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TEORIA DA EMPRESA

PROFª MSC. BRUNA BRASIL


AULA 07
EMRPESÁRIOS INDIVIDUAIS
1 – MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL – MEI
O microempreendedor é um instrumento jurídico surgido com o advento do
artigo 18-A da Lei Complementar nº128/2008, que passou a regular o artigo nº 966 da
Lei nº 10.406/2002 (Código Civil), utilizando um novo parâmetro de contribuição
tributária, configurado pelo Sistema de Recolhimento de Valores Fixos e Mensais dos
tributos abrangido pelo Simples Nacional.

Art. 18-A. O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar pelo recolhimento dos
impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais,
independentemente da receita bruta por ele auferida no mês, na forma prevista neste
artigo.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se MEI o empresário individual a que se
refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, que tenha
auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 36.000,00 (trinta e seis
mil reais), optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela
sistemática prevista neste artigo.

OBS: O faturamento anual do MEI em 2023 deve ser de até R$ 81 mil (cerca de R$
6.750/mês)

O MEI é uma nova forma revolucionária e desburocratizante da legislação de


pequenos negócios e serviços e do pagamento de um conjunto de impostos e
contribuições, consoante disposto no artigo 179 da Constituição Federal, objetivando a
regularização de muitos dos trabalhadores que ainda exercem suas atividades na
informalidade.
Na Constituição Federal:
Art.170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às
microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento
jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou
redução destas por meio de lei.

A partir da leitura desses artigos é possível observar que a Constituição de 1988


prevê um tratamento diferenciado, favorecido e simplificado para as micro e pequenas
empresas, visando assegurar um melhor tratamento como forma de incentivo para o
desenvolvimento em território nacional e existindo uma certa presença do Estado para a
garantia e manutenção da ordem econômica e financeira no que diz respeito a
regulamentação e disposição tanto da ME como da EPP
Todavia, a falta de regulamentação impede o desenvolvimento econômico das já
existentes e enquadramento de novos empreendedores. A Lei do Simples Nacional teve
o objetivo de sua promulgação à simplicidade na área fiscal, unificados os tributos da
esfera federal.
Dentre as exigências para poder se tornar MEI, temos:
a) Não pode ter sócio ou sócia na pequena empresa que deseja formalizar;
b) Não pode ser titular, sócio ou administrador de outra empresa, ser sócio de
sociedade empresária de natureza contratual ou administrador de sociedade
empresária, sócio ou administrador em sociedade simples;
c) A empresa não pode ter filial;
d) O MEI deve ter no máximo um empregado ou empregada, que receba no máximo
um salário-mínimo ou o piso da categoria, quando existir;
e) Deverá exercer uma das ocupações econômicas que são permitidas como MEI.
Essas ocupações estão previstas no Anexo XI, da Resolução CGSN nº 140, de 2018.
f) Não ser servidor público em atividade (a lei fala em funcionário público federal,
mas tal vedação aplica-se aos funcionários públicos estaduais, distritais e municipais
também)

Ao se formalizar como MEI o negócio em si passa a ter uma série de vantagens:


a) Terá um CNPJ;
b) Ficará isento(a) de todas as taxas para registro da empresa;
c) Pagará poucos tributos, com valores fixos mensais (INSS, ICMS e/ou ISS);
d) Pode começar a funcionar imediatamente, sem alvará ou licença-Formalização feita
inteiramente pela internet (trata-se da dispensa de alvará de funcionamento nos casos de
negócios classificados como “de baixo risco”)
e) Poderá emitir notas fiscais;
f) Ganhará maior poder de negociação com fornecedores;
g) Poderá acessar serviços financeiros: conta bancária jurídica, máquina de cartão,
acesso ao crédito entre outros;
h) Poderá vender e prestar serviços para outras empresas e para o governo

Também existem vantagens para o próprio empresário no âmbito


previdenciário:
a) Aposentadoria por idade;
b) Aposentadoria por incapacidade permanente (antiga Aposentadoria por Invalidez);
c) Auxílio-incapacidade (antigo Auxílio-doença)
d) Salário-maternidade
e) Auxílio-reclusão
f) Pensão por morte

Por seu turno, podemos entender como desvantagens do MEI:


a) Imposto Fixo;
Em um primeiro momento essa parece ser unicamente uma vantagem, porém
quando não se tem uma renda por um período, essas taxas podem acumular e deixar o
microempreendedor em uma situação delicada. Por isso, é importante que haja um
planejamento prévio antes de iniciar o seu negócio.
b) Limitação do número de Funcionários;
c) Expansão Limitada (não se pode ter de um sócio e nem outro CNPJ);
d) Limite de Faturamento;
e) Aposentadoria Limitada;
O MEI que quiser se aposentar deverá cumprir alguns requisitos, como
completar a idade mínima (62 anos para mulheres e 65 para homens, conforme a EC nº
103/2019) e ter pelo menos de 15 anos de contribuição. Ou seja, é necessária essa
combinação de fatores para conseguir o benefício. O valor, contudo, é de um salário
mínimo. Para ver esse valor crescer, o microempreendedor precisa fazer o pagamento
diretamente com o INSS.
f) Restrição do Seguro Desemprego
Quem possui um vínculo CLT (carteira de trabalho assinada) com alguma
instituição sabe que em caso de demissão, por exemplo, é possível acionar alguns
direitos, como o Seguro Desemprego. Esse benefício é dado a esses profissionais para
garantir assistência financeira temporária àquele que foi dispensado involuntariamente –
e sem justa causa.
Mas quem é MEI não pode fazer esse tipo de requerimento, já que o serviço que
presta a determinadas empresas não conta com o vínculo celetista. Sendo assim, caso
aquela entidade na qual o microempreendedor presta algum serviço decida encerrar o
contrato, não é possível solicitar esse benefício.
g) Confusão patrimonial

São obrigações do MEI:


a) Pagar uma contribuição mensal (DAS)
O microempreendedor precisa pagar um imposto mensal, que é uma taxa MEI
(chamada DAS MEI) que garante os benefícios que esse profissional tem direito. Os
tributos a serem pagos variam de acordo com as atividades exercidas pela MEI. O
empresário MEI paga, basicamente três impostos através do DAS MEI: INSS – tributo
federal; ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) e ISS (Imposto Sobre
Serviços).
Os valores desse documento de arrecadação são atualizados anualmente,
juntamente com o salário-mínimo e variam de acordo com a atividade comercial.
- Empresas de Comércio e Indústria: R$ 66,10 (R$ 65,10 de INSS + R$ 1 de ICMS);
- Empresas de Serviços: R$ 70,10 (R$ 65,10 de INSS + R$ 5 de ISS);
- Empresas de Comércio e Serviços: R$ 71,10 (R$ 65,10 de INSS + R$ 6 de ICMS e
ISS);
- MEI Caminhoneiro: R$ 162,24 (R$ 156,24 de INSS + R$ 6 de ICMS e ISS).

b) Emitir nota fiscal quando realizar negócios com pessoas jurídicas (para negócios
realizados com pessoas físicas, a emissão de nota fiscal é opcional, com algumas
exceções)
c) Preencher um Relatório Mensal
Apesar de não precisar ser entregue em nenhum órgão, este relatório deve ser
preenchido até o dia 20 do mês seguinte às vendas ou prestações de serviços. Ele
deve ser arquivado, junto com as Notas fiscais de compras e vendas, por um período
mínimo de 5 anos.
Este relatório, além de te ajudar a controlar a média de faturamento mensal,
também facilitará o envio da sua Declaração Anual de Faturamento (DASN), pois ela é
o somatório de todos os relatórios preenchidos durante o ano.
d) Guardar notas fiscais de compra e venda por 5 anos
e) Enviar uma Declaração de Faturamento Anual (DASN)
Declaração de todos os ganhos referentes ao ano anterior. Ou seja, trata-se de
um relatório de faturamento MEI, sem incluir descontos de gastos e despesas do
negócio.
É a documentação necessária para o microempreendedor comprovar a sua
regularização tributária perante a Receita Federal, além de comprovar que os limites de
receita bruta da categoria foram respeitados.
Basicamente, há três informações que devem constar na sua Declaração Anual
MEI 2023: Se houve funcionário registrado durante o período; a receita bruta total
recebida no ano anterior; a receita referente à venda de produtos e/ou serviço, também
no ano anterior.
f) Outras obrigações como limite de compra e pagamento de diferença de alíquota

2 – SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL


As sociedades Limitadas Unipessoais, ao contrário da modalidade pluripessoal
teve sua ascensão no sistema legislativo brasileiro apenas em 2019 por meio da Lei nº
13.874 do mesmo ano, onde o legislador aborda a liberdade econômica, e estabelece
garantias de livre mercado.
As sociedades limitadas de forma geral, têm seu texto normativo regulado pelo
Código Civil de 2002. O diploma legal dispõe dos seus artigos 1052 ao 1058 para tratar
exclusivamente das diretivas que devem ser seguidas aos empresários que almejam
constituir o modelo societário.
Entretanto, até 2019 apenas era possível a constituição da sociedade de forma
pluripessoal, ou seja, com dois ou mais sócios. Desde a Medida Provisória nº 881,
editada em 30 de abril de 2019 e posteriormente convertida na Lei 13.874, de 20 de
outubro de 2019, a visão de pluralidade societária deixou de ser requisito, passando a
ser uma escolha ao empresário que deseja constituir uma sociedade e adotar tal modelo.
Código Civil:
Art. 1.052
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas.
Segundo a Instrução Normativa nº 63/2019 do Departamento Nacional de
Registro Empresarial e Integração (IN/DREI):
A Sociedade Limitada poderá ser composta por uma ou mais pessoas. Quando
for constituída por um único sócio, será denominada Sociedade Limitada unipessoal.
Sem prejuízo do disposto neste Capítulo, a unipessoalidade permitida pelo
parágrafo único do art. 1.052 do Código Civil poderá decorrer de constituição
originária, saída de sócios da sociedade por meio de alteração contratual, bem como
de transformação, fusão, cisão, conversão, etc.
Observações:
(1) Aplicam-se à Sociedade Limitada unipessoal, no que couber, todas as
regras aplicáveis à Sociedade Limitada constituída por dois ou mais sócios de que
trata este Manual de Registro.
(2) O ato constitutivo do sócio único observará as disposições sobre o contrato
social de sociedade limitada

Desta forma, fica clarividente que as normas a serem aplicadas as sociedades


limitadas unipessoais, serão as mesmas que hoje já são aplicadas ao modelo
pluripessoal, tendo apenas algumas particularidades, estas, tópicos que serão discutidos
ao longo do estudo.

OBS: Já não é mais possível abrir empresa no formato Eireli, Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada. A publicação da Lei nº 14.195, de 26 de agosto de 2021,
determinou o fim da Eireli, substituindo-o automaticamente pelo SLU, Sociedade
Limitada Unipessoal

As sociedades limitadas unipessoais, têm em seu conceito o fator especifico que


as difere da modalidade pluripessoal, que é a constituição da pessoa jurídica pela
vontade de apenas um único sócio. De simples conceito, o modelo societário vem ao
ordenamento jurídico com a proposta de alavancar e desburocratizar a abertura
de novas empresas.
Ao possibilitar a abertura de uma empresa por uma única pessoa, sem a amarra
de um segundo sócio, o legislador também deu como garantia ao empresário a
segurança em seu patrimônio particular, pois este não confunde com ao da
sociedade constituída por ele.
Outro fator importante, é a possibilidade do empresário detentor da sociedade
limitada unipessoal, poder constituir em seu nome mais de uma sociedade do mesmo
modelo societário, o que era impossível ao empresário possuidor de uma EIRELI, que
se assemelha no aspecto de unipessoalidade.
Ademais, a figura do empresário individual se via obrigado em outros modelos a
ter sua vontade limitada, como por exemplo com o que ocorre ao MEI, onde seu
faturamento é limitado, o seu regime tributário é ao do simples nacional e não menos
importante sua atividade econômica deveria seguir ao disposto em lei.
Estas limitações impostas aos outros modelos societários unipessoais, deixam
de estar presentes ao das sociedades limitadas unipessoais, ganhando assim um contorno
seguro e dando ao empresário liberdade em operar diversas sociedades em diversos
setores econômicos, criando assim ao empresário autonomia patrimonial para constituir
sua empresa e autonomia ao escolher qual atividade econômica explorar.

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