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Pós-Graduação de Direito
Considerando a previsão do art. 46 inciso VIII da Lei nº 9.610 de 19 de feveiro de 1998, informo
quetodos os alunos devem buscar obter a integralidade das obras, todas de excelente qualidade e
atualização e disponível em diversos formatos.
PROPEDÊUTICA – CONCEITO,
FINALIDADES, NATUREZA JURÍDICA,
AUTONOMIA, HERMENÊUTICA E
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL
DO TRABALHO
1 Conceito
Direito Processual do Trabalho é o ramo da ciência jurídica que se
constitui de um conjunto de princípios, regras, instituições e institutos
próprios que regulam a aplicação do Direito do Trabalho às lides
trabalhistas (relação de emprego e relação de trabalho), disciplinando as
atividades da Justiça do Trabalho, dos operadores do Direito e das partes,
nos processos individuais, coletivos e transindividuais do trabalho.
Mauro Schiavi1 assim define o Direito Processual do Trabalho: “o
conjunto de princípios, normas e instituições que regem a atividade da
Justiça do Trabalho, com o objetivo de dar efetividade à legislação
trabalhista e social, assegurar o acesso do trabalhador à Justiça e dirimir,
com justiça, o conflito trabalhista”.
Na visão de Carlos Henrique Bezerra Leite2, “o ramo da ciência jurídica,
constituído por um sistema de normas, princípios, regras e instituições
próprias, que tem por objeto promover a pacificação justa dos conflitos
individuais, coletivos e difusos decorrentes direta ou indiretamente das
relações de emprego e de trabalho, bem como regular o funcionamento dos
órgãos que compõem a Justiça do Trabalho”.
2 Finalidades
O Direito Processual do Trabalho apresenta as seguintes finalidades:
1ª) dar efetividade à legislação trabalhista e social – ao Direito Material
do Trabalho;
2ª) assegurar ao trabalhador o acesso à Justiça do Trabalho – à ordem
jurídica justa;
3ª) resguardar a dignidade da pessoa do trabalhador;
4ª) garantir os valores sociais do trabalho;
5ª) trazer a pacificação social;
6ª) promover a justa composição dos conflitos individuais, coletivos e
metaindividuais trabalhistas.
3 Natureza jurídica
Em primeiro lugar, é importante trazer uma definição do que seja
natureza jurídica. Em nossas aulas, sempre nos deparamos com uma
grande preocupação – aliás, natural – dos alunos com a memorização e o
entendimento da natureza jurídica dos inúmeros institutos jurídicos, mas
dificilmente paramos para pensar o que é natureza jurídica.
A natureza jurídica é formada por duas ideias centrais:
1ª) definição – busca da essência;
2ª) classificação – busca do posicionamento comparativo.
Esta é a fórmula da natureza jurídica: definição + classificação.
Nessa linha de raciocínio, é oportuno consignar os ensinamentos do
Professor Mauricio Godinho Delgado3:
“Encontrar a natureza jurídica de um instituto do Direito (ou até de um
ramo jurídico, como o Direito do Trabalho) consiste em se apreenderem
os elementos fundamentais que integram sua composição específica,
contrapondo-os, em seguida, ao conjunto mais próximo de figuras
jurídicas (ou de segmentos jurídicos, no caso do ramo justrabalhista), de
modo a classificar o instituto enfocado no universo de figuras existentes
no Direito.
(...)
Encontrar a natureza jurídica do Direito do Trabalho consiste em se
fixarem seus elementos componentes essenciais, contrapondo-os ao
conjunto mais próximo de segmentos jurídicos sistematizados, de modo
a classificar aquele ramo jurídico no conjunto do universo do Direito. À
medida que esse universo do Direito tem sido subdividido em dois
grandes grupos (Direito Público versus Direito Privado), a pesquisa da
natureza jurídica do Direito do Trabalho importa em classificar tal ramo
especializado em algum dos grandes grupos clássicos componentes do
Direito”.
O Direito Processual do Trabalho é ramo do Direito Público. E compõe-
se de um conjunto de princípios, regras, instituições e institutos próprios
definido em normas estatais cogentes, imperativas ou de ordem pública, de
observância obrigatória.
Com a evolução da sociedade, o Estado chamou para si, de forma quase
monopolizada, o exercício da função jurisdicional. Na verdade, esse papel
do ente público é o poder, o dever, a função ou a atividade de,
imparcialmente, substituir a vontade das partes, dizer o direito e aplicar o
direito objetivo ao caso concreto para resolver a lide – lembrando, pela
definição tradicional, que a lide consiste no conflito de interesses qualificado
por uma pretensão resistida de interesses, objetivando a sua justa
composição e a pacificação social.
Assim, sendo a jurisdição grande exemplo de heterocomposição e a forma
mais comum de solução dos conflitos de interesses, o direito processual
em geral, abrangendo o direito processual trabalhista, civil e penal, é
classificado como pertencente ao Direito Público.
Confirmando a posição acima adotada, o Direito Processual do Trabalho
possui suas fontes normativas oriundas do ordenamento jurídico estatal.
Com efeito, a edição de normas processuais trabalhistas somente pode ser
conduzida pelo Estado, com base no princípio da legalidade.
O enquadramento do Direito Processual do Trabalho como ramo do
Direito Público é correto e encontra fundamento na própria Constituição
Cidadã de 1988, em seu art. 22, I, que aduz competir privativamente à
União legislar sobre direito processual.
4 Autonomia
Sobre a autonomia de determinado ramo do Direito, insta consignar os
ensinamentos do eminente jurista Mauricio Godinho Delgado4:
“Autonomia (do grego auto, próprio, e nomé, regra), no Direito, traduz
a qualidade atingida por determinado ramo jurídico de ter enfoques,
princípios, regras, teorias e condutas metodológicas próprias de
estruturação e dinâmica.
A conquista da autonomia confirma a maturidade alcançada pelo ramo
jurídico, que se desgarra dos laços mais rígidos que o prendiam a
ramo(s) próximo(s), sedimentando via própria de construção e
desenvolvimento de seus componentes específicos. Nessa linha, pode-se
afirmar que um determinado complexo de princípios, regras e institutos
jurídicos assume caráter de ramo jurídico específico e próprio quando
alcança autonomia perante os demais ramos do Direito que lhe sejam
próximos ou contrapostos.
O problema da autonomia não é exclusivo do Direito e seus ramos
integrantes. As próprias ciências o enfrentam, necessariamente. Neste
plano científico específico, pode-se dizer que um determinado conjunto
de proposições, métodos e enfoques de pesquisa acerca de um universo
de problemas assume o caráter de ramo de conhecimento específico e
próprio quando também alcança autonomia perante os demais ramos de
pesquisa e saber que lhe sejam correlatos ou contrapostos.
Quais são os requisitos para a afirmação autonômica de certo campo
do Direito?
O jurista italiano Alfredo Rocco sintetizou, com rara felicidade, a tríade
de requisitos necessários ao alcance de autonomia por certo ramo
jurídico. Trata-se, de um lado, da existência, em seu interior, de um
campo temático vasto e específico; de outro lado, a elaboração de
teorias próprias ao mesmo ramo jurídico investigado; por fim, a
observância de metodologia própria de construção e reprodução da
estrutura e dinâmica desse ramo jurídico enfocado.
A esses três requisitos, acrescentaríamos um quarto, consubstanciado
na existência de perspectivas e questionamentos específicos e próprios,
em contraposição aos prevalecentes nos ramos próximos ou correlatos”.
Há uma grande cizânia doutrinária e jurisprudencial quanto à
autonomia ou não do Direito Processual do Trabalho em relação ao Direito
Processual Civil.
Existem duas correntes sobre essa controvérsia:
a ) Teoria monista – sustenta que o Direito Processual é comum,
abrangendo o Direito Processual Civil, o Direito Processual do Trabalho, o
Direito Processual Penal etc. Além disso, assevera que não há diferença
substancial entre o Processo do Trabalho e o Processo Civil capaz de
justificar a autonomia da lei adjetiva trabalhista. Na verdade, o Direito
Processual do Trabalho seria simples desdobramento do Processo Civil, daí
a improcedência de se justificar a tese de sua autonomia, na medida em
que não contaria com princípios e institutos próprios. Renomados juristas
defendem a Teoria Monista, embora representem, atualmente, a posição
minoritária:
Valentin Carrion 5: “(...) o direito processual do trabalho não é
autônomo com referência ao processual civil e não surge do direito
material laboral. O direito processual do trabalho não possui princípio
próprio algum, pois todos os que o norteiam são do processo civil
(oralidade, celeridade etc.); apenas deu (ou pretendeu dar) a alguns
deles maior ênfase e relevo. O princípio de ‘em dúvida pelo mísero’ não
pode ser levado a sério, pois, se se tratar de dúvida na interpretação dos
direitos materiais, será uma questão de direito do trabalho e não de
direito processual. E, se se tratar deste, as dúvidas se resolvem por
outros meios: ônus da prova, plausibilidade, fontes de experiência
comum, pela observação do que ordinariamente acontece (CPC/15, art.
376) ou contra quem possuía maior facilidade de provar etc. (...)”.
Christovão Piragibe Tostes Malta 6: “a circunstância de o processo
trabalhista poder apresentar peculiaridades, no entanto, não justifica a
conclusão de que é autônomo quando simultaneamente se proclama
que existe autonomia de um ramo do direito se possui campo, princípios
e fundamentos próprios, o que não sucede confrontando-se os processos
civil e trabalhista.
Além disso, há uma tendência dos estudiosos do direito processual do
trabalho de estenderem a este inovações de direito processual civil,
assim visando a obter maior celeridade e melhoria técnica na solução
das lides laborais, o que, no entanto, não tem sido alcançado.
(...) os princípios que regem o direito processual trabalhista são os
mesmos que presidem o processo civil, embora com algumas
adaptações. O essencial, contudo, é que os princípios em si são os
mesmos.
Os princípios processuais, aliás, são, como regra geral, universais, e o
processo do trabalho na maioria dos países é o processo civil, o que bem
mostra que no máximo se poderia falar em autonomia do direito
processual do trabalho brasileiro em paralelo com o direito processual
civil brasileiro.
Não se encontram, ainda, evidenciados fundamentos processuais
trabalhistas diferentes dos fundamentos do direito processual civil. O
estudo dos institutos processuais básicos (ação, processo, jurisdição etc.)
bem mostra que a estrutura do direito processual trabalhista é a mesma
do direito processual civil. São, por exemplo, tratadas no processo civil e
trabalhista de modo análogo às questões concernentes à contagem de
prazo, preclusão, partes, coisa julgada e muitas outras.
Atualmente, há uma inclinação da jurisprudência e da doutrina laborais
no sentido de recepcionarem muitos institutos do direito processual civil
como a ação monitória e a exceção da pré-executividade, que atentam
contra a simplicidade, que deve ser uma tônica do direito processual
trabalhista.
Há, enfim, vários institutos que são tratados de modo análogo no
direito processual civil e no trabalhista brasileiros: enquanto outros
merecem tratamento bastante diferente.
A circunstância de poder aplicar-se o direito processual civil ao
trabalhista, quando não houver incompatibilidade entre ambos, também
contribui para proclamar-se que o direito processual trabalhista não é
autônomo”.
b ) Teoria dualista – sustenta que o Direito Processual do Trabalho é
autônomo em relação ao Direito Processual Civil, apresentando
diferenças substanciais que justificam a sua autonomia. Atualmente,
representa a posição majoritária, defendida por juristas de nomeada:
Mauro Schiavi7: “Estamos convencidos de que, embora o Direito
Processual do Trabalho, hoje, esteja mais próximo do Direito Processual
Civil e sofra os impactos dos Princípios Constitucionais do Processo, não
há como se deixar de reconhecer alguns princípios peculiares do Direito
Processual do Trabalho os quais lhe dão autonomia e o distinguem do
Direito Processual Comum.
De outro lado, embora alguns princípios do Direito Material do
Trabalho, tais como primazia da realidade, razoabilidade, boa-fé, sejam
aplicáveis também ao Direito Processual do Trabalho, a nosso ver, os
Princípios do Direito Material do Trabalho não são os mesmos do
Processo, uma vez que o processo tem caráter instrumental e os
princípios constitucionais da isonomia e imparcialidade, aplicáveis ao
Processo do Trabalho, impedem que o Direito Processual do Trabalho
tenha a mesma intensidade de proteção do trabalhador própria do
Direito Material do Trabalho. Não obstante, não há como se negar um
certo caráter protecionista no Direito Processual do Trabalho, que para
alguns é princípio peculiar do Processo do Trabalho e para outros
características do procedimento trabalhista, para assegurar o acesso
efetivo do trabalhador à Justiça do Trabalho e também a uma ordem
jurídica justa.
Também milita em prol da autonomia do Direito Processual do
Trabalho, o Brasil possuir um ramo especializado do judiciário para
dirimir as lides trabalhistas, uma legislação própria que disciplina o
Processo do Trabalho (CLT, Lei n. 5.584/70 e Lei n. 7.701/88), um objeto
próprio de estudo e vasta bibliografia sobre a matéria.
Reconhecemos, por outro lado, que as ciências processuais devem
caminhar juntas, e o Processo do Trabalho, em razão dos princípios da
subsidiariedade, do acesso à justiça, da duração razoável do processo,
pode se aproveitar dos benefícios obtidos pelo Processo Comum.
Além disso, a autonomia do direito processual do trabalho não pode ser
motivo para isolamento e acomodação do intérprete. Há necessidade de
constante diálogo entre o direito processual do trabalho e os outros
ramos do direito processual, principalmente com os princípios
fundamentais do processo consagrados na Constituição Federal”
(destaques nossos).
Carlos Henrique Bezerra Leite8: “(...) afigura-se-nos que o direito
processual do trabalho dispõe de autonomia em relação ao direito
processual civil (ou direito processual não penal).
Com efeito, o direito processual do trabalho dispõe de vasta matéria
legislativa, possuindo título próprio na Consolidação das Leis do
Trabalho, que, inclusive, confere ao direito processual civil o papel de
mero coadjuvante.
Por outro lado, (...) existem princípios peculiares ao direito processual
do trabalho, como os princípios da proteção, da finalidade social, da
indisponibilidade, da busca da verdade real, da normatização coletiva e
da conciliação.
Ademais, não há negar que o direito processual do trabalho possui
institutos próprios, como, por exemplo, uma Justiça especializada com
juízes especializados e o poder normativo exercido originariamente pelos
Tribunais do Trabalho.
De outra parte, convém lembrar que o direito processual do trabalho
dispõe, atualmente, de autonomia didática, pois a disciplina tem sido
ofertada separadamente nas grades curriculares; de autonomia
jurisdicional, não apenas no Brasil (CF, art. 114) mas, também, em
outros países, como Alemanha, Argentina, Uruguai, México e Espanha;
de autonomia doutrinária, pois são inúmeras as obras, nacionais e
estrangeiras, versando apenas direito processual do trabalho”.
Renato Saraiva9: “Em última análise, embora seja verdade que a
legislação instrumental trabalhista ainda é modesta, carecendo de um
Código de Processo do Trabalho, definindo mais detalhadamente os
contornos do processo laboral, não há dúvida que o Direito Processual
do Trabalho é autônomo em relação ao processo civil, uma vez que
possui matéria legislativa específica regulamentada na Consolidação das
Leis do Trabalho, sendo dotado de institutos, princípios e peculiaridades
próprios, além de independência didática e jurisdicional” (destaques
nossos).
Não se pode dizer, assim, que haja uma autonomia legislativa do
processo do trabalho, pela inexistência de um código sobre a matéria. É
certo, porém, que o Brasil, ao contrário de outros países, como a Itália,
não tem as regras de processo do trabalho insertas no Código de
Processo Civil. Entretanto, existe um número suficientemente grande de
normas a tratar do processo do trabalho, seja na CLT ou na legislação
esparsa.
Do ponto de vista doutrinário, há autonomia do processo do
trabalho.
O Brasil, pode-se dizer, é um dos países que mais tem obras sobre
Direito Processual do Trabalho, muitas delas de qualidade reconhecida
internacionalmente.
No que diz respeito ao desenvolvimento didático, muitas faculdades de
Direito ministram a matéria Direito Processual do Trabalho há muitos
anos no curso de bacharelado seja em um ano, seja em um semestre.
Hoje, existem muitos cursos que estão se especializando na preparação
para ingresso na magistratura do trabalho, possuindo matéria específica
sobre processo do trabalho.
Nos exames da Ordem dos Advogados do Brasil são exigidos
conhecimentos específicos de Direito do Trabalho e Processo do
Trabalho para habilitar o bacharel a atuar como advogado.
No Brasil, a autonomia jurisdicional do processo do trabalho está
bem caracterizada desde 1946, quando a Constituição incluiu a Justiça
do Trabalho como órgão integrante do Poder Judiciário.
A autonomia jurisdicional não é um critério preciso para caracterizar a
autonomia do processo do trabalho. A autonomia não deriva, porém, da
jurisdição, que não é causa, mas o efeito da autonomia.
Há, contudo, instituição própria, que é a Justiça do Trabalho.
No tocante à autonomia científica, podemos verificar que as
instituições do processo do trabalho são diversas das demais áreas do
Direito. Exemplo disso é termos uma justiça especializada em causas
trabalhistas, integrante do Poder Judiciário.
Há conceitos próprios no processo do trabalho, como de ação de
cumprimento para a observância de dissídio coletivo, reclamações
plúrimas, poder normativo etc.
Podemos concluir que o processo do trabalho em muitos aspectos já
era autônomo, mas sua autonomia total vinha sendo conquistada passo
a passo.
Enfim, o processo do trabalho vem merecendo estudos de conjunto,
adequados e particulares, que mostram ser ele uma matéria vasta. A
doutrina se sedimentou no sentido de que existem conceitos gerais
comuns completamente distintos dos conceitos gerais do processo
comum. Tem o processo do trabalho princípios distintos que visam o
conhecimento da matéria que é objeto de sua investigação. Tem
também instituição própria, que é a Justiça do Trabalho. Logo, pode-se
dizer que é autônomo do Processo Civil, embora ligado ao Direito
Processual, que é o gênero. Essa autonomia, porém, não quer dizer que
está isolado do Direito, pois é espécie do gênero Direito” (destaques
nossos).
Amauri Mascaro Nascimento10: “A autonomia do direito processual do
trabalho, nunca de forma a separar-se do direito processual civil, afirma-
se diante dos seguintes aspectos:
• jurisdição especial destinada a julgar dissídios individuais;
• dissídio coletivo econômico, jurídico e de greve como uma das suas
peculiaridades;
• existência de lei processual específica, embora com larga aplicação
subsidiária do direito processual comum;
• singularidade do tipo de contrato que interpreta, o vínculo de trabalho,
que, diante da inafastabilidade entre o trabalho e a pessoa que o
presta, difere dos contratos de direito civil, na medida em que em seu
objeto está envolvida a pessoa que trabalha, seus direitos de
personalidade e o poder de direção daquele que é beneficiado pelo
trabalho, numa troca salário-trabalho, mas, também, diante das
pessoas típicas que figuram como sujeitos do vínculo, o empregado e o
empregador”.
Cleber Lúcio de Almeida11: “O direito processual do trabalho é
autônomo, na medida em que conta com diplomas legais específicos
(autonomia legislativa), doutrina própria (autonomia doutrinária),
princípios e fins próprios (autonomia científica), objetivo próprio (solução
dos conflitos de interesses oriundos de relação de trabalho ou a ela
conexos) e é aplicado por órgãos jurisdicionais especiais (autonomia
jurisdicional). O direito processual do trabalho não é, portanto, um ramo
particular do direito processual civil” (destaque nosso).
Wagner D. Giglio 12: “Considerado do ângulo científico, porém,
entendemos que o Direito Processual do Trabalho já é autônomo”.
José Augusto Rodrigues Pinto13: “Não é unânime a opinião dos
processualistas pátrios sobre a existência autônoma do Direito
Processual do Trabalho brasileiro. Até mesmo juslaboralistas de porte
aludem a ‘características próprias que lhe asseguram relativa
autonomia’. Sem dúvida, atentam os que assim pensam para a larga
aplicação supletiva das regras do Direito Comum de processo, amarra,
aliás, da qual os intérpretes e aplicadores de nossa legislação processual
do trabalho, mais do que ela mesma, estão precisando libertar-se, em
favor de sua eficiência.
Ainda assim, mantemos um alinhamento convicto com os que lhe
reconhecem autonomia plena, ‘pois sua matéria é extensa, sua
doutrina homogênea e tem método próprio’.
Os caminhos para a autonomia do Direito Processual do Trabalho, em
face do processo comum, não poderiam ser diversos dos seguidos por
todos os ramos que obtiveram identidade própria, dentro da unidade
científica do Direito. Foram por ele observados os estágios clássicos da
formação de princípios e doutrina peculiares, legislação típica e aplicação
didática regular.
Todos esses estágios estão cumpridos, no Brasil, sucessivamente, pelo
Direito Processual do Trabalho. Acha-se ele sustentado por princípios
peculiares, ainda que harmonizados com os gerais do processo, por
ampla construção doutrinária, que se retrata em consistente referência
bibliográfica, e por um sistema legal característico, incluindo-se, além do
mais, nos currículos de graduação em Direito, na condição de disciplina
nuclear. Aduza-se, ainda, a observação de Coqueijo Costa sobre ter ‘juiz
próprio’, ou seja, jurisdição especial, o que nem chega a ocorrer em
todos os países do mundo ocidental industrializado”.
5 Hermenêutica
O termo hermenêutica tem origem em Hermés, deus grego que atuava
como mensageiro dos deuses. Assim, tinha a incumbência de explicar e
interpretar as mensagens enviadas aos mortais.
A hermenêutica pode ser conceituada como a ciência que tem por
objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis à determinação
do sentido e alcance das expressões do Direito.
Portanto, a hermenêutica compreende:
• a interpretação;
• a integração;
• a aplicação do Direito.
Sobre o tema, discorre o Professor Mauricio Godinho Delgado14:
“A Hermenêutica Jurídica, do ponto de vista estrito, corresponde,
tecnicamente, à ciência (ou ramo da Ciência do Direito) que trata do
processo de interpretação das normas jurídicas.
Na medida em que os processos de integração e aplicação de normas
são muito próximos, correlatos e combinados à dinâmica de
interpretação, tende-se a arrolar, ainda, no conjunto da Hermenêutica –
apreendida, desse modo, no sentido amplo – também esses dois
processos afins (integração e aplicação). A justificativa para essa
conduta é nitidamente didática – por ser funcional a reunião dos temas
da interpretação, integração e aplicação do Direito –, embora não
atenda ao mais apurado rigor técnico.
Distingue-se a Hermenêutica (no sentido estrito) da interpretação.
Esta, como visto, traduz, no Direito, a compreensão e reprodução
intelectual de uma dada realidade conceitual ou normativa, ao passo que
a Hermenêutica traduz o conjunto de princípios, teorias e métodos que
buscam informar o processo de compreensão e reprodução intelectual do
Direito. Interpretação é, pois, a determinação do ‘sentido e alcance das
expressões de direito’; Hermenêutica Jurídica, a ciência que busca
sistematizar princípios, teorias e métodos aplicáveis ao processo de
interpretação. A Hermenêutica apreende e fixa os critérios que devem
reger a interpretação – que os absorve e concretiza na dinâmica
interpretativa.
A interpretação é, em síntese, um processo, enquanto a Hermenêutica
é a ciência voltada a estudar o referido processo, lançando-lhe princípios,
teorias e métodos de concretização”.
5.1 Interpretação
5.2 Integração
5.3 Aplicação
6 Fontes
O assunto é um dos mais importantes no estudo da Ciência Jurídica. Por
exemplo, no âmbito processual trabalhista conseguimos compreender a
sistemática processual da disciplina e por que esse ramo é autônomo e
complexo.
Recorremos ao eminente Ministro do TST, Mauricio Godinho Delgado19, a
fim de aprofundarmos o estudo:
“(...)
A palavra fontes, como se sabe, comporta relativa variedade
conceitual. Além da acepção estrita de nascente, o verbete é utilizado no
sentido metafórico traduzindo a ideia de início, princípio, origem, causa.
Nesta acepção metafórica, fonte seria ‘a causa donde provêm efeitos,
tanto físicos como morais’.
A teoria jurídica captou a expressão em seu sentido metafórico. Assim:
no plano dessa teoria, fontes do Direito consubstancia a expressão
metafórica para designar a origem das normas jurídicas”.
Diante do exposto, iniciaremos a abordagem das fontes do Direito,
partindo da premissa de que fonte traduz a ideia de origem, princípio, início,
causa, nascedouro. Fontes do Direito podem ser conceituadas como a
origem das normas jurídicas.
A seguir, a classificação das fontes.
PRINCÍPIOS DO DIREITO
PROCESSUAL DO TRABALHO
1 Introdução
No Direito, os princípios são regramentos básicos que fundamentam
todo o ordenamento jurídico, determinado ramo ou área do conhecimento
ou um instituto de direito material ou processual do trabalho.
Sempre menciono nas minhas aulas que o estudo dos princípios, para
qualquer ramo ou instituto jurídico, representa a parte mais importante da
matéria, servindo de base para a compreensão do conteúdo. Representa a
parte nuclear da ciência jurídica.
O eminente jurista Celso Antônio Bandeira de Mello20 assim define
princípio:
“É, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro
alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes
normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata
compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá
sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a
intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há
por nome sistema jurídico positivo.
Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma
qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um
específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos.
É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o
escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo
o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia
irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra”.
Este princípio está na pauta do dia, tendo em vista o novo inciso LVIII do
art. 5º da CF, pautado no Pacto de São José da Costa Rica (Convenção
Americana sobre Direitos Humanos). Trata-se do princípio da
celeridade processual ou da razoável duração do processo.
Corrobora a efetividade processual e o acesso à ordem jurídica justa.
A busca da celeridade processual, de modo que o processo apresente
uma razoável duração, é escopo de todos os ramos do Direito. A demora na
entrega da prestação jurisdicional é um vício extremamente grave para a
sociedade, e deve ser combatida com veemência.
O jurisdicionado deve ter a sensação de que o Poder Judiciário é uma
instituição preocupada com a solução dos conflitos de interesses e a
entrega do bem da vida, de forma célere, rápida e efetiva.
No Processo do Trabalho, o princípio da celeridade deve ser observado
com primazia, tendo em vista o trabalhador ser a parte mais fraca na
relação jurídica (hipossuficiente), e a natureza alimentar dos créditos
trabalhistas.
PARTE GERAL
LIVRO I – DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
LIVRO II – DA FUNÇÃO JURISDICIONAL
LIVRO III – DOS SUJEITOS DO PROCESSO
LIVRO IV – DOS ATOS PROCESSUAIS
LIVRO V – DA TUTELA PROVISÓRIA
LIVRO VI – DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO
PROCESSO
PARTE ESPECIAL
LIVRO I – DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA
LIVRO II – DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
LIVRO III – DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE
IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS
......... .. 797 Os primeiros órgãos criados no Brasil objetivando solucionar os conflitos tra-
balhistas foram os Conselhos Permanentes de· Conciliação e Arbitragem, os quais,
.......... . 801 embora não efetivamente implantados, foram instituídos pela Lei 1.637, de05.l:M9,11;
L"' LUK>U Ut UIKtll U PROCESSUAL DO TRABALHO • Renato Saraiva e Aryanna Manfredini
cujo art. 8. o dispunha que "os sindicatos que se constituírem com o espírito de As Jun
harmonia entre patrões e operários, como os ligados por conselhos permanentes de função de d
conciliação e arbitragem, destinados a dirimir as divergências e contestações entre sindicalizad
o capital e o trabalho, serão considerados como representantes legais da classe in- de julgame
tegral dos homens do trabalho e, como tais, poderão ser consultados em todos os execução ju
assuntos da profissãô'. avocar qual
Posteriormente, a Lei 1.869, de 10.10.1922, criou, em São Paulo, os denomina- de flagrante
dos Tribunais Rurais, de composição paritária (composto por um juiz de direito da eram comp
comarca, um representante dos trabalhadores e outro, dos fazendeiros), com função representan
de dirimir conflitos até o valor de "quinhentos mil réis", decorrentes da interpretação Wilson
e execução dos contratos de serviços agrícolas. Todavia, os Tribunais Rurais não
167, a respe
produziram resultados satisfatórios.
esclarece qu
Em verdade, esses primeiros órgãos criados praticamente não exerceram suas
funções, pois, como esclarece José Augusto Rodrigues Pinto, Processo trabalhiSta
de conhecimento, p. 35, "sendo caixas de ressonâncias dos conflitos que cuidavam
e inexistindo, à sua época, ambiente propício à sua formação, atrofiaram-se por de
co
esvaziamento natural de funções e finalidade':
de
Dois fatores contribuíram, de forma decisiva, na institucionalização da Justiça am
do Trabalho no Brasil, quais sejam: o surgimento das convenções coletivas de traba- fal
lho e a influência da doutrina da Itália, visto que nosso sistema acabou por copiar, de
em vários aspectos, o sistema italiano da Carta dei Lavoro, de 1927, de Mussolini co
(regime corporativista).
Já na era Vargas, em 1932, foram criadas as Juntas de Conciliação e Julgamento Após
e as Comissões Mistas de Conciliação, que atuavam como órgãos administrativos, dotadas ta
julgando, respectivamente, os dissídios individuais e coletivos do trabalho. funcionava
Amauri Mascaro Nascimento, Curso de direito processual do trabalho, p. 28, do Trabalh
sobre o tema, leciona que: A Jus
quando en
"A convenção coletiva do trabalho 'entrou definitivamente no elenco mento apr
das instituições jurídicas brasileiras, à margem da organização judiciária, e,
com funções especfficas, se erigiram as Comissões Mistas de Conciliação'
Apesa
(Waldemar Ferreira). Essas comissões nasceram subsequentemente e como do Trabalh
consequência direta da introdução das convenções coletivas (1932) e para decisões. A
atender à necessidade de um órgão para decidir e interpretar as questões a saber: Ju
delas oriundas. Assim, nos municípios ou localidades onde existissem sindicatos desprovida
ou associações profissionais de empregadores ou empregados, foram criadas
as Comissões Mistas de Conciliação (1932), com a função, segundo Waldemar
pelo Presid
Ferreira, "especificamente jurisdicional, lançando as linhas de um autêntico gadores; C
tribunal trabalhista, em cuja formação se encontrem representantes, em igual Regionais
número, de empregadores e empregados, decidindo, sob a presidência de para decid
pessoa estranha aos interesses profissionais, de preferência membros da Or- tivos nos l
dem dos Advogados do Brasil, magistrados e funcionários federais, estaduais
ou municipais, escolhidos aqueles por sorteio de nomes constantes de listas
atualmente
apresentadas pelos sindicatos ou associações profissionais". duas Câm
Em 1
Todavia, as Comissões Mistas de Conciliação, que tinham como função primeira dois título
julgar os dissídios coletivos, funcionaram de forma precária e esporádica, visto que, IX - Do M
à época, eram raros os conflitos coletivos. trabalho (
Cap. 1 • PRINC[PIOS E FONTES FORMAIS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 25
Julgamento Após 1932, surgiram outras organizações não pertencentes ao Poder Judiciário,
nistrativos, dotadas também de poder de decisão, dentre as quais podemos citar: Juntas que
ho. funcionavam perante a Delegacia de Trabalho Marítimo (1933), o Conselho Nacional
alho, p. 28, do Trabalho (1934) e uma jurisdição administrativa para férias (1933).
A Justiça do Trabalho somente surgiu como órgão autônomo em 01.05.1941,
quando entrou em vigor o Decreto-lei 1.237, de 02.05.1939, e o respectivo regula-
nco mento aprovado pelo Decreto 6.596, de 12.12.1940.
e,
ão'
Apesar de ainda não pertencer ao Poder Judiciário, a partir de 1941, a Just~ça
mo do Trabalho passou a exercer função jurisdicional, com poder de executar as própnas
ara decisões. A nova organização implementada dotou a Justiça Laboral de três órgãos,
ões a saber: Juntas de Conciliação e Julgamento ou Juízes de Direito (nas localidades
tos desprovidas de Juntas), compostas de um presidente bacharel em direito, nomeado
das
mar
pelo Presidente da República e dois vogais, representantes dos empregados e ~mpr:
ico gadores; Conselhos Regionais do Trabalho, equivalentes, atualmente aos Tnbunais
ual Regionais do Trabalho, sediados em diferentes regiões do País, e com competência
de para decidir os recursos das decisões das Juntas, e, originariamente, os dissídios cole-
Or- tivos nos limites da sua jurisdição; Conselho Nacional do Trabalho, correspondente,
ais
tas
atualmente, ao Tribunal Superior do Trabalho, órgão de cúpula que funcionava com
duas Câmaras, a Câmara da Justiça do Trabalho e a Câmara de Previdência Social.
Em 1943 entrou em vigor a Consolidação das Leis do Trabalho, a qual dedicou
ão primeira dois títulos à organização judiciária (Título VIII - Da Justiça do Trabalho - e Título
a, visto que, IX - Do Mínistério Público do Trabalho) e um terceiro, dedicado ao processo do
trabalho (Título X- Do Processo Judiciário do Trabalho).
26 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO • Renato Saraiva e Aryanna Manfredini
es do trabalho na síntese feliz de Nicola Jaeger, é 'o complexo sistemático de normas que
disciplinam a atividade das partes, do juiz e de seus auxiliares, no processo
e magistratu- individual, coletivo e intersindical não coletivo do trabalho'.
curso público
Ou, nas palavras de Luigi de Litala, 'é o ramo da ciência jurídica que dita as
s critérios de normas instrumentais para a atuação do Direito do Trabalho e que disciplina
a atividade do juiz e das partes, em todo o procedimento concernente à ma-
stiça Laboral, téria de trabalho'. Ou ainda, mais simplificadamente, 'aquele setor do direito
er Judiciário, objetivo que regula o processo do trabalho, entendendo-se por processo do
trabalho aquele que tem como objeto ou matéria um litígio fundado numa
s do Trabalho relação de trabalho' (José A. Arfas, Caracteres generales dei regimen procesal
r do Trabalho laboral de la Ley n. 14.188, Nuevo proceso laboral uruguayo, p. 17)".
. E~ última análise, embora seja verdade que a legislação instrumental trabalhista território b
amda e modesta, carecendo de um Código de Processo do Trabalho, definindo mais aos process
detalhadamente os contornos do processo laboral, não há dúvida que o Direito Pro- Nesta
cess~~l do !rabalho é autônomo em relação ao processo civil, uma vez que possui entrar em
matena legtslativa específica regulamentada na Consolidação das Leis do Trabalho, pendentes,
s:nd? d~ta,d? de institutos, princípios e peculiaridades próprios, além de indepen- Por fi
dencta dtdahca e jurisdicional. sos interpo
esteja em c
1.3. EFICACIA DA LEI PROCESSUAL TRABALHISTA NO TEMPO E NO Em o
ESPAÇO direito adq
recurso se
1.3.1. Eficácia da lei processual trabalhista no tempo decisão de
Frise-
" Est~bele~e- o art. 1. da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro que,
0
:alvo d~spostçao contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e continuarã
cmco) d1as depois de oficialmente publicadà:
. Em regra, as disposições do direito processual do trabalho entram em vigor a 1.3.2. E
partir da data de publicação da lei, com eficácia imediata, alcançando os processos
em andamento. A efi
aplicado o
O processo, de maneira ampla, compreende uma série de atos processuais que
No B
~e. c?ord~nam e se sucedem no curso do procedimento, iniciando-se com a petição
trabalhista
Imctal ate o trânsito em julgado da sentença.
aos estran
Neste diapasão, o direito processual pátrio adota o sistema denominado "iso-
Dest
lamento dos atos processuais", o qual estabelece que, estando em desenvolvimento
de homol
um _rrocesso, ,a lei processual nova regulará apenas os atos processuais que serão
CF/1988,
pratl~ados apos sua vigência, não alcançando os atos já realizados sob a égide da lei
ante~lOr, os quais serão considerados válidos, produzindo todos os regulares efeitos
"juízo de
prevtstos pela lei velha.
. ~e~te sentido, podemos destacar o art. 912 da CLT, o qual estabelece que "os 1.4. PR
d~sposttlvos de caráter imperativo terão aplicação imediata às relações iniciadas, mas TR
nao consumadas, antes da vigência desta Consolidação".
Logo, os atos processuais já praticados antes da entrada em vigor da lei pro- As n
cessu~l nova estarão resguardados, por constituírem ato jurídico perfeito e acabado, Leis do T
ou ~eJ.a, os atos processuais praticados sob vigência da lei revogada mantêm plena capítulo
eficacta depois de promulgada a lei nova, mesmo que esta estabeleça preceitos de Alg
conteúdos diferentes. também
Nesta ~steira, os atos processuais não são atingidos pelo novo dispositivo legal, disposto
tend~ em Vtsta o princípio da irretroatividade da norma processual. Todavia, no caso (art. 5°, X
de let p;oc~ssual, nova, cujo conteúdo envolva disposições atinentes à jurisdição e observân
competenc~a, tera a mesma aplicação imediata, regendo o processo e julgamento de Prin
fatos antenores à sua promulgação. o legislad
. Este sistema também era adotado pelo Código de Processo Civil de 1973, que Os
dispunha em seu art. 1.211 que: "Este Código regerá o processo civil em todo o omissões
al trabalhista território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão desde logo
finindo mais aos processos pendentes".
Direito Pro- Nesta perspectiva, o Código de Processo Civil dispõe em seu art. 1.046: "Ao
z que possui entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos
do Trabalho, pendentes, ficando revogada a Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973".
de indepen- Por fim, o art. 915 consolidado estabelece que não serão prejudicados os recur-
sos interpostos com apoio em dispositivos alterados ou cujo prazo para interposição
esteja em curso à data da vigência da Consolidação das Leis do Trabalho.
E NO Em outras palavras, ao propor uma ação trabalhista, a parte ainda não possui
direito adquirido ao recurso, mas, sim, mera expectativa de direito. O direito ao
recurso será exercido de acordo com a lei vigente no momento da publicação da
decisão de que se pretende recorrer.
Frise-se, outrossim, que os prazos iniciados na vigência da lei anterior por ela
rasileiro que,
(quarenta e continuarão a ser regulados, correndo até o seu termo final.
Exercem ainda os princípios importante função, atuando como instrumento meios elet
orientador na interpretação de determinada norma pelo operador do direito. no process
(art. 459, §
Os princípios, portanto, desempenham uma tríplice função: informativa, nor-
II); impenh
mativa e interpretativa.
novidade l
Passemos a destacar os princípios aplicáveis ao Processo do Trabalho e suas tadoras de
peculiaridades: CPC, com
extensivam
1.4.1. Princípio do devido processo legal da pessoa
Por f
O princípio do devido processo legal (due process oflaw) é, sem dúvida, um dos
pessoas na
mais importantes princípios constitucionais, encontrandose previsto, expressamente,
aos órgãos
no art. 5. LIV, da CF/1988, dispondo que ninguém será privado da liberdade ou
0
,
instrumento meios eletrônicos de comunicação processual (art. 199, CPC); direito ao silêncio
direito. no processo civil (art. 388, CPC); proibição de pergunta vexatória à testemunha
(art. 459, § 2°, CPC); humanização do processo de interdição (art. 751, § 3°, 755,
rmativa, nor-
II); impenhorabilidade de certos bens (art. 833, CPC): neste rol, a única que não é
novidade legislativa; tramitação prioritária de processos de pessoas idosas ou por-
abalho e suas tadoras de doença grave. (... ) b) na reconstrução do sentido de alguns artigos do
CPC, como as disposições sobre impenhorabilidade, que podem ser interpretadas
extensivamente para abranger outros bens cuja penhora comprometa a dignidade
da pessoa humana: próteses, jazigos, cão-guia de um cego etc.
Por fim, o princípio da dignidade da pessoa humana aplica-se não apenas às
úvida, um dos
pessoas naturais, mas também às pessoas jurídicas, aos condomínios, aos nascituros,
xpressamente,
aos órgãos públicos etc.
liberdade ou
§ 1° Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1°, quando § 3• Interpos
decidirem com fundamento neste artigo." § 4• Se houve
retratação, de
lO R
Observe que o art. 933 do CPC reforça o dever de consulta no âmbito dos 3 MENDONÇA
tribunais, sendo que a sua inobservância poderá acarretar a nulidade da decisão lheiros. 2001.
por violação ao contraditório. Por sua vez, o art. 927, § 1°, do CPC determina a • Op. cit., p. 85
Cap. 1 • PRINCIPIOS E FONTES FORMAIS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 33
' "Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará limi-
e constitucio- narmente improcedente o pedido que contrariar: ·
1 - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
11- acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
de demandas repetitivos;
vos; 111 - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
constitucional § 1• O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de
decadência ou de prescrição.
nculados. § 2• Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
"Art. 4° As partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, "Ar
incluída a atividade satisfativa." oj
"Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: § 1
I-
(... )
11 -
11 - velar pela duração razoável do processo."
111
em
Para definir se o processo tem ou não duração razoável, a Corte Europeia dos
"Ar
Direitos Humanos fincou três critérios: a complexidade do assunto; b) o comporta-
IX
mento dos litigantes e de seus procuradores ou da acusação e da defesa no processo; víc
e c) a atuação do órgão jurisdicional. No Brasil, pode ser acrescentado um quarto
"Ar
critério: a análise da estrutura do órgão judiciário. 5 as
Fredie Didier Junior6 cita como exemplo algumas medidas para o combate da § 2
violação ao princípio da duração razoável do processo: "a) representação por excesso da
de prazo, com possível perda da competência do juízo em razão da demora (art. "Ar
235, CPC); b) mandado de segurança contra a omissão judicial caracterizada pela pa
não prolação da decisão por tempo não razoável, cujo pedido será a cominação de "Ar
e3
ordem para que se profira a decisão; c) se a demora injusta causar prejuízo, ação mé
de responsabilidade civil contra o Estado, com possibilidade de ação regressiva ind
contra o juiz': A EC 45/2004 também acrescentou a alínea e ao inciso li do art. 93 Pa
da CF/88, estabelecendo que não será promovido o juiz que, injustamente, retiver "Ar
os autos em seu poder, além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório (... )
sem o devido despacho ou decisão. O parágrafo único do art. 7o da Lei 4. 717/1965 § 7
(Lei da Ação Popular) também possui regra que serve a esse direito fundamental: oj
"O proferimento da sentença além do prazo estabelecido privará o juiz da inclu- "Ar
são em lista de merecimento para promoção, durante 2 (dois) anos, e acarretará a ráv
"Ar
perda, para efeito de promoção por antiguidade, de tantos dias quantos forem o de
retardamento, salvo motivo justo declinado nos autos e comprovado perante o órgão Pa
pra
disciplinar competente:'
do
"Ar
' Idem, op. cit., p. 95. tui
' Op. cit., p. 85. rec
ini Cap. 1 • PRINC[PIOS E FONTES FORMAIS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 35
Art. 4° As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
ável duração do incluída a atividade satisfativa.
egral do mérito, "Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte,
o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.
§ 3° O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconside- também, par
rar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o do empregad
repute grave."
1.4.8. Prin
1.4.7. Princípio da igualdade
O princ
O princípio da igualdade extrai-se do art. 5°, caput, da CF, segundo o qual todos Civil, em seu
são iguais perante a lei, assegurando às partes na relação processual a paridade de
"Art.
armas, 7 ou seja, que tenham as mesmas oportunidades no processo.
acord
A igualdade não significa tratar todas as pessoas da mesma forma, mas tratar
os iguais na medida das suas igualdades e os desiguais na exata medida das suas A boa-f
desigualdades 8 • pelo agir de
O Código de Processo Civil prevê expressamente a igualdade em seu art. 7°: não a sua in
licitamer.te.
dívida já pa
"É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e
faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de
viola-se a bo
sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório." A boa-f
não se invest
Na concepção de Fredie Didier Junior, 9 a igualdade processual deve observar O princípio
quatro aspectos: O princ
a caracteriza
"a) imparcialidade do juiz (equidistância em relação às partes); com base no
b) igualdade no acesso à justiça, sem discriminação (gênero, orientação sexual, rol de condu
raça, nacionalidade etc.); com a prátic
c) redução das desigualdades que dificultem o acesso à justiça, como a finan- A doutr
ceira (ex.: concessão do benefício da gratuidade da justiça, arts. 98-102, CPC), processo: a)
a geográfica (ex.: possibilidade de sustentação oral por videoconferência, art. ilícito, como
937, § 4°, CPC), a de comunicação (ex.: garantir a comunicação por meio da do (art. 841,
Língua Brasileira de Sinais, nos casos de partes e testemunhas com dificuldade CPC); b) pr
auditiva, art. 162, 111, CPC) etc.; contrária à p
d) igualdade no acesso às informações necessárias ao exercício do contra- expectativa d
ditório." por exemplo
impenhorabi
No Processo do Trabalho, podemos mencionar alguns exemplos de aplicação ato ilícito, c
do princípio da igualdade: a) obrigatoriedade de intimação do Ministério Público de suceder a
do Trabalho nos casos que envolvam interesses de incapazes (art. 178, II, CPC); entretanto, n
prazo em dobro para os entes públicos manifestarem-se nos autos (art. 183, do contrário
CPC); isenção de custas processuais para os beneficiários da justiça gratuita (art. por não tê-lo
790-A, CLT); isenção de caução para os trabalhadores; isenção de pagamento dos o exerceria,
honorários periciais paras os beneficiários da justiça gratuita (art. 790-B, CLT); após 10 ano
tramitação prioritária do feito que envolva idoso, portadores de doença grave e, nas partes a
Todas a
pondo às pa
' "Paridade de armas" é uma expressão de Ada Pellegrini Grinover.
' NERY JÚNIOR Nelson. Código de processo civil comentado. 10. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 384.
' Op. cit., p. 97. " Idem, op. cit.,
Cap. 1 • PRINC[PIOS E FONTES FORMAIS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 37
á desconside- também, para as causas que versem apenas sobre salários e originárias da falência
de que não o do empregador (arts. 1.048, CPC e 652, parágrafo único, CLT).
Por sua vez, o dever de esclarecimento por um lado impõe ao juízo o dever
de proferir uma decisão clara e, por outro, determina ao mesmo esclarecer-se junto
6° do CPC: às partes quando não compreender suas postulações.
que se obtenha, Por último, o dever de auxílio institui ao juiz afastar os obstáculos que impeçam
a parte do exercício de um direito ou faculdade.
No direito português, o dever de auxílio permite ao juiz sugerir a alteração do
e visa torná-lo
pedido para torná-lo mats de acordo com o entendimento jurisprudencial. No direito
s partes atuem brasileiro não chegamos a tanto, essa tarefa é do representante judicial: advogado ou
defensor. No Brasil significa que o juiz deve afastar os obstáculos para a obtenção
delo publicista, de um documento.
as partes e em É nesse sentido a opinião de Fredie Didier:
rsarial, em que
esso, enquanto
"No Direito Português, a doutrina identifica a existência de um dever de o
e as partes e o juiz auxiliar as partes: 'o tribunal tem o dever de auxiliar as partes na superação
m lealdade. Este de eventuais dificuldades que impeçam o exercício de direitos e faculdades
ou o cumprimento do ônus ou deveres processuais"'. Cabe ao órgão julgador
providenciar, sempre que possível, a remoção do obstáculo. Para cumprir
e estes se apli-
esse dever poderia o órgão julgador, por exemplo, sugerir a alteração do
de prevenção; pedido, para torná-lo mais conforme o entendimento jurisprudencial para
casos como aquele.
ser compreen- (... )
Não nos parece possível defender a existência deste dever no direito pro-
cessual brasileiro. A tarefa de auxiliar as partes é do sei representante judicial:
o qual "o _juiz advogado ou defensor público. Não só não é possível como também não é
ento a respeito recomendável. É simplesmente imprevisível o que pode acontecer se se disser
, ainda que se ao órgão julgador que ele tem um dever atípico de auxílio das partes. É pos-
sível, porém, que haja deveres típicos de auxílio, por expressa previsão legal."
ar as partes ao
nadequado do
deve perguntar 1.4.1 O. Princípio do respeito ao autorregramento da vontade das partes
stiu da mc,ma; O poder de se autorregrar decorre do próprio princípio da liberdade e ele não
te por falta de pode ficar afastado do processo. O melhor desfecho para um feito certamente é aquele
em que as partes participam da solução e não aquele em que a uma delas se impõe
a sucumbência ou a ambas a sucumbência recíproca. Isso não significa que o autor-
irá qualquer cl.1s
a como ato aten-
regramento não tem limites, ele tem sim, como ocorre em qualquer ramo do direito.
Muito embora não estejam referidos nos 12 primeiros artigos do CPC, que
os requisitos dos tratam das normas fundamentais, o Código de Processo Civil prestigia o princípio
dificultar o julga- do respeito ao autorregramento da vontade em diversos artigos e, muitos deles,
as, a emende ou podem ser aplicáveis ao Processo do Trabalho, como, por exemplo: a) o calendário
pletado.
processual, previsto no art. 191 do CPC, ou seja, de comum acordo, as partes e o
a petição inicial. juiz poderão fixar a data para a prática dos atos processuais, como audiências, prazo
executiva, advirta para manifestações, prazo para a entrega de laudo pericial. Em relação a tais atos
idade da justiça, não haverá intimação; b) escolha consensual do perito (art. 471, CPC) e etc.
a gravidade da
comportamento Outro exemplo de aplicação do princípio do respeito ao autorregra111ento da
vontade é a cláusula geral de negociação processual, prevista no art. 19.0,CPC, o qual
40 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO • Renato Saraiva e Aryanna Manfredini
estabelece que "versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é dete
lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo nos
às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e o int
deveres processuais, antes ou durante o processo': Isso significa que as partes poderão
Portant
estabelecer mudanças de rito, como, por exemplo, ampliar o número de testemunhas
motivadas.
do procedimento sumaríssimo de 2 para 3 e, também, determinar que as custas
processuais sejam pagas pelo reclamado ou que sejam sempre rateadas; ampliar ou Nesta e
reduzir os prazos; convencionar que os depoimentos das testemunhas poderão ser serão públic
por escrito, realizados perante um tabelião; instituir que não haverá recurso, ou seja, Adema
que as partes aceitarão a decisão do juiz; firmar que o recurso ordinário terá efeito das partes, o
suspensivo ou que a execução será apenas a definitiva. Não há consenso na doutrina da decisão e
quanto à possibilidade de aplicação da cláusula geral de negociação processual no
Processo do Trabalho, muito embora, em nossa opinião, seja cabível.
1.4.13. Prin
Outro exemplo de aplicação do princípio em questão é a solução do conflito
por mediação e conciliação. O CPC destina um capítulo inteiro para regulamentá-la O princ
(arts. 165 a 175), mas não há uniformidade da doutrina quanto à sua aplicação no uma deman
Processo do Trabalho. Ressalte-se a nossa opinião a favor de sua aplicabilidade em posição de r
nossa seara processual. Em ou
toriedade, p
1.4.11. Princípio do juiz natural caso), bem
apreciada à
O princípio do juiz natural, aplicável ao processo do trabalho, está previsto em O STF
dois diferentes incisos do art. 5. da CF, quais sejam:
0
é uma garan
Art. 5.0 ( ••• )
constitucion
"XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
instância de
(. ..) Baseia-
Llll - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente";
originária à
o President
O princípio em destaque impede que seja conferida competência não prevista própria Car
na C~rta Maior a qua~squer órgãos julgadores, ou mesmo que seja estabelecido juízo de recurso.
ou tnbunal de exceçao, devendo ser respeitadas as regras objetivas de determina- Todavi
ção de competência, prestigiando-se, assim, a independência e a imparcialidade da do duplo gr
autoridade julgadora. garanta o re
No art. s.o, LIII, da CF/1988 também encontramos o fundamento do princípio gislador ord
do promotor natural, ao estabelecer que ninguém será processado senão pela auto- judiciais ou
ridade competente, impedindo, assim, designações arbitrárias efetuadas pela chefia No pro
da Instituição designando a figura do promotor de exceção. comento.
Trata-s
1.4.12. Princípio da motivação das decisões do Trabalho
3. e 4. da
0 0
,
O art. 93, IX, da CF/1988, com redação dada pela EC 45/2004, afirma que:
Os diss
"Art. 93 (... ) lho, não sen
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamen- Além d
tadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em obrigatório
i Cap. 1 • PRINCIPIOS E FONTES FORMAIS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 41
omposição, é determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos
para ajustá-lo nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique
faculdades e o interesse público à informação;"
rtes poderão
Portanto, sob pena de nulidade, as decisões judiciais devem ser fundamentadas,
testemunhas
motivadas.
ue as custas
; ampliar ou Nesta esteira, o art. 770, também consolidado, menciona que os atos processuais
poderão ser serão públicos, salvo quando o contrário determinar o interesse social.
urso, ou seja, Ademais, o art. 832 da CLT esclarece que da decisão deverão constar o nome
io terá efeito das partes, o resumo do pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos
na doutrina da decisão e a respectiva conclusão.
rocessual no
1.4.13. Princípio do duplo grau de jurisdição
o do conflito
gulamentá-la O princípio do duplo grau de jurisdição implica a possibilidade do reexame de
aplicação no uma demanda (administrativa ou judicial) pela instância superior, mediante inter-
abilidade em posição de recurso em face da decisão do órgão de instância inferior.
Em outras palavras, o princípio do duplo grau de jurisdição impõe a obriga-
toriedade, pelo menos, de duas instâncias (judicial ou administrativa, conforme o
caso), bem como o atinente recurso que garanta às partes a devolução da matéria
apreciada à instância superior.
previsto em O STF firmou entendimento de que o princípio do duplo grau de jurisdição não
é uma garantia constitucional na atual Constituição Federal, não havendo vedação
constitucional à existência de processos administrativos ou judiciais com uma única
instância de julgamento.
Baseia-se o STF no art. 102, I, b, da CF/1988, que outorga competência
competente";
originária à Suprema Corte, para processar e julgar altas autoridades, dentre elas
o Presidente da República, deputados, ministros etc., restando cristalino que a
não prevista própria Carta Maior admitiu a existência de instância única, sem possibilidade
elecido juízo de recurso.
determina- Todavia, nada impede que as leis infraconstitucionais prevejam a possibilidade
cialidade da do duplo grau de jurisdição, disponibilizando ao interessado o atinente recurso que
garanta o reexame da decisão pela instância superior, ou seja, nada obsta que o le-
do princípio gislador ordinário, por opção, normatize o duplo grau de jurisdição em demandas
o pela auto- judiciais ou administrativas.
pela chefia No processo trabalhista há um exemplo da não aplicação do princípio em
comento.
Trata-se dos denominados dissídios de alçada (demandas submetidas à Justiça
do Trabalho que não ultrapassam a dois salários mínimos), previstos no art. 2. §§ 0
,
3. e 4. da Lei 5.584/1970.
0 0
,
irma que:
Os dissídios de alçada serão julgados em instância única pelas Varas do Traba-
lho, não sendo admitido qualquer recurso, salvo se envolver matéria constitucional.
e fundamen- Além disso, frise-se que o art. 496 do CPC estabelece o duplo grau de jurisdição
presença, em obrigatório (chamado de reexame necessário) nos casos de sentença proferida em face
42 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO • Renato Saraiva e Aryanna Manfredini
de pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios, reexame n
Autarquias e Fundações Públicas), bem como a sentença que julgar procedente, no no art. 3°,
todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública.
"S
No entanto, não haverá o reexame necessário quando a condenação ou o direito
Or
controvertido for de valor certo não excedente: a) 1.000 salários mínimos para a
I-
União e respectivas autarquias e fundações de direito público; b) 500 salários mí- da
nimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de a)
direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; c) 100 salários m
mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de b)
direito público (art. 496, § 3. 0 , I, 11 e III, do CPC). Fe
Também não se aplica o disposto no art. 496, § 3°, do CPC quando a senten- 11
ça estiver fundada em: "a) súmula de tribunal superior; b) acórdão proferido pelo du
Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de hi
al, Municípios, reexame necessário, sendo este, inclusive, o posicionamento do TST, consubstanciado
procedente, no no art. 3°, X, da IN 39/2016:
da Pública.
"Súm. 303/TST. FAZENDA PÚBLICA - DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO (incorporadas as
ão ou o direito
Orientações Jurisprudenciais 9, 71, 72 e 73 da SOI-I) - Res. 129/2005 - DJ 20.04.2005.
mínimos para a
I - Em dissídio individual, está sujeita ao duplo grau de jurisdição, mesmo na vigência
00 salários mí- da CF/1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo:
e fundações de a) quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 60 (sessenta) salários
c) 100 salários mínimos;
e fundações de b) quando a decisão estiver em consonância com decisão plenária do Supremo Tribunal
Federal ou com Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
ando a senten- 11 - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau está sujeita ao
proferido pelo duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas
julgamento de hipóteses das alíneas a e b do inciso anterior.
ção de deman- 111 - Em mandado de segurança, somente cabe remessa ex officio se, na relação
processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela
oincidente com
concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como
o ente público; impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese de
rt. 496, § 4°, I, matéria administrativa."
Na fase de conhecimento aplica-se o art. 769 da CLT, segundo o qual para 1.5.2. Prin
a aplicação da legislação processual comum ao Processo do Trabalho devem ser
preenchidos dois requisitos: a omissão da CLT e a compatibilidade entre a norma a Em ver
ser aplicada e os princípios gerais do direito processual do trabalho. tutela jurisd
Saliente-se que não se trata apenas da aplicação do CPC de forma subsidiária, processuais
mas da legislação processual comum como um todo, isto é, CPC, CDC, Lei de Ação Dispõe
Civil Pública, Lei do Mandado de Segurança etc. via, se não f
Consoante o art. 889 da CLT, também na fase de execução devem ser preenchi- para o seu p
dos os mesmos requisitos (omissão e compatibilidade) para a aplicação primeiro da Em ve
Lei dos Executivos Fiscais e depois, se persistir a omissão, da legislação processual comum, de
comum ao processo do trabalho. de instrução
Ocorre que o Código de Processo Civil, em seu art. 15, também versa sobre a o feito envo
aplicação subsidiaria do CPC no Processo do Trabalho, suscitando discussões acerca fatos depen
da amplitude de sua aplicação. Verifique: da peça ves
Não ob
Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou realizam ses
administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e sub-
sidiariamente. · Em rel
mandas suje
O referido artigo determina apenas que, havendo omissão da CLT quanto às consagrando
normas processuais trabalhistas, aplique-se o CPC de forma subsidiária e supletiva. A con
Muitos questionam se o requisito da compatibilidade não precisa mais ser prestigiar o
preenchido. Em nossa opinião, permanece exigível, uma vez que a CLT é norma Constituição
especial, e o CPC, norma geral, e esta não revoga lei especial. 45/2004, ass
. Discute-se, também, se o CPC passou a ter uma incidência mais abrangente, do processo
vtsto que o art. 15 refere-se à sua aplicação de forma subsidiária (quando houver
omissão) e supletiva (para complementar uma norma já existente). A nosso ver, 1.5.3. Pri
nada mudou em relação ao que já era aplicável. O CPC sempre teve aplicação no
Processo do Trabalho de forma supletiva, como, por exemplo, quanto à multa por O prin
embargo_s de declaração protelatório. A CLT sempre versou sobre os embargos de pelas partes
declaraçao em seu art. 897-A, o qual não trata da multa. Apesar disso, nunca se No pro
questionou a aplicação supletiva do CPC neste particular (art. 1.026, §§ 2o e 3o,
mencionar
CPC)., ~ambém podemos citar como exemplo a arrematação. A CLT regulamenta
a matena no art. 888, § 1°, determinando que a arrematação ocorrerá pelo melhor a) leitu
lan~e. ~pesar disso, sempre se aplicou o art. 891 do CPC, segundo o qual "não se b) defe
aceitara lance que ofereça preço vil':
c) 1.• e
Por todo o exposto, constatamos que o CPC permanece aplicável no Processo d) inte
do Tr~b~lho de forma subsidiária e supletiva, observando os seguintes requisitos: e) oitiv
a) o~russao da CLT e compatibilidade entre a norma a ser aplicável e os princípios
f) razõ
gerais do Processo do Trabalho. O art. 15 do CPC não contraria os arts. 769 e 889
da CLT~ Ao contrário, eles se harmonizam. g) prot
Quanto à omissão, porém, devemos frisar que ela pode ser normativa (inexiste O prin
a norma), ontológica (há norma, mas não é mais compatível com os fatos sociais concentraçã
quer dizer, está desatualizada) e axiológica (as normas existentes levam a uma so~ -se, também
lução injusta ou insatisfatória, incompatíveis com os valores de justiça e equidade. repetido pe
ni Cap. 1 • PRINCIPIOS E FONTES FORMAIS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 45
ação da Justiça lação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais" (grifo nosso).
Os tribunais trabalhistas, contudo, em sua maioria, firmaram jurisprudência no
sempre os seus sentido de que o art. 791 da CLT está em vigor, permanecendo o jus postulandi da
s conflitos (art. parte na Justiça do Trabalho, mesmo após a promulgação da Constituição Federal
de 1988.
lícito às partes Tal jurisprudência restou confirmada com o julgamento da ADI 1.127, proposta
LT). pela Associação dos Magistrados do Brasil - AMB, na qual o Supremo Tribunal
roposta conci- Federal declarou inconstitucional a expressão "qualquer", constante do art. l.o, I, da
) e após razões Lei 8.906/1994 (Estatuto da OAB), prevalecendo o entendimento de que é possível
a parte postular sem a presença do advogado, em algumas hipóteses.
LT que "aberta Recentemente foi publicada a Súmula 425 do TST, que dispõe:
a conciliação e
do litígio, em "O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Tra-
balho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação
cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência".
o, ao celebrar
hador (normas Portanto, o jus postulandi não prevalece no TST. Logo, em caso de recurso
dadas não são de revista interposto, ele deverá ser subscrito por advogado, assim como qualquer
ção do acordo outro recurso que venha a tramitar no TST. Em outras palavras, o jus postulandi
elo empregado doravante somente prevalecerá nas instâncias ordinárias.
Em caso de eventual recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal,
de conciliação ou mesmo recurso encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (para examinar,
como decisão por exemplo, conflito de competência), também deve ele ser subscrito por advogado,
contribuições sob pena de o apelo não ser conhecido.
Por último, frise-se que, após a EC 45/2004, que ampliou a competência material
ão resCisória é da Justiça do Trabalho para processar e julgar qualquer lide envolvendo relação de
t. 831 da CLT. trabalho (art. 114 da CF/1988), entendemos que o jus postulandi da parte é restrito
50 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO • Renato Saraiva e Aryanna Manfredini
ndas referentes Os atos processuais são ordenados por meio de fases que se sucedem na tra-
mitação do processo.
o subordinado, Logo, vencida uma fase processual, resta preclusa a prática de qualquer ato nela
plicando o art. contido, ressalvados os casos específicos em lei, em que o magistrado pode reabrir
a fase já ultrapassada.
A preclusão classifica-se em temporal, lógica e consumativa.
A preclusão temporal opera-se quando a parte não praticar o ato processual
no prazo estipulado pela lei.
ma participa do
om probidade. Já a preclusão lógica ocorre quando a parte pratica um ato incompatível com
o já praticado, ou seja, é a impossibilidade de praticar um ato, por estar o mesmo
ojo dispositivos
em contradição com atos praticados anteriormente.
lta de lealdade
a 81 (litigância Podemos mencionar como exemplo da preclusão lógica o fato de o reclama-
26, § 2°, CPC do, após a sentença de l. o grau que lhe foi desfavorável, requerer a liquidação do
à execução) e julgado, e posteriormente interpor recurso ordinário em face da decisão da Vara
do Trabalho.
O ato de requerer a liquidação da sentença constitui aceitação tácita do comando
judicial, ato este incompatível com a vontade de recorrer, operando-se, portanto, a
preclusão lógica.
de uma só vez, A preclusão consumativa dá-se em função da prática válida do ato processual
óprio interesse, no prazo estabelecido pela lei, não podendo a parte renovar o ato já praticado e
consumado.
seu direito na O art. 507 do CPC consagrou o princípio da preclusão ao dispor que é defeso
stência, toda a à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas, cujo respeito se
operou a preclusão.
ao dispor que No' âmbito do direito processual do trabalho, a preclusão encontra-se também
ondo as razões consagrada nos arts. 795 e 879, §§ 2. 0 e 3. 0 , ambos da CLT, que dispõem:
ando as provas
"Art. 795. As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as
quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos".
gar na contes-
como também "Art. 879. Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liqui-
dação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos.
e não ser(em)
...
( )
§ 2.0 Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo
perfeitamente de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores
balho (art. 769, objeto da discordância, sob pena de preclusão.
às partes para § 3.0 Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho,
o juiz procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de dez dias, sob
pena de preclusão".
1
'-"P· , • '"""-'"'v, t rvN r t> r uH MAl~ DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 53
ter promovido o qual é permeado de normas, que, em verdade, objetivam proteger o trabalhador,
or mais de 30 parte hipossuficiente da relação jurídica laboral.
o, ficando-lhe
Portanto, considerando a hipossuficiência do obreiro também no plano pro-
reito.
cessual, a própria legislação processual trabalhista contém normas que objetivem
os a figura da proteger o contratante mais fraco (empregado), cabendo destacar os seguintes
edem, tempo- dispositivos:
mo reclamado
A gratuidade da justiça (isenção de pagamento de custas e despesas processuais) e a
assistência judiciária na Justiça do Trabalho são destinadas, exclusivamente, aos traba-
verbal, não se lhadores e não aos empregadores;
ra ou Juízo para O impulso oficial nas execuções trabalhistas (art. 878 da CLT), em que o juiz do trabalho
seis meses, do pode, de ofício, impulsionar a execução, favorece, evidentemente, ao credor trabalhista
(trabalhador exequente);
, por duas vezes A ausência do reclamante à audiência importa tão somente no arquivamento da recla-
mação trabalhista (art. 844 da CLT), evitando a apresentação da defesa e possibilitando
ao obreiro ajuizar nova ação trabalhista;
A obrigatoriedade do depósito recursal em caso de eventual recurso objetivando ga-
rantir futura execução (art. 899, § 1.0 , da CLT). é comando destinado exclusivamente ao
reclamado;
nifestarse, pre- O dispositivo previsto no art. 651 da CLT determina que a reclamação trabalhista deve
se admitindo ser proposta na localidade em que o empregado (seja ele reclamante ou reclamado)
efetivamente prestou os seus serviços, também protegendo o obreiro, principalmente
facilitando a produção de provas pelo trabalhador, como também diminuindo as suas
naugural pelo despesas.
ídico, equiva- Frise-se que não se trata de o juiz do trabalho instituir privilégios processuais
ao trabalhador, conferindo tratamento não isonômico entre as partes, mas sim de
o magistrado respeitar o ordenamento jurídico vigente, uma vez que a própria lei
ho, contempla
processual trabalhista é permeada de dispositivos que visam proteger o obreiro hi-
possuficiente, conforme acima exemplificado.
egações de fato Logo, o princípio da igualdade ou isonomia, previsto no art. 5. da CF/1988, 0
adas, salvo se: determinando que todos são iguais perante a lei, é perfeitamente respeitado pelo
processo do trabalho, pois é a própria lei instrumental trabalhista que cria alguns
privilégios ao obreiro, para lhe garantir a isonomia em relação ao empregador.
ei considerar da
O princípio da igualdade, pois, consiste em tratar de maneira igual os que se
nto. encontram em situação equivalente e de maneira desigual os desiguais, na medida
de suas desigualdades.
ica ao defensor
1
54 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO • Renato Saraiva e Aryanna Manfredini
Art. 137, § 2.0 , da CLT - caso o empregado ajuíze reclamação trabalhista requerendo O pr
que o juiz fixe a data de gozo de suas férias, a sentença cominará, independentemente arts. 188
dini Cap. 1 • PRINCIPIOS E FONTES FORMAIS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 55
gem, é facultado Pelo princípio da non reformatio in pejus, é vedado ao tribunal, no julgamento de
ômica, podendo um recurso, proferir decisão mais desfavorável ao recorrente, do que aquela recorrida.
ínimas legais de
A sentença pode ser impugnada total ou parcialmente (art. 1.002 do CPC),
devolvendo o recurso ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada (art. 1.013,
ma espécie de CPC - tantwn devolutum quantum appellatum).
der normativo Portanto, se a sentença for objeto de recurso por uma das partes, o julgamento
ssídio coletivo, pelo tribunal não pode agravar a condenação que não foi objeto de recurso, sob
o. pena de violação ao princípio em comento.
vo de natureza Por outro lado, o art. 1.008 do CPC, aplicado subsidiariamente ao processo do
os), não terá a trabalho, esclarece que o julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão
2. 0 do art. 114 impugnada no que tiver sido objeto de recurso.
mínimas legais Logo, a parte da sentença que não foi objeto de recurso transitou em julgado,
e.
sendo irreformável pelo tribunal, não podendo ser atingida pelo julgamento de
bordado ainda outra parte, que foi devolvida, no recurso, à instância superior, sob pena de ofensa
ao princípio da non reformatio in peius.
Evidencia-se, por conseguinte, que tal princípio protege tanto o recorrente
como o recorrido.
essamente pre- Saliente-se, outrossim, que o Superior Tribunal de Justiça, por meio da Súmula
nicial, ou seja, 45, firmou entendimento de que, no caso de reexame necessário, é defeso ao Tribunal
ntagem diversa agravar a condenação imposta à Fazenda Pública.
Por último, vale mencionar que, em relação às questões de ordem pública, a
mine que sobre respeito das quais não se opera a preclusão (ex.: arts. 485, § 3.0 , e 337, § 5. 0 , ambos
a, mesmo que do CPC), o juiz ou Tribunal poderá decidi-las de ofício, ainda que não abordadas
no recurso ou contrarrazões, consistindo no chamado efeito translativo do recurso.
r alguns exem-
1.5.19. Princípio da instrumentalidade ou da finalidade
•Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo Todavia
quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro
causa de ped
modo, lhe preencham a finalidade essencial•.
possibilidad
"Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se,
realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade".
o requerime
Transp
O princípio em comento, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho (art. das as suas
769 da CLT), determina que serão válidos os atos que, embora realizados de outra é apresentad
forma, alcançarem a sua finalidade, desde que a lei não preveja a sua nulidade, pois própria audi
o processo não é um fim em si mesmo, mas tão somente um instrumento para que ou modifiqu
o Estado preste a jurisdição. traditório e
Eviden
1.5.20. Princípio da perpetuatio jurisdictionis possível ao
O princípio da perpetuatio jurisdictionis está consagrado no art. 43 do CPC ao
estabelecer que a competência é fixada no momento do registro ou da distribuição 1.6. REGR
da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem As nor
1
a competência absoluta. ros artigos
A hipótese de supressão de órgão judiciário equivale a de criação de uma vara iniciativa da
do trabalho.
Isso significa que, embora a regra seja a de que o juízo competente para pro- 1.6.1. Ins
cessar e julgar a reclamação trabalhista seja aquele competente no momento da
propositura da ação, quando houver supressão de órgão jurisdicional, criação de O art.
vara do trabalho, alteração da competência em razão da matéria e da hierarquia desenvolve
todas as reclamações trabalhistas devem ser remetidas ao novo juízo competente. Em ou
Há, porém, uma exceção, quando houver alteração da competência em razão ex officio o
da matéria, muito embora a regra seja a de que todas as ações devem ser remetidas Todavi
para o novo juízo competente, quando a nova competência, da Justiça do Trabalho, no âmbito l
foi definida em razão da EC 45/2004, somente as ações que não possuíam sentença Trata-s
de mérito serão encaminhadas para esta justiça especializada. Regional do
Neste sentido, atente-se para a Súmula 367 do STJ e a Súmula Vinculante 22 do STF: art. 856 da
As ban
·súmula 367. A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos
já sentenciados." tendimento
instaurar, d
"Súmula Vinculante 22. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar
as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de empregados
trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não No ent
possufam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda pode suscita
Constitucional n° 45/04."
pelos obreir
em função
1.5.21. Princípio da estabilidade da lide apenas aos
de Greve (L
O princípio da estabilidade da lide possibilita que o autor, até a citação, possa ao Ministér
aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, inàependentemente de consentimento Outra
do réu (art. 329, I, do CPC). princípio d
ni Cap. 1 • PRINCIPIO~ t ~UNI t~ ~UHMAI~ UU UIKtll U PROCESSUAL DO TRABALHO 57
erminada, salvo Todavia, até o saneamento, é defeso ao autor aditar ou alterar o pedido e a
izados de outro
causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a
possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado
válido o ato se,
o requerimento de prova suplementar (art. 329, 11, CPC).
Transportando o princípio em comento para o processo do trabalho, respeita-
trabalho (art. das as suas peculiaridades, e considerando que a defesa pelo demandado somente
ados de outra é apresentada em audiência (art. 847 da CLT), nada obsta que o reclamante, na
nulidade, pois própria audiência, antes da apresentação da peça de resistência pelo reclamado, adite
nto para que ou modifique sua peça vestibular, desde que sejam respeitados os princípios do con-
traditório e ampla defesa, tendo o réu prazo para manifestar-se sobre o aditamento.
Evidentemente, após a apresentação da defesa pelo reclamado, já não mais será
possível ao autor modificar ou aditar o pedido.
3 do CPC ao
a distribuição 1.6. REGRAS
ou de direito
ou alterarem As normas fundamentais do processo civil estão dispostas nos doze primei-
1
ros artigos e dividem-se em princípios e três regras: instauração do processo por
de uma vara iniciativa da parte, impulso oficial e obediência à ordem cronológica de conclusão.