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º 154
DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número - Kz: 2.040,00
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relativa a anúncio e assinaturas do «Diário . Ano da República 1.ª e 2.ª série é de Kz: 75.00 e para
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1. […]. 1. […].
2. O Orçamento Geral do Estado é unitário, estima 2. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 128.º
o nível de receitas a obter e fixa os limites de despesas e no n.º 3 do artigo 132.º, as eleições gerais realizam-
autorizadas, em cada ano fiscal, para todos os serviços, -se, preferencialmente, durante a segunda quinzena do
institutos públicos, fundos autónomos e segurança social mês de Agosto do ano em que terminam os mandatos do
e deve ser elaborado de modo que todas as despesas nele Presidente da República e dos Deputados à Assembleia
previstas estejam financiadas. Nacional, cabendo ao Presidente da República definir
3. O Orçamento Geral do Estado apresenta a pre- essa data, nos termos da Constituição e da lei.
visão de verbas a transferir para as Autarquias Locais, ARTIGO 119.º
nos termos da lei. (Competências como Chefe de Estado)
4. A lei define as regras da elaboração, apresentação, a) […];
adopção, execução, fiscalização e controlo do Orçamento b) […];
Geral do Estado. c) […];
5. A execução do Orçamento Geral do Estado obe- d) […];
dece aos princípios da transparência, da boa governação e) […];
e da responsabilização e é fiscalizada pela Assembleia f) […];
Nacional e pelo Tribunal de Contas, nos termos da g) […];
Constituição e da lei. h) […];
ARTIGO 107.º i) […];
(Administração Eleitoral Independente) j) Nomear e exonerar o Governador e os Vice-
Os processos eleitorais são organizados por órgãos -Governadores do Banco Nacional de Angola,
da Administração Eleitoral independentes, cujos princí- nos termos da Constituição e da lei;
pios, mandato, estrutura, composição, funcionamento, k) […];
atribuições e competências são definidos por lei. l) […];
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m) […]; na alínea d) do artigo 121.º, nas alíneas c), d), e), f), g),
n) […]; h), i) e j) do artigo 122.º, todos da Constituição.
o) […]; 5. Os actos do Presidente da República decorrentes
p) […]; da sua competência como Comandante-em-Chefe das
q) […]; Forças Armadas e não previstos nos números anterio-
r) Promulgar a Constituição, as Leis de res, revestem a forma de Directivas, Indicações, Ordens
Revisão Constitucional e as demais leis; e Despachos do Comandante-em-Chefe.
s) […]; 6. Revestem a forma de Despacho Presidencial, os
t) […]; actos administrativos do Presidente da República.
u) […]; ARTIGO 131.º
v) […]. (Vice-Presidente)
b) Designar juízes para o Tribunal Constitucional, tutela administrativa, bem como o dever de coopera-
nos termos da Constituição e da lei; ção da Administração independente com o Titular do
c) […]; Poder Executivo.
d) […]; 3. As entidades administrativas independentes são
e) Nomear, colocar, transferir e promover criadas por lei.
os magistrados judiciais, nos termos da 4. A organização, o funcionamento, as funções das
Constituição e da lei; entidades administrativas independentes e as suas espé-
f) […]; cies são estabelecidos por lei.
g) Apresentar ao Executivo a proposta orçamen- 5. […].
tal e representar os Tribunais da Jurisdição ARTIGO 213.º
Comum no processo de discussão e elabora- (Órgãos autónomos do poder local)
ção do Orçamento Geral do Estado; 1. A organização democrática do Estado, ao nível
h) Supervisionar a execução orçamental dos
local, estrutura-se com base no princípio da descen-
Tribunais de Jurisdição Comum, nos termos
tralização político-administrativa, que compreende a
da Constituição e da lei;
existência de formas organizativas do poder local, nos
i) Fazer a gestão do pessoal dos Tribunais de
Jurisdição Comum. termos da Constituição e da lei.
2. […]. 2. […].
3. Os Juízes Presidentes dos Tribunais Constitucional, 3. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, a prosse-
de Contas e do Supremo Tribunal Militar, participam cução das atribuições e o exercício das competências das
como convidados permanentes das sessões do Conselho Autarquias Locais, das instituições do poder tradicional e
Superior da Magistratura Judicial, tendo direito à pala- das demais modalidades específicas de participação dos
vra e não gozando do direito de voto. cidadãos, obedecem aos princípios da desconcentração
4. O mandato dos membros do Conselho Superior administrativa, da legalidade, juridicidade, prossecução
da Magistratura Judicial a que se referem as alíneas a), do interesse público e da protecção dos direitos e interes-
b) e c) do n.º 2 é de cinco anos, renovável uma vez, nos
ses legalmente protegidos dos particulares, da igualdade,
termos da lei.
da participação dos particulares e da tutela administra-
5. Os vogais membros do Conselho Superior da
tiva, nos termos da Constituição e da lei.
Magistratura Judicial, gozam das imunidades atribuí-
das aos Juízes do Tribunal Supremo. ARTIGO 214.º
(Princípio da Autonomia Local)
ARTIGO 192.º
[Revogado] 1. […].
2. A autonomia local comporta as dimensões orga-
ARTIGO 198.º
(Objectivos e princípios fundamentais) nizativa, regulamentar, administrativa, financeira e
patrimonial, definidas por lei.
1. A Administração Pública é estruturada com base
3. O princípio da autonomia local, consagrado no
nos princípios da simplificação administrativa, da aproxi- presente artigo é aplicado a todas as formas organiza-
mação dos serviços às populações e da desconcentração tivas do poder local e executado de acordo com a lei
e descentralização administrativas. competente, sem prejuízo do disposto na Constituição.
2. A Administração Pública prossegue, nos termos 4. Os recursos financeiros das Autarquias Locais
da Constituição e da lei, o interesse público, devendo, compreendem, entre outros, as transferências do Estado,
no exercício da sua actividade, reger-se pelos princípios os impostos, as taxas e outras contribuições fiscais e
da igualdade, legalidade, justiça, proporcionalidade, demais rendimentos, estabelecidos na lei.
imparcialidade, boa administração, probidade, do res- ARTIGO 215.º
peito pelo património público e da responsabilização. [Revogado]
a mesma postura seja a matriz do comportamento dos cida- contígua, na zona económica exclusiva e na plataforma con-
dãos, das forças políticas e de toda a sociedade angolana; tinental, nos termos da lei e do direito internacional.
Assim, invocando e rendendo preito à memória de todos ARTIGO 4.º
(Exercício do poder político)
os heróis e de cada uma das angolanas e dos angolanos que
perderam a vida na defesa da Pátria; 1. O poder político é exercido por quem obtenha legitimi-
Fiéis aos mais altos anseios do povo angolano de estabi- dade mediante processo eleitoral livre e democraticamente
exercido, nos termos da Constituição e da lei.
lidade, dignidade, liberdade, desenvolvimento e edificação
2. São ilegítimos e criminalmente puníveis a tomada e
de um país moderno, próspero, inclusivo, democrático e
o exercício do poder político com base em meios violentos
socialmente justo;
ou por outras formas não previstas nem conformes com a
Comprometidos com o legado para as futuras gerações e
Constituição.
no exercício da nossa soberania;
ARTIGO 5.º
Aprovamos a presente Constituição como Lei Suprema e
(Organização do território)
Fundamental da República de Angola.
1. O território da República de Angola é o historicamente
TÍTULO I definido pelos limites geográficos de Angola, tais como exis-
Princípios Fundamentais tentes a 11 de Novembro de 1975, data da Independência
ARTIGO 1.º Nacional.
(República de Angola) 2. O disposto no número anterior não prejudica as adi-
Angola é uma República soberana e independente, ções que tenham sido ou que venham a ser estabelecidas por
baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade do tratados internacionais.
povo angolano, que tem como objectivo fundamental a 3. A República de Angola organiza-se territorialmente,
construção de uma sociedade livre, justa, democrática, soli- para fins político-administrativos, em Províncias e estas em
dária, de paz, igualdade e progresso social. Municípios, podendo ainda estruturar-se em Comunas e em
ARTIGO 2.º entes territoriais equivalentes, nos termos da Constituição e
(Estado Democrático de Direito)
da lei.
1. A República de Angola é um Estado Democrático de
4. A definição dos limites e das características dos esca-
Direito que tem como fundamentos a soberania popular, o
lões territoriais, a sua criação, modificação ou extinção, no
primado da Constituição e da lei, a separação de poderes e
âmbito da organização político-administrativa, bem como a
interdependência de funções, a unidade nacional, o plura-
organização territorial para fins especiais, tais como econó-
lismo de expressão e de organização política e a democracia
representativa e participativa. micos, militares, estatísticos, ecológicos ou similares, são
2. A República de Angola promove e defende os direitos fixadas por lei.
e liberdades fundamentais do Homem, quer como indivíduo 5. A lei fixa a estruturação, a designação e a progressão
quer como membro de grupos sociais organizados, e asse- das unidades urbanas e dos aglomerados populacionais.
gura o respeito e a garantia da sua efectivação pelos poderes 6. O território angolano é indivisível, inviolável e ina-
legislativo, executivo e judicial, seus órgãos e instituições, lienável, sendo energicamente combatida qualquer acção
bem como por todas as pessoas singulares e colectivas. de desmembramento ou de separação de suas parcelas, não
ARTIGO 3.º podendo ser alienada parte alguma do território nacional ou
(Soberania) dos direitos de soberania que sobre ele o Estado exerce.
1. A soberania, una e indivisível, pertence ao povo, que ARTIGO 6.º
a exerce através do sufrágio universal, livre, igual, directo, (Supremacia da Constituição e Legalidade)
secreto e periódico, do referendo e das demais formas esta- 1. A Constituição é a Lei Suprema da República de
belecidas pela Constituição, nomeadamente para a escolha Angola.
dos seus representantes. 2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na
2. O Estado exerce a sua soberania sobre a totalidade legalidade, devendo respeitar e fazer respeitar as leis.
do território angolano, compreendendo este, nos termos 3. As leis, os tratados e os demais actos do Estado, dos
da presente Constituição, da lei e do direito internacional, Órgãos do Poder Local e dos entes públicos em geral só são
a extensão do espaço terrestre, as águas interiores e o mar válidos se forem conformes à Constituição.
territorial, bem como o espaço aéreo, o solo e o subsolo, o ARTIGO 7.º
fundo marinho e os leitos correspondentes. (Costume)
3. O Estado exerce jurisdição e direitos de soberania É reconhecida a validade e a força jurídica do costume
em matéria de conservação, exploração e aproveitamento que não seja contrário à Constituição nem atente contra a
dos recursos naturais, biológicos e não biológicos, na zona dignidade da pessoa humana.
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Os recursos naturais, sólidos, líquidos ou gasosos existen- 1. São símbolos nacionais da República de Angola a
tes no solo, subsolo, no mar territorial, na zona económica Bandeira Nacional, a Insígnia Nacional e o Hino Nacional.
exclusiva e na plataforma continental sob jurisdição de 2. A Bandeira Nacional, a Insígnia Nacional e o Hino
Angola são propriedade do Estado, que determina as condi- Nacional, símbolos da soberania e da independência nacio-
ções para a sua concessão, pesquisa e exploração, nos termos nais, da unidade e da integridade da República de Angola,
da Constituição, da lei e do Direito Internacional. são os adoptados aquando da proclamação da independência
ARTIGO 17.º nacional, a 11 de Novembro de 1975, e tal como constam da
(Partidos políticos)
Lei Constitucional de 1992 e dos Anexos I, II e III da pre-
1. Os partidos políticos, no quadro da presente Constituição sente Constituição.
e da lei, concorrem, em torno de um projecto de sociedade 3. A lei estabelece as especificações técnicas e as dispo-
e de programa político, para a organização e para a expres- sições sobre a deferência e o uso da Bandeira Nacional, da
são da vontade dos cidadãos, participando na vida política e Insígnia Nacional e do Hino Nacional.
na expressão do sufrágio universal, por meios democráticos ARTIGO 19.º
e pacíficos, com respeito pelos princípios da independência (Línguas)
nacional, da unidade nacional e da democracia política. 1. A língua oficial da República de Angola é o português.
2. A constituição e o funcionamento dos partidos polí- 2. O Estado valoriza e promove o estudo, o ensino e a
ticos devem, nos termos da lei, respeitar os seguintes utilização das demais línguas de Angola, bem como das
princípios fundamentais: principais línguas de comunicação internacional.
a) Carácter e âmbito nacionais; ARTIGO 20.º
(Capital da República de Angola)
b) Livre constituição;
A capital da República de Angola é Luanda.
c) Prossecução pública dos fins;
d) Liberdade de filiação e filiação única; ARTIGO 21.º
(Tarefas fundamentais do Estado)
e) Utilização exclusiva de meios pacíficos na pros-
Constituem tarefas fundamentais do Estado Angolano:
secução dos seus fins e interdição da criação ou
utilização de organização militar, paramilitar ou a) Garantir a independência nacional, a integridade
militarizada; territorial e a soberania nacional;
f) Organização e funcionamento democráticos; b) Assegurar os direitos, liberdades e garantias fun-
g) Representatividade mínima fixada por lei; damentais;
h) Proibição de recebimento de contribuições de c) Criar progressivamente as condições necessárias
para tornar efectivos os direitos económicos,
valor pecuniário e económico, provenientes de
sociais e culturais dos cidadãos;
governos ou de instituições governamentais
d) Promover o bem-estar, a solidariedade social e a
estrangeiros;
elevação da qualidade de vida do povo ango-
i) Prestação de contas do uso de fundos públicos.
3. Os partidos políticos devem, nos seus objectivos, pro- lano, designadamente dos grupos populacionais
grama e prática, contribuir para: mais desfavorecidos;
a) A consolidação da nação angolana e da indepen- e) Promover a erradicação da pobreza;
dência nacional; f) Promover políticas que permitam tornar universais
b) A salvaguarda da integridade territorial; e gratuitos os cuidados primários de saúde;
c) O reforço da unidade nacional; g) Promover políticas que assegurem o acesso uni-
d) A defesa da soberania nacional e da democracia; versal ao ensino obrigatório gratuito, nos termos
e) A protecção das liberdades fundamentais e dos definidos por lei;
direitos da pessoa humana; h) Promover a igualdade de direitos e de oportuni-
f) A defesa da forma republicana de governo e do dades entre os angolanos, sem preconceitos de
carácter laico do Estado. origem, raça, filiação partidária, sexo, cor, idade
4. Os partidos políticos têm direito a igualdade de trata- e quaisquer outras formas de discriminação;
mento por parte das entidades que exercem o poder público, i) Efectuar investimentos estratégicos, massivos e
direito a um tratamento imparcial da imprensa pública e permanentes no capital humano, com destaque
direito de oposição democrática, nos termos da Constituição para o desenvolvimento integral das crianças e
e da lei. dos jovens, bem como na educação, na saúde,
6486 DIÁRIO DA REPÚBLICA
na economia primária e secundária e noutros local de nascimento, religião, convicções políticas, ideoló-
sectores estruturantes para o desenvolvimento gicas ou filosóficas, grau de instrução, condição económica
auto-sustentável; ou social ou profissão.
j) Assegurar a paz e a segurança nacional; ARTIGO 24.º
k) Promover a igualdade entre o homem e a mulher; (Maioridade)
l) Defender a democracia, assegurar e incentivar A maioridade é adquirida aos 18 anos.
a participação democrática dos cidadãos e da
ARTIGO 25.º
sociedade civil na resolução dos problemas (Estrangeiros e apátridas)
nacionais;
1. Os estrangeiros e apátridas gozam dos direitos, liber-
m) Promover o desenvolvimento harmonioso e sus-
dades e garantias fundamentais, bem como da protecção do
tentado em todo o território nacional, protegendo
o ambiente, os recursos naturais e o património Estado.
histórico, cultural e artístico nacional; 2. Aos estrangeiros e apátridas são vedados:
n) Proteger, valorizar e dignificar as línguas angolanas a) A titularidade de Órgãos de Soberania;
de origem africana, como património cultural, e b) Os direitos eleitorais, nos termos da lei;
promover o seu desenvolvimento, como línguas c) A criação ou participação em partidos políticos;
de identidade nacional e de comunicação; d) Os direitos de participação política, previstos por
o) Promover a melhoria sustentada dos índices de lei;
desenvolvimento humano dos angolanos; e) O acesso à carreira diplomática;
p) Promover a excelência, a qualidade, a inovação, o f) O acesso às forças armadas, à polícia nacional e aos
empreendedorismo, a eficiência e a modernidade Órgãos de Inteligência e de Segurança;
no desempenho dos cidadãos, das instituições e g) O exercício de funções na Administração Directa
das empresas e serviços, nos diversos aspectos do Estado, nos termos da lei;
da vida e sectores de actividade; h) Os demais direitos e deveres reservados exclusiva-
q) Outras previstas na Constituição e na lei. mente aos cidadãos angolanos pela Constituição
TÍTULO II e pela lei.
Direitos e Deveres Fundamentais 3. Aos cidadãos de comunidades regionais ou culturais
de que Angola seja parte ou a que adira, podem ser atribuí-
CAPÍTULO I dos, mediante convenção internacional e em condições de
Princípios Gerais
reciprocidade, direitos não conferidos a estrangeiros, salvo
ARTIGO 22.º a capacidade eleitoral activa e passiva para acesso à titulari-
(Princípio da Universalidade)
dade dos Órgãos de Soberania.
1. Todos gozam dos direitos, das liberdades e das garan-
ARTIGO 26.º
tias constitucionalmente consagrados e estão sujeitos aos (Âmbito dos direitos fundamentais)
deveres estabelecidos na Constituição e na lei.
1. Os direitos fundamentais estabelecidos na presente
2. Os cidadãos angolanos que residam ou se encontrem
Constituição não excluem quaisquer outros constantes das
no estrangeiro gozam dos direitos, liberdades e garantias e
leis e regras aplicáveis de direito internacional.
da protecção do Estado e estão sujeitos aos deveres consa-
grados na Constituição e na lei. 2. Os preceitos constitucionais e legais relativos aos
3. Todos têm deveres para com a família, a sociedade e o direitos fundamentais devem ser interpretados e integra-
Estado e outras instituições legalmente reconhecidas e, em dos de harmonia com a Declaração Universal dos Direitos
especial, o dever de: do Homem, a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos
a) Respeitar os direitos, as liberdades e a propriedade Povos e os tratados internacionais sobre a matéria, ratifica-
de outrem, a moral, os bons costumes e o bem dos pela República de Angola.
comum; 3. Na apreciação de litígios pelos tribunais angolanos
b) Respeitar e considerar os seus semelhantes sem dis- relativos à matéria sobre direitos fundamentais, aplicam-se
criminação de espécie alguma e manter com eles os instrumentos internacionais referidos no número anterior,
relações que permitam promover, salvaguardar e ainda que não sejam invocados pelas partes.
reforçar o respeito e a tolerância recíprocos. ARTIGO 27.º
ARTIGO 23.º (Regime dos direitos, liberdades e garantias)
(Princípio da Igualdade) O regime jurídico dos direitos, liberdades e garantias
1. Todos são iguais perante a Constituição e a lei. enunciados neste capítulo são aplicáveis aos direitos, liber-
2. Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado, privado dades e garantias e aos direitos fundamentais de natureza
de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão da análoga estabelecidos na Constituição, consagrados por lei
sua ascendência, sexo, raça, etnia, cor, deficiência, língua, ou por convenção internacional.
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6487
1. É reconhecida aos trabalhadores a liberdade de criação 1. Todo o cidadão, maior de dezoito anos, tem o direito
de associações sindicais para a defesa dos seus interesses de votar e ser eleito para qualquer órgão electivo do Estado
individuais e colectivos. e do poder local e de desempenhar os seus cargos ou manda-
2. É reconhecido às associações sindicais o direito de tos, nos termos da Constituição e da lei.
defender os direitos e os interesses dos trabalhadores e de 2. A capacidade eleitoral passiva não pode ser limitada
senão em virtude das incapacidades e inelegibilidades pre-
exercer o direito de concertação social, os quais devem ter
vistas na Constituição.
em devida conta os direitos fundamentais da pessoa humana
3. O exercício de direito de sufrágio é pessoal e intrans-
e das comunidades e as capacidades reais da economia, nos
missível e constitui um dever de cidadania.
termos da lei.
ARTIGO 55.º
3. A lei regula a constituição, filiação, federação, orga- (Liberdade de constituição de associações políticas e partidos políticos)
nização e extinção das associações sindicais e garante a sua 1. É livre a criação de associações políticas e partidos
autonomia e independência do patronato e do Estado. políticos, nos termos da Constituição e da lei.
ARTIGO 51.º 2. Todo o cidadão tem o direito de participar em associações
(Direito à greve e proibição do lock out)
políticas e partidos políticos, nos termos da Constituição e da lei.
1. Os trabalhadores têm direito à greve. SECÇÃO II
2. É proibido o lock out, não podendo o empregador Garantia dos Direitos e Liberdades Fundamentais
situações similares, como meio de influenciar a solução de 1. O Estado reconhece como invioláveis os direitos e
conflitos laborais. liberdades fundamentais consagrados na Constituição e cria
3. A lei regula o exercício do direito à greve e estabelece as condições políticas, económicas, sociais, culturais, de paz
as suas limitações nos serviços e actividades considerados e estabilidade que garantam a sua efectivação e protecção,
essenciais e inadiáveis para acorrer à satisfação de necessi- nos termos da Constituição e da lei.
2. Todas as autoridades públicas têm o dever de respeitar e
dades sociais impreteríveis.
de garantir o livre exercício dos direitos e das liberdades funda-
ARTIGO 52.º
(Participação na vida pública)
mentais e o cumprimento dos deveres constitucionais e legais.
ARTIGO 57.º
1. Todo o cidadão tem o direito de participar na vida polí- (Restrição de direitos, liberdades e garantias)
tica e na direcção dos assuntos públicos, directamente ou
1. A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garan-
por intermédio de representantes livremente eleitos, e de ser tias nos casos expressamente previstos na Constituição,
informado sobre os actos do Estado e a gestão dos assuntos devendo as restrições limitar-se ao necessário, proporcional
públicos, nos termos da Constituição e da lei. e razoável numa sociedade livre e democrática, para salva-
2. Todo o cidadão tem o dever de cumprir e respeitar as guardar outros direitos ou interesses constitucionalmente
leis e de obedecer às ordens das autoridades legítimas, dadas protegidos.
nos termos da Constituição e da lei e no respeito pelos direi- 2. As leis restritivas de direitos, liberdades e garantias
tos, liberdades e garantias fundamentais. têm de revestir carácter geral e abstracto e não podem ter
ARTIGO 53.º efeito retroactivo nem diminuir a extensão nem o alcance do
(Acesso a cargos públicos) conteúdo essencial dos preceitos constitucionais.
1. Todo o cidadão tem o direito de acesso, em condições ARTIGO 58.º
(Limitação ou suspensão dos direitos, liberdades e garantias)
de igualdade e liberdade, aos cargos públicos, nos termos da
Constituição e da lei. 1. O exercício dos direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos apenas pode ser limitado ou suspenso em caso de
2. Ninguém pode ser prejudicado na sua colocação, no
estado de guerra, de estado de sítio ou de estado de emergên-
seu emprego, na sua carreira profissional ou nos benefí-
cia, nos termos da Constituição e da lei.
cios sociais a que tenha direito, em virtude do exercício de
2. O estado de guerra, o estado de sítio e o estado de
direitos políticos ou do desempenho de cargos públicos, nos emergência só podem ser declarados, no todo ou em parte do
termos da Constituição e da lei. território nacional, nos casos de agressão efectiva ou iminente
3. No acesso a cargos electivos, a lei só pode estabelecer por forças estrangeiras, de grave ameaça ou perturbação da
as inelegibilidades necessárias para garantir a liberdade de ordem constitucional democrática ou de calamidade pública.
escolha dos eleitores e a isenção e independência do exercí- 3. A opção pelo estado de guerra, estado de sítio ou
cio dos respectivos cargos. estado de emergência, bem como a respectiva declaração
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6491
e execução, devem sempre limitar-se às acções necessárias b) Ser informada sobre o local para onde será conduzida;
e adequadas à manutenção da ordem pública, à protecção c) Informar à família e ao advogado sobre a sua prisão ou
do interesse geral, ao respeito do princípio da proporciona- detenção e sobre o local para onde será conduzida;
lidade e limitar-se, nomeadamente quanto à sua extensão, d) Escolher defensor que acompanhe as diligências
duração e meios utilizados, ao estritamente necessário ao policiais e judiciais;
pronto restabelecimento da normalidade constitucional.
e) Consultar advogado antes de prestar quaisquer decla-
4. A declaração do estado de guerra, do estado de sítio ou
rações;
do estado de emergência confere às autoridades competên-
f) Ficar calada e não prestar declarações ou de o fazer
cia para tomarem as providências necessárias e adequadas
ao pronto restabelecimento da normalidade constitucional. apenas na presença de advogado de sua escolha;
5. Em caso algum a declaração do estado de guerra, do g) Não fazer confissões ou declarações contra si própria;
estado de sítio ou do estado de emergência pode afectar: h) Ser conduzida perante o magistrado competente para
a) A aplicação das regras constitucionais relativas à a confirmação ou não da prisão e de ser julgada nos
competência e ao funcionamento dos Órgãos de prazos legais ou libertada;
Soberania; i) Comunicar em língua que compreenda ou mediante
b) Os direitos e imunidades dos membros dos Órgãos intérprete.
de Soberania; ARTIGO 64.º
c) O direito à vida, à integridade pessoal e à identi- (Privação da liberdade)
dade pessoal; 1. A privação da liberdade apenas é permitida nos casos
d) A capacidade civil e a cidadania; e nas condições determinadas por lei.
e) A não retroactividade da Lei Penal; 2. A polícia ou outra entidade apenas podem deter ou
f) O direito de defesa dos arguidos; prender nos casos previstos na Constituição e na lei, em fla-
g) A liberdade de consciência e de religião. grante delito ou quando munidas de mandado de autoridade
6. Lei especial regula o estado de guerra, o estado de sítio competente.
e o estado de emergência.
ARTIGO 65.º
ARTIGO 59.º (Aplicação da Lei Criminal)
(Proibição da pena de morte)
1. A responsabilidade penal é pessoal e intransmissível.
É proibida a pena de morte.
2. Ninguém pode ser condenado por crime senão em vir-
ARTIGO 60.º
tude de lei anterior que declare punível a acção ou a omissão,
(Proibição de tortura e de tratamentos degradantes)
nem sofrer medida de segurança cujos pressupostos não este-
Ninguém pode ser submetido a tortura, a trabalhos for-
jam fixados por lei anterior.
çados, nem a tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou
3. Não podem ser aplicadas penas ou medidas de segurança
degradantes.
que não estejam expressamente cominadas por lei anterior.
ARTIGO 61.º
(Crimes hediondos e violentos) 4. Ninguém pode sofrer pena ou medida de segurança
mais graves do que as previstas no momento da correspon-
São imprescritíveis e insusceptíveis de amnistia e liber-
dente conduta ou da verificação dos respectivos pressupostos,
dade provisória, mediante a aplicação de medidas de coacção
processual: aplicando-se retroactivamente as leis penais de conteúdo mais
a) O genocídio e os crimes contra a humanidade pre- favorável ao arguido.
vistos na lei; 5. Ninguém deve ser julgado mais do que uma vez pelo
b) Os crimes como tal previstos na lei. mesmo facto.
6. Os cidadãos injustamente condenados têm direito, nas
ARTIGO 62.º
(Irreversibilidade das amnistias) condições que a lei prescrever, à revisão da sentença e à indem-
São considerados válidos e irreversíveis os efeitos jurídicos nização pelos danos sofridos.
dos actos de amnistia praticados ao abrigo de lei competente. ARTIGO 66.º
(Limites das penas e das medidas de segurança)
ARTIGO 63.º
(Direitos dos detidos e presos) 1. Não pode haver penas nem medidas de segurança pri-
Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada, no vativas ou restritivas da liberdade com carácter perpétuo ou
momento da sua prisão ou detenção, das respectivas razões e de duração ilimitada ou indefinida.
dos seus direitos, nomeadamente: 2. Os condenados a quem sejam aplicadas medidas de
a) Ser-lhe exibido o mandado de prisão ou detenção seguranças privativas da liberdade mantêm a titularidade dos
emitido por autoridade competente, nos termos da direitos fundamentais, salvo as limitações inerentes ao sentido
lei, salvo nos casos de flagrante delito; da condenação e às exigências próprias da respectiva execução.
6492 DIÁRIO DA REPÚBLICA
Os bens do Estado e demais pessoas colectivas de direito São considerados válidos e irreversíveis todos os efeitos
público integram o domínio público ou o domínio privado, jurídicos dos actos de nacionalização e confisco praticados
ao abrigo da lei competente, sem prejuízo do disposto em
de acordo com a Constituição e a lei.
legislação específica sobre reprivatizações.
ARTIGO 95.º
(Domínio público) ARTIGO 98.º
(Direitos fundiários)
1. São bens do domínio público:
1. A terra é propriedade originária do Estado e integra
a) As águas interiores, o mar territorial e os fundos
o seu domínio privado, com vista à concessão e protecção
marinhos contíguos, bem como os lagos, lagoas
de direitos fundiários a pessoas singulares ou colectivas e
e cursos de águas fluviais, incluindo os respec- a comunidades rurais, nos termos da Constituição e da lei,
tivos leitos; sem prejuízo do disposto no n.º 3 do presente artigo.
b) Os recursos biológicos e não biológicos existentes 2. O Estado reconhece e garante o direito de propriedade
nas águas interiores, no mar territorial, na zona privada sobre a terra, constituído nos termos da lei.
contígua, na zona económica exclusiva e na pla- 3. A concessão pelo Estado de propriedade fundiária pri-
taforma continental; vada, bem como a sua transmissão, apenas são permitidas a
c) O espaço aéreo nacional; cidadãos nacionais, nos termos da lei.
6496 DIÁRIO DA REPÚBLICA
mico e social, em conformidade com a Constituição e a lei. 1. A criação, modificação e extinção de contribuições
2. A organização, o funcionamento e a fiscalização das especiais devidas pela prestação de serviços públicos, uti-
instituições financeiras são regulados por lei. lização do domínio público e demais casos previstos na lei
devem constar de lei reguladora do seu regime jurídico.
ARTIGO 100.º 3
(Banco Nacional de Angola) 2. As contribuições para a segurança social, as contra-
1. O Banco Nacional de Angola é o Banco Central e prestações devidas por actividades ou serviços prestados
Emissor da República de Angola e tem por missão princi- por entidades ou organismos públicos, segundo normas de
pal garantir a estabilidade de preços de forma a preservar o direito privado, bem como outras previstas na lei, regem-se
valor da moeda nacional e assegurar a estabilidade do sis- por legislação específica.
tema financeiro, nos termos da Constituição e da lei. ARTIGO 104.º 4
2. O Banco Nacional de Angola é a autoridade monetária e (Orçamento Geral do Estado)
cambial, prossegue as suas atribuições e exerce as suas compe- 1. O Orçamento Geral do Estado constitui o plano finan-
tências de modo independente, nos termos da Constituição e da ceiro anual ou plurianual consolidado do Estado e deve
lei. reflectir os objectivos, as metas e as acções contidos nos ins-
3. O Governador do Banco Nacional de Angola é trumentos de planeamento nacional.
nomeado pelo Presidente da República, após audição na 2. O Orçamento Geral do Estado é unitário, estima o
Assembleia Nacional, nos termos da Constituição e da lei, nível de receitas a obter e fixa os limites de despesas autori-
observando-se, para o efeito, o seguinte procedimento: zadas, em cada ano fiscal, para todos os serviços, institutos
a) A audição do candidato é desencadeada por solici- públicos, fundos autónomos e segurança social e deve ser
tação do Presidente da República; elaborado de modo que todas as despesas nele previstas
b) A audição do candidato proposto termina com a estejam financiadas.
votação do relatório-parecer, nos termos da lei; 3. O Orçamento Geral do Estado apresenta a previsão de
c) Cabe ao Presidente da República a decisão final em verbas a transferir para as Autarquias Locais, nos termos da lei.
relação à nomeação do candidato proposto.
4. A lei define as regras da elaboração, apresentação,
4. Os Vice-Governadores do Banco Nacional de Angola
adopção, execução, fiscalização e controlo do Orçamento
são nomeados pelo Presidente da República, sob proposta
Geral do Estado.
do Governador do Banco Nacional de Angola.
5. A execução do Orçamento Geral do Estado obedece aos
5. O Governador do Banco Nacional de Angola envia,
princípios da transparência, da boa governação e da respon-
anualmente, ao Presidente da República e à Assembleia
sabilização e é fiscalizada pela Assembleia Nacional e pelo
Nacional, um relatório sobre a evolução dos indicadores
Tribunal de Contas, nos termos da Constituição e da lei.
de política monetária e cambial, sem prejuízo das regras de
sigilo bancário, cujo tratamento, para efeitos de controlo e TÍTULO IV
fiscalização da Assembleia Nacional é assegurado nos ter- Organização do Poder do Estado
mos da Constituição e da lei.
ARTIGO 101.º CAPÍTULO I
(Sistema Fiscal) Princípios Gerais
O Sistema Fiscal visa satisfazer as necessidades finan- ARTIGO 105.º
ceiras do Estado e outras entidades públicas, assegurar a (Órgãos de Soberania)
realização da política económica e social do Estado e proceder 1. São Órgãos de Soberania o Presidente da República, a
a uma justa repartição dos rendimentos e da riqueza nacional. Assembleia Nacional e os Tribunais.
ARTIGO 102.º 2. A formação, a composição, a competência e o fun-
(Impostos) cionamento dos Órgãos de Soberania são os definidos na
1. Os impostos só podem ser criados por lei, que deter- Constituição.
mina a sua incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as 3. Os Órgãos de Soberania devem respeitar a separação e
garantias dos contribuintes. interdependência de funções estabelecidas na Constituição.
3
Alterado pelo artigo 1.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publicada 4
Alterado pelo artigo 1.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publicada
no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série. no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série.
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6497
do ano em que terminam os mandatos do Presidente da 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior,
República e dos Deputados à Assembleia Nacional, cabendo havendo necessidade e urgência devidamente fundamen-
ao Presidente da República definir essa data, nos termos da tada, o Presidente da República em funções pode praticar
Constituição e da lei. actos que não sejam de mera gestão corrente, nos termos da
SECÇÃO II Constituição.
Mandato, Posse e Substituição 3. Lei própria estabelece o período, o modo e as con-
dições para a transição entre o Presidente da República
ARTIGO 113.º
(Mandato) cessante e o Presidente da República eleito.
1. O mandato do Presidente da República tem a duração SECÇÃO III
Competência
de cinco anos, inicia com a sua tomada de posse e termina
com a posse do novo Presidente eleito. ARTIGO 117.º
(Reserva da Constituição)
2. Cada cidadão pode exercer até 2 mandatos como
Presidente da República. As competências do Presidente da República são as defi-
nidas pela presente Constituição.
ARTIGO 114.º
(Posse) ARTIGO 118.º
(Mensagem à Nação)
1. O Presidente da República eleito é empossado pelo
O Presidente da República dirige ao País, na abertura do
Presidente do Tribunal Constitucional.
Ano Parlamentar, na Assembleia Nacional, uma mensagem
2. A posse realiza-se até quinze dias após a publicação
sobre o Estado da Nação e as políticas preconizadas para a
oficial dos resultados eleitorais definitivos.
resolução dos principais assuntos, promoção do bem-estar
3. A eleição para o cargo de Presidente da República
dos angolanos e desenvolvimento do País.
é causa justificativa do adiamento da tomada do assento
parlamentar. ARTIGO 119.º 10
(Competências como Chefe de Estado)
ARTIGO 115.º
(Juramento) Compete ao Presidente da República, enquanto Chefe de
No acto de posse, o Presidente da República eleito, com Estado:
a mão direita aposta sobre a Constituição da República de a) Convocar as eleições gerais e as eleições autárqui-
Angola, presta o seguinte juramento: cas, nos termos estabelecidos na Constituição e
Eu (nome completo), ao tomar posse no cargo de Presi- na lei;
dente da República, juro por minha honra: b) Dirigir mensagens à Assembleia Nacional;
Desempenhar com toda a dedicação as funções de que c) Promover junto do Tribunal Constitucional a
sou investido; fiscalização preventiva e sucessiva da consti-
Cumprir e fazer cumprir a Constituição da República tucionalidade de actos normativos e tratados
de Angola e as leis do País; internacionais, bem como de omissões inconsti-
Defender a independência, a soberania, a unidade da tucionais, nos termos previstos na Constituição;
Nação e a integridade territorial do País; d) Nomear e exonerar os Ministros de Estado, os
Defender a paz e a democracia e promover a estabili- Ministros, os Secretários de Estado e os Vice-
dade, o bem-estar e o progresso social de todos os -Ministros;
angolanos. e) Nomear o Juiz Presidente do Tribunal Constitucio-
ARTIGO 116.º nal e demais Juízes do referido Tribunal;
(Renúncia ao mandato)
f) Nomear o Juiz Presidente do Tribunal Supremo,
O Presidente da República pode renunciar ao mandato o Juiz Vice-Presidente e os demais Juízes do
em mensagem dirigida à Assembleia Nacional, com conhe- referido Tribunal, sob proposta do Conselho
cimento ao Tribunal Constitucional. Superior da Magistratura Judicial;
ARTIGO 116.º-A 9 g) Nomear o Juiz Presidente do Tribunal de Contas,
(Gestão da função executiva no final do mandato) o Juiz Vice-Presidente e os demais Juízes do
1. No período que decorre entre a campanha eleitoral e referido Tribunal, nos termos da Constituição;
a tomada de posse do Presidente da República eleito, cabe h) Nomear o Juiz Presidente, o Juiz Vice-Presidente
ao Presidente da República em funções a gestão corrente da e os demais Juízes do Supremo Tribunal Militar;
função executiva, não podendo praticar actos que condicio- i) Nomear e exonerar o Procurador Geral da Repú-
nem ou vinculem o exercício da actividade governativa por blica, os Vice-Procuradores Gerais da República
parte do Presidente da República eleito. e os Adjuntos do Procurador Geral da Repú-
9
Aditado pelo artigo 2.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publicada Alterado pelo artigo 1.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publicada
10
no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série. no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série.
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6499
blica, bem como os Procuradores Militares junto f) Estabelecer o número e a designação dos Ministros
do Supremo Tribunal Militar, sob proposta do de Estado, Ministros, Secretários de Estado e
Conselho Superior da Magistratura do Ministé- Vice-Ministros;
rio Público; g) Definir a orgânica dos Ministérios e aprovar o
j) Nomear e exonerar o Governador e os Vice- Regimento do Conselho de Ministros;
-Governadores do Banco Nacional de Angola, h) Solicitar à Assembleia Nacional autorização legis-
nos termos da Constituição e da lei; lativa;
k) Nomear e exonerar os Governadores e os Vice- i) Exarar actos legislativos autorizados pela Assem-
-Governadores Provinciais; bleia Nacional;
j) Exercer iniciativa legislativa, mediante propostas
l) Convocar referendos, nos termos da Constituição
de lei apresentadas à Assembleia Nacional;
e da lei;
k) Convocar e presidir às reuniões do Conselho de
m) Declarar o estado de guerra e fazer a paz, ouvida a
Ministros e fixar a sua agenda de trabalhos;
Assembleia Nacional;
l) Dirigir e orientar a acção do Vice-Presidente, dos
n) Indultar e comutar penas;
Ministros de Estado e Ministros e dos Governa-
o) Declarar o estado de sítio, ouvida a Assembleia
dores Provinciais;
Nacional; m) Elaborar regulamentos necessários à boa execução
p) Declarar o estado de emergência, ouvida a Assem- das leis.
bleia Nacional;
ARTIGO 121.º
q) Conferir condecorações e títulos honoríficos, nos (Competência nas Relações Internacionais)
termos da lei; Compete ao Presidente da República, no domínio das
r) Promulgar a Constituição, as leis de revisão consti- Relações Internacionais:
tucional e as demais leis; a) Definir e dirigir a execução da política externa do
s) Presidir ao Conselho da República; Estado;
t) Nomear os membros dos Conselhos Superiores das b) Representar o Estado;
Magistraturas, nos termos previstos pela Cons- c) Assinar e ratificar, consoante os casos, depois de
tituição; aprovados, os tratados, convenções, acordos e
u) Designar os membros do Conselho da República e outros instrumentos internacionais;
do Conselho de Segurança Nacional; d) Nomear e exonerar os Embaixadores e designar os
v) Exercer as demais competências estabelecidas pela enviados extraordinários;
Constituição. e) Acreditar os representantes diplomáticos estran-
geiros.
ARTIGO 120.º 11
ARTIGO 122.º
(Competência como Titular do Poder Executivo)
(Competência como Comandante-Em-Chefe)
Compete ao Presidente da República, enquanto Titular Compete ao Presidente da República, como Comandante-
do Poder Executivo: -Em-Chefe das Forças Armadas Angolanas:
a) Definir a orientação política do País, nos termos da a) Exercer as funções de Comandante-Em-Chefe das
Constituição; Forças Armadas Angolanas;
b) Definir a política geral de governação do País e da b) Assumir a direcção superior das Forças Armadas
Administração Pública; Angolanas em caso de guerra;
c) Submeter à Assembleia Nacional a proposta de c) Nomear e exonerar o Chefe do Estado-Maior
Orçamento Geral do Estado; General das Forças Armadas Angolanas e o
d) Dirigir os serviços e a actividade da Administração Chefe do Estado-Maior General-Adjunto das
Directa do Estado, civil e militar, superintender Forças Armadas, ouvido o Conselho de Segu-
a Administração Indirecta e exercer a tutela de rança Nacional;
legalidade sobre a Administração Autónoma d) Nomear e exonerar os demais cargos de comando
e adoptar mecanismos de cooperação com a e chefia das Forças Armadas, ouvido o Conselho
Administração Independente; de Segurança Nacional;
e) Definir a orgânica e estabelecer a composição do e) Promover e graduar, bem como despromover e
Poder Executivo; desgraduar os Oficiais Generais das Forças
Armadas Angolanas, ouvido o Conselho de
Alterado pelo artigo 1.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publicada
11
dade das leis da Assembleia Nacional. no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série.
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6501
7. Os Decretos Legislativos Presidenciais Provisórios 2. O Presidente da República pode ainda ser destituído
podem ser prorrogados por igual período de tempo, caso a por crime de violação da Constituição que atente grave-
Assembleia Nacional não tenha concluído a sua apreciação mente contra:
durante os primeiros sessenta dias. a) O Estado Democrático e de Direito;
8. Não podem ser reeditados, na mesma sessão legisla- b) A segurança do Estado;
tiva, Decretos Legislativos Presidenciais Provisórios que
c) O regular funcionamento das instituições.
tenham sido rejeitados pela Assembleia Nacional ou que
3. Compete ao Tribunal Supremo conhecer e decidir os
tenham perdido a sua eficácia por decurso de tempo.
processos criminais a que se referem as alíneas a), b) e e) do
SECÇÃO IV
Responsabilidade, Autodemissão e Vacatura do Presidente
n.º 1 do presente artigo instaurados contra o Presidente da
da República República.
4. Compete ao Tribunal Constitucional conhecer e deci-
ARTIGO 127.º
(Responsabilidade criminal) dir os processos de destituição do Presidente da República a
1. O Presidente da República não é responsável pelos que se referem as alíneas c) e d) do n.º 1, bem como do n.º 2
actos praticados no exercício das suas funções, salvo em do presente artigo.
caso de suborno, traição à Pátria e prática de crimes defi- 5. Os processos de responsabilização criminal e os pro-
nidos pela presente Constituição como imprescritíveis e cessos de destituição do Presidente da República a que se
insusceptíveis de amnistia. referem os números anteriores obedecem ao seguinte:
2. A condenação implica a destituição do cargo e a a) A iniciativa dos processos deve ser devidamente
impossibilidade de candidatura para outro mandato. fundamentada e incumbe à Assembleia Nacional;
3. Pelos crimes estranhos ao exercício das suas fun- b) A proposta de iniciativa é apresentada por um terço
ções, o Presidente da República responde perante o Tribunal dos Deputados em efectividade de funções;
Supremo, cinco anos depois de terminado o seu mandato. c) A deliberação é aprovada por maioria de 2/3 dos
ARTIGO 128.º Deputados em efectividade de funções, devendo,
(Autodemissão política do Presidente da República)
após isso, ser enviada a respectiva comunicação
1. Verificando-se perturbação grave ou crise insaná- ou petição de procedimento ao Tribunal Supremo
vel na relação institucional com a Assembleia Nacional, ou ao Tribunal Constitucional, conforme o caso.
o Presidente da República pode autodemitir-se, mediante 6. Estes processos têm prioridade absoluta sobre todos
mensagem dirigida à Assembleia Nacional, com conheci- os demais e devem ser conhecidos e decididos no prazo
mento ao Tribunal Constitucional. máximo de cento e vinte dias contados da recepção da
2. A Autodemissão do Presidente da República nos ter-
devida petição.
mos do número anterior implica a dissolução da Assembleia
ARTIGO 130.º
Nacional e a convocação de eleições gerais antecipadas, as (Vacatura)
quais devem ter lugar no prazo de noventa dias.
1. Há vacatura do cargo de Presidente da República nas
3. O Presidente da República que tenha apresentado
seguintes situações:
Autodemissão nos termos do presente artigo mantém-se em
funções, para a prática de actos de mera gestão corrente, até a) Renúncia ao mandato, nos termos do artigo 116.º;
à tomada de posse do Presidente da República eleito nas b) Morte;
eleições subsequentes. c) Destituição;
4. A Autodemissão não produz os efeitos da renúncia a d) Incapacidade física ou mental permanente;
que se refere o artigo 116.º da presente Constituição e dela e) Abandono de funções.
não se pode fazer recurso para afastamento de processo de 2. A vacatura é verificada e declarada pelo Tribunal
destituição nos termos do artigo seguinte. Constitucional, nos termos da Constituição e da lei.
ARTIGO 129.º ARTIGO 131.º 13
(Destituição do Presidente da República)
(Vice-Presidente)
1. O Presidente da República pode ser destituído do 1. O Vice-Presidente é um Órgão Auxiliar do Presidente
cargo nas seguintes situações: da República no exercício da função executiva.
a) Por crime de traição à Pátria e espionagem; 2. É eleito Vice-Presidente da República o candidato
b) Por crimes de suborno, peculato e corrupção; n.º 2 da lista, pelo círculo nacional, do partido político ou da
c) Por incapacidade física e mental definitiva para coligação de partidos políticos mais votado no quadro das
continuar a exercer o cargo; eleições gerais, realizadas ao abrigo do artigo 143.º e seguin-
d) Por ser titular de alguma nacionalidade adquirida; tes da Constituição.
e) Por crimes hediondos e violentos, tal como defini-
Alterado pelo artigo 1.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publicada
13
3. O Vice-Presidente substitui o Presidente da República ou à coligação de partidos políticos por cuja lista foi eleito
nas suas ausências no exterior do País, quando impos- designar o seu substituto, de entre os eleitos pelo círculo
sibilitado de exercer as suas funções e nas situações de eleitoral nacional da mesma lista, para a tomada de posse,
impedimento temporário, cabendo-lhe neste caso assumir a ouvido o Presidente da República eleito.
gestão corrente da função executiva. 3. Compete ao Tribunal Constitucional verificar a vaca-
4. Aplicam-se ao Vice-Presidente, com as devidas adapta- tura, o impedimento definitivo e aprovar a designação do
ções, as disposições dos artigos 110.º, 111.º, 113.º, 114.º, 115.º, substituto referido no presente artigo.
116.º, 127.º, 129.º, 130.º, 132.º e 137.º da presente Constituição, ARTIGO 133.º
sendo a mensagem a que se refere o artigo 116.º substituída por (Estatuto dos antigos Presidentes da República)
uma carta dirigida ao Presidente da República. 1. Os antigos Presidentes da República gozam das imu-
ARTIGO 132.º 14 nidades previstas na Constituição para os membros do
(Substituição do Presidente da República) Conselho da República.
1. Em caso de vacatura do cargo de Presidente da 2. No interesse nacional de dignificação da função pre-
República eleito, as funções são assumidas pelo Vice- sidencial, os antigos Presidentes da República têm os
-Presidente, até ao fim do mandato, com a plenitude dos seguintes direitos:
poderes, não sendo este período considerado como cumpri- a) Residência oficial;
mento do mandato presidencial, para nenhum efeito. b) Escolta pessoal;
2. [Revogado].15 c) Viatura protocolar;
3. Em caso de impedimento definitivo simultâneo do
d) Pessoal de apoio administrativo;
Presidente da República e do Vice-Presidente, o Presidente
e) Outros previstos por lei.
da Assembleia Nacional assume as funções de Presidente
3. O estatuto previsto no presente artigo não é aplicável
da República até à realização de novas eleições gerais, que
devem ter lugar no prazo de cento e vinte dias contados a aos antigos Presidentes da República que tenham sido des-
partir da verificação do impedimento. tituídos do cargo por responsabilidade criminal, nos termos
4. Em caso de impedimento definitivo do Presidente da da presente Constituição.
República eleito, antes da tomada de posse, este é substi- SECÇÃO V
tuído pelo Vice-Presidente eleito, contando, para todos os Órgãos Auxiliares do Presidente da República
efeitos legais, como mandato presidencial. ARTIGO 134.º
5. Em caso de impedimento definitivo simultâneo do (Conselho de Ministros)
Presidente da República e do Vice-Presidente eleitos, antes da 1. O Conselho de Ministros é um Órgão Auxiliar do
tomada de posse, compete ao partido político ou à coligação Presidente da República na formulação e execução da polí-
de partidos políticos por cuja lista foram eleitos o Presidente e tica geral do País e da Administração Pública.
o Vice-Presidente impedidos, designar os seus substitutos, de 2. O Conselho de Ministros é presidido pelo Presidente
entre os Deputados eleitos, pelo círculo nacional da mesma da República e é integrado pelo Vice-Presidente, Ministros
lista, para a tomada de posse. de Estado e Ministros.
6. Compete ao Tribunal Constitucional verificar os casos 3. Os Secretários de Estado e os Vice-Ministros podem
de impedimento definitivo previstos na presente Constituição ser convidados a participar nas reuniões do Conselho de
e aprovar a designação referida no número anterior.» Ministros.
ARTIGO 132.º-A16 4. Compete ao Conselho de Ministros pronunciar-se
(Substituição do Vice-Presidente da República) sobre:
1. Em caso de vacatura do cargo de Vice-Presidente da a) A política de governação, bem como a sua exe-
República, por impedimento definitivo ou pela situação pre- cução;
vista no n.º 1 do artigo anterior, compete ao partido político b) Propostas de lei a submeter à aprovação da Assem-
ou à coligação de partidos políticos por cuja lista foi eleito o bleia Nacional;
Vice-Presidente da República, designar o seu substituto, de c) Actos legislativos do Presidente da República;
entre os Deputados eleitos pelo círculo eleitoral nacional da d) Instrumentos de planeamento nacional;
mesma lista, para a tomada de posse, ouvido o Presidente da e) Regulamentos do Presidente da República necessá-
República em funções.
rios à boa execução das leis;
2. Em caso de impedimento definitivo do Vice-Presidente
f) Acordos internacionais cuja aprovação seja da com-
eleito, antes da tomada de posse, compete ao partido político
petência do Presidente da República;
Alterado pelo artigo 1.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publicada
14
no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série. g) Adopção de medidas gerais de execução do pro-
15
Revogado pelo artigo 3.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publi- grama de governação do Presidente da República;
cada no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série.
h) Demais assuntos que sejam submetidos à aprecia-
16
Aditado pelo artigo 2.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publicada
no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série. ção pelo Presidente da República.
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6503
no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série. excepto as funções de dirigente partidário, de
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6505
docência ou outras como tal reconhecidas pela d) Tenha sido sancionado por conduta indecorosa,
Assembleia Nacional; lesiva dos deveres e da dignidade da função par-
e) A ocorrência de situações de inelegibilidade superve- lamentar, nos termos de procedimento disciplinar
nientes à eleição; instaurado ao abrigo das normas competentes da
f) O exercício de outras funções que nos termos da lei se Assembleia Nacional;
considere incompatível com a função de Deputado. e) Se verifiquem as situações previstas nas alíneas c),
3. O desempenho ou a designação para algumas das funções d) e e) do n.º 1 do artigo 153.º da Constituição;
ou dos cargos previstos no presente artigo é razão justificativa f) Não tome, injustificadamente, assento na Assem-
do adiamento da tomada de posse como Deputado. bleia Nacional, nos termos da lei.
ARTIGO 150.º
ARTIGO 153.º
(Imunidades)
(Substituição definitiva)
1. Os Deputados não respondem civil, criminal nem 1. Há lugar à substituição definitiva de Deputados nas
disciplinarmente pelos votos ou opiniões que emitam em seguintes situações:
reuniões, comissões ou grupos de trabalho da Assembleia
a) Renúncia do mandato;
Nacional, no exercício das suas funções.
b) Perda do mandato nos termos previstos na alínea b)
2. Os Deputados não podem ser detidos ou presos sem
do n.º 2 do artigo 152.º da Constituição;
autorização a conceder pela Assembleia Nacional ou, fora
c) Condenação por crime doloso punível com pena de
do período normal de funcionamento desta, pela Comissão
prisão superior a 2 anos;
Permanente, excepto em flagrante delito por crime doloso
punível com pena de prisão superior a 2 anos. d) Incapacidade definitiva;
3. Após instauração de processo criminal contra um e) Morte.
Deputado e uma vez acusado por despacho de pronúncia 2. Em caso de substituição de um Deputado, a vaga
ou equivalente, salvo em flagrante delito por crime doloso ocorrida é preenchida, segundo a respectiva ordem de pre-
punível com pena de prisão superior a 2 anos, o Plenário da cedência, pelo Deputado seguinte da lista do partido ou da
Assembleia Nacional deve deliberar sobre a suspensão do coligação a que pertencia o titular do mandato vago.
Deputado e retirada de imunidades, para efeitos de prosse- 3. Se, na lista a que pertencia o titular do mandato, já
guimento do processo. não existirem candidatos, não se procede ao preenchimento
da vaga.
ARTIGO 151.º
(Suspensão do mandato e substituição temporária) ARTIGO 154.º
(Impedimentos)
1. O mandato do Deputado deve ser suspenso nos seguin-
tes casos: Os Deputados em efectividade de funções não podem:
a) Exercício de cargo público incompatível com a a) Advogar ou ser parte em processos judiciais ou
função de Deputado, nos termos da Constitui- extrajudiciais contra o Estado, salvo para a
ção; defesa dos seus direitos e interesses legalmente
b) Doença de duração superior a noventa dias; protegidos;
c) Ausência do País por um período superior a b) Servir de árbitro, conciliador e mediador ou perito
noventa dias; remunerado em processo contra o Estado ou
d) Despacho de pronúncia transitado em julgado por outras pessoas colectivas de direito público,
crime doloso punível com pena de prisão supe- salvo se for autorizado pela Assembleia Nacio-
rior a 2 anos. nal;
2. Sempre que ocorra a situação de suspensão de man- c) Participar em concursos públicos de fornecimento
dato, o Deputado deve ser substituído temporariamente, nos de bens ou serviços, assim como em contratos
termos previstos nos n.os 2 e 3 do artigo 153.º da Constituição. com o Estado e outras pessoas colectivas de
ARTIGO 152.º direito público, salvo os direitos definidos pela
(Renúncia e perda do mandato) lei;
1. O Deputado pode renunciar ao seu mandato mediante d) Participar em actos de publicidade comercial.
declaração escrita. SECÇÃO III
2. O Deputado perde o mandato sempre que: Organização e Funcionamento
no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série. no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série.
6508 DIÁRIO DA REPÚBLICA
f) Bases do sistema de organização e funcionamento o) Criação de impostos e sistema fiscal, bem como
do Poder Local e da participação dos cidadãos o regime geral das taxas e demais contribuições
e das autoridades tradicionais no seu exercício; financeiras a favor das entidades públicas;
g) Regime de referendo; p) Bases gerais do ordenamento do território e do
urbanismo;
h) Organização dos tribunais e estatuto dos Magistra-
q) Bases do sistema de protecção da natureza, do
dos Judiciais e do Ministério Público;
equilíbrio ambiental e ecológico e do património
i) Bases gerais da organização da defesa nacional;
cultural;
j) Bases gerais da organização, do funcionamento e r) Bases gerais do regime de concessão e transmissão
da disciplina das Forças Armadas Angolanas, da terra;
das forças de segurança pública e dos serviços s) Regime geral do serviço militar;
de informações; t) Regime geral da punição das infracções disciplina-
k) Regimes do estado de guerra, do estado de sítio e res e dos actos ilícitos de mera ordenação social,
do estado de emergência; bem como do respectivo processo.
l) Associações, fundações e partidos políticos; 2. A Assembleia Nacional tem ainda reserva de compe-
m) Regime dos símbolos nacionais; tência relativa para a definição do regime legislativo geral
sobre todas as matérias não abrangidas no número ante-
n) Regime dos feriados e datas de celebração nacio-
rior, salvo as reservadas pela Constituição ao Presidente da
nal;
República.
o) Estado e capacidade das pessoas;
SECÇÃO V
p) Definição dos limites do mar territorial, da zona Processo Legislativo
contígua, da zona económica exclusiva e da
ARTIGO 166.º
plataforma continental. (Forma dos actos)
ARTIGO 165.º
(Reserva relativa de competência legislativa)
1. A Assembleia Nacional emite, no exercício das
suas competências, Leis de Revisão Constitucional, Leis
1. À Assembleia Nacional compete legislar com reserva
Orgânicas, Leis de Bases, Leis, Leis de Autorização
relativa, salvo autorização concedida ao Executivo, sobre as
Legislativa e Resoluções.
seguintes matérias:
2. Os actos da Assembleia Nacional praticados no exer-
a) Bases do regime e âmbito da função pública,
cício das suas competências revestem a forma de:
incluindo as garantias dos administrados, o
a) Leis de Revisão Constitucional, os actos norma-
estatuto dos funcionários públicos e a responsa-
tivos previstos na alínea a) do artigo 161.º da
bilidade civil da Administração Pública;
Constituição;
b) Bases do estatuto das empresas públicas, dos insti-
b) Leis Orgânicas, os actos normativos previstos na
tutos públicos e das associações públicas; alínea a) do artigo 160.º e nas alíneas d), f), g) e
c) Regime geral do arrendamento rural e urbano; h) do artigo 164.º;
d) Regime geral das finanças públicas; c) Leis de Bases, os actos normativos previstos nas
e) Bases do sistema financeiro e bancário; alíneas i) e j) do artigo 164.º e nas alíneas a), b),
f) Bases do regime geral do sistema nacional do pla- e), f), i), l), p), q) e r) do n.º 1 do artigo 165.º,
neamento; todos da Constituição;
g) Regime geral dos bens e meios de produção não d) Leis, os demais actos normativos que versem sobre
integrados no domínio público; matérias da competência legislativa da Assem-
h) Regime geral dos meios de comunicação social; bleia Nacional e que não tenham que revestir
i) Bases dos sistemas nacionais de ensino, de saúde e outra forma, nos termos da Constituição;
de segurança social; e) Leis de Autorização Legislativa, os actos normati-
j) Sistema monetário e padrão de pesos e medidas; vos previstos na alínea c) do artigo 161.º;
k) Definição dos sectores de reserva do Estado no f) Resoluções, os actos previstos nas alíneas b) e c) do
domínio da economia; artigo 160.º, nas alíneas g), h), i), j), k), l) e m) do
l) Bases de concessão de exploração dos recursos artigo 161.º, nas alíneas b), c) e d) do artigo 162.º
naturais e da alienação do património do Estado; e nas alíneas a), b), c), d) e e) do artigo 163.º e as
m) Definição e regime dos bens de domínio público; demais deliberações em matéria de gestão corrente
n) Regime geral da requisição e da expropriação por da actividade parlamentar, bem como as que não
utilidade pública; requeiram outra forma, nos termos da Constituição.
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6509
no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série. podendo voltar a ser publicado na mesma sessão legislativa.
6510 DIÁRIO DA REPÚBLICA
no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série. no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série.
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6511
6. Os juízes em exercício de funções não podem filiar- e) Apreciar em recurso a constitucionalidade das
-se em partidos políticos ou associações de natureza política decisões dos demais Tribunais que apliquem
nem exercer actividades político-partidárias. normas cuja constitucionalidade haja sido susci-
7. Aos juízes é reconhecido o direito de associação tada durante o processo.
socioprofissional, sendo-lhes vedado o exercício do direito 3. O Tribunal Constitucional é composto por 11 Juízes
à greve. Conselheiros designados de entre juristas e magistrados, do
8. Os juízes devem ser periodicamente avaliados pelo seguinte modo:
Conselho Superior da Magistratura Judicial, com base no a) Quatro juízes indicados pelo Presidente da Repú-
mérito do seu desempenho profissional, em condições e pra- blica, incluindo o Presidente do Tribunal;
zos a determinar por lei.
b) Quatro juízes eleitos pela Assembleia Nacional por
9. Os juízes de qualquer jurisdição jubilam quando com-
maioria de 2/3 dos Deputados em efectividade
pletam 70 anos de idade.
de funções, incluindo o Vice-Presidente do Tri-
SECÇÃO II
Tribunais
bunal;
c) Dois juízes eleitos pelo Conselho Superior da
ARTIGO 180.º 28 Magistratura Judicial;
(Tribunal Supremo)
d) Um juiz seleccionado por concurso público curri-
1. O Tribunal Supremo é a instância judicial superior da cular, nos termos da lei.
jurisdição comum. 4. Os juízes do Tribunal Constitucional são designados
2. Os Juízes Conselheiros do Tribunal Supremo são para 1 mandato de sete anos não renovável e gozam das
nomeados pelo Presidente da República, sob proposta do garantias de independência, inamovibilidade, imparciali-
Conselho Superior da Magistratura Judicial, após concurso dade e irresponsabilidade dos juízes dos restantes Tribunais.
curricular de entre Magistrados Judiciais, Magistrados do
ARTIGO 182.º
Ministério Público e juristas de mérito, nos termos que a lei (Tribunal de Contas)
determinar.
1. O Tribunal de Contas é o órgão supremo de fiscaliza-
3. O Presidente do Tribunal Supremo e o Vice-Presidente
ção da legalidade das finanças públicas e de julgamento das
são nomeados pelo Presidente da República, de entre 3 can-
contas que a lei sujeitar à sua jurisdição.
didatos seleccionados por 2/3 dos Juízes Conselheiros em
2. O Presidente, o Vice-Presidente e os demais Juízes
efectividade de funções.
Conselheiros do Tribunal de Contas são nomeados pelo
4. O Juiz Presidente do Tribunal Supremo e o Vice-
Presidente da República, de entre magistrados e não magis-
-Presidente cumprem a função por um mandato de sete anos,
não renovável. trados, para 1 mandato único de sete anos.
5. A composição, organização, competências e funciona- 3. A composição, organização, competências e funciona-
mento do Tribunal Supremo são estabelecidos por lei. mento do Tribunal de Contas são estabelecidos por lei.
ARTIGO 183.º
ARTIGO 181.º
(Tribunal Constitucional) (Supremo Tribunal Militar)
1. Ao Tribunal Constitucional compete, em geral, 1. O Supremo Tribunal Militar é o órgão superior da hie-
administrar a justiça em matérias de natureza jurídico-cons- rarquia dos tribunais militares.
titucional, nos termos da Constituição e da lei. 2. O Juiz Presidente, o Juiz Vice-Presidente e os demais
2. Compete ao Tribunal Constitucional: Juízes Conselheiros do Supremo Tribunal Militar são nomea-
a) Apreciar a constitucionalidade de quaisquer dos pelo Presidente da República de entre Magistrados
normas e demais actos do Estado; Militares.
b) Apreciar preventivamente a constitucionalidade 3. A composição, organização, competências e funcio-
das leis do Parlamento; namento do Supremo Tribunal Militar são estabelecidos por
c) Exercer jurisdição sobre outras questões de lei.
natureza jurídico-constitucional, eleitoral e ARTIGO 184.º 29
político-partidária, nos termos da Constituição (Conselho Superior da Magistratura Judicial)
no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série. no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série.
6512 DIÁRIO DA REPÚBLICA
b) Designar os Juízes para o Tribunal Constitucional, 3. Os Magistrados do Ministério Público são responsá-
nos termos da Constituição e da lei; veis e hierarquicamente subordinados, nos termos da lei.
c) Ordenar sindicâncias, inspecções e inquéritos aos ARTIGO 186.º
serviços judiciais e propor as medidas necessá- (Competência)
segurança do Estado são estabelecidos por lei. 1. A organização democrática do Estado ao nível local
ARTIGO 212.º estrutura-se com base no princípio da descentralização polí-
(Órgãos de Inteligência e de Segurança do Estado) tico-administrativa, que compreende a existência de formas
1. Os Órgãos de Inteligência e de Segurança do Estado organizativas do Poder Local, nos termos da Constituição e
são órgãos incumbidos de realizar a produção de infor- da lei.
mações e análises, bem como a adopção de medidas de 2. As formas organizativas do Poder Local compreendem
inteligência e de segurança do Estado necessárias à preser- as Autarquias Locais, as instituições do Poder Tradicional
vação do Estado Democrático de Direito e da paz pública.
e outras modalidades específicas de participação dos cida-
2. A lei regula a organização, funcionamento e fiscaliza-
dãos, nos termos da lei.
ção dos serviços de inteligência e de segurança.
3. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, a prossecução das
CAPÍTULO VI atribuições e o exercício das competências das Autarquias
Provedor de Justiça Locais, das instituições do Poder Tradicional e das demais
modalidades específicas de participação dos cidadãos, obe-
ARTIGO 212.º-A 36
(Provedor de Justiça) decem aos princípios da desconcentração administrativa, da
1. O Provedor de Justiça é uma entidade pública indepen- legalidade, juridicidade, prossecução do interesse público e
dente que tem por objecto a defesa dos direitos, liberdades e da protecção dos direitos e interesses legalmente protegidos
garantias dos cidadãos, assegurando, através de meios infor- dos particulares, da igualdade, da participação dos parti-
mais, a justiça e a legalidade da actividade da Administração culares e da tutela administrativa, nos termos da Constituição
Pública. e da lei.
2. O Provedor de Justiça e o Provedor de Justiça-Adjunto ARTIGO 214.º
são eleitos pela Assembleia Nacional, por deliberação da (Princípio da autonomia local)
maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções. 1. A autonomia local compreende o direito e a capacidade
3. O Provedor de Justiça e o Provedor de Justiça-Adjunto efectiva de as Autarquias Locais gerirem e regulamentarem,
tomam posse perante o Presidente da Assembleia Nacional nos termos da Constituição e da lei, sob sua responsabili-
para um mandato de cinco anos renovável apenas uma vez.
dade e no interesse das respectivas populações, os assuntos
4. Os cidadãos e as pessoas colectivas podem apresentar
públicos locais.
à Provedoria de Justiça queixas por acções ou omissões dos
2. A autonomia local comporta as dimensões organiza-
poderes públicos, que as aprecia sem poder decisório, diri-
gindo aos órgãos competentes as recomendações necessárias tiva, regulamentar, administrativa, financeira e patrimonial,
para prevenir e reparar injustiças. definidas por lei.
5. A actividade do Provedor de Justiça é independente 3. O princípio da autonomia local, consagrado no pre-
dos meios administrativos e contenciosos previstos na sente artigo, é aplicado a todas as formas organizativas do
Constituição e na lei. Poder Local e executado de acordo com a lei competente,
6. Os órgãos e agentes da Administração Pública, os sem prejuízo do disposto na Constituição.
cidadãos e demais pessoas colectivas públicas e privadas 4. Os recursos financeiros das Autarquias Locais com-
têm o dever de cooperar com o Provedor de Justiça na pros- preendem, entre outros, as transferências do Estado, os
secução dos seus fins. impostos, as taxas e outras contribuições fiscais e demais
7. Anualmente, é elaborado um relatório de actividades, rendimentos, estabelecidos na lei.
que é remetido ao Presidente da República, à Assembleia ARTIGO 215.º
Nacional e à Procuradoria Geral da República. [Revogado]37
8. A lei estabelece as demais funções e o estatuto do ARTIGO 216.º
Provedor de Justiça e do Provedor de Justiça-Adjunto, bem (Garantias das Autarquias Locais)
como de toda a estrutura de apoio denominada Provedoria As Autarquias Locais têm o direito de recorrer judi-
de Justiça. cialmente, a fim de assegurar o livre exercício das suas
36
Aditado pelo artigo 2.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publicada 37
Revogado pelo artigo 3.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publi-
no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série. cada no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série.
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6517
atribuições e o respeito pelos princípios de autonomia local 4. O Presidente do Órgão Executivo da Autarquia é o
que estão consagrados na Constituição ou na lei. cabeça da lista mais votada para a Assembleia.
ARTIGO 217.º 5. As candidaturas para as eleições dos Órgãos das
(Autarquias Locais) Autarquias podem ser apresentadas por partidos políticos,
1. As Autarquias Locais são pessoas colectivas territoriais isoladamente ou em coligação, ou por grupos de cidadãos
correspondentes ao conjunto de residentes em certas circuns- eleitores, nos termos da lei.
crições do território nacional e que asseguram a prossecução ARTIGO 221.º
de interesses específicos resultantes da vizinhança, mediante (Tutela administrativa)
órgãos próprios representativos das respectivas populações. 1. As Autarquias Locais estão sujeitas à tutela adminis-
2. A organização e o funcionamento das Autarquias trativa do Executivo.
Locais, bem como a competência dos seus órgãos, são 2. A tutela administrativa sobre as Autarquias Locais
regulados por lei, de harmonia com o princípio da descen- consiste na verificação do cumprimento da lei por parte dos
tralização administrativa. Órgãos Autárquicos e é exercida nos termos da lei.
3. A lei define o património das Autarquias Locais 3. A dissolução de Órgãos Autárquicos, ainda que resul-
e estabelece o regime de finanças locais tendo em vista a tantes de eleições, só pode ter por causa acções ou omissões
justa repartição dos recursos públicos pelo Estado e pelas
ilegais graves.
autarquias, a necessária correcção de desigualdades entre
4. As Autarquias Locais podem impugnar contencio-
autarquias e a consagração da arrecadação de receitas e dos
samente as ilegalidades cometidas pela entidade tutelar no
limites de realização de despesas.
exercício dos poderes de tutela.
4. As Autarquias Locais dispõem de poder regulamentar
próprio, nos termos da lei. ARTIGO 222.º
(Solidariedade e cooperação)
ARTIGO 218.º
(Categorias de Autarquias Locais) 1. Com o incentivo do Estado, as Autarquias Locais
devem promover a solidariedade entre si, em função das par-
1. As Autarquias Locais organizam-se nos municípios.
ticularidades de cada uma, visando a redução das assimetrias
2. Tendo em conta as especificidades culturais, históricas
locais e regionais e o desenvolvimento nacional.
e o grau de desenvolvimento, podem ser constituídas autar-
2. A lei garante as formas de cooperação e de organização
quias de nível supra-municipal.
que as Autarquias Locais podem adoptar para a prossecução
3. A lei pode ainda estabelecer, de acordo com as con-
de interesses comuns, às quais são conferidas atribuições e
dições específicas, outros escalões infra-municipais da
competências próprias.
organização territorial da Administração Local Autónoma.
ARTIGO 219.º CAPÍTULO II
(Atribuições) Instituições do Poder Tradicional
As Autarquias Locais têm, de entre outras e nos termos ARTIGO 223.º
da lei, atribuições nos domínios da educação, saúde, ener- (Reconhecimento)
gias, águas, equipamento rural e urbano, património, cultura 1. O Estado reconhece o estatuto, o papel e as fun-
e ciência, transportes e comunicações, tempos livres e des-
ções das instituições do poder tradicional constituídas de
portos, habitação, acção social, protecção civil, ambiente
acordo com o direito consuetudinário e que não contrariam
e saneamento básico, defesa do consumidor, promoção do
a Constituição.
desenvolvimento económico e social, ordenamento do ter-
2. O reconhecimento das instituições do poder tradicio-
ritório, polícia municipal, cooperação descentralizada e
geminação. nal obriga as entidades públicas e privadas a respeitarem,
nas suas relações com aquelas instituições, os valores e nor-
ARTIGO 220.º
(Órgãos das Autarquias) mas consuetudinários observados no seio das organizações
1. A organização das Autarquias Locais compreende político-comunitárias tradicionais e que não sejam confli-
uma Assembleia dotada de poderes deliberativos, um Órgão tuantes com a Constituição nem com a dignidade da pessoa
Executivo Colegial e um Presidente da Autarquia. humana.
2. A Assembleia é composta por representantes locais, ARTIGO 224.º
eleitos por sufrágio universal, igual, livre, directo, secreto e (Autoridades tradicionais)
periódico dos cidadãos eleitores na área da respectiva autar- As autoridades tradicionais são entidades que personi-
quia, segundo o sistema de representação proporcional. ficam e exercem o poder no seio da respectiva organização
3. O Órgão Executivo Colegial é constituído pelo seu político-comunitária tradicional, de acordo com os valores
Presidente e por Secretários por si nomeados, todos respon- e normas consuetudinários e no respeito pela Constituição
sáveis perante a Assembleia da Autarquia. e pela lei.
6518 DIÁRIO DA REPÚBLICA
Administração Autárquica, bem como a tipologia das auto- 1. Não podem ser promulgados, assinados ou ratificados
ridades tradicionais, são regulados por lei. diplomas cuja apreciação preventiva da constitucionalidade
tenha sido requerida ao Tribunal Constitucional, enquanto
este não se pronunciar sobre tal pedido.
2. Se o Tribunal Constitucional declarar a inconstitucio-
TÍTULO VII
nalidade de norma constante de qualquer Diploma Legal,
Garantias da Constituição
tratado, convenção ou acordo internacional, deve o mesmo
e Controlo da Constitucionalidade
ser vetado pelo Presidente da República e devolvido ao
CAPÍTULO I órgão que o tiver aprovado.
Fiscalização da Constitucionalidade 3. No caso do número anterior, o diploma, tratado,
convenção ou acordo internacional não pode ser promul-
SECÇÃO I gado, ratificado ou assinado, conforme os casos, sem que
Princípios Gerais
o órgão que o tiver aprovado expurgue a norma julgada
ARTIGO 226.º inconstitucional.
(Constitucionalidade) 4. Se o Diploma Legal, tratado, convenção ou acordo
1. A validade das leis e dos demais actos do Estado, da internacional vier a ser reformulado, podem o Presidente da
Administração Pública e do Poder Local depende da sua República ou os Deputados que tiverem impugnado a cons-
conformidade com a Constituição. titucionalidade do mesmo requerer a apreciação preventiva
2. São inconstitucionais as leis e os actos que violem os da constitucionalidade de qualquer das suas normas.
princípios e normas consagrados na presente Constituição. SECÇÃO III
Fiscalização Abstracta Sucessiva
ARTIGO 227.º
(Objecto da fiscalização) ARTIGO 230.º
São passíveis de fiscalização da constitucionalidade (Legitimidade)
todos os actos que consubstanciem violações de princípios e 1. O Tribunal Constitucional aprecia e declara, com
normas constitucionais, nomeadamente: força obrigatória geral, a inconstitucionalidade de qualquer
a) Os actos normativos; norma.
b) Os tratados, convenções e acordos internacionais; 2. Podem requerer ao Tribunal Constitucional a declara-
ção de inconstitucionalidade as seguintes entidades:
c) A revisão constitucional;
a) O Presidente da República;
d) O referendo.
b) Um décimo dos Deputados à Assembleia Nacional
SECÇÃO II em efectividade de funções;
Fiscalização Abstracta Preventiva
c) Os Grupos Parlamentares;
ARTIGO 228.º d) O Procurador Geral da República;
(Fiscalização preventiva da constitucionalidade) e) O Provedor de Justiça;
1. O Presidente da República pode requerer ao Tribunal f) A Ordem dos Advogados de Angola.
Constitucional a apreciação preventiva da constitucionali- ARTIGO 231.º
dade de qualquer norma constante de Diploma Legal que (Efeitos da fiscalização abstracta)
tenha sido submetido para promulgação, tratado internacio- 1. A declaração de inconstitucionalidade com força obri-
nal que lhe tenha sido submetido para ratificação ou acordo gatória geral produz efeitos desde a entrada em vigor da
internacional que lhe tenha sido remetido para assinatura. norma declarada inconstitucional e determina a repristinação
2. Pode ainda requerer a apreciação preventiva da cons- da norma que haja revogado.
titucionalidade de qualquer norma constante de Diploma 2. Tratando-se, porém, de inconstitucionalidade por
Legal que tenha sido submetido à promulgação 1/10 dos infracção de norma constitucional posterior, a declaração só
Deputados à Assembleia Nacional em efectividade de produz efeitos desde a entrada em vigor desta última.
funções. 3. Ficam ressalvados os casos julgados, salvo decisão em
3. A apreciação preventiva da constitucionalidade deve contrário do Tribunal Constitucional quando a norma respei-
ser requerida no prazo de 20 dias a contar da data da recep- tar a matéria penal, disciplinar ou de ilícito de mera ordenação
ção do Diploma Legal. social e for de conteúdo menos favorável ao arguido.
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6519
ARTIGO 241.º-A 38
(Registo eleitoral presencial)
1. [Revogado]39.
2. A institucionalização efectiva das Autarquias Locais é
definida por lei, que esetabelece a oportunidade da sua cria-
ção e o alargamento das suas competências. Vista e aprovada pela Assembleia Constituinte, aos 21 de
ARTIGO 243.º Janeiro de 2010 e, na sequência do Acórdão do Tribunal
(Nomeação diferida dos Juízes Conselheiros)
Constitucional n.º 111/2010, de 30 de Janeiro, aos 3 de
A designação dos Juízes dos Tribunais Superiores deve Fevereiro de 2010.
ser feita de modo a evitar a sua total renovação simultânea. O Presidente da Assembleia Nacional e Constituinte,
ARTIGO 244.º Fernando da Piedade Dias dos Santos.
(Amnistia)
O Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
São considerados amnistiados os crimes militares, os
crimes contra a segurança de Estado e outros com eles
relacionados, bem como os crimes cometidos por milita-
res e agentes de segurança e ordem interna, praticados sob ANEXO II
qualquer forma de participação, no âmbito do conflito polí- Insígnia Nacional
tico-militar terminado em 2002. A Insígnia da República de Angola é formada por uma
Vista e aprovada pela Assembleia Constituinte, aos 21 de secção de uma roda dentada e por uma ramagem de milho,
Janeiro de 2010 e, na sequência do Acórdão do Tribunal café e algodão, representando respectivamente os trabalha-
Constitucional n.º 111/2010, de 30 de Janeiro, aos 3 de dores e a produção industrial, os camponeses e a produção
Fevereiro de 2010. agrícola.
O Presidente da Assembleia Nacional e Constituinte, Na base do conjunto, existe um livro aberto, símbolo da
Fernando da Piedade Dias dos Santos.
educação e cultura, e o sol nascente, significando o novo País.
O Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
Ao centro está colocada uma catana e uma enxada, simboli-
zando o trabalho e o início da luta armada. Ao cimo figura a
estrela, símbolo da solidariedade internacional e do progresso.
ANEXO I Na parte inferior do emblema está colocada uma faixa
Bandeira Nacional dourada com a inscrição «República de Angola».
A Bandeira Nacional tem duas cores dispostas em duas
faixas horizontais. A faixa superior é de cor vermelho-rubra
e a inferior de cor preta e representam:
a) Vermelho-Rubra — O sangue derramado pelos
angolanos durante a opressão colonial, a luta de
libertação nacional e a defesa da Pátria;
b) Preta — O Continente Africano.
No centro, figura uma composição constituída por uma
secção de uma roda dentada, símbolo dos trabalhadores e da
produção industrial, por uma catana, símbolo dos campone-
ses, da produção agrícola e da luta armada, e por uma estrela, Vista e aprovada pela Assembleia Constituinte, aos 21 de
símbolo da solidariedade internacional e do progresso. Janeiro de 2010 e, na sequência do Acórdão do Tribunal
A roda dentada, a catana e a estrela são de cor amarela, Constitucional n.º 111/2010, de 30 de Janeiro, aos 3 de
que representa a riqueza do País. Fevereiro de 2010.
Aditado pelo artigo 2.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publicada
38
O Presidente da Assembleia Nacional e Constituinte,
no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série.
Fernando da Piedade Dias dos Santos.
39
Revogado pelo artigo 3.º da Lei n.º 18/21 — Lei de Revisão Constitucional, publi-
cada no Diário da República n.º 154, de 16 de Agosto, I Série. O Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
I SÉRIE –– N.º 154 –– DE 16 DE AGOSTO DE 2021 6521
Neto, Isabel Helena da Costa Dala, Isabel J. Miguel S. Peliganga, Paulo Gime, Paulo Teixeira Jorge, Paulo Pombolo, Pedro
Isabel Nlandu Morena, Jacinto dos Santos José, Jeremias Diavova, Pedro Domingos Peterson, Quintino António Moreira,
Dumbo, João Baptista Domingos, João Baptista Ngandagina, Raúl Augusto Lima, Raúl Manuel Danda, Regina Eduardo
João Bernardo de Miranda, João de Almeida A. Martins, João Tchipoia, Roberto António Víctor Francisco de Almeida, Rodeth
Fernando Mucanda, João Marcelino Tchiypinge, João Manuel Teresa M. Gil, Rosa Pedro Afonso Garcia, Rosália Sandalawa
Pinto, João Muatonguela, Joaquim Wanga, Job Pedro Castelo Kapamba, Rosária Ernesto da Silva, Rui Luís Falcão Pinto de
Capapinha, Jorge Marques Bela, José Augusto, José Diogo Andrade, Ruth Adriano Mendes, Sabina Napolo, Sabonete
Ventura, José Domingos Francisco Tuta, José Eduardo Carmo Muancopotola, Samuel Daniel, Sapalo António, Sara Luísa
Nelumba, José F. Tingão Pedro, José Gabriel Paiva, José Mateus, Serafina Miguel Emília Pinto, Sérgio de Sousa M. dos
Mangovo Tomé, José Mário Katiti, José Miúdo, José Pami, José Santos, Sérgio Luther Rescova Joaquim, Simão Geremias Boa
Samuel Chiwale, Josefina Pandeinge Haleinge, Judite Kaiovola, Carroba, Sónia Moisés Nele, Suzana Pereira Bravo, Silvestre
Julião Francisco Teixeira, Julião Mateus Paulo, Júlio M. Vieira Gabriel Samy, Teresa de Jesus Cohen dos Santos, Teresa Jorge
Bessa, Júlio Tungu, Leonora Mbimbi de Morais, Lopo F. Ferreira
Pinto, Tomás Simão da Silva, Tito Chimona, Valeriano Chimo
do Nascimento, Lourenço Diogo Contreiras Neto, Lucamba
Cassauié, Vasco Pedro José, Víctor Pedro e Victória Manuel da
Paulo, Lúcia Maria Tomás, Luís Domingos, Luís Reis Paulo
Silva Izata.
Cuanga, Luís Wachihassa Maiajala, Luzia P. de S. Inglês Van-
In Memoriam: Beatriz Aurora Fernandes Salucombo e
-Dúnem, Manuel Figueira Kalunga, Manuel L. Rocha da Silva,
Fernando da Costa Andrade.
Manuel Pedro de Oliveira, Manuel Teodoro de Jesus Quarta,
Membros da Comissão Técnica:
Manuel Saviemba, Marcelina Huna Alexandre, Mártires Correia
Carlos Maria da Silva Feijó — Coordenador, António
Víctor, Maria Ângela T. de A. S. Bragança, Maria Buitti Makuala,
Rodrigues Afonso Paulo — Coordenador-Adjunto, Adão
Maria Carolina M. F. M. Fortes, Maria de Assunção Vahekeny
do Rosário, Maria da Conceição Wimbo Pinto, Maria de Fátima Francisco Correia de Almeida, Cremildo José Félix Paca,
Munhica António, Maria de L. S. Abanbres Veiga, Maria Eulália João Maria Pocongo, José Octávio Serra Van-Dúnem,
A. Camilo, Maria Isabel, Maria Isabel M. Mutunda, Maria José, José António Lopes Semedo, Sihanouk L. Fortuna, Marcy
Maria Júlia de C. Ornelas, Maria Madalena da C. Narciso, Maria Cláudio Lopes, Rosa Branca da Cunha Cardoso, Rosa Maria
Rosa de Lourdes, Maria Sebastião I. Jerónimo, Maria Sebita João Fernandes Guerra, Solange Romero de Assis Machado
Pertence, Mariano Paulo A. Afonso, Marta B. do Carmo Issungo, Pereira, Casimiro Calei, Armindo Moisés Cassessa, Cláudio
Mateus Isabel Júnior, Meneses Clemente Cambinda, Miguel da Conceição Henriques da Silva, David Alberto Já, Lopes
Maria Nzau Puna, Miraldina Olga Marcos Jamba, Monteiro Toni do Nascimento N. Malanje, Gongo João Pedro e
Pinto Kapunga, Natália A. Abílio Dobia, Norberto Fernandes Manuel Moreira Pinheiro.
dos Santos, Ngola Kabangu, Nuno dos Anjos C. Albino, Nzuzi Participaram ainda: Adérito Belmiro Correia e Manuel
Makiese Wete, Nimi a Simbi, N’Zola Pierre Mamona, Palmira Neto Costa.
D. Pascoal Bernardo, Palmira Leitão Barbosa, Panzo Joaquim, (21-6725-A-PR)