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KHERSON SOARES

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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SUMÁRIO

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO............................................................................................................... 3
Fazenda Pública em Juízo ...................................................................................................................... 4
Ação Popular ......................................................................................................................................... 4
DOUTRINA............................................................................................................................................. 4
Ação civil pública. ................................................................................................................................ 16
DOUTRINA........................................................................................................................................... 16
Mandado de segurança individual e coletivo. .................................................................................... 31
DOUTRINA........................................................................................................................................... 31
LEGISLAÇÃO E ENUNCIADOS DE SÚMULAS ........................................................................................ 44
JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................................ 45
QUESTÕES PARA RESOLUÇÃO ............................................................................................................ 49
QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................. 55

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

(Conforme Edital Mege)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL


Fazenda Pública em Juízo
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL (conteúdo atualizado em 18-09-2019)

Fazenda Pública em Juízo

Ação Popular

DOUTRINA

Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a


anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio
da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de
entidades autárquicas, de sociedades de economia mista
(Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas
quais a União represente os segurados ausentes, de empresas
públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou
fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja
concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao
patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos
Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades
subvencionadas pelos cofres públicos.

§ 1º - Consideram-se patrimônio público para os fins referidos neste


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artigo, os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético,
histórico ou turístico.

§ 2º Em se tratando de instituições ou fundações, para cuja criação


ou custeio o tesouro público concorra com menos de cinquenta por
cento do patrimônio ou da receita ânua, bem como de pessoas
jurídicas ou entidades subvencionadas, as consequências
patrimoniais da invalidez dos atos lesivos terão por limite a
repercussão deles sobre a contribuição dos cofres públicos.

§ 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o


título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.

§ 4º Para instruir a inicial, o cidadão poderá requerer às entidades,


a que se refere este artigo, as certidões e informações que julgar
necessárias, bastando para isso indicar a finalidade das mesmas.

§ 5º As certidões e informações, a que se refere o parágrafo


anterior, deverão ser fornecidas dentro de 15 (quinze) dias da
entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só poderão ser
utilizadas para a instrução de ação popular.
§ 6º Somente nos casos em que o interesse público, devidamente
justificado, impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou
informação.

§ 7º Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a ação poderá ser


proposta desacompanhada das certidões ou informações negadas,
cabendo ao juiz, após apreciar os motivos do indeferimento, e salvo
em se tratando de razão de segurança nacional, requisitar umas e
outras; feita a requisição, o processo correrá em segredo de justiça,
que cessará com o trânsito em julgado de sentença condenatória.

Legitimidade Ativa: basta ser considerado cidadão, nos termos da LAP. Segundo o
§3º, o requisito para propositura da ação é o título eleitoral.

Pessoa jurídica e ação popular: a pessoa jurídica não pode propor ação popular.

STF – Súmula 365: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor
ação popular.

Estrangeiros e ação popular: embora a Constituição estabeleça que o estrangeiro


é inalistável (Art. 14, §2º), há uma situação na qual, em tese, o estrangeiro poderá vir a
propor ação popular. Trata-se da hipótese do português equiparado com residência
permanente no Brasil e quando houver reciprocidade em favor dos brasileiros (CF, art. 12,

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§1º). Nesta hipótese, o português (estrangeiro) passa a gozar dos direitos inerentes aos
brasileiros, podendo alistar-se como eleitor e, assim, propor ação popular.

OBS: o condenado criminalmente tem seus direitos políticos suspensos, logo não
pode propor ação popular, pois não se enquadra no conceito de cidadão.

O MP pode atuar no polo ativo? o MP apenas atuará no polo ativo nos casos de
sucessão processual.

Quem poderá ajuizar a ação popular executória? Todos os cidadãos – sejam ou


não autores, assistentes ou litisconsortes originários na ação popular -, o MP e a própria
pessoa jurídica ou entidade, nos termos do arts. 16 e 17 da LAP.

O eleitor precisa residir no domicílio eleitoral ao da propositura da ação? Não é


necessário, basta comprovar a cidadania, nos termos da LAP (Resp 1.242.800/MS). Isso
porque a legitimidade para propositura da ação popular é do cidadão e não do eleitor.

A Ação Popular na Constituição de 88 (Ação Popular Constitucional): a CF


atualizou a norma do art. 1º da LAP, prevendo que: “qualquer cidadão é parte legítima
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade
de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e
do ônus da sucumbência” (Art. 5º, LXXIII).

Note-se que, entre os objetos tutelados, foram acrescentados o meio ambiente e


a moralidade administrativa, sendo que qualquer leitura da LAP deverá ser em
conformidade com a CF.
Legitimidade ordinária: prevalece na doutrina e jurisprudência que a natureza
jurídica da legitimação na ação popular é ordinária, é dizer, o autor não atua como
substituto processual. O autor atua em nome próprio, buscando defender em nome
próprio um direito que, fundado em sua condição de cidadão, também lhe é próprio (STF –
PET nº 2.132-2).

Tutela de direitos difusos: a Ação Popular trata sempre da defesa de interesses


difusos, tendo por titulares pessoas indeterminadas, nos termos do art. 81, parágrafo
único, inciso I, do CDC.

Litispendência, continência e conexão: em tese, poderá haver litispendência,


continência e conexão entre ações coletivas, não importando qual o nome dado a ação,
bastando identidade parcial ou total, conforme o caso, de pedido e causa de pedir.

Segundo o STJ, “nas ações coletivas, para efeito de aferição de litispendência, a


identidade de partes deverá ser apreciada sob a ótica dos beneficiários dos efeitos da
sentença, e não apenas pelo simples exame das partes que figuram no polo ativo da
demanda, ainda que se trate de litispendência entre ações coletivas com procedimentos
diversos, como a Ação Civil Pública (procedimento regulado pela Lei 7.347/1985; Ação
Popular (procedimento regulado pela Lei 4.717/1965); pelo Mandado de Segurança
(procedimento regulado pela Lei 12.016/2009); pela Ação de Improbidade Administrativa
(procedimento regulado pela Lei 8.429/1992), etc. (AgRg no REsp 1505359 / PE, Ministro
HERMAN BENJAMIN, Data do Julgamento 22/11/2016).

Desnecessidade de comprovação do prejuízo econômico ao erário: é possível 6


aferir que a lesividade ao patrimônio público é in re ipsa. Sendo cabível para a proteção da
moralidade administrativa, ainda que inexistente o dano material ao patrimônio público, a
Lei 4.717/65 estabelece casos de presunção de lesividade, bastando a prova da prática do
ato nas hipóteses descritas para considerá-lo nulo de pleno direito (REsp 1559292/ ES).

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades


mencionadas no artigo anterior, nos casos de:

a) incompetência;

b) vício de forma;

Impossibilidade de condenação de ressarcimento ao erário fundada em lesão


presumida: Para o STJ, eventual violação à boa-fé e aos valores éticos esperados nas
práticas administrativas não configura, por si só, elemento suficiente para ensejar a
presunção de lesão ao patrimônio público, uma vez que a responsabilidade dos agentes em
face de conduta praticada em detrimento do patrimônio público exige a comprovação e a
quantificação do dano.

Adotar entendimento em sentido contrário acarretaria evidente enriquecimento


sem causa do ente público, que usufruiu dos serviços prestados em razão do contrato
firmado durante o período de sua vigência (REsp 1.447.237-MG).

c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;

e) desvio de finalidade.

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade


observar-se-ão as seguintes normas:

a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir


nas atribuições legais do agente que o praticou;

b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância


incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência
ou seriedade do ato;

c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa


em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;

d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou


de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente
inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;

e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato


visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente,
na regra de competência.

Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público


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ou privado, ou das entidades mencionadas no art. 1º, cujos vícios
não se compreendam nas especificações do artigo anterior, serão
anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com
a natureza deles.

Art. 4º São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados


ou celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades referidas no
art. 1º.

I - A admissão ao serviço público remunerado, com desobediência,


quanto às condições de habilitação, das normas legais,
regulamentares ou constantes de instruções gerais.

II - A operação bancária ou de crédito real, quando:

a) for realizada com desobediência a normas legais,


regulamentares, estatutárias, regimentais ou internas;

b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao


constante de escritura, contrato ou avaliação.

III - A empreitada, a tarefa e a concessão do serviço público,


quando:
a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia
concorrência pública ou administrativa, sem que essa condição seja
estabelecida em lei, regulamento ou norma geral;

b) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou condições,


que comprometam o seu caráter competitivo;

c) a concorrência administrativa for processada em condições que


impliquem na limitação das possibilidades normais de competição.

IV - As modificações ou vantagens, inclusive prorrogações que forem


admitidas, em favor do adjudicatário, durante a execução dos
contratos de empreitada, tarefa e concessão de serviço público, sem
que estejam previstas em lei ou nos respectivos instrumentos.,

V - A compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que


não cabível concorrência pública ou administrativa, quando:

a) for realizada com desobediência a normas legais,


regulamentares, ou constantes de instruções gerais;

b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no mercado,


na época da operação;

c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na


época da operação.
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VI - A concessão de licença de exportação ou importação, qualquer
que seja a sua modalidade, quando:

a) houver sido praticada com violação das normas legais e


regulamentares ou de instruções e ordens de serviço;

b) resultar em exceção ou privilégio, em favor de exportador ou


importador.

VII - A operação de redesconto quando sob qualquer aspecto,


inclusive o limite de valor, desobedecer a normas legais,
regulamentares ou constantes de instruções gerais.

VIII - O empréstimo concedido pelo Banco Central da República,


quando:

a) concedido com desobediência de quaisquer normas legais,


regulamentares,, regimentais ou constantes de instruções gerias:

b) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for


inferior ao da avaliação.
IX - A emissão, quando efetuada sem observância das normas
constitucionais, legais e regulamentadoras que regem a espécie.

Invalidade dos atos lesivos ao patrimônio público: a AP visa decretar a invalidade


de ato administrativo, seja ele nulo, anulável ou inexistente. O rol do artigo 4º é
meramente exemplificativo.

Ação popular não pode atacar atos jurisdicionais: a ação popular não é meio
idôneo para atacar atos de conteúdo jurisdicional. Estes não possuem caráter
administrativo, estando excluídos do âmbito de incidência da ação popular, notadamente
porque se acham sujeitos a um sistema específico de impugnação, que por via recursal,
quer mediante ação rescisória (STF – AgR-Pet 2.018/SP). Excepcionalmente, contudo, é
possível ação popular para anular homologação de acordo judicial (Resp 906400).

A ação popular somente pode impugnar lei de efeitos concreto: a ação popular
não é sucedâneo de ADI, não sendo via processual adequada para a busca da declaração de
inconstitucionalidade de dispositivos de lei em abstrato (Resp 504.552/SC).

Já para a impugnação de lei de efeitos concretos, não é necessário a inclusão dos


deputados que atuaram no respectivo processo legislativo (Resp 188.873/RS).

Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para


conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a

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organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.

§ 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do


Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios os atos das pessoas
criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público,
bem como os atos das sociedades de que elas sejam acionistas e os
das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em relação às
quais tenham interesse patrimonial.

§ 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a


qualquer outra pessoas ou entidade, será competente o juiz das
causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao
Estado e ao Município, será competente o juiz das causas do Estado,
se houver.

§ 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para


todas as ações, que forem posteriormente intentadas contra as
mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.

§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do


ato lesivo impugnado

Competência conforme a origem do ato: Em regra, competente será o juiz de


primeiro grau, conforme a origem do ato, não importando qual seja a autoridade
impugnada: Presidente da República, das mesas da Câmara e do Senador (STF – Pet. 2.018-
AGR).
Exceções: existem duas exceções de ordem constitucional:

a) quando a ação popular interessar a totalidades de juízes estaduais, ou ficar


configurado, após o julgamento na primeira instância, o impedimento de mais da metade
dos desembargadores para apreciar o recurso voluntário para apreciar o recurso voluntário
ou a remessa obrigatória, ocorrerá a competência do STF, com base na letra “n” do inciso I
do art. 102, da CF;

b) quando se configurar o chamado conflito federativo entre a União e os Estados-


Membros/DF. Parte da doutrina defende, ainda, que eventualmente poderá surgir uma
terceira hipótese, nos casos referentes ao CNJ ou ao CNMP, por força da alínea “r”, incluída
pela EC/45, no art. 102. O STF, contudo, negou tal interpretação. [Pet 3.674 QO, rel. min.
Sepúlveda Pertence, j. 4-10-2006. Rcl 2.769 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 23-9-2009, P, DJE
de 16-10-2009]

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas


e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades,
funcionários ou administradores que houverem autorizado,
aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por
omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os
beneficiários diretos do mesmo.

§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele


indeterminado ou desconhecido, a ação será proposta somente
contra as outras pessoas indicadas neste artigo. 10
§ 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º, quando o
valor real do bem for inferior ao da avaliação, citar-se-ão como
réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no
art. 1º, apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os
beneficiários da mesma.

§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo


ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o
pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure
útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou
dirigente.

§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe


apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil
ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer
hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.

Polo passivo na ação popular: trata-se de litisconsórcio necessário no polo


passivo, determinando quem deve ser citado, na condição de réu, o agente público que
praticou o ato, o ente público ao qual vinculado este agente e, ainda, os beneficiários do
ato que se aponta ilegal ou lesivo.

O STJ entende que se trata de litisconsórcio necessário, não unitário, de forma


que pode se mostrar desnecessário a presença no polo passivo do agente que, embora
tenha se beneficiado do ato impugnado, não participou de sua elaboração (Resp
258.122/PR).

O STJ já entendeu que é necessário a presença do prefeito que homologou


concurso público impugnado por ação popular e dos concursados que foram exonerados
(Resp 762.070/SP).

Todo e qualquer beneficiário cuja identidade se torne conhecida no curso da lide e


antes da prolação da sentença, no primeiro grau de jurisdição, deverá ser citado para a
integração do contraditório, concedendo-lhe prazo para o oferecimento da defesa. (Resp
13.493/RS).

Intervenção móvel: o §3º prevê a possibilidade do ente público, em concordando


com o autor, migrar para o polo ativo e passar a atuar em conjunto com o demandante.
Trata-se, em verdade, de quebra do princípio da estabilidade subjetiva da demanda em
favor do interesse público primário.

A doutrina denomina esta espécie de intervenção móvel, já que a pessoa jurídica


pode trocar de polo processual. Assim, uma vez citada na ação popular, a pessoa jurídica
pode adotar 03 posturas:

a) apresentar resposta, em especial contestação;

b) abster-se de responder (em posição neutra), sem pronunciamento algum sobre 11


o ato impugnado;

c) não contestar e, verificando que ação coletiva ajuizada é útil ao interesse


público, deslocar-se da sua posição do polo passivo para o polo ativo da demanda, vindo a
atuar ao lado do autor. Conforme o dispositivo, a intervenção móvel vale também para a
pessoa jurídica de direito privado.

O MP na ação popular: é parte autônoma no processo da ação popular. No


desempenho de sua função, poderá aditar a inicial e auxiliar na obtenção da prova (Art. 7º,
§1º), providenciando para que as requisições sejam atendidas dentro do prazo. A falta de
intimação do MP pode gerar a nulidade do processo. Contudo, a jurisprudência vem
entendendo que falta de intimação pode ser convalidada nos graus superiores.

Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no


Código de Processo Civil, observadas as seguintes normas
modificativas:

I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

a) além da citação dos réus, a intimação do representante do


Ministério Público;

b) a requisição, às entidades indicadas na petição inicial, dos


documentos que tiverem sido referidos pelo autor (art. 1º, § 6º),
bem como a de outros que se lhe afigurem necessários ao
esclarecimento dos fatos, ficando prazos de 15 (quinze) a 30 (trinta)
dias para o atendimento.

§ 1º O representante do Ministério Público providenciará para que


as requisições, a que se refere o inciso anterior, sejam atendidas
dentro dos prazos fixados pelo juiz.

§ 2º Se os documentos e informações não puderem ser oferecidos


nos prazos assinalados, o juiz poderá autorizar prorrogação dos
mesmos, por prazo razoável.

II - Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far-se-á


por edital com o prazo de 30 (trinta) dias, afixado na sede do juízo e
publicado três vezes no jornal oficial do Distrito Federal, ou da
Capital do Estado ou Território em que seja ajuizada a ação. A
publicação será gratuita e deverá iniciar-se no máximo 3 (três) dias
após a entrega, na repartição competente, sob protocolo, de uma
via autenticada do mandado.

III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato


impugnado, cuja existência ou identidade se torne conhecida no
curso do processo e antes de proferida a sentença final de primeira
instância, deverá ser citada para a integração do contraditório,
sendo-lhe restituído o prazo para contestação e produção de provas,
Salvo, quanto a beneficiário, se a citação se houver feito na forma 12
do inciso anterior.

IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por


mais 20 (vinte), a requerimento do interessado, se particularmente
difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os
interessados, correndo da entrega em cartório do mandado
cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em
edital.

V - Caso não requerida, até o despacho saneador, a produção de


prova testemunhal ou pericial, o juiz ordenará vista às partes por 10
(dez) dias, para alegações, sendo-lhe os autos conclusos, para
sentença, 48 (quarenta e oito) horas após a expiração desse prazo;
havendo requerimento de prova, o processo tomará o rito ordinário.

VI - A sentença, quando não prolatada em audiência de instrução e


julgamento, deverá ser proferida dentro de 15 (quinze) dias do
recebimento dos autos pelo juiz.

Parágrafo único. O proferimento da sentença além do prazo


estabelecido privará o juiz da inclusão em lista de merecimento
para promoção, durante 2 (dois) anos, e acarretará a perda, para
efeito de promoção por antiguidade, de tantos dias quantos forem
os do retardamento, salvo motivo justo, declinado nos autos e
comprovado perante o órgão disciplinar competente.

Prazo para contestar: é de 20 dias, prorrogável por mais 20, a requerimento do


interessado em se tratando de prova documental de difícil reparação. Corre da entrega em
cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em
edital.

Note que não há prazo em dobro, seja em razão de haver litisconsortes com
diferentes procuradores ou pelo fato de a fazenda pública integrar o processo. Os
tribunais já vêm entendendo que os prazos previstos na LAP devem ser contados em dias
úteis, incidindo o art. 22, LAP e o art. 219, CPC. (0703079-18.2016.8.07.0000, TJDF)

Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da


instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos
no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem
como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de
90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o
prosseguimento da ação.

Absolvição de instância: onde está escrito absolvição – era a expressão do CPC/39


– de instância leia-se extinção do processo sem resolução do mérito.

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Sucessão processual: ocorre sucessão processual por parte do MP e do cidadão
colegitimado que continuam no processo iniciado por outrem, agora com legitimação ativa
superveniente decorrente de lei.

Obrigatoriedade de continuar na demanda: conforme melhor preceitua o art. 5º,


§3º, da LACP, a obrigatoriedade é mitigada ou temperada em face de existir ou não motivo
ou desistência infundada. Se os motivos da desistência ou absolvição de instância restarem
esclarecidos e se mostrarem legítimos, o MP não será obrigado a continuar na demanda.

Art. 10. As partes só pagarão custas e preparo a final.

Regime de custas: tal norma deve ser interpretada com o art. 5º, LXIII, da CF/88.

A prova pericial poderá ser paga pelo réu, com inversão das custas e dos
honorários do perito, nos casos em que se mostrar adequada essa medida para permitir o
julgamento do mérito.

Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular,


decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento
de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os
beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os
funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.

Finalidade da ação popular: anular os atos lesivos (e ilegais) aos bens tutelados.
Trata-se de pedido preponderantemente desconstitutivos.

A condenação dos responsáveis em ressarcir o erário, que pode ocorrer até


mesmo sem pedido expresso, revela-se necessária para o retorno do status quo ante,
constituindo-se efeito anexo da sentença, pois decorre de lei (Resp 439051/RO).

A condenação dos réus, contudo, se dará na medida de suas responsabilidades


(Resp 881.426/SP). Ademais, a condenação dos réus não é pedido principal da ação, mas
sim a desconstituição do ato viciado.

Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o


pagamento, ao autor, das custas e demais despesas, judiciais e
extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e
comprovadas, bem como o dos honorários de advogado.

Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do


pedido, julgar a lide manifestamente temerária, condenará o autor
ao pagamento do décuplo das custas.

Regime de custas: a LAP segue o mesmo regime de custas e honorários das


demais ações coletivas. Só haverá condenação para o autor em custas e honorários, no
caso de comprovada má-fé, nos termos do art. 5º, LXXIII, da CF/88, que não recepcionou o
art. 10.

Comprovada a má-fé ou julgada a lide manifestamente temerária, haverá


condenação no pagamento de honorários de advogado do vencido e no décuplo das custas

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processuais devidas, inclusive os honorários periciais.

Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da causa, será


indicado na sentença; se depender de avaliação ou perícia, será
apurado na execução.

§ 1º Quando a lesão resultar da falta ou isenção de qualquer


pagamento, a condenação imporá o pagamento devido, com
acréscimo de juros de mora e multa legal ou contratual, se houver.

§ 2º Quando a lesão resultar da execução fraudulenta, simulada ou


irreal de contratos, a condenação versará sobre a reposição do
débito, com juros de mora.

§ 3º Quando o réu condenado perceber dos cofres públicos, a


execução far-se-á por desconto em folha até o integral
ressarcimento do dano causado, se assim mais convier ao interesse
público.

§ 4º A parte condenada a restituir bens ou valores ficará sujeita a


sequestro e penhora, desde a prolação da sentença condenatória.

Art. 15. Se, no curso da ação, ficar provada a infringência da lei


penal ou a prática de falta disciplinar a que a lei comine a pena de
demissão ou a de rescisão de contrato de trabalho, o juiz, "ex-
officio", determinará a remessa de cópia autenticada das peças
necessárias às autoridades ou aos administradores a quem competir
aplicar a sanção.

Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da


sentença condenatória de segunda instância, sem que o autor ou
terceiro promova a respectiva execução. o representante do
Ministério Público a promoverá nos 30 (trinta) dias seguintes, sob
pena de falta grave.

Art. 17. É sempre permitida às pessoas ou entidades referidas no


art. 1º, ainda que hajam contestado a ação, promover, em qualquer
tempo, e no que as beneficiar a execução da sentença contra os
demais réus.

Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga


omnes", exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente
por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá
intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova
prova.

Abrangência da coisa julgada: não se aplica a restrição do art. 16 da LACP,


portanto, não se limita ao território do órgão prolator. Contudo, se aplica o regime do art.
103 do CDC, pois se trata de regime mais amplo e benéfico para a tutela dos direitos
coletivos.
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Desta maneira, não serão atingidos os titulares de direito individuais, mesmo que
a ação, no mérito, seja julgada improcedente, bem como, no caso de procedência, opera o
transporte “in utilibus”. A natureza civil não abrange condenações políticas, administrativas
ou criminais.

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela


improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não
produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que
julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.

§ 1º Das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento.

§ 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e


suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer cidadão e também
o Ministério Público.

Remessa Necessária: somente ocorrerá na sentença que concluir pela carência ou


pela improcedência da ação. Quando a sentença for de procedência não haverá duplo grau
de jurisdição obrigatório. Inverte-se a lógica do CPC. O principal efeito da remessa
necessária é impedir o trânsito em julgado das sentenças de improcedência.
Ação civil pública.

DOUTRINA

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação


popular, as ações de responsabilidade por danos morais e
patrimoniais causados:

I - ao meio-ambiente;

II - ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e


paisagístico;

IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.

V - por infração da ordem econômica;

VI - à ordem urbanística.

VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.

VIII – ao patrimônio público e social. 16


Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular
pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos
de natureza institucional cujos beneficiários podem ser
individualmente determinados.

Ação Civil Pública X Ação Coletiva: nem toda ação civil pública pode ser
considerada uma ação coletiva. Segundo a doutrina, a ação coletiva é gênero. Nesse
sentido, se afirma que para que uma demanda possa ser considerada uma ação coletiva, o
pleito deverá conter 05 requisitos básicos:

a) tutelar direta ou indiretamente o interesse público primário;

b) legitimação extraordinária e adequada representação dos


substituídos;

c) coisa julgada “secundum eventum litis” e “secundum eventum


probationis”;

d) maior amplitude da cognição;

e) um direito coletivo “lato sensu” como causa de pedir.

Diante desse cenário, se a ação veicular uma pretensão individual não haverá ação
coletiva, mas uma ACP para tutela de um direito individual.

Por fim, para saber se se trata de ação coletiva, o importante não é nome dado a
ação, mas seu conteúdo (princípio da atipicidade).

ACP e Ação Popular: a LACP não afasta a possibilidade de se ajuizar ação popular,
contudo, eventualmente poderá haver litispendência. Na maioria dos casos, porém, haverá
conexão e não litispendência, pois uma das demandas terá objeto mais amplo (Resp
208.680/MG).

ACP e Ação de Improbidade: é compatível a utilização de ACP com fundamento na


Lei de Improbidade Administrativa. (Resp 735.424/SP).

Prescrição: o STJ tem os seguintes entendimentos sobre o tema:

1º É imprescritível a ACP em que se discute a ocorrência de dano ao


erário. Tal entendimento, contudo, deve ser revisitado, já que o STF
entendeu que é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda
Pública decorrente de ilícito civil (RE 669069/MG). Dessa forma, no
momento, a imprescritibilidade limita-se as ações que discutem a
ocorrência de dano ao erário oriundo de atos de improbidade.

ATENÇÃO!!!!! ATUALIZAÇÃO DO ENTENDIMENTO!! São


imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na
prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade 17
Administrativa.
STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig. Min. Alexandre de Moraes,
Rel. para acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 08/08/2018
(repercussão geral) (Info 910).

2º É imprescritível a ACP em que se discute o direito à reparação de


danos ambientais. (REsp 1120117)

3º Nos outros casos em geral, o STJ tem aplicado o prazo de 05 anos


da ação popular, em conformidade com a regra de utilização do
microssistema processual coletivo - ubi eadem ratio ibi eadem legis
dispositivo. (REsp 1089206)

4º No âmbito do direito privado, é de cinco anos o prazo


prescricional para ajuizamento da execução individual em pedido de
cumprimento de sentença proferida em ação civil pública. (REsp
1.273.643)

Impossibilidade da ACP veicular pretensões que envolvam tributos,


contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros
fundos de natureza institucional:

Os Tribunais Superiores atribuem uma interpretação restritiva ao parágrafo único


do art. 1º, entendendo que ele somente se aplica quando as pretensões listadas por ele
forem os pedidos da ACP.
O STJ já disse que o MP tem legitimidade para ajuizar ACP cujo pedido seja a
condenação por improbidade administrativa de agente público que tenha cobrado taxa por
valor superior ao custo do serviço prestado, ainda que a causa de pedir envolva questões
tributárias (REsp 1.387.960-SP).

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local


onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para
processar e julgar a causa.

Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do


juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a
mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

Critérios para determinação de competência: nas demandas coletivas, existem


dois critérios para determinar a competência: o primeiro é o foro do local do dano (Art. 2º,
da LACP). O segundo é o âmbito de extensão do dano (Art. 93, II, do CDC).

Como a LACP não trata das situações em que o dano é nacional ou regional, por
força do microssistema da tutela coletiva, o art. 2º deve ser aplicado em conjunto com o
art. 93, II, do CDC. (Resp 448.470/RS).

Competência para execução nas demandas individuais: o STJ decidiu que ações
individuais de liquidação e execução dos consumidores lesados poderão ser ajuizadas, a

18
escolha do autor, em seu domicílio, no do réu e onde estiverem os bens ou no juízo da
ação ordinária. (CC 96.682)

Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro


ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

Possibilidade de tutela: é possível requer qualquer espécie de tutela (declaratória,


constitutiva, condenatória, mandamental ou executiva “lato sensu”).

Possibilidade de cumulação de pedidos: o STJ entende que poderá haver


cumulação da condenação em dinheiro com o cumprimento da obrigação de fazer ou não
fazer (Resp. 625.249/PR).

Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei,
objetivando, inclusive, evitar dano ao patrimônio público e social, ao
meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos
raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação


cautelar:

Legitimidade extraordinária: a jurisprudência trata essa legitimidade como sendo


extraordinária por substituição processual, pois os legitimados concorrentes defendem em
juízo, em nome próprio, direito alheio (RE 208790/SP e Resp 208.068/SC).

Legitimidade extraordinária por substituição X por representação: na


legitimidade por substituição, o autor atua sem necessidade de autorização do titular do
direito. Já na legitimidade por representação, faz-se necessário a autorização do titular do
direito. O STF entende que a legitimação nos processos coletivos independe de
autorização.

Representatividade adequada (adequacy representation): o Brasil adota o


sistema “ope legis”, que exige que a adequação seja previamente determinada em lei,
somente o legislador, e não o juiz, poderá prever requisitos para a legitimação.

Esses requisitos serão previstos de forma taxativa e também a menção aos


legitimados deverá ser expressa. Já o sistema “ope judicis”, preponderante nos Estados
Unidos, reconhece ao juiz o dever-poder de verificar a adequada representação, sendo que
nestes casos, o controle será feito no caso concreto, em decisão fundamentada, sendo os
critérios não taxativos indicados na lei.

O acenado modelo tem sido utilizado no Brasil para o controle adequado


representação de associações e sindicatos (Agrg no Resp 901936/RJ).

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação


cautelar:

I - o Ministério Público;

(…)

§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte,


19
atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.

§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por


associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
assumirá a titularidade ativa.

Atuação do MP como fiscal da Lei: se o MP não intervir como parte, atuará


sempre como fiscal da lei (§1º). “Custus juris” significa que não deve atuar apenas como
fiscal da lei, e sim na condição de fiscal da ordem jurídica. O STJ entende que é
desnecessário a intervenção do MP como fiscal da lei em ACP que foi ajuizada pelo próprio
MP (Resp 156.291/SP).

Atuação obrigatória: a atuação do MP como fiscal da lei é obrigatória. O STJ,


contudo, entende que ausência de intimação do MP em ACP para funcionar como fiscal da
lei não dá ensejo, por si só, a nulidade processual, salvo comprovado prejuízo (Resp
1.207.855/SE).

Desistência infundada: em caso de desistência infundada ou abandono da ação


por associação legitimada, o MP ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. (art. 5º,
§ 3º, LACP)

Legitimidade do MP – Hipóteses admitidas pelo STF e STJ:

1. MP tem legitimidade para proteger mediante ACP o patrimônio público de


forma ampla.

STJ – Súmula: 329: O Ministério Público tem legitimidade para


propor ação civil pública em defesa do patrimônio.

2. Com base no artigo 129, V, da Carta Magna, o MP tem legitimidade para propor
ação civil pública em defesa de comunidades indígenas (Resp 961263/SC)

3. O MP tem legitimidade para tutelar direitos indisponíveis, de crianças e idosos.


Ainda que individualmente considerados, como direito a medicamentos (Resp
700.853/RS);

4. O MP tem legitimidade ativa para a defesa, em juízo, dos direitos e interesses


individuais homogêneos, quando impregnados de relevante interesse social, como sucede
com o direito de petição e o direito de obtenção de certidões em repartições públicas (RE
472.489/AGR/RS);

5. O MP tem legitimidade para ajuizar ACP contra departamento de trânsito, em


que se busca demonstrar irregularidades nos procedimentos de fiscalização delegados a
empresas particulares, as quais teriam exercidos competência exclusiva do Poder Público
(Resp 808.393/DF);

6. O MP tem legitimidade para o ajuizamento da ACP, visando à correção dos


serviços tabelados no âmbito do SUS, por ocasião do plano real (Resp 422.671/RS);

7. O MP é parte legítima para ajuizar ACP em defesa dos interesses dos mutuários
20
do SFH (Agrg no Resp 633.470/CE);

8. O MP tem legitimidade para propor ACP para discutir as mensalidades


escolares:

STF – Súmula 643: o Ministério Público tem legitimidade para


promover ação civil pública cujo fundamento seja a ilegalidade de
reajuste de mensalidades escolares.

9. O MP tem legitimidade para propor ACP com o objetivo que cesse a atividade
tida por ilegal de, sem autorização do poder público, captar antecipadamente poupança
popular, ora disfarçada de financiamento para compra de linha telefônica (Resp
910.192/MG);

10. A inclusão de débitos não autorizados na conta do consumidor e cobrados em


razão do uso pelo consumidor ou por terceiro de serviço valor adicionado legitimam o MP
a propor ação com o objetivo de garantir a continuidade do serviço público essencial de
telefonia fixa (Resp 605.755/SP);

11. O MP tem legitimidade para propor ACP visando a cessação de jogos de Azar
(Resp 813.222/RS);

12. O MP tem legitimidade para propor ACP visando a abstenção de cobrança de


multa por resolução de contrato quando ocorre roubo ou furto de celular (Resp
1.087.783/RJ);

13. O MP tem legitimidade para propor ACP com o objetivo de manter curso de
ensino médio no período noturno de colégio custeado pela união (Resp 933.002/RJ);

14. É possível a atuação conjunta do MP estadual e do trabalho para propor ACP


com objetivo de cumprimento de normas atinentes à segurança do trabalho e a medicina
do trabalho (Resp 240.343/SP);

15. A legitimidade para propor ACP contra governador é do Procurador Geral de


Justiça (Resp 851.635/AC);

16. O MP tem legitimidade para propor ACP contra resolução que impõe aos
graduados a obrigação de realizarem exame como condição prévia à obtenção do registro
profissional (Agrg no Resp 938.951/DF);

17. O MP tem legitimidade para propor ACP visando a obrigação de a catraca de


ônibus mostrar ao consumidor o saldo de seu vale transporte digital (Resp 1.099.634);

18. O MP tem legitimidade para propor ACP visando a declaração da abusividade


de critérios de reajuste em contrato de adesão nos serviços de concessão de lotes e jazigos
em cemitério (Agrg no Resp 1.113.844/RJ);

19. O MP tem legitimidade para propor ACP em caso de loteamentos irregulares


ou clandestinos, inclusive para que haja pagamento de indenização aos adquirentes (REsp
743.678);
21
20. O MP tem legitimidade para propor ACP visando a defesa de direitos de
natureza previdenciária (STF AgRg no AI 516.419/PR);

21. Para o STF, o MP tem legitimidade para defender contratantes do seguro


obrigatório DPVAT (RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 06 e 07/08/2014.
Repercussão Geral). Tal decisão era contrária ao que decidia o STJ (Súmula 470: O
Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização
decorrente do DPVAT em benefício de segurado). Contudo, como a decisão do STF foi
proferida em sede de repercussão geral, de forma que o STJ posteriormente cancelou a
súmula 470;

Ilegitimidade do MP – hipóteses inadmitidas pelo STJ e STF:

1. O MP não tem legitimidade para promover ACP com o objetivo de impedir a


cobrança de tributos na defesa de contribuintes (Agrg no Resp 969.087). Por outro lado,
Quando o objeto da ação tratar de benefícios fiscais envolvendo tributos e que possam
causar danos ao patrimônio público é legítima a autuação do MP (Resp 760.034/DF e RE
576.155/DF).

2. O MP não tem legitimidade para propor ACP visando a declaração de ilegalidade


no recebimento de valores a título de gratificação natalina por juízes federais e servidores
públicos (AGRG no Resp 672.957/RJ);
3. O MP não tem legitimidade para interpor ACP contra ex-dirigente de clube de
futebol em razão da alegada prática de atos que teriam causado prejuízos de ordem moral
e patrimonial agremiação à agremiação esportiva (Resp. 1.041.765/MG);

4. O MP não tem legitimidade para ajuizar ACP na qual busca a suposta defesa de
um pequeno grupo de pessoas – no caso, associados de um clube, numa óptica
predominantemente individual (Resp 1.109.335/SE).

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação


cautelar:

II - a Defensoria Pública;

Defensoria pública: a Defensoria Pública – DP, foi incluída como legitimada para
ACP pela Lei 11.418/07. “A Defensoria Pública tem legitimidade para a propositura de ação
civil pública que vise a promover a tutela judicial de direitos difusos e coletivos de que
sejam titulares, em tese, pessoas necessitadas”, (RE 733433).

A legitimidade da defensoria abrange todas as espécies de direitos coletivos


(difusos, coletivos e individuais homogêneos). A existência de pessoas não necessitadas no
grupo não elide a legitimação da Defensoria.

Constitucionalidade da legitimidade da Defensoria Pública: o STF entendeu que a


Defensoria Pública pode propor ACP na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais
homogêneos. É constitucional a Lei nº 11.448/2007, que alterou a Lei 7.347/85, prevendo a 22
Defensoria Pública como um dos legitimados para propor ação civil pública (ADI 3943/DF).

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação


cautelar:

V - a associação que, concomitantemente:

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei


civil;

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao


patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos
raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.

§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações


legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes
de qualquer das partes.

§ 4º O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz,


quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão
ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser
protegido.
Associações: para que possam ter legitimidade, as associações deverão apresentar
dois requisitos:

a) estar constituída há pelo menos 01 ano, nos termos da lei civil;

b) incluir, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio


ambiente, ao consumidor, a ordem econômica, a livre concorrência,
aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Amplitude do termo “associações”: a doutrina entende que associações não são


somente aquelas assim denominadas em sentido estrito, mas também as entidades de
classe, sindicatos e partidos políticos.

Pertinência temática: não precisa ter uma finalidade específica, bastando que
tenha um nexo compatível entre os fins institucionais. (Resp 132.063).

Dispensa da pré-constituição: poderá ser dispensada quando:

a) haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou


característica do dano;

b) relevância do bem jurídico a ser protegido.

Ilegitimidade ativa de associação para defender os interesses de filiados que


somente vieram a se agregar após o ajuizamento da ação: a associação não tem
23
legitimidade ativa para defender os interesses dos associados que vierem a se agregar
somente após o ajuizamento da ação de conhecimento (REsp 1.468.734-SP).

No momento em que a associação ajuíza a demanda, ela deverá juntar aos autos
autorização expressa dos associados para a propositura dessa ação e uma lista com os
nomes de todos as pessoas que estão associadas naquele momento. Caso procedente, o
título executivo irá beneficiar apenas os associados cujos nomes estão na lista de filiados
juntada com a petição inicial. (RE 573232/SC).

Ausência de legitimidade da associação em caso de estatuto genérico: o STJ já


decidiu que não possuem legitimidade para litigar por meio de ACP as associações que
possuam estatuto demasiadamente genérico. Concluiu o STJ que a legitimidade da
associação, para fins de ACP, dependerá do cumprimento cumulativo dos 02 requisitos
legais, o qual, contudo, gerará apenas uma presunção relativa de legitimidade, passível de
ser afastada caso o estatuto da associação seja de tal forma genérico que desnature a
representatividade do grupo lesado (REsp 1.213.614-RJ).

Caso ocorra dissolução da associação que ajuizou a ACP, não é possível a sua
substituição no polo ativo por outra associação ainda que os interesses discutidos na ação
coletiva sejam comuns a ambas.

Segundo o STJ, o art. 5º, § 3º, da Lei nº 7.347/85 não se aplica para o caso das
associações. Corrobora que a associação necessita de autorização expressa de seus
associados para ajuizar a ação coletiva. Somente o associado que autorizou expressamente
a propositura da ação é que poderá, posteriormente, executar, individualmente, a decisão
favorável obtida no processo coletivo (RE 573232/SC e REsp 1.405.697-MG).

Legitimidade das associações, decisões do STJ e STF sobre o tema:

1. A associação pode tutelar direitos dos associados e não associados (Resp


132.502/RS).

2. Associação de defesa do consumidor tem legitimidade para propor ACP em que


se discute o pagamento de taxa de aforamento, da taxa de ocupação e do laudêmio sobre
os valores correspondentes sobre as benfeitorias existentes nos imóveis dos foreiros de
terreno de marinha pertencente a União (Resp 667.939/SC).

3. Associação de moradores tem legitimidade para propor ACP contra empresas


que tinham contrato com a empresa falida de produção de tinta para reciclar as sobras de
produtos fabricados. O pedido contemplava a indenização por danos morais e materiais,
bem como a recuperação da área degradada (Resp 982.923/PR);

4. Associação possui legitimidade para propor ACP para declarar nulidade de


garantia hipotecária dada pela construtora à instituição financeira após ter negociado o
imóvel com o promissário comprador (Resp 399.859/ES);

Ilegitimidade

Associação não tem legitimidade para propor ACP visando a anulação de multas
de trânsito, já que não se trata de relação de consumo (Resp 727.092/RJ).
24
Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação
cautelar:

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de


economia mista;

Entidades despersonalizadas: também são legitimados, mesmo que sem


personalidade jurídica, órgãos públicos de defesa do consumidor. Assim, os PROCONS ou
outros órgãos públicos que visem proteger o consumidor são legitimados para impetrar
ACP.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação


cautelar:

(…)

§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos


interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às
exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título
executivo extrajudicial.
Termo de Ajustamento de Conduta – TAC: é possível realizar compromisso de
ajustamento de conduta as exigências nos processos em que envolvam direitos coletivos
“lato sensu”, mesmo que se reconheça a indisponibilidade destes direitos.

Natureza jurídica: a natureza jurídica do TAC é polêmica. A doutrina se divide em


modalidade específica de transação e negócio jurídico bilateral sui generis.

Órgãos Públicos: de acordo com a LACP qualquer dos órgãos públicos legitimados
poderão celebrar TAC. Assim, apenas os órgãos públicos poderão celebrar o TAC, o que
exclui, portanto, a possibilidade de associações realizarem TAC.

Transação formal: não se admite, assim, a transação substancial (ou material).


Somente é possível a transação formal, que não signifique qualquer renúncia ao direito
coletivo em discussão. Assim, poderão ser pactuadas a forma e o prazo de reparação do
dano causado, mas nunca poderá haver renúncia ao conteúdo do direito.

Inexistência de coisa julgada no TAC extrajudicial: o TAC na esfera extrajudicial


não atinge os titulares da ação, os legitimados, e não impede o ajuizamento de ACP (Resp
265.300/MG).

Falta de assinatura do membro do MP: o STJ entendeu que a ausência de


assinatura do representante do MP que formalizou o TAC constitui a nulidade.

TAC e caráter obrigatório: o ordenamento jurídico não confere ao TAC o caráter


obrigatório, a ponto de exigir que o MP o proponha antes do ajuizamento da ACP (Resp 25
895.443/RJ).

Possibilidade de transação envolvendo direitos difusos nas obrigações de fazer e


não fazer: o STJ já entendeu ser possível, de forma excepcional, a transação de direitos
difusos que importem obrigação de fazer ou não fazer, quando for impossível o retorno ao
status quo ante (Resp 299.400/RJ).

TAC celebrado após sentença não implica perda do interesse de agir: o STJ
entendeu que, como o TAC celebrado pelas partes poderá ser modificado, não haveria
perda do interesse de agir, já que a proteção concedida por meio do provimento
jurisdicional é mais eficaz que a concedida via TAC.

Nesse sentido, a sentença apenas deixaria de existir se houvesse pedido de


desistência do autor da ação ou se acordo firmado fosse homologado judicialmente (Resp
1.150.530/SC).

Nulidade do TAC se os termos do compromisso são proibidos pela legislação: o


STJ julgou nulo o TAC que obrigava empresa degradadora do meio ambiente, a entregar
bem móvel a administração, consistente na obrigação de dar equipamento de informática
a órgão ambiental, já que tal obrigação não é permitida pela legislação (Resp 802.060/RS).

Nulidade do TAC cujas obrigações não foram livremente pactuadas: o STJ julgou
nulo TAC celebrado sem que a requirida estivesse acompanhada por advogado. Assim, foi
considerado nulo o TAC, já que as obrigações não foram livremente pactuadas (Resp
802.060/RS).
Assinatura do TAC não obsta a instauração da ação penal: a assinatura do TAC
não obsta a instauração da ação penal, pois esse procedimento ocorre na esfera civil, que é
independente da penal (STJ, HC 82.911/MG).

Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá


provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe
informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e
indicando-lhe os elementos de convicção.

Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem


conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação
civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências
cabíveis.

Dever de participação e cooperação: No art. 6º, a norma confere faculdade para o


particular e um dever para o servidor público. Já o art. 7º contém normas específicas para
os integrantes do Poder Judiciário.

Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às


autoridades competentes as certidões e informações que julgar
necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência,

26
inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou
particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que
assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.

§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser


negada certidão ou informação, hipótese em que a ação poderá ser
proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz
requisitá-los.

Inquérito Civil Público – ICP: procedimento facultativo administrativo, com


natureza inquisitiva, por meio do qual são buscados os elementos de convicção para
ajuizamento da ação civil pública ou para formulação do TAC, cuja titularidade é apenas do
MP.

Contraditório: há mitigação do princípio do contraditório, no ICP, notadamente


por considerá-lo mero procedimento administrativo, e não processo administrativo. O STJ
entende que o contraditório e ampla defesa não são imprescindíveis ao ICP, salvo se
houver restrições de direitos e aplicações de sanções de qualquer natureza (RMS
21.038/MG).

Valor probatório relativo: as provas colhidas no ICP têm valor probatório relativo,
porque colhidas sem a observância do contraditório (Resp 849.841/MG).

Informações sigilosas: caso a informação requisitada pelo MP seja sigilosa, ela


deverá ser negada. (REsp 1217271)

Inexistência de má-fé quando o MP não leva à ACP todos os documentos


constantes do ICP: o STJ entendeu que não há má-fé quando o MP não leva à ACP todos os
documentos constantes do ICP. É possível descartar aqueles que não lhe parecem
relevantes, isso em razão da própria natureza do ICP (Resp 448.023/SP)

Direito do advogado de ter acesso aos autos do inquérito civil: o STJ vem
aplicando de forma analógica a Súmula Vinculante 14, de modo a permitir que os
advogados dos investigados possam ter acesso as provas já constantes do inquérito (RMS
28.949/PR).

Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as


diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a
propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do
inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
fundamentadamente.

§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação


arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave,
no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério
Público.

§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público,


seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento,
poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou
documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou
anexados às peças de informação. 27
§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e
deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme
dispuser o seu Regimento.

§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de


arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério
Público para o ajuizamento da ação.

Arquivamento implícito: é aquele que pode ocorrer com a superveniência de um


TAC, que teria o condão de encerrar o inquérito. Para evitar que isso aconteça, exige-se
que o TAC também seja submetido à apreciação do Conselho Superior.

Arquivamento liminar: ocorre quando há o indeferimento do pedido de


instauração do Inquérito Civil Público, nos casos em que ocorra manifesta impropriedade
da instauração.

Ignorar requisições do MP pode acarretar ato de improbidade: o STJ já entendeu


que ignorar as requisições do MP pode acarretar responsabilização por ato de improbidade
(Resp 1.116.964).

Art. 11. Na ação que tenha por OBJETO o cumprimento de


obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento
da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva,
sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária,
se esta for suficiente ou compatível, independentemente de
requerimento do autor.

Distinção entre multa liminar e astreinte: o STJ entende que a multa diária
prevista no art. 11 não pode ser confundida com a multa liminar inserta no art. 12 do
mesmo diploma (Resp 156.291/SP).

Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem


justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.

§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público


interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à
segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a
que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a
execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá
agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias
a partir da publicação do ato.

§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o


trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida
desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.

Tutela de urgência: poderá ser obtida através de liminar, podendo ser pleiteada

28
em ação cautelar (antes ou no curso de ACP) ou na própria ACP.

A decisão final de improcedência do pedido veiculado em ACP acarreta, por si só,


independentemente de menção expressa a respeito, revogação da medida antecipatória
(liminar) com eficácia imediata e ex tunc (Agrg no MS 11.798/DF).

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano


causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou
por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o
Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus
recursos destinados à reconstituição dos bens lesados

§ 1º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará


depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com
correção monetária.

§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano


causado por ato de discriminação étnica nos termos do disposto no
art. 1º desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá diretamente ao
fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção
da igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional de
Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão nacional,
ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou
locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local,
respectivamente.
Art. 14. O juiz PODERÁ conferir efeito suspensivo aos recursos, para
evitar dano irreparável à parte.

Efeito dos recursos: em regra, nas ações coletivas os recursos são recebidos
apenas no efeito devolutivo. Para obter efeito suspensivo a parte deverá requerer e
demonstrar o dano irreparável (Agrg no Resp 436. 647/RS).

Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da


sentença condenatória, sem que a associação autora lhe promova a
execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
iniciativa aos demais legitimados.

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites
da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido
for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em
que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova.

Insuficiência de provas: diante da improcedência do pedido por ausência ou


insuficiência de provas, é possível ajuizar novamente a ação, se houver nova prova.

Limites da competência territorial: o artigo 16 foi inserido pela Lei 9.494/97 para
restringir a eficácia subjetiva da coisa julgada em ação coletiva, impondo uma limitação

29
territorial a essa eficácia, restrita ao âmbito da jurisdição do órgão prolator da decisão.

A doutrina majoritária sempre entendeu que o art. 16 é inconstitucional: Nesse


sentido, Fredie Didier e Hermes Zaneti, apontam 05 objeções ao dispositivo:

a) Gera prejuízo à economia processual e pode ocasionar decisões


contraditórias entre julgados proferidos em Municípios ou Estados
diferentes;

b) viola o princípio da igualdade por tratar de forma diversa os


brasileiros (para uns irá valer a decisão, para outros não);

c) os direitos coletivos “lato sensu” são indivisíveis, de forma que


não há sentido que a decisão que os define seja separada por
território;

d) a redação do dispositivo mistura “competência” com “eficácia da


decisão”, que são conceitos diferentes. O legislador confundiu
“coisa julgada” e “eficácia da sentença”;

e) o art. 93 do CDC, que se aplica também à LACP, traz regra


diversa, já que prevê que, em caso de danos nacional ou regional, a
competência para a ação será do foro da Capital do Estado ou do
Distrito Federal, o que indica que essa decisão valeria, no mínimo,
para todo o Estado/DF.

O STJ inicialmente optou pela constitucionalidade do dispositivo, limitando o


efeito “erga omnes” da coisa julgada ao âmbito da competência territorial do juiz que
proferiu a sentença ou outorgou a liminar (Resp 642.462/PR e Agrg no Resp 253.589/SP).

Posteriormente, a corte modificou o seu entendimento pela não aplicação do


artigo 16 LACP (EResp 1134957/SP).

Contudo, o STF, em recente julgado (RE 612043/PR) decidiu que a eficácia


subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de rito ordinária, ajuizada por
associação civil na defesa de interesse dos associados, somente alcança os filiados,
residentes no âmbito da jurisdição do órgão prolator, que o fossem em momento anterior
ou até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial
do processo de conhecimento.

O simples fato de uma ACP ter sido julgada pelo STJ, em sede de recurso
especial, não é capaz de fazer os efeitos da ACP serem de âmbito nacional. (REsp
1.114.035-PR).

Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os


diretores responsáveis pela propositura da ação serão
solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao
décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e
danos.

30
Aplicação aos demais legitimados: embora o texto legal não se refira, a doutrina
entende que os demais legitimados também podem ser considerados litigantes de má-fé.
Outra parte considerável da doutrina, porém, não concorda com esse entendimento (José
dos Santos Carvalho Filho e Rodolfo Carmago Mancuso), entendendo que o art. 17
somente se aplica às associações.

O STJ entende pela possibilidade de condenação do MP em caso de litigância de


má-fé (Agrg no Ag 1.042.206/SP).

Somente os diretores responsáveis pela propositura da ACP serão condenados:


atinge apenas aqueles que forem responsáveis pela propositura da ação.

Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento
de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras
despesas, nem condenação da associação autora, salvo
comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas
processuais.

Complementação de artigos: a condenação do art. 18 abrange os honorários de


advogado e demais despesas processuais. Não há, contudo, duplicidade de condenação,
pois o litigante de má-fé condenado pelo art. 17 da LACP nos honorários advocatícios e ao
décuplo das custas, se for autor, e perder a demanda, será também condenado nas custas
judiciais e demais despesas processuais.

Condenação do MP: responsabilidade da Fazenda Pública: caso ocorra a


condenação do MP, caberá a Fazenda Pública respectiva arcar com o pagamento (Resp
120290/RS).
A sucumbência do MP na ação coletiva não caracteriza, por si só, a litigância de
má-fé: somente quando a pretensão se mostrar infundada (Resp 152.447/MG).

Aplicabilidade do art. 18 da LACP para ação civil pública movida por sindicato: O
STJ decidiu que esse art. 18 da Lei 7.347/85 é aplicável também para a ação civil pública
movida por SINDICATO na defesa de direitos individuais homogêneos da categoria que
representa (EREsp 1322166-PR).

Honorários de perito em ação promovida pelo MP: Consoante entendimento do


STJ, caso o Ministério Público requeira a realização de perícia em ação civil pública, a
despesa com os honorários do perito será arcada pela fazenda pública à qual se acha
vinculado o parquet (REsp 846.529/MS)

OBS: não haverá remessa necessária (aplicação da regra da LAP) quando a ACP
tutelar interesses individuais homogêneos (REsp 1374232/ES).

Mandado de segurança individual e coletivo.

DOUTRINA

Conceito e Natureza Jurídica. Segundo a CF (Art. 5º, LXIX) conceder-se-á mandado


de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
31
Direito Líquido e Certo. Se apresenta manifesto em sua existência, delimitado na
sua extensão apto a ser exercitado no ato, com fundamento em norma jurídica mediante
prova documental.

Com relação às matérias jurídicas que podem ser debatidas pela via do MS, o STF
entende que matéria jurídica controvertida não impede o manejo de MS:

STF – Súmula 625: Controvérsia sobre matéria de direito não


impede concessão de mandado de segurança.

Há situação excepcional que permite a propositura da demanda desacompanhada


de documentos probatórios do direito alegado e, ainda assim, é admissível a via do
mandado de segurança. Trata-se do caso em que a documentação está em poder do
próprio Poder Público. A situação encontra-se regulada pela Lei 12.016/2009:

Art. 6º (…)

§ 1º No caso em que o documento necessário à prova do alegado se


ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de
autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o
juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse
documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o
cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá
cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.

§ 2º Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria


coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.

Caráter residual em relação ao “habeas Corpus” e ao “Habeas Data”. Trata-se de


ação cabível para tutelar direito violado ou ameaçado por ato ilegal ou abusivo do Poder
Público, direito este diverso do de locomoção ou retificação de informações ou dados.

Ilegalidade ou abuso de poder. O abuso de poder também é uma ilegalidade. (CC,


art. 187). O certo é que qualquer ato administrativo, vinculado ou discricionário, que não
obedeça a Constituição ou a legislação infraconstitucional, pode ser objeto de impugnação
via MS.

Autoridade Pública. O conceito de autoridade pública para fins de impetração do


mandado de segurança é amplo, englobando agentes públicos da Administração Direta e
Indireta, bem como particulares, seja pessoa natural ou jurídica. A chave para a
compreensão do cabimento do MS é o exercício de atribuições do poder público, seja em
toda sua atividade ou apenas parte dela:

Art. 1º. (...)

§ 1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os


representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores 32
de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas
jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder
público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

STF – Súmula 510: Praticado o ato por autoridade, no exercício de


competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou
a medida judicial.

Na redação da súmula, a expressão “competência delegada” tem o sentido de


função pública.

Em relação as empresas públicas e sociedades de economia mista, pessoas


jurídicas de direito privado, o cabimento do MS tem lugar diante do exercício de suas
funções públicas. É o que se extrai do §2º do art. 1º:

§ 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão


comercial praticados pelos administradores de empresas públicas,
de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço
público.

Ao estabelecer o não cabimento contra atos de gestão comercial, a Lei


12.016/2009 pretendeu permitir sua impetração em relação ao exercício da função pública,
notadamente verifica-se o seu cabimento em licitações e concurso público.
STJ – Súmula 333: Cabe mandado de segurança contra ato
praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista
ou empresa pública.

Outro aspecto a considerar é que a Autoridade Coatora do MS não é o mero


agente executor da ordem, mas sim aquele que pratica o ato ou dá à ordem para sua
prática:

Art. 6º (…)

§ 3º Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o


ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.

Assim, o ato que dá ensejo ao MS é o ato decisório ilegal ou abusivo, e não o mero
ato executório. Em se tratando de ato administrativo complexo – aquele cuja
manifestação de vontade se aperfeiçoa através da congregação de manifestação de
vontades de mais de um órgão administrativo -, tem-se por autoridade coatora aquela que
deve proferir a última decisão:

STF – Súmula 627: No mandado de segurança contra a nomeação


de magistrado da competência do Presidente da República, este é
considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da
impetração seja nulidade ocorrida em fase anterior do

33
procedimento.

Em relação a omissão administrativa, a autoridade coatora a ser indicada na


impetração é aquela a que a lei outorga competência para a prática do ato.

Prazo de Impetração. De acordo com o art. 23 da Lei 12.016/2009, o prazo para


impetração do MS é de 120 dias (prazo decadencial), contados da ciência do ato ilegal ou
abusivo pelo interessado.

STF – Súmula 632: É constitucional lei que fixa o prazo de


decadência para a impetração de mandado de segurança.

O prazo de impetração se inicia com sua comunicação formal ao interessado, por


meio de Diário Oficial ou de intimação pessoal. Se na via administrativa o interessado ainda
dispuser de recurso administrativo com efeito suspensivo, não é cabível mandado de
segurança, pois seu direito ainda está resguardado. Decidida a questão definitivamente na
esfera administrativa, feita a comunicação do julgamento ao interessado, inicia-se o prazo
para impetração do MS.

Por fim, é necessário destacar que o pedido de reconsideração não interrompe o


prazo para impetração do MS:

STF – Súmula 430: Pedido de reconsideração na via administrativa


não interrompe o prazo para o mandado de segurança.

Em relação a prática de atos de trato sucessivo, em que há violação periódica do


direito do impetrante, tem novo prazo a cada verificação de nova lesão. Diversa é a
situação em que há declaração expressa da Administração contrária ao direito pleiteado
pelo servidor. Nesses casos, a violação não é sucessiva, mas única.

Já nos casos de MS em concurso público, o termo inicial para impetração de


mandado de segurança a fim de impugnar critérios de aprovação e de classificação de
concurso público conta-se do momento em que a cláusula do edital causar prejuízo ao
candidato e não da data de publicação do edital (STF – RMS 23.586/DF).

Com relação a omissão Administrativa, não há prazo para impetração do MS, uma
vez que não há marco temporal de início da contagem.

Ato legislativo. O ato normativo disciplina situação geral e abstrata de regulação


social. A lei em tese não é atacável pela via do MS, uma vez que não se caracteriza como
ato ilegal e abusivo de uma autoridade pública. A edição de uma lei decorre de um
processo legislativo que se presume hígido, levado a efeito pelos representantes do povo.
As incompatibilidades entre as leis e a Constituição são resolvidas por mecanismos próprios
de controle de constitucionalidade, difuso ou concentrado. Assim, não cabe MS contra lei
em tese:

STF – Súmula 266: Não cabe mandado de segurança contra lei em


tese.

Apesar disso, há casos de leis e atos normativos de efeito concreto, que possuem

34
destinatários certos, é dizer, faltam-lhes o caráter de generalidade e abstração. Funcionam
como verdadeiros atos administrativos que atingem diretamente a esfera de direitos do
particular.

Em relação a tais leis e atos normativos de efeitos concretos, é possível a


impetração do MS pelo interessado, que teve seu direito lesado ou ameaçado de lesão (MS
34023 AgR - STF). Nesse caso, o prazo de 120 dias começa a correr da data em que o ato
passou a produzir efeitos para o impetrante.

Atos em que não cabe a impetração do MS

Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito


suspensivo, independentemente de caução;

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

III - de decisão judicial transitada em julgado.

Ato de que caiba recurso administrativo. Não se exige o prévio esgotamento das
vias administrativas para a propositura do MS. O que se extrai do dispositivo é que o
cabimento de recurso administrativo com efeito suspensivo impede a produção de efeitos
do ato administrativo contestado.

Ato Judicial. O inciso II, do art. 5º, prevê a vedação do uso de MS em relação a
decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo. Esse também é o
entendimento do STF:

STF – Súmula 267: Não cabe mandado de segurança contra ato


judicial passível de recurso ou correição.

A súmula em questão foi editada com base na antiga lei o MS. A nova lei do MS
impede a utilizada dele em caso de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
suspensivo. Esse dispositivo deve ser entendido de forma que o MS não será cabível
quando ao recurso puder ser atribuído efeito suspensivo. É que existem recursos sem
efeito suspensivo legal, mas que podem ter efeitos suspensivos obtidos por decisão
judicial.

Excepcionalmente, o MS contra decisão judicial é cabível diante da inexistência


de recurso apto a tutelar o direito do interessado. É o caso do terceiro prejudicado, cujo
prazo recursal já tenha se esgotado. Diante da inexistência de recurso adequado a
proteger-lhe o direito, deve-se admitir a impetração de MS:

STJ – Súmula 202: A impetração de segurança por terceiro, contra


ato judicial, não se condiciona à interposição de recurso.

De acordo com o STJ, o cabimento de MS contra ato judicial depende da


comprovação de dois requisitos específicos, além dos pressupostos comuns para
impetração de MS:

a) a inexistência de recurso adequado à impugnação judicial; 35


b) demonstração que a decisão é teratológica, por abuso de poder ou ilegalidade
(Agrg no AgRg no RMS 30.405/MS).

ATENÇÃO! Ato Disciplinar. A antiga lei vedava a concessão de MS contra ato sancionador
disciplinar, salvo quando este fosse praticado por autoridade incompetente ou sem
observância de formalidade essencial. A nova lei foi omissa com relação a isso. Assim, a
doutrina vem entendendo pelo cabimento de MS contra decisões de caráter disciplinar.

Compensação Tributária. O MS pode ser utilizado pelo contribuinte para obter


declaração de direito a compensação tributária:

STJ – Súmula 213: O mandado de segurança constitui ação


adequada para a declaração do direito à compensação tributária.

Contudo, essa súmula se limita à declaração do direito à compensação. Se o


contribuinte espontaneamente efetua a compensação, por sua conta e risco, não pode
impedir que haja fiscalização da Fazenda Pública:

STJ – Súmula 460: É incabível o mandado de segurança para


convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte.

Partes
Legitimidade Ativa. De acordo com a previsão do art. 1º da Lei 12.016/2009, o MS
pode ser impetrado por qualquer pessoa física ou jurídica. Na verdade, o rol de legitimados
é mais amplo, pois o MS pode ser impetrado por qualquer sujeito de direito,
independentemente de personalidade jurídica.

A jurisprudência também consagrou o cabimento de MS por órgãos públicos para


a tutela de competências e prerrogativas decorrentes do exercício de sua função pública. A
eles é conferida personalidade judiciária (Resp 1.164.017). O mesmo raciocínio é aplicado
para os tradicionais entes despersonalizados (espólio, massa falida, condomínio, sociedade
de fato etc), que podem impetrar MS.

Quanto ao ingresso de litisconsórcio ativo, é possível somente até ser despachada


a petição inicial. Visa evitar a burla ao princípio do juiz natural

Art. 10. (…)

§ 2º O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o


despacho da petição inicial.

Cabe sucessão processual e o mandado de segurança: se o impetrante do


mandado de segurança morre no transcorrer do processo, é possível que seus herdeiros se
habilitem para continuar o processo (sucessão processual)?

Não. Segundo o STJ, o direito líquido e certo discutido no MS é personalíssimo e


intransferível, ainda que para efeito de habilitação. Falecendo o impetrante, o MS deve ser 36
extinto sem resolução do mérito (MS 11.581/DF).

Admite-se, contudo, a habilitação, caso o processo esteja na fase de execução, e


o "momento que demarca o limite a partir do qual não mais seria possível a habilitação
de herdeiros em mandado de segurança é o trânsito em julgado da fase de
conhecimento"(AgRg no ExeMS 115/DF, Rel. Ministro Humberto Martins, Primeira Seção,
DJe 15/4/2015)

Legitimada passiva. A questão da legitimidade passiva possui diversos pontos


controversos.

A seguir, analisaremos os seguintes: quem pode ocupar o polo passivo; a aplicação


da teoria da encampação; indicação errônea da autoridade coatora e o litisconsórcio
passivo.

Antes prevalecia o entendimento que o réu no MS era a autoridade coatora.


Atualmente, o posicionamento majoritário defende que o polo passivo é ocupado pela
pessoa jurídica a qual a autoridade coatora pertence. Isso porque o agente não atua em
nome próprio, mas sim em nome da entidade. De igual modo, a coisa julgada se forma
entre o impetrante e a pessoa jurídica.

Outro indicativo de que a autoridade coatora não é parte passiva: proposta a ação,
a autoridade coatora é notificada para prestar informações (Art. 7º, I). Esse documento não
precisa estar subscrito por advogado.
Não se trata de conferir à autoridade capacidade postulatória extraordinária. A
questão é que as informações não devem ser vistas como peça de defesa jurídica do ato,
mas meio de prova para exame do juízo. Como a própria lei determina, a autoridade
coatora informa. Assim, conclui-se que o demandado no MS é a pessoa jurídica de cujo
quadro pertença a autoridade coatora.

Para impetração do MS, o demandante deve indiciar quem praticou o ato ilegal ou
abusivo, a autoridade coatora. Ocorre que nem sempre a identificação do responsável pelo
ato é simples.

Por vezes, o impetrante indica a autoridade que não detém competência para a
providência mandamental pleiteada. Para disciplinar essa recorrente questão, a
jurisprudência do STF sedimentou a aplicação da Teoria da Encampação, cujo objetivo é
evitar a extinção de inúmeros MS inadequação da indicação da autoridade coatora, o que
deverá ocorrer por meio do preenchimento dos seguintes requisitos:

a) Existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou


as informações e a que ordenou a prática do ato impugnado;

b) Ausência de modificação de competência estabelecida na


Constituição;

c) Defesa do mérito do litígio nas informações prestadas.

Ainda que a autoridade alegue sua ilegitimidade para figurar no polo passivo, caso 37
efetue a defesa do mérito do ato praticado, a teoria da encampação permite ao juiz julgar
o litígio. É preciso observar, ainda, a competência, recursal e originária. Ainda que
autoridade competente efetue a defesa do mérito do ato, caso isso altere a competência, o
mérito do MS não será examinado.

Indicação errônea da autoridade coatora: O que o juiz deverá fazer se o autor


indicar incorretamente a autoridade coatora na petição inicial? É possível que o magistrado
determine a emenda da petição inicial ou notifique a autoridade correta? Há decisões nos
dois sentidos:

1) NÃO. Havendo erro na indicação da autoridade coatora, deve o


juiz extinguir o processo sem julgamento do mérito, pela ausência
de uma das condições da ação, sendo vedada a substituição do polo
passivo da relação processual (STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp
188.954/MG, julgado em 18/12/2012 e AgInt no RMS 53.377/GO,
1ª Turma, julgado em 20/06/2017, DJe 28/06/2017).

2) SIM. Nos casos de equívoco perceptível na indicação da


autoridade coatora, o juiz competente para julgar o mandado de
segurança pode autorizar a emenda da petição inicial ou determinar
a notificação, para prestar informações, da autoridade adequada,
desde que seja possível identificá-la pela simples leitura da petição
inicial e exame da documentação anexada (STJ. 2ª Turma. RMS
51524 –MG, julgado em 17/10/2016).
Em relação à consequência da indicação errônea da autoridade coatora, a
doutrina e a jurisprudência seguem caminhos distintos. Na doutrina, entende-se
majoritariamente que deve prevalecer a indicação correta da pessoa jurídica de direito
público que integra a relação jurídica processual, ainda que a autoridade coatora apontada
esteja inequivocada.

Assim, a indicação errônea da autoridade não passa de mera irregularidade, que


não impede o desenvolvimento válido do processo e a prolação da sentença de mérito. A
extinção do processo sem resolução estaria limitada às hipóteses em que o impetrante
indica autoridade coatora que pertence aos quadros funcionais de pessoa jurídica diversa.

O STJ, contudo, entende de forma diversa. Para ele, a indicação errada da


autoridade coatora leva a extinção do processo sem resolução do mérito, salvo nos casos
em que se aplica a teoria da encampação. (AgInt no RMS 53.557/GO, 2ª Turma, julgado em
21/03/2018, DJe 26/03/2018)

Com relação ao litisconsórcio passivo, entende-se que ele é cabível nos termos do
art. 24 da Lei do MS:

Art. 24. Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da Lei


n 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

O STF entende que compete ao impetrante requerer ao juízo a citação do

38
litisconsorte passivo necessário, indicando endereço, recolher as custas para a prática do
ato, juntar contrafé.

STF – Súmula 631: Extingue-se o processo de mandado de


segurança se o impetrante não promove, no prazo assinado, a
citação do litisconsorte passivo necessário.

Não cabimento de “amicus curiae” em mandado de segurança: o STF decidiu que


não é cabível a intervenção de “amicus curiae” em mandado de segurança. No processo de
mandado de segurança não é admitida a intervenção de terceiros nem mesmo no caso de
assistência simples. Se fosse admitida a intervenção do “amicus curiae” isso poderia
comprometer a celeridade do mandado de segurança (MS 29192/DF).

Ministério Público. O MP atua no MS como fiscal da lei. A lei estabelece ainda que
com ou sem manifestação do MP, os autos serão conclusos para a sentença. O dispositivo
está de acordo com a jurisprudência do STJ, o qual entende que o parecer do MP não é
imprescindível, sendo suficiente sua intimação para se manifestar (RMS 20.817/MG).

Competência. A competência no MS é fixada a partir da autoridade apontada


como coatora da demanda. O critério estabelecido não é em razão da matéria, mas sim em
razão da função exercida pela autoridade.

A verificação é feita a partir da constatação de qual pessoa jurídica de direito


público deverá suportar as consequências da ordem judicial. É preciso observar, ainda, se
autoridade coatora possui prerrogativa à luz da CF ou da Constituição Estadual.
Há duas exceções à aplicação do critério funcional adotado para fixação de
competência no MS. Em matéria eleitoral e trabalhista.

Procedimento

a) Petição Inicial. Segue o CPC, deve haver a indicação do juízo a que é dirigida;
qualificação das partes; causa de pedir e pedido. É indispensável a juntada dos documentos
hábeis à demonstração do direito. Caso os documentos necessários à prova do direito
estejam em poder de terceiro (particular ou ente público), o impetrante deve informar ao
juízo para que seja expedido ofício ordenando a exibição do documento (Art. 6º, §1º). Se o
documento estiver em poder da própria autoridade coatora, a ordem de exibição será feita
na própria notificação (§2º).

Informações de defesa. Proposta a demanda, o juízo determina, em despacho


liminar positivo, a notificação da autoridade coatora e a cientificação do órgão de
representação judicial da pessoa jurídica. A notificação equivale à citação do réu no MS.

O prazo para prestação das informações pela autoridade coatora é de 10 dias (Art.
7º, I). A contagem do prazo segue a sistemática regular do CPC, é dizer, conta-se da juntada
aos autos da notificação cumprida. Em relação a apresentação da defesa pela pessoa
jurídica, não há prazo expresso.

De qualquer forma, a não apresentação das informações ou da defesa, não gera

39
presunção de veracidade em favor do impetrante, já que a presunção milita a favor do ato
administrativo.

Medida Liminar. A concessão de liminar está prevista no inciso III do art. 7º. Os
requisitos legais são:

I) fundamento relevante;

II) possibilidade de o ato impugnado resultar da ineficácia da


medida, caso finalmente deferida, antecipação de tutela ou tutela
cautelar.

O juiz pode exigir caução como medida de contracautela. É uma faculdade. Se o


jurisdicionado não tem condições de prestar caução, mas os requisitos para a concessão de
medida liminar estão presentes, o juiz deve concedê-la. É que a caução não é um terceiro
requisito, mas tão somente uma medida assecuratória a ser tomada para evitar eventuais
prejuízos do ente público.

Acerca da medida liminar, a Lei do MS trouxe algumas novidades. Primeiro, a


concessão de medida liminar acarreta a prioridade na tramitação do julgamento:

Art. 7º (…)

§4º - Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para


julgamento.

Segundo, caso o impetrante crie obstáculos ao normal andamento do processo ou


deixe promover diligências por mais de 03 dias úteis, o juiz deve declarar a perempção ou
caducidade da medida liminar, de ofício ou a requerimento do Ministério Público:

Art. 8º. Será decretada a perempção ou caducidade da medida


liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público quando,
CONCEDIDA A MEDIDA, o impetrante criar obstáculo ao normal
andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três)
dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem.

Quanto a produção dos efeitos da medida liminar, o §3º do artigo 7º prevê que
seu alcance poderá perdurar até a prolação da sentença, exceto se revogada ou cassada.
Nesse mesmo sentido entende o STF:

STF – Súmula 405: Denegado o mandado de segurança pela


sentença, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem
efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão
contrária.

A liminar perde a sua eficácia com a prolação da sentença, pois esta decisão é
fundada em juízo de cognição exauriente.

Sentença. O mandado de segurança tem caráter mandamental, é dizer, a sentença


concessiva contém uma ordem do juízo à pessoa jurídica de direito público para que adote

40
determinada conduta. A grande peculiaridade da sentença no MS está na ausência e
condenação em honorários advocatícios:

STF – Súmula 512: Não cabe condenação em honorários de


advogado na ação de mandado de segurança.

STJ – Súmula 105: Na ação de mandado de segurança não se admite


condenação em honorários advocatícios.

O fato de não haver condenação em honorários advocatícios, contudo, não


impede eventual condenação em litigância de má-fé:

Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a


interposição de embargos infringentes e a condenação ao
pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação
de sanções no caso de litigância de má-fé.

Coisa Julgada. Com relação a coisa julgada, o regime do MS é o mesmo do CPC. Há


formação de coisa julgada material quando for apreciado o mérito da demanda, pois se
trata de cognição exauriente. Em contrapartida, não examinando o mérito, é possível ao
impetrante impetrar novo MS, caso ainda não tenha transcorrido o prazo de 120 dias ou
propor outro tipo de ação:

Art. 6º (…)
§ 6º. O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado
dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe
houver apreciado o mérito.

Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de


segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o requerente,
por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos
patrimoniais.

A sentença que reconhece a falta de direito líquido e certo é proferida sem


resolução do mérito, permitindo ao interessado ingressar novamente em juízo:

STF – Súmula 304: Decisão denegatória de mandado de segurança,


não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso
da ação própria.

Reexame necessário. A sentença que julga procedente o peido no MS está sujeita


ao reexame necessário:

Art. 14. (…)

§ 1º Concedida a segurança, a sentença estará sujeita


obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.

Há peculiaridades em relação a aplicação do instituto no MS. Primeiro, do ponto


de vista subjetivo, reexame necessário alcança qualquer sentença concessiva da segurança,
41
o que inclui também os casos em que proferida em desfavor de sociedade de economia
mista e empresa pública (Resp 278.886/PR).

No que se refere as hipóteses de dispensa do reexame necessário, o STJ entendeu


no âmbito do CPC de 73 que elas não se aplicam ao MS por haver lei própria (Resp
786.561/RS). Isso porque o CPC somente se aplicaria a Lei do MS nas hipóteses de
omissão legislativa, o que, para o STJ, não há no caso do reexame necessário.

Esse entendimento é objeto de críticas pela doutrina, uma vez que não há razão
para a não aplicação das hipóteses de dispensa de reexame necessário ao MS. Quando o
legislador as definiu, entendeu que não havia interesse público suficiente para ensejar a
utilização desse instituto. Nesse contexto, o MS não passaria de um procedimento.

Apesar de o posicionamento do STJ ter sido exarado no âmbito do CPC passado, é


provável que ele se mantenha, uma vez que as razões da decisão, a existência de
procedimento próprio na Lei do MS, continua aplicável ao novo CPC.

Recursos. A análise dos recursos no MS abrange os seguintes pontos:

a) verificação do seu cabimento em face de decisões


interlocutórias;

b) a análise da sistemática recursal da sentença;


c) análise da sistemática recursal quanto ao MS originário de
tribunal;

d) extensão da legitimidade recursal à autoridade coatora.

Decisões Interlocutórias. Com relação ao pedido liminar perante o juízo de


primeiro grau, a Lei 12.016/2009 previu o cabimento de agravo instrumento, tanto da
decisão que concede quanto da decisão que indefere o pedido liminar:

Art. 7º (…)

§1º - Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a


liminar caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei
5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

No mesmo sentido, a nova lei prevê o cabimento de agravo interno contra decisão
relator sobre a medida liminar em MS impetrado originalmente no Tribunal.

Atenção: mudança recente na legislação pertinente, cabe sustentação oral na


sessão de julgamento da liminar e do mérito:

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao


relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão
do julgamento do mérito ou do pedido liminar. (Redação dada
pela Lei nº 13.676, de 2018)
42
Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a
medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que
integre.

Com isso, não tem mais aplicação a Súmula 622 do STF.

Sentença. Da sentença de primeiro grau, é cabível apelação, qualquer seja o


julgamento proferido (Art. 14). A apelação é recebida apenas no efeito devolutivo, quando
tenha sido deferida a segurança, exceto nos casos em que vedada a concessão de liminar
(Art. 14, §3º, c/c art. 7º, §§2º e 5º), hipótese em que a apelação tem duplo efeito,
devolutivo e suspensivo. Se a sentença for de procedência e não houver vedação à
concessão de liminar, a apelação terá apenas efeito devolutivo, sendo possível a execução
provisória (Art. 14, §3º).

Quanto a sentença desfavorável ao impetrante, há divergência entre a doutrina e


a jurisprudência. De um lado, a doutrina a defende o recebimento da apelação no duplo
efeito. Por sua vez, a jurisprudência do STJ entende que a apelação deve ser recebida, em
regra, apenas no efeito devolutivo (Resp 1.020.415/SP).

Quando a propositura do MS se da originalmente em Tribunal, a sistemática


recursal é diferente. Julgado improcedente o pedido, o impetrante dispõe do recurso
ordinário para modificar a decisão. Tal recurso muito se assemelha à apelação, pois
permite amplo reexame probatório. Com relação a competência, o STJ é competente para
julgar recursos ordinários contra decisão denegatória de MS originário de TJ e TRF.
Quando o acórdão é favorável ao impetrante, o impetrado não dispõe de recurso
ordinário, mas tão somente recurso especial e/ou recurso extraordinário. O recurso
ordinário não se confunde com o recurso extraordinário, pois a matéria posta sob exame é
distinta:

STF – Súmula 272: Não se admite como ordinário recurso


extraordinário de decisão denegatória de mandado de segurança.

O entendimento do STF demonstra que entre recurso ordinário e extraordinário


não se aplica o princípio da fungibilidade recursal.

Extensão da legitimidade recursal à autoridade coatora. A lei permite a


autoridade coatora a possibilidade de recorrer da sentença (Art. 14, §2º). O que se concede
à autoridade coatora é a possibilidade de modificar o conteúdo decisório a fim de se
preservar de eventual responsabilidade pela prática do ato declarado ilegal ou abusivo.
Assim, é indispensável que haja interesse recursal da autoridade, que é diverso do
interesso recursal do ente público.

Execução. O modo de cumprimento da sentença não está disciplinado na Lei


12.016/2009. É preciso verificar a pretensão deduzida pelo impetrante e o conteúdo da
sentença.

Quando ela for mandamental, a execução é feita nos mesmos moldes da execução

43
de obrigação de fazer do CPC, pois se busca tutela específica de direito, a fruição plena “in
natura” do bem jurídico. Em outras situações, a sentença pode bastar para efetivar a
tutela. É o que ocorre nas tutelas desconstitutivas, onde se busca a anulação do ato
impugnado pelo impetrante.

É possível a impetração do MS para se obter tutela de cunho condenatório, como


no caso do pleito de recebimento de vantagem pecuniária. A esse respeito, estabelece o
§4º do artigo 14 que a tutela somente pode abranger prestações que se vencerem a partir
do ajuizamento da demanda. Nesse sentido também entende o STF:

STF – Súmula 269: O mandado de segurança não é substitutivo de


ação de cobrança.

STF – Súmula 271: Concessão de mandado de segurança não


produz efeitos patrimoniais, em relação a período pretérito, os
quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via
judicial própria.

Em que pese o MS não alcance períodos pretéritos, é possível que a obtenção da


segurança seja suficiente para satisfazer plenamente o direito do impetrante. É que, diante
da procedência da pretensão, o Poder Púbico pode administrativamente efetivar o
pagamento de parcelas anteriores, de modo a evitar a propositura de uma nova ação.
Afinal, a Administração tem poder de autotutela de seus atos.

Em relação aos valores englobados pela sentença no MS, seu pagamento se dará
sobre o regime geral, ou seja, mediante precatório ou RPV. (RE 889173 RG, Min. LUIZ FUX,
julgado em 07/08/2015)
Desistência. O impetrante pode desistir de mandado de segurança a qualquer
tempo, ainda que proferida decisão de mérito a ele favorável, e sem anuência da parte
contrária.

É lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança,


independentemente de aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da
entidade estatal interessada ou, ainda, quando for o caso, dos litisconsortes passivos
necessários” (MS 26.890-AgR/DF), “a qualquer momento antes do término do julgamento”
(MS 24.584-AgR/DF), “mesmo após eventual sentença concessiva do ‘writ’ constitucional”
(RE 255.837-AgR/PR).

O mandado de segurança, enquanto ação constitucional, com base em alegado


direito líquido e certo frente a ato ilegal ou abusivo de autoridade, não se reveste de lide,
em sentido material (STF – RE 669.367/RJ e STJ REsp 1.405.532-SP).

LEGISLAÇÃO E ENUNCIADOS DE SÚMULAS

Obs: Os dispositivos mais importantes já foram devidamente trabalhados e citados ao


longo deste material, inclusive, diversas súmulas, sendo desnecessário a sua repetição. De
toda sorte, trouxemos mais alguns que reputamos importante, tudo com o escopo de
fornecer o melhor material possível aos nosssos alunos: 44
Legislação:

Lei n. 12.016/09:

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do
processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do mérito ou do pedido liminar.
(Redação dada pela Lei nº 13.676, de 2018)

Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo
ao órgão competente do tribunal que integre.

Art. 17. Nas decisões proferidas em mandado de segurança e nos respectivos recursos, quando não
publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o acórdão será substituído
pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão.

Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe
recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a
ordem for denegada.

Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito, não
impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos
patrimoniais.

Lei n. 4.717/09:
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades
referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem
autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas,
tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.

(...)

§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de
impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor,
desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal
ou dirigente.

Súmulas:

STJ – Súmula 628: A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando


presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico
entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado;
b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c)ausência de
Constituição Federal.

STJ – Súmula 625: O pedido administrativo de compensação ou de restituição não


interrompe o prazo prescricional para a ação de repetição de indébito tributário de que
trata o art. 168 do CTN nem o da execução de título judicial contra a Fazenda Pública.

STJ – Súmula 622: A notificação do auto de infração faz cessar a contagem da decadência 45
para a constituição do crédito tributário; exaurida a instância administrativa com o decurso
do prazo para a impugnação ou com a notificação de seu julgamento definitivo e esgotado
o prazo concedido pela Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo
prescricional para a cobrança judicial.

JURISPRUDÊNCIA

(REsp 1799618/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em


21/05/2019, DJe 30/05/2019)

• DECISUM (Decisão): A Primeira Seção do STJ firmou entendimento no sentido de


que é cabível a Remessa Necessária em Ação Civil Pública por ato de improbidade
administrativa.

• RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): A Jurisprudência do STJ firme no


sentido de que o Código de Processo Civil deve ser aplicado subsidiariamente à Lei
de Improbidade Administrativa.

(AgInt no AREsp 1329807/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA,


julgado em 12/03/2019, DJe 15/03/2019)

• DECISUM (Decisão): O entendimento exposto pelas Turmas que compõem a


Primeira Seção desta Corte é no sentido de que, em favor da simetria, a previsão do
art. 18 da Lei 7.347/1985 deve ser interpretada também em favor do requerido em
ação civil pública. Assim, a impossibilidade de condenação do Ministério Público ou
da União em honorários advocatícios - salvo comprovada má-fé - impede serem
beneficiados quando vencedores na ação civil pública.

• RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): A Como o Ministério Público não


deve ser submetido ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais
quando vencido em ação civil pública por improbidade administrativa, em razão do
princípio da simetria, não deve a parte condenada pela prática de improbidade
administrativa ser responsabilizada pelo referido ônus em favor do Parquet, salvo
hipótese de má-fé

(AgInt no AREsp 478.881/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado


em 09/04/2019, DJe 15/04/2019)

• DECISUM (Decisão): Nos termos do enunciado da Súmula 628 do STJ, para que seja
caracterizada a Teoria da Encampação, não basta a manifestação a respeito do
mérito nas informações prestadas pela autoridade apontada como coatora, é
essencial a existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou
informações e a que ordenou a prática do ato impugnado, assim como a ausência
de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal.

• RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): Súmula 628/STJ: A teoria da


encampação é aplicada no mandado de segurança quando presentes,
cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre 46
a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado;
b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c)ausência de
Constituição Federal.

# COMPETÊNCIA: MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA DECISÕES NEGATIVAS DO CNJ. MS


33085/DF, 20/09/2016 – lnformativo 840).

• DECISUM (Decisão): Não compete ao STF julgar MS impetrado contra decisão do


CNJ que julgou improcedente pedido de cassação de um ato normativo editado por
vara judicial.

• RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): Não cabe mandado de segurança


contra ato de deliberação negativa do Conselho Nacional de Justiça, por não se
tratar de ato que importe a substituição ou a revisão do ato praticado por outro
órgão do Judiciário. Assim, o STF não tem competência para processar e julgar
ações decorrentes de decisões negativas do CNMP e do CNJ. Como o conteúdo da
decisão do CNJ/CNMP foi “negativo”, o Conselho não decidiu nada. Se não decidiu
nada, não praticou nenhum ato. Se não praticou nenhum ato, não existe ato do
CNJ/CNMP a ser atacado no STF.

# MANDADO DE SEGURANÇA: SUSTENTAÇÃO ORAL. MS 34127 MC/DF, MS 34128 MC/DF,


14/4/2016 – lnformativo 821).
• DECISUM (Decisão): Não cabe sustentação oral no julgamento que aprecia o pedido
de liminar formulado em mandado de segurança.

• RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): O STF entendeu dessa maneira


utilizando dois argumentos: a) o art. 937, § 3º, do novo CPC, prevê o cabimento de
sustentação oral em julgamento de mandado de segurança unicamente no “agravo
interno interposto contra decisão de relator que o extinga”; e b) o art. 16 da Lei nº
12.016/2009 prevê a sustentação oral em mandado de segurança na sessão de
julgamento de mérito, e não em liminar. Portanto, caberá sustentação oral somente
no JULGAMENTO FINAL do MS.

# MANDADO DE SEGURANÇA: O STF já relativizou o prazo de 120 dias do MS em nome da


segurança jurídica. MS 25097/DF, 28/3/2017 – lnformativo 859).

• DECISUM (Decisão): Em outubro/2004, a parte impetrou mandado de segurança no


STF. O writ foi proposto depois que já havia se passado mais de 120 dias da
publicação do ato impugnado. Dessa forma, o Ministro Relator deveria ter
extinguido o mandado de segurança sem resolução do mérito pela decadência.
Ocorre que o Ministro não se atentou para esse fato e concedeu a liminar pleiteada.
Em março/2017, a 1ª Turma do STF apreciou o mandado de segurança. O
Colegiado, contudo, NÃO extinguiu o MS sem resolução do mérito em virtude da
decadência. A 1ª Turma do STF reconheceu que o MS foi impetrado fora do prazo,
no entanto, como foi concedida liminar e esta perdurou por mais de 12 anos, os
Ministros entenderam que deveria ser apreciado o mérito da ação, em nome da
segurança jurídica.
47
• RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): Com fulcro nos princípios da
eficiência processual, da primazia da decisão de mérito e da segurança jurídica,
normas fundamentais já inclusive incorporadas à estrutura do novo processo civil
brasileiro pela Lei 13.105, de 16 de março de 2015, as circunstâncias do caso
concreto levaram o STF a encontrar solução alternativa à decadência do direito no
presente caso.

# PROCESSO COLETIVO: MESMO SEM 1 ANO DE CONSTITUIÇÃO, ASSOCIAÇÃO PODERÁ


AJUIZAR ACP PARA QUE FORNECEDOR PRESTE INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR SOBRE
PRODUTOS COM GLÚTEN. REsp 1.600.172-GO, 15/9/2016 – lnformativo 591).

• DECISUM (Decisão): É dispensável o requisito temporal (pré-constituição há mais


de um ano) para associação ajuizar ação civil pública quando o bem jurídico
tutelado for a prestação de informações ao consumidor sobre a existência de glúten
em alimentos.

• RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): Como regra, para que uma


associação possa propor ACP, ela deverá estar constituída há pelo menos 01 ano,
mas, excepcionalmente, este requisito da pré-constituição poderá ser dispensado
pelo juiz quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou
característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido (§ 4º do
art. 5º da Lei nº 7.347/85). Neste caso, a ACP, mesmo tendo sido proposta por uma
associação com menos de 1 ano, poderá ser conhecida e julgada.
# PROCESSO COLETIVO: EXTENSÃO DOS EFEITOS DE COISA JULGADA COLETIVA A
AUTORES DE AÇÕES INDIVIDUAIS NÃO SUSPENSAS. REsp 1.593.142-DF, 7/6/2016 –
lnformativo 585).

• DECISUM (Decisão): Os autores de ações individuais em cujos autos não foi dada
ciência do ajuizamento de ação coletiva e que não requereram a suspensão das
demandas individuais podem se beneficiar dos efeitos da coisa julgada formada na
ação coletiva.

• RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): Ao disciplinar a execução de sentença


coletiva, o art. 104 do CDC dispõe que os autores devem requerer a suspensão da
ação individual que veicula a mesma questão em ação coletiva, a fim de se
beneficiarem da sentença que lhes é favorável no feito coletivo. Todavia, COMPETE
À PARTE RÉ dar ciência aos interessados da existência desta ação nos autos da ação
individual, momento no qual começa a correr o prazo de 30 dias para a parte autora
postular a suspensão do feito individual. Desse modo, constitui ônus do demandado
dar ciência inequívoca da propositura da ação coletiva àqueles que propuseram
ações individuais, a fim de que possam fazer a opção pela continuidade do processo
individual, ou requerer a sua suspensão para se beneficiar da sentença coletiva.

# AÇÃO COLETIVA PROPOSTA POR ASSOCIAÇÃO: Para ser beneficiada pela sentença
favorável é necessário que a pessoa esteja filiada no momento da propositura e seja
residente no âmbito da jurisdição do órgão julgador. RE 612043/PR, 10/5/2017 –
lnformativo 864).
48
• DECISUM (Decisão): A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação
coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos
associados, somente alcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do
órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou até a data da propositura da
demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de
conhecimento.

• RATIO DECIDENDI (Fundamentação jurídica): A sentença terá eficácia apenas para


os associados que, no momento do ajuizamento da ação, tinham domicílio no
âmbito da competência territorial do órgão prolator da decisão. Isso está previsto
no caput do art. 2º-A da Lei nº 9.494/97, o qual foi considerado constitucional pelo
STF, no julgamento do RE 612043/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
10/5/2017.
QUESTÕES PARA RESOLUÇÃO

01 Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Poá - SP Prova: VUNESP - 2019 -
Prefeitura de Poá - SP - Procurador Jurídico

A ação popular é remédio constitucional à disposição de qualquer cidadão, para obter a


invalidação de atos ou contratos administrativos ilegais ou lesivos ao patrimônio público,
ou de entidades subvencionadas por recursos públicos.

A respeito dos aspectos processuais do instituto, assinale a alternativa correta.

a) O Ministério Público não tem legitimidade originária para propor ação popular, mas
pode assumir a defesa do ato impugnado ou de seus autores.

b) O Município, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o


pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse
público, a juízo do respectivo representante legal.

c) Em caso de desistência ou abandono da causa pelo autor, o processo será


imediatamente extinto, sem resolução do mérito.

d) Em caso de improcedência, a coisa julgada será oponível contra todos,


independentemente do resultado das provas produzidas.

e) Em regra, as decisões interlocutórias são irrecorríveis. 49


02 (VUNESP, PGE-SP 2018) A respeito do julgamento do mandado de segurança de
competência originária de tribunais, assinale a alternativa correta.

a) Quando a competência originária for do Superior Tribunal de Justiça e a decisão


colegiada for denegatória da segurança pretendida, cabe recurso extraordinário para o
Supremo Tribunal Federal.

b) não compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso ordinário, os mandados


de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais e pelos
tribunais de justiça estaduais e do Distrito Federal e Territórios, salvo quando concedida a
segurança pretendida.

c) Indeferido, liminarmente, mandado de segurança de competência originária do Tribunal


de Justiça de São Paulo, deve o impetrante interpor recurso especial, para o Superior
Tribunal de Justiça ou o extraordinário, para o Supremo Tribunal Federal, conforme o caso.

d) Indeferido, liminarmente, mandado de segurança de competência originária do Tribunal


de Justiça de São Paulo, deve o impetrante interpor recurso especial para o Superior
Tribunal de Justiça. Se o mandado se segurança for admitido e houver julgamento de
mérito por órgão colegiado desse Tribunal de Justiça denegando a segurança pretendida, o
recurso cabível também é o especial.
e) Indeferido, liminarmente, mandado de segurança de competência originária do Tribunal
de Justiça de São Paulo, deve o impetrante interpor agravo para órgão competente desse
mesmo tribunal. Contudo, se houver julgamento colegiado de mérito, denegando a
segurança, o recurso cabível, pelo impetrante, é o ordinário, exclusivamente para o
Superior Tribunal de Justiça.

03 (VUNESP, PGE-SP 2018) A sentença proferida em sede de ação civil pública, que acolhe
integralmente o pedido do autor e autoriza a liberação de remédios de uso proibido por
órgãos administrativos fiscalizadores, todos potencialmente lesivos à saúde da
população, enseja:

a) apenas pedido de suspensão de segurança que, por evidente prejudicialidade, suspende


o prazo do recurso de agravo, mas não o do recurso de apelação.

b) apelação, cujo efeito suspensivo deve ser pleiteado diretamente no Tribunal, por meio
de medida cautelar autônoma e inominada.

c) apelação, cujo efeito suspensivo é automático e impede a execução definitiva da


decisão.

d) apelação, com pedido de efeito suspensivo. Depois disso, a Fazenda de São Paulo deverá
protocolar, no Tribunal de Justiça, um pedido de análise imediata desse efeito suspensivo
pleiteado. Ao mesmo tempo, a Fazenda poderá pedir suspensão dos efeitos da sentença ao

50
Presidente do Tribunal competente.

e) agravo de instrumento contra o capítulo da decisão que concedeu a ordem de liberação


imediata das mercadorias, com pedido de efeito ativo, e apelação do capítulo que julgou o
mérito.

04 (VUNESP, PGE-SP 2018) Em relação aos diversos meios de solução de conflitos com a
Administração Pública, é correto afirmar que:

a) é facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios suas autarquias e


fundações públicas, bem como às empresas públicas e sociedade de economia mista
federais, submeter seus litígios com órgãos ou entidades da Administração Pública federal
à Advocacia-Geral da União, para fins de composição extrajudicial do conflito.

b) mesmo as controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos ou concessão de
direitos sujeitos a autorização do Poder Legislativo estão incluídas na competência das
câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos.

c) os conflitos que envolvem equilíbrio econômico-financeiro de contratos celebrados pela


Administração Pública com particulares não podem ser submetidos às câmaras de
prevenção e resolução administrativa de litígios, exceto quando versarem sobre valores
inferiores a quinhentos salários-mínimos.

d) a instauração de procedimento administrativo para resolução consensual de conflito no


âmbito da Administração Pública interrompe a prescrição, exceto se se tratar de matéria
tributária.
e) o procedimento de mediação coletiva, para solução negociada de conflitos, no âmbito
da Administração Pública estadual, não pode versar sobre conflitos que envolvem
prestação de serviços públicos, salvo se esses serviços públicos forem relacionados a
transporte urbano.

05 (VUNESP, PGE-SP 2018) A Fazenda Pública, citada em sede de ação monitória, deixa,
propositadamente, de se manifestar, porque o valor e o tema expostos na inicial
encontram pleno amparo em orientação firmada em parecer administrativo vinculante.
O valor exigido nessa ação é superior a seiscentos salários-mínimos e a prova documental
apresentada pelo autor é constituída por depoimentos testemunhais escritos, colhidos
antes do processo, e por simples início de provas documentais que apenas sugerem,
indiretamente, a existência da dívida narrada na inicial. Nesse caso, ante a certidão do
cartório de que decorreu o prazo para manifestação da Fazenda, o juiz deve:

a) intimar o autor para que este indique as provas que deseja produzir, tendo em vista que
os direitos tutelados pela Fazenda não estão sujeitos à revelia.

b) intimar o autor, para que ele, mediante apresentação de planilha da dívida atualizada,
dê início ao cumprimento de sentença.

c) acolher, por sentença, o pedido do autor, ante a revelia da Fazenda.

d) rejeitar o pedido do autor e intimar as partes dessa decisão, tendo em vista que não se

51
admite, na monitória, prova testemunhal colhida antes do início do processo, mas apenas
prova documental.

e) intimar o autor para que ele tome ciência do início do reexame necessário.

06 (VUNESP, PGE-SP 2018) Da decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que nega
seguimento a recurso especial sob o fundamento de que a decisão recorrida estaria de
acordo com o posicionamento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, em julgamento
de tema afetado ao sistema de recursos repetitivos, quando, na verdade, esse paradigma
trata de assunto diverso daquele discutido no recurso especial mencionado, cabe,
segundo a lei processual:

a) embargos de declaração, com o exclusivo objetivo de prequestionar o tema veiculado no


recurso especial.

b) novo recurso especial, interposto diretamente no Superior Tribunal de Justiça.

c) agravo interno, perante a Turma que proferiu o acórdão combatido.

d) ação rescisória, após o trânsito em julgado.

e) agravo em recurso especial.

07 (VUNESP, PGE-SP 2018) A decisão do Supremo Tribunal Federal que considera


inconstitucional lei na qual se baseou, como único fundamento, uma sentença
condenatória da Fazenda Pública proferida em outro processo, torna:
a) inexistente o título judicial que se formou, desde que a decisão tenha sido tomada em
controle concentrado. Esse argumento pode ser arguido nos embargos da Fazenda,
durante a execução civil, se a decisão que se pretende rescindir ainda não transitou em
julgado.

b) inexigível a obrigação contida no título judicial que se formou, desde que a decisão do
Supremo tenha sido proferida em sede de controle difuso. Esse argumento pode ser
arguido na impugnação da Fazenda, durante o cumprimento de sentença, se a decisão que
se pretende rever ainda não transitou em julgado, e em ação anulatória, se já ocorreu o
trânsito.

c) inválido o título judicial que se formou, mesmo que a decisão tenha sido tomada em
controle difuso ou concentrado. Esse argumento pode ser arguido na impugnação, durante
a fase de cumprimento de sentença ou no processo de execução, mas não em ação
rescisória.

d) inexigível a obrigação contida no título judicial que se formou, desde que a decisão
tenha sido tomada em controle concentrado. Esse argumento pode ser utilizado na
impugnação da Fazenda, durante a fase de cumprimento de sentença, mas, se a decisão
que condenou a Fazenda transitou em julgado, não é cabível ação rescisória com esse
fundamento.

e) inexigível a obrigação contida no título judicial que se formou, mesmo que essa decisão
tenha sido tomada em controle concentrado ou difuso de constitucionalidade. Esse
argumento pode ser utilizado na impugnação da Fazenda, durante a fase de cumprimento 52
de sentença, se ainda não ocorreu o trânsito em julgado, ou em ação rescisória, se isso já
ocorreu.

08 (CESPE - 2018 - PGE-PE - Procurador do Estado) Observada a regra que determina que
o valor da causa não pode ultrapassar o limite de sessenta salários mínimos, o juizado
especial da fazenda pública possui competência para julgar:

a) ação civil pública para a tutela de direito difuso decorrente de dano ambiental simples.

b) ação que tenha como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidor
civil.

c) ação em que contribuinte questione a validade do lançamento de crédito tributário


estadual.

d) mandado de segurança contra ato praticado por servidor municipal em procedimento


licitatório.

e) ação proposta por particular para reivindicar bem imóvel de autarquia estadual.

9 (CESPE - 2018 - PGE-PE - Procurador do Estado) No que concerne a mandado de


injunção, ação de improbidade administrativa, ação civil pública e ação popular, julgue os
seguintes itens:
(I) De acordo com o STJ, a sentença que julgar improcedente a ação de improbidade
administrativa se submeterá ao regime de reexame necessário, independentemente do
valor atribuído à causa.

(II) É vedado ao MP assumir a titularidade de ação popular na hipótese de desistência do


autor, ainda que nenhum outro cidadão legitimado promova o prosseguimento da ação.

(III) De acordo com lei que disciplina o mandado de injunção, uma vez transitada em
julgado a decisão final, o relator poderá, monocraticamente, estender seus efeitos a
casos análogos.

(IV) O STJ entende que o sindicato possui legitimidade para ajuizar, na qualidade de
substituto processual, ação civil pública para a defesa de direitos individuais homogêneos
da categoria que ele representa.

Assinale a opção correta.

a) Estão certos apenas os itens I e II.

b) Estão certos apenas os itens I e III.

c) Estão certos apenas os itens II e IV.

d) Estão certos apenas os itens I, III e IV.

e) Estão certos apenas os itens II, III e IV. 53


10. (2017, VUNESP, Câmara de Cotia – SP, Procurador Legislativo) Sobre a sentença de
ação popular, assinale a alternativa correta.

a) Se proferida contra o autor da ação e suscetível de recurso, poderá recorrer qualquer


cidadão.

b) A que concluir pela procedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição.

c) Para a que julgar a ação procedente caberá apelação, sem efeito suspensivo.

d) A sentença de improcedência por deficiência de prova terá eficácia erga omnes.

e) A sentença que julgar a lide manifestamente temerária, condenará o autor a indenizar o


réu.

11. (FCC - PGM-SÃO LUIZ/2016) João impetrou, em primeiro grau de jurisdição, mandado
de segurança no âmbito do qual requereu a produção de prova testemunhal, deixando
de anexar, à petição inicial, prova documental de direito líquido e certo. O Juiz indeferiu
a petição inicial, por entender não estarem presentes os requisitos legais, julgando
extinto o processo sem resolução de mérito. Contra referido ato, João interpôs agravo de
instrumento, o qual não foi conhecido, por entender o Tribunal não se tratar do recurso
adequado. Ainda dentro do prazo decadencial, João impetrou novo mandado de
segurança, com o mesmo objeto, desta vez suprindo as falhas que levaram ao
indeferimento do mandado de segurança anterior. Entendendo haver urgência, além de
estarem presentes os requisitos legais, o Juiz deferiu liminar em favor de João. Contra
referida decisão, interpôs-se agravo de instrumento, ao qual não foi atribuído efeito
suspensivo. De acordo com a Lei nº 12.016/2009, que regulamenta o mandado de
segurança, é correto afirmar que:

a) não cabe recurso contra a liminar deferida em favor de João, mas, sim, novo mandado
de segurança.

b) seriam cabíveis embargos infringentes, e não agravo, contra a decisão que indeferiu a
petição inicial, se o mandado de segurança houvesse sido impetrado perante um dos
Tribunais.

c) João não poderia ter impetrado novo mandado de segurança, com o mesmo objeto,
ainda que dentro do prazo decadencial.

d) os efeitos da liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da


sentença, devendo ser dada prioridade para julgamento do processo.

e) contra o ato que indefere a petição inicial do mandado de segurança é cabível recurso
de agravo de instrumento, o qual deveria ter sido conhecido pelo Tribunal.

12. (2016, Banca: FCC, Procurador do Estado-AM) O mandado de segurança:

a) sujeita-se ao prazo prescricional de cento e vinte dias, contados da ciência, pelo


interessado, do ato impugnado. 54
b) pode substituir ação de cobrança se a dívida for líquida e certa.

c) coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa
julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de
seu mandado de segurança no prazo legal.

d) poderá ser impetrado contra decisão judicial transitada em julgado, para defesa de
direito líquido e certo, se não houver fundamento para a ação rescisória.

e) não poderá ser renovado, ainda que dentro do prazo decadencial, se houver decisão
denegatória anterior, apreciando lhe ou não mérito.

QUESTÃO 01 B

QUESTÃO 02 E

QUESTÃO 03 D
QUESTÃO 04 A

QUESTÃO 05 B

QUESTÃO 06 D

QUESTÃO 07 E

QUESTÃO 08 C

QUESTÃO 9 D

QUESTÃO 10 A

QUESTÃO 11 D

QUESTÃO 12 C
55

QUESTÕES COMENTADAS

Fazenda Pública em Juízo

01 Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Poá - SP Prova: VUNESP - 2019 -
Prefeitura de Poá - SP - Procurador Jurídico

A ação popular é remédio constitucional à disposição de qualquer cidadão, para obter a


invalidação de atos ou contratos administrativos ilegais ou lesivos ao patrimônio público,
ou de entidades subvencionadas por recursos públicos.

A respeito dos aspectos processuais do instituto, assinale a alternativa correta.

a) O Ministério Público não tem legitimidade originária para propor ação popular, mas
pode assumir a defesa do ato impugnado ou de seus autores.

b) O Município, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o


pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse
público, a juízo do respectivo representante legal.
c) Em caso de desistência ou abandono da causa pelo autor, o processo será
imediatamente extinto, sem resolução do mérito.

d) Em caso de improcedência, a coisa julgada será oponível contra todos,


independentemente do resultado das provas produzidas.

e) Em regra, as decisões interlocutórias são irrecorríveis.

Comentários: rata-se da “intervenção móvel” ou “legitimidade bifronte”, prevista na lei de


ação popular.

É a possibilidade do Poder Público em ações coletivas, cujo o ato seja objeto de


impugnação, abster-se de contestar a ação ou atuar ao lado do autor desde que essa opção
seja tomada com a finalidade de garantir a observância do interesse público.

02 (VUNESP, PGE-SP 2018) A respeito do julgamento do mandado de segurança de


competência originária de tribunais, assinale a alternativa correta.

a) Quando a competência originária for do Superior Tribunal de Justiça e a decisão


colegiada for denegatória da segurança pretendida, cabe recurso extraordinário para o
Supremo Tribunal Federal.

Comentários: ERRADO. Caberá Recurso Ordinário para o STF.

b) não compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso ordinário, os mandados


de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais e pelos
56
tribunais de justiça estaduais e do Distrito Federal e Territórios, salvo quando concedida a
segurança pretendida.

Comentários: ERRADO. Compete se for denegatória, se for decisão que concede o MS, o
recurso é o especial.

c) Indeferido, liminarmente, mandado de segurança de competência originária do Tribunal


de Justiça de São Paulo, deve o impetrante interpor recurso especial, para o Superior
Tribunal de Justiça ou o extraordinário, para o Supremo Tribunal Federal, conforme o caso.

Comentários: ERRADO. Nesse caso deve-se interpor Agravo Interno para o próprio tribunal.

d) Indeferido, liminarmente, mandado de segurança de competência originária do Tribunal


de Justiça de São Paulo, deve o impetrante interpor recurso especial para o Superior
Tribunal de Justiça. Se o mandado se segurança for admitido e houver julgamento de
mérito por órgão colegiado desse Tribunal de Justiça denegando a segurança pretendida, o
recurso cabível também é o especial.

Comentários: ERRADO, caberia, respectivamente, Agravo interno no Tribunal e Recurso


Ordinário para o STJ.

e) Indeferido, liminarmente, mandado de segurança de competência originária do Tribunal


de Justiça de São Paulo, deve o impetrante interpor agravo para órgão competente desse
mesmo tribunal. Contudo, se houver julgamento colegiado de mérito, denegando a
segurança, o recurso cabível, pelo impetrante, é o ordinário, exclusivamente para o
Superior Tribunal de Justiça.

Comentários: CORRETA.

03 (VUNESP, PGE-SP 2018) A sentença proferida em sede de ação civil pública, que acolhe
integralmente o pedido do autor e autoriza a liberação de remédios de uso proibido por
órgãos administrativos fiscalizadores, todos potencialmente lesivos à saúde da
população, enseja

a) apenas pedido de suspensão de segurança que, por evidente prejudicialidade, suspende


o prazo do recurso de agravo, mas não o do recurso de apelação.

b) apelação, cujo efeito suspensivo deve ser pleiteado diretamente no Tribunal, por meio
de medida cautelar autônoma e inominada.

c) apelação, cujo efeito suspensivo é automático e impede a execução definitiva da


decisão.

d) apelação, com pedido de efeito suspensivo. Depois disso, a Fazenda de São Paulo deverá
protocolar, no Tribunal de Justiça, um pedido de análise imediata desse efeito suspensivo
pleiteado. Ao mesmo tempo, a Fazenda poderá pedir suspensão dos efeitos da sentença ao
Presidente do Tribunal competente.

e) agravo de instrumento contra o capítulo da decisão que concedeu a ordem de liberação


imediata das mercadorias, com pedido de efeito ativo, e apelação do capítulo que julgou o
57
mérito.

Comentários: Lei 7.347/85

Gabarito: D

Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em
decisão sujeita a agravo.

§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave


lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal
a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar,
em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no
prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.

O pedido de suspensão não inviabiliza a propositura por outros meios devido a


compatibilidade de utilização concomitante desses instrumentos. No caso em questão, a
apelação tem natureza de recurso, enquanto o pedido de suspensão é classificado como
incidente processual. Fonte: Barros, Guilherme Freire de Melo. Fazenda Pública em Juízo.
7ª edição, p.121-123.

QUESTÃO 04 (VUNESP, PGE-SP 2018) Em relação aos diversos meios de solução de


conflitos com a Administração Pública, é correto afirmar que:
a) é facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios suas autarquias e
fundações públicas, bem como às empresas públicas e sociedade de economia mista
federais, submeter seus litígios com órgãos ou entidades da Administração Pública federal
à Advocacia-Geral da União, para fins de composição extrajudicial do conflito.

Comentários: CORRETO, Nos termos do art. 37 da lei 13.140/15.

b) mesmo as controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos ou concessão de
direitos sujeitos a autorização do Poder Legislativo estão incluídas na competência das
câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos.

Comentários: ERRADO, Não se incluem na competência dos órgãos mencionados no caput


deste artigo as controvérsias que somente possam ser resolvidas por atos ou concessão
de direitos sujeitos a autorização do Poder Legislativo.

c) os conflitos que envolvem equilíbrio econômico-financeiro de contratos celebrados pela


Administração Pública com particulares não podem ser submetidos às câmaras de
prevenção e resolução administrativa de litígios, exceto quando versarem sobre valores
inferiores a quinhentos salários-mínimos.

Comentários: ERRADO, art. 32, §5º da Lei nº 13.140/15. Compreendem-se na competência das
câmaras de que trata o caput a prevenção e a a resolução de conflitos que envolvam equilíbrio
econômico-financeiro e de contratos celebrados pela administração com particulares.

d) a instauração de procedimento administrativo para resolução consensual de conflito no


âmbito da Administração Pública interrompe a prescrição, exceto se se tratar de matéria
58
tributária.

Comentários: ERRADO. Em se tratando de matéria tributária, a suspensão da prescrição


deverá observar o disposto na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário
Nacional.

(Suspende a prescrição, mas deverá observar o que preceitua o CTN).

e) o procedimento de mediação coletiva, para solução negociada de conflitos, no âmbito


da Administração Pública estadual, não pode versar sobre conflitos que envolvem
prestação de serviços públicos, salvo se esses serviços públicos forem relacionados a
transporte urbano.

Comentários: Art. 33, parágrafo único da Lei nº 13.140/15. A Advocacia Pública da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, onde houver, poderá instaurar, de ofício
ou mediante provocação, procedimento de mediação coletiva de conflitos relacionados à
prestação de serviços públicos.

QUESTÃO 05 (VUNESP, PGE-SP 2018) A Fazenda Pública, citada em sede de ação


monitória, deixa, propositadamente, de se manifestar, porque o valor e o tema expostos
na inicial encontram pleno amparo em orientação firmada em parecer administrativo
vinculante. O valor exigido nessa ação é superior a seiscentos salários-mínimos e a prova
documental apresentada pelo autor é constituída por depoimentos testemunhais
escritos, colhidos antes do processo, e por simples início de provas documentais que
apenas sugerem, indiretamente, a existência da dívida narrada na inicial. Nesse caso,
ante a certidão do cartório de que decorreu o prazo para manifestação da Fazenda, o juiz
deve:

a) intimar o autor para que este indique as provas que deseja produzir, tendo em vista que
os direitos tutelados pela Fazenda não estão sujeitos à revelia.

b) intimar o autor, para que ele, mediante apresentação de planilha da dívida atualizada,
dê início ao cumprimento de sentença.

c) acolher, por sentença, o pedido do autor, ante a revelia da Fazenda.

d) rejeitar o pedido do autor e intimar as partes dessa decisão, tendo em vista que não se
admite, na monitória, prova testemunhal colhida antes do início do processo, mas apenas
prova documental.

e) intimar o autor para que ele tome ciência do início do reexame necessário.

Comentários: LETRA B.

Art. 701, § 4o Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos previstos no


art. 702, aplicar-se-á o disposto no art. 496, observando-se, a seguir, no que couber, o
Título II do Livro I da Parte Especial [cumprimento da sentença].

Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:
59
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas
autarquias e fundações de direito público;

§ 4o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada
em:

IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito


administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula
administrativa.

QUESTÃO 06 (VUNESP, PGE-SP 2018) Da decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que
nega seguimento a recurso especial sob o fundamento de que a decisão recorrida estaria
de acordo com o posicionamento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, em
julgamento de tema afetado ao sistema de recursos repetitivos, quando, na verdade,
esse paradigma trata de assunto diverso daquele discutido no recurso especial
mencionado, cabe, segundo a lei processual:

a) embargos de declaração, com o exclusivo objetivo de prequestionar o tema veiculado no


recurso especial.

Comentários: ERRADA. Não cabem embargos de declaração. As hipóteses para o cabimento


desse recurso são expressas. Art. 1.022 do CPC;

b) novo recurso especial, interposto diretamente no Superior Tribunal de Justiça.


Comentários: ERRADA. Não cabe novo recurso especial. Operou-se a preclusão consumativa.

c) agravo interno, perante a Turma que proferiu o acórdão combatido.

Comentários: ERRADA. Agravo interno. Art. 1.030, §2º, c.c. art. 1.021 do CPC. Sem
previsão legal.

d) ação rescisória, após o trânsito em julgado.

Comentários: CORRETO.

e) agravo em recurso especial.

Comentários: ERRADO. Não cabe agravo em recurso especial pois o art. 1.042 veta
expressamente nesse sentido.

QUESTÃO 07 (VUNESP, PGE-SP 2018) A decisão do Supremo Tribunal Federal que


considera inconstitucional lei na qual se baseou, como único fundamento, uma sentença
condenatória da Fazenda Pública proferida em outro processo, torna:

a) inexistente o título judicial que se formou, desde que a decisão tenha sido tomada em
controle concentrado. Esse argumento pode ser arguido nos embargos da Fazenda,
durante a execução civil, se a decisão que se pretende rescindir ainda não transitou em
julgado.

b) inexigível a obrigação contida no título judicial que se formou, desde que a decisão do 60
Supremo tenha sido proferida em sede de controle difuso. Esse argumento pode ser
arguido na impugnação da Fazenda, durante o cumprimento de sentença, se a decisão que
se pretende rever ainda não transitou em julgado, e em ação anulatória, se já ocorreu o
trânsito.

c) inválido o título judicial que se formou, mesmo que a decisão tenha sido tomada em
controle difuso ou concentrado. Esse argumento pode ser arguido na impugnação, durante
a fase de cumprimento de sentença ou no processo de execução, mas não em ação
rescisória.

d) inexigível a obrigação contida no título judicial que se formou, desde que a decisão
tenha sido tomada em controle concentrado. Esse argumento pode ser utilizado na
impugnação da Fazenda, durante a fase de cumprimento de sentença, mas, se a decisão
que condenou a Fazenda transitou em julgado, não é cabível ação rescisória com esse
fundamento.

e) inexigível a obrigação contida no título judicial que se formou, mesmo que essa decisão
tenha sido tomada em controle concentrado ou difuso de constitucionalidade. Esse
argumento pode ser utilizado na impugnação da Fazenda, durante a fase de cumprimento
de sentença, se ainda não ocorreu o trânsito em julgado, ou em ação rescisória, se isso já
ocorreu.

Comentários: Letra E
CPC 2015

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 (15 dias) sem o pagamento voluntário,
inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de
penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.

§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:

III - inexequibilidade do título ou inexigibildiade da obrigação;

§12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-se também
inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal
como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso.

§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão


exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

QUESTÃO 08 (CESPE - 2018 - PGE-PE - Procurador do Estado) Observada a regra que


determina que o valor da causa não pode ultrapassar o limite de sessenta salários
mínimos, o juizado especial da fazenda pública possui competência para julgar

a) ação civil pública para a tutela de direito difuso decorrente de dano ambiental simples.
61
b) ação que tenha como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidor
civil.

c) ação em que contribuinte questione a validade do lançamento de crédito tributário


estadual.

d) mandado de segurança contra ato praticado por servidor municipal em procedimento


licitatório.

e) ação proposta por particular para reivindicar bem imóvel de autarquia estadual.

Comentários: LETRA C

LEI 12.153/2009

Art. 2º É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar e


julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos.

§ 1º Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública:

I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação,


populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos
ou interesses difusos e coletivos;
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios,
autarquias e fundações públicas a eles vinculadas;

III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a
servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.

QUESTÃO 09 (CESPE - 2018 - PGE-PE - Procurador do Estado) No que concerne a mandado


de injunção, ação de improbidade administrativa, ação civil pública e ação popular,
julgue os seguintes itens

(I) De acordo com o STJ, a sentença que julgar improcedente a ação de improbidade
administrativa se submeterá ao regime de reexame necessário, independentemente do
valor atribuído à causa.

CORRETO. Aplicação do Informativo 607, STJ: A sentença que concluir pela carência ou pela
improcedência de ação de improbidade administrativa está sujeita ao reexame necessário,
com base na aplicação subsidiária do art. 475 do CPC/73 e por aplicação analógica da
primeira parte do art. 19 da Lei n. 4.717/65.

(II) É vedado ao MP assumir a titularidade de ação popular na hipótese de desistência do


autor, ainda que nenhum outro cidadão legitimado promova o prosseguimento da ação.

ERRADO. Aplicação do art. 9º da Lei 4.717: Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der
motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos
no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante 62
do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita,
promover o prosseguimento da ação.

(III) De acordo com lei que disciplina o mandado de injunção, uma vez transitada em
julgado a decisão final, o relator poderá, monocraticamente, estender seus efeitos a casos
análogos.

CORRETO. Aplicação do art. 9º, §2º da Lei 13.300: Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva
limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. § 2º
Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos
por decisão monocrática do relator.

(IV) O STJ entende que o sindicato possui legitimidade para ajuizar, na qualidade de
substituto processual, ação civil pública para a defesa de direitos individuais homogêneos
da categoria que ele representa.

CORRETO. Aplicação do art. 565, STJ: "(...) prevalece na jurisprudência do STJ o


entendimento de que, indistintamente, os sindicatos e associações, na qualidade de
substitutos processuais, detêm legitimidade para atuar judicialmente na defesa dos
interesses coletivos de toda a categoria que representam(...)"

Assinale a opção correta.

a) Estão certos apenas os itens I e II.


b) Estão certos apenas os itens I e III.

c) Estão certos apenas os itens II e IV.

d) Estão certos apenas os itens I, III e IV.

e) Estão certos apenas os itens II, III e IV.

Gabarito: LETRA D.

Ação Popular

10. RESPOSTA: Letra A.

A) CORRETA - Art. 19, § 2º Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e
suscetíveis de recurso, poderá recorrer qualquer cidadão e também o Ministério Público.

B) ERRADA - Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação
está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito
suspensivo.

C) ERRADA - Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação
está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada
pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.
63
D) ERRADA - Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga omnes",
exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste
caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se
de nova prova.

E) ERRADO - Art. 13. A sentença que, apreciando o fundamento de direito do pedido, julgar
a lide manifestamente temerária, condenará o autor ao pagamento do décuplo das custas.

11. RESPOSTA: Letra D.

a) INCORRETA. Art. 7º. §1º - Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar
a liminar caberá AGRAVO DE INSTRUMENTO, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11
de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

b) INCORRETA. Art. 10. §1º - Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá
APELAÇÃO e, quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber
originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão
competente do tribunal que integre.

c) INCORRETA. Art. 6º. §6º - O pedido de mandado de segurança PODERÁ SER RENOVADO
dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

d) CORRETA. Art 7º. §3º - Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada,
PERSISTIRÃO até a prolação da sentença.
e) INCORRETA. Art. 10. §1º - Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá
APELAÇÃO e, quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber
originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão
competente do tribunal que integre.

12. RESPOSTA: Letra C.

A) ERRADA. Dispõe o art. 23, da Lei nº 12.016/09, que "o direito de requerer mandado de
segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo
interessado, do ato impugnado". Este prazo é de decadência e não de prescrição, pois o
que se extingue é o direito de impetrar o mandado de segurança e não a pretensão
propriamente dita.

b) INCORRETA. Ao contrário do que se afirma, dispõe a súmula 269, do STF, que "o
mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança".

c) CORRETA. É o que dispõe o art. 22, §1º, da Lei nº 12.016/09: "O mandado de segurança
coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada
não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu
mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da
impetração da segurança coletiva". O prazo legal, conforme se nota, é o prazo de trinta
dias.

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d) INCORRETA. Ao contrário do que se afirma, esta constitui uma das hipóteses em que a
lei não admite a impetração de mandado de segurança, senão vejamos: "Art. 5º Não se
concederá mandado de segurança quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso
administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão
judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III - de decisão judicial transitada em
julgado".

e) INCORRETA. Dispõe o art. 6º, §6º, da Lei nº 12.016/09, que "o pedido de mandado de
segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não
lhe houver apreciado o mérito".

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