de contabilidade tem uma equipe que
vasculha a internet todo santo dia para saber o que mudou. [...]

Mas, se alguém quisesse realmente acompanhar todas as


mudanças na área tributária, não faria outra coisa na vida. Porque, na
média, o Brasil ganha uma nova regra por hora. Nessa conta, o Instituto
Brasileiro de Planejamento Tributário considera as normas de todas as
cidades, estados e da União. Fica caro e complicado pagar imposto.

Segundo o Banco Mundial, uma empresa de porte médio no


Brasil gasta 2.600 horas por ano calculando, preenchendo formulários
e pagando imposto. É muito mais do que em outros importantes
países emergentes. No Brasil, o ICMS – Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços – é um para cada estado. E alguns setores
sofrem com isso. [...]

“Na percepção do investidor e do empreendedor, a burocracia


entra principalmente como aumento de custo e um dificultador dos seus
negócios. Uma burocracia bem preparada é necessária para controlar
as ações dos cidadãos, das empresas, a economia, mas o excesso
que temos no Brasil é altamente prejudicial”, comenta Robson Braga de
Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria. [...]

Fonte: Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/201


3/11/burocracia-empresas-tentam-se-adaptar-regras-que-
mudam-todo-dia.html>. Acesso em: 19 fev. 2018.

89
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Por fim, muitos outros softwares são importantes e eficazes para que
a contabilidade fiscal e gerencial possa ser realizada. Além das obrigações
acessórias e notas fiscais emitidas. Salientamos mais uma vez a importância
de informar-se com o contador responsável pela sua empresa para que possam
tomar as melhores decisões possíveis.

Gestão Estratégica: Sistema de


Gestão Ambiental – SGA (ISO 14000)
Hoje, as empresas Hoje, as empresas necessitam considerar as questões relacionadas
necessitam
ao meio ambiente, conforme vimos no Capítulo 3. Seja por causa dos
considerar
as questões clientes e fornecedores, seja pela legislação, ou uma questão cultural e
relacionadas ao estratégica da empresa.
meio ambiente
Segundo Boechat e Paro (2007, p. 13), “é nas principais
características de seu negócio principal – sua atividade básica – e nas
estratégias desenvolvidas para ter sucesso neste negócio que se concentra a
responsabilidade primordial da empresa”. Isto é, a empresa deve empenhar-se
em realizar a sua atividade principal de forma sustentável, pois, se a sua atividade
principal não for sustentável, pouco efeito terão ações compensatórias paralelas.

A empresa que visa à sustentabilidade deve incluir estas questões no


seu planejamento estratégico, se posicionando e alinhando os seus objetivos,
missão, visão e metas de forma a incluir o desenvolvimento sustentável, porém,
dependendo da empresa, do tamanho, da atividade e da política da empresa, da
legislação, o acúmulo de informações pode tornar a gestão prejudicada. Por isso,
sugere-se às empresas que visam à sustentabilidade, o uso de um Sistema de
Gestão Ambiental (SGA). Além disso, se a empresa pretende obter determinado
selo ou certificação, o SGA irá possibilitar e facilitar o processo.

O primeiro passo para a implantação do SGA é o planejamento, e neste


momento torna-se necessário que a empresa saiba onde está inserida e quais as
demandas e necessidades socioambientais da região. A figura a seguir apresenta
o ambiente no qual a empresa está inserida.

90
Capítulo 4 Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas

Figura 4 – Ambiente em que a empresa está inserida

Fonte: Adaptado de Lopes, Queiroz e Reis (2012).

O SGA inclui, segundo Ferreira (2015, p. 48), a “estrutura organizacional,


atividades de planejamento, responsabilidade, práticas, procedimentos,
processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente
e manter a política ambiental”. O SGA pode ser dividido em: certificação; norma
ISO (International Organization for Standardization – Organização Internacional
de Normalização) 14001; e auditoria ambiental, conforme a figura a seguir.

Figura 5 – Subdivisões do SGA

Fonte: Adaptado de Ferreira (2015).

91
OBRIGAÇÕES LEGAIS

A certificação é A certificação é uma avaliação que determina a qualidade


uma avaliação de um determinado produto, serviço ou profissional, baseado na
que determina conformidade. Existem no Brasil e no mundo diversas certificadoras,
a qualidade de que são, geralmente, organizações independentes (FERREIRA, 2015).
um determinado
produto, serviço
ou profissional, A avaliação da conformidade pode ser realizada em produtos,
baseado na processos, serviços ou profissionais que possuem o objetivo de obter
conformidade. determinado grau de confiança, atendendo a requisitos, normas,
regulamentações, enfim, a exigência que couber, visando tanto a
informar quanto a proteger o consumidor quanto à saúde, segurança e ambiente
(FERREIRA, 2015).

Segundo Ferreira (2015, p. 45), a avaliação de conformidade propicia “a


concorrência justa, estimulando a melhoria contínua da qualidade e facilitando o
comércio internacional e fortalecendo o mercado interno”.

Assim, existem diversos selos ambientais, verdes, ecológicos, tais como, “eco-
selos”, “eco-rótulos”, “eco-etiquetas”, agroecológicos, e outras nomenclaturas. No
entanto, é necessário ter clareza sobre o que estes selos representam. Conforme
Ferreira (2015, p. 49):

A rotulagem ambiental, portanto, consiste na atribuição de


um selo ou rótulo a um serviço ou produto que contenha
expressamente uma informação acerca dos seus aspectos
ambientais, tendo como objetivo central a proteção do meio
ambiente, a inovação ambientalmente saudável das indústrias
e, por fim, o desenvolvimento da consciência ambiental dos
consumidores, que, cientes desse cenário, podem exigir e
por vezes escolher outros produtos e serviços com impactos
ambientais reduzidos e/ou compensados no decorrer de todo
o processo.

Ferreira (2015) esclarece ainda que a Rotulagem Ambiental está atrelada


aos consumidores e a Certificação Ambiental está atrelada às indústrias.

Salientamos a Salientamos a importância de o empresário não encarar os


importância de recursos utilizados na implantação e certificação do SGA como
o empresário um custo, e sim, como um investimento. Pois, na medida em que a
não encarar os
implantação do SGA surgir, haverá oportunidades para a redução de
recursos utilizados
na implantação e custos (LOPES; QUEIROZ; REIS, 2012).
certificação do SGA
como um custo,
e sim, como um
investimento.

92
Capítulo 4 Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas

Segundo Ferreira (2015), dentre as normas mais populares da


ISO, destacam-se:

• ISO 9000 de gestão de qualidade;


• ISO 14000 de gestão ambiental;
• ISO 3166 dos códigos de país;
• ISO 2600 de responsabilidade social;
• ISO 50001 de gestão de energia;
• ISO 31000 de gestão de risco;
• ISO 22000 de gestão da segurança alimentar.

A série ISO 14000 foi desenvolvida pelo Comitê Técnico 207 da ISO (ISO TC-
207). Conforme Lopes, Queiroz, Reis (2012, p. 149), são “um conjunto de normas
ou padrões de gerenciamento ambiental, de caráter voluntário, que podem ser
utilizadas pelas empresas para demonstrar que possuem e operam um sistema
de gestão ambiental”.

Ainda segundo Lopes, Queiroz e Reis (2012, p. 149), as normas focam nos
seguintes aspectos:

a) Sistema de Gerenciamento Ambiental;


b) Auditoria ambiental e investigações relacionadas;
c) Rotulagem e declarações ambientais;
d) Avaliação de desempenho ambiental;
e) Termos e definições.

Os autores Lopes, Queiroz e Reis (2012, p. 149) apresentam também os


principais objetivos das normas ISO 14000, são eles:

a) Proporcionar meios ou condições para um melhor


gerenciamento ambiental;
b) Serem aplicáveis a todos os países;
c) Promoverem, da forma mais abrangente possível, a
harmonia entre o interesse público e os dos usuários das
normas;
d) Permitirem atender as diferentes necessidades das
organizações em todo mundo, independentemente do seu
tamanho;
e) Possuírem uma base científica;
f) Serem práticas, úteis e utilizáveis.

93
OBRIGAÇÕES LEGAIS

A indústria têxtil possui grande relevância para o Estado de Santa


Catarina. Por isso, para instruções referentes à sustentabilidade
ambiental na indústria têxtil, recomendamos a seguinte bibliografia:

LEÃO, Mônica Maria Deniz et al. Controle ambiental na


indústria têxtil: acabamento de malhas. Belo Horizonte: Minas
Ambiente, 2002.

Para instruções referentes à gestão de recursos hídricos na


indústria têxtil:

ARAÚJO, Alessandra Rodrigues Machado de. Gestão dos


recursos hídricos: uma investigação na indústria têxtil catarinense.
2017. 120 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Pós-graduação em
Contabilidade, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2017. Disponível em: <http://tede.ufsc.br/teses/PPGC0145-D.pdf>.
Acesso em: 19 fev. 2018.

Agora que sabemos o que é um SGA e o que são as normas e certificações,


tais como ISO, vamos conhecer quais são os elementos-chave de um SGA
baseado na Norma ISO 14001, segundo Lopes, Queiroz e Reis (2012):

• Política Ambiental: aborda tanto a política ambiental, quanto as metas e


objetivos para cumprir.
• Planejamento: inclui a análise de todos os aspectos ambientais da
empresa.
• Implementação e operação: inclui a implementação dos processos
visando a melhoria nos aspectos ambientais.
• Verificação e ação corretiva: a verificação deve ser feita periodicamente
através da medição dos processos que objetivam a sustentabilidade
ambiental. No caso de algo não fluir como o planejado, então, uma ação
corretiva será necessária.
• Análise crítica pela administração: uma análise crítica deverá ser
realizada pela administração, visando assegurar-se quanto à adequação
e efetividade do sistema.
• Melhoria contínua: componente chave para o SGA e, por isso,
exploraremos mais este elemento.

94
Capítulo 4 Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas

A Norma ISO 14001 visa à melhoria contínua. O conceito de A Norma ISO 14001
melhoria contínua completa o processo do PDCA (Plan, Do, Check, visa à melhoria
Review and Continually Improve – planejamento, implementação, contínua.
verificação, análise crítica e melhoria contínua), pois esta é a
metodologia adotada para implantação da ISO 14000. Esta metodologia também
é conhecida por ciclo de Deming. A figura a seguir demonstra o processo de
melhoria contínua (LOPES; QUEIROZ; REIS, 2012).

Figura 6 – Processo de melhoria contínua

Fonte: Adaptado de Lopes, Queiroz e Reis (2012).

O Brasil pode contar também com a Associação Brasileira de Normas


Técnicas (ABNT) para normas ambientais. Ainda, o Ministério do Meio Ambiente
(MMA) possui diversas ações relacionadas à certificação. Há três normas
principais relacionadas à auditoria ambiental, emitidas pela ABNT, são elas:

• ISO 14010 – Guias para Auditoria Ambiental – Diretrizes Gerais;


• ISO 14011 – Diretrizes para auditoria Ambiental e Procedimentos
para auditoria;
• ISO 14012 – Diretrizes para Auditoria Ambiental – Critérios de
Qualificação.

95
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Não devemos esquecer que estas normas e metodologias servem para


inúmeras instituições, públicas ou privadas, e deverão ser ajustadas conforme a
necessidade e os objetivos da instituição.

Suponha uma organização que gostaria de obter a certificação Leadership in


Energy and Environmental Design (LEED) para Green Building – edifícios verdes.
A organização terá que estudar o tema, quais as leis, normas, resoluções terá
que seguir. Fazer um planejamento sobre o que se pretende alcançar e como se
pretende alcançar. Posteriormente, partir para a execução. Se for um edifício que
já existe, precisa adaptar a edificação, mas, se for um edifício que será iniciado,
então o projeto arquitetônico já terá que visar pela sustentabilidade do edifício.

A próxima etapa relacionada à gestão com vistas à melhoria contínua


refere-se à verificação. Nesta etapa deverão ser estabelecidos critérios de
avaliação, conforme a necessidade e os objetivos. Estes critérios funcionam
como uma checklist, onde um profissional interno da organização deverá avaliar
periodicamente. Para obter a certificação, um profissional da organização, no
caso deste exemplo, da LEED, deverá proceder à avaliação.

Boca Santa (2017) criou em sua dissertação de mestrado um sistema de


avaliação para edifícios sustentáveis, baseado nas principais certificações em
nível nacional e internacional. Vamos apresentar os critérios utilizados para fins
de exemplificação. O quadro a seguir apresenta os critérios de avaliação de um
edifício sustentável.

Quadro 1 – Critérios de avaliação segundo a literatura e certificações


internacionais e certificações e literatura nacional
Literatura Certificações Certificações e
Critérios/Fonte de dados
Internacional Internacionais Literatura Nacional
Seleção do local x x x
Resíduos e poluição x x x
Eficiência energética x x x
Materiais e recursos x x x
Custo e economia x    
Qualidade do ambiente
x x  
interior
Aspectos culturais x    
Eficiência da água x x x
Qualidade dos serviços x    
Inovação   x  
Transporte   x  

96
Capítulo 4 Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas

Uso da terra   x x
Canteiro com baixo
x
impacto ambiental    
Conforto ambiental     x
Metodologia de projeto     x

Fonte: Boca Santa (2017).

Assim, com base nestes critérios será criada a lista de verificação. Para cada
item deverá haver quantas questões forem necessárias para checar todas as
exigências necessárias. E assim, tornar-se possível realizar a avaliação. Vamos
tomar como exemplo o critério “Resíduos e Poluição”, o quadro a seguir apresenta
quais as questões possíveis de serem investigadas e avaliadas para este critério.

Quadro 2 – Critérios-chave e subcritérios para avaliação de edifício sustentável


Critérios-chave e subcritérios Sim Não NA Observações
2 RESÍDUOS E POLUIÇÃO        
2.1 c) Gestão de resíduos        
Há estratégias de redução e gestão
2.1.1
de resíduos do edifício?        
Há gestão de resíduos de
2.1.2
construção?        
2.1.3 Há tratamento de resíduos sólidos?        
2.2 d) Controle da poluição        
2.2.3 Há coleta seletiva?        
São realizadas ações de incentivo à
2.2.4
redução da poluição?        

Fonte: Boca Santa (2017).

Assim, o profissional que realizará a avaliação irá preencher a planilha com


as opções Sim, Não ou, ainda, Não se Aplica. Após esta etapa, a avaliação deverá
ser realizada, gerando um índice de sustentabilidade para a edificação.

Para o cálculo do índice de sustentabilidade, seja por critérios, quanto a


global, deve-se utilizar a fórmula a seguir, conforme Pfitscher (2014):

97
OBRIGAÇÕES LEGAIS

A fórmula demonstrada poderá ser aplicada por critério ou ainda de forma


global (soma de todos os critérios). Com o cálculo do índice de sustentabilidade
por critério é possível verificar qual o melhor ou o mais deficitário e que esteja
precisando de maiores ações. Já para o índice global, devem-se levar em
consideração todos os critérios (BOCA SANTA, 2017).

Com posse dos índices, o quadro a seguir deverá ser consultado para
acompanhamento dos índices, porém, salientamos que este quadro foi criado
para avaliar edifícios, com base em Pfitscher (2014). Cada empresa deverá
adequar-se às suas necessidades.

Quadro 3 - Resultado dos índices de sustentabilidade


Resultado Sustentabilidade Desempenho: Controle, incentivo, estratégia
Fraco, o edifício pode causar danos ao meio
Inferior a 50% Deficitário ambiente, no entanto, pode possuir algumas
práticas sustentáveis.
Médio, atende à legislação e possui algumas
Entre 51 e 70% Regular
práticas sustentáveis.
Alto, o edifício possui práticas sustentáveis e visa
Mais de 71% Adequado
pela valorização ambiental.

Fonte: Pfitscher (2014) e Boca Santa (2017).

Após a etapa da
verificação, da Após a etapa da verificação, da geração dos índices de
geração dos índices sustentabilidade, haverá como resultados o percentual de
de sustentabilidade, sustentabilidade de cada indicador e o global. Com isso, será possível
haverá como
observar quais os critérios necessitam de ajustes e revisão por parte da
resultados o
percentual de gestão.
sustentabilidade de
cada indicador e o Na última etapa do ciclo, a revisão pela gestão, sugere-se a
global. elaboração de um Plano Resumido de Gestão. Neste plano deverá
constar o critério analisado, a ação que deverá ser desenvolvida, os
motivos, quando, como, quanto custa, entre outros dados que a empresa julgar
necessário.

98
Capítulo 4 Ferramentas de Gestão para Pequenas Empresas

Atividade de Estudos:

1) A Norma ISO 14001 visa pela melhoria contínua. Explique como


funciona o processo de melhoria contínua.
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2) O que é uma lista de verificação e para que serve?


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Algumas Considerações
Neste capítulo pudemos aprender a gestão estratégica da informação
contábil com o uso dos sistemas de informação. Além do mais, conhecemos o
Sistema Público de Escrituração Digital – SPED e aprendemos que ele foi criado
por diversos motivos, como unificar as informações, facilitar a fiscalização e
reduzir a burocracia.

Conhecemos também as estratégias de gestão ambiental, com o uso do


Sistema de Gestão Ambiental – SGA, que deve estar alinhado ao planejamento
estratégico da empresa. A implantação de um SGA exige um processo de
melhoria contínua, onde a empresa deve constantemente reavaliar os processos
e buscando melhorias.

Concluímos, portanto, que as empresas têm muitas obrigações contábeis,


fiscais, e ainda vêm cada vez mais exigidas para que, juntamente com a sociedade
onde estejam implantadas, se desenvolvam de forma sustentável. Porém, mesmo
com tantas obrigações, existem, hoje ferramentas, como a contabilidade e os
sistemas de informações, que podem auxiliar, contribuindo de forma eficaz no
processo de gestão.

99
OBRIGAÇÕES LEGAIS

Referências
BOCA SANTA, Stephane L. Avaliação de edifícios sustentáveis em
instituições de ensino superior públicas federais: proposição de um modelo
baseado em sistemas gerenciais de avaliação socioambiental. 2017. 123 f.
Dissertação (Mestrado) – Curso de Ciências Contábeis, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2017.

BOECHAT, Cláudio Bruzzi; PARO, Roberta Mokrejs. Desafios para a


sustentabilidade e o planejamento estratégico das empresas no Brasil. 2.
ed. Nova Lima: Fundação Dom Cabral, 2007.

BRASIL. Receita Federal do Brasil. ESocial: O que é. 2018. Disponível em:


<http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/1507>. Acesso em: 17 fev. 2018.

BRASIL. Instrução Normativa nº 1.420, de 20 de dezembro de 2013.


Escrituração Contábil Digital (ECD). Brasília.

BRASIL. Instrução Normativa nº 1252, de 3 de março de 2012. Escrituração


Contábil Digital (ECD). Brasília.

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OLEIRO, Walter Nunes; DAMEDA, André das Neves; VICTOR, Fernanda


Gomes. O uso da informação contábil na gestão de micro e pequenas empresas
atendidas pelo programa de extensão empresarial NEE/FURG. Revista do
Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis – Iceac, Rio
Grande, v. 11, n. 1, p. 37-47, maio 2017.

SILVA, Adriella Fernanda Miranda da; SILVA, Fernando Linhares da; MORAES,
Luciana Silva. O Impacto do Sped e as Novas Obrigações Acessórias nos
Escritórios Contábeis na Cidade de Barreiras-Bahia. Revista Científica Semana
Acadêmica, São Francisco de Barreiras, v. 1, n. 1, p.1-24, jul. 2013.

PFITSCHER, Elisete D. Avaliação de Sustentabilidade: Evolução de um


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ROSA, Fabrícia S. Da, 3., 2006, Niterói. A contabilidade da Informação: A gestão


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STAIR, Ralph M. Sistemas de Informação. Uma abordagem gerencial. 2. ed.


Rio de Janeiro. LTC Livros Técnicos e Científicos S.A., 1998.

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