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Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Lei de Organizações Criminosas
Lei nº 12.850/2013
LEI nº 12.850/2013
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
1. Considerações iniciais
Define
organização
criminosa
Dispõe sobre
Trata do
a investigação
procedimento
criminal das
criminal a ser
organizações
aplicado Objetos da Lei criminosas
nº 12.850/13
Trata de
Tipifica crimes
meios
correlatos às
especiais de
organizações
obtenção de
criminosas
prova
A definição de organização criminosa está prevista no §1º, do art. 1º da Lei nº 12.850/13 que
assim prescreve:
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► Finalidade:
Por fim, não podemos confundir o conceito de organização criminosa, ora objeto de nosso
estudo, com o crime de associação criminosa tipificado no art. 288 do Código Penal, valendo
destacar as respectivas diferenças:
► às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de
terrorismo legalmente definidos.
Conforme adiantado no tópico anterior, com o advento da Lei nº 12.850/13 a simples formação
de uma organização criminosa, nos moldes previstos no §1º, do art. 1º, já configura crime:
denominado de crime organizado por natureza.
Tipificação legal:
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Sujeitos: em relação ao sujeito ativo, estamos diante de crime comum na medida em que
qualquer pessoa pode promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa (com
exceção do agente infiltrado, que não poderá ser computado).
► ATENÇÃO!
Considerando se tratar de crime plurissubjetivo (de concurso necessário), a contagem de 4
(quatro) ou mais pessoas para fins de configuração do crime de organização criminosa considera
até mesmo eventual membro inimputável (menoridade, anomalia mental, etc.), na medida em
que a lei fala em “pessoas” e não em “criminosos”.
Conduta: estamos diante de tipo misto alternativo (ou de conteúdo variado), com 4 (quatro)
ações nucleares: (a) promover; (b) constituir; (c) financiar; (d) integrar.
O agente deverá praticar qualquer dos verbos acima conjugando com os demais elementos do
conceito de organização criminosa previstos no §1º, do art. 1º, da Lei nº 12.850/13, já
estudados.
É crime de perigo abstrato, na medida em que o risco contra a paz pública é presumido a partir
da formação da organização criminosa.
Sendo exigida a efetiva formação da organização criminosa para fins de consumação, o delito
em estudo é incompatível com a tentativa.
► LEMBRETE IMPORTANTE!
Será considerado hediondo o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de
crime hediondo ou equiparado, nos termos do art. 1º, parágrafo único, inciso V, da Lei nº
8.072/90.
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Concurso de crimes: caso outros crimes sejam praticados pelos membros da organização
criminosa, incidirá as regras do concurso material de crimes (art. 69 do Código Penal), por força
do preceito secundário do crime em estudo. Isso porque o crime de organização criminosa é
independente e autônomo, com bem jurídico próprio, não sendo, portanto, absorvido por
qualquer outro delito.
Tipificação legal:
Sujeitos: é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Diversamente do que
ocorre com a modalidade prevista no caput, o crime em estudo é monossubjetivo (de concurso
eventual), podendo ser praticado por uma única pessoa.
► ATENÇÃO!
É perceptível o erro legislativo ao criminalizar apenas os comportamentos que possam consistir
em impedimentos ou embaraços a investigações de infração penal que envolva organização
criminosa, tendo deixado de fora os casos envolvendo o mesmo comportamento em processo
judicial. Nesse sentido, a doutrina sempre se inclinou no sentido de inadmitir a prática do crime
em estudo no âmbito do processo, por configurar analogia in malam partem (violação do
princípio da legalidade). Ocorre que a 5ª Turma do STJ decidiu recentemente por incluir o
processo penal como âmbito de alcance do crime em estudo com base exclusivamente no
princípio da razoabilidade (STJ, 5ª Turma, HC nº 487.962/SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j.
28/05/2019, DJe 07/06/2019).
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Segundo o §3º, do art. 2º, da lei em estudo, a pena deverá ser agravada (segunda fase da
dosimetria da pena) para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização
criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
O dispositivo acima refere-se ao chamado autor de escritório (ou autor intelectual), sendo o
sujeito que, com o domínio organizacional do fato criminoso, planeja, organiza ou dirige a
atividade à ser praticada pelos demais membros da organização.
Aumento de até a metade Aumento 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços)
(Art. 2º, §2º, da Lei nº 12.850/13) (Art. 2º, §4º, da Lei nº 12.850/13)
Se na atuação da organização criminosa Se há participação de criança ou adolescente.
houver emprego de arma de fogo. Se há concurso de funcionário público,
Abrange arma de fogo de uso permitido, de valendo-se a organização criminosa dessa
uso restrito ou proibido. condição para a prática de infração penal.
Para incidir o aumento, será necessário que Se o produto ou proveito da infração penal
ao menos um membro da organização destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior.
criminosa atue empregando efetivamente Se a organização criminosa mantém conexão
arma de fogo (ainda que mediante o mero com outras organizações criminosas
porte ostensivo, capaz de intimidar alguém). independentes.
Se as circunstâncias do fato evidenciarem a
transnacionalidade da organização.
Nos termos do §6º, do art. 2º, da Lei das Organizações Criminosas, a condenação com trânsito
em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato
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eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos
subsequentes ao cumprimento da pena.
Para fins de concurso público, vale destacarmos as diferenças entre os efeitos da condenação
do funcionário público por crime de organização criminosa com os efeitos previstos na Lei de
Tortura e Lei de Abuso de Autoridade (ambos os temas já detalhados em Capítulos próprios):
Como desdobramento lógico do controle externo das atividades policiais pelo Ministério Público
previsto no artigo 129, inciso VII, da Constituição Federal, o §7º, do art. 2º, da Lei das
Organizações Criminosas determina que se houver indícios de participação de policial nos
crimes previstos na Lei nº 12.850/13, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e
comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua
conclusão.
O Pacote Anticrime acrescentou o §8º no art. 1º da Lei das Organizações Criminosas para fazer
constar que “as lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à
disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança
máxima”.
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3.8. Vedação de benefícios aos condenados por integrar organização criminosa ou pela
prática de crime por meio de organização criminosa quando mantido o vínculo associativo
Segundo o §9º do art. 2º da Lei nº 12.850/13, o condenado por integrar organização criminosa
ou por crime praticado por meio de organização criminosa, desde que presentes elementos
probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo:
Diante da robustez, do poderio bélico, de estratégias cada vez mais hábeis e do poder financeiro
das organizações criminosas, os meios tradicionais de investigação e de obtenção de prova há
muito tempo já não eram suficientes para elucidações eficientes.
I - colaboração premiada;
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da já estudada Lei nº
9.296/96;
► ATENÇÃO!
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Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade investigatória, poderá ser
dispensada licitação para contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou locação
de equipamentos destinados à polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas
previstas nos itens II e V acima. Em tais hipóteses, diante do sigilo necessário, fica dispensada a
publicação os nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou a
sua lavratura, o número do processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição
dos contratantes às normas da Lei nº 8.666/93 e às cláusulas contratuais, devendo ser
comunicado o órgão de controle interno da realização da contratação.
5. Colaboração premiada
Colaboração premiada consiste em meio de obtenção de prova sendo concretizado por meio
de um acordo formulado entre o investigado ou acusado com o Estado, visando a obtenção de
benefícios capazes de abrandar ou afastar a punibilidade criminal em troca de informações e
resultados que interessarem à persecução penal.
Em relação à natureza jurídica do instituto, art. 3-A da Lei das Organizações Criminosas,
acrescentado pelo Pacote Anticrime:
1ª etapa: o início das negociações começa com o recebimento da proposta para formalização
de acordo de colaboração. É etapa que já ostenta caráter de confidencialidade (sigiloso), até
futuro levantamento de sigilo por decisão judicial.
► ATENÇÃO!
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Diante do caráter sigiloso, o funcionário público que vier a fornecer à terceiros as informações
constantes da proposta, responderá pelo crime de violação de sigilo funcional previsto no artigo
325 do Código Penal, além de configurar quebra da confiança e da boa-fé para fins de acordo.
A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado com
poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada
pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público.
► IMPORTANTE!
Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada sem a presença de advogado
constituído ou defensor público.
2ª etapa: na hipótese de não ser sumariamente indeferida, as partes deverão firmar Termo de
Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidos na
negociação e impedirá o indeferimento posterior sem justa causa.
Perceba que nesta etapa imporá sobre as autoridades uma espécie de pré-compromisso de
acordo, já que não houve indeferimento sumário. Assim, apenas mediante justa causa o acordo
não será celebrado (hipótese em que, por exemplo, o colaborador recua no fornecimento das
informações prometida).
► IMPORTANTE!
O recebimento de proposta de colaboração para análise ou o Termo de Confidencialidade não
implica, por si só, a suspensão da investigação, ressalvado acordo em contrário quanto à
propositura de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, bem como medidas
processuais cíveis admitidas pela legislação processual civil em vigor.
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► ATENÇÃO!
Em nome do dever de lealdade e da boa-fé que recai sobre os órgãos de persecução, na hipótese
de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de
nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer
outra finalidade.
No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve narrar todos os fatos ilícitos para os
quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados.
O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo
de colaboração.
(b) ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor
(na fase policial ou na fase processual).
O registro das tratativas e dos atos de colaboração deverá ser feito pelos meios ou recursos de
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a
obter maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização de cópia do material
ao colaborador.
A análise do magistrado para fins de homologação recai, portanto, sobre os aspectos formais
do termo de colaboração premiada firmado entre as partes.
► Perdão judicial: é, sem dúvida, o maior prêmio previsto na legislação especial, funcionando
como causa extintiva da punibilidade do colaborador.
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► Diminuição de pena: a pena privativa de liberdade poderá ser reduzida em até 2/3 (dois
terços). Ao menos em regra, é benefício que ocorre em casos de celebração de acordo até a
sentença.
Segundo o §4º, do art. 4º, da Lei nº 12.850/13, o Ministério Público “poderá deixar de oferecer
denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não
tenha prévio conhecimento e o colaborador: I - não for o líder da organização criminosa; II - for
o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo”.
► ATENÇÃO!
Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o Ministério Público ou a
autoridade policial competente tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório para
apuração dos fatos apresentados pelo colaborador.
No período das tratativas do acordo poder-se-ia extrapolar os prazos previstos em lei para a
conclusão do inquérito policial ou mesmo para a oferta da denúncia. Justamente por isso, o
prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser
suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as
medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.
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Em contrapartida, para fazer jus à algum prémio, o investigado ou acusado deverá colaborar de
forma efetiva e voluntária com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa
colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
Qualquer outra pessoa não investigada ou não acusada que venha apontar alguém como autor
ou partícipe de crimes funcionará, portanto, como mera testemunha.
À evidência, as infrações penais que devem ser evitadas são aquelas cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos.
► Localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada: quando o caso
envolver vítima privada de sua liberdade, a concessão de prêmio ao colaborador estará
condicionada à localização da vítima com a sua integridade física preservada.
Assim, caso o cadáver da vítima seja localizado a partir das informações prestadas pelo
colaborador, eventual concessão de prêmio estará inviabilizada.
► IMPORTANTE!
O acordo de colaboração premiada pressupõe que o colaborador cesse o envolvimento em
conduta ilícita relacionada ao objeto da colaboração, sob pena de rescisão.
Por fim, após realizado o acordo entre as partes, os seus termos, as declarações do colaborador
e cópia da investigação serão remetidos ao juiz, para análise, devendo o magistrado ouvir
sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará
os seguintes aspectos na homologação:
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Dessa forma, o juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos
legais. Nesse caso, deverá devolver às partes os termos do acordo para as adequações
necessárias.
► IMPORTANTE!
São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito de impugnar a decisão
homologatória. Dessa forma, o colaborador poderá impugnar a decisão judicial homologatória
do acordo de colaboração caso demonstre a existência de algum vício de legalidade não
observado pelo magistrado ou com a leniência deste.
Ainda nesta fase as informações prestadas pelo colaborador deverão ser tratadas com o máximo
de cautela possível. Além disso, por vezes limitam-se a meros elementos informativos (caso em
que ainda não foram confrontadas ou confirmadas de forma técnica ou submetidas ao
contraditório e a ampla defesa dos demais envolvidos, não tendo alcançado, portanto, o status
de prova).
Art. 4º.
[...]
§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida com
fundamento apenas nas declarações do colaborador:
I - medidas cautelares reais ou pessoais;
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime;
III - sentença condenatória.
Após a homologação do acordo de colaboração premiada novas situações podem surgir, seja no
sentido de possibilitar ao colaborador a apresentação de resultados além do pactuado
(viabilizando, dessa forma, melhores prêmios), seja no sentido de surgir a impossibilidade de
apresentação de informação ou resultado preteritamente pactuado.
Nesse sendo, depois homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo
seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia
responsável pelas investigações.
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Mas os compromissos do colaborador com o Estado não param por aí. Ainda que beneficiado
por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a
requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial.
Por fim, cumpre frisar que o acordo homologado poderá ser rescindido em caso de omissão
dolosa sobre os fatos objeto da colaboração.
Não é surpresa para ninguém que no submundo da criminalidade o sujeito que resolve apontar
o dedo para os demais não costuma ter vida longa (e quando vive de alguma forma acaba
sofrendo consequências e retaliações severas promovidas pelas organizações criminosas).
► IMPORTANTE!
O ato de celebrar acordo de colaboração premiada, por si só, já representa a subtração de um
direito do colaborador: um dos pressupostos da colaboração premiada, conforme estudamos, é
a confissão do colaborador reconhecendo os crimes que praticou. Durante o acordo, em cada
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Sem direitos, haveria uma insegurança ainda maior. Dessa forma, a colaboração premiada seria
um mero enfeite na legislação penal especial.
O artigo 5º da Lei das Organizações Criminosas outorga diversos direitos ao colaborador, visando
tornar a relação jurídica mais segura.
Além do direito de ser assistido por defensor em todas as etapas do acordo, são direitos do
colaborador:
► Não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou
filmado, sem sua prévia autorização por escrito;
► Cumprir pena ou prisão cautelar em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou
condenados;
São exigências que conferem maior segurança jurídica tanto para o colaborador quanto para as
autoridades participantes (Ministério Público ou delegado de polícia).
A forma é a escrita, não se admitindo o acordo meramente verbal. Dessa forma, afasta-se a
fragilidade de acordos informais que gerariam mera expectativa ao colaborador em relação aos
prêmios e direitos.
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Conforme já estudado, o colaborador possui o direito, dentre outros, de não ter o seu nome,
qualificação, imagem e outras informações pessoais divulgadas.
O sigilo também interessa aos órgãos persecutórios, na medida em que a publicidade poderá
significar o fracasso no avanço das investigações e a inocuização da persecução penal, já que os
demais investigados ou corréus seriam alertados temerariamente.
Por tais razões, o pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo
apenas informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto.
Assim, o juiz terá o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para decidir sobre o pedido de
homologação do acordo de colaboração premiada (§1º, do art. 7º, da Lei nº 12.850/13).
Todavia, a publicidade não poderá ser capaz de prejudicar os direitos do colaborador (direito de
preservação da própria identidade e informações pessoais, por exemplo), daí a importância de
novamente destacar que a publicidade recai apenas sobre o teor do acordo e dos depoimentos.
► ATENÇÃO!
A publicidade a partir do início da ação penal é efeito automático. Dessa forma, é vedado ao
magistrado decidir pela publicidade do acordo de colaboração e dos depoimentos do
colaborador em qualquer hipótese. Essa vedação foi acrescida pelo Pacote Anticrime visando
especialmente evitar que o juiz funcione como um “alimentador da curiosidade pública e da
imprensa”.
6. Ação controlada
Durante investigações de organizações criminosas pode acontecer de ser mais interessante não
efetuar a prisão em flagrante de criminosos, visto que o monitoramento dos criminosos podem
conduzir as autoridades ao encontro de outros criminosos, dos líderes da organizações, dos
produtos e proventos dos crimes, etc.
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A partir dessa necessidade surge a ação controlada como especial técnica de investigação.
Não confunda:
Não há a necessidade de prévia autorização judicial para viabilizar a ação controlada. Nos
termos do §1º do art. 8º da Lei nº 12.850/13, o retardamento da intervenção policial ou
administrativa será apenas comunicado de forma prévia ao juiz.
O motivo decorre da possibilidade de o juiz competente, se for o caso, estabelecer limites para
a concretização da ação controlada, bem como para comunicar ao Ministério Público do feito.
► Limites temporais: via de regra, o juiz poderá impor um prazo máximo para a realização da
ação controlada, visando evitar que se estenda por tempo indeterminado. Terminado o prazo,
a autoridade policial estará obrigada a efetuar a prisão em flagrante.
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Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público
e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações.
Por fim, findada a diligência, a autoridade responsável pela ação controlada (geralmente o
delegado de polícia) deverá elaborar auto circunstanciado acerca da ação controlada.
Pode acontecer de as autoridades perceberam, por meio das investigações, estarem diante de
crime organizado transnacional.
É cada vez mais comum organizações criminosas estenderam os seus tentáculos para além da
fronteira nacional (assim como organizações criminosas estrangeiras buscarem expandir os seus
negócios para dentro do território brasileiro).
A conclusão é de que, caso seja negada a cooperação das autoridades dos países que figurem
como provável itinerário ou destino do investigado, a intervenção policial ou administrativa
deverá ocorrer imediatamente, evitando fugas indevidas para o estrangeiro.
7. Infiltração de agentes
Como ponto de partida para o estudo do tema, podemos destacar as seguintes características
da técnica especial de infiltração de agentes:
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► Excepcionalidade da infiltração;
Segundo o teor do §3º do art. 10 da Lei nº 12.850/13, a infiltração será autorizada pelo prazo
de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua
necessidade.
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► Prazo limite: a infiltração policial virtual será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem
prejuízo de eventuais renovações, mediante ordem judicial fundamentada e comprovada a
necessidade.
Porém, diversamente do que ocorre com a infiltração pessoal do agente policial, nesta
modalidade o total do prazo (somatória do prazo original com todas as renovações) não
poderá exceder a 720 (setecentos e vinte) dias.
► Imunidade do agente virtualmente infiltrado: não comete crime o policial que oculta a sua
identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes
previstos no art. 1º da Lei das Organizações Criminosas.
► CUIDADO!
O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação
responderá pelos excessos praticados.
Vale destacar que o agente pessoalmente infiltrado, via de regra, também não será punido pela
prática de crime no curso da investigação enquanto infiltrado, desde inexigível conduta diversa
– tema que aprofundaremos adiante.
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► IMPORTANTE!
O juiz jamais poderá determinar a infiltração de agentes policiais de ofício, sob pena de violar o
sistema acusatório e o princípio constitucional da imparcialidade do julgador.
As mencionadas peças técnicas com o pedido não poderão ser apresentadas verbalmente
(apenas por escrito), e deverão conter:
Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessárias à
efetividade da identidade fictícia criada, nos casos de infiltração de agentes na internet.
► IMPORTANTE!
No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o
Ministério Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração. A
finalidade é não apenas ter ciência do avanço das investigações, mas, também, saber se o agente
policial continua em segurança e se continua íntegro com os propósitos da medida. Todavia,
diante das pressões em se estar me uma organização criminosa, nem sempre o agente infiltrado
terá disponibilidade para responder a determinação ou requisição e, naturalmente, a não
resposta por justa causa afastará qualquer possibilidade de punição do agente infiltrado.
Nos termos do artigo 12 da Lei das Organizações Criminosas, o pedido de infiltração será
sigilosamente distribuído, de forma a não conter informações que possam indicar a operação a
ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado.
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A resposta só pode ser negativa. A defesa terá acesso somente às informações da operação de
infiltração, assegurando-se a preservação da identidade do agente.
► IMPORTANTE!
Se surgir indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será
sustada mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se
imediata ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial.
Como deve ser encarado, para fins penais, os crimes eventualmente praticados pelo agente
infiltrado durante as operações?
► Crimes praticados sem necessidade ou de forma excessiva: se o agente policial vier a praticar
crimes sem qualquer necessidade ou de forma excessiva deverá ser responsabilizado
penalmente.
Visando dar segurança jurídica aos trabalhos e proteção do agente policial infiltrado, a Lei das
Organizações Criminosas apresenta um rol de direitos do agente.
► ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9º da Lei nº
9.807/1999, bem como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;
► ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais
preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em
contrário;
► não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de
comunicação, sem sua prévia autorização por escrito.
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(b) a filiação;
(c) o endereço.
► ATENÇÃO!
As informações acima serão extraídas da Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições
financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito.
A Lei nº 12.850/13 tipificou 4 (quatro) crimes que podem ser praticados durante as investigações
ou mesmo durante a obtenção de provas, merecendo abordagens individualizadas:
Tipificação legal:
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia
autorização por escrito:
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Tipificação legal:
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática
de infração penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a
estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
9.3. Violação de sigilo das investigações relativas à ação controlada e infiltração de agentes
Tipificação legal:
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação
controlada e a infiltração de agentes:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Tipificação legal:
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Tema: Lei de Organizações Criminosas
Lei nº 12.850/2013
Segundo o art. 22 da Lei das Organizações Criminosas, os crimes previstos na Lei nº 12.850/13 e
as infrações penais conexas serão apurados mediante procedimento ordinário previsto no
Código de Processo Penal.
Perceba que trata-se de exceção, em alguns casos, da aplicação do art. 394, §1º, do Código de
Processo Penal.
Ocorre que, diante da citada redação do art. 22 da lei em estudo, todos os crimes tipificados na
Lei das Organizações Criminosas serão submetidos ao procedimento comum ordinário.
► ATENÇÃO!
Diante de ausência de vedação legal, em que pese o crime previsto no art. 21 da Lei nº 12.850/13
se sujeitar ao procedimento ordinário, não haverá nenhum óbice para o reconhecimento e
aplicação dos benefícios previstos na Lei nº 9.099/95, por se tratar de infração penal de menor
potencial ofensivo.
Outra importante exceção prevista na lei em estudo está prevista no parágrafo único do art. 22,
in verbis:
Para a contagem do prazo o termo inicial deve ser a data da prisão do acusado (pode ser prisão
em flagrante, preventiva ou temporária).
O art. 23 da Lei das Organizações Criminosas destaca outros fundamentos suficientes para a
decretação do sigilo nas investigações:
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Disciplina: Legislação Especial Esquematizada
Tema: Lei de Organizações Criminosas
Lei nº 12.850/2013
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial
competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências
investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo
acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa,
devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às
diligências em andamento.
Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá
assegurada a prévia vista dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no
prazo mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a
critério da autoridade responsável pela investigação.
Advogado.
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