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ESTRATÉGIA OAB

Direito Processual Penal - Prof. Ivan Marques

Sumário

Teoria Geral dos Recursos .................................................................................................................................4

1 - Disposições Gerais ....................................................................................................................................4

2 - A Admissibilidade Recursal .......................................................................................................................4

3 - Pressupostos Processuais .........................................................................................................................5

3.1 - Pressupostos Intrínsecos ...................................................................................................................5

3.2 - Pressupostos Extrínsecos de Admissibilidade Recursal.....................................................................8

4 - Juízo de Mérito .........................................................................................................................................9

5 - Classificação dos Recursos ......................................................................................................................10

6 - Efeitos dos Recursos ...............................................................................................................................11

7 - Princípios Recursais ................................................................................................................................12

Recursos Em Espécie ........................................................................................................................................14

1 - Recurso em Sentido Estrito.....................................................................................................................14

2 - Recurso em Sentido Estrito Contra Decisão de Pronúncia .....................................................................23

3 - Razões de Recurso em Sentido Estrito ...................................................................................................25

4 - Contrarrazões do Recurso em Sentido Estrito........................................................................................27

5 - Apelação..................................................................................................................................................30

6 - Razões de Apelação ................................................................................................................................35

7 - Apelação das Decisões do Júri ................................................................................................................36

8 - Contrarrazões de Apelação .....................................................................................................................39

9 - Embargos Infringente e de Nulidade ......................................................................................................42

10 - Embargos de Declaração ......................................................................................................................45

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11 - Carta Testemunhável ............................................................................................................................47

12 - Recurso Especial ...................................................................................................................................48

13 - Recurso Extraordinário .........................................................................................................................52

14 - Recurso Ordinário Constitucional .........................................................................................................54

15 - Correição Parcial ...................................................................................................................................57

16 - Agravo em Execução .............................................................................................................................58

17 - Contrarrazões de Agravo em Execução ................................................................................................61

Exercícios da Aula ............................................................................................................................................62

Legislação Pertinente ao Tema ........................................................................................................................71

Considerações Finais ........................................................................................................................................82

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TEORIA GERAL DOS RECURSOS

1 - Disposições Gerais

Os recursos podem ser conceituados como meios voluntários de impugnação às decisões judiciais,
interpostos no curso do processo.

O recurso é o meio hábil à alteração de uma decisão judicial (seja por sua anulação, reforma, etc.), utilizado
dentro da mesma relação jurídico-processual. Isso mesmo, pessoal, não se cria um novo processo.

Quando a parte perde o prazo para interpor o recurso, afirma-se que houve a preclusão (perda do direito de
recorrer).

Classificação dos meios de impugnação das decisões judiciais:

1) Recursos

Ex: Apelação, Embargos infringentes, Recurso em sentido estrito, Agravo em execução etc.

2) Ações autônomas de impugnação

Ex: Habeas corpus, revisão criminal etc.

O recurso é um ônus para a parte, pois a sua não interposição no prazo e condições previstas na Lei
Processual acarreta a perda de uma oportunidade para a parte (reverter a decisão que lhe é prejudicial).

Não é um dever, pois o seu descumprimento não gera qualquer direito para a outra parte ou para quem
quer que seja.

A finalidade do recurso é reverter uma decisão judicial desfavorável, seja modificando, anulando,
esclarecendo ou integrando a decisão impugnada.

Os recursos, em regra, estão previstos no CPP. No entanto, alguns deles possuem previsão na própria
Constituição Federal, e outros, em Legislação especial.

2 - A Admissibilidade Recursal

Quando falamos em análise do recurso, estamos diante de uma tarefa composta por duas fases distintas.
Uma delas, e a primeira, é a análise do preenchimento dos pressupostos recursais de admissibilidade do
recurso (Juízo de admissibilidade, ou Juízo de PRELIBAÇÃO). A segunda é análise do mérito do recurso,

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propriamente dito, ou seja, aquilo que o recorrente pretende que seja analisado e, ao final, provido (Juízo
de mérito).

Trata-se de uma verificação muito semelhante ao que ocorre com o direito de ação, eis que naquela seara
também se procede à analise dupla (primeiro a análise do preenchimento dos requisitos que permitem
adentrar ao mérito: condições da ação e pressupostos processuais, depois na análise do mérito da AÇÃO
PENAL, caso superada a primeira fase).

Assim, quando alguém interpõe um recurso, o Tribunal (Embora o Juízo de admissibilidade seja feito, antes,
pelo próprio órgão do Judiciário que prolatou a decisão), recebendo o recurso, verifica, primeiramente, se o
recorrente cumpriu todas as exigências legais (se interpôs o recurso certo, no prazo certo, pelos motivos
certos, se recolheu o valor necessário à interposição do recurso, etc.).

Como regra geral, os recursos são interpostos perante o Juízo a quo (que proferiu a decisão) e o seu
julgamento compete a outro órgão julgador, chamado de juízo ad quem.

Em regra, o juízo de admissibilidade é realizado tanto pelo Juízo a quo quanto pelo Juízo ad quem (aquele
que vai efetivamente julgar o recurso).

Isso não ocorrerá quando:

• O próprio juízo que proferiu a decisão for o responsável pelo julgamento do recurso (ex.: embargos
de declaração) – Neste caso só há juízo a quo.
• O recurso é interposto diretamente perante o juízo ad quem (Ex.: Carta testemunhável)

✓ Neste caso o juízo a quo não participa do juízo de admissibilidade.

3 - Pressupostos Processuais

Podem ser intrínsecos, quando relativos ao próprio direito de recorrer, e extrínsecos, quando relativos à
forma como esse direito é exercitado. Vamos estudar cada um deles agora.

3.1 - Pressupostos Intrínsecos

Cabimento

Para que este pressuposto esteja satisfeito, exige-se que o recurso interposto seja o adequado, ou seja, que
este seja o meio recursal previsto na lei processual para impugnar aquela decisão.

Assim, se o MP maneja o RECURSO EM SENTIDO ESTRITO para atacar sentença de absolvição do acusado,
não está presente o pressuposto do cabimento, pois o CPP determina que, neste caso, deve ser manejado o
recurso de APELAÇÃO.

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CUIDADO! Em regra, todas as decisões judiciais são recorríveis, não o sendo, entretanto, os despachos, por
se tratarem de questões meramente relativas ao trâmite natural do processo, sem que haja conteúdo
decisório no ato judicial.

Legitimidade recursal

Esse é o pressuposto no qual se verifica se a parte que interpôs o recurso, tinha legitimidade legal para fazê-
lo no caso concreto. Em regra, podem interpor recurso a parte vencida, o MP (se estiver atuando como fiscal
da Lei, pois, caso contrário, será PARTE), e o assistente de acusação. Nos termos do art. 577 do CPP:

Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou
pelo réu, seu procurador ou seu defensor.

Mas ali não consta o assistente de acusação. Onde está a previsão? Esta previsão se encontra no art. 271 do
CPP:

Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às
testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os
recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, §
1º, e 598.

Em razão dessa distinção, ou seja, em razão do fato de o assistente de acusação somente poder recorrer em
determinados casos, criou-se a seguinte classificação:

• Legitimados gerais – Podem recorrer em qualquer caso, desde que presentes os pressupostos
recursais. São eles: MP e querelante (pela acusação), e acusado, seu procurador ou defensor (pela
defesa).
• Legitimados específicos – Somente podem recorrer em determinados casos (ex.: assistente de
acusação).

Interesse recursal

O interesse recursal, à semelhança do que ocorre com o interesse de agir (condição da ação penal), divide-
se em necessidade e adequação.

A necessidade indica que o recorrente deve ter tido um prejuízo no processo e o recurso é necessário para
reverter esta situação que lhe é prejudicial.

A adequação, por sua vez, é a aptidão daquele recurso para alterar a situação atual do recorrente. Vejamos
o que diz o art. 577, § único do CPP:

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Art. 577 (...) Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver
interesse na reforma ou modificação da decisão.

O principal pressuposto para que haja interesse recursal, portanto, é a existência de sucumbência, que é a
situação na qual a parte é prejudicada pela decisão judicial. Não havendo sucumbência, como regra, não
haverá interesse recursal.

Inexistência de ato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer

Pode ocorrer de, em alguns casos, o recorrente ter, em tese, o direito de recorrer, mas no caso concreto ter
perdido este direito. Esta extinção ou impedimento ao direito de recorrer pode se dar pela desistência, pela
renúncia ao direito de recorrer ou pela aquiescência.

Assim, a desistência ocorrerá sempre que o recorrente DESISTIR DE UM RECURSO INTERPOSTO! (Guardem
isso, o recurso deve ter sido interposto!). Entretanto, o MP NÃO PODERÁ DESISTIR DOS RECURSOS POR ELE
INTERPOSTOS. Vejamos o que diz o art. 576 do CPP:

Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.

A renúncia, por sua vez, só poderá ocorrer enquanto existente o direito de recorrer, mas ainda não
interposto o recurso.

A renúncia pode ser expressa, quando o legitimado se manifesta expressamente informando que não deseja
recorrer, renunciando a este direito, ou tácita, quando o legitimado simplesmente deixa transcorrer o prazo
recursal in albis (em branco, sem nada fazer).

CUIDADO! Embora o MP não possa desistir do recurso interposto, ele NÃO precisa interpor recurso, caso
assim entenda. Além disso, o MP pode, quando do oferecimento de parecer em sede recursal (na qualidade
de fiscal da lei), requerer seja negado provimento ao recurso interposto.

A Doutrina cita, ainda, a preclusão e a deserção. A primeira como fato impeditivo do direito de recorrer, e a
segunda como fato extintivo do direito de recorrer.

A preclusão recursal é a perda do direito de recorrer, e pode ser classificada em:

• Preclusão temporal – perda do direito de recorrer em razão do transcurso do prazo previsto em lei.
• Preclusão lógica – ocorre quando a parte pratica um ato incompatível com o direito de recorrer (ex.:
renuncia ao direito de recorrer).
• Preclusão consumativa – ocorre quando a parte passa a não mais poder interpor o recurso em razão
do fato de já ter feito isso. Decorre diretamente do princípio da unirrecorribilidade.

A deserção, por sua vez, acarreta a impossibilidade de conhecimento do recurso interposto, em razão do
descumprimento (pelo recorrente) de alguma formalidade. Pode ser:

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• Deserção por ausência de preparo – o preparo é o pagamento das despesas relativas ao recurso
interposto. No processo penal brasileiro só se exige o preparo em relação aos crimes de ação penal
privada exclusiva, e mesmo assim somente para os recursos do querelante, não do querelado (réu),
pois seria violação ao princípio da ampla defesa exigir do réu o preparo.
• Deserção em razão da fuga do acusado – Antigamente, em alguns casos, o acusado era obrigado a
recolher-se à prisão para que seu recurso fosse conhecido. Tal previsão não existe mais!

Vemos, portanto, que a deserção no processo penal, atualmente, só pode ocorrer pela ausência de preparo
nos recursos interpostos pelo querelante nos crimes de ação penal privada exclusiva (não se aplica à ação
penal privada subsidiária da pública). A deserção pela ausência de preparo, contudo, é um pressuposto
extrínseco de admissibilidade recursal (eis que relacionada à forma pela qual o recurso é manejado).

3.2 - Pressupostos Extrínsecos de Admissibilidade Recursal

São relacionados com a forma pela qual o recurso é manejado.

Tempestividade

A tempestividade nada mais é que a interposição do recurso no prazo correto (o prazo previsto na lei). Caso
não interposto o recurso tempestivamente, ocorrerá o que se chama de PRECLUSÃO TEMPORAL.

Mas como saber qual é o prazo correto?

O prazo para a interposição do recurso está previsto na lei, e começa a correr no primeiro dia útil seguinte
ao de determinado ato.

Lembrando que no cômputo dos prazos exclui-se o dia do começo e se inclui o do término.

E quando começa a correr o prazo recursal? O prazo para a interposição do recurso começa a fluir da data
da intimação da decisão, e não da juntada aos autos do mandado. Trata-se de entendimento sumulado do
STF:

SÚMULA 710
NO PROCESSO PENAL, CONTAM-SE OS PRAZOS DA DATA DA INTIMAÇÃO, E NÃO DA
JUNTADA AOS AUTOS DO MANDADO OU DA CARTA PRECATÓRIA OU DE ORDEM.

Durante muito tempo se entendeu que o recurso interposto antes de iniciado o prazo era intempestivo. O
STJ, contudo, já firmou entendimento em sentido contrário, em homenagem à boa-fé processual daquele
que se antecipa e agiliza o processo.

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CUIDADO! O STJ entende que, no caso de intimação tanto do acusado quanto do defensor acerca da
sentença, o prazo recursal somente começa a fluir da data da segunda intimação, eis que ambos podem
interpor o recurso. Vejamos:

(...) 1. A teor do disposto nos arts. 370, § 1º, e 392, II, do Código de Processo Penal, a
intimação da sentença condenatória, ao defensor constituído, será feita mediante
publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da Comarca.

Ademais, quando intimados o acusado e seu defensor constituído, o prazo recursal terá início a partir da
data da última intimação.

(...) 3. Agravo regimental a que se nega provimento.


(AgRg no REsp 1281492/MG, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
01/09/2016, DJe 21/09/2016)

Regularidade formal

É o preenchimento das regras estabelecidas por lei para o recurso que se pretende interpor. Os recursos,
nos termos do art. 578 do CPP, podem ser interpostos por PETIÇÃO ou POR TERMO NOS AUTOS.

Vejamos:

Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo
recorrente ou por seu representante.
§ 1º Não sabendo ou não podendo o réu assinar o nome, o termo será assinado por alguém,
a seu rogo, na presença de duas testemunhas.
§ 2º A petição de interposição de recurso, com o despacho do juiz, será, até o dia seguinte
ao último do prazo, entregue ao escrivão, que certificará no termo da juntada a data da
entrega.
§ 3º Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob pena de suspensão por dez a trinta
dias, fará conclusos os autos ao juiz, até o dia seguinte ao último do prazo.

4 - Juízo de Mérito

O Juízo de mérito é a análise do recurso, propriamente dita. Sendo positivo o juízo de admissibilidade, o
órgão julgador adentrará ao mérito e apreciará o recurso, dando provimento a ele ou não.

O Juízo de mérito se volta para os fundamentos alegados pelo recorrente.

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Em seus fundamentos o recorrente pode alegar error in procedendo ou error in judicando. O primeiro refere-
se a algum erro processual cometido pelo Juiz, que conduz à anulação da decisão.

Já o error in judicando se refere ao “julgamento errado" no que tange ao conteúdo, ou seja, o Juiz julgou de
uma forma que o recorrente entende não ser a que condiz com o ordenamento jurídico.

Quando o recorrente alega error in procedendo, deverá requerer a anulação da decisão, pois há vício formal.
Quando o recorrente alega error in judicando, deverá requerer a reforma da decisão, pedindo ao Tribunal
que profira novo julgamento, contrariamente à decisão recorrida. Na anulação os autos voltam ao Juízo que
proferiu a decisão para que profira outra.

5 - Classificação dos Recursos

Os recursos podem ser:

a) De fundamentação vinculada ou fundamentação livre – No primeiro caso, somente podem ser alegadas
determinadas matérias previstas em lei, em rol exaustivo. É o que acontece, por exemplo, no recurso de
apelação nos processos da competência do Tribunal do Júri.

Já nos recursos de fundamentação livre, o recorrente pode alegar em seu recurso qualquer matéria.

b) Totais ou parciais – No primeiro caso, o recorrente impugna todas as partes da decisão que lhe
prejudicam. No segundo caso, o recorrente impugna somente algumas partes da decisão que lhe prejudica.

c) Recursos ordinários ou extraordinários – Os primeiros são aqueles que visam a permitir que a parte
prejudicada consiga a alteração de uma decisão desfavorável. Já os recursos extraordinários são aqueles nos
quais a Lei busca garantir a melhor aplicação possível para a Lei Federal ou para a Constituição, de forma
que somente pode ser alegada matéria de Direito nestes recursos, não cabendo reexame de matéria fática.

d) recurso voluntário e recurso de ofício – Na verdade, todo recurso é voluntário, ou seja, depende de
interposição voluntária por aquele que pretende a modificação da decisão. O chamado “recurso de ofício”,
na verdade, não é um recurso, embora seja assim chamado pelo CPP. Tem cabimento em hipótese muito
excepcionais. Nestes casos a decisão fica sujeita ao reexame obrigatório pelo órgão jurisdicional superior,
ainda que não haja recurso voluntário de nenhuma das partes.

e) recurso genérico e recurso específico – O primeiro exige, apenas, a irresignação da parte, ou seja, seu
inconformismo em relação à decisão proferida. Já o segundo depende da comprovação de requisitos
próprios, específicos (ex.: demonstração da existência de repercussão geral, em relação ao recurso
extraordinário perante o STF).

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6 - Efeitos dos Recursos

Os recursos possuem os seguintes efeitos:

a) Efeito obstativo – O recurso, quando interposto, impede a ocorrência da preclusão temporal.

b) Efeito devolutivo – É o efeito mediante o qual o recorrente devolve ao Tribunal a competência para
conhecer a matéria impugnada e apreciar o recurso. Na verdade, o termo não faz muito sentido, pois só se
devolve alguma coisa a alguém que já possuiu, em algum momento, aquilo. Como o Tribunal está recebendo
pela primeira vez a matéria para apreciação, o termo devolução se mostra inapropriado (Ele existe porque,
antigamente, o Tribunal delegava ao Juiz a competência para julgar, e quando havia recurso, falava-se que
o recurso “devolvia” a matéria ao Tribunal). Todo recurso possui efeito devolutivo.

c) Efeito suspensivo – O efeito suspensivo não está presente em todos os recursos, e diz respeito à
impossibilidade de a decisão impugnada produzir efeitos enquanto não for julgado o recurso. Parte da
Doutrina defende que não é o recurso que possui efeito suspensivo, mas a mera previsão de sua existência
já gera o efeito suspensivo, pois a decisão não poderá produzir efeitos enquanto não transcorrido o prazo
para a interposição do recurso.

d) Efeito Translativo – Refere-se à possibilidade de o Tribunal conhecer, de ofício, determinadas matérias


que não foram impugnadas pelo recorrente, por serem de ordem pública. Assim, imaginem que o recorrente
impugna a sentença em razão de não se conformar com o julgamento de procedência do pedido da acusação
(condenação). Imaginem que no Tribunal se verifica que houve a prescrição. Ainda que o recorrente não
tenha alegado a prescrição, poderá o Tribunal decretá-la, pois a prescrição é considerada matéria de ordem
pública.

e) Efeito substitutivo – É o efeito que implica na substituição da decisão recorrida pela decisão do juízo ad
quem, seja mantendo ou reformando a decisão atacada.

f) Efeito regressivo (ou iterativo ou diferido) – O efeito regressivo também não está presente em todos os
recursos, e é o efeito que permite ao prolator da decisão se retratar da decisão proferida, evitando a remessa
ao órgão ad quem (órgão recursal).

g) Efeito Extensivo – Decorre da necessidade de que haja isonomia no julgamento de todos aqueles que
respondem pelo mesmo fato. Assim, se um dos corréus interpõe recurso, a decisão desse recurso se estende
aos demais, SALVO SE FUNDADA EM RAZÕES DE CARÁTER ESTRITAMENTE PESSOAL. Vejamos o que diz o art.
580 do CPP:

Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter
exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

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7 - Princípios Recursais

Os princípios recursais são NORMAS ABSTRATAS QUE SÃO APLICÁVEIS A TODOS OS RECURSOS, de forma a
guiar o operador do Direito na interpretação da norma processual.

Vejamos quais são eles:

a) Duplo grau de jurisdição – A maior parte da Doutrina entende que este princípio não está expressamente
previsto na Constituição como sendo obrigatório em todos os casos. Trata-se do princípio segundo o qual
uma decisão deve estar submetida à reapreciação por outro órgão do Judiciário, que lhe é superior.
Fundamenta-se na própria natureza humana, passível de erros, devendo ser sempre submetida a decisão à
análise por outro julgador;

b) Taxatividade – Somente se pode considerar como recurso aquele que está previsto expressamente em
Lei, não existindo hipótese de recursos sem previsão legal. Isso impede, por exemplo, que as partes, de
comum acordo, “criem recursos” não previstos em lei, a fim de aplicá-los a seu processo. Segundo o art. 22,
I da CRFB/88, somente Lei Federal poderá criar recursos, pois é competência privativa da União legislar sobre
direito processual.

c) Singularidade (Ou unirrecorribilidade ou unicidade) – É o princípio segundo o qual para cada decisão
somente é cabível um único recurso. Como exceção a este princípio temos a previsão de simultaneidade do
recurso especial (para o STJ) e do recurso extraordinário (para o STF). Entretanto, mesmo nesse caso, a
fundamentação para cada um dos recursos é diferente (o recurso especial ataca má aplicação da lei federal
e o recurso extraordinário ataca má aplicação da constituição).

d) Voluntariedade – A existência do recurso só pode decorrer da vontade da parte, não existindo hipótese
de recurso obrigatório, nem recurso de ofício, pois, como disse, o recurso é ato voluntário da parte. O
reexame necessário, muitas vezes erroneamente chamado de “recurso de ofício” (até porque o próprio CPP
dá esse nome), NÃO É RECURSO, mas condição de eficácia da sentença.

e) Fungibilidade – O princípio da fungibilidade recursal determina que, interposto um recurso de maneira


errada pela parte, é possível que o órgão recursal receba este recurso como sendo o correto. Trata-se de
uma “flexibilização” do Judiciário no caso de interposição do recurso errado.

Entretanto, este princípio só pode ser aplicado se presente um requisito:

• Inexistência de má-fé – A Doutrina e a jurisprudência entendem que a interposição do recurso errado


não poder ter sido proposital pelo recorrente. Aplica-se, nesse caso, a “Teoria do Prazo Menor”,
segundo a qual, haverá má-fé se o recorrente interpôs um recurso cujo prazo era maior que o recurso
correto.

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Imaginem que numa decisão da qual cabe EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (cujo prazo é de dois dias), o
recorrente tenha interposto RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (cujo prazo é de 05 dias) no quinto dia, apenas
por ter perdido o prazo de 02 dias para interpor os embargos de declaração. Neste caso, a interposição do
recurso errado se deu por má-fé, não podendo ser aplicada a fungibilidade.

Vejamos o que dispõe o art. 579 do CPP a respeito desse tema:

Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um
recurso por outro. Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do
recurso interposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso
cabível.

f) non reformatio in pejus – O recurso interposto pela defesa NUNCA poderá ser julgado de forma a agravar
a situação do réu. Assim, se o réu é condenado a 05 anos de reclusão e somente ele recorre, para obter a
absolvição, NÃO PODE O TRIBUNAL AGRAVAR A PENA, aplicando uma pena de 06 anos, por exemplo, por
entender que a pena aplicada foi muito branda.

Assim, em havendo o trânsito em julgado para a acusação, a sentença aplicada não mais poderá ser
agravada.

CUIDADO! O STJ veda, ainda, a aplicação da reformatio in pejus indireta, que ocorre quando o Tribunal anula
a decisão condenatória julgando recurso exclusivo da defesa. Neste caso, deverá ser realizado novo
julgamento. Neste novo julgamento não pode o julgador agravar a situação do réu (estabelecida na sentença
anulada) pois isso seria reformatio in pejus indireta (quem agravou não foi o Tribunal).

Resumidamente: uma vez anulada a sentença em razão de recurso exclusivo da defesa, a nova sentença a
ser proferida não poderá ser mais prejudicial ao acusado do que a sentença que foi anulada, sob pena de o
acusado ser penalizado por ter recorrido.

g) Complementariedade – Pelo princípio da complementariedade o recorrente poderá complementar a


fundamentação de seu recurso (razões recursais) quando a decisão atacada for modificada após a
apresentações das razões recursais (em razão do julgamento de embargos de declaração apresentados pela
outra parte, ou qualquer outra circunstância, como o exercício do juízo de retratação em razão de recurso
interposto pela outra parte).

Como regra, uma vez oferecidas as razões recursais, entende-se que toda matéria ali não arguida restou
afetada pela preclusão consumativa. Contudo, quando após este momento a decisão é alterada, é possível
que surja para o recorrente uma “nova pretensão recursal”, decorrente de uma sucumbência até então
inexistente, e que só surgiu posteriormente, em razão da alteração da decisão atacada. Neste caso, não faz
sentido impedir o recorrente de complementar suas razões recursais, pois somente não impugnou este
ponto da decisão porque, quando da apresentação das razões, ele ainda não existia.

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h) colegialidade – Princípio nem sempre trabalhado pela Doutrina, prega que a parte tem direito de, uma
vez recorrendo, ter seu recurso apreciado por um órgão colegiado.

O Código de Processo Civil prevê a possibilidade de que o relator poderá negar seguimento ao recurso, de
forma monocrática, bem como poderá dar a ele provimento, também de forma monocrática, em
determinadas situações excepcionais. Isso faz com que a parte seja privada do direito de ter seu recurso
avaliado pelo órgão colegiado, já que o relator estará “julgando sozinho” o recurso interposto.

Tal previsão contida no CPC não deveria ser aplicada ao processo penal quando houvesse procedimento
específico expressamente previsto no CPP para a apreciação do recurso interposto. Assim, não seria cabível
o julgamento monocrático pelo relator, no processo penal, em relação aos recursos de apelação, RESE e
agravo em execução. A jurisprudência, contudo, é vacilante (há decisões em ambos os sentidos, admitindo
e não admitindo o julgamento monocrático).

RECURSOS EM ESPÉCIE
Muito bem, turma, chegou a hora de estudar cada um dos recursos previstos no Código de Processo Penal.

Não adiante pular esse tema porque ele é grande demais, já que a incidência de testes relacionados a
recursos em espécie é muito grande.

Não pense no todo. Estude cada recurso como se só existisse um só. Fica mais legal, ok?

Bons estudos!

1 - Recurso em Sentido Estrito

Noções introdutórias

Previsto no Capítulo II do Título dos Recursos, o recurso em sentido estrito possui hipóteses de cabimento
taxativamente previstas no art. 581 do CPP. É um recurso previsto para combater decisões interlocutórias
expressamente previstas em seu rol, possibilitando ao próprio juiz recorrido uma nova apreciação da
questão, antes da remessa dos autos à segunda instância.

É o recurso cabível contra decisões interlocutórias, quando se tratar de hipótese expressamente prevista
em lei (arts. 581 a 592 do CPP).

O rol de hipóteses do recurso em sentido estrito é taxativo, sendo cabível, portanto, somente nas hipóteses
do art. 581 do CPP, podendo, eventualmente, ser adotada interpretação extensiva, que não desborde
sobremaneira da natureza da decisão recorrida, como, por exemplo, recurso em sentido estrito contra
decisão que rejeitou o aditamento próprio da denúncia ou queixa.

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Quando for previsto expressamente o RESE para determinada decisão, este é o recurso a ser interposto, e
não a apelação, que é residual. Se a decisão estiver prevista em um dos incisos do art. 581 do CPP, o recurso
oponível será o RESE, diante do critério da especialidade. A apelação fica para todas as sentenças definitivas
ou com força de definitivas, desde que não contempladas no rol do art. 581.

Convém registrar que algumas decisões que constam no rol do art. 581 não comportam mais recurso em
sentido estrito, passando a ser cabível agravo em execução:

Hipóteses em que não cabe mais RESE

a) concessão, negativa ou revogação da suspensão condicional da pena (inciso XI), lembrando que,
quando a concessão ou negativa se der na sentença condenatória, cabe apelação;

b) concessão, negativa ou revogação do livramento condicional (inciso XII);

c) decisão sobre unificação de penas (inciso XVII);

d) decisões relativas a medidas de segurança (incisos XIX, XX, XXI, XXII e XXIII);

e) conversão da multa em detenção ou em prisão simples (art. 581, XXIV) - essa hipótese deixou de
subsistir após a Lei n. 9.268/96, que modificou o art. 51 do CP. Agora, caso a pena de multa não seja
paga, será convertida em dívida fiscal, executada pela Procuradoria da Fazenda.

Fundamento legal do Recurso em Sentido Estrito

A base legal para o RESE é o artigo 581 do CPP:

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença.

Esse artigo possui 24 incisos, mas, como já vimos aqui em cima, muitos deles hoje não admitem mais o RESE
como recurso, ou porque agora são recorríveis via agravo em execução ou apelação, ou porque perderam a
sua aplicação, como a conversão da multa em prisão, revogado desde 1996.

Hipóteses de cabimento

I – Da sentença que não receber/rejeitar a denúncia ou queixa

Cabe recurso em sentido da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa, por conta da incidência de uma das
hipóteses do art. 395 do CPP.

De regra, do recebimento da denúncia, não cabe qualquer recurso, apenas impetração de habeas corpus,
ante a absoluta falta de previsão legal.

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Dica: No caso das infrações penais de competência do juizado especial criminal, não cabe recurso em sentido
estrito da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa, mas apelação, com prazo de 10 dias (art. 82, caput, da
Lei n. 9.099/95).

a) Contrarrazões do recurso em sentido estrito interposto contra a decisão de não recebimento/rejeição da


denúncia ou queixa

O STF firmou entendimento, por meio da Súmula 707 do STF, no sentido de que: “Constitui nulidade a falta
de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não
a suprindo a nomeação de defensor dativo”.

b) Recurso em sentido estrito contra decisão de rejeição/não recebimento denúncia ou queixa x interrupção
da prescrição

Assinala-se, por pertinente, que quando o tribunal ad quem aprecia a decisão que rejeitou a denúncia ou a
queixa não está exercendo atividade de cassação, mas de substituição. Por isso, nos termos da Súmula 709
do STF “salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da
denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela”.

Observações em relação a Súmula 709

a) Se o Tribunal considerar nula a decisão de 1º grau que rejeitou a denúncia ou queixa, determinará
a remessa dos autos ao juiz para proferir outra. Nesse caso, não pode o acórdão proferido pelo
Tribunal valer como recebimento da denúncia e, portanto, constituir causa de interrupção da
prescrição, sob pena de supressão de instância.

b) O recebimento da denúncia pelo Tribunal de Justiça, na hipótese de reforma da decisão de 1º grau


válida, gera o efeito de interromper a prescrição.

II – Da decisão que concluir pela incompetência do juízo

É o caso do reconhecimento ex officio da incompetência pelo próprio juiz, que determina a remessa dos
autos ao juízo competente, nos termos do art. 109 do CPP. Se o juiz se dá por incompetente, acolhendo
exceção (caso de incompetência relativa), aplica-se o inciso subsequente.

Da sentença que desclassifica o crime de competência do Júri para crime não doloso contra a vida (art. 419
do CPP), cabe recurso em sentido estrito com base nesse fundamento, pois o juiz está, na verdade,
concluindo pela incompetência do Tribunal do Júri para julgar a causa.

Da decisão do juiz dando-se por competente não cabe qualquer recurso, podendo a parte prejudicada
impetrar apenas habeas corpus.

III – Da decisão que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição

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Recurso voltado para a acusação.

O art. 95 do CPP enumera as cinco exceções oponíveis, a saber: suspeição, incompetência do juízo,
litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada.

Note-se que o cabimento do recurso em sentido estrito está restrito à decisão que acolher a exceção oposta
pelo réu, ou seja, julgar procedente a exceção. Se rejeitada a exceção, a decisão é irrecorrível, podendo
ensejar eventual HC.

Acolhida ou rejeitada a exceção de suspeição, não cabe qualquer recurso, pois não se pode forçar o juiz que
se considera suspeito a julgar a causa.

IV – Da decisão que pronunciar o réu

A decisão de pronúncia trata-se de uma decisão interlocutória mista não terminativa, que encerra uma fase
do procedimento, sem julgar o mérito, isto é, sem declarar o réu culpado.

A decisão de impronúncia comporta o recurso de apelação (art. 416 do CPP).

V – Da decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de
prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante

Nessa parte, a lei prevê tanto situação favorável, quanto desfavorável ao réu. Assim, concedida a fiança ou
fixado um valor muito baixo, pode o Ministério Público recorrer. Negada, cassada ou considerada inidônea,
cabe ao acusado apresentar o seu inconformismo.

No entanto, quando o juiz conceder liberdade provisória, pode o MP recorrer, mas não cabe RESE para o réu
que tem o seu pedido de liberdade provisória negado. Vale-se ele do habeas corpus.

Finalmente, quando a prisão, por ser ilegal, mereça ser relaxada, caso o juiz o faça, proporciona ao MP a
interposição de recurso em sentido estrito. Quando houver a negativa ao relaxamento, somente por habeas
corpus o interessado pode questionar a decisão.

VI – Absolvição sumária (REVOGADO)

Essa decisão era impugnada por recurso em sentido estrito. Com a edição da Lei n. 11.689/2008, o recurso
cabível passou a ser apelação.

VII – Da decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor

São situações desfavoráveis ao réu, sendo-lhe permitido o recurso em sentido estrito, porque, realmente,
são decisões interlocutórias, merecedoras do duplo grau de jurisdição.

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Entretanto, quando houver o quebramento, implicando a obrigação de se recolher à prisão, poder dar ensejo
à impetração de HC.

VIII – Da decisão que decreta a prescrição ou julga, por outro modo, extinta a punibilidade do acusado

Trata-se de sentença terminativa de mérito, isto é, que encerra o processo com julgamento do mérito, sem
absolver ou condenar o réu.

Cabe recurso em sentido estrito contra a decisão terminativa que, no processo de conhecimento, declara
extinta a punibilidade do acusado.

O recurso em sentido estrito relativo a este inciso tem aplicação residual, ou seja, somente é cabível nos
casos em que a extinção da punibilidade não tenha ocorrido no corpo da sentença ou no âmbito da Vara de
Execuções Criminais.

Com efeito, se ocorrer a extinção da punibilidade no corpo da sentença penal, o recurso cabível será o de
apelação, conforme dispõe o art. 593, § 4º, do CPP. Imaginemos, por exemplo, que o réu esteja sendo
processado por dois delitos. O juiz absolve o réu pela prática de um deles e declara a prescrição em relação
ao outro. Nesse caso, o recurso do Ministério Público ou assistente à acusação (na inércia do MP) será o de
apelação, com base no art. 593, I, do CPP. É o que se extrai do art. 593, § 4º, do CPP.

Quando a decisão for proferida no curso da execução criminal, o recurso cabível é o agravo da execução,
previsto no art. 197 da LEP.

Nesse sentido, somente cabe recurso em sentido estrito quando a decisão de extinção da punibilidade for
proferida fora do âmbito da sentença penal e da execução criminal. Ex.: extinção da punibilidade no curso
do processo em face da prescrição do crime (art. 107, IV, do CP).

O assistente de acusação, habilitado ou não, pode apresentar RESE, com base no art. 581, VIII, do CPP (art.
584, § 1º, do CPP).

Salienta-se que essa legitimidade é supletiva, ou seja, o assistente somente poderá recorrer se o Ministério
Público não interpuser recurso.

Absolvição sumária pela extinção da punibilidade (art. 397, IV, do CPP):

Diante da previsão legal atípica no sentido de considerar a possibilidade de sentença absolutória na hipótese
de causa extintiva da punibilidade, parte da doutrina passou a aventar a possibilidade de interposição do
recurso de apelação contra tal decisão.

Assim, diante do paradoxo criado pelo legislador, o entendimento doutrinário prevalente é no sentido de
que o juiz deverá, simplesmente, declarar a causa extintiva de punibilidade, independentemente do

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veredicto absolutório, ou seja, declara a causa extintiva de punibilidade e simplesmente absolve o réu, com
base no art. 397, IV, do CPP, cabendo, contra essa decisão, recurso em sentido estrito.

IX – Da decisão que indeferir pedido de extinção de punibilidade

É a contraposição do inciso anterior. Negada a extinção da punibilidade, o processo seguirá seu curso normal.
Trata-se, portanto, de decisão interlocutória simples. Diante da previsão expressa da lei, caberá recurso em
sentido estrito.

Da mesma forma do inciso anterior, o recurso em sentido estrito contra decisão que indeferir pedido de
extinção de punibilidade somente poderá ser manejado de forma residual, ou seja, quando a decisão não
ocorrer na própria sentença condenatória (cabendo apelação) ou em sede de execução criminal (quando
será cabível agravo em execução).

Convém ressaltar que o Código de Processo Penal, especificamente no art. 648, VII, prevê a possibilidade de
impetração de habeas corpus quando incidente causa de extinção da punibilidade. Nesse sentido, a regra
deverá ser o uso do RESE, uma vez que o habeas corpus não deve ser usado como sucedâneo de recurso.

Todavia, em caso de evidente constrangimento ilegal, no qual o reconhecimento da causa extintiva de


punibilidade não reclama aprofundamento da prova, afigura-se possível – e na prática é a providência mais
comum – a adoção do habeas corpus (STJ, HC 91.115/RJ, DJ 4-8-2008).

X – Da decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus

O dispositivo refere-se à decisão do juiz de primeira instância, da qual, na hipótese de concessão, cabe
também recurso ex officio (art. 574, I, do CPP).

No caso de decisão denegatória proferida em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais
e pelos tribunais dos Estados, caberá recurso ordinário constitucional para o STJ (art. 105, II, a, da CF/88).

Se a decisão denegatória for proferida em única instância (somente em única instância) pelos tribunais
superiores, caberá recurso ordinário constitucional ao STF (art. 102, II, a, da CF/88).

XI – Da decisão que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena

No caso de a decisão encontrar-se embutida em sentença condenatória, cabe apelação, por conta do
disposto no art. 593, § 4º, do CPP. Após o trânsito em julgado da condenação, cabe agravo em execução (art.
197 da LEP). Assim, esse dispositivo tem aplicação prejudicada.

XII – Da decisão que conceder, negar ou revogar livramento condicional (REVOGADO)

Cabe agravo em execução, estando o dispositivo em questão revogado (art. 197 da LEP).

XIII – Da decisão que anular a instrução criminal no todo ou em parte

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Reconhecida essa hipótese, que é típica decisão interlocutória, cabe à parte inconformada em ter de reiniciar
a instrução ou reproduzir determinados atos, impugnar a decisão anulatória pelo recurso em sentido estrito.

Não cabe recurso em sentido estrito contra decisão indeferitória do pedido de anulação.

De outro lado, se condenado, nada impede que o interessado argua a nulidade em preliminar de eventual
recurso de apelação.

Por interpretação extensiva ao art. 581, XIII, do CPP, é cabível o recurso em sentido estrito contra decisão
que declarar ilícita a prova juntada aos autos.

XIV – Da decisão que incluir ou excluir jurado na lista geral

Tendo em vista a imparcial formação da lista de jurados, o procedimento deve ser de conhecimento geral,
publicando-se o resultado final na imprensa e afixando-se no fórum. Logo, é possível que qualquer pessoa
questione a idoneidade de um jurado, incluído na lista (art. 426, § 1º, do CPP).

Nesse caso, pode o juiz, acolhendo petição da parte interessada, excluí-lo da lista, o que dá margem ao
inconformismo daquele que foi extirpado. Por outro lado, a inclusão de alguém, impugnada e mantida pelo
magistrado, dá lugar à interposição de recurso em sentido estrito. Nesse caso, em caráter excepcional, segue
o recurso ao Presidente do Tribunal.

Excepcionalmente, em relação a essa decisão, o prazo para interpor o recurso é de 20 dias, devendo ser
dirigido ao Presidente do Tribunal de Justiça.

XV – Da decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta

No caso da apelação, o juízo de prelibação (admissibilidade) deve ser feito tanto na primeira quanto na
instância superior. Assim, o juiz a quo pode deixar de receber o apelo (o que equivale a denegá-lo), se
entender não preenchido algum pressuposto recursal objetivo ou subjetivo.

Nessa hipótese, cabe recurso em sentido estrito contra o despacho denegatório da apelação. Note-se que o
recurso não se volta contra a sentença apelada, mas exclusivamente contra o despacho que negou
seguimento à apelação.

XVI – Que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial

As questões prejudiciais estão previstas nos arts. 92 e 93 do CPP.

Questão prejudicial é aquela que deve ser decidida antes do julgamento da questão principal de forma
definitiva, no mesmo ou em outro processo com ela relacionado.

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Exemplo de prejudicialidade obrigatória: ação de anulação de casamento no crime de bigamia. Deve-se


primeiro definir a questão da anulação de um dos casamentos, para depois resolver o mérito do delito de
bigamia.

Exemplo de prejudiciais facultativas: a verificação do direito de propriedade nos crimes de furto, estelionato;
da posse, no de esbulho e invasão de domicílio etc.

Se o juiz determinar a suspensão do processo para solução da questão prejudicial, obrigatória ou facultativa,
cabe recurso em sentido estrito.

XVII – Que decidir o incidente de falsidade

O incidente de falsidade está previsto nos arts. 145 a 148 do CPP.

Prazo

O recurso em sentido se procede em dois momentos distintos, um para interposição (fundamental para
atestar a tempestividade) e outro para apresentação das razões. Ou seja, via de regra, primeiro o recorrente
interpõe o recurso, o juiz recebe e, após, determina a intimação para oferecimento das razões.

Prazo para interpor: 5 dias

Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias.

Prazo para apresentar as razões: 2 dias

Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o
escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e,
em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.

Por sem um prazo processual, você deve desprezar o dia da intimação, começar a contar o prazo no dia
seguinte (SE FOR DIA ÚTIL) e verificar se o prazo termina em dia útil, caso contrário, será prorrogado até o
primeiro dia útil que encontrar.

Exemplo:

Você foi intimado na sexta-feira, dia 20.09.2019.

Deverá desprezar a sexta-feira.

O prazo de 5 dias começaria no dia seguinte, PORÉM, como é SÁBADO, vamos buscar o primeiro dia útil
seguinte que será SEGUNDA-FEIRA.

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Pronto, achamos o dia inicial do prazo de 5 dias.

1º dia: segunda-feira

2.º dia: terça-feira

3.º dia: quarta-feira

4.º dia: quinta-feira

5.º e último dia: sexta-feira

Sexta-feira, portanto, será o último dia do prazo para interpor o RESE.

Legitimidade

O Ministério Público, o querelante (ação penal privada), a defesa, o próprio réu e, ainda, o assistente de
acusação podem interpor recurso em sentido estrito.

O assistente de acusação poderá recorrer em sentido estrito somente da decisão que “decretar a prescrição
ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade”, nos termos do art. 584, § 1º, c/c o art. 581, VIII, já que tal
decisão impede a formação de título executivo para eventual reparação do dano.

O assistente de acusação pode ser habilitado nos autos, hipótese que, nessa condição, será intimado de
todos os atos e poderá recorrer, caso não o faça o Ministério Público, no prazo de cinco dias.

No caso de assistente de acusação não habilitado, considerando que ainda não tinha tomado ciência dos
atos praticados no processo e, portanto, não foi intimado das decisões, terá o prazo de 15 dias para interpor
o recurso em sentido estrito (art. 584, § 1º, c/c o art. 598, parágrafo único, do CPP).

A contagem do prazo para o assistente de acusação interpor recurso segue a regra disposta na Súmula 448
do STF: “O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o
transcurso do prazo do Ministério Público”.

Competência para o julgamento

A interposição do recurso deve ser dirigida ao juiz de primeiro grau que proferiu a decisão, para que este
possa rever a decisão, em sede de juízo de retratação.

As razões de recurso devem ser endereçadas ao tribunal competente (Tribunal de Justiça, se da competência
da Justiça Comum Estadual; ou Tribunal Regional Federal, se da competência da Justiça Federal).

Efeito regressivo ou iterativo do RESE

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Na hipótese de manutenção da decisão recorrida, ou, ainda, se houver retratação e agora a outra parte
impugnar a nova decisão, o recurso passará a ter efeito devolutivo, devolvendo a discussão de toda a matéria
ao Tribunal Competente.

Além do efeito devolutivo, o RESE possui efeito regressivo, uma vez que a interposição do recurso obriga o
juiz que prolatou a decisão recorrida a reapreciar a questão, mantendo-a ou reformando-a, conforme dispõe
o art. 589, caput, do CPP.

No tocante ao efeito regressivo do recurso: recebendo os autos, o juiz, dentro de dois dias, reformará ou
sustentará a sua decisão, mandando instruir o recurso com as cópias que lhe parecerem necessárias. A falta
de manifestação do juiz importa em nulidade, devendo o tribunal devolver os autos para esta providência.
O juízo de retratação será sempre fundamentado. A fundamentação deficiente do juiz também obriga o
tribunal a converter o julgamento em diligência para esse fim.

Se o juiz decidir pela manutenção da decisão, remeterá os autos à instância superior; se reformá-la, o
recorrido, por simples petição, e dentro do prazo do prazo de cinco dias, poderá requerer a subida dos autos.
O recorrido deverá ser intimado, no caso de retratação do juiz.

2 - Recurso em Sentido Estrito Contra Decisão de Pronúncia

Fundamento legal do Recurso em Sentido Estrito

Se for recurso em sentido estrito contra uma decisão de pronúncia, a base legal será o art. 581, inciso IV, do
CPP.

Para entender essa questão, precisamos explicar um pouco a respeito do rito especial do Júri.

A competência do Tribunal do Júri refere-se aos crimes dolosos contra a vida, ou crimes comuns, desde que
conexos com algum crime doloso contra a vida.

121 – homicídio (incluindo a qualificadora do feminicídio)

122 – participação em suicídio

123 – infanticídio

124-126 – aborto

Exemplo de crime conexo: Carlo estupra Jeffiner, uma desconhecida. Um mês depois, descobre que Ricardo
presenciou o ato e, portanto, poderia testemunhar contra ele. Assim, mata Ricardo, como “queima de
arquivo”, ou seja, para garantir a impunidade do crime anterior.

Neste caso, temos dois crimes considerados conexos (o estupro e o homicídio).

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Assim, ambos serão processados e julgados pelo Tribunal do Júri, pois devem ser julgados conjuntamente.

O rito do júri é bifásico e o que divide as duas fases é justamente o objeto do nosso estudo no momento: a
decisão de pronúncia.

Pois bem, diz o CPP sobre a pronúncia:

Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da


materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação.

E o RESE para atacar a pronúncia assim está previsto:

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: (…) IV –
que pronunciar o réu;

Conteúdo desse recurso

O RESE admite teses preliminares e de mérito. Vamos exemplificar algumas delas para que você consiga
identificá-las diante dos testes de 1.ª fase da OAB:

A) Preliminares

Como já referido, as questões preliminares são aquelas que não observam aspectos formais de determinado
ato processual, gerando, invariavelmente, nulidade.

Aqui, por questão de organização, recomenda-se que as causas extintivas de punibilidade, notadamente
prescrição, sejam abordadas no campo destinado às preliminares.

B) Mérito

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Conforme abordado, nas peças prático-profissionais deverá ser desenvolvida uma tese que, ao final,
viabilizará o correspondente pedido. Ou seja, somente se aborda na peça aquilo que, ao final, poderá ser
objeto de pedido.

No caso do recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia, as teses de mérito guardam relação com
as hipóteses que podem ensejar decisão de: a) impronúncia (art. 414 do CPP); b) absolvição sumária (art.
415 do CPP); c) ou desclassificação (art. 419 do CPP).

Eventuais teses subsidiárias podem consistir no afastamento da qualificadora e/ou de causa de aumento de
pena.

Pedido

Quando se trata de recursos, deve-se formular pedido de REFORMA da decisão e PROVIMENTO do recurso.
Procure as alternativas que utilizem essas palavras.

A defesa deve ter formulado pedido específico para cada uma das teses apresentadas no enunciado.

No que tange ao mérito, o pedido deve guardar relação com a(s) tese(s) invocadas:

a) Impronúncia; e/ou absolvição sumária; e/ou desclassificação.

b) Impronúncia, com base no art. 414 do Código de Processo Penal; e/ou

c) Absolvição sumária, com base no art. 415 do Código de Processo Penal; e/ou

d) Desclassificação, com base no art. 419 do Código de Processo Penal.

e) Afastamento da qualificadora ou causa de aumento de pena.

3 - Razões de Recurso em Sentido Estrito

Introdução

Em todas as oportunidades em que cobrou o recurso em sentido estrito, a FGV exigiu que o candidato tivesse
conhecimento da existência da interposição e, de forma concomitante, das razões de apelação.

Nos termos do art. 586 do CPP, se você, advogado, não concordar com a decisão proferida, a parte
inconformada deverá apresentar a interposição de recurso em sentido estrito no prazo de cinco dias em
busca do juízo de retratação (art. 589 do CPP).

Após, o juiz de 1º grau fará o primeiro juízo de admissibilidade, recebendo ou não recurso em sentido estrito.

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Recebendo o recurso, o recorrente será intimado para apresentar as respectivas razões de recurso em
sentido, no prazo de dois dias.

Ou seja, poderá constar no enunciado que o juiz proferiu decisão e que a parte interpôs recurso em sentido
estrito, exigindo, após, que o candidato tenha conhecimento de que faltam apenas as razões de recurso em
sentido estrito.

E, nesse caso, deve-se assinalar a alternativa que contenha uma petição de juntada das razões do recurso
em sentido estrito.

Identificação no caso de decisão de pronúncia

O recurso em sentido estrito é interposto, sendo, na sequência, o recorrente intimado para apresentar as
respectivas razões.

Fundamento legal das razões de RESE

Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o
escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e,
em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do defensor.

Prazo

Conforme o art. 588 do CPP, o prazo para razões de recurso em sentido estrito é de dois dias. Não converta
em horas para não errar.

Por sem um prazo processual, você deve desprezar o dia da intimação, começar a contar o prazo no dia
seguinte (SE FOR DIA ÚTIL) e verificar se o prazo termina em dia útil, caso contrário, será prorrogado até o
primeiro dia útil que encontrar.

Exemplo:

Você foi intimado na sexta-feira, dia 20.09.2019.

Deverá desprezar a sexta-feira.

O prazo de 2 dias começaria no dia seguinte, PORÉM, como é SÁBADO, vamos buscar o primeiro dia útil
seguinte que será SEGUNDA-FEIRA.

Pronto, achamos o dia inicial do prazo de 2 dias.

1º dia: segunda-feira

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2.º dia: terça-feira

Terça-feira, portanto, será o último dia do prazo.

Conteúdo

Como visto, em se tratando de recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia, deve-se buscar no
enunciado informações relacionadas a preliminares e mérito, que, no caso, consiste, basicamente, em
informações que permitem desenvolver tese envolvendo impronúncia e/ou absolvição sumária e/ou
desclassificação.

As teses subsidiárias giram, basicamente, em torno do afastamento da qualificadora e/ou causa de aumento
de pena.

Pedido

Quando se trata de recursos, deve-se formular pedido de REFORMA da decisão e PROVIMENTO do recurso.

Além disso, no campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido específico para cada uma das teses
desenvolvidas ao longo da peça.

Ex.: Se sustentou alguma preliminar, nulidade, por exemplo, deve-se, ao final, formular pedido expresso no
sentido de que seja declarada a nulidade.

No que tange ao mérito, o pedido deve guardar relação com a(s) tese(s) invocadas:

a) impronúncia, com base no art. 414 do Código de Processo Penal; e/ou

b) absolvição sumária, com base no art. 415 do Código de Processo Penal; e/ou

c) desclassificação, com base no art. 419 do Código de Processo Penal;

d) afastar qualificadora e/ou causa de aumento de pena.

4 - Contrarrazões do Recurso em Sentido Estrito

Introdução

Nos termos do art. 586 do CPP, se não concordar com a decisão proferida, a parte irresignada deverá
apresentar a petição de interposição de recurso em sentido estrito no prazo de cinco dias. Após, o juízo a
quo fará o primeiro juízo de admissibilidade, recebendo ou não recurso em sentido estrito, intimando-se o
recorrente para apresentar, no prazo de dois dias, as respectivas razões de recurso em sentido estrito, se
não apresentadas simultaneamente à interposição.

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Na sequência, intima-se o recorrido para oferecer suas contrarrazões ou razões do recorrido, voltada à
manutenção da decisão recorrida.

Identificação

O recurso em sentido estrito é interposto e arrazoado pelo recorrente, sendo, na sequência, o recorrido
intimado para oferecer as contrarrazões.

Prazo

Conforme o art. 588 do CPP, o prazo para contrarrazões é de dois dias.

Por sem um prazo processual, você deve desprezar o dia da intimação, começar a contar o prazo no dia
seguinte (SE FOR DIA ÚTIL) e verificar se o prazo termina em dia útil, caso contrário, será prorrogado até o
primeiro dia útil que encontrar.

Exemplo:

Você foi intimado na sexta-feira, dia 20.09.2019.

Deverá desprezar a sexta-feira.

O prazo de 2 dias começaria no dia seguinte, PORÉM, como é SÁBADO, vamos buscar o primeiro dia útil
seguinte que será SEGUNDA-FEIRA.

Pronto, achamos o dia inicial do prazo de 2 dias.

1º dia: segunda-feira

2.º dia: terça-feira

Terça-feira, portanto, será o último dia do prazo para contrarrazoar o RESE.

Conteúdo

Deve-se buscar no enunciado informações que permitem desenvolver teses voltadas à manutenção da
decisão recorrida, bem como refutar os argumentos lançados pelo Ministério Público.

Competência

Será o juiz de direito que proferiu a decisão passível de ser atacada via RESE. Pode ser o juiz da Vara Criminal
comum ou o juiz da Vara Criminal do Júri.

Outros endereçamentos possíveis da petição de juntada de razões e contrarrazões são:

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Se a infração penal for de competência da Justiça comum estadual: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de
Direito da... Vara Criminal da Comarca de...

Se o crime for de competência da Justiça Federal: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da... Vara
Criminal da Justiça Federal da Seção Judiciária de...

(FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Adão ofereceu uma queixa-crime contra Eva por
crime de dano qualificado (art. 163, parágrafo único, IV). A queixa preenche todos os requisitos legais e
foi oferecida antes do fim do prazo decadencial. Apesar disso, há a rejeição da inicial pelo juízo
competente, que refere, equivocadamente, que a inicial é intempestiva, pois já teria transcorrido o prazo
decadencial. Nesse caso, assinale a afirmativa que indica o recurso cabível.
a) Recurso em sentido estrito.
b) Apelação.
c) Embargos infringentes.
d) Carta testemunhável.
Comentários
A decisão que não recebe a denúncia ou queixa é considerada uma decisão interlocutória mista terminativa,
sendo atacável mediante RESE (Recurso em sentido estrito), nos termos do art. 581, I do CPP. Vejamos: Art.
581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia
ou a queixa. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.
(FGV - 2019 - OAB - XXX EXAME DE ORDEM) O advogado de Josefina, ré em processo criminal, entendendo
que, entre o recebimento da denúncia e o término da instrução, ocorreu a prescrição da pretensão
punitiva estatal, apresentou requerimento, antes mesmo do oferecimento de alegações finais, de
reconhecimento da extinção da punibilidade da agente, sendo o pedido imediatamente indeferido pelo
magistrado. Intimado, caberá ao(à) advogado(a) de Josefina, discordando
da decisão, apresentar
a) recurso em sentido estrito, no prazo de 5 dias.
b) recurso de apelação, no prazo de 5 dias.
c) carta testemunhável, no prazo de 48h.

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d) reclamação constitucional, no prazo de 15 dias.


Comentários
GABARITO: A
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade;
(FGV - 2019 - OAB - XXIX EXAME DE ORDEM) Vitor foi denunciado pela prática de um crime de peculato.
O magistrado, quando da análise da inicial acusatória, decide rejeitar a denúncia em razão de ausência de
justa causa. O Ministério Público apresentou recurso em sentido estrito, sendo os autos encaminhados ao
Tribunal, de imediato, para decisão. Todavia, Vitor, em consulta ao sítio eletrônico do Tribunal de Justiça,
toma conhecimento da existência do recurso ministerial, razão pela qual procura seu advogado e
demonstra preocupação com a revisão da decisão do juiz de primeira instância. Considerando as
informações narradas, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o advogado de Vitor
deverá esclarecer que
a) o Tribunal não poderá conhecer do recurso apresentado, tendo em vista que a decisão de rejeição da
denúncia é irrecorrível.
b) o Tribunal não poderá conhecer do recurso apresentado, pois caberia recurso de apelação, e não recurso
em sentido estrito.
c) ele deveria ter sido intimado para apresentar contrarrazões, apesar de ainda não figurar como réu, mas
tão só como denunciado.
d) caso o Tribunal dê provimento ao recurso, os autos serão encaminhados para o juízo de primeira instância
para nova decisão sobre recebimento ou não da denúncia.
Comentários
GABARITO: C
Súmula 707 do STF
Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da
rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.

5 - Apelação

Conceito

É o recurso interposto da sentença definitiva ou com força de definitiva, para a segunda instância, com o fim
de que se proceda ao reexame da matéria, com a consequente modificação parcial ou total da decisão.

Recurso interposto da sentença definitiva ou com força de definitiva, para a segunda instância, com o fim de
buscar o reexame da matéria já apreciada pelo juízo a quo, com a consequente modificação total ou parcial
da decisão.

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É um recurso que, em regra, devolve o conhecimento pleno da matéria impugnada. As partes são o apelante
e o apelado.

É um recurso apresentado com duas petições: a interposição e as razões de apelação. Na prova da OAB, faça
a interposição e as razões na sequência.

Cabimento da apelação nas sentenças do juiz singular

É o recurso interposto da sentença definitiva ou com força de definitiva, para a segunda instância, com o fim
de que se proceda ao reexame da matéria, com a consequente modificação parcial ou total da decisão.

a) Das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular (art. 593, I, do CPP)

Cabe apelação nas sentenças definitivas de condenação ou absolvição. São as decisões que encerram a
relação jurídico-processual, julgando o seu mérito, quer absolvendo, quer condenando o acusado.

Com o advento da Lei n. 11.689/2008, caberá apelação contra a sentença de absolvição sumária (art. 416 do
CPP), tanto as proferidas nos processos de competência do juiz singular (art. 397 do CPP), exceto a decisão
que declara extinta a punibilidade (inciso IV do art. 397 do CPP), como as proferidas nos processos de
competência do júri, na 1ª fase do procedimento (art. 415 do CPP).

b) Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos
no capítulo anterior (art. 593, II, do CPP)

Cabe, ainda, apelação das sentenças que, julgando o mérito, põe fim à relação jurídico-processual ou ao
procedimento, sem, contudo, absolver ou condenar o acusado.

Logo, no caso, consistem na hipótese de decisões interlocutórias mistas (definitivas ou com força de
definitivas), que não integram o rol do art. 581, sendo, assim, cabível, na forma residual, portanto, o recurso
de apelação, previsto no inciso II do art. 593.

• Decisões definitivas: também denominadas terminativas de mérito, são aquelas que encerram o processo,
incidental ou principal, com julgamento do mérito, sem, no entanto, absolver ou condenar.

Ex.: procedência ou improcedência da restituição de coisa apreendida (art. 120, § 1º); decisão que autoriza
levantamento do sequestro; que concede a reabilitação.

• Decisões com força de definitivas: são aquelas decisões que encerram o processo, sem julgamento do
mérito (decisão interlocutória mista terminativa) ou uma etapa procedimental (decisão interlocutória mista
não terminativa).

Ex.: decisão de impronúncia, que é apelável (art. 416 do CPP).

Prazo

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O prazo para interposição é, em regra, cinco dias (art. 593 do CPP), a contar da intimação, sendo oito dias
para arrazoar o recurso (art. 600 do CPP).

Por sem um prazo processual, você deve desprezar o dia da intimação, começar a contar o prazo no dia
seguinte (SE FOR DIA ÚTIL) e verificar se o prazo termina em dia útil, caso contrário, será prorrogado até o
primeiro dia útil que encontrar.

Exemplo:

Você foi intimado na sexta-feira, dia 20.09.2019.

Deverá desprezar a sexta-feira.

O prazo de 5 dias começaria no dia seguinte, PORÉM, como é SÁBADO, vamos buscar o primeiro dia útil
seguinte que será SEGUNDA-FEIRA.

Pronto, achamos o dia inicial do prazo de 5 dias.

1º dia: segunda-feira

2.º dia: terça-feira

3.º dia: quarta-feira

4.º dia: quinta-feira

5.º e último dia: sexta-feira

Sexta-feira, portanto, será o último dia do prazo para interpor a Apelação.

Nos casos de intimação por carta precatória ou mandado, prevalece o disposto na Súmula 710 do STF,
segundo a qual “No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos
do mandado ou carta precatória ou ordem”.

No caso do réu, devem ser intimados ele e seu defensor, iniciando-se o prazo após a última intimação.

Para as sentenças proferidas no júri popular, o prazo começa a fluir a partir da publicação da sentença na
própria sessão de julgamento (art. 798, § 5º, b, do CPP).

Legitimidade

Podem interpor recurso de apelação o Ministério Público, o querelante (ação penal privada), o réu ou seu
defensor (art. 577 do CPP) e o assistente de acusação.

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A legitimidade do assistente de acusação está prevista no art. 598 do CPP. E este pode ser:

a) habilitado nos autos, sendo, portanto, intimado dos atos processuais, podendo, nessa condição,
interpor recurso no prazo de cinco dias.

b) não habilitado nos autos, não sendo até então, portanto, intimado dos atos processuais, razão
pela qual terá o prazo mais dilatado para interpor recurso de apelação, qual seja, 15 dias, nos termos
do art. 598, parágrafo único, do CPP.

A contagem do prazo para o assistente de acusação interpor recurso segue a regra disposta na Súmula 448
do STF: “O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o
transcurso do prazo do Ministério Público”.

Conteúdo

O recurso de apelação pode exigir do candidato desenvolver teses relacionadas a preliminares e/ou matérias
de mérito.

A) Preliminares

As questões preliminares são aquelas que não observam aspectos formais de determinado ato processual,
gerando, invariavelmente, nulidade. Aqui, por questão de organização, recomenda-se que as causas
extintivas de punibilidade, notadamente prescrição, sejam abordadas no campo destinado às preliminares.

B) Mérito

Conforme já mencionado, nas peças prático-profissionais deverão ser buscadas no enunciado teses que, ao
final, viabilizarão a formulação do correspondente pedido. Ou seja, aborda-se na peça aquilo que, ao final,
poderá ser objeto de pedido. No caso da apelação contra decisão proferida por juiz singular, as teses de
mérito guardam relação com as hipóteses que ensejam a absolvição, previstas no art. 386 do CPP.

Considerando que o pedido de absolvição deve observar um dos incisos do art. 386, a matéria de mérito
consistirá, invariavelmente, na discussão, acerca da materialidade, autoria, tipicidade, ilicitude,
culpabilidade, além de teses subsidiárias.

C) Teses subsidiárias

Além das preliminares e das questões de mérito, deve-se buscar no enunciado informações que permitam
identificar alguma tese subsidiária. As teses subsidiárias consistem, basicamente, nas hipóteses em que, uma
vez condenado, permitem ao réu ter sua situação amenizada.

Como forma de facilitar a identificação, convencionarmos considerar a ordem estabelecida no art. 59 do CP.
Trata-se de espécie de checklist.

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I) na quantidade de pena: art. 59, II: verificar o sistema trifásico (art. 68).

• buscar pena-base no mínimo legal (afastar, por exemplo, maus antecedentes);

• apontar atenuantes (previstas no art. 65 do CP); afastar agravantes (previstas nos arts. 61 e 62 do CP);

• apontar causas de diminuição de pena (ex.: tentativa – art. 14, parágrafo único, do CP);

• afastar causas de aumento de pena;

• afastar qualificadoras.

II) regime carcerário mais brando: art. 59, III, do CP.

• Verificar o art. 33 do Código Penal e art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/90 (o STF declarou inconstitucional esse
dispositivo).

III) Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos: art. 59, IV, do CP.

• Verificar o art. 44 do CP e art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 (ver Resolução n. 05 do Senado).

IV) Sursis – art. 77 do CP.

V) Desclassificação para delito mais brando.

Pedido

No campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido específico para cada uma das teses
desenvolvidas ao longo da peça.

Ex.: Se sustentou a tese da nulidade da sentença, deve-se, ao final, formular pedido expresso de que seja
declarada a nulidade da sentença.

Se desenvolveu tese acerca da prescrição, ao final deve formular pedido expresso de extinção da
punibilidade, com base no art. 107, IV, do Código Penal.

Isso vale também para as matérias de mérito e teses subsidiárias.

Ex.: Se sustentou, por exemplo, princípio da insignificância, deve-se formular pedido expresso de absolvição,
com base no art. 386, inciso III, do CPP. Se sustentou, subsidiariamente, que o réu não é reincidente, deve-
se, ao final, formular pedido expresso para afastar a reincidência, com a consequente diminuição da pena...
e assim por diante...

O pedido de absolvição tem como base uma das hipóteses do art. 386 do CPP.

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6 - Razões de Apelação

Introdução

Em todas as oportunidades em que cobrou a peça apelação, a FGV exigiu que o candidato fizesse a
interposição e, de forma concomitante, já apresentasse as razões de apelação.

Todavia, se considerado o procedimento previsto para interposição do recurso de apelação, pode-se aventar
a possibilidade de a FGV cobrar do candidato a peça razões de apelação.

Isso porque, conforme dispõe o art. 593 do CPP, se não concordar com a sentença proferida, a parte
irresignada deverá apresentar a petição de interposição da apelação no prazo de cinco dias. Após, o juízo de
1º grau, onde foi proferida a sentença, fará o primeiro juízo de admissibilidade, recebendo ou não a
apelação. Na sequência, conforme dispõe o art. 600 do CPP, se recebida a apelação, intima-se o apelante
para apresentar suas razões para reforma da decisão recorrida.

Ou seja, poderá constar no enunciado que o juiz proferiu sentença e que a parte interpôs recurso de
apelação, exigindo, após, que o candidato apresente a peça correspondente, qual seja, razões de apelação.

E, nas razões de apelação, deve-se apresentar, no caso, a petição de juntada e depois as razões de apelação
propriamente dita.

Identificação

O recurso de apelação é interposto e arrazoado pelo apelante, sendo, na sequência, o apelado intimado para
oferecer as suas razões.

Fundamento legal

Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo
de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que
o prazo será de três dias.

Prazo

Conforme o art. 600 do CPP, o prazo para razões de apelação é de oito dias.

Conteúdo

O recurso de apelação comporta teses relacionadas a preliminares e/ou matérias de mérito.

Pedido

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Nos pedidos, deve-se formular pedido específico para cada uma das teses desenvolvidas pelo advogado e
elas podem aparecer nas alternativas dos testes.

Ex.: Se sustentou a tese da nulidade da sentença, deve-se, ao final, formular pedido expresso de que seja
declarada a nulidade da sentença.

Se desenvolveu tese acerca da prescrição, ao final deve formular pedido expresso de extinção da
punibilidade, com base no art. 107, IV, do Código Penal.

Isso vale também para as matérias de mérito e teses subsidiárias.

Se sustentou, por exemplo, princípio da insignificância, deve-se formular pedido expresso de absolvição,
com base no art. 386, inciso III, do CPP. Se sustentou, subsidiariamente, que o réu não é reincidente, deve-
se, ao final, formular pedido expresso para afastar a reincidência, com a consequente diminuição da pena...e
assim por diante...

O pedido de absolvição tem como base uma das hipóteses do art. 386 do CPP.

7 - Apelação das Decisões do Júri

Identificação

Após a decisão dos jurados no Plenário do Júri, o juiz presidente passa a proferir a sentença, restringindo-
se, se for sentença condenatória, a fixar a pena.

Assim, a apelação das decisões do Júri tem cabimento contra a decisão proferida pelo juiz após o julgamento
no Plenário do Júri.

Base legal

A base legal do recurso de apelação contra decisão do Plenário do Júri guarda relação com o art. 593, inciso
III, do CPP, devendo, ainda, o recorrente mencionar a(s) alínea(s) pelo qual está recorrendo, ou seja, art.
593, III, a e/ou b e/ou c e/ou d, sem prejuízo da possibilidade de recorrer por mais de um fundamento.

Quando a parte pretender recorrer de decisão proferida no Tribunal do Júri deve apresentar logo na petição
de interposição qual o motivo que o leva a apelar, deixando expressa a alínea eleita do inciso III do art. 593
do CPP, ficando vinculado, nas razões de apelação aos argumentos relacionados ao motivo declinado na
interposição. Assim sendo, o Tribunal somente pode julgar nos limites da interposição. Nesse sentido é a
Súmula 713 do STF: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da
sua interposição”.

Hipóteses de cabimento

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I. Nulidade posterior à pronúncia

Tratando-se de nulidade anterior à pronúncia, a questão já foi analisada na própria decisão ou em recurso
contra ela interposto, operando-se, por conseguinte, a preclusão.

Lopes Júnior elenca algumas hipóteses:

• a juntada de documentos fora do prazo estipulado no art. 479;

• participação de jurado impedido;

• inversão da ordem de oitiva das testemunhas de plenário;

• produção, em plenário, de prova ilícita;

• uso injustificado de algemas durante o julgamento;

• referências, durante os debates, à decisão de pronúncia ou posteriores, que julgaram admissível a


acusação;

• referências, durante os debates, ao silêncio do acusado, em seu prejuízo;

• e, o mais recorrente: defeitos na formulação dos quesitos.

Se a nulidade ocorrer na própria sentença de pronúncia, o recurso cabível é o recurso em sentido estrito
(art. 581, inciso IV).

Na hipótese de provimento do recurso, o Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal deverá determinar
a renovação do ato viciado e, até mesmo do próprio julgamento em plenário.

II. Sentença do juiz presidente contrária à letra expressa da lei ou à decisão dos jurados

O juiz está obrigado a cumprir as decisões do Júri, não havendo supremacia do juiz togado sobre os jurados,
mas simples atribuições diversas de funções. Os jurados decidem o fato e o juiz-presidente aplica a pena, de
acordo com esta decisão, não podendo dela desgarrar-se.

Como se vê, há duas hipóteses concentradas nesse inciso: a) decisão contra lei expressa; b) decisão de forma
contrária à decisão dos jurados.

Alguns exemplos de decisão contrária à lei expressam:

a) a sentença substitui a pena aplicada pelo homicídio doloso por prestação de serviços à comunidade
em desacordo com os limites do art. 44 do CP;

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b) fixar o regime fechado para o réu primário condenado a uma pena inferior a 8 anos;

c) decidir sobre o crime conexo sem submetê-lo a julgamento pelo júri.

Alguns exemplos de sentença contrária à decisão dos jurados:

a) os jurados absolvem o réu e o juiz profere uma sentença condenatória, fixando a pena, e vice-
versa;

b) o júri condena por homicídio qualificado e o juiz realiza a dosimetria considerando a pena do
homicídio simples;

c) o júri reconhece o privilégio e o juiz não faz a respectiva redução da pena;

d) os jurados acolhem a tese defensiva de desclassificação de homicídio doloso para culposo e o juiz
condena o réu por homicídio doloso;

e) os jurados acolhem a tese de crime tentado, e o juiz profere sentença condenatória por crime
consumado etc.

Se der provimento ao recurso de apelação interposto com base nesta alínea, o Tribunal ad quem procederá
à retificação da sentença, sem necessidade de renovação do julgamento em plenário do Júri (art. 593, § 1º,
do CPP).

III. Quando houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança

É outra hipótese que diz respeito, exclusivamente, à atuação do juiz presidente, não importando em ofensa
à soberania do veredicto popular. Logo, o Tribunal pode corrigir a distorção diretamente.

A aplicação de penas muito acima do mínimo legal para réus primários, ou excessivamente brandas para
reincidentes, por exemplo, sem ter havendo fundamento razoável, ou medidas de segurança incompatíveis
com a doença mental apresentada pelo réu podem ser alteradas pela Instância superior.

Se der provimento à apelação interposta com base na alínea c, o Tribunal retificará a aplicação da pena ou
da medida de segurança, sem necessidade de renovação do julgamento pelo Júri.

Obs.: Qualificadoras: encontra-se pacificado o entendimento no sentido de que a discussão envolvendo o


reconhecimento ou afastamento da qualificadora deve ser abordada com base na alínea d do inciso III do
art. 593. Isso significa que, se der provimento ao recurso de apelação, o réu será submetido a novo
julgamento pelo Tribunal do Júri.

Em síntese, a interposição do recurso de apelação visando ao afastamento da qualificadora deve ser com
base no art. 593, inciso III, alínea d, do CPP.

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IV. Quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos

Contrária à prova dos autos é a decisão que não encontra respaldo em nenhum elemento de convicção
colhido sob o crivo do contraditório. Não é o caso de condenação que apoia em versão mais fraca.

Só cabe apelação com base nesse fundamento uma única vez. Não importa qual das partes tenha apelado,
é uma vez para qualquer das duas.

Conforme o art. 593, § 3º, do CPP, se a apelação se fundar no inciso III, d, e o tribunal ad quem se convencer
de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para
sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.

8 - Contrarrazões de Apelação

Introdução

Nos termos do art. 593 do CPP, se não concordar com a sentença proferida, a parte irresignada deverá
apresentar a petição de interposição da apelação no prazo de cinco dias. Após, o juízo de 1º grau, em que
foi proferida a sentença, fará o primeiro juízo de admissibilidade, recebendo ou não a apelação. Na
sequência, conforme dispõe o art. 600 do CPP, se recebida a apelação, intima-se o apelante para apresentar
suas RAZÕES PARA REFORMA da decisão recorrida e, após, o apelado para oferecer suas CONTRARRAZÕES
ou RAZÕES DO APELADO.

Prazo

Conforme o art. 600 do CPP, o prazo para contrarrazões é de oito dias.

Conteúdo

Deve-se buscar no enunciado informações que permitem desenvolver teses voltadas à manutenção da
decisão recorrida, bem como refutar os argumentos lançados pela acusação.

Competência

Deve ser encaminhada ao Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca respectiva.

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(FGV - 2019 - OAB - XXX EXAME DE ORDEM) Fred foi denunciado e condenado, em primeira instância, pela
prática de crime de corrupção ativa, sendo ele e seu advogado intimados do teor da sentença no dia 05
de junho de 2018, terça-feira. A juntada do mandado de intimação do réu ao processo, todavia, somente
ocorreu em 11 de junho de 2018, segunda-feira. Considerando as informações narradas, o prazo para
interposição de recurso de apelação pelo advogado de Fred, de acordo com a jurisprudência dos Tribunais
Superiores, será iniciado
a) no dia seguinte à juntada do mandado de intimação (12/06/18), devendo a data final do prazo ser
prorrogada para o primeiro dia útil seguinte, caso se encerre no final de semana.
b) no dia da juntada do mandado de intimação (11/06/18), devendo ser cumprido até o final do prazo de 05
dias previsto em lei, ainda que este ocorra no final de semana.
c) no dia da intimação (05/06/18), independentemente da data da juntada do mandado, devendo ser
cumprido até o final do prazo de 05 dias previsto em lei, ainda que este ocorra no final de semana.
d) no dia seguinte à intimação (06/06/18), independentemente da data da juntada do mandado, devendo a
data final do prazo ser prorrogada para o primeiro dia útil seguinte, caso se encerre no final de semana.
Comentários
GABARITO: D
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo
por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.
(...)
§ 5º Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte;
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.
(FGV - 2020 - OAB - XXXI EXAME DE ORDEM) Ricardo foi pronunciado pela suposta prática do crime de
homicídio qualificado. No dia anterior à sessão plenária do Tribunal do Júri, o defensor público que assistia
Ricardo até aquele momento acostou ao processo a folha de antecedentes criminais da vítima, matérias
jornalísticas e fotografias que poderiam ser favoráveis à defesa do acusado. O Ministério Público, em
sessão plenária, foi surpreendido por aquele material do qual não tinha tido ciência, mas o juiz presidente

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manteve o julgamento para a data agendada e, após o defensor público mencionar a documentação
acostada, Ricardo foi absolvido pelos jurados, em 23/10/2018 (terça-feira). No dia 29/10/2018, o
Ministério Público apresentou recurso de apelação, acompanhado das razões recursais, requerendo a
realização de novo júri, pois a decisão dos jurados havia sido manifestamente contrária à prova dos autos.
O Tribunal de Justiça conheceu do recurso interposto e anulou o julgamento realizado, determinando nova
sessão plenária, sob o fundamento de que a defesa se utilizou em plenário de documentos acostados fora
do prazo permitido pela lei. A família de Ricardo procura você, como advogado(a), para patrocinar os
interesses do réu. Considerando as informações narradas, você, como advogado(a) de Ricardo, deverá
questionar a decisão do Tribunal, sob o fundamento de que
a) respeitando-se o princípio da amplitude de defesa, não existe vedação legal na juntada e utilização em
plenário de documentação pela defesa no prazo mencionado.
b) diante da nulidade reconhecida, caberia ao Tribunal de Justiça realizar, diretamente, novo julgamento, e
não submeter o réu a novo julgamento pelo Tribunal do Júri.
c) não poderia o Tribunal anular o julgamento com base em nulidade não arguida, mas tão só reconhecer,
se fosse o caso, que a decisão dos jurados era manifestamente contrária à prova dos autos.
d) o recurso foi apresentado de maneira intempestiva, de modo que sequer deveria ter sido conhecido.
Comentários
GABARITO: C
Súmula 160
É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação,
ressalvados os casos de recurso de ofício.
(FGV - 2020 - OAB - XXXI EXAME DE ORDEM) Mariana foi vítima de um crime de apropriação indébita
consumado, que teria sido praticado por Paloma. Ao tomar conhecimento de que Paloma teria sido
denunciada pelo crime mencionado, inclusive sendo apresentado pelo Ministério Público o valor do
prejuízo sofrido pela vítima e o requerimento de reparação do dano, Mariana passou a acompanhar o
andamento processual, sem, porém, habilitar-se como assistente de acusação. No momento em que
constatou que os autos estariam conclusos para sentença, Mariana procurou seu advogado para adoção
das medidas cabíveis, esclarecendo o temor de ver a ré absolvida e não ter seu prejuízo reparado. O
advogado de Mariana deverá informar à sua cliente que
a) não poderá ser fixado pelo juiz valor mínimo a título de indenização, mas, em caso de sentença
condenatória, poderá esta ser executada, por meio de ação civil ex delicto, por Mariana ou seu
representante legal.
b) poderá ser apresentado recurso de apelação, diante de eventual sentença absolutória e omissão do
Ministério Público, por parte de Mariana, por meio de seu patrono, ainda que não esteja, no momento da
sentença, habilitada como assistente de acusação.
c) poderá ser fixado pelo juiz valor a título de indenização em caso de sentença condenatória, não podendo
a ofendida, porém, nesta hipótese, buscar a apuração do dano efetivamente sofrido perante o juízo cível.

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d) não poderá ser buscada reparação cível diante de eventual sentença absolutória, com trânsito em julgado,
que reconheça não existir prova suficiente para condenação.
Comentários
GABARITO: B
Trata-se da hipótese de apelação supletiva, explicada em aula.
Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for
interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas
no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá,
porém, efeito suspensivo.
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá do dia em que
terminar o do Ministério Público.

9 - Embargos Infringente e de Nulidade

Conceito

Trata-se de recurso privativo da defesa, voltado a garantir uma segunda análise da matéria decidida pelo
Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, por ter havido maioria de votos e não unanimidade,
ampliando-se o quórum do julgamento.

Assim, o recurso obriga que órgão do Tribunal seja chamado a decidir por completo e não apenas com os
votos dos Desembargadores que participaram do julgamento da apelação, recurso em sentido estrito e
agravo em execução.

Em determinados Tribunais de Justiça, por exemplo, as Câmaras são compostas por cinco Desembargadores,
participando da turma julgadora apenas três deles. Dessa forma, caso a decisão proferida contra os
interesses do réu constituir-se de maioria (dois a um) de votos, cabe a interposição de embargos
infringentes, chamando-se os demais desembargadores a participarem do julgamento da matéria
divergente.

Tecnicamente, o recurso de embargos infringentes guarda relação com a hipótese em que o acórdão
embargado tenha apresentado divergência em matéria de mérito, atribuindo-se a nomenclatura embargos
de nulidade à impugnação de acórdãos divergentes em matéria de nulidade processual.

Fundamento legal

Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça,
câmaras ou turmas criminais, de acordo com a competência estabelecida nas leis de
organização judiciária.

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Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável
ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro
de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo
for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de divergência.

Legitimidade para interposição de embargos infringentes e de nulidade

Dispondo a lei que os embargos infringentes ou de nulidade só podem ser apresentados pela defesa, não é
cabível tal recurso da acusação ou da assistência.

Cabimento dos embargos infringentes e de nulidade

Considerando que a previsão legal desses embargos se encontra no Capítulo V do Título II do Código de
Processo Penal, que trata “do processo e do julgamento dos recursos em sentido estrito e das apelações”,
os embargos infringentes e de nulidade referem-se apenas ao recurso em sentido estrito e à apelação e,
segundo a jurisprudência majoritária, em agravo em execução, já que segue o processamento do recurso
em sentido estrito.

É pacífico na doutrina e na jurisprudência que não é cabível em revisão criminal e em habeas corpus.

Não cabe recurso de embargos infringentes nos julgamentos realizados pelas turmas recursais, porque esse
órgão colegiado não possui natureza de tribunal, já que composto por três juízes de primeiro grau.

Também não cabem embargos infringentes contra acórdãos de 1º grau, ou seja, aqueles proferidos no
julgamento de crimes de sua competência originária (nos casos de foro com prerrogativa de função). Isso
porque o próprio art. 609, parágrafo único, do CPP, faz expressa alusão às decisões de segunda instância.

Assim, no caso, por exemplo, de determinado prefeito, no exercício do mandato, ser julgado e condenado
pelo Tribunal de Justiça por maioria dos votos, não poderão ser opostos embargos infringentes, cabendo
somente recurso especial e/ou extraordinário, conforme o caso.

Prazo

O prazo para a oposição dos embargos infringentes é de dez dias, a contar da publicação do acórdão, sendo
desnecessária a intimação pessoal do réu e de seu defensor, salvo, no caso deste último, quando se tratar
de defensoria pública. A intimação do MP também é pessoal.

Por ocasião da interposição, deve o recurso ser devidamente instruído com as razões, pois não será aberta
vista para essa finalidade.

Forma e competência para o julgamento

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Os embargos infringentes somente poderão ser opostos por petição, sendo inadmissível por termo nos
autos, já que as razões devem acompanhar a peça de interposição no momento do protocolo do recurso.

A petição de interposição deve ser endereçada ao desembargador-relator do acórdão embargado, enquanto


as razões devem ser dirigidas ao respectivo órgão julgador.

A competência para o julgamento nos Tribunais de Justiça Estaduais depende do Código de Organização
Judiciária de cada Estado. Por isso, sugere-se que as razões sejam endereçadas ao Tribunal de Justiça. Em
sede de Tribunal Regional Federal, o julgamento dos embargos infringentes opostos contra decisão das
turmas incumbe, normalmente, às seções criminais.

Em determinados Tribunais de Justiça, por exemplo, as Câmaras são compostas de cinco desembargadores,
participando da turma julgadora apenas três deles. Dessa forma, caso a decisão proferida contra os
interesses do réu constituir-se de maioria (dois a um) de votos, cabe a interposição de embargos
infringentes, chamando-se os demais desembargadores a participarem do julgamento da matéria
divergente.

Interpostos os embargos, colhe-se a manifestação do querelante ou do assistente da acusação, se houver,


pelo prazo de dez dias. Em seguida, obtém-se o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, por igual prazo.

No Tribunal de Justiça paulista, se a decisão provier de uma das Câmaras, o órgão competente para julgar
os embargos, por força do Assento n. 307/92 do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, é a própria Câmara
que proferiu o julgamento (art. 21, I, do Regimento Interno do Tribunal de Justiça). É bom lembrar que a
Câmara é composta de cinco desembargadores, mas só participam três do julgamento que foi embargado.

(FGV - 2019 - OAB - XXXVIII EXAME DE ORDEM) Miguel foi denunciado pela prática de um crime de
extorsão majorada pelo emprego de arma e concurso de agentes, sendo a pretensão punitiva do Estado
julgada inteiramente procedente e aplicada sanção penal, em primeira instância, de 05 anos e 06 meses
de reclusão e 14 dias multa.
A defesa técnica de Miguel apresentou recurso alegando:
(i) preliminar de nulidade em razão de violação ao princípio da correlação entre acusação e sentença;
(ii) insuficiência probatória, já que as declarações da vítima, que não presta compromisso legal de dizer a
verdade, não poderiam ser consideradas;

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(iii) que deveria ser afastada a causa de aumento do emprego de arma, uma vez que o instrumento utilizado
era um simulacro de arma de fogo, conforme laudo acostado aos autos.
A sentença foi integralmente mantida. Todos os desembargadores que participaram do julgamento votaram
pelo não acolhimento da preliminar e pela manutenção da condenação. Houve voto vencido de um
desembargador, que afastava apenas a causa de aumento do emprego de arma.
Intimado do teor do acórdão, o(a) advogado(a) de Miguel deverá interpor
a) embargos infringentes e de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar, sua absolvição e o
afastamento da causa de aumento de pena reconhecida.
b) embargos infringentes e de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar e o afastamento da causa de
aumento do emprego de arma, apenas.
c) embargos de nulidade, buscando o acolhimento da preliminar, apenas.
d) embargos infringentes, buscando o afastamento da causa de aumento do emprego de arma, apenas.
Comentários
RESPOSTA D.
Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou turmas
criminais, de acordo com a competência estabelecida nas leis de organização judiciária. (Redação dada pela
Lei nº 1.720-B, de 3.11.1952)
Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-
se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da
publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à
matéria objeto de divergência. (Incluído pela Lei nº 1.720-B, de 3.11.1952)

10 - Embargos de Declaração

Conceito

Trata-se de recurso posto à disposição de qualquer das partes, voltado ao esclarecimento de dúvidas
surgidas no acórdão, quando configurada ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão, permitindo,
então, o efetivo conhecimento do teor do julgado, facilitando a sua aplicação e proporcionando, quando for
o caso, a interposição de recurso especial ou extraordinário.

a) Ambiguidade: é o estado daquilo que possui duplo sentido, gerando equivocidade e incerteza, capaz de
comprometer a segurança do afirmado. Assim, no julgado, significa a utilização, pelo magistrado, de termos
com duplo sentido, que ora apresentam uma determinada orientação, ora seguem em caminho oposto,
fazendo com o leitor, seja ele leigo ou não, termine não entendendo qual o seu real conteúdo.

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b) Obscuridade: é o estado daquilo que é difícil de entender, gerando confusão e ininteligência, no receptor
da mensagem. No julgado, evidencia a utilização de frases e termos complexos e desconexos,
impossibilitando ao leitor da decisão, leigo ou não, captar-lhe o sentido e o conteúdo.

c) Contradição: trata-se de uma incoerência entre uma afirmação anterior e outra posterior, referentes ao
mesmo tema e no mesmo contexto, gerando a impossibilidade de compreensão do julgado.

d) Omissão: é a lacuna ou o esquecimento. No julgado, traduz-se pela falta de abordagem do magistrado


acerca de alguma alegação ou requerimento formulado, expressamente, pela parte interessada, merecedor
de apreciação.

É importante o embargante indicar o ponto exato da decisão que contém vício a ser sanado.

Não há manifestação da parte contrária (inaudita altera parte). Como a ideia é simplesmente buscar corrigir
a decisão, e não alterá-la, é desnecessário ouvir a parte contrária.

Podem ser interpostos tanto pela acusação (incluindo o assistente da acusação) quanto pela defesa.

Fundamento legal

Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare
a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.

Prazo

Os embargos devem ser interpostos no prazo de dois dias perante o próprio juiz prolator da sentença (art.
382 do CPP), ou, no caso dos tribunais (art. 619 do CPP), endereçados ao próprio relator do acórdão
embargado.

No procedimento do Juizado Especial Criminal, o prazo para oposição dos embargos de declaração é de cinco
dias, nos termos do art. 83, § 1º, da Lei n. 9.099/95.

Efeito interruptivo

Por analogia ao disposto no art. 1.026 do novo CPC, os embargos de declaração possuem o efeito de
interromper o prazo para interposição de recurso.

Com a nova redação do art. 83, § 2º, da Lei n. 9.099/95, dada pelo novo Código de Processo Civil (Lei n.
13.105/2015), os embargos de declaração no âmbito do Juizado Especial Criminal passaram também a ter
efeito interruptivo.

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11 - Carta Testemunhável

Conceito

É o recurso que tem por fim provocar o reexame da decisão que denegar ou impedir o seguimento de recurso
em sentido estrito e do agravo em execução.

Fundamento legal

O recurso da carta testemunhável está nos artigos 639 a 646 do Código de Processo Penal.

Prazo

A carta testemunhável deve ser requerida dentro de 48 horas, após a ciência do despacho que denegar o
recurso ou da decisão que obstar o seu seguimento (art. 640). Não constando, no ato de intimação, o horário
que foi realizada, deve-se considerar o prazo de dois dias.

Cabimento

A carta testemunhável é recurso de caráter residual ou subsidiário, sendo cabível, portanto, somente
quando não houver previsão de outro recurso específico.

Assim, por exemplo, com relação ao não recebimento da apelação, cabe recurso em sentido estrito (art. 581,
XV, do CPP), não sendo cabível, nesse caso, carta testemunhável.

A carta testemunhável tem cabimento nas seguintes hipóteses:

• não recebimento ou negativa de seguimento ao recurso em sentido estrito;


• não recebimento ou negativa de seguimento ao agravo em execução.

Processamento

A carta testemunhável deve ser requerida dentro de 48 horas, após a ciência do despacho que denegar o
recurso ou da decisão que obstar o seu seguimento (art. 640). Não constando, no ato de intimação, o horário
que em foi realizada, deve-se considerar o prazo de dois dias.

O art. 641 faz referência ao prazo de 60 dias quando se tratar de recurso extraordinário. Todavia, encontra-
se revogado nesta parte, visto que do indeferimento desse recurso cabe agravo.

O escrivão-chefe, em cinco dias (no máximo), fará a entrega da carta testemunhável devidamente no
tribunal, com as peças indicadas. O que acontece se o escrivão não cumprir essas determinações legais? Ele
será suspenso por 30 dias.

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Formado o instrumento, o recorrente será intimado para oferecer as suas razões em dois dias e, em seguida,
será intimado o recorrido para, em dois dias, oferecer suas contrarrazões.

O juiz que denegou o recurso pode se retratar e dar seguimento ao recurso. Ou seja, a carta testemunhável
admite o juízo de retratação.

Conforme o art. 643 do CPP, a carta testemunhável segue o processamento do recurso em sentido estrito.
Diante disso, o prazo para o oferecimento das razões da carta testemunhável é de dois dias. Além disso,
deve-se requerer o juízo de retratação por parte do juiz que denegou o recurso.

Na instância superior, o recurso seguirá o rito do recurso denegado. O tribunal mandará processar o recurso,
ou, se a carta estiver suficientemente instruída, julgará diretamente o recurso.

Possibilidade de analisar o mérito do recurso denegado

Nos termos do art. 644 do CPP, há possibilidade de uma vez sendo conhecida a carta testemunhável e a ela
seja dado provimento, poderá o tribunal, se a carta estiver suficientemente instruída, decidir a própria
matéria que gerou a interposição do recurso denegado/não recebido.

Em outras palavras, uma vez denegado seguimento ao recurso em sentido estrito, interpõe-se o recurso
carta testemunhável, buscando junto ao tribunal seja dado seguimento ao recurso em sentido estrito e, se
suficientemente instruído o recurso (enunciado informando, por exemplo, que a carta testemunhável foi
instruída com a cópia integral do processo), o tribunal poderá julgar o próprio mérito do recurso denegado
(mérito do recurso em sentido estrito, por exemplo).

Ou seja, além de dar provimento à carta testemunhável para o fim de receber o recurso em sentido estrito,
o tribunal poderá julgar o próprio mérito desse recurso denegado, dando provimento para, por exemplo,
impronunciar, absolver sumariamente ou desclassificar o delito para outro não doloso contra vida.

12 - Recurso Especial

Fundamento legal após o CPC de 2015

Com a vigência do novo CPC, os arts. 26 a 29 da Lei n. 8.038/90, que disciplinam o processamento do recurso
especial e extraordinário, foram revogados, passando a ser conduzida a matéria no contexto do novo CPC,
especificamente nos arts. 1.029 a 1.041.

Conceito

Conceitua-se o recurso especial como o recurso destinado a devolver ao Superior Tribunal de Justiça a
competência para conhecer e julgar questão federal de natureza infraconstitucional, suscitada e decidida
perante os Tribunais Federais e pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal.

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Daí o enunciado corrente na doutrina de que o recurso especial, a exemplo do recurso extraordinário, não
devolve ao STJ o conhecimento de questões de fato, mas tão só de direito. Perfeita adequação possui, nessa
sede, o enunciado da Súmula 279 do STF: “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário”.

Sua finalidade não é corrigir injustiças nas decisões, mesmo porque não analisa matéria fática, mas fiscalizar
a correta interpretação e aplicação de leis federais.

Decisão proferida pelos Tribunais Regionais Federais e pelos Tribunais de Justiça dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios, em única ou última instância, ou em sede de revisão criminal (art. 105, III, da CF).

A questão deve ter sido prequestionada na instância inferior (Súmula 282 do STF).

Não deve haver a pretensão de se obter reexame de prova (Súmula 7 do STF).

As súmulas do STJ ganharam muita importância, quando o assunto é o conhecimento e provimento do


recurso especial. Se o recurso estiver em confronto com matéria sumulada pelo STJ, ser-lhe-á negado
seguimento; se o acórdão contrariar súmula do STJ, o REsp será provido.

Enquanto couber algum recurso, não cabe recurso especial. Esse pressupõe o exaurimento das vias recursais.
Essa regra inclui, também, os embargos infringentes.

Cabimento

Conforme dispõe o art. 105, III, da Constituição da República, o recurso especial será cabível contra as causas
decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e
do Distrito Federal.

1. Decisão que contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência

Decisão contrária é aquela que viola a lei federal, enquanto a que nega vigência é a que deixa de aplicar a lei
federal ou aplica outra norma. Entende-se por lei federal aquela emanada do Congresso Nacional (art. 22 da
CF/88). Assim, não cabe recurso especial contra decisões que tenham violado resoluções administrativas,
portarias, resoluções, ainda que editadas por órgãos federais.

Também não cabe recurso especial quando a norma violada decorrer do legislativo estadual ou municipal.

Ex.: Se o acórdão do Tribunal de Justiça considerar válida a perícia realizada por apenas um perito não oficial
em processo por crime de lesões corporais graves, estará contrariando o disposto no art. 159, § 1º, do CPP.

2. Decisão que julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal

Há, nessa hipótese, um conflito entre uma lei federal e um ato editado por autoridade municipal ou estadual.
Trata-se de hipótese rara no âmbito penal, uma vez que compete à União legislar sobre direito penal e
processual penal.

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Se o Governo do Estado editar um decreto ou portaria criando novo regulamento em detrimento a lei
federal, para crimes praticados em seu território, estará dando margem para o recurso especial.

Vamos explicar com mais detalhes e um bom exemplo: imagine que o Governo do Estado de São Paulo
especifique que o condutor do veículo que causar lesão em pedestre estando 40km/h acima do limite
permitido terá, necessariamente, inquérito policial. Essa portaria do governo entra em vigor e o Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo decide a favor da Portaria, em detrimento do Código de Trânsito Brasileiro,
que define, para essa situação, uma velocidade superior a 50km/h (art. 291, § 1º, III, do Código de Trânsito
Brasileiro – Lei 9.503/97). Nessa hipótese, teremos decisão (acórdão do Tribunal de Justiça) que julgar válido
ato de governo local (Portaria dos 40km/h) contestado em face de lei federal (CTB).

3. Decisão que der à lei federal interpretação divergente da que lhe tenha atribuído outro tribunal

Trata-se da hipótese de recurso especial fundado na divergência jurisprudencial entre tribunais diversos.
Não cabe recurso especial se a divergência ocorrer entre órgãos do mesmo tribunal, conforme a Súmula 13
do STJ: “A divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja recurso especial”.

Nos termos da Súmula 83 do STJ, também não cabe recurso especial com base no dissídio jurisprudencial
se, apesar da divergência na interpretação da lei federal por tribunais diferentes, já tiver o Superior Tribunal
de Justiça se firmado no sentido da decisão recorrida, ainda que não haja súmula a respeito.

Prazo, interposição e processamento

O prazo para a interposição é de 15 dias, a partir da publicação do acórdão, salvo com relação ao Ministério
Público.

A petição, que deve ser dirigida ao presidente do tribunal que proferiu a decisão recorrida, deve ser
fundamentada e conter a exposição do fato e do direito, a demonstração do cabimento do recurso e as
razões do pedido de reforma da decisão. Simultaneamente com a petição de interposição, apresentam-se
as razões, que devem ser dirigidas ao Superior Tribunal de Justiça.

Recebida a petição pela Secretaria do Tribunal, o recorrido será intimado para apresentar as contrarrazões
no prazo de 15 dias, nos termos do art. 1.030 do novo CPC.

Com as contrarrazões, os autos serão conclusos ao presidente do tribunal a quo para a realização do juízo
de admissibilidade (juízo de prelibação), destinado à verificação do cabimento do recurso, que deverá ser
feito dentro do prazo de cinco dias. No juízo de prelibação, o julgador deve conhecer todos os fundamentos
do recurso, sendo que a admissão por apenas um deles não prejudica o seu conhecimento por qualquer
outros (Súmula 292 do STF).

Prequestionamento

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O prequestionamento também é requisito de admissibilidade do recurso especial, ou seja, é indispensável


que o acórdão recorrido tenha apreciado a questão que constitui objeto do recurso.

Se o Tribunal que proferiu a decisão recorrida se omitiu na apreciação da matéria, cabe à parte interessada
opor embargos de declaração sob pena de não conhecimento do recurso especial (Súmula 211 do STJ).

É inadmissível recurso especial quando faltar o requisito do prequestionamento da questão federal


suscitada. O STJ não pode decidir matéria não analisada no Tribunal a quo, sob pena de supressão de
instância. O enunciado deve afirmar que a matéria já foi prequestionada. Se o problema silenciar em relação
ao prequestionamento, e for caso de recurso especial, escreva na sua peça: “a matéria foi devidamente
prequestionada em embargos de declaração opostos com essa finalidade”.

Acerca do prequestionamento, afigura-se interessante o disposto no art. 1.025 do novo CPC, segundo o qual
se consideram incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de
prequestionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal
superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

Como identificar que o problema quer o RExt como resposta?

O candidato deve buscar as hipóteses de cabimento do REsp nos incisos do art. 105 da Constituição da
República.

O problema deve informar que estão esgotadas as vias ordinárias de recurso (ou seja, não cabe mais recurso)
e apresentar uma situação em que:

decisão recorrida que contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

decisão que julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal (veja nova redação do art.
105, III, b, determinada pela EC n. 45/2004);

decisão que der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

A divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja recurso especial [Súmula 13 do STJ]. Ou seja, se
a 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo adotar posição diversa da 1ª Câmara
Criminal do mesmo Tribunal, dessa divergência interna, no mesmo Tribunal, não cabe recurso especial.

Súmulas do Superior Tribunal de Justiça sobre recurso especial

Súmula 7. A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.


Súmula 13. A divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja recurso especial.

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Súmula 83. Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do
Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida.
Súmula 98. Embargos de declaração manifestados com notório propósito de
prequestionamento não têm caráter protelatório.
Súmula 203. Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau
dos Juizados Especiais.
Súmula 267. A interposição de recurso, sem efeito suspensivo, [...] não obsta a expedição
de mandado de prisão.
Súmula 315. Não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de instrumento
que não admite recurso especial.
Súmula 316. Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravo regimental,
decide recurso especial.

13 - Recurso Extraordinário

Fundamento legal após o CPC de 2015

Com a vigência do CPC/2015, os arts. 26 a 29 da Lei n. 8.038/90, que disciplinavam o processamento do


recurso especial e extraordinário, foram revogados, passando a ser conduzida a matéria no contexto do CPC,
especificamente nos arts. 1.029 a 1.041.

Conceito

Trata-se de recurso destinado a impugnar qualquer decisão proferida em única ou última instância que
afronte a Constituição da República. Em outras palavras, é aquele interposto perante o STF das decisões
judiciais em que não mais caiba outro recurso.

Entende-se por decisão final, para fins aqui propostos, aquela proferida após esgotadas, por quem a
impugna, todas as vias recursais ordinárias. Dessa forma, não se conhece de recurso extraordinário contra
acórdão em recurso de apelação do qual ainda caibam embargos de declaração ou embargos infringentes.

Este o teor da Súmula 281 do STF: “É inadmissível o recurso extraordinário quando couber, na justiça de
origem, recurso ordinário da decisão impugnada”.

Na medida em que o art. 102, III, da CF dispõe seu cabimento apenas em relação às causas decididas em
única ou última instância, não fazendo menção à origem do julgado, revela-se adequado esse recurso para
impugnar qualquer acórdão, não apenas aqueles oriundos dos Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais
Federais, como também os provenientes de Turmas Recursais dos Juizados Especiais Criminais.

Cabimento/conteúdo

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Para que o recurso extraordinário possa ser conhecido pelo STF, é preciso que a causa decidida em única ou
última instância suscite questão federal de natureza constitucional. A própria CF, no art. 102, III, cuida de
arrolar as questões que ensejam o julgamento do recurso em tela. São as chamadas hipóteses de cabimento
do recurso extraordinário, que, para fins de OAB, merecem destaque as hipóteses das alíneas a e b do art.
102, III, da CF/88:

a) Contrariar dispositivo desta Constituição

A decisão de instância inferior contraria dispositivo constitucional sempre que afrontar regra ou princípio,
implícito ou explícito, de natureza constitucional.

Exemplos de violação direta à CF: acórdão de Tribunal que afirma competência da Justiça Estadual para
julgamento de crime da competência da Justiça Federal, violando, assim, o disposto no art. 109, IV, da CF/88.

b) Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal

É preciso, portanto, que a decisão recorrida de extraordinário expressamente os afirme incompatíveis com
a Constituição.

Qualquer juiz ou tribunal tem competência para exercer o controle incidental de constitucionalidade (ou
difuso), afastando a incidência de leis ou atos normativos sob o fundamento de que violam dispositivo,
princípio ou garantia constitucional.

Prazo e interposição

O prazo para a interposição é de 15 dias, a partir da publicação do acórdão, salvo com relação ao MP.

Recebida a petição pela Secretaria do Tribunal, o recorrido será intimado para apresentar as contrarrazões
no prazo de 15 dias.

Com as contrarrazões, os autos serão conclusos ao presidente do tribunal a quo para a realização do juízo
de admissibilidade (juízo de prelibação), destinado à verificação do cabimento do recurso, que deverá ser
feito dentro do prazo de cinco dias. No juízo de prelibação, o julgador deve conhecer todos os fundamentos
do recurso, sendo que a admissão por apenas m deles não prejudica o seu conhecimento por qualquer
outros (Súmula 292 do STF).

Prequestionamento

Pressuposto específico jurisprudencial, que, em verdade, deflui do acima analisado. A ele respeitam as
Súmulas 282 e 356, ambas do STF.

Pelo prequestionamento, como requisito de admissibilidade do recurso extraordinário, entende-se que não
pode ser objeto desta questão que não haja sido expressamente conhecida e decidida pela instância inferior.

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Em outras palavras, que não tenha sido apreciada pela decisão impugnada de extraordinário. A exigência
tem por finalidade preservar a higidez do princípio constitucional implícito do duplo grau de jurisdição e dos
princípios do contraditório e da ampla defesa, expressos no art. 5º, LV, da CF.

Se, por exemplo, o apelante, ao oferecer suas razões, solicitou do Tribunal o pronunciamento sobre
determinada questão federal constitucional e o acórdão a omitiu, é necessário, para que se possa interpor
recurso extraordinário, que o sucumbente oponha embargos de declaração, a fim de alcançar o
prequestionamento. Esse é o conteúdo da Súmula 356 do STF.

Repercussão geral das questões constitucionais

Como repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, deve-se entender somente aquelas
que transcendam os interesses meramente particulares e individuais em discussão na causa, e afetem um
grande número de pessoas, surtindo efeitos sobre o panorama político, jurídico e social da coletividade.

Trata-se de um requisito de admissibilidade previsto no art. 102, § 3º, da Constituição da República, quando
prevê que o “recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no
caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-
lo pela manifestação de dois terços de seus membros”.

Outras súmulas do STF sobre recurso extraordinário

Súmula 279. Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.
Súmula 284. É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua
fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia.
Súmula 356. O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos
declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do
prequestionamento.
Súmula 735. Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.

14 - Recurso Ordinário Constitucional

Conceito

Trata-se de recurso destinado a impugnar decisão denegatória de mandado de segurança, mandado de


injunção, habeas data e habeas corpus, decididos em única ou última instância, interpostos no STJ ou STF,
conforme a matéria e o tribunal que profere a decisão recorrida.

Em outras palavras, a interposição do recurso ordinário, diferentemente das instâncias extraordinária e


especial, devolve ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça o reexame de todas as

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matérias decididas pelo tribunal recorrido, de fato ou de direito, respeitada a limitação feita pela parte. Esse
recurso ostenta, portanto, efeito equivalente ao da apelação.

Diferentemente dos recursos especial e extraordinário, o recurso ordinário não exige prequestionamento
para ser conhecido.

Fundamento legal

Para o STF – 102, II, a, CF

Para o STJ – 105, II, a, CF

Cabimento em matéria penal

1. No Supremo Tribunal Federal

a) Decisão denegatória de habeas corpus e de mandado de segurança decididas em única instância pelos
Tribunais Superiores (art. 102, II, a, da CF/88)

Trata-se de recurso destinado a impugnar, em matéria criminal, decisões denegatórias de habeas corpus e
mandado de segurança proferidas em única instância por Tribunais Superiores, ou seja, Superior Tribunal de
Justiça (STJ), Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Superior Tribunal Militar
(STM).

b) Decisão relativas a crimes políticos (art. 102, II, b, da CF/88)

Entende-se por crime político o delito praticado contra a ordem política e social, previstos na Lei n. 7.170/83.

A competência para julgar o crime político é da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88.

2. No Superior Tribunal de Justiça

a) Decisões dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal ou dos Tribunais Federais, que, em
única ou última instância, denegarem a ordem de habeas corpus (art. 105, II, a, da CF)

Nesse caso, impetrado habeas corpus no Tribunal de Justiça contra decisão de um juiz, em sendo denegado,
cabe à parte ingressar com recurso ordinário constitucional para o STJ.

b) Decisões dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal ou dos Tribunais Federais, que, em
única instância, denegarem a ordem o mandado de segurança (art. 105, II, b, da CF)

Trata-se da hipótese de um determinado Tribunal Estadual ou Federal julgar mandado de segurança ajuizado
em caso de sua competência originária e, ao final, denegar a segurança pleiteada. Nesse caso, cabe recurso
ordinário constitucional para o STJ.

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razo e processamento do recurso ordinário para o STF

O recurso ordinário constitucional para o STF deve ser interposto perante o Tribunal Superior que proferiu
a decisão denegatória do habeas corpus ou mandado de segurança, mediante petição já acompanhada das
respectivas razões. As razões recursais devem ser dirigidas às Turmas do Supremo Tribunal Federal.

Por analogia ao art. 30 da Lei n. 8.038/90, que trata do prazo somente do recurso ordinário constitucional
para o STJ, o prazo será de cinco dias para apresentar a petição de interposição do recurso ordinário
constitucional, já acompanhado das razões, conforme a Súmula 319 do STF.

Prazo e processamento do recurso ordinário para o STJ

O recurso ordinário constitucional para o Superior Tribunal de Justiça deve ser interposto perante o
respectivo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal que proferiu a decisão denegatória de habeas
corpus ou mandado de segurança.

No caso de recurso ordinário constitucional contra decisão denegatória de habeas corpus, o prazo será de
cinco dias, nos termos do art. 30 da Lei n. 8.038/90.

Na hipótese de recurso ordinário constitucional contra decisão denegatória de mandado de segurança, o


prazo será de 15 dias (art. 33 da Lei n. 8.038/90).

A petição de interposição deve estar acompanhada das respectivas razões do pedido de reforma da decisão.
A petição de interposição deve ser dirigida ao Presidente do Tribunal Estadual ou Federal que denegou a
ordem. As razões devem ser endereçadas às Turmas do STJ.

(FGV - 2019 - OAB - XXVIII EXAME DE ORDEM) Marcus, advogado, atua em duas causas distintas que
correm perante a Vara Criminal da Comarca de Fortaleza. Na primeira ação penal, Renato figura como
denunciado em ação penal por crime de natureza tributária, enquanto, na segunda ação, Hélio consta
como denunciado por crime de peculato.
Entendendo pela atipicidade da conduta de Renato, Marcus impetra habeas corpus, perante o Tribunal de
Justiça, em busca do “trancamento” da ação penal. Já em favor de Hélio, impetra mandado de segurança,
também perante o Tribunal de Justiça, sob o fundamento de que o magistrado de primeira instância, de
maneira recorrente, não estava permitindo o acesso aos autos do processo.

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Na mesma data são julgados o habeas corpus e o mandado de segurança por Câmara Criminal do Tribunal
de Justiça do Ceará, sendo que a ordem de habeas corpus não foi concedida por maioria de votos, enquanto
o mandado de segurança foi denegado por unanimidade.
Intimado da decisão proferida no habeas corpus e no mandado de segurança, caberá a Marcus apresentar,
em busca de combatê-las,
a) Recurso Ordinário Constitucional, nos dois casos.
b) Recurso em Sentido Estrito e Recurso Ordinário Constitucional, respectivamente.
c) Embargos infringentes, nos dois casos.
d) Embargos infringentes e Recurso Ordinário Constitucional, respectivamente.
Comentários
RESPOSTA: A
Artigo. 105, II "a e b" da CF/88

15 - Correição Parcial

Natureza jurídica da Correição

Anote aí porque esse é difícil: trata-se de uma providência administrativo-judiciária contra despachos do juiz
que importem em inversão tumultuária do processo, sempre que não houver recurso específico em lei.

Em outras palavras: o juiz está tumultuando (risos). Decidindo realizar os atos do processo fora da ordem
procedimental prevista na lei.

Por exemplo: o juiz, ao invés de apenas decidir sobre a prisão, já condena o réu na audiência de custódia.
Isso seria SURREAL, pois nem inquérito temos ainda, quanto mais o processo todo, com o contraditório e a
ampla defesa etc. Essa antecipação da sentença para antes do processo é uma inversão que causa tumulto
generalizado nos autos.

Agora anote aí: QJUANDO existir recurso específico para atacara decisão, nós devemos utilizar o recurso; SE
não houver recurso para aquele ato que causou a inversão tumultuária, adotaremos a correição parcial.
Lembre-se disso!

Características e requisitos

Prevalece o entendimento de que o procedimento é o do agravo de instrumento do processo civil, razão


pela qual o prazo da correição não pode ser mais de cinco dias, mas de 10, de acordo com as regras traçadas
pela Lei n. 9.139, de 30 de novembro de 1995.

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Para uns, é recurso (Súmula 160 das Mesas de Processo Penal da Faculdade de Direito da USP). Para outros,
é uma medida ou recurso administrativo disciplinar destinado a coibir erros e abusos do julgador,
destinando-se, por natureza, à efetivação de medidas disciplinares, embora produza também efeitos no
processo.

No Estado de São Paulo, a correição parcial foi criada pelo decreto-lei Estadual n. 14.234, de 16 de outubro
de 1944. Posteriormente, a Lei Estadual n. 8.040, de 13 de dezembro de 1963, estabeleceu ser de cinco dias
o prazo para sua interposição e que o seu processamento seria o mesmo do agravo de instrumento. Mais
tarde, o Decreto-lei Complementar n. 3, de 27 de agosto de 1969 – Código Judiciário do Estado de São Paulo,
no seu art. 94, dispôs: “Observar-se-á, no processo de correição parcial, o rito do agravo de instrumento,
ouvido o Ministério Público”.

Legitimidade ativa

Têm legitimidade para interpor correição parcial o réu, o Ministério Público, o querelante e o assistente da
acusação.

A correição parcial só é admissível quando não existir recurso específico para impugnar a decisão.

Fundamentos mais comuns

Basta que o magistrado determine ou aceite a inversão dos atos do procedimento. Não pode o juiz burlar a
legislação processual.

Na esfera federal, tem previsão na Lei n. 5.010, de 30 de maio de 1966.

16 - Agravo em Execução

Conceito

Peça exclusiva para a fase de execução da pena, o agravo em execução é o recurso utilizado para atacar
qualquer decisão judicial que denega pedido feito em sede de execução de pena criminal.

Por exemplo, o advogado faz um pedido simples de progressão de regime para seu cliente – o pedido é
negado pelo juiz da Vara das Execuções Criminais – contra essa decisão do juiz cabe agravo em execução
(art. 197 da LEP).

Entenda-se por execução, em regra, o período que vai do início do cumprimento da pena imposta em
sentença penal condenatória transitada em julgado até a extinção da própria reprimenda.

Excepcionalmente, a execução será provisória, ou seja, antes mesmo de o réu ser condenado é possível que
fique preso preventivamente. Essa prisão cautelar pode durar por muito tempo. Tempo suficiente para que
o réu, mesmo antes do trânsito em julgado, tenha direito à progressão de regime, do fechado para o

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semiaberto (cumprido 1/6 da pena para delitos comuns; 2/5 ou 3/5 para crimes hediondos). Tal situação é
amplamente aceita pela doutrina e jurisprudência e, por ser mais favorável ao acusado, precisa ser estudada.

Mesmo durante a ação penal, o pedido de progressão de regime na execução provisória deve ser
endereçado para o Juiz das Execuções Criminais.

Fundamento legal

O fundamento legal do agravo em execução está no artigo 197 da Lei de Execução Penal – Lei 7.210/84:

Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito
suspensivo.

Rito e competência para o julgamento

A Lei de Execução Penal não definiu o rito a ser seguido no agravo em execução, definindo, apenas, no seu
art. 197, que “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo”.

Nesse sentido, a doutrina e a jurisprudência amplamente dominante adotam o entendimento no sentido de


que deve ser adotado o mesmo rito do recurso em sentido estrito, notadamente no que se refere ao prazo,
ao juízo de retratação e ao processamento.

Tal entendimento restou consagrado na Súmula 700 do STF, segundo a qual “É de cinco dias o prazo para a
interposição de agravo contra a decisão do juiz da execução penal”.

A interposição do recurso deve ser dirigida ao juiz de primeiro grau que proferiu a decisão, para que este
possa rever a decisão, em sede de juízo de retratação.

As razões de recurso devem ser endereçadas ao Tribunal competente (Tribunal de Justiça, se da competência
da Justiça Comum Estadual; ou Tribunal Regional Federal, se da competência da Justiça Federal).

Prazo

Segue o prazo do recurso em sentido estrito.

A súmula 700 do STF foi editada única e exclusivamente para fixar o prazo para interposição do recurso de
agravo em execução. Esse recurso é utilizado quando um pedido é feito e negado pelo juiz da Vara das
Execuções Criminais.

O recurso possui efeito regressivo, ou seja, o juiz pode retratar-se e, caso não o faça, o recurso de agravo
segue para o Tribunal. Havia dúvida em relação a seu prazo de interposição, tanto no silêncio da lei, quanto
por força de mudanças legislativas.

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Fixou-se o prazo em 5 (cinco) dias contados da intimação da decisão que será agravada. Lembrando que nem
mesmo as alterações da lei processual civil, no tocante aos agravos, foi capaz de alterar esse entendimento,
sendo o que até hoje prevalece.

Cabimento

É recurso destinado à impugnação de decisões interlocutórias proferidas no curso da execução criminal,


disciplinada na Lei n. 7.210/84, como decisão que:

• concede ou nega a progressão de regime;


• determina a regressão do regime carcerário e perda dos dias remidos;
• indefere o pedido de unificação das penas, com base, por exemplo, na continuidade delitiva;
• concede ou denega pedido de livramento condicional;
• indefere o pedido de saídas temporárias;
• concede ou denega o pedido de indulto, comutação, remição.

Em síntese, não há um rol taxativo, sendo cabível para impugnar qualquer decisão proferida pelo juízo da
execução penal, cuja competência é definida no art. 66 da LEP (Lei n. 7.210/84).

Legitimidade

Podem interpor o recurso de agravo em execução o Ministério Público e o condenado.

Efeitos

Assim como no recurso em sentido estrito, o agravo em execução possui efeito regressivo, uma vez que a
interposição do recurso obriga o juiz que prolatou a decisão recorrida a reapreciar a questão, mantendo-a
ou reformando-a, aplicando-se analogicamente o art. 589, caput, do CPP.

No tocante ao efeito regressivo do recurso: recebendo os autos, o juiz, dentro de dois dias, reformará ou
sustentará a sua decisão, mandando instruir o recurso com as cópias que lhe parecerem necessárias. A falta
de manifestação do juiz importa em nulidade, devendo o tribunal devolver os autos para esta providência.
O juízo de retratação será sempre fundamento. A fundamentação deficiente do juiz também obriga o
tribunal a convencer o julgamento em diligência para esse fim.

Se o juiz mantiver o despacho, remeterá os autos à instância superior; se reformá-la, o recorrido, por simples
petição, e dentro do prazo do prazo de cinco dias, poderá requerer a subida dos autos. O recorrido deverá
ser intimado, no caso de retratação do juiz.

Nos termos do art. 197 da LEP, o agravo em execução não tem efeito suspensivo. Ou seja, as decisões
proferidas em sede de execução penal devem ser, via de regra, imediatamente executadas.

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17 - Contrarrazões de Agravo em Execução

Introdução

Das decisões proferidas pelo Juízo da Execução Penal cabe agravo em execução.

A Lei de Execução Penal não definiu o rito a ser seguido no agravo em execução, constando, apenas, no seu
art. 197, que “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo”.

Nesse sentido, a doutrina e a jurisprudência amplamente dominante adotam o entendimento no sentido de


que deve ser considerado o mesmo rito do recurso em sentido estrito, notadamente no que se refere ao
prazo, ao juízo de retratação e ao processamento.

Tal entendimento restou consagrado na Súmula 700 do STF, segundo a qual “É de cinco dias o prazo para a
interposição de agravo contra a decisão do juiz da execução penal”.

Nesse sentido, se não concordar com a decisão proferida, a parte irresignada deverá apresentar a petição
de juntada de agravo em execução no prazo de cinco dias. Após, o juízo a quo fará o primeiro juízo de
admissibilidade, recebendo ou não recurso, intimando-se o recorrente para apresentar, no prazo de dois
dias, as respectivas razões de recurso de agravo em execução, se não apresentadas simultaneamente à
interposição.

Na sequência, intima-se o recorrido para oferecer suas CONTRARRAZÕES ou RAZÕES PARA A MANUTENÇÃO
da decisão recorrida, no prazo de dois dias.

Prazo

Considerando que segue o rito do recurso em sentido estrito, o prazo para contrarrazões é de dois dias,
conforme o art. 588 do CPP.

Conteúdo

Deve-se buscar no enunciado informações que permitem identificar as teses voltadas à manutenção da
decisão agravada, bem como refutar os argumentos lançados pelo Ministério Público em seu recurso de
agravo em execução.

Pessoa, atenção: se o Ministério Público agravou, ele terá feito alguma solicitação prejudicial ao condenado
(seu cliente) e você deverá encontrar a tese oposta para rebater os argumentos do MP e ajudar o seu cliente
com a manutenção da decisão agravada.

Por exemplo, imagine que o seu cliente conseguiu a progressão de regime, do fechado para o semiaberto.
O MP, inconformado com essa progressão, agrava em execução para o tribunal reformar essa decisão. Cabe
à você, em eventual teste sobre esse tema, encontrar o argumento jurídico favorável à progressão de regime

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para que o Tribunal mantenha a decisão de progressão favorável ao seu cliente. Diga que ele preenche todos
os requisitos legais para progredir e que o inconformismo do MP não tem base legal.

Procure a alternativa nesse sentido.

EXERCÍCIOS DA AULA
(FGV – 2017 – OAB – XXIV EXAME DE ORDEM) Vinícius, sócio de um grande escritório de advocacia,
especializado na área criminal, recebeu, no dia 02 de outubro de 2017, duas intimações de decisões
referentes a dois clientes diferentes. A primeira intimação tratava de decisão proferida pela 1a Câmara
Criminal de determinado Tribunal de Justiça denegando a ordem de habeas corpus que havia sido
apresentada perante o órgão em favor de Gilmar (após negativa em primeira instância), que responde
preso a ação pela suposta prática de crime de roubo.
A segunda intimação foi de decisão proferida pelo Juiz de Direito da 1a Vara Criminal de Fortaleza, também
denegando ordem de habeas corpus, mas, dessa vez, a medida havia sido apresentada em favor de Rubens,
que figura como indiciado em inquérito que investiga a suposta prática do crime de tráfico de drogas.
Diante das intimações realizadas, insatisfeito com as decisões proferidas, Vinícius, para combater as decisões
prejudiciais a Gilmar e Rubens, deverá apresentar
a) Recurso Ordinário Constitucional e Recurso em Sentido Estrito, respectivamente.
b) Recurso em Sentido Estrito, nos dois casos.
c) Recurso Ordinário Constitucional, nos dois casos.
d) Recurso Especial e Recurso Ordinário Constitucional, respectivamente.
Comentários
Neste caso, o advogado deverá interpor RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL em favor de Gilmar, na
forma do art. 105, II, “a” da CF-88, eis que se trata de decisão proferida por Tribunal de Justiça, e RECURSO
EM SENTIDO ESTRITO em favor de Rubens, na forma do art. 581, X do CPP, já que se trata de decisão proferida
pelo Juiz de primeira instância.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.
(FGV – 2017 – OAB - XXIII EXAME DE ORDEM) Vitor, corretor de imóveis, está sendo investigado em
inquérito policial. Considerando que o delegado vem atuando com abuso e colocando em risco a liberdade
de Vitor, o advogado do investigado apresenta habeas corpus perante o órgão competente. Quando da
análise do habeas corpus, a autoridade competente entende por denegar a ordem. Considerando as
informações narradas, o advogado de Vitor poderá recorrer da decisão que denegou a ordem por meio de
a) recurso em sentido estrito, tendo em vista que o Tribunal de Justiça foi o órgão competente para análise
do habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado.

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b) recurso em sentido estrito, tendo em vista que o juiz de primeiro grau era competente para a análise do
habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado.
c) recurso ordinário constitucional, tendo em vista que o Tribunal de Justiça foi o órgão competente para
análise do habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado.
d) recurso ordinário constitucional, tendo em vista que o juiz de primeiro grau era competente para a análise
do habeas corpus apresentado em razão da conduta do delegado.
Comentários
O advogado, neste caso, impetrou o habeas corpus perante o Juiz de primeira instância, pois se trata de HC
com vistas à impugnação de ato praticado por delegado de polícia. Nesse caso, é cabível o RESE para
impugnar a decisão que concede ou denega a ordem de habeas corpus, na forma do art. 581, X do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.
(FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Antônio foi denunciado e condenado pela prática de um crime
de roubo simples à pena privativa de liberdade de 4 anos de reclusão, a ser cumprido em regime fechado,
e 10 dias-multa. Publicada a sentença no Diário Oficial, o advogado do réu se manteve inerte. Antônio,
que estava preso, foi intimado pessoalmente, em momento posterior, manifestando interesse em recorrer
do regime de pena aplicado. Diante disso, 2 dias após a intimação pessoal de Antônio, mas apenas 10 dias
após a publicação no Diário Oficial, sua defesa técnica interpôs recurso de apelação. O juiz de primeira
instância denegou a apelação, afirmando a intempestividade.
Contra essa decisão, o advogado de Antônio deverá apresentar
a) Recurso de Agravo.
b) Carta Testemunhável.
c) Recurso Ordinário Constitucional.
d) Recurso em Sentido Estrito.
Comentários
Em se tratando de decisão que nega seguimento à apelação, o recurso cabível é o Recurso Em Sentido Estrito
(RESE), nos termos do art. 581, XV do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.
(FGV – 2015 – OAB – XVII EXAME DE ORDEM) Marcelo foi denunciado pela prática de um crime de furto.
Entendendo que não haveria justa causa, antes mesmo de citar o acusado, o magistrado não recebeu a
denúncia. Diante disso, o Ministério Público interpôs o recurso adequado. Analisando a hipótese, é correto
afirmar que
a) o recurso apresentado pelo Ministério Público foi de apelação.
b) apesar de ainda não ter sido citado, Marcelo deve ser intimado para apresentar contrarrazões ao recurso,
sob pena de nulidade.
c) mantida a decisão do magistrado pelo Tribunal, não poderá o Ministério Público oferecer nova denúncia
pelo mesmo fato, ainda que surjam provas novas.

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d) antes da rejeição da denúncia, deveria o magistrado ter citado o réu para apresentar resposta à acusação.
Comentários
O recurso interposto pelo MP foi o recurso em sentido estrito, nos termos do art. 581, I do CPP. Contudo,
apesar de Marcelo ainda não ter sido citado, deverá ser intimado para apresentar contrarrazões ao recurso,
sob pena de nulidade, nos termos do verbete de súmula nº 707 do STF: SÚMULA 707 DO STF: Constitui
nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarazões ao recurso interposto da rejeição
da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.
(FGV – 2015 – OAB – XVI EXAME DA OAB) Scott procurou um advogado, pois tinha a intenção de ingressar
com queixa-crime contra dois vizinhos que vinham lhe injuriando constantemente. Narrados os fatos e
conferida procuração com poderes especiais, o patrono da vítima ingressou com a ação penal no Juizado
Especial Criminal, órgão efetivamente competente, contudo o magistrado rejeitou a queixa apresentada.
Dessa decisão do magistrado caberá
a) recurso em sentido estrito, no prazo de 05 dias.
b) apelação, no prazo de 05 dias.
c) recurso em sentido estrito, no prazo de 02 dias.
d) apelação, no prazo de 10 dias.
Comentários
Contra a decisão de rejeição da denúncia ou queixa, como regra, cabe interposição de recurso em sentido
estrito, nos termos do art. 581, I do CPP. Contudo, em se tratando de processo pelo rito sumaríssimo, da Lei
9.099/95, contra a decisão de rejeição da inicial acusatória é cabível o recurso de apelação, nos termos do
art. 82, §1º da Lei 9.099/95: Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá
apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de
jurisdição, reunidos na sede do Juizado. § 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da
ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão
as razões e o pedido do recorrente.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.
(FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VIII - PRIMEIRA FASE) Adão ofereceu uma queixa-
crime contra Eva por crime de dano qualificado (art. 163, parágrafo único, IV). A queixa preenche todos
os requisitos legais e foi oferecida antes do fim do prazo decadencial. Apesar disso, há a rejeição da inicial
pelo juízo competente, que refere, equivocadamente, que a inicial é intempestiva, pois já teria
transcorrido o prazo decadencial. Nesse caso, assinale a afirmativa que indica o recurso cabível.
a) Recurso em sentido estrito.
b) Apelação.
c) Embargos infringentes.
d) Carta testemunhável.

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Comentários
Em face de tal decisão será cabível o RESE (Recurso em Sentido Estrito), nos termos do art. 581, I do CPP: Art.
581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou
a queixa.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.
(FGV – 2015 – OAB – XVII EXAME DE ORDEM) Após regular instrução processual, Flávio foi condenado pela
prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes a uma pena privativa de liberdade de cinco anos de
reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado, e 500 dias-multa. Intimado da sentença, sem
assistência da defesa técnica, Flávio renunciou ao direito de recorrer, pois havia confessado a prática
delitiva. Rafael, advogado de Flávio, porém, interpôs recurso de apelação dentro do prazo legal, buscando
a mudança do regime de pena. Neste caso, é correto dizer que o recurso apresentado por Rafael
a) não poderá ser conhecido, pois houve renúncia por parte de Flávio, mas nada impede que o Tribunal, de
ofício, melhore a situação do acusado.
b) deverá ser conhecido, pois não é admissível a renúncia ao direito de recorrer, no âmbito do processo
penal.
c) não poderá ser conhecido, pois a renúncia expressa de Flávio não pode ser retratada, não podendo o
Tribunal, de ofício, alterar a decisão do magistrado.
d) deverá ser conhecido, pois a renúncia foi manifestada sem assistência do defensor.
Comentários
O recurso apresentado por Rafael, advogado de Flávio, deve ser conhecido, pois a renúncia ao direito de
recorrer, quando realizada sem a assistência da defesa técnica, não impede que o Tribunal conheça do
recurso de apelação interposto pelo defensor: SÚMULA 705 STF: A RENÚNCIA DO RÉU AO DIREITO DE
APELAÇÃO, MANIFESTADA SEM A ASSISTÊNCIA DO DEFENSOR, NÃO IMPEDE O CONHECIMENTO DA
APELAÇÃO POR ESTE INTERPOSTA.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.
(FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) Em relação aos meios de impugnação de decisões judiciais,
assinale a afirmativa INCORRETA.
a) Caberá recurso em sentido estrito contra a decisão que rejeitar a denúncia, podendo o magistrado,
entretanto, após a apresentação das razões recursais, reconsiderar a decisão proferida.
b) Caberá apelação contra a decisão que impronunciar o acusado, a qual terá efeito meramente devolutivo.
c) Caberá recurso em sentido estrito contra a decisão que receber a denúncia oferecida contra funcionário
público por delito próprio, o qual terá duplo efeito.
d) Caberá apelação contra a decisão que rejeitar a queixa- crime oferecida perante o Juizado Especial
Criminal, a qual terá efeito meramente devolutivo.
Comentários

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A) CORRETA: Item correta, pois o RESE é o recurso cabível em face de tal decisão, nos termos do art. 581, I
do CPP. Além disso, o RESE possui o chamado efeito regressivo, que permite ao Juiz retratar-se da decisão
proferida, nos termos do art. 589 do CPP.
B) CORRETA: Da decisão de impronúncia cabe apelação, nos termos do art. 416 do CPP, sem efeito
suspensivo.
C) ERRADA: Item errado, pois a decisão que recebe a inicial acusatória é irrecorrível, sendo cabível o
RESE apenas em face da decisão que REJEITA a inicial acusatória.
D) CORRETA: Item correto, pois esta é a previsão contida no art. 82 da Lei 9.099/95.
Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA C.
(FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - V - PRIMEIRA FASE) Da sentença que absolver
sumariamente o réu caberá(ão)
a) recurso em sentido estrito.
b) embargos.
c) revisão criminal.
d) apelação.
Comentários
Da sentença de absolvição sumária caberá apelação, na forma do art. 416 do CPP: Art. 416. Contra a sentença
de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.
(FGV – 2017 – OAB – XXIV EXAME DE ORDEM) João foi denunciado pela prática do crime de furto
qualificado previsto no Art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal. Em primeira instância, João foi absolvido.
Em sede de recurso de apelação apresentado pelo Ministério Público, houve provimento parcial do
recurso, sendo o agente condenado de maneira unânime. Apesar da unanimidade na condenação, o
reconhecimento da qualificadora restou afastado por maioria de votos. Ademais, um dos
desembargadores ainda votou pelo reconhecimento do privilégio do Art. 155, § 2º, do CP, mas restou
isolado e vencido. Insatisfeito com a condenação pelo furto simples, o Ministério Público apresenta
embargos infringentes em busca do reconhecimento da qualificadora. Considerando apenas as
informações narradas, é correto afirmar que o advogado de João, sob o ponto de vista técnico, deverá
defender
a) o não conhecimento dos embargos infringentes apresentados pelo Ministério Público e apresentar
recurso de embargos infringentes em busca da absolvição de João.
b) o conhecimento e não provimento dos embargos infringentes apresentados pelo Ministério Público e
apresentar embargos infringentes em busca do reconhecimento do privilégio.
c) o não conhecimento dos embargos infringentes apresentados pelo Ministério Público e apresentar
embargos infringentes em busca do reconhecimento do privilégio.

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d) o conhecimento e não provimento dos embargos do Ministério Público e não poderá apresentar recurso
de embargos infringentes.
Comentários
Neste caso, o advogado deverá defender o não conhecimento dos embargos infringentes, pois se trata de
recurso exclusivo da defesa. Além disso, a decisão foi unânime. Por tais razões, é incabível o manejo de tal
recurso, na forma do art. 609, § único do CPP. A defesa também não poderá se valer de tal recurso com
relação à condenação em si, eis que unânime. Todavia, é possível o manejo dos embargos infringentes para
tentar obter o reconhecimento do privilégio, eis que com relação a este a decisão foi não unânime (apenas
por maioria).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.
(FGV – IX EXAME UNIFICADO DA OAB) Joel foi condenado pela prática do crime de extorsão mediante
sequestro. A defesa interpôs recurso de Apelação, que foi recebido e processado, sendo certo que o
tribunal, de forma não unânime, manteve a condenação imposta pelo juízo a quo. O advogado do réu
verifica que o acórdão viola, de forma direta, dispositivos constitucionais, razão pela qual decide continuar
recorrendo da decisão exarada pela Segunda Instância. De acordo com as informações acima, assinale a
alternativa que indica o recurso a ser interposto.
a) Recurso em Sentido Estrito.
b) Recurso Ordinário Constitucional.
c) Recurso Extraordinário.
d) Embargos Infringentes.
Comentários
A questão é perniciosa. Ela dá a entender que o recurso cabível seria o Recurso Extraordinário, pois no
processo civil os embargos infringentes só são cabíveis quando o acórdão não unânime REFORMA a sentença
de primeira instância. No processo penal não importa se manteve ou se reformou a sentença, desde que seja
desfavorável à defesa. Assim, são cabíveis embargos infringentes no caso em tela, já que para a interposição
do Recurso Extraordinário (que poderia ser cabível) somente pode ser interposto quando esgotada a via
ordinária (os recursos ordinários). Vejamos o art. 609, § único do CPP: Art. 609. Os recursos, apelações e
embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou turmas criminais, de acordo com a
competência estabelecida nas leis de organização judiciária. (Redação dada pela Lei nº 1.720-B, de
3.11.1952) Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu,
admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar
da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à
matéria objeto de divergência. (Incluído pela Lei nº 1.720-B, de 3.11.1952)
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.
(FGV – 2017 – OAB – XXII EXAME DE ORDEM) Daniel foi autor de um crime de homicídio doloso consumado
em desfavor de William. Após a denúncia e ao fim da primeira fase do procedimento bifásico dos crimes
dolosos contra a vida, Daniel foi pronunciado. Inconformado, o advogado do acusado interpôs o recurso
cabível, mas o juiz de primeira instância, ao realizar o primeiro juízo de admissibilidade, negou seguimento

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ao recurso. Novamente inconformado com a decisão, o defensor de Daniel impetrou nova medida.
Considerando a situação narrada, assinale a opção que indica o recurso interposto da decisão de pronúncia
e a medida para combater a decisão que denegou o recurso anterior, respetivamente.
a) Apelação e Recurso em Sentido Estrito.
b) Recurso em Sentido Estrito e novo Recurso em Sentido Estrito.
c) Recurso em Sentido Estrito e Carta Testemunhável.
d) Apelação e Carta Testemunhável.
Comentários
O primeiro recurso interposto foi o RESE (recurso em sentido estrito), nos termos do art. 581, IV do CPP.
Quanto à segunda decisão, o recurso interposto foi a carta testemunhável, nos termos do art. 639, I do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.
(FGV – 2012 – OAB – EXAME DE ORDEM) Com base no Código de Processo Penal, acerca dos recursos,
assinale a alternativa correta.
a) Todos os recursos têm efeito devolutivo, e alguns têm também os efeitos suspensivo e iterativo.
b) O recurso de apelação sempre deve ser interposto no prazo de cinco dias a contar da intimação, devendo
as razões ser interpostas no prazo de oito dias.
c) Apesar do princípio da complementaridade, é defeso ao recorrente complementar a fundamentação de
seu recurso quando houver complementação da decisão recorrida.
d) A carta testemunhável tem o objetivo de provocar o reexame da decisão que denegar ou impedir
seguimento de recurso em sentido estrito, agravo em execução e apelação.
Comentários
A) CORRETA: Item correto, pois todos os recursos possuem o efeito devolutivo. Há quem sustente que os
embargos de declaração não possuem efeito devolutivo, em razão de ser julgado pelo próprio órgão que
proferiu a decisão atacada. Contudo, trata-se de doutrina minoritária. Além disso, alguns recursos possuem
efeito suspensivo (suspende os efeitos da decisão até o julgamento do recurso) e
regressivo, também chamado de iterativo (permite o juízo de retratação por parte do prolator da decisão).
B) ERRADA: Item errado, pois há exceções. Nos termos do art. 598, §único do CPP, o prazo para a
interposição da apelação, no caso do assistente de acusação em processo do rito do Júri, é de 15 dias,
contados a partir do escoamento do prazo para a apelação do MP. Nos processos sobre contravenções
penais, o prazo para a apresentação das razões é de 03 dias, nos termos do art. 600 do CPP. Não cabe citar,
aqui, a exceção da apelação nos Juizados Especiais Criminais, pois o enunciado pede que se responda
exclusivamente com base no CPP.
C) ERRADA: Item errado, pois neste caso o recorrente pode complementar a fundamentação de seu recurso,
pelo princípio da complementariedade.
D) ERRADA: Item errado, pois a carta testemunhável é um recurso subsidiário, ou seja, somente tem
cabimento quando não houver previsão expressa do cabimento de outro recurso para a hipótese.

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No caso da decisão que nega seguimento à apelação, o recurso cabível é o RESE, por expressa previsão
contida no art. 581, XV do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.
(FGV – X EXAME UNIFICADO DA OAB) José, após responder ao processo cautelarmente preso, foi
condenado à pena de oito anos e sete meses de prisão em regime inicialmente fechado. Após alguns anos
no sistema carcerário, seu advogado realizou um pedido de livramento condicional, que foi deferido pelo
magistrado competente. O membro do parquet entendeu que tal benefício era incabível no momento e
deseja recorrer da decisão. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa que menciona o recurso
correto.
a) Agravo em Execução, no prazo de 10 (dez dias);
b) Recurso em Sentido Estrito, no prazo de 05 (cinco dias);
c) Agravo em Execução, no prazo de 05 (cinco dias);
d) Recurso em Sentido Estrito, no prazo de 10 (dez dias).
Comentários
Como estamos na fase da execução penal, o recurso cabível em face de qualquer decisão proferida pelo Juízo
da VEP é o agravo em execução, previsto no art. 197 da LEP: Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá
recurso de agravo, sem efeito suspensivo. O prazo para a interposição do agravo será de cinco dias. Embora
não haja previsão expressa, este é o entendimento do STF, conforme entendimento sumulado no verbete nº
700: Súmula 700 É DE CINCO DIAS O PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO CONTRA DECISÃO DO JUIZ DA
EXECUÇÃO PENAL.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.
(FGV - 2016 - OAB - XX EXAME DE ORDEM) José foi absolvido em 1ª instância após ser denunciado pela
prática de um crime de extorsão em face de Marina. O Ministério Público interpôs recurso de apelação,
sendo a sentença de primeiro grau reformada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina para condenar o
réu à pena de 05 anos, sendo certo que o acórdão transitou em julgado. Sete anos depois da condenação,
já tendo cumprido integralmente a pena, José vem a falecer. Posteriormente, Caio, filho de José,
encontrou um vídeo no qual foi gravada uma conversa de José e Marina, onde esta admite que mentiu ao
dizer que foi vítima do crime pelo qual José foi condenado, mas que a atitude foi tomada por ciúmes. Caio,
então, procura o advogado da família. Diante da situação narrada, é correto afirmar que Caio, através de
seu advogado,
a) não poderá apresentar revisão criminal, pois a pena de José já havia sido extinta pelo cumprimento.
b) não poderá apresentar revisão criminal, pois o acusado, que é quem teria legitimidade, já é falecido.
c) poderá apresentar revisão criminal, sendo competente para julgamento o Superior Tribunal de Justiça.
d) poderá apresentar revisão criminal, sendo competente para julgamento o Tribunal de Justiça de Santa
Catarina.
Comentários

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Neste caso, será cabível o ajuizamento de revisão criminal, já que esta é cabível mesmo após o óbito do
condenado, nos termos do art. 623 do CPP. Será competente para julgar a revisão o próprio Tribunal de
Justiça de Santa Catarina, eis que compete aos próprios Tribunais julgar as revisões criminais ajuizadas em
relação às sentenças condenatórias por eles proferidas.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.
(FGV – 2014 – OAB – XIV EXAME DE ORDEM) Eduardo foi denunciado pelo crime de estupro de vulnerável.
Durante a instrução, negou a autoria do crime, afirmando estar, na época dos fatos, no município “C”,
distante dois quilômetros do local dos fatos. Como a afirmativa não foi corroborada por outros elementos
de convicção, o Juiz entendeu que a palavra da vítima deveria ser considerada, condenando Eduardo. A
defesa recorreu, mas após longo debate nos Tribunais Superiores, a decisão transitou em julgado
desfavoravelmente ao réu. Eduardo dirigiu-se, então, ao município “C”, em busca de provas que pudessem
apontar a sua inocência, e, depois de muito procurar, conseguiu as filmagens de um estabelecimento
comercial, que estavam esquecidas em um galpão velho. Nas filmagens, Eduardo aparece comprando
lanche em uma padaria. Com a prova em mãos, procura seu advogado. Assinale a opção que apresenta a
providência a ser adotada pelo advogado de Eduardo.
a) O advogado deve ingressar com agravo em execução, pois Eduardo descobriu uma prova que atesta a sua
inocência de forma inconteste.
b) O advogado deve ingressar com revisão criminal, pois Eduardo descobriu uma prova que atesta a sua
inocência de forma inconteste.
c) O advogado deve ingressar com reclamação constitucional, pois Eduardo descobriu uma prova que atesta
a sua inocência de forma inconteste.
d) O advogado deve ingressar com ação de habeas corpus, pois Eduardo descobriu uma prova que atesta a
sua inocência de forma inconteste.
Comentários
Considerando o fato de que o condenado obteve prova NOVA, capaz de atestar cabalmente sua inocência,
deverá o advogado ajuizar revisão criminal, nos termos do art. 621, III do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.
(FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XI - PRIMEIRA FASE) Frida foi condenada pela prática
de determinado crime. Como nenhuma das partes interpôs recurso da sentença condenatória, tal decisão
transitou em julgado, definitivamente, dentro de pouco tempo. Pablo, esposo de Frida, sempre soube da
inocência de sua consorte, mas somente após a condenação definitiva é que conseguiu reunir as provas
necessárias para inocentá-la. Ocorre que Frida não deseja vivenciar novamente a angústia de estar
perante o Judiciário, preferindo encarar sua condenação injusta como um meio de tornar-se uma pessoa
melhor. Nesse sentido, tomando-se por base o caso apresentado e a medida cabível à espécie, assinale a
afirmativa correta.
a) Pablo pode ingressar com revisão criminal em favor de Frida, ainda que sem a concordância desta.
b) Caso Frida tivesse sido absolvida com base em falta de provas, seria possível ingressar com revisão criminal
para pedir a mudança do fundamento da absolvição.

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c) Da decisão que julga a revisão criminal são cabíveis, por exemplo, embargos de declaração, mas não cabe
apelação.
d) Caso a sentença dada à Frida, no caso concreto, a tivesse condenado mas, ao mesmo tempo, reconhecido
a prescrição da pretensão executória, seria incabível revisão criminal.
Comentários
No caso em tela, como Frida é viva, e não possui interesse no ajuizamento da revisão criminal, seu cônjuge
não poderá ajuizá-la, pois a legitimidade para o ajuizamento da revisão criminal somente passa ao cônjuge
e demais legitimados com a morte do condenado. Vejamos: Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo
próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão. Também não é possível o ajuizamento de revisão criminal para alteração de
fundamento da absolvição, pois a revisão criminal só é cabível no caso de condenação, nos termos do art.
621 do CPP: Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: I - quando a sentença condenatória for
contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença condenatória se
fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; III - quando, após a sentença,
se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize
diminuição especial da pena. Por fim, é cabível a interposição de embargos de declaração em face da decisão
que julga a revisão, mas não apelação, pois está só é cabível em face de sentenças proferidas pelo Juiz
singular e das decisões do Tribunal do Júri, e as revisões criminais são sempre processadas e julgadas pelos
Tribunais: Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; (Redação dada pela
Lei nº 263, de 23.2.1948) II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular
nos casos não previstos no Capítulo anterior; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) III - das decisões
do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) a) ocorrer nulidade posterior à
pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei
expressa ou à decisão dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) c) houver erro ou injustiça
no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) d)
for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948) Os embargos de declaração, por sua vez, são cabíveis também em face das decisões dos
Tribunais: Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser
opostos embargos de declaração, no prazo de dois dias contados da sua publicação, quando houver na
sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO TEMA


Excelente. Você chegou até aqui.

Precisa ler a letra da lei, palavra por palavra, com atenção máxima! Muitos testes da OAB são formados
com o testo da lei, logo, esse tópico é muito importante.

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É daqui que o Examinador retira as informações para montar os testes, logo, chegou o momento de ler,
reler, decorar, fechar os olhos e falar mentalmente, dar aula para o cachorro, ensinar os parentes e
PRONTO! você aprendeu e vai gabaritar.

Força, pois seu sucesso depende desse esforço.

TÍTULO II
DOS RECURSOS EM GERAL
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão
ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
I - da sentença que conceder habeas corpus;
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que
exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411.
Art. 575. Não serão prejudicados os recursos que, por erro, falta ou omissão dos
funcionários, não tiverem seguimento ou não forem apresentados dentro do prazo.
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.
Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou
pelo réu, seu procurador ou seu defensor.
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na
reforma ou modificação da decisão.
Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo
recorrente ou por seu representante.
§ 1º Não sabendo ou não podendo o réu assinar o nome, o termo será assinado por alguém,
a seu rogo, na presença de duas testemunhas.
§ 2º A petição de interposição de recurso, com o despacho do juiz, será, até o dia seguinte
ao último do prazo, entregue ao escrivão, que certificará no termo da juntada a data da
entrega.
§ 3º Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob pena de suspensão por dez a trinta
dias, fará conclusos os autos ao juiz, até o dia seguinte ao último do prazo.
Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um
recurso por outro.
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto
pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível.

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Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter
exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.
CAPÍTULO II
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
II - que concluir pela incompetência do juízo;
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento
de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em
flagrante; (Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989)
VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da
punibilidade;
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado;
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
XXII - que revogar a medida de segurança;

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XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a
revogação;
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.
Art. 582 - Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação, salvo nos casos dos ns.
V, X e XIV.
Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, será para o presidente do Tribunal de
Apelação.
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos:
I - quando interpostos de oficio;
II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X;
III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo.
Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou
mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda
intimados da pronúncia.
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão
de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.
§ 1º Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581,
aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598.
§ 2º O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento.
§ 3º O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito
de perda da metade do seu valor.
Art. 585. O réu não poderá recorrer da pronúncia senão depois de preso, salvo se prestar
fiança, nos casos em que a lei a admitir.
Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias.
Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte dias, contado da data da
publicação definitiva da lista de jurados.
Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no
respectivo termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda
traslado.
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de cinco dias,
e dele constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra
forma não for possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de interposição.
Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o
escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e,
em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.

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Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do defensor.
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que,
dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso
com os traslados que Ihe parecerem necessários.
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples
petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz
modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos
próprios autos ou em traslado.
Art. 590. Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado no prazo da lei, poderá o
juiz prorrogá-lo até o dobro.
Art. 591. Os recursos serão apresentados ao juiz ou tribunal ad quem, dentro de cinco dias
da publicação da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Correio dentro do mesmo prazo.
Art. 592. Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem, deverão os autos ser
devolvidos, dentro de cinco dias, ao juiz a quo.
CAPÍTULO III
DA APELAÇÃO
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos
casos não previstos no Capítulo anterior; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. (Incluído pela
Lei nº 263, de 23.2.1948)
§ 1º Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas
dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação. (Incluído pela Lei
nº 263, de 23.2.1948)
§ 2º Interposta a apelação com fundamento no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se
Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança. (Incluído
pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

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§ 3º Se a apelação se fundar no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de


que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á
provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo
motivo, segunda apelação. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
§ 4º Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda
que somente de parte da decisão se recorra. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº
263, de 23.2.1948)
Art. 594. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 595. (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 596. A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto
imediatamente em liberdade. (Redação dada pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973)
Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execução da medida de segurança aplicada
provisoriamente. (Redação dada pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973)
Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o disposto no
art. 393, a aplicação provisória de interdições de direitos e de medidas de segurança (arts.
374 e 378), e o caso de suspensão condicional de pena.
Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença
não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer
das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente,
poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo.
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá do
dia em que terminar o do Ministério Público.
Art. 599. As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo o julgado, quer em
relação a parte dele.
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo
de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que
o prazo será de três dias.
§ 1º Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de três dias, após o Ministério Público.
§ 2º Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o Ministério Público terá vista dos
autos, no prazo do parágrafo anterior.
§ 3º Quando forem dois ou mais os apelantes ou apelados, os prazos serão comuns.
§ 4º Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação, que deseja
arrazoar na superior instância serão os autos remetidos ao tribunal ad quem onde será
aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas as partes pela publicação
oficial. (Incluído pela Lei nº 4.336, de 1º.6.1964)

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Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância superior, com
as razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte,
em que o prazo será de trinta dias.
§ 1º Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido julgados, ou não tiverem todos
apelado, caberá ao apelante promover extração do traslado dos autos, o qual deverá ser
remetido à instância superior no prazo de trinta dias, contado da data da entrega das
últimas razões de apelação, ou do vencimento do prazo para a apresentação das do
apelado.
§ 2º As despesas do traslado correrão por conta de quem o solicitar, salvo se o pedido for
de réu pobre ou do Ministério Público.
Art. 602. Os autos serão, dentro dos prazos do artigo anterior, apresentados ao tribunal
ad quem ou entregues ao Correio, sob registro.
Art. 603. A apelação subirá nos autos originais e, a não ser no Distrito Federal e nas
comarcas que forem sede de Tribunal de Apelação, ficará em cartório traslado dos termos
essenciais do processo referidos no art. 564, n. III.
Art. 604. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 605. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 606. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
CAPÍTULO IV
DO PROTESTO POR NOVO JÚRI
(Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 607. (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 608. (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
CAPÍTULO V
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO E DAS
APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça,
câmaras ou turmas criminais, de acordo com a competência estabelecida nas leis de
organização judiciária. (Redação dada pela Lei nº 1.720-B, de 3.11.1952)
Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável
ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro
de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo
for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de divergência. (Incluído pela Lei
nº 1.720-B, de 3.11.1952)
Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção do de habeas corpus, e nas
apelações interpostas das sentenças em processo de contravenção ou de crime a que a lei

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comine pena de detenção, os autos irão imediatamente com vista ao procurador-geral pelo
prazo de cinco dias, e, em seguida, passarão, por igual prazo, ao relator, que pedirá
designação de dia para o julgamento.
Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presidente, e apregoadas as partes, com a
presença destas ou à sua revelia, o relator fará a exposição do feito e, em seguida, o
presidente concederá, pelo prazo de 10 (dez) minutos, a palavra aos advogados ou às
partes que a solicitarem e ao procurador-geral, quando o requerer, por igual prazo.
Art. 612. Os recursos de habeas corpus, designado o relator, serão julgados na primeira
sessão.
Art. 613. As apelações interpostas das sentenças proferidas em processos por crime a que
a lei comine pena de reclusão, deverão ser processadas e julgadas pela forma estabelecida
no Art. 610, com as seguintes modificações:
I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao revisor, que terá igual prazo para o
exame do processo e pedirá designação de dia para o julgamento;
II - os prazos serão ampliados ao dobro;
III - o tempo para os debates será de um quarto de hora.
Art. 614. No caso de impossibilidade de observância de qualquer dos prazos marcados nos
arts. 610 e 613, os motivos da demora serão declarados nos autos.
Art. 615. O tribunal decidirá por maioria de votos.
§ 1º Havendo empate de votos no julgamento de recursos, se o presidente do tribunal,
câmara ou turma, não tiver tomado parte na votação, proferirá o voto de desempate; no
caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao réu.
§ 2º O acórdão será apresentado à conferência na primeira sessão seguinte à do
julgamento, ou no prazo de duas sessões, pelo juiz incumbido de lavrá-lo.
Art. 616. No julgamento das apelações poderá o tribunal, câmara ou turma proceder a
novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras diligências.
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts.
383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando
somente o réu houver apelado da sentença.
Art. 618. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas
complementares para o processo e julgamento dos recursos e apelações.
CAPÍTULO VI
DOS EMBARGOS
Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas,
poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de dois dias contados da sua

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publicação, quando houver na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou


omissão.
Art. 620. Os embargos de declaração serão deduzidos em requerimento de que constem
os pontos em que o acórdão é ambíguo, obscuro, contraditório ou omisso.
§ 1º O requerimento será apresentado pelo relator e julgado, independentemente de
revisão, na primeira sessão.
§ 2º Se não preenchidas as condições enumeradas neste artigo, o relator indeferirá desde
logo o requerimento.
CAPÍTULO VII
DA REVISÃO
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à
evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos
comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou
de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena
ou após.
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas
provas.
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente
habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Art. 624. As revisões criminais serão processadas e julgadas: (Redação dada pelo Decreto-
lei nº 504, de 18.3.1969)
I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações por ele proferidas; (Redação
dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou de Alçada, nos demais casos.
(Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
§ 1º No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Recursos o processo e
julgamento obedecerão ao que for estabelecido no respectivo regimento interno. (Incluído
pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
§ 2º Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento será efetuado pelas câmaras ou
turmas criminais, reunidas em sessão conjunta, quando houver mais de uma, e, no caso
contrário, pelo tribunal pleno. (Incluído pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)

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§ 3º Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou turmas criminais, poderão ser
constituídos dois ou mais grupos de câmaras ou turmas para o julgamento de revisão,
obedecido o que for estabelecido no respectivo regimento interno. (Incluído pelo Decreto-
lei nº 504, de 18.3.1969)
Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator e a um revisor, devendo funcionar
como relator um desembargador que não tenha pronunciado decisão em qualquer fase do
processo.
§ 1º O requerimento será instruído com a certidão de haver passado em julgado a sentença
condenatória e com as peças necessárias à comprovação dos fatos argüidos.
§ 2º O relator poderá determinar que se apensem os autos originais, se daí não advier
dificuldade à execução normal da sentença.
§ 3º Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido e inconveniente ao interesse
da justiça que se apensem os autos originais, indeferi-lo-á in limine, dando recurso para as
câmaras reunidas ou para o tribunal, conforme o caso (art. 624, parágrafo único).
§ 4º Interposto o recurso por petição e independentemente de termo, o relator
apresentará o processo em mesa para o julgamento e o relatará, sem tomar parte na
discussão.
§ 5º Se o requerimento não for indeferido in limine, abrir-se-á vista dos autos ao
procurador-geral, que dará parecer no prazo de dez dias. Em seguida, examinados os autos,
sucessivamente, em igual prazo, pelo relator e revisor, julgar-se-á o pedido na sessão que
o presidente designar.
Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da
infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela
decisão revista.
Art. 627. A absolvição implicará o restabelecimento de todos os direitos perdidos em
virtude da condenação, devendo o tribunal, se for caso, impor a medida de segurança
cabível.
Art. 628. Os regimentos internos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas
complementares para o processo e julgamento das revisões criminais.
Art. 629. À vista da certidão do acórdão que cassar a sentença condenatória, o juiz
mandará juntá-la imediatamente aos autos, para inteiro cumprimento da decisão.
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa
indenização pelos prejuízos sofridos.
§ 1º Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a União, se a
condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Território, ou o
Estado, se o tiver sido pela respectiva justiça.

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§ 2º A indenização não será devida:


a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio
impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;
b) se a acusação houver sido meramente privada.
Art. 631. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja condenação tiver de ser
revista, o presidente do tribunal nomeará curador para a defesa.
CAPÍTULO VIII
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Art. 632. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958):
Art. 633. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958):
Art. 634. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958):
Art. 635. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958):
Art. 636. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958):
Art. 637. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo
recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a execução
da sentença.
Art. 638. O recurso extraordinário será processado e julgado no Supremo Tribunal Federal
na forma estabelecida pelo respectivo regimento interno.
CAPÍTULO IX
DA CARTA TESTEMUNHÁVEL
Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável:
I - da decisão que denegar o recurso;
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo
ad quem.
Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao escrivão, ou ao secretário do tribunal,
conforme o caso, nas quarenta e oito horas seguintes ao despacho que denegar o recurso,
indicando o requerente as peças do processo que deverão ser trasladadas.
Art. 641. O escrivão, ou o secretário do tribunal, dará recibo da petição à parte e, no prazo
máximo de cinco dias, no caso de recurso no sentido estrito, ou de sessenta dias, no caso
de recurso extraordinário, fará entrega da carta, devidamente conferida e concertada.
Art. 642. O escrivão, ou o secretário do tribunal, que se negar a dar o recibo, ou deixar de
entregar, sob qualquer pretexto, o instrumento, será suspenso por trinta dias. O juiz, ou o
presidente do Tribunal de Apelação, em face de representação do testemunhante, imporá
a pena e mandará que seja extraído o instrumento, sob a mesma sanção, pelo substituto
do escrivão ou do secretário do tribunal. Se o testemunhante não for atendido, poderá

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reclamar ao presidente do tribunal ad quem, que avocará os autos, para o efeito do


julgamento do recurso e imposição da pena.
Art. 643. Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o disposto nos arts. 588 a 592,
no caso de recurso em sentido estrito, ou o processo estabelecido para o recurso
extraordinário, se deste se tratar.
Art. 644. O tribunal, câmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se desta
tomar conhecimento, mandará processar o recurso, ou, se estiver suficientemente
instruída, decidirá logo, de meritis.
Art. 645. O processo da carta testemunhável na instância superior seguirá o processo do
recurso denegado.
Art. 646. A carta testemunhável não terá efeito suspensivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por hoje é só, pessoal.

Concluímos a nossa aula sobre Recursos.

Aula repleta de informações importantes para a elaboração de exercícios pela FGV. Revise tudo diversas
vezes. Se estiverem exaustos de estudar, é hora de dar mais uma lidinha.

Desejo a todos MUITO estudo e MUITO sucesso!

Aguardo todos vocês em nossa próxima aula, cujo tema é imperdível:

“Ações autônomas de impugnação”.

Até lá, amigos. Forte abraço.

Prof. Ivan Marques

@prof.ivanmarques

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