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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 24/07/2017 às 17:53 , sob o número WTVO17200020206
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2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Ação Penal (Júri) n. 0000495-74.2017.8.24.0076


SIG n. 08.2017.00117899-2

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código A9C9C2D.
ALEGAÇÕES FINAIS DO SUMÁRIO DA CULPA

Senhor Juiz de Direito,

ELTON TRAMONTIN TOMASI e LEONARDO MARCOLINO FANTONI


foram denunciados, o primeiro (Elton), como incurso no artigo 121, § 2º, incisos I e
IV, combinado com o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal; no artigo 217-A,
caput (inúmeras vezes), do Código Penal; e no artigo 244-B, caput, da Lei n.
8.069/1990, e o segundo (Leonardo), no artigo 121, § 2º, incisos I e IV, combinado
com os artigos 14, inciso II, e 29, caput, todos do Código Penal e no artigo 244-B,
caput, da Lei n. 8.069/1990, porque:

DAS INFORMAÇÕES INICIAIS

Inicialmente, cumpre identificar e esclarecer a idade atual dos principais


atores que passarão a ser citados, na sequência, na narrativa dos fatos
delitivos:

Jardel Pagani: 35 anos.


Eliane Schaukoski Borges (companheira de Jardel): 44 anos.
Vanessa Schaukoski Borges (filha de Eliane): 13 anos.
Elton Tramontin Tomasi (namorado de Vanessa): 18 anos.
Leonardo Marcolino Fantoni (amigo de Elton): 19 anos.

Iniciaram-se os fatos por volta do ano de 2010, quando Jardel e Eliane


começaram a viver em união estável e, na companhia de Vanessa, a qual é
filha de Eliane, passaram a residir na Estrada Geral Água Branca, em
Jacinto Machado (SC).

DO ESTUPRO DE VULNERÁVEL

Tudo bem até que, no início do ano de 2017, Vanessa, com apenas 13 anos
de idade, passou a namorar o denunciado Elton, às escondidas da
genitora Eliane e do padrasto Jardel.

Assim foi que, no início do mês de março de 2017, o denunciado Elton e a


adolescente Vanessa anunciaram o namoro a Eliane e a Jardel, os quais
consentiram com o relacionamento desde que os encontros entre os
namorados ocorressem somente aos domingos e na presença da mãe e/ou
do padrasto.
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Ocorre que, posteriormente, no decorrer do mês de março de 2017, o


denunciado Elton, quase que diariamente, sempre na ausência de Eliane e

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de Jardel, dirigia-se até a casa da namorada Vanessa, onde, aproveitando-
se da ingenuidade e da tenra idade dela, investia sexualmente contra ela.

De fato, em março de 2017, por diversas vezes, quase que diariamente, o


denunciado Elton, de forma astuciosa, a fim de satisfazer a sua lascívia,
praticou conjunção carnal com a adolescente Vanessa, a qual, repita-se, à
época, contava com apenas 13 anos de idade.

DO HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO

De se dizer que os ardilosos encontros foram percebidos por vizinhos, os


quais alertaram Jardel de que, na ausência deste e da companheira Eliane,
o denunciado Elton costumava frequentar rotineiramente a residência da
familia.

No dia 30 de março de 2017, à noite, com o objetivo de comprovar a


informação da vizinhança, Jardel simulou que havia saído de casa e, à
espreita, ficou esperando o que viesse acontecer, já que a companheira
Eliane estava no trabalho e a enteada Vanessa, então, imaginava que
estaria sozinha na residência.

Não tardou e o denunciado Elton foi até ao encontro da adolescente


Vanessa e, uma vez mais, a fim de satisfazer a sua lascívia, praticou
conjunção carnal com ela.

Dessa feita, o padrasto Jardel presenciou e, fazendo uso de um celular, por


entre uma fresta, gravou o encontro sexual entre a enteada Vanessa e o
denunciado Elton. Há que esclarecer, porém, que as imagens capturadas
não mostram a prática do ato sexual, havendo, entretanto, vultos que dão a
entender o contato entre os namorados.

Pois bem, por volta das 20 horas, assim que o denunciado Elton deixou a
residência, Jardel foi ao encontro da enteada Vanessa e a informou que
havia gravado o encontro íntimo dela, dizendo, ainda, que mostraria as
imagens a Eliane.

Ato contínuo, a adolescente Vanessa efetuou ligação telefônica para o


denunciado Elton e, no desenrolar da conversa, colocou-o a par da situação
envolvendo a gravação do encontro íntimo dos dois.

O denunciado Elton decidiu, então, que, para garantir a manutenção do seu


namoro com a adolescente Vanessa e continuar buscando nela a realização
dos seus caprichos sexuais (MOTIVO TORPE), era preciso ceifar a vida de
Jardel.

No dia seguinte, 31 de março de 2017, por volta do meio-dia, o denunciado


Elton, em conversa sobre o ocorrido - gravação do encontro sexual -, propôs
à adolescente Vanessa e a um amigo - o denunciado Leonardo - a
execução de Jardel, recebendo daqueles a concordância com a empreitada
delitiva.

Cumpre esclarecer que a adolescente Vanessa, embora tenha instigado os


denunciados a praticarem o crime e participado dos ajustes para a sua
execução, foi incumbida tão somente de se ausentar da sua casa a fim de
que não fosse vista no local no momento do homicídio, o qual foi combinado
que se daria no início da noite.
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Firmes no desiderato homicida, por volta das 19 horas, o denunciado


Leonardo, na direção de uma motocicleta, levou o denunciado Elton, na

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garupa, até a casa da vítima Jardel.

Assim que chegaram ao destino, o denunciado Elton, usando de


DISSIMULAÇÃO, disse à vítima Jardel que ali estava apenas para pegar um
telefone celular que havia esquecido no dia anterior, sendo-lhe, então,
franqueado o acesso ao interior da casa.

Instantes depois, a vítima Jardel percebeu que o denunciado Elton estava


parado na frente da casa, ao lado do denunciado Leonardo, e, assim, foi ao
encontro deles. Nesse momento, o denunciado, uma vez mais, fazendo uso
de DISSIMULAÇÃO, com o objetivo de atrair a vítima para perto de si, disse
a Jardel que não havia ido embora ainda porque a motocicleta estava em
pane.

Foi, então, que o denunciado Elton apontou uma espingarda para a vítima
Jardel e ordenou que ela fosse para o interior da casa.

O denunciado Elton e a vítima Jardel, esta sob a mira da espingarda,


entraram na residência, enquanto o denunciado Leonardo ficou do lado de
fora, sobre a motocicleta, aguardando o retorno do comparsa para, então,
evadirem-se do local.

Logo que adentraram à casa, o denunciado Elton efetuou um disparo contra


a face da vítima Jardel, a qual, dada a gravidade das lesões (Laudo Pericial
da p. 78), foi ao chão.

Entretanto, a vítima Jardel logo se levantou e saiu correndo. O denunciado


Elton, então, foi até à motocicleta, apanhou um capacete e foi à caça da
vítima e, quando a alcançou, passou a golpeá-la com várias "capacetadas"
na cabeça.

Ocorre que a vítima Jardel conseguiu correr até a residência de um vizinho –


Belonir Vitalino Costa -, quando, então, o denunciado Elton, a fim de evitar
que alguém aparecesse e o reconhecesse, tratou de retornar ao local onde
o denunciado Leonardo esperava e, juntos, envidaram fuga.

Veja-se que o denunciado somente não prosseguiu na execução do


homicídio porque teve receio de que fosse visto e reconhecido pela
vizinhança, haja vista que a vítima Jardel, em que pesem as contundentes
agressões sofridas - disparo de arma de fogo na face e "capacetadas" na
cabeça -, conseguiu alcançar a casa de um vizinho.

O homicídio não se consumou também porque a vítima Jardel, embora


atingida em região de vitais funções - face e cabeça -, foi socorrida pelo
vizinho Belonir Vitalino Costa, o qual, imediatamente, em um veículo
automotor, levou Jardel ao hospital, onde, devido à intervenção médica,
conseguiu resistir aos graves ferimentos.

DA CORRUPÇÃO DE MENOR DE 18 ANOS

Cumpre esclarecer, ainda, que, ao tramarem e praticarem a execução do


crime de homicídio com a participação da adolescente Vanessa Schaukoski
Borges, os denunciados Elton e Leonardo culminaram por corrompê-la,
introduzindo-a efetivamente na senda do crime.1

1 Denúncia das p. 146/151.


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A denúncia foi recebida em 8 de maio de 2017 (p. 152/153).

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Depois de regularmente citados (p. 162 e 165), os acusados ELTON e
LEONARDO apresentaram conjuntamente resposta à acusação (p. 170/173).

Na instrução do sumário da culpa, foram ouvidas 8 testemunhas (p.


270 e 278) e interrogados os acusados (p. 278).

Breve relato, passa-se à manifestação de estilo.

Trata-se de Ação Penal Pública Incondicionada deflagrada contra


ELTON TRAMONTIN TOMASI, imputando-lhe a prática dos crimes do artigo 121, §
2º, incisos I e IV, combinado com o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, do
artigo 217-A, caput (inúmeras vezes), do Código Penal e no artigo 244-B, caput, da
Lei n. 8.069/1990, e contra LEONARDO MARCOLINO FANTONI, imputando-lhe a
prática dos crimes do artigo 121, § 2º, incisos I e IV, combinado com os artigos 14,
inciso II, e 29, caput, todos do Código Penal e do artigo 244-B, caput, da Lei n.
8.069/1990.
________________________________________________________

ITEM I
DO CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL
CP, ART. 217-A, CAPUT (DIVERSAS VEZES)
ACUSADO: ELTON TRAMONTIN TOMASI
________________________________________________________

O Magistrado a quo, quando do recebimento da Denúncia, ponderou


(p. 152/153):

Presentes os requisitos formais do art. 41 do CPP e havendo justa causa


(prova da materialidade e indícios suficientes de autora), fica RECEBIDA A
DENÚNCIA nos termos em que ofertada pelo Ministério Público, sem
prejuízo de eventual desmembramento posterior, eis que, em princípio,
parece que o crime de estupro de vulnerável imputado a Elton
Tramontin Tomasi teria sido perpetrado em contexto fático diverso do
homicídio tentado, pelo que é discutível que aquele possa ser
considerado crime conexo com este último, de modo a atrair a
competência do Tribunal do Júri. (grifou-se).
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De fato, com razão Sua Excelência, pois não se verifica qualquer uma

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das hipóteses do artigo 76 do Código de Processo Penal e, consequentemente, não
há como aplicar a regra do artigo 78, inciso I, do mesmo Diploma, que dispõe
prevalecer a competência do júri quando em concurso com a de outro órgão da
jurisdição comum.

É que o conjunto probatório produzido em Juízo revela que os estupros


foram o móvel do crime contra a vida - vingança -, mas, fora isso, a prova de uma
infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares não tem influência na
prova da outra infração.

Veja-se que "não há que falar em conexão probatória tão somente pelo fato de
haver elementos de prova em comum entre os delitos, exigindo-se um liame objetivo entre eles, de
forma que a prova de um influa na do outro." (STF: RTJ 182/638).

Sem necessidade de outras ponderações, até porque não há


pretensão alguma na elaboração de um tratado sobre competência jurisdicional, tem-
se que, quanto ao crime de estupro de vulnerável, carece o Tribunal do Júri de
competência para o julgamento.

Portanto, há que proceder ao desmembramento para que, em Autos


próprios, sejam julgados os crimes de estupro de vulnerável - CP, art. 217-A, caput -.

________________________________________________________
ITEM II
DO CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO
CP, ART. 121, § 2º, I E IV, C/C O ART. 14, II
ACUSADOS: ELTON TRAMONTIN TOMASI E LEONARDO
MARCOLINO FANTONI
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Sobre a materialidade delitiva, não há dúvida alguma: está estampada


no Laudo Pericial da p. 78.

A autoria também é certa.


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DO ACUSADO LEONARDO MARCOLINO FANTONI

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O CPP, no artigo 413, dispõe que "o juiz, fundamentadamente, pronunciará o
acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou
de participação."

Cumpre, então, analisar o conjunto probatório acerca da autoria, a fim


de verificar se, em relação ao acusado LEONARDO, há, ou não, indícios suficientes
da sua participação.

O acusado LEONARDO negou, na polícia (p. 40) e em Juízo (p. 281),


qualquer participação no crime, embora tenha reconhecido que estava na
companhia do coacusado Elton quando da agressão contra a vítima.

Entretanto, a negativa de participação do acusado não convence.

Na polícia, o acusado LEONARDO disse (p. 40):

[...]; que o interrogado alega ter permanecido na frente da residência,


esperando na motocicleta; que ouviu certa discussão entre Elton e Jardel,
momento em que ouviu um disparo de arma de fogo; que após o disparo,
pode perceber que EIton saiu correndo em direção da motocicleta na posse
de uma espingarda; que Elton, na posse da espingarda, falou "vamo,
vamo!"; que então o interrogado deixou Elton na sua residência, momento
em que ele saio correndo para o seu interior, e escondeu a espingarda; logo
após, o interrogado passou para o carona, e Elton assumiu a condução da
motocicleta e o deixou em sua casa; [...].

Em Juízo, em meio a várias e várias contradições, o acusado


LEONARDO apresentou versão semelhante àquela da fase policial (p. 281).

Veja-se que o acusado LEONARDO tenta fazer crer que tudo foi muito
rápido, sem tempo para qualquer reação sua, porém, a falsidade das suas
declarações são reveladas com o depoimento da vítima Jardel Pagani.
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Na polícia, a vítima Jardel Pagani disse (p. 80/81):

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[...]; Que, o declarante já estava nos fundos da casa tratando do cavalo,
quando viu ELTON chegar; Que, ELTON chegou de motocicleta e
acompanhado, não sabendo quem o acompanhava; Que, ELTON disse que
estava ali para buscar um celular que tinha deixado no dia anterior, pedindo
para o declarante entrar junto com ele para pegar; Que, o declarante disse
"entra lá e pega, tu sabe onde deixou"; Que, o declarante levou o cavalo até
um lote baldio a uns 100 metros de sua casa, onde trata os cavalos e logo
retornou: Que, ao retornar ELTON e agora o outro homem identificado pelo
declarante como NEGUINHO, estavam um ao lado do outro, em frente a sua
casa parados; Que, notou que ELTON estava segurando uma espingarda
rente ao corpo, para não aparecer muito; Que, NEGUINHO estava sobre a
motocicleta; Que, ELTON falou que a motocicleta não quis pegar, e logo
apontou a espingarda para o declarante e mandou que entrasse na casa;
Que, vendo a arma de fogo o declarante teve que entrar em sua casa,
momento em que ELTON veio atrás e assim que o declarante entrou na
casa, ELTON desferiu um tiro em seu rosto; Que, o declarante caiu o chão
com o tiro, mas logo se levantou e saiu correndo; Que, ELTON já estava
mais próximo a motocicleta, vindo a pegar um capacete e sair correndo
atrás do declarante, desferindo golpes com o capacete em sua cabeça; Que,
ELTON viu que o declarante entrou no lote do vizinho BELONIR, quando
então parou de bater com o capacete, foi até a motocicleta e fugiu do local
com NEGUINHO; [...].

Ora, como se pode observar, o acusado LEONARDO, durante toda a


ação homicida, ficou na posição de garante do coacusado Elton, aguardando para,
logo que fosse alcançada a morte da vítima, pudessem os dois envidar fuga.

Mas não é só!

O coacusado Elton, ao narrar a ação delitiva, revelou uma sucessão de


atos que, de certa forma, demonstra que a conduta homicida estendeu-se por tempo
considerável e compatível com a posição de garante mantida pelo acusado
LEONARDO.

Disse o coacusado Elton (p. 45/47):

[...]; Que, ao chegar na frente da residência de Jardel, Leonardo desligou a


moto e permaneceu ao lado, enquanto o interrogado entrou no pátio da
residência, montou a espingarda e escondeu nas folhagens que havia no
local; Que, logo em seguida, o interrogado bateu na porta e Jardel atendeu,
momento em que começaram a conversar; Que, o interrogado foi para
conversar sobre eventual filmagem realizada por Jardel, oportunidade em
que Jardel falou "se tu veio para me matar, eu vou te matar"; Que, então
percebeu que Jardel se dirigia até a cozinha para buscar uma faca,
oportunidade em que o interrogado foi até as folhagens e buscou a
espingarda; Que, pôde perceber que Jardel buscou uma faca e veio ao
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encontro do interrogado, momento em que o interrogado engatilhou a


espingarda e percebendo que Jardel não pararia efetuou um único disparo;

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Que, quando atirou ainda não havia feito posição de empunhadura da
espingarda, pois não deu tempo; Que, questionado se o interrogado sabe
manusear a referida arma de fogo, já que pelo que demonstrado, sabia
montar e desmontar com rapidez, alegou que "sabe mais ou menos" porque
"na internet o cara vê"; Que, então percebeu que o disparo pegou no lado
direito do rosto de Jardel, que mesmo assim continuou investindo contra o
interrogado; Que, neste momento, o interrogado voltou até as folhagens e
deixou a espingarda, pegando no mesmo local uma faca que também estava
escondida pelo interrogado; Que, então, investiu contra o Jardel com a faca,
que já estava sem a faca em razão do disparo sofrido; Que, neste momento,
Jardel continuou investindo mesmo desarmado, oportunidade em que o
interrogado tentou efetuar uma facada nas costas de Jardel, momento em
que viu que a faca quebrou; Que, sem saber o que fazer, já que a faca havia
quebrado, o interrogado passou a dar "capacetadas" nas costas de Jardel,
que acabou se evadindo para o seu vizinho; Que, neste momento, o
interrogado saiu correndo em direção a moto com a espingarda em punho e
pediu para seu amigo sair rapidamente do local; [...].

Ora, o acusado LEONARDO deu carona ao executor até o local do


crime. Esteve com ele durante toda a execução. Após, evadiram-se juntos. Portanto,
por ora, os indícios são suficientes a demonstrar, sim, o conluio delitivo e, assim, é o
que basta para a sua pronúncia.

Ademais, como já dito, há diversas contradições nos depoimentos dos


acusados LEONARDO e Elton, pois, ora eles próprios se contradizem, ora um
contradiz o outro. Mas isso é questão de fundo, para discussão em plenário.

De qualquer forma, ainda que já se mostre o conjunto probatório


suficiente para a pronúncia, chama a atenção a ordem cronológica e como se deu o
desdobramento dos contatos mantidos, anteriormente à tentativa de execução da
vítima, entre os acusados e a adolescente Vanessa Schaukoski Borges:

1) Vanessa e Elton mantém relações sexuais.

2) A vítima revela para Vanessa que filmou ela e Elton durante o ato
sexual.

3) Vanessa, "à noite, por mensagens...contou os fatos para Élton; que Élton ficou
muito brabo e disse ia convidar o "Neguinho" (Leonardo...não sabe maiores detalhes)
e ia dar um "susto" em Jardel."(p. 33).
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4) Pelo aplicativo Wattsapp, Elton e o acusado LEONARDO trocam

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mensagens (p. 86/87):

- Leonardo: Dae.
- Elton: Cara do céu deu merda. Amnha eu falo com tigo. Vai da morte. Coisa de estrupo.
- Leonardo: Ba tu ta a onde.
- Elton: Em casa. Puta mersa. Merda. Ele que estrupa ela.
- Leonardo: Ba e ruim em. Ta o eu posso i ai.
- Elton: Ven vem.
- Leonardo: Ta.

E, depois da tentativa de execução, o acusado Elton envia mensagens


para a adolescente Vanessa (p. 75): Ooo. Deu certo. O a polícia ta atrás de mim. To na casa
de um tiú meu. Acho que vou lá noeu tiú em forquilhinha. No meu. Aquele bosta (referindo-se à
vítima, conforme antes já se referia a ele dizendo "aquele bosta" – p. 73).

Veja-se que, depois da tentativa de execução da vítima, os acusados


Elton e LEONARDO e a adolescente Vanessa Schaukoski Borges trataram de
apagar as mensagens que haviam trocado entre eles, revelando, assim, o conluio
no planejamento da empreitada delitiva, na sua execução e no pós-delito.

Do Relatório Policial das p. 86/89:

[...].

Em continuidade a investigação da tentativa de homicídio de Jardel Pagani,


ao analisar o celular de Elton, extrai o que restou das mensagens do celular
(tendo em vista que Elton, Leonardo e Vanessa apagaram as
conversas após o crime), dos aplicativos Messenger e Whatsapp trocadas
com Leonardo Marcolino Fantoni.

No dia 30/03/2017, por volta das 20h40min (horário do aplicativo) Leonardo


cumprimenta Elton através do aplicativo Messenger. Leonardo já relata que
algo deu errado e iria dar morte porque seria coisa de estupro e que no dia
seguinte conversaria com ele (Leonardo).

É bom consignar que nesse mesmo dia da conversa, por volta das
19h20min, Jardel filmou Elton e Vanessa transando na casa dele, e que
segundo sua declaração na mesma noite teria falado sobre os vídeos com
Vanessa e informado que iria falar com a mãe de Vanessa sobre o caso.

Leonardo questiona onde Elton está, o qual diz que está em casa e diz ainda
que "ele quer estrupar ela" sic, ou seja, Elton e Leonardo já tinham
conversado sobre algo dessa natureza, pois não falou em nome de pessoa,
simplesmente falou "ele", o que faz pensar logicamente que Leonardo já
sabia de quem se tratava.
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Leonardo então pergunta se pode ir à casa de Elton e este diz que sim. A
conversa se encerra. [...].

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No dia 03/04/17, entre 16h00min e 17h20min Elton conversa com Leonardo
através do aplicativo Whatsapp.

Nessa conversa Elton demonstra que está em constante contato com


Leonardo e o informa que não irão à Delegacia de Polícia se apresentar
naquele dia, pois o advogado teria dito a ele que agora que a Polícia Civil
teria iniciado as investigações da tentativa de homicídio.

Elton pede o número do CPF de Leonardo para informar ao advogado, o


qual estaria junto a ele, para fazer procuração.

Leonardo questiona Elton se ele pode ir trabalhar, porém Elton adverte que
não pode sair de casa de forma alguma, tem que ficar escondido, ou seja,
Elton e Leonardo estavam se escondendo da Polícia e já tinham
conhecimento que poderiam ser presos a qualquer momento.

Elton deixa claro que não está escondido em sua casa, informando
Leonardo que Jailson, eu pai, iria até onde ele estava, pegaria a procuração
e levaria até Leonardo para ele assinar.

Do teor dessa troca de mensagens entre Leonardo e Elton fica demonstrado


que o Jailson sabia onde ambos estavam escondidos. Fica demonstrado
também que eles tinham ciência que iriam ser presos caso fossem vistos
pela Polícia. [...].

DO ACUSADO ELTON TRAMONTIN TOMASI

ELTON confessou a prática delitiva tanto na polícia (p. 45/47) como em


Juízo (p. 281).

Ainda, sobre a autoria delitiva, importante o depoimento da


adolescente Vanessa Schaukoski Borges (p. 60):

QUE, seu namorado ELTON falou sobre a intenção de matar JARDEL uns
dois dias antes dos fatos, ou seja, no mesmo dia em que a depoente disse a
ELTON que JARDEL agora estava falando que tinha vídeos seus transando
com ELTON e que ou a depoente transava com ele, ou JARDEL a estupraria
ou mostraria os vídeos para sua mãe; Que, ELTON então ficou furioso e
disse que iria matar JARDEL e que para isso iria utilizar uma arma de fogo,
sendo que também iria convidar o amigo LEONARDO, conhecido pelo
apelido de NEGUINHO para ir junto; [...]; Que, após ELTON ter tentado
matar JARDEL, o mesmo escreveu para depoente através do aplicativo
MESSENGER que já teria tentado matar JARDEL, e que os vizinhos tinham
visto, mas ele não sabia se os vizinhos tinham conhecimento que era ele o
autor do disparo; Que, essas conversas foram apagadas pela depoente;
Que, sobre a mensagem "oó, deu certo" enviada por ELTON no aplicativo
Whatsapp, diz que não chegou a ver, pois pela hora que ELTON enviou as
mensagens; seu celular já estava sem bateria e na posse de sua mãe; Que,
porém acredita que ele escreveu essa frase "oó, deu certo", para informar a
depoente que ele já teria atirado em JARDEL; [...].
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 24/07/2017 às 17:53 , sob o número WTVO17200020206
fls. 298

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código A9C9C2D.
No mais, devem ser mantidas as qualificadoras do artigo 121, § 2°,
incisos I (motivo torpe), IV (dissimulação), do Código Penal, até porque somente as
manifestamente improcedentes podem ser afastadas pelo juiz na decisão de
pronúncia, o que não é o caso dos Autos.

A propósito: Em respeito ao princípio do juiz natural, somente é cabível a exclusão


das qualificadoras na sentença de pronúncia quando manifestamente improcedentes e descabidas,
porquanto a decisão acerca da sua caracterização ou não deve ficar a cargo do Conselho de Sentença,
conforme já decidido por esta Corte.2

Assim, impositiva é a pronúncia dos acusados ELTON TRAMONTIN


TOMASI e LEONARDO MARCOLINO FANTONI, nos exatos termos da inicial
acusatória.

________________________________________________________

ITEM III
DO CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENOR DE 18 ANOS
LEI N. 8.069/1990, ART. 244-B, CAPUT
ACUSADOS:
ELTON TRAMONTIN TOMASI E LEONARDO MARCOLINO
FANTONI

________________________________________________________

Conforme visto no item II acima, há indícios suficientes a indicar que os


denunciados Elton e Leonardo tramaram e praticaram a execução do crime de
homicídio com a participação da adolescente Vanessa Schaukoski Borges, à época
com 13 anos de idade3, pelo que também devem ser pronunciados como incursos
no artigo 244-B, caput, da Lei n. 8.069/1990.

2 STJ. Habeas Corpus n. 152548/MG. Relator: Min. Jorge Mussi. Órgão Julgador: Quinta Turma. Data do
julgamento: 22/2/2011.
3 Cópia da Certidão de Nascimento da p. 222.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 24/07/2017 às 17:53 , sob o número WTVO17200020206
fls. 299

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código A9C9C2D.
________________________________________________________
ITEM IV
DOS REQUERIMENTOS MINISTERIAIS
________________________________________________________

Ante o exposto, pugna o Ministério Público, por seu Promotor de


Justiça, pela pronúncia dos acusados nos seguintes tipos penais:

• ELTON TRAMONTIN TOMASI: 1) artigo 121, § 2º, incisos I e IV, combinado com o
artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal; e 2) artigo 244-B, caput, da Lei n.
8.069/1990.

• LEONARDO MARCOLINO FANTONI: 1) artigo 121, § 2º, incisos I e IV, combinado


com os artigos 14, inciso II, e 29, caput, todos do Código Penal; e 2) artigo 244-B,
caput, da Lei n. 8.069/1990.

Pugna-se, ainda, sobre o crime do artigo 217-A, caput (inúmeras


vezes), do Código Penal, pelo desmembramento e, sobre os novos Autos, há que
dar vista às partes para as alegações finais.

Turvo, 24 de julho de 2017.

Cláudio Everson Gesser Guedes da Fonseca


Promotor de Justiça
fls. 300

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Turvo Réu Preso
Vara Única

Autos n° 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código A9F6787.
Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIDÃO DE ATO ORDINATÓRIO

Fica intimado o advogado dos réus para, no prazo de 5 (cinco) dias,

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Solange martins jose bez batti, liberado nos autos em 25/07/2017 às 14:57 .
apresentar alegações finais.

Turvo(SC), 25 de julho de 2017

Solange Martins José Bez Batti


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
"DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III"

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail:
turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 301

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA - COMARCA DE TURVO Emitido em: 26/07/2017 14:43
Certidão - Processo 0000495-74.2017.8.24.0076 Página: 1

CERTIDÃO DE REMESSA DE RELAÇÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AA395FF.
Certifico que o ato abaixo consta da relação nº 0638/2017, encaminhada para publicação.

Advogado Forma
Erivaldo Rocha Peres (OAB 13557/SC) D.J

Teor do ato: "Fica intimado o advogado dos réus para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentar alegações
finais."

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por giana angeloni ronzani magagnin, liberado nos autos em 26/07/2017 às 14:43 .
Do que dou fé.
Turvo, 26 de julho de 2017.

Escrivã(o) Judicial
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ERIVALDO ROCHA PERES e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 26/07/2017 às 18:43 , sob o número WTVO17100091586
fls. 302

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AA597C6.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA
COMARCA DE TURVO – SANTA CATARINA

PROCESSO Nº 0000495-74.2017.8.24.0076

ELTON TRAMOTIN TOMASI e LEONARDO MARCOLINO FANTONI, ambos já


qualificados no processo em epígrafe, por seu defensor infra-assinado (procurações
juntadas às fls. 124 e 125, respectivamente), vêm, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, para apresentar suas ALEGAÇÕES FINAIS, conforme segue:

1. BREVE SÍNTESE DO CONTIDO NOS AUTOS

Discorre a Denúncia (fls. 146-151), que os imputados, em comunhão de esforços,


tentaram ceifar a vida da vítima Jardel Pagani, mediante o uso de uma espingarda
e, posteriormente, mediante golpes de capacete.

No mais, informa que o imputado Elton teria abusado sexualmente da suposta


vítima Vanessa.

Assim sendo, Elton Tramontin Tomasi e Leonardo Marcolino Fantoni foram


denunciados, o primeiro (Elton), como incurso no artigo 121, §2º, incisos I e IV,
combinado com o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal; no artigo 217-A, caput
(inúmeras vezes), do Código Penal; e no artigo 244 - B , caput, da Lei n. 8.069/1990,
e o segundo (Leonardo), no artigo 121, §2º, incisos I e IV, combinado com os artigos
14, inciso II, e 29, caput, todos do Código Penal e no artigo 244-B, caput, da Lei nº
8.069/1990.

Houve o recebimento da Denúncia (fls. 152-153), quando, inclusive, houve a


substituição da pena do imputado Leonardo para medidas cautelares e a
manutenção da prisão do imputado Elton.

Sobreveio resposta à acusação (fls. 170-173).

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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ERIVALDO ROCHA PERES e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 26/07/2017 às 18:43 , sob o número WTVO17100091586
fls. 303

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

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Foi instruído o feito.

A acusação apresentou memoriais escritos (fls. 288-289), onde, ao final, pugna pela
cisão do feito, mantendo no presente feito a manifestação tocante ao crime contra
a vida e abrindo novos autos para tratar do crime contra a liberdade sexual.

Houve a intimação dos imputados pelo seu Advogado Constituído (fls. 124-125), a
fim de providenciar a elaboração e apresentação dos memoriais, o que vai nesta
peça processual.

É o relato do necessário.

2. MEMORIAIS TOCANTE AOS DELITOS CONTRA A VIDA

2.1 EM RELAÇÃO AO IMPUTADO ELTON

Está devidamente demonstrado nos autos que o denunciado Elton Tramontin


Tomasi proferiu o disparo com arma de fogo, até porque confessa que foi o autor
do ato ilícito que causou danos à vítima Jardel Pagani.

A sua narrativa trouxe detalhes do que aconteceu, inclusive descrevendo a origem


da arma e demais informações da ocorrência, tudo de forma voluntária e condizente
com o obtido nos autos.

Entretanto, a versão ministerial não encontra guarida na situação nas provas coligias
aos autos.
Pelo interrogatório do imputado Elton, este disse que estava com a arma escondida,
ao passo que o mesmo veio para cima munido com a faca a fim de matá-lo, não
restando alternativa alheia do que disparar a arma de fogo.

Ora, excelência, o imputado é um jovem franzino, com pouca força física, ao passo
que a suposta vítima já é homem feito, com indiscutível rigor físico que poderia, com
facilidade, tirar a vida do imputado.

Note, ademais, que a legítima defesa ocorreu de forma moderada, pois, como ficou
provado no feito, Elton poderia, tranquilamente, ter tirado a vida de Jardel, pois
usou somente uma munição, sendo que as restantes ficaram guardadas.

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fls. 304

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Assim sendo, fica claro que quem investiu primeiro, foi Jardel e não Elton, o qual
agiu em nítida legítima defesa (art. 23, inc. II do CP) e, portanto, deve ser absolvido.
O Ministério Público tenta fazer crer da aplicação de duas qualificadoras, a de
motivo torpe e mediante dissimulação.
Ora, as qualificadoras não podem ser aplicadas, visto que não existe prova do
motivo torpe, tampouco da dissimulação, pois houve o desentendimento e somente
ocorreu o disparo porque a suposta vítima partiu para cima de Elton com a intenção
de ceifar a sua vida.
Note, ademais, que o crime se trata de homicídio privilegiado, pois, conforme o
depoimento da irmã de Vanessa, inquirida na Cidade de Sombrio, esta afirmou que
Jardel estava ameaçando de abusar sexualmente de Vanessa, de modo a acobertar
a suposta gravação realizada.
Assim sendo, pelo fato de Elton ser o namorado de Vanessa, e saber que o padrasto
desta a ameaça de abusar sexualmente da mesma em razão do vídeo, em tese,
realizado, fez com que o mesmo agisse em fúria e sem ponderar as consequências
dos seus atos.

Para este tipo de situação, o Código Penal estabelece, em seu art. 121, que:

Caso de diminuição de pena

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou


moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Nos termos de julgado exarado pelo Pretório Catarinense:

APELAÇÃO CRIMINAL. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO. VIOLENTA


EMOÇÃO. ART. 121, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA DE PROVA DOS
REQUISITOS QUE A CARACTERIZAM. DECISÃO QUE NÃO CONTRARIOU A PROVA
DOS AUTOS. RECURSO DESPROVIDO. O reconhecimento do homicídio privilegiado
pressupõe a prova de que o agente agiu por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, decorrente de injusta provocação da
vítima. (Processo ACR 374796 SC 2011.037479-6, Orgão Julgador Segunda Câmara

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Criminal, Partes Apelante: Acelino Costa, Apelado: Ministério Público do Estado
de Santa Catarina, Publicação Apelação Criminal n., de Tijucas Julgamento 25 de
Outubro de 2011, Relator Sérgio Paladino.)

Assim sendo, está caracterizado o estado de violenta emoção, visto do apelo da


menor e namorada do imputado, que via-se em vias de ser abusada sexualmente do
seu padrasto.
2.2 EM RELAÇÃO AO IMPUTADO LEONARDO

2.3 Como bem ponderado em todos os depoimentos, inexiste prova da participação


do imputado Leonardo na prática ilícita.

Com efeito, tanto o acusado Elton, quanto o próprio imputado Leonardo narraram
que este era desconhecedor da possibilidade do homicídio e de que Elton estava
carregando a arma.

Quadra exalçar que ambos são amigos e, até então, existia confiança mútua, de
modo a evitar qualquer suspeita de que aconteceria a situação.
Note, outrossim, que o fato de Leonardo ter conduzido a motocicleta não levantou
suspeitas, pois comumente dirigia a motocicleta do colega, por ter vontade e
curiosidade, no dia dos fatos não foi diferente.
Corroborando com tal argumento, está provado no feito que quando do
carregamento da arma, este se fez de modo furtivo, sob a roupa de Elton, o que
impedia a visão de Leonardo.
Outrossim, quando na casa da suposta vítima, Leonardo ficou na moto, em frente à
casa, enquanto Elton esteve na área, que fica na lateral da mesma, local onde
impedia a visão de Leonardo, que não sabia o que estava acontecendo.
Por fim, não existe qualquer outro relato de que Leonardo fosse conhecedor ou que
efetivamente tivesse participado do intento, para que pudesse responder pelo
mesmo.
Assim sendo, que o mesmo seja absolvido ou impronunciado.

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3. CORRUPÇÃO DE MENORES

Diferente daquilo que a acusação tenta convencer, não houve o cometimento do


crime com a participação da menor, mas, tão somente, em razão dos atos abusivos
que estavam sendo praticados em desfavor desta.
Note, ademais, que os imputados não ajustaram o apoio de Vanessa em nenhum
momento. Somente se cometeu o delito em razão de série de situações em que esta
estava envolvida.
Veja que o art. 244-B, do ECA exige a prática de dois verbos: Praticar com ele e
Induzir a praticar.
Em nenhuma das hipóteses a situação em liça se amolda. Veja, que, se Vanessa
estivesse envolvida na liça na condição de participe/coautora, deveria figurar nos
autos ou, ao menos, ter contra si processo de aplicação de medidas socioeducativas,
o que não ocorreu.

Nesse sentido:
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DE FURTO QUALIFICADO (ART. 155, § 4º, IV, DO
CÓDIGO PENAL) E CORRUPÇÃO DE MENORES (ART. 244-B, DO ECA). SENTENÇA
CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO. POSSIBILIDADE.
AUTORIA QUE SE MOSTROU DUVIDOSA PELA PROVA PRODUZIDA NOS AUTOS.
DÚVIDA QUE SE RESOLVE EM FAVOR DO RÉU. APLICAÇÃO NECESSÁRIA DO
PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE. (...) (TJSC,
Apelação Criminal n. 0002513-03.2014.8.24.0067, de São Miguel do Oeste, rel.
Des. Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, j. 29-06-2017).
Assim sendo, a absolvição é medida de rigor.
4. DELITO CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

Elton foi denunciado pela prática, em tese, do crime de estupro de vulnerável, assim
tipificado no CP:

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:

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fls. 307

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AA597C6.
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

Não se ingressa tocante a discussão da autoria e da materialidade do crime, visto


que o imputado confessou que manteve relações sexuais com a suposta vítima
durante a união estável, ao passo que tal alegação (que deve servir de atenuante
quando da fixação de eventual pena), foi corroborada pelo laudo técnico, além das
palavras da vítima e das demais testemunhas.

Entretanto, tal arcabouço probatório é a razão da necessidade de ser absolvido o


imputado eis que nenhum direito foi violado na situação discutida nos autos.

Analisando todos os relatos contidos nos autos, especialmente as palavras da vítima,


de seus familiares, além dos dizeres do recorrente, a relação sexual ocorreu de
forma consentida, durante o permitido namoro e por duas vezes, sendo que,
somente os envolvidos ainda não estão juntos em razão da intervenção estatal.

Deve ser levado em consideração, fato muito importante e peculiar, é que a suposta
vítima namorou com Elton com a anuência da genitora, ao passo que a intenção do
casal era fazer o relacionamento prosperar.

Em uma leitura literal do art. 217-A, verifica-se que, em princípio, o recorrente teria
cometido o crime.

Entretanto, consideradas as particularidades do caso concreto, tal presunção deve


ser relativizada, sob pena de "abrir espaço para enormes injustiças" (TJSC, ACrim
n. 2012.071468-7, Des. Jorge Schaefer Martins, j. 18.04.2013) e equiparar o
acusado a "um homem mal intencionado que pretendia tão somente satisfazer
suas lascívias aproveitando-se da tenra idade da menor" (TJSC, ACrim n.
2012.080553-1, Desa. Marli Mosimann Vargas, j. 16.07.2013).

Revela-se incompatível com o sistema jurídico pátrio admitir-se que a presunção de


vulnerabilidade positivada no art. 217-A do CP encerra uma situação
invariavelmente absoluta, sem qualquer admissão de prova em contrário, sob pena
de se estar chancelando uma inconcebível hipótese de responsabilidade penal
objetiva, situação com a qual "o Código não transige, em caso algum [...] nulla
poena sine culpa" (HUNGRIA. Nelson. Comentários ao Código Penal. 4. ed., Rio de

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Janeiro: Forense, 1959, v. VIII, p. 239/240. In: Declaração de voto vencido na ACrim
n. 2009.013321-0, Desa. Salete Silva Sommariva, j. 18.08.2009).

Assim sendo, a vulnerabilidade da suposta vítima com idade de 13 anos, embora


presumida, deve ser tratada de acordo com as peculiaridades do fato.

No caso concreto, as provas contidas nos autos dão conta de que os atos de
intimidade se deram mediante consentimento da adolescente, a qual nitidamente
auferia de maturidade sexual suficiente para praticá-los.

Nesse viés, considerando que havia a intenção de perpetuar o relacionamento – que


durou vários meses e somente findou diante da intervenção estatal -, que contava
com o apoio de familiares da menor, bem como pelo fato de jamais ter sido revelada
qualquer violência, bem como o fato de o suposto autor do ato ilícito também ser
bem jovem (18 anos de idade) é de se afastar que a dignidade sexual da menor foi
comprometida, ante a inexistência de fragilidade para os assuntos relacionados à
sexualidade.

Nesta hipótese, não há violação ao bem jurídico tutelado pela norma penal,
portanto foge ao Estado a prerrogativa de punir.

Sobre o tema, eis posicionamento doutrinário:

Somente pelo fato de a lei ter assumido outra roupagem na descrição da


presunção de violência, passaria a vulnerabilidade a ser considerada absoluta- Ter
relação sexual com menor de 14 anos seria, sempre, estupro (art. 217-A). A
cautela, nessa interpretação, se impõe. [...] Partimos do seguinte ponto básico: o
legislador, na área penal, continua retrógrado e incapaz de acompanhar as
mudanças de comportamento reais na sociedade brasileira, inclusive no campo da
definição de criança ou adolescente. Perdemos uma oportunidade ímpar para
equiparar os conceitos com o Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja,
criança é a pessoa menor de 12 anos; adolescente, quem é maior de 12 anos. Logo,
a idade de 14 anos deveria ser eliminada desse cenário. A tutela do direito penal,
no campo dos crimes sexuais, deve ser absoluta, quando se tratar de criança
(menor de 12 anos), mas relativa ao cuidar do adolescente (maior de 12 anos). É o
que demanda a lógica do sistema legislativo, se analisado em conjunto. Desse

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AA597C6.
modo, continuamos a sustentar ser viável debater a capacidade de consentimento
de quem possua 12 ou 13 anos, no contexto do estupro de vulnerável" (NUCCI,
Guilherme de Souza. Código penal comentado. Revista dos Tribunais. 13. ed. São
Paulo, 2013, p. 990).

Em recente julgado proferido pelo Pretório Catarinense, que enfrentou situação


análoga, colheu-se a tese defensiva, senão vejamos:

APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL (CP, ART. 217-A,


CAPUT) - SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DEFENSIVO. PRESUNÇÃO DE
VIOLÊNCIA E VULNERABILIDADE - CRITÉRIOS QUE DEVEM SER RELATIVIZADOS
PERANTE AS PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO - VÍTIMA COM 12 ANOS DE
IDADE - ATOS DE INTIMIDADE PRATICADOS DURANTE UM RELACIONAMENTO
AMOROSO, NA CONSTÂNCIA DE UMA UNIÃO ESTÁVEL - AUSÊNCIA DE LESIVIDADE
AO BEM JURÍDICO - PRECEDENTES DESTA CORTE ESTADUAL - ABSOLVIÇÃO QUE SE
IMPÕE. A vulnerabilidade do adolescente com idade entre 12 (doze) e 14
(quatorze) anos, embora se presuma, deve ser tratada como questão de fato,
passível, portanto, de afastamento se as circunstâncias do caso concreto
permitirem atestar, com a devida segurança, que a dignidade sexual do menor não
foi comprometida dada a inexistência de fragilidade para os assuntos
concernentes a sua intimidade. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJSC,
Apelação Criminal n. 0002959-06.2014.8.24.0067, de São Miguel do Oeste, rel.
Des. Getúlio Corrêa, j. 21-03-2017).

Pelo exposto, valorando a realidade vivenciada pela vítima, pessoa jovem, cujo
contato com a sexualidade tem se dado cada vez mais precocemente, ainda mais
dentro do contexto de uma relação amorosa, numa cidade do interior, e verificada
a inexistência de lesividade ao bem jurídico tutelado, concebe-se insignificante a
conduta do ponto de vista penal.

A absolvição do réu é, pois, medida de rigor.

EX POSITS, requer-se:
A. Seja recebida e juntada esta, mediante a absolvição dos imputados por terem
agido em legítima defesa;

Rua Rui Barbosa, nº 1.286, 1º piso, sala 10 – Centro – Turvo/SC


Fone/Fax: (48) 3525-3456 / 9985-6070 - Email: e.r.peres.adv@hotmail.com
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ERIVALDO ROCHA PERES e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 26/07/2017 às 18:43 , sob o número WTVO17100091586
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ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

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B. Seja desconsideradas as agravantes que mitigam em desfavor dos imputados e,
ademais, considerada a tese do crime privilegiado, pelo violento estado de emoção;

C. Absolvido ou impronunciado o imputado Leonardo, pelo fato de inexistir provas


de que o mesmo participou da infração penal;

D. Diante da ausência de provas de que a menor Vanessa foi corrompida pelos


imputados, visto que não participou de qualquer delito, pela absolvição dos mesmos
tocante ao crime do art. 244 – B, do ECA;

E. Absolvido o imputado Elton do crime sexual, visto que não abusou da menor,
tendo em vista a não caracterização da violência.

Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.

Turvo (SC), 25 de julho de 2017.

_____________________________
ERIVALDO ROCHA PERES
OAB/SC Nº 13557

Rua Rui Barbosa, nº 1.286, 1º piso, sala 10 – Centro – Turvo/SC


Fone/Fax: (48) 3525-3456 / 9985-6070 - Email: e.r.peres.adv@hotmail.com
fls. 311

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA - COMARCA DE TURVO Emitido em: 28/07/2017 12:37
Certidão - Processo 0000495-74.2017.8.24.0076 Página: 1

CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO DE RELAÇÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AAB68B3.
Certifico e dou fé que o ato abaixo, consta da relação nº 0638/2017, inclusa no Diário da Justiça
Eletrônico nº 2635, cuja data de publicação considera-se o dia 28/07/2017, com início do prazo em
31/07/2017, conforme disposto no Código de Normas da Corregedoria Geral da Justiça e Resolução n°
04/07-TJ.

Advogado Prazo em dias Término do prazo


Erivaldo Rocha Peres (OAB 13557/SC) 5 04/08/2017

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por giana angeloni ronzani magagnin, liberado nos autos em 28/07/2017 às 12:37 .
Teor do ato: "Fica intimado o advogado dos réus para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentar alegações
finais."

Do que dou fé.


Turvo, 28 de julho de 2017.

Escrivã(o) Judicial
fls. 312

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Turvo
Vara Única

Autos n° 0000495-74.2017.8.24.0076
Ação: Ação Penal de Competência do Júri/PROC

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AB82F1A.
Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

VISTOS PARA SENTENÇA.

O Ministério Público do Estado de Santa Catarina, no uso

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MANOEL DONISETE DE SOUZA, liberado nos autos em 01/08/2017 às 16:48 .
de suas atribuições constitucionais (art. 129, I, da CF) e legais (art. 24 do CPP), ofereceu
denúncia em face de Elton Tramontin Tomasi diante da prática de crimes previstos nos
artigos 121, §2°, incisos I e IV, c/c 14, inciso II, ambos do CP, artigo 217-A do CP e artigo
244-B, da Lei n. 8.069/1990 e em face de Leonardo Marcolino Fantoni, diante da prática
de crimes previstos nos artigos 121, §2°, incisos I e IV, c/c 14, inciso II, ambos do CP e
artigo 244-B, da Lei n. 8.069/1990, pelos seguintes fatos:
"DAS INFORMAÇÕES INICIAIS
Inicialmente, cumpre identificar e esclarecer a idade atual dos
principais atores que passarão a ser citados, na sequência, na
narrativa dos fatos delitivos:
Jardel Pagani: 35 anos.
Eliane Schaukoski Borges (companheira de Jardel): 44 anos.
Vanessa Schaukoski Borges (filha de Eliane): 13 anos.
Elton Tramontin Tomasi (namorado de Vanessa): 18 anos.
Leonardo Marcolino Fantoni (amigo de Elton): 19 anos.
Iniciaram-se os fatos por volta do ano de 2010, quando Jardel e
Eliane começaram a viver em união estável e, na companhia de Vanessa, a
qual é filha de Eliane, passaram a residir na Estrada Geral Água Branca, em Jacinto Machado (SC).
DO ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Tudo bem até que, no início do ano de 2017, Vanessa, com apenas 13 anos
de idade, passou a namorar o denunciado Elton, às escondidas da genitora Eliane e do padrasto Jardel.
Assim foi que, no início do mês de março de 2017, o denunciado Elton e a
adolescente Vanessa anunciaram o namoro a Eliane e a Jardel, os quais consentiram com o relacionamento
desde que os encontros entre os namorados ocorressem somente aos domingos e na presença da mãe e/ou do
padrasto.
Ocorre que, posteriormente, no decorrer do mês de março de 2017, o
denunciado Elton, quase que diariamente, sempre na ausência de Eliane e de Jardel, dirigia-se até a casa da
namorada Vanessa, onde, aproveitando-se da ingenuidade e da tenra idade dela, investia sexualmente contra
ela.
De fato, em março de 2017, por diversas vezes, quase que diariamente, o
denunciado Elton, de forma astuciosa, a fim de satisfazer a sua lascívia, praticou conjunção carnal com a
adolescente Vanessa, a qual, repita-se, à época, contava com apenas 13 anos de idade.
DO HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO
De se dizer que os ardilosos encontros foram percebidos por vizinhos, os
quais alertaram Jardel de que, na ausência deste e da companheira Eliane, o denunciado Elton costumava
frequentar rotineiramente a residência da familia.
No dia 30 de março de 2017, à noite, com o objetivo de comprovar a
informação da vizinhança, Jardel simulou que havia saído de casa e, à espreita, ficou esperando o que viesse
acontecer, já que a companheira Eliane estava no trabalho e a enteada Vanessa, então, imaginava que estaria
sozinha na residência.
Não tardou e o denunciado Elton foi até ao encontro da adolescente
Vanessa e, uma vez mais, a fim de satisfazer a sua lascívia, praticou conjunção carnal com ela.

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
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Dessa feita, o padrasto Jardel presenciou e, fazendo uso de um celular, por


entre uma fresta, gravou o encontro sexual entre a enteada Vanessa e o denunciado Elton. Há que esclarecer,

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porém, que as imagens capturadas não mostram a prática do ato sexual, havendo, entretanto, vultos que dão a
entender o contato entre os namorados.
Pois bem, por volta das 20 horas, assim que o denunciado Elton deixou a
residência, Jardel foi ao encontro da enteada Vanessa e a informou que havia gravado o encontro íntimo dela,
dizendo, ainda, que mostraria as imagens a Eliane.
Ato contínuo, a adolescente Vanessa efetuou ligação telefônica para o
denunciado Elton e, no desenrolar da conversa, colocou-o a par da
situação envolvendo a gravação do encontro íntimo dos dois.
O denunciado Elton decidiu, então, que, para garantir a manutenção do seu
namoro com a adolescente Vanessa e continuar buscando nela a realização dos seus caprichos sexuais
(MOTIVO TORPE), era preciso ceifar a vida de Jardel.
No dia seguinte, 31 de março de 2017, por volta do meio-dia, o denunciado
Elton, em conversa sobre o ocorrido - gravação do encontro sexual -, propôs à adolescente Vanessa e a um

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amigo - o denunciado Leonardo - a execução de Jardel, recebendo daqueles a concordância com a empreitada
delitiva.
Cumpre esclarecer que a adolescente Vanessa, embora tenha instigado os
denunciados a praticarem o crime e participado dos ajustes para a sua execução, foi incumbida tão somente de
se ausentar da sua casa a fim de que não fosse vista no local no momento do homicídio, o qual foi combinado
que se daria no início da noite.
Firmes no desiderato homicida, por volta das 19 horas, o denunciado
Leonardo, na direção de uma motocicleta, levou o denunciado Elton, na garupa, até a casa da vítima Jardel.
Assim que chegaram ao destino, o denunciado Elton, usando de
DISSIMULAÇÃO, disse à vítima Jardel que ali estava apenas para pegar um telefone celular que havia
esquecido no dia anterior, sendo-lhe, então, franqueado o acesso ao interior da casa.
Instantes depois, a vítima Jardel percebeu que o denunciado Elton estava
parado na frente da casa, ao lado do denunciado Leonardo, e, assim, foi ao encontro deles. Nesse momento, o
denunciado, uma vez mais, fazendo uso de DISSIMULAÇÃO, com o objetivo de atrair a vítima para perto de si,
disse a Jardel que não havia ido embora ainda porque a motocicleta estava em pane.
Foi, então, que o denunciado Elton apontou uma espingarda para a vítima
Jardel e ordenou que ela fosse para o interior da casa.
O denunciado Elton e a vítima Jardel, esta sob a mira da espingarda,
entraram na residência, enquanto o denunciado Leonardo ficou do lado de fora, sobre a motocicleta,
aguardando o retorno do comparsa para, então, evadirem-se do local.
Logo que adentraram à casa, o denunciado Elton efetuou um disparo contra
a face da vítima Jardel, a qual, dada a gravidade das lesões, foi ao chão.
Entretanto, a vítima Jardel logo se levantou e saiu correndo. O denunciado
Elton, então, foi até à motocicleta, apanhou um capacete e foi à caça da vítima e, quando a alcançou, passou a
golpeá-la com várias "capacetadas" na cabeça.
Ocorre que a vítima Jardel conseguiu correr até a residência de um vizinho
Belonir Vitalino Costa -, quando, então, o denunciado Elton, a fim de evitar que alguém aparecesse e o
reconhecesse, tratou de retornar ao local onde o denunciado Leonardo esperava e, juntos,
envidaram fuga.
Veja-se que o denunciado somente não prosseguiu na execução do
homicídio porque teve receio de que fosse visto e reconhecido pela vizinhança, haja vista que a vítima Jardel,
em que pesem as contundentes agressões sofridas - disparo de arma de fogo na face e "capacetadas" na
cabeça -, conseguiu alcançar a casa de um vizinho.
O homicídio não se consumou também porque a vítima Jardel, embora
atingida em região de vitais funções - face e cabeça -, foi socorrida pelo vizinho Belonir Vitalino Costa, o qual,
imediatamente, em um veículo automotor, levou Jardel ao hospital, onde, devido à intervenção médica,
conseguiu resistir aos graves ferimentos.
DA CORRUPÇÃO DE MENOR DE 18 ANOS
Cumpre esclarecer, ainda, que, ao tramarem e praticarem a execução do
crime de homicídio com a participação da adolescente Vanessa Schaukoski Borges, os denunciados Elton e
Leonardo culminaram por corrompê-la, introduzindo-a efetivamente na senda do crime."

Fez os requerimentos pertinentes e arrolou testemunhas.


A denúncia, por preencher os requisitos, foi recebida (fls.

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152-153), sendo determinada a citação dos acusados (fls. 163-165).

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Apresentada resposta à acusação (fls. 170-173) e designada
audiência de instrução e julgamento (fl. 183).
Instrução processual realizada às fls. 278-283.
Encerrada a instrução processual, abriu-se prazo às partes
para alegações finais, sendo que a acusação, por entender haver prova de materialidade e
indícios de autoria, requereu a pronúncia dos acusados nos termos da denúncia (fls.
288-299) e a defesa requereu a absolvição do acusado Elton por legítima defesa,

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desconsiderando-se as qualificadoras, bem como pela ausência de prova em relação aos
crimes conexos e, ainda, a impronúncia do acusado Leonardo diante da ausência de provas
(fls. 302-310).
É o relatório. Decido.
Trata-se de ação penal pública incondicionada em que figuram
como acusados Elton Tramontin Tomasi, denunciado pela prática de conduta tipificada
nos artigos 121, §2°, incisos I e IV, c/c 14, inciso II, ambos do CP, artigo 217-A do CP e
artigo 244-B, da Lei n. 8.069/1990 e Leonardo Marcolino Fantoni,denunciado pela prática
de conduta tipificada nos artigos 121, §2°, incisos I e IV, c/c 14, inciso II, ambos do CP e
artigo 244-B, da Lei n. 8.069/1990.
O processo, por se tratar de crime doloso contra a vida,
encontra-se na fase do art. 406 e seguintes do Código de Processo Penal. O art. 413 do
CPP, estabelece: "O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação."
Com efeito, são exigidos dois requisitos para a prolação da
decisão de pronúncia: a prova da materialidade do crime doloso contra a vida descrito na
inicial acusatória e indícios suficientes de que o acusado seja o autor do delito.
Ressalto que a decisão de pronúncia é mero juízo de
admissibilidade da acusação, quando o Juiz se convence da existência do crime e visualiza
indícios de autoria.
Nessa fase, vigora o principio do in dubio pro societate e não o
princípio do in dubio pro reo, uma vez que as dúvidas que possam vir a surgir devem ser
diluídas pelo Tribunal do Júri, e não na presente decisão.
É o que se extrai do entendimento do nosso Tribunal de
Justiça:

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"[...] Para a pronúncia não são exigidos os mesmos critérios

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valorativos dispensados à formação da convicção condenatória; a existência de indícios
consistentes, que apontam o recorrente como autor do delito é suficiente para autorizar o
envio do feito à sessão plenária do júri." (TJSC, Recurso em Sentido Estrito n.
0800323-72.2014.8.24.0119, de Garuva, rel. Des. Carlos Alberto Civinski, j. 01-03-2016)."
Entendendo presentes os dois pressupostos, deve o Juiz
pronunciar os acusados (art. 413 do CPP); caso contrário, proferir sentença de impronúncia
(art. 414 do CPP). Por fim, existindo hipótese que prove a inexistência do delito, ou afaste a

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autoria, adentrará o Juiz no mérito para absolver, de forma sumária, o acusado (art. 415 do
CPP).
A) DO CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO -
artigos 121, §2°, incisos I e IV, c/c 14, inciso II, ambos do CP, em relação aos
acusados Elton Tramontin Tomasi e Leonardo Marcolino Fantoni:
Disciplina o art. 121, §2°, incisos I e IV do CP: "Matar alguém:§
2º Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
motivo torpe e IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso
que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido."
Dos depoimentos colhidos durante toda a instrução processual,
temos, em suma, que o acusado Elton e a adolescente Vanessa mantinham um
relacionamento amoroso, o qual tinha a permissão da mãe da menor, Eliane, tão-somente
para encontrarem-se aos domingos e se alguém estivesse em casa. Todavia, os namorados
mantinham calorosos encontros em dias de semana, no período da tarde, enquanto o
padrasto/vítima Jardel e Eliane não estavam em casa. Motivo este que levou aos vizinhos a
comentarem com estes sobre os encontros, os quais, quando questionada a adolescente
pela mãe foram negados. Foi então que Eliane pediu para que Jardel vigiasse a filha e este
assim o fazendo, planejou retirar o carro da garagem da casa, como forma de despistar o
casal, e, na sequência, o acusado Elton foi ao encontro de Vanessa, sendo ambos filmados
pela vítima Jardel, que após o encontro avisou a adolescente da filmagem, a qual, por sua
vez, ligou para Elton.
Dos autos tem-se o próprio acusado Elton em Juízo confessou
que foi até a casa de Jardel com arma em punho para "assustá-lo", mas que no momento
houve uma discussão que o levou a efetuar o disparo. Ou seja, não negou a autoria delitiva.
Como dito alhures, nesta fase para que os autos sejam

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remetidos ao Tribunal do Júri bastam estarem presentes os indícios de materialidade e

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autoria.
Ao caso, vê-se que a materialidade encontra guarida nos
Laudos Periciais (fls. 28-29; fl. 39; fl.43; fl. 78; fls. 91-95), Auto de Exibição e Apreensão (fl.
67), Relatório de Informações (fls. 71-75; fls. 83-85; fls. 86-89) e os indícios suficientes da
autoria através depoimentos colhidos durante todo o deslinde processual, inclusive, com
base no interrogatório do acusado Elton, o qual a confessou.
De início, importante ressaltar que a participação do acusado

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Leonardo no crime de tentativa de homicídio encontra-se incerta nos autos, porquanto do
que se tem é que este foi quem pilotou a motocicleta de Elton e levou-o até a residência de
Jardel, mas sem saber as verdadeiras intenções deste, uma vez que o acusado Elton
afirmou que iria até a casa de Jardel para pegar seu celular que estava esquecido no local e
conversar com ele, ou seja, Leonardo sequer sabia dos atos sexuais havidos entre Elton e
Vanessa, muito menos das filmagens feitas por Jardel no último encontro do casal, não
sendo possível destacar a sua participação na tentativa de homicídio. Leonardo em
Juízo, negou a autoria, afirmando que não sabia de nada, que Elton não lhe disse nada e
que ficou assustado quando viu Elton vindo em sua direção.
Em casa semelhante, colhe-se da jurisprudência:

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO


QUALIFICADO (ART. 121, §2º, IV, DO CÓDIGO PENAL). DECISÃO DE PRONÚNCIA. RECURSO DE UM
DOS RÉUS. PRELIMINAR. NULIDADE POR VIOLAÇÃO AO SISTEMA ACUSATÓRIO. NÃO
OCORRÊNCIA. MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PELA IMPRONÚNCIA DO RECORRENTE
EM ALEGAÇÕES QUE NÃO VINCULA A DECISÃO DO MAGISTRADO. CRIME DE AÇÃO PÚBLICA.
POSSIBILIDADE DE DECISÃO DIVERSA. INTELIGÊNCIA DO ART. 385 DO CPP. PREFACIAL
AFASTADA. MÉRITO. PEDIDO DE IMPRONÚNCIA, DIANTE DA AUSÊNCIA DE PROVA DA AUTORIA.
VIABILIDADE. ELEMENTO INFORMATIVO COLHIDO NA FASE INDICIÁRIA QUE, POR SI SÓ, É
INSUFICIENTE PARA DETERMINAR A RESPONSABILIDADE PENAL DO RECORRENTE PELO CRIME
DESCRITO NA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS PRODUZIDAS SOB O CRIVO DO
CONTRADITÓRIO. OBSERVÂNCIA AO DISPOSTO NO ART. 155 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
ADEMAIS, NEGATIVA DE AUTORIA CORROBORADA PELOS DEPOIMENTOS, UNÍSSONOS E
COERENTES, DE TESTEMUNHA, DE TRÊS INFORMANTES E DO CORRÉU. INEXISTÊNCIA DE
INDÍCIOS SUFICIENTES DA AUTORIA OU DA PARTICIPAÇÃO DO RECORRENTE NA PRATICA
DELITIVA. EXEGESE DO ART. 414 DO CPP. IMPRONÚNCIA QUE SE IMPÕE. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. (TJSC, Recurso em Sentido Estrito n. 0002629-32.2016.8.24.0069, de
Sombrio, rel. Des. Volnei Celso Tomazini, j. 30-05-2017).

De fato, as testemunhas ouvidas e o acusado Elton afirmam


não ter visto Leonardo ou que este desconhecia os verdadeiros motivos da "visita" de Elton
até a residência de Jardel, sendo importante destacar que a discussão e o disparo que
atingiu a vítima ocorreu no interior da residência, bem como que a arma carregada por Elton

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estava desmontada em três partes, de modo que dificultou Leonardo de perceber o que

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estava para acontecer, posto que no dia seguinte aos fatos ao ir até a casa de Elton este
nada comentou sobre o que queria e iria fazer, não podendo agora imputar a Leonardo a
prática do homicídio tentado, posto que não participou do planejamento e execução do
crime.
Assim, afasto Leonardo da prática de crime previsto no art.
121, §2°, incisos I e IV, c/c 14, inciso II, ambos do CP.
Sorte esta que não aproveita ao acusado Elton, porquanto,

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como dito acima, confessou a prática do crime, planejando a forma como procederia e
executando-a sozinho.
Em relação as qualificadoras previstas nos incisos I (motivo
torpe) e IV (dissimulação), no §2° do art. 121 do CP, tenho que ambas não poderão ser
afastadas, porquanto o motivo que levou a Elton planejar a morte de Jardel foi o fato dele
ter filmado ele a sua namorada (à época com 13 anos de idade), mantendo relações
sexuais na sala, às escondidas da mãe da adolescente. Ao caso, consigno que se torna
irrelevante as hipóteses de Jardel ter investido sexualmente contra a enteada ou
simplesmente tê-la ameaçado de contar para a mãe acerca da filmagem, porquanto tanto
um, quanto o outro motivo não são suficientes para descaracterizar o dolo (anumis necandi)
ao qual estava imbuído, sendo este torpe (vingança).
Ainda, Elton ao chegar na residência de Jardel, o qual estava
na parte de trás da moradia, chamou-o com o fim de atraí-lo para mais perto, afirmando que
iria pegar seu celular que estava dentro da casa, agindo de forma dissimulada, com o fim a
aproximar-se da vítima para alcançar seu objetivo.
Ressalto que Elton afirmou que atirou contra a vítima porque
esta "veio para cima" com uma faca de cor branca em mãos, mas não há nos autos Laudo
ou informações desta faca.
Neste sentido, tem-se da jurisprudência:

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (CPP, ART. 581, IV). CRIME


CONTRA A VIDA. PRONÚNCIA PELA SUPOSTA PRÁTICA DO DELITO DE HOMICÍDIO SIMPLES
(ART. 121, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL). RECURSO DA DEFESA. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO
SUMÁRIA. TESE DE LEGÍTIMA DEFESA. VERSÃO APRESENTADA PELO RÉU QUE SE
CONTRAPÕE ÀQUELA DA ACUSAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DA EXCLUDENTE DE
ILICITUDE ESTREME DE DÚVIDA. MATÉRIA QUE DEVE SER DIRIMIDA PELO CONSELHO DE
SENTENÇA. DECISÃO MANTIDA. - Para a pronúncia não são exigidos os mesmos critérios
valorativos dispensados à formação da convicção condenatória; a existência de indícios consistentes
que apontam o acusado como autor do delito é suficiente para autorizar o envio do feito à sessão
plenária do júri. - Incabível a impronúncia ou absolvição sumária fundada no reconhecimento da
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fls. 318

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legítima defesa, porquanto não evidenciado nos autos elementos probatórios seguros acerca do
cometimento do crime sob a excludente de ilicitude. - Parecer da PGJ pelo conhecimento e o

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desprovimento do recurso. - Recurso conhecido e desprovido. (TJSC, Recurso em Sentido Estrito n.
0004916-47.2016.8.24.0075, de Tubarão, rel. Des. Carlos Alberto Civinski, j. 20-07-2017).

Assim, torna-se impossível afastar as qualificadoras do motivo


torpe e dissimulação em relação ao acusado Elton, porquanto há prova de materialidade e
indícios suficientes de autoria.
Por fim, com base nas provas trazidas nos autos, tem-se que o
intento criminoso não restou concluído, uma vez que a vítima sobreviveu, sendo necessário

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reconhecer a prática do crime de homicídio qualificado na forma tentada.

B) DO CRIME CONEXO DE CORRUPÇÃO DE MENORES –


art. 244-B do ECA, em relação aos acusados Elton Tramontin Tomasi e Leonardo
Marcolino Fantoni:
Os acusados restaram incursos neste crime por entender-se
que planejaram a morte da vítima Jardel com o auxílio da adolescente Vanessa, à época
com 13 anos de idade. Todavia, em que pese o disciplinado na Súmula n. 500 do Superior
Tribunal de Justiça: “A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da
efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal”, tenho que os acusados não
praticaram tal crime, porquanto não há provas suficientes nos autos de que a menor
efetivamente ajudou a planejar o crime.
Ademais, como explanado no tópico acima, o próprio acusado
Elton afirmou que planejou tudo sozinho e que pediu para que Vanessa ficasse na casa de
uma amiga na sexta-feira (dia dos fatos) para que ela não permanecesse sozinha na
residência com Jardel, com receio dele tentar fazer algo com ela. Ainda, as demais
testemunhas nada sabem acerca da eventual participação da adolescente no crime de
homicídio tentado, sendo que esta negou os fatos em Juízo.
Assim, não havendo provas de que a adolescente estava
envolvida no crime de homicídio tentado, não há como pronunciar-se os acusados Elton e
Leonardo em relação a este crime conexo, ressaltando, ainda, que em relação a Leonardo a
sua participação já restou afastada.

C) DO CRIME CONEXO DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL –


art. 217-A do CP, somente em relação aos acusados Elton Tramontin Tomasi:

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fls. 319

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Sabe-se que, em conformidade com o que disciplina o art. 78,

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inciso I do CPP os crimes conexos aqueles dolosos contra à vida, são absorvidos pela sua
competência constitucional, sendo julgamento conjuntamente perante o Tribunal do Júri.
Ainda, extrai-se da nossa Corte Superior:

RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO. TRIBUNAL DO JÚRI.


PRONÚNCIA. CRIME CONTRA A VIDA. HOMICÍDIO QUALIFICADO PELO MOTIVO TORPE, NA
FORMA TENTADA (ART. 121, § 2°, INCISO I, C/C ART. 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL)
E DELITOS CONEXOS DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO SUPRIMIDA
(ART. 16, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO IV, DA LEI N. 10.826/03), TRÁFICO DE DROGAS (ARTIGO
33, CAPUT, DA LEI N. 11.343/06), RESISTÊNCIA (ARTIGO 329 DO CÓDIGO PENAL) E

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MANOEL DONISETE DE SOUZA, liberado nos autos em 01/08/2017 às 16:48 .
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (ART. 2º, § 2°, DA LEI N. 12.850/13). 2. Mantida a pronúncia dos
acusados pela prática, em tese, de crime contra a vida, remanesce ao Júri, também, a
competência para apurar a autoria dos delitos conexos, cabendo nesta fase tão somente o
encaminhamento do feito ao Tribunal Popular, sem se proceder a qualquer análise de mérito
quanto aos referidos delitos. (Recurso Criminal n. 2015.039640-2, da Capital, rel. Des. Paulo
Roberto Sartorato, j. 21-07-2015).

Deste modo, tem-se que, assim como do crime doloso contra à


vida, basta estarem presentes a materialidade e indícios de autoria para que este crime
conexo seja levado ao Tribunal do Júri.
Ao presente caso o acusado Elton e a vítima Vanessa,
afirmaram em Juízo que mantiveram relações sexuais por vezes, sendo que a genitora de
vítima, quando ouvida (áudio de fl. 283), afirmou ter avisado o acusado de que sua filha
tinha apenas 13 anos de idade e que era muito nova para namorar, mas diante da
insistência permitiu o namoro somente aos domingos e sob sua vigilância ao do padrasto da
menor Jardel.
Ainda o acusado quando interrogado, afirmou ter ciência de
que Vanessa contava na época com somente 13 anos de idade, mas que mesmo assim
mantinham as relações íntimas.
Neste andar, tem-se que o padrasto de Vanessa, Jardel, o qual
foi vítima do homicídio tentado, filmou o casal mantendo as relações sexuais, o que motivou
o acusado Elton a planejar a sua morte, como o próprio confessou em Juízo.
Deste modo, verifico que não há como afastar-se a
competência do Tribunal de Júri para julgamento deste crime, uma vez que certamente está
conexo aquele doloso contra a vida, tanto é que se retirarmos os estupros de vulnerável
praticados por Elton, não teríamos as filmagens feitas por Jardel e a consequência prática
de crime de homicídio qualificado tentado.
Neste sentido:

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fls. 320

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RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO DUPLAMENTE


QUALIFICADO (RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA E PARA ASSEGURAR A

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EXECUÇÃO OU A IMPUNIDADE DE OUTRO CRIME) E ESTUPRO DE VULNERÁVEL. DECISÃO
DE PRONÚNCIA.PEDIDO DE AFASTAMENTO DAS QUALIFICADORAS. INVIABILIDADE.
HIPÓTESE EM QUE A PROVA PRODUZIDA ATÉ O MOMENTO NÃO EXCLUI, COM ABSOLUTA
CERTEZA, A OCORRÊNCIA DAS REFERIDAS QUALIFICADORAS. QUESTÃO QUE DEVE SER
DIRIMIDA PELO CONSELHO DE SENTENÇA. PLEITO DE IMPRONÚNCIA EM RELAÇÃO AO
ESTUPRO DE VULNERÁVEL. INVIABILIDADE. CRIME CONEXO AO DELITO CONTRA A VIDA.
INDÍCIOS DE AUTORIA IGUALMENTE PRESENTES. IMPOSSIBILIDADE DE VALORAÇÃO DA
PROVA, SOB PENA DE INVASÃO NA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. NECESSIDADE DE
APRECIAÇÃO PELO CONSELHO DE SENTENÇA. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
(TJSC, Recurso Criminal n. 2014.052785-3, de Campo Erê, rel. Des. Rui Fortes, j. 30-09-2014).

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MANOEL DONISETE DE SOUZA, liberado nos autos em 01/08/2017 às 16:48 .
Deste modo, impossível desmembrar-se os presentes autos
em relação ao presente crime, uma vez que, como dito acima, ele foi a principal causa de o
agente ter planejado a prática de crime de homicídio.
Por todo o exposto:
PRONUNCIO o acusado ELTON TRAMONTIN TOMASI,
qualificado na Denúncia, dando-o como incurso nos artigos 121, §2°, incisos I (motivo
torpe) e IV (dissimulação) c/c 14, inciso II, ambos do CP - homicídio duplamente
qualificado na forma tentada e artigo 217-A do CP (crime conexo), determinando que,
oportunamente, seja submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri desta Comarca.

IMPRONUNCIO o acusado LEONARDO MARCOLINO


FANTONI, qualificado na Denúncia da prática do crime previsto artigos 121, §2°,
incisos I (motivo torpe) e IV (dissimulação) c/c 14, inciso II, ambos do CP - homicídio
duplamente qualificado na forma tentada e em relação ao crime conexo previsto no
art. 244-B do ECA, diante da ausência de provas de materialidade e autoria, nos
termos da fundamentação.
IMPRONUNCIO o acusado ELTON TRAMONTIN TOMASI,
qualificado na Denúncia, da prática do crime conexo previsto no art. 244-B do ECA.
visto que ausentes a materialidade e autoria, nos termos na fundamentação.
Ficam revogadas as medidas cautelares diversas da prisão
impostas ao acusado Leonardo Marcolino Fantoni (fls. 152-153).
Passo à análise do pedido de revogação da prisão preventiva
em relação ao acusado Elton Tramontin Tomasi.
Requer a defesa a revogação da prisão preventiva por
entender que encerrada a instrução processual não subsistem mais motivos para a

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fls. 321

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manutenção da prisão cautelar. O Ministério Público manifestou-se pelo indeferimento do

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pedido defensivo por entender estar presente o requisito da garantia da ordem pública (fls.
286-287).
É o breve relato. Decido.
Em detida análise dos autos, tenho que o pedido defensivo
merece acolhimento, uma vez que o acusado é réu primário, bem como, antes dos fatos
possuía trabalho ilícito. É certo que estes motivos não são suficientes para revogar-se a
prisão cautelar, entretanto ao caso, tem-se que Elton encontra-se preso desde a data de

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MANOEL DONISETE DE SOUZA, liberado nos autos em 01/08/2017 às 16:48 .
02/04/2017, ou seja, cerca de três meses, sendo que colaborou com a instrução processual.
Nesse andar, verifico que neste específico caso, a substituição
da medidas cautelares diversas da prisão são suficientes para garantir a ordem pública.
Desde modo, forte no art. 319 do CPP, substituo a prisão
preventiva de Elton Tramontin Tomasi pelas medidas cautelares de:
a) comparecimento mensal em Juízo, entre o dia 10 e 20 de
cada mês, para informar e justificar suas atividades;
b) proibição de frequentar bares, casas noturnas,
prostíbulos, boates ou assemelhados;

Expeça-se ALVARÁ DE SOLTURA e intime-se o acusado


Elton Tramontin Tomasi, cientificando-o que o descumprimento de qualquer uma das
medidas acima impostas ocasionará o restabelecimento da sua prisão cautelar.
Intimem-se o Ministério Público, o defensor constituído e os
acusados pessoalmente (art. 420, inciso I, CPP).

Turvo (SC), 01 de agosto de 2017.

Manoel Donisete de Souza


Juiz de Direito

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fls. 322

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Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AB88EE2.
Ação: Ação Penal de Competência do Júri
Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIFICO que a sentença proferida foi publicada e registrada nesta data.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 01/08/2017 às 16:48 .
Turvo (SC), 01 de agosto de 2017.

"DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE


Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III,a”

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fls. 323

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PODER JUDICIÁRIO Justiça Gratuita
Comarca - Turvo
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Réu Preso

ALVARÁ DE SOLTURA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AB8B40C.
Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076
Mandado076.2017/005257-6 - INTEGR-Araranguá (Araranguá)
Oficial de Justiça: (0)

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina /
Réu: Elton Tramontin Tomasi /

O(A) Doutor(a) Manoel Donisete de Souza, Juiz de Direito da Vara Única, da


Comarca de Turvo, na forma da lei, etc.
MANDA que a autoridade responsável ou quem a substituir que coloque

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MANOEL DONISETE DE SOUZA, liberado nos autos em 01/08/2017 às 18:19 .
imediatamente em liberdade, se por outro motivo não estiver presa, a pessoa a seguir qualificada:

NOME: Réu: ELTON TRAMONTIN TOMASI, Presídio Regional de araranguá, Araranguá - SC


FILIAÇÃO: pai Jailson Fontana Tomasi, mãe Marcia Albano Tramontin
MOTIVO DA PRISÃO: Preventiva.
PENA IMPOSTA: XXX
DATA DA PRISÃO: 3-4-2017.
LOCAL DA PRISÃO: Jacinto Machado-SC.
MOTIVO DA SOLTURA: Substituição por cautelares.
OBSERVAÇÃO: Substituída a prisão preventiva pelas medidas cautelares de: a) comparecimento mensal
em Juízo, entre o dia 10 e 20 de cada mês, para informar e justificar suas atividades; b) proibição de
frequentar bares, casas noturnas, prostíbulos, boates ou assemelhados.
PRAZO PARA CUMPRIMENTO: (IMEDIATAMENTE)

Turvo (SC), 01 de agosto de 2017.


Manoel Donisete de Souza
Juiz de Direito
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III, “a”

Certifico que, na data de ___/___/___, às _____ horas, em cumprimento ao presente, coloquei a pessoa acima
em liberdade.

Responsável Liberado

Observações:
1. Em se tratando de processo digital, os documentos não acompanham o mandado e deverão ser acessados
por meio de senha de acesso ao processo.
2. Quando constar no cabeçalho a expressão "Processo Digital", nos casos em que a fluência do prazo inicia-se
com a juntada do mandado, a movimentação de liberação da certidão assinada digitalmente na pasta digital
equivalerá, para todos os fins, à juntada do mandado (Resolução Conjunta n. 3/2013-GP/CGJ, art. 40, parágrafo
único.Exceto na área criminal que a fluência do prazo se inicia na data de intimação/citação/notificação
da parte.
S

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1 de 1
ATT
Obrigada
ter 01/08/2017 18:30
Alvará de Soltura - Solange Martins Jose Bez Batti

Solange Martins Jose Bez Batti

Boa Noite, segue alvará de soltura. Favor nos devolver assinado.


fls. 324

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Solange martins jose bez batti, liberado nos autos em 01/08/2017 às 18:56 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AB9887D.

01/08/2017 18:31
https://email.tjsc.jus.br/owa/#viewmodel=ReadMessageItem&ItemID...
fls. 325

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Solange martins jose bez batti, liberado nos autos em 02/08/2017 às 13:22 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código ABB55BB.
fls. 326

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Solange martins jose bez batti, liberado nos autos em 02/08/2017 às 13:22 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código ABB55BB.
fls. 327

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Solange martins jose bez batti e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 02/08/2017 às 13:54 .
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Comarca de Turvo Réu Preso
Vara Única

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código ABB97F0.
Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIDÃO DE ATO ORDINATÓRIO

Encaminho os presentes autos para intimação do Ministério Público.

Turvo(SC), 02 de agosto de 2017

Solange Martins José Bez Batti


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
"DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III, a”
fls. 328

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código ABB9842.
CERTIDÃO DE REMESSA DA INTIMAÇÃO PARA O PORTAL
ELETRÔNICO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 02/08/2017 às 13:54 .
Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri/PROC


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIFICA-SE, que em 02/08/2017 o ato abaixo foi


encaminhado para intimação no portal eletrônico.

Teor do ato: Encaminho os presentes autos para intimação do


Ministério Público.

Turvo (SC), 02 de agosto de 2017.

Ministério Público do Estado de Santa Catarina


Advogado Selecionado << Informação indisponível >>

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fls. 329

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PODER JUDICIÁRIO Justiça Gratuita
Comarca - Turvo
Vara Única
Réu Preso

MANDADO DE INTIMAÇÃO DA SENTENÇA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código ABB9424.
Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076
Mandado 076.2017/005275-4 - INTEGR-Turvo (Turvo)
Oficial de Justiça: (0)

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina /
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro /

O(A) Doutor(a) Manoel Donisete de Souza, Juiz de Direito da(o) Vara Única,
da Comarca de Turvo, na forma da lei, etc.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ivone angeloni de aguiar, liberado nos autos em 03/08/2017 às 13:05 .
MANDA que o Senhor Oficial de Justiça PROCEDA À INTIMAÇÃO da pessoa
adiante relacionada quanto ao teor da sentença prolatada, consoante cópias que seguem, com
obediência às formalidades legais.
DESEJA RECORRER DA SENTENÇA? ( ) SIM ( ) NÃO

DESTINATÁRIO: LEONARDO MARCOLINO FANTONI, brasileiro(a), RG 5845757, pai Claudio


Fantoni, mãe Salete Marcolino Fantoni, Nascido/Nascida 10/10/1997, natural de Jacinto Machado -
SC, Outros Dados: (casa na cor verde, com dois pinheiros na frente - Fone 99803-4949, Estrada
Geral, Picadão, Jacinto Machado - SC

Turvo (SC), 02 de agosto de 2017 .

Ivone Angeloni de Aguiar


Chefe de Cartório
Portaria 11/2012

Observações:
1. Em se tratando de processo digital, os documentos não acompanham o mandado e deverão ser acessados
por meio de senha de acesso ao processo.
2. Quando constar no cabeçalho a expressão "Processo Digital", nos casos em que a fluência do prazo inicia-se
com a juntada do mandado, a movimentação de liberação da certidão assinada digitalmente na pasta digital
equivalerá, para todos os fins, à juntada do mandado (Resolução Conjunta n. 3/2013-GP/CGJ, art. 40, parágrafo
único).
S

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 330

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PODER JUDICIÁRIO Justiça Gratuita
Comarca - Turvo
Vara Única
Réu Preso

MANDADO DE INTIMAÇÃO DA SENTENÇA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código ABB927D.
Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076
Mandado 076.2017/005274-6 - INTEGR-Turvo (Turvo)
Oficial de Justiça: (0)

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina /
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro /

O(A) Doutor(a) Manoel Donisete de Souza, Juiz de Direito da(o) Vara Única,
da Comarca de Turvo, na forma da lei, etc.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ivone angeloni de aguiar, liberado nos autos em 03/08/2017 às 13:06 .
MANDA que o Senhor Oficial de Justiça PROCEDA À INTIMAÇÃO da pessoa
adiante relacionada quanto ao teor da sentença prolatada, consoante cópias que seguem, com
obediência às formalidades legais.
DESEJA RECORRER DA SENTENÇA? ( ) SIM ( ) NÃO

DESTINATÁRIO: ELTON TRAMONTIN TOMASI, brasileiro(a), RG 5845809, CPF 072.625.109-75,


pai Jailson Fontana Tomasi, mãe Marcia Albano Tramontin, Nascido/Nascida 21/06/1998, natural de
Jacinto Machado - SC, rua geral, SN, picadão, CEP 88950-000, Jacinto Machado - SC

Turvo (SC), 02 de agosto de 2017 .

Ivone Angeloni de Aguiar


Chefe de Cartório
Portaria 11/2012

Observações:
1. Em se tratando de processo digital, os documentos não acompanham o mandado e deverão ser acessados
por meio de senha de acesso ao processo.
2. Quando constar no cabeçalho a expressão "Processo Digital", nos casos em que a fluência do prazo inicia-se
com a juntada do mandado, a movimentação de liberação da certidão assinada digitalmente na pasta digital
equivalerá, para todos os fins, à juntada do mandado (Resolução Conjunta n. 3/2013-GP/CGJ, art. 40, parágrafo
único).
S

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 331

ESTADO DE SANTA CATARINA Processo Digital


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Turvo
Vara Única

CERTIDÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AC2A5DF.
Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Mandado n. 076.2017/005274-6 -
Oficial de Justiça: Márcio Luiz Bez Batti (34139)

Certifico que, em cumprimento ao mandado extraído dos autos mencionados,


compareci no local indicado e após as formalidades legais, procedi à intimação da sentença de Elton
Tramontin Tomasi do inteiro teor deste e das peças processuais que o acompanham, o(a) qual aceitou

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCIO LUIZ BEZ BATTI, liberado nos autos em 03/08/2017 às 18:36 .
a contrafé que ofereci e exarou a sua assinatura ao pé do mandado.
Certifico ainda que, o réu não se manifestou acerca do recurso da sentença e
pretende consultar seu advogado. Dou fé.

Conduções: 1
Resumo dos atos/diligências
Ato: Intimação
Resultado:
Pessoa: Elton Tramontin Tomasi
Diligência:
03/08/2017 as 10:50 - local: Picadão - Jacinto Machado/SC, antes da localidade, 1ª casa, esquerda,
ao lado e antes da casa de dois pisos, de Valdemiro Recco. FONE (48) 99922.6481 (distância 0 km)

Turvo, 03 de agosto de 2017.

Márcio Luiz Bez Batti


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
"DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III, a”

Observação: quando constar no cabeçalho a expressão "Processo Digital", nos casos em que a
fluência do prazo inicie-se com a juntada do mandado, a movimentação de liberação da certidão
assinada digitalmente na pasta digital equivalerá, para todos os fins, à juntada do mandado.
(Resolução Conjunta n. 3/2013-GP/CGJ, art. 40, parágrafo único).
fls. 332

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Turvo
Vara Única

CERTIDÃO DE JUNTADA DE MANDADO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AC2A618.
Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri/Homicídio Qualificado


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro
Vítima

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 03/08/2017 às 18:36 .
CERTIFICO que o Mandado, representado pela certidão do oficial de justiça
na página anterior, foi juntado nesta data.

Turvo (SC), 03 de agosto de 2017.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE


Lei nº 11.419/2006, art. 1º, §2º, III

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 333

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCIO LUIZ BEZ BATTI, liberado nos autos em 03/08/2017 às 18:37 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AC2A72A.
fls. 334

ESTADO DE SANTA CATARINA Processo Digital


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Turvo
Vara Única

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AC2ADCB.
CERTIDÃO

Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Mandado n. 076.2017/005275-4 -
Oficial de Justiça: Márcio Luiz Bez Batti (34139)

Certifico que, em cumprimento ao mandado extraído dos autos mencionados,


compareci no local indicado e após as formalidades legais, procedi à intimação da sentença de
Leonardo Marcolino Fantoni do inteiro teor deste e das peças processuais que o acompanham, o(a)

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCIO LUIZ BEZ BATTI, liberado nos autos em 03/08/2017 às 18:41 .
qual aceitou a contrafé que ofereci e exarou a sua assinatura ao pé do mandado.
Certifico ainda que, o réu não manifestou-se acerca do recurso da sentença e
pretende consultar seu advogado. Dou fé.

Conduções: 2
Resumo dos atos/diligências
Ato: Intimação
Resultado:
Pessoa: Leonardo Marcolino Fantoni
Diligência:
03/08/2017 as 11:00 - local: Picadão - Jacinto Machado/SC, no final da vila, antes da porteira de
ferro, ultima casa, ao lado do mato. FONE (48)99616.7999 (mãe) e (48) 99998.8385 (patrão/Rodrigo).
(distância 0 km)
03/08/2017 as 11:45 - local: Rua Abedeno Francisco Gomes, s/n - Figueira - Jacinto Machado/SC,
oficina Nova Opção, do Sr. Rodrigo, onde trabalha, em frente Dr. Bento Cândido. (distância 0 km)

Turvo, 03 de agosto de 2017.

Márcio Luiz Bez Batti


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
"DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III, a”

Observação: quando constar no cabeçalho a expressão "Processo Digital", nos casos em que a
fluência do prazo inicie-se com a juntada do mandado, a movimentação de liberação da certidão
assinada digitalmente na pasta digital equivalerá, para todos os fins, à juntada do mandado.
(Resolução Conjunta n. 3/2013-GP/CGJ, art. 40, parágrafo único).
fls. 335

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Turvo
Vara Única

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AC2ADE0.
CERTIDÃO DE JUNTADA DE MANDADO

Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri/Homicídio Qualificado


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro
Vítima

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 03/08/2017 às 18:42 .
CERTIFICO que o Mandado, representado pela certidão do oficial de justiça
na página anterior, foi juntado nesta data.

Turvo (SC), 03 de agosto de 2017.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE


Lei nº 11.419/2006, art. 1º, §2º, III

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 336

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCIO LUIZ BEZ BATTI, liberado nos autos em 03/08/2017 às 18:42 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AC2AE81.
fls. 337

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA - COMARCA DE TURVO Emitido em: 04/08/2017 17:58
Certidão - Processo 0000495-74.2017.8.24.0076 Página: 1

CERTIDÃO DE REMESSA DE RELAÇÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AC6BA52.
Certifico que o ato abaixo consta da relação nº 0673/2017, encaminhada para publicação.

Advogado Forma
Erivaldo Rocha Peres (OAB 13557/SC) D.J

Teor do ato: "Por todo o exposto: PRONUNCIO o acusado ELTON TRAMONTIN TOMASI, qualificado na
Denúncia, dando-o como incurso nos artigos 121, §2°, incisos I (motivo torpe) e IV (dissimulação) c/c 14,

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por giana angeloni ronzani magagnin, liberado nos autos em 04/08/2017 às 17:58 .
inciso II, ambos do CP - homicídio duplamente qualificado na forma tentada e artigo 217-A do CP (crime
conexo), determinando que, oportunamente, seja submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri desta
Comarca.IMPRONUNCIO o acusado LEONARDO MARCOLINO FANTONI, qualificado na Denúncia da prática
do crime previsto artigos 121, §2°, incisos I (motivo torpe) e IV (dissimulação) c/c 14, inciso II, ambos do CP -
homicídio duplamente qualificado na forma tentada e em relação ao crime conexo previsto no art. 244-B do
ECA, diante da ausência de provas de materialidade e autoria, nos termos da fundamentação.
IMPRONUNCIO o acusado ELTON TRAMONTIN TOMASI, qualificado na Denúncia, da prática do crime
conexo previsto no art. 244-B do ECA. visto que ausentes a materialidade e autoria, nos termos na
fundamentação.Ficam revogadas as medidas cautelares diversas da prisão impostas ao acusado Leonardo
Marcolino Fantoni (fls. 152-153). Passo à análise do pedido de revogação da prisão preventiva em relação ao
acusado Elton Tramontin Tomasi. Requer a defesa a revogação da prisão preventiva por entender que
encerrada a instrução processual não subsistem mais motivos para a manutenção da prisão cautelar. O
Ministério Público manifestou-se pelo indeferimento do pedido defensivo por entender estar presente o
requisito da garantia da ordem pública (fls. 286-287). É o breve relato. Decido. Em detida análise dos autos,
tenho que o pedido defensivo merece acolhimento, uma vez que o acusado é réu primário, bem como, antes
dos fatos possuía trabalho ilícito. É certo que estes motivos não são suficientes para revogar-se a prisão
cautelar, entretanto ao caso, tem-se que Elton encontra-se preso desde a data de 02/04/2017, ou seja, cerca
de três meses, sendo que colaborou com a instrução processual. Nesse andar, verifico que neste específico
caso, a substituição da medidas cautelares diversas da prisão são suficientes para garantir a ordem pública.
Desde modo, forte no art. 319 do CPP, substituo a prisão preventiva de Elton Tramontin Tomasi pelas
medidas cautelares de: a) comparecimento mensal em Juízo, entre o dia 10 e 20 de cada mês, para informar
e justificar suas atividades; b) proibição de frequentar bares, casas noturnas, prostíbulos, boates ou
assemelhados;Expeça-se ALVARÁ DE SOLTURA e intime-se o acusado Elton Tramontin Tomasi,
cientificando-o que o descumprimento de qualquer uma das medidas acima impostas ocasionará o
restabelecimento da sua prisão cautelar.Intimem-se o Ministério Público, o defensor constituído e os acusados
pessoalmente (art. 420, inciso I, CPP)."

Do que dou fé.


Turvo, 4 de agosto de 2017.

Escrivã(o) Judicial
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ERIVALDO ROCHA PERES e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 07/08/2017 às 09:21 , sob o número WTVO17100096502
fls. 338

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AC9B47B.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA
COMARCA DE TURVO – SANTA CATARINA

PROCESSO Nº 0000495-74.2017.8.24.0076
(AÇÃO PENAL)

ELTON TRAMONTIN TOMASI, já qualificado no processo em epígrafe, que lhe


move a Justiça Pública, por seu defensor infra-assinado (procuração juntada à
fl. 124), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, salientar que, não
se conformando, “data venia”, com a r. sentença exarada às fls. 312-321, que
pronunciou o recorrente, dando-o como incurso nos artigos 121, § 2º, incisos
I (motivo torpe) e IV (dissimulação) c/c 14, inciso II, ambos do Código Penal
(homicídio duplamente qualificado na forma tentada) e art. 217-A do Código
Penal (crime conexo), deseja interpor recurso de apelação, como lhe faculta
o art. 593, I, do Código de Processo Penal, dentro do quinquênio legal,
juntando as razões de apelação no prazo legal e, após a juntada, requer-se o
preparo dos autos, que uma vez concluído deve ser remetido ao Tribunal
competente.

Nestes termos,
Pede e Espera Deferimento.

Turvo (SC), 07 de agosto de 2017.

__________________________
ERIVALDO ROCHA PERES
OAB/SC Nº 13557

Rua Rui Barbosa, n° 1.286, 1° piso, sala 10, Centro, Turvo/SC.


Fone/Fax: (48) 3525-3456 / 9985-6070 - Email: e.r.peres.adv@hotmail.com

Página 1
fls. 339

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA - COMARCA DE TURVO Emitido em: 08/08/2017 11:58
Certidão - Processo 0000495-74.2017.8.24.0076 Página: 1

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código ACE9B9F.
CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO DE RELAÇÃO

Certifico e dou fé que o ato abaixo, consta da relação nº 0673/2017, inclusa no Diário da Justiça
Eletrônico nº 2642, cuja data de publicação considera-se o dia 08/08/2017, com início do prazo em
09/08/2017, conforme disposto no Código de Normas da Corregedoria Geral da Justiça e Resolução n°
04/07-TJ.

Advogado Prazo em dias Término do prazo


Erivaldo Rocha Peres (OAB 13557/SC) 5 14/08/2017

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por giana angeloni ronzani magagnin, liberado nos autos em 08/08/2017 às 11:58 .
Teor do ato: "Por todo o exposto: PRONUNCIO o acusado ELTON TRAMONTIN TOMASI, qualificado na
Denúncia, dando-o como incurso nos artigos 121, §2°, incisos I (motivo torpe) e IV (dissimulação) c/c 14,
inciso II, ambos do CP - homicídio duplamente qualificado na forma tentada e artigo 217-A do CP (crime
conexo), determinando que, oportunamente, seja submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri desta
Comarca.IMPRONUNCIO o acusado LEONARDO MARCOLINO FANTONI, qualificado na Denúncia da prática
do crime previsto artigos 121, §2°, incisos I (motivo torpe) e IV (dissimulação) c/c 14, inciso II, ambos do CP -
homicídio duplamente qualificado na forma tentada e em relação ao crime conexo previsto no art. 244-B do
ECA, diante da ausência de provas de materialidade e autoria, nos termos da fundamentação.
IMPRONUNCIO o acusado ELTON TRAMONTIN TOMASI, qualificado na Denúncia, da prática do crime
conexo previsto no art. 244-B do ECA. visto que ausentes a materialidade e autoria, nos termos na
fundamentação.Ficam revogadas as medidas cautelares diversas da prisão impostas ao acusado Leonardo
Marcolino Fantoni (fls. 152-153). Passo à análise do pedido de revogação da prisão preventiva em relação ao
acusado Elton Tramontin Tomasi. Requer a defesa a revogação da prisão preventiva por entender que
encerrada a instrução processual não subsistem mais motivos para a manutenção da prisão cautelar. O
Ministério Público manifestou-se pelo indeferimento do pedido defensivo por entender estar presente o
requisito da garantia da ordem pública (fls. 286-287). É o breve relato. Decido. Em detida análise dos autos,
tenho que o pedido defensivo merece acolhimento, uma vez que o acusado é réu primário, bem como, antes
dos fatos possuía trabalho ilícito. É certo que estes motivos não são suficientes para revogar-se a prisão
cautelar, entretanto ao caso, tem-se que Elton encontra-se preso desde a data de 02/04/2017, ou seja, cerca
de três meses, sendo que colaborou com a instrução processual. Nesse andar, verifico que neste específico
caso, a substituição da medidas cautelares diversas da prisão são suficientes para garantir a ordem pública.
Desde modo, forte no art. 319 do CPP, substituo a prisão preventiva de Elton Tramontin Tomasi pelas
medidas cautelares de: a) comparecimento mensal em Juízo, entre o dia 10 e 20 de cada mês, para informar
e justificar suas atividades; b) proibição de frequentar bares, casas noturnas, prostíbulos, boates ou
assemelhados;Expeça-se ALVARÁ DE SOLTURA e intime-se o acusado Elton Tramontin Tomasi,
cientificando-o que o descumprimento de qualquer uma das medidas acima impostas ocasionará o
restabelecimento da sua prisão cautelar.Intimem-se o Ministério Público, o defensor constituído e os acusados
pessoalmente (art. 420, inciso I, CPP)."

Do que dou fé.


Turvo, 8 de agosto de 2017.

Escrivã(o) Judicial
fls. 340

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Turvo
Vara Única

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AE218E4.
CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO

Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 12/08/2017 às 10:42 .
Ação: Ação Penal de Competência do Júri/PROC
Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIFICA-SE que, em 12/08/2017, transcorreu o prazo de


leitura no portal eletrônico, do ato abaixo, tendo iniciado o prazo em data 15/08/2017
10:42:26 com previsão de encerramento em 21/08/2017 10:42:26.

Autor:Ministério Público do Estado de Santa Catarina

Teor do ato: Encaminho os presentes autos para intimação do Ministério Público.

Turvo (SC), 12 de agosto de 2017.


Advogado Selecionado << Informação indisponível >>
Ministério Público do Estado de Santa Catarina

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail:
turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 341

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Turvo
Vara Única

CERTIDÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AF45814.
Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina/
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro /

CERTIFICO que na presente data, o(a) Sr(a). ELTON TRAMONTIN TOMASI,


brasileiro(a), RG 5845809, CPF 072.625.109-75, pai Jailson Fontana Tomasi, mãe Marcia Albano
Tramontin, Nascido/Nascida 21/06/1998, natural de Jacinto Machado - SC, rua geral, SN, picadão,
CEP 88950-000, Jacinto Machado - SC esteve à disposição deste Juízo com a finalidade de

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Kelly de Oliveira Tome Farias, liberado nos autos em 17/08/2017 às 18:09 .
comparecimento mensal em juízo e apresentou os seguintes documentos em anexo.

Turvo (SC), 17 de agosto de 2017.

Vitória De Stefani Farias


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III, “a”

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 342

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Kelly de Oliveira Tome Farias, liberado nos autos em 17/08/2017 às 18:09 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AF6C7AF.
fls. 343

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Kelly de Oliveira Tome Farias, liberado nos autos em 17/08/2017 às 18:09 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AF6C7AF.
fls. 344

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Kelly de Oliveira Tome Farias, liberado nos autos em 17/08/2017 às 18:09 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AF6C7AF.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 18/08/2017 às 18:54 , sob o número WTVO17200024562
fls. 345

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Ação penal n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AFBB633.
SIG n. 08.2017.00117899-2
Acusado: Elton Tramontin Tomasi e Leonardo Marcolino Fantoni
Petição de interposição de recurso de apelação

Senhor Juiz de Direito,

O Ministério Público do Estado de Santa Catarina, por seu Promotor de


Justiça, no uso de suas atribuições legais, vem, nos Autos em epígrafe, com
fundamento no artigo 416 do Código de Processo Penal, interpor RECURSO DE
APELAÇÃO em face do decisum das p. 312/321, requerendo, após o regular
recebimento, vista dos Autos para a apresentação das razões do inconformismo.

Turvo, 18 de agosto de 2017.

Cláudio Everson Gesser Guedes da Fonseca


Promotor de Justiça
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ERIVALDO ROCHA PERES e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 14/08/2017 às 09:12 , sob o número WTVO17100099412
fls. 346

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AEB185C.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA
ÚNICA DA COMARCA DE TURVO – SANTA CATARINA

PROCESSO Nº 0000495-74.2017.8.24.0076

ELTON TRAMOTIN TOMASI já qualificado no processo em epígrafe, por seu


defensor infra-assinado (procuração juntada à fl. 124), vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, requerer o que segue:

Na forma do inciso IV, do art. 581, do CPP, cabe RESE, da Sentença de


Pronúncia, senão vejamos:

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou


sentença:

(...)

IV – que pronunciar o réu;

(...).

Assim sendo, o recorrente retifica a interposição 338, ratificando o seu


interesse de recorrer da sentença de pronúncia, devendo ser considerado o
mencionado ato como interposição de RESE.

Rua Rui Barbosa, nº 1.286, 1º piso, sala 10 – Centro – Turvo/SC


Fone/Fax: (48) 3525-3456 / 9985-6070 - Email: e.r.peres.adv@hotmail.com
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ERIVALDO ROCHA PERES e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 14/08/2017 às 09:12 , sob o número WTVO17100099412
fls. 347

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AEB185C.
Assim sendo, que seja recebido e dado vista ao recorrente para apresentar
razões, no prazo de dois dias e, após, ao recorrido (Ministério Público).

EX POSITS, requer-se seja retificada a interposição de fl. 338, devendo ser


considerada como interposição de RESE e, depois disso, deferido o prazo de
dois dias para a apresentação das razões e, após ao Ministério Público para as
contrarrazões.

Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.

Turvo (SC), 14 de agosto de 2017.

_____________________________
ERIVALDO ROCHA PERES
OAB/SC Nº 13557

Rua Rui Barbosa, nº 1.286, 1º piso, sala 10 – Centro – Turvo/SC


Fone/Fax: (48) 3525-3456 / 9985-6070 - Email: e.r.peres.adv@hotmail.com
fls. 348

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Turvo
Vara Única

CERTIDÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B07AC4F.
Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIFICO que o Recurso em Sentido Estrito, do Réu, é tempestivo, tendo


em vista que foi protocolado no dia 14/08/2017, sendo este o último dia para interposição.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Kelly de Oliveira Tome Farias, liberado nos autos em 23/08/2017 às 13:02 .
Certifico ainda que a Apelação do Ministério Público também é tempestiva,
uma vez que foi protocolada em 18/08/2017, sendo que o último dia de prazo era 21/08/2017.

Turvo (SC), 23 de agosto de 2017.

David Musskopf Aguieiras


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
"DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III,a”

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 349

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Turvo
Vara Única

Autos n° 0000495-74.2017.8.24.0076

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B32F73D.
Ação: Ação Penal de Competência do Júri/PROC
Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

Vistos para decisão.

1. Prolatei sentença de Pronúncia em relação ao acusado


Elton Tramontin Tomasi e de Impronúncia em relação ao acusado Leonardo Marcolino

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MANOEL DONISETE DE SOUZA, liberado nos autos em 11/09/2017 às 14:32 .
Fantoni (fls. 312-321).
2. A defesa de Elton apresentou Recurso em Sentido Estrito
(fls. 346-347) – em relação a pronúncia e a acusação apresentou Recurso de Apelação (fl.
338) – em relação a impronúncia.
3. Conforme certidão de fl. 348, ambos os recursos são
tempestivos.
4. Assim, recebo o recurso de Apelação de fl. 345, eis que
tempestivo, no duplo efeito, bem como, recebo o Recurso em Sentido Estrito de fls.
346-347, somente no efeito devolutivo, eis que não se encaixa no art. 584, do CPP.
5. Ao Ministério Público para apresentar as razões recursais
do recurso de Apelação no prazo de 8 (oito) dias, na forma do art. 600, CPP e, após, à
defesa para as contrarrazões em igual prazo.
6. Na sequência, à defesa para apresentar suas razões
recursais do RESE no prazo de 2 (dois) dias e, após, ao Ministério Público para apresentar
contrarrazões, também o prazo de 2 (dois) dias.
7. Após, venham os autos conclusos em na fila dos
urgentes, para os fins do art. 589 do CPP.
8. Intimem-se.
9. Cumpra-se com urgência.

Turvo (SC), 04 de setembro de 2017.

Manoel Donisete de Souza


Juiz de Direito

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por VANESSA CARLOSSO DELLA FLORA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 11/09/2017 às 14:46 .
fls. 350

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Turvo
Vara Única

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B45FD23.
Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina/
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro/

CERTIDÃO DE ATO ORDINATÓRIO

Fica intimado o Ministério Público para apresentar as razões de


apelação.

Turvo(SC), 11 de setembro de 2017

Vanessa Carlosso Della Flora


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"DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III"

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fls. 351

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Turvo
Vara Única

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B45FDB7.
CERTIDÃO DE REMESSA DA INTIMAÇÃO PARA O PORTAL
ELETRÔNICO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 11/09/2017 às 14:46 .
Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri/PROC


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIFICA-SE, que em 11/09/2017 o ato abaixo foi


encaminhado para intimação no portal eletrônico.

Teor do ato: Fica intimado o Ministério Público para apresentar


as razões de apelação.

Turvo (SC), 11 de setembro de 2017.

Ministério Público do Estado de Santa Catarina


Advogado Selecionado << Informação indisponível >>

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail:
turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 352

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Turvo
Vara Única

CERTIDÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B44BD70.
Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina/
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro /

CERTIFICO que na presente data, o(a) Sr(a). ELTON TRAMONTIN TOMASI,


brasileiro(a), RG 5845809, CPF 072.625.109-75, pai Jailson Fontana Tomasi, mãe Marcia Albano
Tramontin, Nascido/Nascida 21/06/1998, natural de Jacinto Machado - SC, rua geral, SN, picadão,
CEP 88950-000, Jacinto Machado - SC esteve à disposição deste Juízo com a finalidade de

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Kelly de Oliveira Tome Farias, liberado nos autos em 12/09/2017 às 13:20 .
comparecimento mensal em juízo.

Turvo (SC), 11 de setembro de 2017.

Vitória De Stefani Farias


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III, “a”

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fls. 353

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Turvo
Vara Única

CERTIDÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B470A61.
Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIFICO que Leonardo Marcolino Fantoni esteve em Cartório, para fins de


apresentação mensal.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Kelly de Oliveira Tome Farias, liberado nos autos em 12/09/2017 às 13:20 .
Turvo (SC), 11 de setembro de 2017.

David Musskopf Aguieiras


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
"DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III,a”

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 354

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Kelly de Oliveira Tome Farias, liberado nos autos em 12/09/2017 às 13:20 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B4AABFE.
fls. 355

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Kelly de Oliveira Tome Farias, liberado nos autos em 12/09/2017 às 13:20 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B4ABBA8.
fls. 356

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Turvo
Vara Única

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B740891.
CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO

Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 21/09/2017 às 10:55 .
Ação: Ação Penal de Competência do Júri/PROC
Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIFICA-SE que, em 21/09/2017, transcorreu o prazo de


leitura no portal eletrônico, do ato abaixo, tendo iniciado o prazo em data 22/09/2017
10:55:14 com previsão de encerramento em 29/09/2017 10:55:14.

Autor:Ministério Público do Estado de Santa Catarina

Teor do ato: Fica intimado o Ministério Público para apresentar as razões de apelação.

Turvo (SC), 21 de setembro de 2017.


Advogado Selecionado << Informação indisponível >>
Ministério Público do Estado de Santa Catarina

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail:
turvo.unica@tjsc.jus.br
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 29/09/2017 às 19:36 , sob o número WTVO17200029106
fls. 357

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Ação Penal n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B986A85.
SIG n. 08.2017.00117899-2
Recurso de Apelação
Apelante: Ministério Público
Apelados: Elton Tramontin Tomasi e Leonardo Marcolino Fantoni
Razões Recursais

DOUTA PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA,

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROCURADOR DE JUSTIÇA,

EGRÉGIA CORTE CATARINENSE,

COLENDA CÂMARA,

EXCELENTÍSSIMOS SENHORES DESEMBARGADORES,

ELTON TRAMONTIN TOMASI e LEONARDO MARCOLINO FANTONI


foram denunciados, o primeiro (Elton), como incurso no artigo 121, § 2º, incisos I e IV,
combinado com o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal; no artigo 217-A, caput
(inúmeras vezes), do Código Penal; e no artigo 244-B, caput, da Lei n. 8.069/1990; e o
segundo (Leonardo), no artigo 121, § 2º, incisos I e IV, combinado com os artigos 14,
inciso II, e 29, caput, todos do Código Penal e no artigo 244-B, caput, da Lei n.
8.069/1990, e finda a instrução probatória, sobreveio a sentença das p. 312/321, que,
equivocadamente: IMPRONUNCIOU o acusado Leonardo; PRONUNCIOU o acusado
Elton como incurso no artigo 217-A, caput (inúmeras vezes), do Código Penal; e
IMPRONUNCIOU o acusado Elton em relação ao crime artigo 244-B, caput, da Lei n.
8.069/1990.

Inconformado, o Ministério Público interpôs tempestivamente o adequado


recurso de apelação (p. 345).

Breve relato, passa-se às razões recursais.


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 29/09/2017 às 19:36 , sob o número WTVO17200029106
fls. 358

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

O recurso, a toda e qualquer evidência, haverá de ser provido pela Douta

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B986A85.
Corte de Justiça Catarinense.
___________________________________________________________
ITEM I
DO CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL
CP, ART. 217-A, CAPUT
___________________________________________________________

O Magistrado a quo, quando do recebimento da Denúncia, bem ponderou


(p. 152/153):

Presentes os requisitos formais do art. 41 do CPP e havendo justa causa (prova


da materialidade e indícios suficientes de autora), fica RECEBIDA A
DENÚNCIA nos termos em que ofertada pelo Ministério Público, sem prejuízo
de eventual desmembramento posterior, eis que, em princípio, parece que
o crime de estupro de vulnerável imputado a Elton Tramontin Tomasi teria
sido perpetrado em contexto fático diverso do homicídio tentado, pelo
que é discutível que aquele possa ser considerado crime conexo com este
último, de modo a atrair a competência do Tribunal do Júri. (grifou-se).

Entretanto, na sentença das p. 312/321, sua Excelência entendeu por


bem pronunciar o apelado Elton como incurso no artigo 217-A, caput (inúmeras vezes),
do Código Penal, haja vista que este crime foi a principal causa de o agente ter planejado a
prática de crime de homicídio.

O conjunto probatório produzido em Juízo revela, de fato, que os estupros


foram o móvel do crime contra a vida - vingança -, mas, fora isso, a prova de uma
infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares não tem influência na
prova da outra infração.

Ora, não há que falar em conexão probatória tão somente pelo fato de haver elementos
de prova em comum entre os delitos, exigindo-se um liame objetivo entre eles, de forma que a prova de
um influa na do outro. (STF: RTJ 182/638).

Portanto, há que reconhecer o equívoco em que laborou o Sentenciante,


pois não se verifica qualquer uma das hipóteses do artigo 76 do Código de Processo
Penal e, consequentemente, não há como aplicar a regra do artigo 78, inciso I, do
mesmo Diploma, que dispõe prevalecer a competência do júri quando em concurso
com a de outro órgão da jurisdição comum.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 29/09/2017 às 19:36 , sob o número WTVO17200029106
fls. 359

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Tem-se, pois, quanto ao crime de estupro de vulnerável, carecer o

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B986A85.
Tribunal do Júri de competência para o julgamento.

Assim, há que proceder ao desmembramento para que, em Autos


próprios, sejam os crimes de estupro de vulnerável - CP, art. 217-A, caput - julgados.
___________________________________________________________

ITEM II
DO CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO
CP, ART. 121, § 2º, I E IV, C/C O ART. 14, II
___________________________________________________________

O douto Juiz a quo entendeu por bem impronunciar o apelado Leonardo,


entendendo que a sua participação no crime de tentativa de homicídio encontra-se incerta nos autos.

Uma vez mais, equivocou-se Sua Excelência.

O CPP, no artigo 413, dispõe que o juiz, fundamentadamente, pronunciará o


acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação.

Cumpre, então, analisar o conjunto probatório acerca da autoria, a fim de


verificar se, em relação ao apelado LEONARDO, há, ou não, indícios suficientes da
sua participação.

O apelado LEONARDO negou, na polícia (p. 40) e em Juízo (p. 281),


qualquer participação no crime, embora tenha reconhecido que estava na companhia
de Elton quando da agressão contra a vítima.

Entretanto, a negativa de participação do apelado não convence.

Na polícia, o apelado LEONARDO disse (p. 40):

[...]; que o interrogado alega ter permanecido na frente da residência,


esperando na motocicleta; que ouviu certa discussão entre Elton e Jardel,
momento em que ouviu um disparo de arma de fogo; que após o disparo, pode
perceber que EIton saiu correndo em direção da motocicleta na posse de uma
espingarda; que Elton, na posse da espingarda, falou "vamo, vamo!"; que então
o interrogado deixou Elton na sua residência, momento em que ele saio
correndo para o seu interior, e escondeu a espingarda; logo após, o interrogado
passou para o carona, e Elton assumiu a condução da motocicleta e o deixou
em sua casa; [...].
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 29/09/2017 às 19:36 , sob o número WTVO17200029106
fls. 360

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Em Juízo, em meio a várias e várias contradições, o apelado

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B986A85.
LEONARDO apresentou versão semelhante àquela da fase policial (p. 281).

Veja-se que o apelado LEONARDO tenta fazer crer que tudo foi muito
rápido, sem tempo para qualquer reação sua, porém, a falsidade das suas
declarações são reveladas com o depoimento da vítima Jardel Pagani.

Na polícia, a vítima Jardel Pagani disse (p. 80/81):

[...]; Que, o declarante já estava nos fundos da casa tratando do cavalo, quando
viu ELTON chegar; Que, ELTON chegou de motocicleta e acompanhado, não
sabendo quem o acompanhava; Que, ELTON disse que estava ali para buscar
um celular que tinha deixado no dia anterior, pedindo para o declarante entrar
junto com ele para pegar; Que, o declarante disse "entra lá e pega, tu sabe
onde deixou"; Que, o declarante levou o cavalo até um lote baldio a uns 100
metros de sua casa, onde trata os cavalos e logo retornou: Que, ao retornar
ELTON e agora o outro homem identificado pelo declarante como NEGUINHO,
estavam um ao lado do outro, em frente a sua casa parados; Que, notou que
ELTON estava segurando uma espingarda rente ao corpo, para não aparecer
muito; Que, NEGUINHO estava sobre a motocicleta; Que, ELTON falou que a
motocicleta não quis pegar, e logo apontou a espingarda para o declarante e
mandou que entrasse na casa; Que, vendo a arma de fogo o declarante teve
que entrar em sua casa, momento em que ELTON veio atrás e assim que o
declarante entrou na casa, ELTON desferiu um tiro em seu rosto; Que, o
declarante caiu o chão com o tiro, mas logo se levantou e saiu correndo; Que,
ELTON já estava mais próximo a motocicleta, vindo a pegar um capacete e sair
correndo atrás do declarante, desferindo golpes com o capacete em sua
cabeça; Que, ELTON viu que o declarante entrou no lote do vizinho BELONIR,
quando então parou de bater com o capacete, foi até a motocicleta e fugiu do
local com NEGUINHO; [...].

Ora, como se pode observar, o apelado LEONARDO, durante toda a


ação homicida, ficou na posição de garante do coacusado Elton, aguardando para,
logo que fosse alcançada a morte da vítima, pudessem os dois envidar fuga.

Mas não é só!

O coacusado Elton, ao narrar a ação delitiva, revelou uma sucessão de


atos que, de certa forma, demonstra que a conduta homicida estendeu-se por tempo
considerável e compatível com a posição de garante mantida pelo apelado
LEONARDO.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 29/09/2017 às 19:36 , sob o número WTVO17200029106
fls. 361

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Disse o coacusado Elton (p. 45/47):

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B986A85.
[...]; Que, ao chegar na frente da residência de Jardel, Leonardo desligou a
moto e permaneceu ao lado, enquanto o interrogado entrou no pátio da
residência, montou a espingarda e escondeu nas folhagens que havia no local;
Que, logo em seguida, o interrogado bateu na porta e Jardel atendeu, momento
em que começaram a conversar; Que, o interrogado foi para conversar sobre
eventual filmagem realizada por Jardel, oportunidade em que Jardel falou "se tu
veio para me matar, eu vou te matar"; Que, então percebeu que Jardel se
dirigia até a cozinha para buscar uma faca, oportunidade em que o interrogado
foi até as folhagens e buscou a espingarda; Que, pôde perceber que Jardel
buscou uma faca e veio ao encontro do interrogado, momento em que o
interrogado engatilhou a espingarda e percebendo que Jardel não pararia
efetuou um único disparo; Que, quando atirou ainda não havia feito posição de
empunhadura da espingarda, pois não deu tempo; Que, questionado se o
interrogado sabe manusear a referida arma de fogo, já que pelo que
demonstrado, sabia montar e desmontar com rapidez, alegou que "sabe mais
ou menos" porque "na internet o cara vê"; Que, então percebeu que o disparo
pegou no lado direito do rosto de Jardel, que mesmo assim continuou
investindo contra o interrogado; Que, neste momento, o interrogado voltou até
as folhagens e deixou a espingarda, pegando no mesmo local uma faca que
também estava escondida pelo interrogado; Que, então, investiu contra o Jardel
com a faca, que já estava sem a faca em razão do disparo sofrido; Que, neste
momento, Jardel continuou investindo mesmo desarmado, oportunidade em
que o interrogado tentou efetuar uma facada nas costas de Jardel, momento em
que viu que a faca quebrou; Que, sem saber o que fazer, já que a faca havia
quebrado, o interrogado passou a dar "capacetadas" nas costas de Jardel, que
acabou se evadindo para o seu vizinho; Que, neste momento, o interrogado
saiu correndo em direção a moto com a espingarda em punho e pediu para seu
amigo sair rapidamente do local; [...].

Ora, o apelado LEONARDO deu carona ao executor até o local do crime.


Esteve com ele durante toda a execução. Após, evadiram-se juntos. Portanto, por ora,
os indícios são suficientes a demonstrar, sim, o conluio delitivo e, assim, é o que basta
para a sua pronúncia.

Ademais, como já dito, há diversas contradições nos depoimentos do


apelado LEONARDO e do coacusado Elton, pois, ora eles próprios se contradizem, ora
um contradiz o outro. Mas isso é questão de fundo, para discussão em plenário.

Ainda que já se mostre o conjunto probatório suficiente para a pronúncia,


chama a atenção a ordem cronológica e como se deu o desdobramento dos contatos
mantidos, anteriormente à tentativa de execução da vítima, entre o apelado
LEONARDO, o coacusado Elton e a adolescente Vanessa Schaukoski Borges:

1.º Vanessa e Elton mantém relações sexuais.


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 29/09/2017 às 19:36 , sob o número WTVO17200029106
fls. 362

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

2.º A vítima revela para Vanessa que filmou ela e Elton durante o ato

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B986A85.
sexual.

3.º Vanessa, "à noite, por mensagens...contou os fatos para Élton; que Élton ficou
muito brabo e disse ia convidar o "Neguinho" (Leonardo...não sabe maiores detalhes) e
ia dar um "susto" em Jardel."(p. 33).

4.º Pelo aplicativo Wattsapp, Elton e o apelado LEONARDO trocam


mensagens (p. 86/87):
- Leonardo: Dae.
- Elton: Cara do céu deu merda. Amnha eu falo com tigo. Vai da morte. Coisa de estrupo.
- Leonardo: Ba tu ta a onde.
- Elton: Em casa. Puta mersa. Merda. Ele que estrupa ela.
- Leonardo: Ba e ruim em. Ta o eu posso i ai.
- Elton: Ven vem.
- Leonardo: Ta.

E, depois da tentativa de execução, o acusado Elton envia mensagens


para a adolescente Vanessa (p. 75): Ooo. Deu certo. O a polícia ta atrás de mim. To na casa de
um tiú meu. Acho que vou lá noeu tiú em forquilhinha. No meu. Aquele bosta (referindo-se à vítima,
conforme antes já se referia a ele dizendo "aquele bosta" – p. 73).

Veja-se que, depois da tentativa de execução da vítima, o coacusado


Elton, o apelado LEONARDO e a adolescente Vanessa Schaukoski Borges trataram
de apagar as mensagens que haviam trocado entre eles, revelando, assim, o conluio
no planejamento da empreitada delitiva, na sua execução e no pós-delito.

Do Relatório Policial das p. 86/89:

[...].
Em continuidade a investigação da tentativa de homicídio de Jardel Pagani, ao
analisar o celular de Elton, extrai o que restou das mensagens do celular
(tendo em vista que Elton, Leonardo e Vanessa apagaram as conversas
após o crime), dos aplicativos Messenger e Whatsapp trocadas com Leonardo
Marcolino Fantoni.
No dia 30/03/2017, por volta das 20h40min (horário do aplicativo) Leonardo
cumprimenta Elton através do aplicativo Messenger. Leonardo já relata que
algo deu errado e iria dar morte porque seria coisa de estupro e que no dia
seguinte conversaria com ele (Leonardo).
É bom consignar que nesse mesmo dia da conversa, por volta das 19h20min,
Jardel filmou Elton e Vanessa transando na casa dele, e que segundo sua
declaração na mesma noite teria falado sobre os vídeos com Vanessa e
informado que iria falar com a mãe de Vanessa sobre o caso.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 29/09/2017 às 19:36 , sob o número WTVO17200029106
fls. 363

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Leonardo questiona onde Elton está, o qual diz que está em casa e diz ainda
que "ele quer estrupar ela" sic, ou seja, Elton e Leonardo já tinham

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B986A85.
conversado sobre algo dessa natureza, pois não falou em nome de pessoa,
simplesmente falou "ele", o que faz pensar logicamente que Leonardo já sabia
de quem se tratava.
Leonardo então pergunta se pode ir à casa de Elton e este diz que sim. A
conversa se encerra. [...].

No dia 03/04/17, entre 16h00min e 17h20min Elton conversa com Leonardo


através do aplicativo Whatsapp.

Nessa conversa Elton demonstra que está em constante contato com Leonardo
e o informa que não irão à Delegacia de Polícia se apresentar naquele dia, pois
o advogado teria dito a ele que agora que a Polícia Civil teria iniciado as
investigações da tentativa de homicídio.

Elton pede o número do CPF de Leonardo para informar ao advogado, o qual


estaria junto a ele, para fazer procuração.

Leonardo questiona Elton se ele pode ir trabalhar, porém Elton adverte que não
pode sair de casa de forma alguma, tem que ficar escondido, ou seja, Elton e
Leonardo estavam se escondendo da Polícia e já tinham conhecimento que
poderiam ser presos a qualquer momento.

Elton deixa claro que não está escondido em sua casa, informando Leonardo
que Jailson, eu pai, iria até onde ele estava, pegaria a procuração e levaria até
Leonardo para ele assinar.

Do teor dessa troca de mensagens entre Leonardo e Elton fica demonstrado


que o Jailson sabia onde ambos estavam escondidos. Fica demonstrado
também que eles tinham ciência que iriam ser presos caso fossem vistos pela
Polícia. [...].

Assim, impositiva é a pronúncia do apelado LEONARDO MARCOLINO


FANTONI.

___________________________________________________________
ITEM III
DO CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENOR DE 18 ANOS
LEI N. 8.069/1990, ART. 244-B, CAPUT
___________________________________________________________

Conforme visto no item II acima, há indícios suficientes a indicar que os


APELADOS ELTON e LEONARDO tramaram e praticaram a execução do crime de
homicídio com a participação da adolescente Vanessa Schaukoski Borges, à época
com 13 anos de idade1, pelo que também devem ser pronunciados como incursos no
artigo 244-B, caput, da Lei n. 8.069/1990.

1 Cópia da Certidão de Nascimento da p. 222.


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 29/09/2017 às 19:36 , sob o número WTVO17200029106
fls. 364

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

________________________________________________________

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B986A85.
ITEM IV
DO REQUERIMENTO MINISTERIAL
________________________________________________________

Ante o exposto, pugna o Ministério Público, por seu Promotor de Justiça,


pelo PROVIMENTO do presente recurso, a fim de que:

a) sobre os crimes do artigo 217-A, caput, do Código Penal, seja


desmembrado o feito.

b) LEONARDO MARCOLINO FANTONI seja pronunciado como


incurso no artigo 121, § 2º, incisos I e IV, combinado com os
artigos 14, inciso II, e 29, caput, todos do Código Penal.

b.1) LEONARDO MARCOLINO FANTONI seja pronunciado


como incurso no artigo 244-B, caput, da Lei n. 8.069/1990.

c) ELTON TRAMONTIN TOMASI seja também pronunciado


como incurso no artigo 244-B, caput, da Lei n. 8.069/1990.

Turvo, 29 de setembro de 2017.

Cláudio Everson Gesser Guedes da Fonseca


Promotor de Justiça
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ERIVALDO ROCHA PERES e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 30/09/2017 às 11:10 , sob o número WTVO17100123500
fls. 365

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
SANTA CATARINA

PROCESSO CRIME N° 0000495-74.2017.8.24.0076


Ação: Ação Penal
Recorrente: Elton Tramotin Tomasi
Recorrido: Ministério Público do Estado de Santa Catarina

RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

COLENDA CÂMARA

EMÉRITOS DESEMBARGADORES

Data vênia, a respeitável Decisão de Pronúncia prolatada pelo MM. Dr. Juiz de
Direito da Vara Única da Comarca de Turvo/SC que condenou o recorrente,
parcialmente de acordo com o pedido contido na Denúncia, deve ser totalmente
reformada/cassada por não estar condizente com a realidade dos autos, onde está
devidamente delineado o direto do apelante.

Por tal razão o recurso ora interposto é peça escorreita, devendo ser conhecido por
esta nobre Câmara e, ao fim, reformar/cassar a decisão ora atacada para ser
absolvido o recorrente.

Neste ínterim, restando claro que se faz necessária a reanálise da matéria submetida
à apreciação do Juízo de origem, onde julgou de maneira totalmente divergente
daquela que entende o recorrente ser o seu direito, passa-se a análise dos fatos e
do direito.
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fls. 366

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

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I. DO REALIZADO NO FEITO

Discorre a Denúncia (fls. 146-151), que os imputados, em comunhão de esforços,


tentaram ceifar a vida da vítima Jardel Pagani, mediante o uso de uma espingarda
e, posteriormente, mediante golpes de capacete.

No mais, informa que o imputado Elton teria abusado sexualmente da suposta


vítima Vanessa.

Assim sendo, Elton Tramontin Tomasi e Leonardo Marcolino Fantoni foram


denunciados, o primeiro (Elton), como incurso no artigo 121, §2º, incisos I e IV,
combinado com o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal; no artigo 217-A, caput
(inúmeras vezes), do Código Penal; e no artigo 244 - B , caput, da Lei n. 8.069/1990,
e o segundo (Leonardo), no artigo 121, §2º, incisos I e IV, combinado com os artigos
14, inciso II, e 29, caput, todos do Código Penal e no artigo 244-B, caput, da Lei n.
8.069/1990.

Houve o recebimento da Denúncia (fl. 152-153), quando, inclusive, houve a


substituição da pena do imputado Leonardo para medidas cautelares e a
manutenção da prisão do imputado Elton.

Sobreveio resposta à acusação (fls. 170-173).

Foi instruído o feito.

A acusação apresentou memoriais escritos (fls. 288-289), onde, ao final, pugna pela
cisão do feito, mantendo no presente feito a manifestação tocante ao crime contra
a vida e abrindo novos autos para tratar do crime contra a liberdade sexual.

Houve a intimação dos imputados pelo seu Advogado Constituído (fls. 124-125), a
fim de providenciar a elaboração e apresentação dos memoriais, o que foi juntado.
Por fim sobreveio Decisão/Senteça, pronunciando o ora recorrente e
impronunciando o segundo denunciado, conforme Dispositivo abaixo transcrito:

Por todo o exposto: PRONUNCIO o acusado ELTON TRAMONTIN TOMASI,


qualificado na Denúncia, dando-o como incurso nos artigos 121, §2°, incisos I
(motivo torpe) e IV (dissimulação) c/c 14, inciso II, ambos do CP - homicídio

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fls. 367

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

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duplamente qualificado na forma tentada e artigo 217-A do CP (crime conexo),
determinando que, oportunamente, seja submetido a julgamento pelo Tribunal
do Júri desta Comarca. IMPRONUNCIO o acusado LEONARDO MARCOLINO
FANTONI, qualificado na Denúncia da prática do crime previsto artigos 121, §2°,
incisos I (motivo torpe) e IV (dissimulação) c/c 14, inciso II, ambos do CP -
homicídio duplamente qualificado na forma tentada e em relação ao crime conexo
previsto no art. 244-B do ECA, diante da ausência de provas de materialidade e
autoria, nos termos da fundamentação. IMPRONUNCIO o acusado ELTON
TRAMONTIN TOMASI, qualificado na Denúncia, da prática do crime conexo
previsto no art. 244-B do ECA, visto que ausentes a materialidade e autoria, nos
termos na fundamentação. Ficam revogadas as medidas cautelares diversas da
prisão impostas ao acusado Leonardo Marcolino Fantoni (fls. 152-153). Passo à
análise do pedido de revogação da prisão preventiva em relação ao acusado Elton
Tramontin Tomasi. Requer a defesa a revogação da prisão preventiva por
entender que encerrada a instrução processual não subsistem mais motivos para
a manutenção da prisão cautelar. O Ministério Público manifestou-se pelo
indeferimento do pedido defensivo por entender estar presente o requisito da
garantia da ordem pública (fls. 286-287). É o breve relato. Decido. Em detida
análise dos autos, tenho que o pedido defensivo merece acolhimento, uma vez
que o acusado é réu primário, bem como, antes dos fatos possuía trabalho ilícito.
É certo que estes motivos não são suficientes para revogar-se a prisão cautelar,
entretanto ao caso, tem-se que Elton encontra-se preso desde a data de
02/04/2017, ou seja, cerca de três meses, sendo que colaborou com a instrução
processual. Nesse andar, verifico que neste específico caso, a substituição da
medidas cautelares diversas da prisão são suficientes para garantir a ordem
pública. Desde modo, forte no art. 319 do CPP, substituo a prisão preventiva de
Elton Tramontin Tomasi pelas medidas cautelares de: a) comparecimento mensal
em Juízo, entre o dia 10 e 20 de cada mês, para informar e justificar suas
atividades; b) proibição de frequentar bares, casas noturnas, prostíbulos, boates
ou assemelhados; Expeça-se ALVARÁ DE SOLTURA e intime-se o acusado Elton
Tramontin Tomasi, cientificando-o que o descumprimento de qualquer uma das
medidas acima impostas ocasionará o restabelecimento da sua prisão cautelar.
Intimem-se o Ministério Público, o defensor constituído e os acusados
pessoalmente (art. 420, inciso I, CPP).

É o relato do necessário.

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II. RAZÕES PARA REFORMA DO JULGADO

Apesar do silogismo jurídico aplicado quando da prolação da Sentença/Decisão de


Pronúncia que acolheu, parcialmente a tese da acusação, a defesa entende que
ainda merece ser modificada, de forma a absolver o imputado Elton dos demais
delitos tipificados na Denúncia, como será abaixo devidamente detalhado.

II.I DO DELITO CONTRA A VIDA

A. Legítima defesa
Ora, está devidamente demonstrado nos autos que o denunciado Elton Tramontin
Tomasi proferiu o disparo com arma de fogo, até porque confessa que foi o autor
do ato ilícito que causou danos à vítima Jardel Pagani.

Isso não se nega, até porque a sua narrativa trouxe detalhes do que aconteceu,
inclusive descrevendo a origem da arma e demais informações da ocorrência, tudo
de forma voluntária e condizente com o obtido nos autos.

Entretanto, a versão ministerial não encontra guarida na situação nas provas coligias
aos autos de modo que a pronúncia não pode ocorrer.

Pelo interrogatório do imputado Elton, este disse que estava com a arma escondida,
ao passo que o mesmo veio para cima munido com a faca a fim de matá-lo, não
restando alternativa alheia do que disparar a arma de fogo.

Ora, excelência, o imputado é um jovem franzino, com pouca força física, ao passo
que a suposta vítima já é homem feito, com indiscutível rigor físico que poderia, com
facilidade, tirar a vida do imputado.

Veja que a suposta vítima não sabia que o recorrente possuía a arma, mas, mesmo
assim, veio em disparada querendo matá-lo.

Note, ademais, que a legítima defesa ocorreu de forma moderada, pois, como ficou
provado no feito, Elton poderia, tranquilamente, ter tirado a vida de Jardel, pois
usou, somente, uma munição, sendo que as restantes ficaram guardadas.

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fls. 369

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Assim sendo, fica claro que quem investiu primeiro, foi Jardel e não Elton, o qual
agiu em nítida legítima defesa (art. 23, inc. II do CP) e, portanto, deve ser absolvido.

B. Descaracterização das qualificadoras e aplicação da causa de diminuição de


pena do §1º

O Ministério Público tenta fazer crer da aplicação de duas qualificadoras, a de


motivo torpe e mediante dissimulação.

Ora, as qualificadoras não podem ser aplicadas, visto que não existe prova do
motivo torpe, tampouco da dissimulação, pois houve o desentendimento e somente
ocorreu o disparo porque a suposta vítima partiu para cima de Elton com a intenção
de ceifar a sua vida.

Veja, ademais, que o crime se trata de homicídio privilegiado, pois, conforme o


depoimento da irmã de Vanessa, inquirida na Cidade de Sombrio, esta afirmou que
Jardel estava ameaçando de abusar sexualmente de Vanessa, de modo a acobertar
a suposta gravação realizada.

Assim sendo, pelo fato de Elton ser o namorado de Vanessa, e saber que o padrasto
desta a ameaça de abusar sexualmente da mesma em razão do vídeo, em tese,
realizado, fez com que o mesmo agisse em fúria e sem ponderar as consequências
dos seus atos.

Para este tipo de situação, o Código Penal estabelece, em seu art. 121, que:

Caso de diminuição de pena

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou


moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Nos termos de julgado exarado pelo Pretório Catarinense:

APELAÇÃO CRIMINAL. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO. VIOLENTA


EMOÇÃO. ART. 121, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA DE PROVA DOS
REQUISITOS QUE A CARACTERIZAM. DECISÃO QUE NÃO CONTRARIOU A PROVA
DOS AUTOS. RECURSO DESPROVIDO. O reconhecimento do homicídio privilegiado
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pressupõe a prova de que o agente agiu por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, decorrente de injusta provocação da
vítima. (Processo ACR 374796 SC 2011.037479-6, Orgão Julgador Segunda Câmara
Criminal, Partes Apelante: Acelino Costa, Apelado: Ministério Público do Estado
de Santa Catarina, Publicação Apelação Criminal n. , de Tijucas Julgamento 25 de
Outubro de 2011, Relator Sérgio Paladino.)

Assim sendo, está caracterizado o estado de violenta emoção, visto do apelo da


menor e namorada do imputado, que via-se em vias de ser abusada sexualmente do
seu padrasto.

Noutro norte, totalmente descaracterizada a presença das qualificadoras.

II.II CRIME CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

O recorrente foi denunciado pela prática, em tese, do crime de estupro de


vulnerável, assim tipificado no CP:

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

Desnecessário impugnar tocante a discussão da autoria e da materialidade do crime,


visto que o imputado confessou que manteve relações sexuais com a suposta vítima
durante a união estável, ao passo que tal alegação (que deve servir de atenuante
quando da fixação de eventual pena), foi corroborada pelo laudo técnico, além das
palavras da vítima e das demais testemunhas.
Entretanto, tal arcabouço probatório é a razão da necessidade de ser absolvido o
imputado eis que nenhum direito foi violado na situação discutida nos autos.

Analisando todos os relatos contidos nos autos, especialmente as palavras da vítima,


de seus familiares, além dos dizeres do recorrente, a relação sexual ocorreu de
forma consentida, durante o permitido namoro e por poucas vezes, sendo que,
somente os envolvidos ainda não estão juntos em razão da intervenção estatal.

Deve ser levado em consideração, fato muito importante e peculiar, é que a suposta
vítima namorou com Elton com a anuência da genitora, ao passo que a intenção do
casal era fazer o relacionamento prosperar, tanto que somente não ficaram juntos
por conta dos atos da suposta vítima.

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Em uma leitura literal do art. 217-A, verifica-se que, em princípio, o recorrente teria
cometido o crime.

Entretanto, consideradas as particularidades do caso concreto, tal presunção deve


ser relativizada, sob pena de "abrir espaço para enormes injustiças" (TJSC, ACrim
n. 2012.071468-7, Des. Jorge Schaefer Martins, j. 18.04.2013) e equiparar o
acusado a "um homem mal intencionado que pretendia tão somente satisfazer
suas lascívias aproveitando-se da tenra idade da menor" (TJSC, ACrim n.
2012.080553-1, Desa. Marli Mosimann Vargas, j. 16.07.2013).

Revela-se incompatível com o sistema jurídico pátrio admitir-se que a presunção de


vulnerabilidade positivada no art. 217-A do CP encerra uma situação
invariavelmente absoluta, sem qualquer admissão de prova em contrário, sob pena
de se estar chancelando uma inconcebível hipótese de responsabilidade penal
objetiva, situação com a qual "o Código não transige, em caso algum [...] nulla
poena sine culpa" (HUNGRIA. Nelson. Comentários ao Código Penal. 4. ed., Rio de
Janeiro: Forense, 1959, v. VIII, p. 239/240. In: Declaração de voto vencido na ACrim
n. 2009.013321-0, Desa. Salete Silva Sommariva, j. 18.08.2009).

Assim sendo, a vulnerabilidade da suposta vítima com idade de 13 anos, embora


presumida, deve ser tratada de acordo com as peculiaridades do fato.

No caso concreto, as provas contidas nos autos dão conta de que os atos de
intimidade se deram mediante consentimento da adolescente, a qual nitidamente
auferia de maturidade sexual suficiente para praticá-los.

Nesse viés, considerando que havia a intenção de perpetuar o relacionamento – que


durou vários meses e somente findou diante da intervenção estatal -, que contava
com o apoio de familiares da menor, bem como pelo fato de jamais ter sido revelada
qualquer violência, bem como o fato de o suposto autor do ato ilícito também ser
bem jovem (18 anos de idade) é de se afastar que a dignidade sexual da menor foi
comprometida, ante a inexistência de fragilidade para os assuntos relacionados à
sexualidade.

Nesta hipótese, não há violação ao bem jurídico tutelado pela norma penal,
portanto foge ao Estado a prerrogativa de punir.

Rua Rui Barbosa, nº 1.286, 1º piso, sala 10 – Centro – Turvo/SC


Fone/Fax: (48) 3525-3456 / 9985-6070 - Email: e.r.peres.adv@hotmail.com

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.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ERIVALDO ROCHA PERES e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 30/09/2017 às 11:10 , sob o número WTVO17100123500
fls. 372

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B991D8B.
Sobre o tema, eis posicionamento doutrinário:

Somente pelo fato de a lei ter assumido outra roupagem na descrição da


presunção de violência, passaria a vulnerabilidade a ser considerada absoluta- Ter
relação sexual com menor de 14 anos seria, sempre, estupro (art. 217-A). A
cautela, nessa interpretação, se impõe. [...] Partimos do seguinte ponto básico: o
legislador, na área penal, continua retrógrado e incapaz de acompanhar as
mudanças de comportamento reais na sociedade brasileira, inclusive no campo da
definição de criança ou adolescente. Perdemos uma oportunidade ímpar para
equiparar os conceitos com o Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja,
criança é a pessoa menor de 12 anos; adolescente, quem é maior de 12 anos. Logo,
a idade de 14 anos deveria ser eliminada desse cenário. A tutela do direito penal,
no campo dos crimes sexuais, deve ser absoluta, quando se tratar de criança
(menor de 12 anos), mas relativa ao cuidar do adolescente (maior de 12 anos). É o
que demanda a lógica do sistema legislativo, se analisado em conjunto. Desse
modo, continuamos a sustentar ser viável debater a capacidade de consentimento
de quem possua 12 ou 13 anos, no contexto do estupro de vulnerável" (NUCCI,
Guilherme de Souza. Código penal comentado. Revista dos Tribunais. 13. ed. São
Paulo, 2013, p. 990).

Em recente julgado proferido pelo Pretório Catarinense, que enfrentou situação


análoga, colheu-se a tese defensiva, senão vejamos:

APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL (CP, ART. 217-A, CAPUT) -


SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DEFENSIVO. PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA E
VULNERABILIDADE - CRITÉRIOS QUE DEVEM SER RELATIVIZADOS PERANTE AS
PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO - VÍTIMA COM 12 ANOS DE IDADE - ATOS DE
INTIMIDADE PRATICADOS DURANTE UM RELACIONAMENTO AMOROSO, NA
CONSTÂNCIA DE UMA UNIÃO ESTÁVEL - AUSÊNCIA DE LESIVIDADE AO BEM JURÍDICO -
PRECEDENTES DESTA CORTE ESTADUAL - ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE. A
vulnerabilidade do adolescente com idade entre 12 (doze) e 14 (quatorze) anos,
embora se presuma, deve ser tratada como questão de fato, passível, portanto,
de afastamento se as circunstâncias do caso concreto permitirem atestar, com a
devida segurança, que a dignidade sexual do menor não foi comprometida dada a
inexistência de fragilidade para os assuntos concernentes a sua intimidade.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJSC, Apelação Criminal n. 0002959-
06.2014.8.24.0067, de São Miguel do Oeste, rel. Des. Getúlio Corrêa, j. 21-03-
2017).
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ERIVALDO ROCHA PERES e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 30/09/2017 às 11:10 , sob o número WTVO17100123500
fls. 373

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B991D8B.
Pelo exposto, valorando a realidade vivenciada pela vítima, pessoa jovem, cujo
contato com a sexualidade tem se dado cada vez mais precocemente, ainda mais
dentro do contexto de uma relação amorosa, numa cidade do interior, e verificada
a inexistência de lesividade ao bem jurídico tutelado, concebe-se insignificante a
conduta do ponto de vista penal.

A absolvição do réu é, pois, medida de rigor.

EX POSITIS, requer-se:
A. Que seja recebida esta, no seu duplo efeito;

B. Seja reformada/cassada a sentença, com a absolvição do recorrente nos delitos


aqui tratados, considerando o acima esposado;

Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.

Turvo (SC), 29 de setembro de 2017.

____________________________
ERIVALDO ROCHA PERES
OAB/SC 13557

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Página 9
fls. 374

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por giana angeloni ronzani magagnin, protocolado em 25/09/2017 às 14:59 , sob o número DTVO17000036270 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B829F67.
fls. 375

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por giana angeloni ronzani magagnin, protocolado em 25/09/2017 às 14:59 , sob o número DTVO17000036270 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código B829F67.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por KELLY DE OLIVEIRA TOME FARIAS e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 05/10/2017 às 15:04 .
fls. 376

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Turvo
Vara Única

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BA2610B.
Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIDÃO DE ATO ORDINATÓRIO

Encaminho os presentes autos para manifestação do Ministério


Público.

Turvo(SC), 04 de outubro de 2017

David Musskopf Aguieiras


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
"DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III, a”
fls. 377

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Turvo
Vara Única

Autos n° 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BA26250.
Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por KELLY DE OLIVEIRA TOME FARIAS, liberado nos autos em 05/10/2017 às 15:04 .
CERTIDÃO DE ATO ORDINATÓRIO

Fica intimada a defesa para apresentar contrarrazões, no prazo de 8 (oito)


dias.

Turvo(SC), 04 de outubro de 2017

David Musskopf Aguieiras


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
"DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III"

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail:
turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 378

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Turvo
Vara Única

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BA8FB1F.
CERTIDÃO DE REMESSA DA INTIMAÇÃO PARA O PORTAL
ELETRÔNICO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 05/10/2017 às 15:04 .
Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri/PROC


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIFICA-SE, que em 05/10/2017 o ato abaixo foi


encaminhado para intimação no portal eletrônico.

Teor do ato: Encaminho os presentes autos para manifestação do


Ministério Público.

Turvo (SC), 05 de outubro de 2017.

Ministério Público do Estado de Santa Catarina


Advogado Selecionado << Informação indisponível >>

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail:
turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 379

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA - COMARCA DE TURVO Emitido em: 09/10/2017 17:27
Certidão - Processo 0000495-74.2017.8.24.0076 Página: 1

CERTIDÃO DE REMESSA DE RELAÇÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BB55C57.
Certifico que o ato abaixo consta da relação nº 0897/2017, encaminhada para publicação.

Advogado Forma
Erivaldo Rocha Peres (OAB 13557/SC) D.J

Teor do ato: "Fica intimada a defesa para apresentar contrarrazões, no prazo de 8 (oito) dias."

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por giana angeloni ronzani magagnin, liberado nos autos em 09/10/2017 às 17:27 .
Do que dou fé.
Turvo, 9 de outubro de 2017.

Escrivã(o) Judicial
fls. 380

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Turvo
Vara Única

CERTIDÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BB755F1.
Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina/
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro /

CERTIFICO que na presente data, o(a) Sr(a). ELTON TRAMONTIN


TOMASI, brasileiro(a), RG 5845809, CPF 072.625.109-75, pai Jailson Fontana Tomasi, mãe Marcia
Albano Tramontin, Nascido/Nascida 21/06/1998, natural de Jacinto Machado - SC, rua geral, SN,
picadão, CEP 88950-000, Jacinto Machado - SC esteve à disposição deste Juízo com a finalidade de

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Solange martins jose bez batti, liberado nos autos em 10/10/2017 às 19:02 .
comparecimento mensal em juízo.

Turvo (SC), 10 de outubro de 2017.

Vitória De Stefani Farias


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III, “a”

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 381

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Solange martins jose bez batti, liberado nos autos em 10/10/2017 às 19:02 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BBAA58D.
fls. 382

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Solange martins jose bez batti, liberado nos autos em 10/10/2017 às 19:02 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BBAA5CA.
fls. 383

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA - COMARCA DE TURVO Emitido em: 11/10/2017 14:14
Certidão - Processo 0000495-74.2017.8.24.0076 Página: 1

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BBCBE90.
CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO DE RELAÇÃO

Certifico e dou fé que o ato abaixo, consta da relação nº 0897/2017, inclusa no Diário da Justiça
Eletrônico nº 2685, cuja data de publicação considera-se o dia 11/10/2017, com início do prazo em
13/10/2017, conforme disposto no Código de Normas da Corregedoria Geral da Justiça e Resolução n°
04/07-TJ.

Certifico, ainda, que para efeito de contagem do prazo foram consideradas as seguintes datas.
12/10/2017 - Nossa Senhora Aparecida - Prorrogação

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por giana angeloni ronzani magagnin, liberado nos autos em 11/10/2017 às 14:14 .
Advogado Prazo em dias Término do prazo
Erivaldo Rocha Peres (OAB 13557/SC) 8 20/10/2017

Teor do ato: "Fica intimada a defesa para apresentar contrarrazões, no prazo de 8 (oito) dias."

Do que dou fé.


Turvo, 11 de outubro de 2017.

Escrivã(o) Judicial
fls. 384

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Turvo
Vara Única

CERTIDÃO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BBCE395.
Autos n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina/
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro /

CERTIFICO que na presente data, o(a) Sr(a). LEONARDO MARCOLINO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por KELLY DE OLIVEIRA TOME FARIAS, liberado nos autos em 11/10/2017 às 18:16 .
FANTONI, brasileiro(a), RG 5845757, pai Claudio Fantoni, mãe Salete Marcolino Fantoni,
Nascido/Nascida 10/10/1997, natural de Jacinto Machado - SC, Outros Dados: (casa na cor verde,
com dois pinheiros na frente - Fone 99803-4949, Estrada Geral, Picadão, Jacinto Machado - SC
esteve à disposição deste Juízo com a finalidade de comparecimento mensal em juízo.

Turvo (SC), 11 de outubro de 2017.

Vitória De Stefani Farias


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III, “a”

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 385

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por KELLY DE OLIVEIRA TOME FARIAS, liberado nos autos em 11/10/2017 às 18:16 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BBED109.
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ERIVALDO ROCHA PERES e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 13/10/2017 às 18:47 , sob o número WTVO17100129532
fls. 386

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA
COMARCA DE TURVO – SANTA CATARINA

AÇÃO PENAL Nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Apelante: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA


Apelados: ELTON TRAMONTIN TOMASI e
LEONARDO MARCOLINO FONTONI

ELTON TRAMONTIN TOMASI e LEONARDO MARCOLINO FONTONI, ambos já


qualificados no processo em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, por meio de seu advogado, com procuração juntada às fls. 124-125, para
apresentar CONTRARRAZÕES à apelação interposta pelo Ministério Público
Estadual (fls. 357-364), o qual impugna Decisão de Pronúncia/Impronúncia
proferida por este Douto Juízo da Comarca de Turvo/SC.

Para este fim, desde logo, pugna pelo devido processamento do feito, o qual deve
ascender ao egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, e, ao final, ser
mantida da Sentença oportunamente impugnada, salvo modificada pelo recurso
interposto pela defesa de Elton.

As contrarrazões da presente interposição seguem anexadas.

NestesTermos,
Pede e Espera Deferimento.

Turvo/SC, 13 de outubro de 2017.

___________________________
ERIVALDO ROCHA PERES
OAB/SC 13557

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fls. 387

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

COLENDA TURMA JULGADORA

EMINENTE DESEMBARGADOR(A) RELATOR(A)

CONTRARRAZÕES RECURSAIS

AÇÃO PENAL Nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Apelante: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Apelados: ELTON TRAMONTIN TOMASI e


LEONARDO MARCOLINO FONTONI

I. RAZÕES DO RECURSO DA ACUSAÇÃO

O Ministério Público defende a cisão do feito, visto que o homicídio não


possuiu relação com o crime de estupro.

Também afirmou que existem provas suficientes de que Leonardo tenha


participado efetivamente do crime em todo seu planejamento e execução e,
portanto, assente da presença da prova, pela reforma da decisão,
pronunciando-o.

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fls. 388

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

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Por fim, pugnou pela pronúncia dos recorridos como incursos no crime
previsto no art. 244-B, do ECA.

É o relato. Porém, sem razão.

Resumido.

II. IMPOSSIBILIDADE DE CISÃO DO FEITO

A r. sentença foi acertada no seu posicionamento, mantendo os crimes


discutidos no feito sob o crivo do Tribunal Popular, visto que conexos.

Ora, a vítima da tentativa de homicídio somente figura no processo porque


possuiu relação com a união afetiva entre o autor e a sua namorada, eis que
filmou a presença de ambos, de modo a tentar vantagens indevidas em razão
disso.

Não lhe é permitido, portanto pronunciar o acusado pelo crime doloso contra
a vida e absolvê-lo ou impronunciá-lo pelo crime conexo, ou proceder à
desclassificação da infração conexa. Se assim o fizesse, estaria usurpando do
Tribunal de Júri sua competência para julgar ambos os delitos, em flagrante
violação ao quanto disposto no art. 78, inciso I, do CPP, que prevê que ao Júri
compete o julgamento das infrações conexas, salvo na hipótese de crimes
militares e eleitorais.

Assim entende o STJ:

Havendo infração penal conexa descrita na peça acusatória, deve o


magistrado, ao pronunciar o réu por crime doloso contra a vida, submeter
seu julgamento ao Tribunal do Júri, sem proceder a qualquer análise de
mérito ou de admissibilidade quanto a eles, tal como procederam as
instâncias ordinárias (AgRg no AREsp 71.548/SP, rela. Mina. Regina Helena
Costa, Quinta Turma, j. em 10-12-2013).

Logo, pela manutenção do julgamento sob o crivo do tribunal popular.

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fls. 389

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

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III. MANUTENÇÃO DA DECISÃO/SENTENÇA QUE IMPRONUNCIOU AO CRIME
DE HOMICÍDIO EM RELAÇÃO AO RECORRIDO LEONARDO

Como bem ponderado em todos os depoimentos, inexiste prova da


participação do imputado Leonardo na prática ilícita. A r. sentença
acompanhou as peculiaridades do feito e, portanto, não merece reforma.

Com efeito, tanto o recorrido Elton, quanto o próprio recorrido Leonardo


narraram que este era desconhecedor da possibilidade do homicídio e de que
Elton estava carregando a arma.

Quadra exalçar que ambos são amigos e, até então, existia confiança mútua,
de modo a evitar qualquer suspeita de que aconteceria a situação.

Note, outrossim que o fato de Leonardo ter conduzido a motocicleta não


levantou suspeitas, pois comumente dirigia a motocicleta do colega, por ter
vontade e curiosidade, no dia dos fatos não foi diferente.

Corroborando com tal argumento, está provado no feito que quando do


carregamento da arma, este se fez de modo furtivo, sob a roupa de Elton, o
que impedia a visão de Leonardo.

Outrossim, quando na casa da suposta vítima, Leonardo ficou na moto, em


frente à casa, enquanto Elton esteve na área, que fica na lateral da mesma,
local onde impedia a visão de Leonardo, que não sabia o que estava
acontecendo.

Por fim, não existe qualquer outro relato de que Leonardo fosse conhecedor
ou que efetivamente tivesse participado do intento, para que pudesse
responder pelo mesmo.

ASSIM SENDO, QUE SEJA MANTIDA A SENTENÇA.

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III. MANUTENÇÃO DA DECISÃO/SENTENÇA QUE IMPRONUNCIOU AO CRIME
DE CORRUPÇÃO DE MENORES

Diferente daquilo que a acusação tenta convencer, não houve o cometimento


do crime com a participação da menor, mas, tão somente, em razão dos atos
abusivos que estavam sendo praticados em desfavor desta.

Note, ademais, que os recorridos não ajustaram o apoio de Vanessa em


nenhum momento. Somente se cometeu o delito em razão de série de
situações em que esta estava envolvida.

Veja que o art. 244-B, do ECA exige a prática de dois verbos: Praticar com ele
e Induzir a praticar.

Em nenhuma das hipóteses a situação em liça se amolda. Veja, que, se


Vanessa estivesse envolvida na liça na condição de participe/coautora,
deveria figurar nos autos ou, ao menos, ter contra si processo de aplicação de
medidas socioeducativas, o que não ocorreu.

Nesse sentido:

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DE FURTO QUALIFICADO (ART. 155, § 4º, IV,


DO CÓDIGO PENAL) E CORRUPÇÃO DE MENORES (ART. 244-B, DO ECA).
SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO.
POSSIBILIDADE. AUTORIA QUE SE MOSTROU DUVIDOSA PELA PROVA
PRODUZIDA NOS AUTOS. DÚVIDA QUE SE RESOLVE EM FAVOR DO RÉU.
APLICAÇÃO NECESSÁRIA DO PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO
QUE SE IMPÕE. (...) (TJSC, Apelação Criminal n. 0002513-03.2014.8.24.0067,
de São Miguel do Oeste, rel. Des. Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt
Schaefer, j. 29-06-2017).

Assim sendo, a manutenção da absolvição é medida de rigor.

EX POSITIS, requer-se:

Rua Rui Barbosa, nº 1.286, 1º piso, sala 10 – Centro – Turvo/SC


Fone/Fax: (48) 3525-3456 / 9985-6070 - Email: e.r.peres.adv@hotmail.com
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ERIVALDO ROCHA PERES e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 13/10/2017 às 18:47 , sob o número WTVO17100129532
fls. 391

ADVOGADO ERIVALDO ROCHA PERES - OAB/SC 13557

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BC42EA1.
A. Sejam recebidas e processadas estas contrarrazões, onde se impugna todos
os termos da apelação interposta pelo Ministério Público do Estado de Santa
Catarina;

B. Negado provimento ao recurso oportunamente interposto pelo Ministério


Público, com a manutenção da Sentença impugnada, salvo melhor análise,
acolhendo o recurso da defesa.

Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.

Turvo/SC, 13 de outubro de 2017.

_________________________
ERIVALDO ROCHA PERES
OAB/SC Nº 13557

Rua Rui Barbosa, nº 1.286, 1º piso, sala 10 – Centro – Turvo/SC


Fone/Fax: (48) 3525-3456 / 9985-6070 - Email: e.r.peres.adv@hotmail.com
fls. 392

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Turvo
Vara Única

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BC66ED5.
CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO

Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 16/10/2017 às 12:13 .
Ação: Ação Penal de Competência do Júri/PROC
Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

CERTIFICA-SE que, em 15/10/2017, transcorreu o prazo de


leitura no portal eletrônico, do ato abaixo, tendo iniciado o prazo em data 17/10/2017
12:13:43 com previsão de encerramento em 31/10/2017 12:13:43.

Autor:Ministério Público do Estado de Santa Catarina

Teor do ato: Encaminho os presentes autos para manifestação do Ministério Público.

Turvo (SC), 16 de outubro de 2017.


Advogado Selecionado << Informação indisponível >>
Ministério Público do Estado de Santa Catarina

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail:
turvo.unica@tjsc.jus.br
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 18/10/2017 às 18:49 , sob o número WTVO17200031658
fls. 393

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Ação Penal n. 0000495-74.2017.8.24.0076

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BD32181.
SIG n. 08.2017.00117899-2
Recurso em Sentido Estrito
Recorrente: Elton Tramontin Tomasi
Recorrido: Ministério Público
CONTRARRAZÕES RECURSAIS

SENHOR JUIZ DE DIREITO,

DOUTA PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA,

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROCURADOR DE JUSTIÇA,

EGRÉGIA CORTE CATARINENSE,

COLENDA CÂMARA,

EXCELENTÍSSIMOS SENHORES DESEMBARGADORES,

Trata-se de Recurso em Sentido Estrito interposto por Elton Tramontin


Tomasi, o qual, inconformado com a decisão que o pronunciou como incurso no
artigo 121, § 2º, incisos I e IV, combinado com o artigo 14, inciso II, e também no
artigo 217-A, caput, todos do Código Penal (p. 312/321), pugna pela reforma, para
que, em relação ao homicídio qualificado tentado, seja reconhecida a excludente de
ilicitude da legítima defesa, com a sua absolvição sumária, e, sucessivamente, para
que sejam afastadas as qualificadoras, além de reconhecida a causa especial de
diminuição de pena do § 1º do artigo 121 do Código Penal. Insiste, ainda, na sua
absolvição no tocante ao crime de estupro de vulnerável. (p. 365/373).

Breve relato, passa-se às contrarrazões recursais.


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 18/10/2017 às 18:49 , sob o número WTVO17200031658
fls. 394

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

_______________________________________________________

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BD32181.
ITEM I
DO CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO
CP, ART. 121, § 2º, I E IV, C/C O ART. 14, II
________________________________________________________

Sobre a materialidade delitiva, não há dúvida alguma: está estampada


no Laudo Pericial da p. 78.

A autoria também é certa, até porque o recorrente ELTON confessou


a prática delitiva, tanto na polícia (p. 45/47) como em Juízo (p. 281).

Entretanto, sustenta a Defesa que teria o recorrente agido em legítima


defesa.

Sinceramente, balela!

Na polícia, a vítima Jardel Pagani disse (p. 80/81):

[...]; Que, o declarante já estava nos fundos da casa tratando do cavalo,


quando viu ELTON chegar; Que, ELTON chegou de motocicleta e
acompanhado, não sabendo quem o acompanhava; Que, ELTON disse que
estava ali para buscar um celular que tinha deixado no dia anterior, pedindo
para o declarante entrar junto com ele para pegar; Que, o declarante disse
"entra lá e pega, tu sabe onde deixou"; Que, o declarante levou o cavalo até
um lote baldio a uns 100 metros de sua casa, onde trata os cavalos e logo
retornou: Que, ao retornar ELTON e agora o outro homem identificado pelo
declarante como NEGUINHO, estavam um ao lado do outro, em frente a sua
casa parados; Que, notou que ELTON estava segurando uma espingarda
rente ao corpo, para não aparecer muito; Que, NEGUINHO estava sobre a
motocicleta; Que, ELTON falou que a motocicleta não quis pegar, e logo
apontou a espingarda para o declarante e mandou que entrasse na casa;
Que, vendo a arma de fogo o declarante teve que entrar em sua casa,
momento em que ELTON veio atrás e assim que o declarante entrou na
casa, ELTON desferiu um tiro em seu rosto; Que, o declarante caiu o chão
com o tiro, mas logo se levantou e saiu correndo; Que, ELTON já estava
mais próximo a motocicleta, vindo a pegar um capacete e sair correndo
atrás do declarante, desferindo golpes com o capacete em sua cabeça; Que,
ELTON viu que o declarante entrou no lote do vizinho BELONIR, quando
então parou de bater com o capacete, foi até a motocicleta e fugiu do local
com NEGUINHO; [...].

Em Juízo, a vítima Jardel Pagani ratificou o depoimento acima (p. 281).


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 18/10/2017 às 18:49 , sob o número WTVO17200031658
fls. 395

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Revelador também foi o depoimento extrajudicial da adolescente

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BD32181.
Vanessa Schaukoski Borges (p. 60):

QUE, seu namorado ELTON falou sobre a intenção de matar JARDEL uns
dois dias antes dos fatos, ou seja, no mesmo dia em que a depoente disse a
ELTON que JARDEL agora estava falando que tinha vídeos seus transando
com ELTON e que ou a depoente transava com ele, ou JARDEL a estupraria
ou mostraria os vídeos para sua mãe; Que, ELTON então ficou furioso e
disse que iria matar JARDEL e que para isso iria utilizar uma arma de fogo,
sendo que também iria convidar o amigo LEONARDO, conhecido pelo
apelido de NEGUINHO para ir junto; [...]; Que, após ELTON ter tentado
matar JARDEL, o mesmo escreveu para depoente através do aplicativo
MESSENGER que já teria tentado matar JARDEL, e que os vizinhos tinham
visto, mas ele não sabia se os vizinhos tinham conhecimento que era ele o
autor do disparo; Que, essas conversas foram apagadas pela depoente;
Que, sobre a mensagem "oó, deu certo" enviada por ELTON no aplicativo
Whatsapp, diz que não chegou a ver, pois pela hora que ELTON enviou as
mensagens; seu celular já estava sem bateria e na posse de sua mãe; Que,
porém acredita que ele escreveu essa frase "oó, deu certo", para informar a
depoente que ele já teria atirado em JARDEL; [...].

Portanto, não há que falar em legítima defesa.

Insurge-se, ainda, o recorrente, contra as qualificadoras dos incisos I


(motivo torpe) e IV (dissimulação) do § 2° do artigo 121 do Código Penal, as quais,
entretanto, devem ser mantidas, até porque somente as manifestamente
improcedentes podem ser afastadas na decisão de pronúncia, o que não é o caso
dos Autos.

A propósito: Em respeito ao princípio do juiz natural, somente é cabível a


exclusão das qualificadoras na sentença de pronúncia quando manifestamente improcedentes e
descabidas, porquanto a decisão acerca da sua caracterização ou não deve ficar a cargo do Conselho de
Sentença, conforme já decidido por esta Corte.1

Por fim, de se dizer absolutamente impertinente o pleito defensivo


consistente no reconhecimento da causa especial de diminuição de pena do § 1º do
artigo 121 do Código Penal.

É que o artigo 7º da Lei de Introdução do Código de Processo Penal


(Decreto-lei n. 3.689/1941) dispõe que o juiz da pronúncia, ao classificar o crime, consumado ou
tentado, não poderá reconhecer a existência de causa especial de diminuição da pena.

1 STJ. Habeas Corpus n. 152548/MG. Relator: Min. Jorge Mussi. Órgão Julgador: Quinta Turma. Data do
julgamento: 22/2/2011.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 18/10/2017 às 18:49 , sob o número WTVO17200031658
fls. 396

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Dispõe o Código de Processo Penal:

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BD32181.
Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se
convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes
de autoria ou de participação.

§ 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da


materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar
incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas
de aumento de pena.

Portanto, dos referidos dispositivos legais, extrai-se que, na fase do


judicium accusationis, não há a possibilidade da apreciação da causa de diminuição
de pena, a qual deverá ser discutida em plenário e submetida ao veredicto popular.

A propósito, é inviável a apreciação acerca da existência ou não da causa de


diminuição de pena prevista no § 1º do artigo 121 do Código Penal, uma vez que se trata de matéria
que compete exclusivamente ao Conselho de Sentença. (TJSC. Recurso em Sentido Estrito n.
0001850-65.2010.8.24.0044 – Acórdão. Relator: Carlos Alberto Civinski. Órgão
Julgador: Primeira Câmara Criminal. Julgado em: 13/9/2016).

________________________________________________________
ITEM II
DO CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL
CP, ART. 217-A, CAPUT
________________________________________________________

Melhor sorte não socorre o recorrente Elton ao pugnar pela sua


absolvição em relação aos crimes de estupro de vulnerável.

O Magistrado a quo, quando do recebimento da Denúncia, bem


ponderou (p. 152/153):

Presentes os requisitos formais do art. 41 do CPP e havendo justa causa


(prova da materialidade e indícios suficientes de autora), fica RECEBIDA A
DENÚNCIA nos termos em que ofertada pelo Ministério Público, sem
prejuízo de eventual desmembramento posterior, eis que, em princípio,
parece que o crime de estupro de vulnerável imputado a Elton
Tramontin Tomasi teria sido perpetrado em contexto fático diverso do
homicídio tentado, pelo que é discutível que aquele possa ser
considerado crime conexo com este último, de modo a atrair a
competência do Tribunal do Júri. (grifou-se).
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CLAUDIO EVERSON GESSER GUEDES DA FONSECA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 18/10/2017 às 18:49 , sob o número WTVO17200031658
fls. 397

2ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TURVO

Entretanto, sua Excelência entendeu por bem pronunciar o recorrente

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BD32181.
Elton como incurso no artigo 217-A, caput, do Código Penal, dizendo que este crime
foi a principal causa de o agente ter planejado a prática de crime de homicídio.

De fato, o conjunto probatório revela que os estupros foram o móvel do


crime contra a vida - vingança -, mas, fora isso, a prova de uma infração ou de
qualquer de suas circunstâncias elementares não tem influência na prova da outra.

Daí porque não há que falar em conexão probatória tão somente pelo fato de haver
elementos de prova em comum entre os delitos, exigindo-se um liame objetivo entre eles, de forma que a
prova de um influa na do outro. (STF: RTJ 182/638).

Portanto, laborou em erro o Sentenciante, pois, não verificada qualquer


uma das hipóteses do artigo 76 do Código de Processo Penal, não há como aplicar
a regra do artigo 78, inciso I, do mesmo Diploma, que dispõe prevalecer a
competência do júri quando em concurso com a de outro órgão da jurisdição
comum.

Tem-se, pois, quanto aos crimes de estupro de vulnerável, carecer o


Tribunal do Júri de competência para o julgamento.

Cumpre esclarecer, aliás, que há recurso Ministerial pretendendo o


desmembramento para que, em Autos próprios, sejam, no Juízo comum, julgados
os crimes de estupro de vulnerável - CP, art. 217-A, caput -.

________________________________________________________
ITEM III
DO REQUERIMENTO MINISTERIAL
________________________________________________________

Ante o exposto, pugna o Ministério Público, por seu Promotor de


Justiça, pelo NÃO PROVIMENTO do recurso criminal defensivo.

Turvo, 18 de outubro de 2017.

Cláudio Everson Gesser Guedes da Fonseca


Promotor de Justiça
fls. 398

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Turvo
Vara Única

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código BD5BBE6.
CERTIDÃO

Autos nº 0000495-74.2017.8.24.0076

Ação: Ação Penal de Competência do Júri


Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu: Elton Tramontin Tomasi e outro

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 19/10/2017 às 15:00 .
CERTIFICO, para os devidos fins que os presentes
autos foram remetidos ao Segundo Grau de Jurisdição.

Turvo (SC), 19 de outubro de 2017.

Kelly de Oliveira Tomé Farias


Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça - Art. 212
"DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei n. 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III,a”

Endereço: Rua Raul Manfredini, Nº 520, Cidade Alta - CEP 88930-000, Fone: (48) 3525-8000, Turvo-SC - E-mail: turvo.unica@tjsc.jus.br
fls. 399

ESTADO DE SANTA CATARINA


TRIBUNAL DE JUSTIÇA

TERMO DE DISTRIBUIÇÃO E ENCAMINHAMENTO

Os presentes autos foram distribuídos através de processamento


eletrônico de dados, segundo especificações abaixo:

DADOS GERAIS DO PROCESSO


Processo número 0000495-74.2017.8.24.0076
Classe: Apelação Criminal
Assunto: Homicídio Qualificado
Número do Processo de Origem: 0000495-74.2017.8.24.0076
Classe de Origem: Ação Penal de Competência do Júri
Comarca de Origem: Turvo - Vara Única
Juiz prolator da sentença: Manoel Donisete de Souza
Número de Volumes: 2
Número de Apensos: 0

DADOS DA DISTRIBUIÇÃO
Data da Distribuição: 20 de outubro de 2017
Tipo da Distribuição: Sorteio
Motivo da Distribuição: Motivo do Estudo da Prevenção Não informado
Órgão Julgador: Quarta Câmara Criminal
Relator: Desembargador Nelson Maia Peixoto

DADOS DE PARTES E REPRESENTANTES


Apte/Recdo : Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Promotor : Cláudio Everson Gesser Guedes da Fonseca (Promotor)
Apldo/Recte : Elton Tramontin Tomasi
Advogado : Erivaldo Rocha Peres (OAB: 13557/SC)
Apelado : Leonardo Marcolino Fantoni
Advogado : Erivaldo Rocha Peres (OAB: 13557/SC)

Isto posto, encaminho estes autos à Procuradoria Geral de Justiça.


fls. 400

ESTADO DE SANTA CATARINA


TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Florianópolis, 20 de outubro de 2017.

DCDP - Diretoria
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

manifestação da Procuradoria Geral de Justiça.


ATO ORDINATÓRIO
Apelação Criminal: n. 0000495-74.2017.8.24.0076
ESTADO DE SANTA CATARINA

DCDP - Seção de Tramitação


Roberta Maris da Silva Zanelato
Florianópolis, 20 de outubro de 2017.
Aos 20 de outubro de 2017 encaminho os presentes autos para
fls. 401

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROBERTA MARIS DA SILVA ZANELATO e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 20/10/2017 às 17:04 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código A78E88.
SAJ
Apelação Criminal nº 0000495-74.2017.8.24.0076
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ESTADO DE SANTA CATARINA

Florianópolis, 23 de outubro de 2017.


Procuradoria Geral de Justiça para acesso e cumprimento do ato exarado.
CERTIDÃO DE DISPONIBILIZAÇÃO DO PROCESSO DIGITAL

Certifico que o processo digital foi disponibilizado na base da


fls. 402

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, liberado nos autos em 23/10/2017 às 13:04 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código A7DED5.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HUMBERTO FRANCISCO SCHARF VIEIRA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 31/10/2017 às 15:53 , sob o número WTJU17120347713.
fls. 403

MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA


9ª PROCURADORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AABDE3.
Apelação Criminal e Recurso em Sentido Estrito nº 0000495-74.2017.
8.24.0076 - Turvo
SIG nº 08.2017.00354597-0
Relator Desembargador Nelson Maia Peixoto
Procurador de Justiça Humberto Francisco Scharf Vieira

Colenda Quarta Câmara Criminal

Trata-se de Recurso de Apelação Criminal interposto pelo


representante do Ministério Público do Estado de Santa Catarina,
Promotor de Justiça Cláudio Everson Gesser Guedes da Fonseca, e de
Recurso em Sentido Estrito interposto por Elton Tramontin Tomasi, por
intermédio de seu advogado constituído (fl. 124), irresignados com a
decisão proferida pelo Juízo da Vara Única da Comarca de Turvo que, ao
admitir o pedido formulado pela denúncia:

Gab. Procurador de Justiça Humberto Francisco Scharf Vieira 1


HK / R
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HUMBERTO FRANCISCO SCHARF VIEIRA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 31/10/2017 às 15:53 , sob o número WTJU17120347713.
fls. 404

MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA


9ª PROCURADORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AABDE3.
Apelação Criminal nº 0000495-74.2017.8.24.0076

a) Pronunciou o acusado Elton Tramontin Tomasi, dando-o


como incurso nos artigos 121, § 2º, incisos I e IV c/c 14, inciso II, bem
como artigo 217-A, todos do Código Penal, submetendo-o a julgamento
perante o Tribunal do Júri Popular.

b) Impronunciou o acusado Elton Tramontin Tomasi da


prática do crime conexo, previsto no artigo 244-B do ECA.

c) Impronunciou o acusado Leonardo Marcolino Fantoni da


prática do crime previsto no artigo 121, § 2°, incisos I e IV c/c 14, inciso II,
ambos do Código Penal, bem como do crime previsto no artigo 244-B, do
ECA.

Em suas razões, o órgão ministerial, busca a cisão do


processo para que seja julgado em autos próprios o crime de estupro de
vulnerável, uma vez que o Tribunal do Júri carece de competência para tal
julgamento, ao passo que não há conexão probatória entre os delitos.

Postula, também, a reforma da sentença, a fim de que


Leonardo seja pronunciado como incurso no artigo 122, § 2º, incisos I e IV,
combinado com os artigos 14, inciso II, e 29, caput, todos do Código
Penal.

Por fim, pugna que Leonardo e Elton sejam pronunciados


como incursos no artigo 244-B, caput, da Lei 8.069/90.

Contra-arrazoando, manifesta-se a defesa de ambos pelo


conhecimento e desprovimento do apelo.

O recorrente Elton pugna, em suas razões, seja reformada


a sentença, a fim de obter sua absolvição, sustentando a ocorrência de

Gab. Procurador de Justiça Humberto Francisco Scharf Vieira 2


HK / R
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HUMBERTO FRANCISCO SCHARF VIEIRA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 31/10/2017 às 15:53 , sob o número WTJU17120347713.
fls. 405

MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA


9ª PROCURADORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AABDE3.
Apelação Criminal nº 0000495-74.2017.8.24.0076

legítima defesa.

Subsidiariamente, busca sejam afastadas as qualificadoras


e aplicada a causa de diminuição da pena prevista no § 1º, do artigo 121,
do Código Penal.

Pleiteia, ainda, a absolvição em relação ao crime previsto


no artigo 217-A, do Código Penal, alegando que os atos de intimidade se
deram mediante consentimento.

Em contrarrazões, o Promotor de Justiça Cláudio Everson


Gesser Guedes da Fonseca opina pelo conhecimento e desprovimento do
recurso.

Cumpridas as formalidades nos moldes do artigo 589 do


Código de Processo Penal.

Após, vieram-me os autos, por distribuição, para exame e


emissão de parecer.

É a síntese do essencial.

O apelo, tem-se a impressão, merece provimento, enquanto


que o recurso defensivo deve ser desprovido.

Na Comarca de Turvo, Elton Tramontin Tomasi e Leonardo


Marcolino Fantoni foram denunciados porque:

DAS INFORMAÇÕES INICIAIS


[...] Iniciaram-se os fatos por volta do ano de 2010, quando
Jardel e Eliane começaram a viver em união estável e, na
companhia de Vanessa, a qual é filha de Eliane, passaram a
residir na Estrada Geral Água Branca, em Jacinto Machado

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HK / R
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HUMBERTO FRANCISCO SCHARF VIEIRA e Tribunal de Justica de Santa Catarina - 50105, protocolado em 31/10/2017 às 15:53 , sob o número WTJU17120347713.
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MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA


9ª PROCURADORIA DE JUSTIÇA CRIMINAL

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0000495-74.2017.8.24.0076 e código AABDE3.
Apelação Criminal nº 0000495-74.2017.8.24.0076

(SC).
DO ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Tudo bem até que, no início do ano de 2017, Vanessa, com
apenas 13 anos de idade, passou a namorar o denunciado
Elton, às escondidas da genitora Eliane e do padrasto Jardel.
Assim foi que, no início do mês de março de 2017, o denunciado
Elton e a adolescente Vanessa anunciaram o namoro a Eliane e
a Jardel, os quais consentiram com o relacionamento desde que
os encontros entre os namorados ocorressem somente aos
domingos e na presença da mãe e/ou do padrasto.
Ocorre que, posteriormente, no decorrer do mês de março de
2017, o denunciado Elton, quase que diariamente, sempre na
ausência de Eliane e de Jardel, dirigia-se até a casa da
namorada Vanessa, onde, aproveitando-se da ingenuidade e da
tenra idade dela, investia sexualmente contra ela.
De fato, em março de 2017, por diversas vezes, quase que
diariamente, o denunciado Elton, de forma astuciosa, a fim de
satisfazer a sua lascívia, praticou conjunção carnal com a
adolescente Vanessa, a qual, repita-se, à época, contava com
apenas 13 anos de idade.
DO HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO
De se dizer que os ardilosos encontros foram percebidos por
vizinhos, os quais alertaram Jardel de que, na ausência deste e
da companheira Eliane, o denunciado Elton costumava
frequentar rotineiramente a residência da familia.
No dia 30 de março de 2017, à noite, com o objetivo de
comprovar a informação da vizinhança, Jardel simulou que havia
saído de casa e, à espreita, ficou esperando o que viesse
acontecer, já que a companheira Eliane estava no trabalho e a
enteada Vanessa, então, imaginava que estaria sozinha na
residência.
Não tardou e o denunciado Elton foi até ao encontro da
adolescente Vanessa e, uma vez mais, a fim de satisfazer a sua
lascívia, praticou conjunção carnal com ela.
Dessa feita, o padrasto Jardel presenciou e, fazendo uso de um
celular, por entre uma fresta, gravou o encontro sexual entre a

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enteada Vanessa e o denunciado Elton. Há que esclarecer,


porém, que as imagens capturadas não mostram a prática do
ato sexual, havendo, entretanto, vultos que dão a entender o
contato entre os namorados.
Pois bem, por volta das 20 horas, assim que o denunciado Elton
deixou a residência, Jardel foi ao encontro da enteada Vanessa
e a informou que havia gravado o encontro íntimo dela, dizendo,
ainda, que mostraria as imagens a Eliane.
Ato contínuo, a adolescente Vanessa efetuou ligação telefônica
para o denunciado Elton e, no desenrolar da conversa, colocou-
o a par da situação envolvendo a gravação do encontro íntimo
dos dois.
O denunciado Elton decidiu, então, que, para garantir a
manutenção do seu namoro com a adolescente Vanessa e
continuar buscando nela a realização dos seus caprichos
sexuais (MOTIVO TORPE), era preciso ceifar a vida de Jardel.
No dia seguinte, 31 de março de 2017, por volta do meio-dia, o
denunciado Elton, em conversa sobre o ocorrido - gravação do
encontro sexual -, propôs à adolescente Vanessa e a um amigo
- o denunciado Leonardo - a execução de Jardel, recebendo
daqueles a concordância com a empreitada delitiva.
Cumpre esclarecer que a adolescente Vanessa, embora tenha
instigado os denunciados a praticarem o crime e participado dos
ajustes para a sua execução, foi incumbida tão somente de se
ausentar da sua casa a fim de que não fosse vista no local no
momento do homicídio, o qual foi combinado que se daria no
início da noite.
Firmes no desiderato homicida, por volta das 19 horas, o
denunciado Leonardo, na direção de uma motocicleta, levou o
denunciado Elton, na garupa, até a casa da vítima Jardel.
Assim que chegaram ao destino, o denunciado Elton, usando de
DISSIMULAÇÃO, disse à vítima Jardel que ali estava apenas
para pegar um telefone celular que havia esquecido no dia
anterior, sendo-lhe, então, franqueado o acesso ao interior da
casa.
Instantes depois, a vítima Jardel percebeu que o denunciado
Elton estava parado na frente da casa, ao lado do denunciado

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Leonardo, e, assim, foi ao encontro deles. Nesse momento, o


denunciado, uma vez mais, fazendo uso de DISSIMULAÇÃO,
com o objetivo de atrair a vítima para perto de si, disse a Jardel
que não havia ido embora ainda porque a motocicleta estava em
pane.
Foi, então, que o denunciado Elton apontou uma espingarda
para a vítima Jardel e ordenou que ela fosse para o interior da
casa.
O denunciado Elton e a vítima Jardel, esta sob a mira da
espingarda, entraram na residência, enquanto o denunciado
Leonardo ficou do lado de fora, sobre a motocicleta, aguardando
o retorno do comparsa para, então, evadirem-se do local.
Logo que adentraram à casa, o denunciado Elton efetuou um
disparo contra a face da vítima Jardel, a qual, dada a gravidade
das lesões1, foi ao chão.
Entretanto, a vítima Jardel logo se levantou e saiu correndo. O
denunciado Elton, então, foi até à motocicleta, apanhou um
capacete e foi à caça da vítima e, quando a alcançou, passou a
golpeá-la com várias "capacetadas" na cabeça.
Ocorre que a vítima Jardel conseguiu correr até a residência de
um vizinho Belonir Vitalino Costa -, quando, então, o
denunciado Elton, a fim de evitar que alguém aparecesse e o
reconhecesse, tratou de retornar ao local onde o denunciado
Leonardo esperava e, juntos, envidaram fuga.
Veja-se que o denunciado somente não prosseguiu na
execução do homicídio porque teve receio de que fosse visto e
reconhecido pela vizinhança, haja vista que a vítima Jardel, em
que pesem as contundentes agressões sofridas - disparo de
arma de fogo na face e "capacetadas" na cabeça -, conseguiu
alcançar a casa de um vizinho.
O homicídio não se consumou também porque a vítima Jardel,
embora atingida em região de vitais funções - face e cabeça -,
foi socorrida pelo vizinho Belonir Vitalino Costa, o qual,
imediatamente, em um veículo automotor, levou Jardel ao
hospital, onde, devido à intervenção médica, conseguiu resistir
aos graves ferimentos.
DA CORRUPÇÃO DE MENOR DE 18 ANOS

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Cumpre esclarecer, ainda, que, ao tramarem e praticarem a


execução do crime de homicídio com a participação da
adolescente Vanessa Schaukoski Borges, os denunciados Elton
e Leonardo culminaram por corrompê-la, introduzindo-a
efetivamente na senda do crime.

Regularmente processado o feito, sobreveio a já


mencionada sentença, contra a qual, a tempo e modo, insurgiram-se o
representante do Ministério Público e a defesa.

A insurgência do órgão ministerial objetiva, inicialmente, a


cisão do feito, uma vez que inexiste conexão entre o crime de homicídio
qualificado tentado e o estupro de vulnerável, carecendo o Tribunal do Júri
de competência para o julgamento.

Analisando os autos, observa-se que tal pedido merece


prosperar.

Pois bem, em que pese o principal motivo da ocorrência do


homicídio tentado tenha sido a ameaça da vítima com as filmagens e
chantagens realizadas acerca do crime de estupro de vulnerável, verifica-
se que não há conexão probatória entre eles, ou seja, a prova desta
infração não apresenta influência sobre a prova daquela, não se
enquadrando em nenhuma das hipóteses previstas no artigo 76 do Código
de Processo Penal.

Nesse sentido, imperioso destacar o entendimento do STF:

COMPETÊNCIA PENAL: CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO:


PREVENÇÃO, CONEXÃO TELEOLOGICA E CONEXÃO
INSTRUMENTAL: PRESSUPOSTOS. [...]
3. A CONEXÃO PROBATÓRIA PRESSUPÕE VINCULO
OBJETIVO ENTRE CRIMES DIVERSOS, DE TAL MODO QUE
A PROVA DE UMA OU DE QUALQUER DE SUAS

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CIRCUNSTANCIAS ELEMENTARES INFLUA NA PROVA DA


OUTRA.
4. A VERIFICAÇÃO DA CONEXAO PROBATORIA NÃO
BASTA O SIMPLES JUÍZO DE CONVENIENCIA DA REUNIÃO
DE PROCESSO SOBRE CRIMES DISTINTOS: E PRECISO
QUE ENTRE ELAS HAJA VINCULO OBJETIVO - QUE SE
INSINUA POR ENTRE AS INFRAÇÕES EM SI MESMAS
(XAVIER DE ALBUQUERQUE) -, DE TAL MODO QUE A
PROVA DE UMA INFLUA NA DA OUTRA (C. PR. PEN., ART.
76, III)[...]

(HC 67769, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Relator(a) p/


Acórdão: Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma,
julgado em 28/11/1989, DJ 11-09-1992 PP-14715 EMENT
VOL-01675-03 PP-00360 RTJ VOL-00142-02 PP-00491) - Grifei

A propósito, é a Jurisprudência do STJ:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. INQUÉRITO


POLICIAL. CONEXÃO INSTRUMENTAL (ART. 76, III, CPP)
ENTRE ESTELIONATO (ART. 171, CP) E RECEPTAÇÃO
QUALIFICADA (ART. 180, § 1º, CP) OCORRIDOS EM LOCAIS
E MOMENTOS DIVERSOS. AUSÊNCIA DE NECESSIDADE E
CONVENIÊNCIA QUE JUSTIFIQUEM A REUNIÃO DOS
FEITOS. POSSIBILIDADE DE SEPARAÇÃO DOS FEITOS
(ART. 80, CPP).
1. A conexão probatória pressupõe a existência de vínculo
objetivo entre crimes diversos de tal modo que a prova de
uma ou de qualquer de suas circunstâncias elementares
influa na prova da outra. [...]
(CC 146.049/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/05/2016, DJe
01/06/2016) - Grifei

Logo, não há falar em conexão entre os delitos


supracitados, de modo que o Tribunal do Júri se mostra incompetente para
julgar o crime previsto no artigo 217-A, caput, do Código de Penal,
devendo ser desmembrado o feito, a fim de que o referido crime seja

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julgado em autos próprios.

O representante do Ministério Público busca, ainda, seja


reformada a sentença a fim de que Leonardo seja pronunciado como
incurso no artigo 121, § 2º, incisos I e IV, combinado com os artigos 14,
inciso II, e 29, caput, todos do Código Penal.

O magistrado impronunciou o acusado, ao argumento de


que a sua participação nos delitos acima mencionados é incerta.

Entretanto, contrariamente ao afirmado pelo togado, a


materialidade e os indícios de autoria parecem evidentes.

Cumpre ressaltar que na etapa processual de pronúncia


realiza-se, tão somente, um juízo de admissibilidade quanto aos fatos
narrados na inicial acusatória, exigindo-se da acusação apenas a
comprovação da materialidade e de indícios de autoria do crime.

Nessa linha, as dúvidas eventualmente surgidas no curso


da instrução, notadamente aquelas relativas ao mérito do processo, devem
ser devolvidas ao órgão constitucionalmente competente para delas
conhecer e julgar, qual seja, o Tribunal do Júri Popular.

A propósito:

[...] Segundo o disposto no caput do artigo 413 do Código de


Processo Penal basta para a pronúncia do acusado o
convencimento acerca da materialidade do fato e a existência de
indícios suficientes de autoria ou de participação, não se
exigindo prova cabal como a necessária para alicerçar sentença
condenatória proferida pelo Juiz Singular.
Isso se dá, em razão da pronúncia não ser mais que o juízo de
admissibilidade da acusação, a ser apreciada com maior

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profundidade pelo Conselho de Sentença, juiz natural para o


julgamento do mérito nos crimes dolosos contra a vida.
RECURSO DESPROVIDO.
(TJSC, Recurso em Sentido Estrito n.
0005148-12.2009.8.24.0073, de Timbó, rel. Des. Jorge Schaefer
Martins, j. 11-08-2016).

In casu, observa-se que a materialidade dos delitos está


adequadamente demonstrada por intermédio dos Laudos Periciais (fls.
28-29; fl. 39; fl.43; fl. 78; fls. 91-95), Auto de Exibição e Apreensão (fl. 67),
Relatório de Informações (fls. 71-75; fls. 83-85; fls. 86-89) e demais provas
produzidas em juízo.

Os indícios de autoria do crime, por sua vez, apesar de


negados pelo acusado (audiovisual de fl. 281), estão igualmente
demonstrados, como se verá a seguir.

Ao prestar depoimento, na fase inquisitorial (fl. 33), Vanessa


Schaukoski Borges relatou que, no dia dos fatos, Jardel chegou em casa
dizendo que havia registrado, em vídeos, a depoente mantendo relações
com seu namorado, chantageando-a para que praticasse o mesmo com
ele, no entando, a depoente se negou.

Informou que, à noite, mandou mensagens para Elton


relatando o que havia acontecido e ele ficou muito bravo, dizendo que
convidaria Leonardo para dar um "susto" em Jardel.

Elton, ao ser interrogado, em juízo (audiovisual de fls. 282),


relatou que, no dia dos fatos, saiu do serviço, foi até a casa de Leonardo e
falou a ele que precisava de ajuda para ir à casa de Vanessa, buscar um
negócio, mas que precisava ser em dois.

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Disse que passou em casa, pegou uma espingarda, a qual


escondeu desmontada na roupa, para que Leonardo não visse, e seguiram
até a casa da vítima. Chegando lá, foi em direção à porta dos fundos,
montou a espingarda e a escondeu nas folhagem.

Informou que, ao chamar Jardel para conversar, ambos se


desentenderam, momento em que a vítima foi para dentro de casa e
pegou uma faca, indo para cima do acusado, tendo este efetuado o
disparo de arma de fogo.

Contudo, segundos depois Jardel já teria se levantado e ido


em direção ao interrogado para agredi-lo, o qual afirmou ter tentado
apunhala-lo pelas costas e, não conseguindo, pegou o capacete para
realizar outras agressões.

Leonardo, por sua vez, relatou, na fase policial (fl. 40), que
conduziu Elton, com a motocicleta deste, até a residência de Jardel,
permanecendo em frente a casa, junto ao veículo, ocasião em que,
posteriormente, ouviu uma discussão entre Elton e Jardel, bem como o
disparo de uma arma de fogo, quando Elton saiu correndo em direção à
motocicleta na posse de uma espingarda e ambos empreenderam em
fuga.

Em juízo (audiovisual de fl. 282), ao ser questionado sobre


o porquê de ter conduzido a moto de Elton até o local do crime, Leonardo
se contradisse, afirmando, em um primeiro momento, que teria pilotado
porque gostava de motos e, posteriormente, que teria pilotado, vez que
Elton que havia solicitado.

Leonardo alegou que, quando chegou à residência de

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Jardel, não sabia do que se tratava, mas ao ouvir o disparo da arma de


fogo, continuou em frente à residência, mesmo sem ter conhecimento de
onde teria vindo o tiro.

Ao ser questionado do motivo pelo qual não saiu correndo,


o depoente afirmou que não o fez, pois estava com medo que os vizinhos
avistassem e que acabasse preso.

Ora, se Leonardo se encontrava na condição de inocente,


não sabia do que se tratava, não sabia que o tiro teria saído da arma de
Elton, tampouco sabia da existência da espingarda, por que teria medo de
ser visto, ou de ser preso?

Por que permaneceria parado em frente à casa ao invés de


sair para se proteger?

É possível perceber que os depoimentos de Leonardo, tanto


na fase inquisitorial quanto em juízo, apresentam diversas contradições e
demonstram, juntamente com os demais depoimentos colhidos nos autos,
sua posição de garante do coacusado Elton, uma vez que o conduziu até o
local do crime, permaneceu lá durante toda a empreitada criminosa e, por
fim, o auxiliou na fuga.

Logo, da análise das provas, verifica-se a presença de


indícios suficientes de autoria, bem como existência de materialidade do
delito, o que autoriza, em respeito ao princípio informado pelo brocardo in
dubio pro societate, a submissão da matéria ao conhecimento do Tribunal
do Júri.

Neste sentido é a jurisprudência:

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RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. JÚRI. CRIME DOLOSO


CONTRA A VIDA. HOMICÍDIO QUALIFICADO PELO MOTIVO
TORPE E PELO USO DE RECURSO QUE DIFICULTOU A
DEFESA DA VÍTIMA. (ART. 121, § 2º, I E IV, DO CP).
SENTENÇA DE PRONÚNCIA. RECURSO DEFENSIVO [...]
2. MÉRITO. 2.1 PLEITO VISANDO A IMPRONÚNCIA OU A
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. ALEGAÇÃO DE NÃO HAVER
INDÍCIOS DE AUTORIA OU PARTICIPAÇÃO NO CRIME.
INVIABILIDADE. INDÍCIOS INCRIMINADORES SUFICIENTES
EXTRAÍDOS DO CONJUNTO PROBATÓRIO.
DESNECESSIDADE DE JUÍZO DE CERTEZA NESSA FASE
DE ADMISSIBILIDADE.
Segundo o disposto no caput do art. 413 do CPP, basta para
a pronúncia do acusado o convencimento acerca da
materialidade do fato e a existência de indícios suficientes
de autoria ou de participação, não se exigindo prova cabal
como a necessária para alicerçar sentença condenatória
proferida pelo Juiz Singular.
Isso se dá em razão da pronúncia não ser mais que o juízo
de admissibilidade da acusação, a ser apreciada com maior
profundidade pelo Conselho de Sentença, juiz natural para o
julgamento do mérito nos crimes dolosos contra a vida. [...].
(TJSC, Recurso em Sentido Estrito n.
0029143-34.2014.8.24.0023, da Capital, rel. Des. Jorge
Schaefer Martins, j. 28-01-2016). - Grifei

Ademais:

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TRIBUNAL DO JÚRI.


HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO. INSURGÊNCIA DA
DEFESA QUANTO À PRONÚNCIA. PROVAS DA
MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA.
ELEMENTOS MÍNIMOS QUE INDICAM O ANIMUS NECANDI.
[...] SUBSTRATO PROBATÓRIO QUE PERMITE A ADMISSÃO.
QUESTÕES A SEREM DIRIMIDAS PELO CONSELHO DE
SENTENÇA.
1 Comprovada a materialidade do crime doloso contra a
vida e presentes indícios suficientes de autoria, bem como
elementos mínimos acerca do animus necandi, inafastável a
decisão de pronúncia, a teor do art. 413 do Código de

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Processo Penal. [...]


RECLAMO NÃO PROVIDO. (TJSC, Recurso em Sentido Estrito
n. 0013786-84.2013.8.24.0011, de Brusque, rel. Des. Moacyr de
Moraes Lima Filho, j. 02-05-2017). - Grifei

Por fim, pleiteia o órgão ministerial que Leonardo e Elton


sejam pronunciados como incursos no artigo 244-B, caput, da Lei
8.069/90.

Com razão o Ministério Público, uma vez que, conforme já


abordado, há indícios suficientes de que Leonardo e Elton, com a
participação de Vanessa, planejaram a conduta delitiva.

Dispõe o mencionado dispositivo legal:

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18


(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o
a praticá-la:
[...]
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer
meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.
[...]

Pois bem, extrai-se do depoimento de Vanessa, na fase


policial (fl. 33):

[...] que ontem à noite, por mensagens a depoente contou os


fatos para Élton; que Élton ficou muito brabo e disse ia convidar
o “Neguinho” (Leonardo... não sabe maiores detalhes) e ia dar
um “susto” em Jardel; que nesta tarde a depoente saiu de casa
porque estava com medo do Jardel e ficou na casa de sua
amiga Ana Clara Albino Rocha; que esta noite Élton se
comunicou com a depoente por mensagens Messenger e falou
que havia dado um tiro na cara do Jardel; que este teria caído e
depois saído correndo; que Élton disse que pegou uma faca e

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correu atrás dele, mas a faca quebrou no caminho e ficou na


grama; que Élton disse que viu o celular de Jardel carregando
antes do tiro, mas não conseguiu pegá-lo; que Élton confirmou
que “Neguinho” foi junto. Nada mais disse.

Em juízo (audiovisual de fl. 283), Vanessa confirmou sua


versão, relatando que seu padrasto já estava a assediando há um tempo e
que contou para seu namorado, Elton, o qual ficou muito bravo e acabou
cometendo o crime.

Disse, ainda, que tomou conhecimento dos fatos (tentativa


de homicídio) através de Elton e que este havia ido junto ao seu amigo
Leonardo ("Neguinho") atrás de Jardel.

Em que pese Vanessa tenha instigado Elton e Leonardo a


cometerem o crime, bem como participado de pequenos ajustes, esta
apenas se ausentou de casa, não presenciando o momento do homicídio,
o qual já estava combinado.

Cumpre ressaltar que, depois de tentar ceifar a vida da


vítima, Elton ainda enviou mensagens a Vanessa, comemorando que
havia dado tudo certo, mas que estava sendo procurado pela polícia (fl.
75).

Além disso, extrai-se do Relatório Policial (fls. 86/89) que os


três apagaram as mensagens que haviam trocado entre si, através dos
aplicativos Messenger e WhatsApp, demonstrando o planejamento do
crime, tanto na execução quanto em momento posterior.

Assim, existem relevantes indícios da corrupção de menor


existente no caso em tela, devendo ambos ser pronunciados como
incursos no artigo 244-B, caput, da Lei 8.069/90.

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Finalizada a análise relacionada às razões da apelação


criminal, passo à análise das razões do recurso em sentido estrito.

No que concerne ao pedido defensivo de absolvição


sumária, em razão da invocada legítima defesa, nenhum reparo deve ser
procedido na decisão obliterada.

Isto porque, como é corriqueiro, na fase da pronúncia, que


encerra tão somente um juízo de admissibilidade quanto aos fatos
articulados na inicial acusatória, as dúvidas porventura surgidas no curso
da instrução não devem ser sanadas em favor do réu, mas sim devolvidas
ao órgão constitucionalmente competente para delas conhecer e julgar,
qual seja, o Tribunal do Júri.

Assim expõe o julgado:

"[...] A pronúncia é um mero juízo de admissibilidade da


acusação, de modo que o feito deve ser remetido a julgamento
pelo Conselho de Sentença quando estiver comprovada a
materialidade do crime e houver indícios suficientes da autoria"
(Recurso Criminal n. 2009.048581-0, de Navegantes, rel. Des.
Moacyr de Morais Lima Filho, j. em 24.11.2009).
Desse modo, para que o acusado seja submetido a julgamento
pelo Tribunal do Júri, basta que a materialidade esteja
comprovada e existam indícios suficientes da autoria ou
participação do réu, dispensando-se, portanto, a necessidade de
provas robustas a esse respeito.
Além disso, se os elementos probatórios agregados aos autos
não permitem afastar, de modo inequívoco, a autoria do réu ou a
existência de animus necandi, [...]" (TJSC, Recurso Criminal n.
2013.020505-7, de Tubarão, rel. Des. Roberto Lucas Pacheco, j.
09-10-2014).

É sabido que para pronúncia do acusado a materialidade do


fato e a existência de indícios de autoria devem estar presentes, o que

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ocorre no caso em comento, como já demonstrado.

Quanto à alegação da defesa, de que o acusado teria agido


em legítima defesa, imperioso destacar o que prevê o disposto no art. 25
do Código Penal:

"Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando


moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou
iminente, a direito seu ou de outrem".

In casu, observa-se, diante do depoimento do próprio


acusado, que a conduta, por certo, não se coaduna com quem age para
repelir injusta agressão.

Em juízo (audiovisual de fl. 282), Elton afirmou que foi na


casa de Leonardo e disse a ele que precisava ir à casa de Vanessa,
buscar um negócio, e que isso precisava ser feito em dois.

O depoente confessou, ainda, que passou em casa para


pegar uma espingarda, a qual desmontou e escondeu na roupa, a fim de
que seu amigo não visse.

Relatou que, ao chegarem à casa de Vanessa, se dirigiu à


porta dos fundos, montou a espingarda, a escondeu nas folhagem e
chamou Jardel para conversar.

Contudo, ao falar sobre Vanessa, a vítima disse “se tu veio


pra me matar, quem vai te matar vai ser eu”, ocasião em que foi para
dentro de casa e pegou uma faca, indo para cima do acusado, momento
em que este efetuou o disparo.

Elton informou que, em poucos segundos, a vítima se


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levantou, vindo em sua direção para agredi-lo, quando o depoente desviou


e pegou a faca para se defender, tentando apunhala-lo pelas costas, o
que não conseguiu, pois a faca quebrou, pegou então o capacete para
realizar outras agressões.

Tal depoimento demonstra, ao contrário do que alega o


recorrente, que o acusado não agiu utilizando-se dos meios necessários
para repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu (art. 25 do
Código Penal), mas agiu de forma desproporcional, utilizando-se de arma
de fogo, golpe de faca pelas costas e outras agressões desmedidas com a
clara intenção não de se defender, mas de ceifar a vida de Jardel.

Assim, vislumbra-se até o momento, que a alegação de


legítima defesa encontra-se totalmente rechaçada e sem nenhuma
sustentação, uma vez que a conduta do insurgente não cumpre os
requisitos da excludente de ilicitude, visando apenas, o recorrente, eximir-
se da responsabilidade penal.

Assim, é inviável o acolhimento da legítima defesa, a qual


somente poderia ser aceita com exclusão da responsabilidade penal do
denunciado, se certa e evidente a sua ocorrência.

Colhe-se, sobre o tema, acórdão desse Tribunal de Justiça:

RECURSOS CRIMINAIS. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO


SIMPLES. ERRO MATERIAL NO DISPOSITIVO DA DECISÃO.
CORREÇÃO, DE OFÍCIO, PARA FAZER CONSTAR QUE FOI
RECONHECIDA A PRÁTICA DE DOIS CRIMES.
PLEITO DEFENSIVO DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA PELA
LEGÍTIMA DEFESA. MATERIALIDADE E INDÍCIOS
SUFICIENTES DE AUTORIA PRESENTES. AUSÊNCIA DE
PROVAS INEQUÍVOCAS SOBRE A OCORRÊNCIA DA

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EXCLUDENTE. QUESTÃO A SER APRECIADA PELO


CONSELHO DE SENTENÇA.
"A absolvição sumária, pela legítima defesa, exige prova
inequívoca; inexistentes nos autos provas seguras e
incontroversas se a conduta do acusado está ou não
acobertada pela excludente invocada, imperioso que a
questão seja submetida à apreciação do Tribunal do Júri,
competente para julgar os crimes dolosos contra a vida"
(TJSC, Recurso Criminal n. 2012.045844-2, j. em 7/8/2012).
[...] RECLAMOS NÃO PROVIDOS.
(TJSC, Recurso Criminal n. 2015.035580-8, de Biguaçu, rel.
Des. Moacyr de Moraes Lima Filho, j. 25-08-2015). (Grifei).

Ademais, qualquer dúvida sobre a presença da excludente


de ilicitude da legítima defesa deverá ser revertida à apreciação do
Conselho de Sentença, órgão constitucionalmente investido na função de
julgar os crimes dolosos praticados contra a vida.

O recorrente busca, ainda, o afastamento das


qualificadoras, sustentando inexistência de provas quanto à sua
ocorrência, bem como a aplicação da causa de diminuição de pena
prevista no § 1º do artigo 121 do Código Penal.

Todavia, não assiste razão ao postulante.

Como é cediço, em se tratando de crimes submetidos à


pronúncia, quaisquer dúvidas referentes às circunstâncias do crime,
inclusive no tocante à incidência das qualificadoras, somente pode ser
afastadas se inequívocas.

No caso, percebe-se que há indicativos de que o crime foi


cometido por motivo torpe, isso porque, aparentemente, a tentativa de
homicídio foi praticada para garantir a manutenção de seu namoro e por

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vingança, diante das gravações feitas por Jardel e das ameaças realizadas
contra Vanessa.

Do mesmo modo, há indícios de que foi feito o uso de


dissimulação, dificultando a defesa da vítima, uma vez que utilizou-se da
desculpa de que teria esquecido o celular no dia anterior, para conseguir
acesso ao interior da casa e atrair a vítima para perto de si.

Destarte, outra alternativa não há, senão a manutenção das


qualificadoras previstas no art. 121, § 2º, incisos I e IV, do Código Penal,
nesta etapa processual.

Sendo assim, a tese merece análise do órgão competente,


qual seja, o Tribunal do Júri Popular.

Ao arremate:

[...] PLEITO DE AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA. CRIME


PRATICADO POR MEIO CRUEL ART. 121, § 2º, III DO
CÓDIGO PENAL. CONJUNTO PROBATÓRIO QUE INDICA
SER POSSÍVEL A CONFIGURAÇÃO.
ANÁLISE VALORATIVA DAS PROVAS QUE COMPETE AO
CONSELHO DE SENTENÇA. PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS.
"Só podem ser excluídas da sentença de pronúncia as
circunstâncias qualificadoras manifestamente
improcedentes, uma vez que não se pode usurpar do
Tribunal do Júri o pleno exame dos fatos da causa" (STJ,
Habeas Corpus n. 162401/GO, rela. Mina. Laurita Vaz, j.
27-3-2012).
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Recurso em
Sentido Estrito n. 0013543-36.2015.8.24.0023, da Capital, rel.
Des. José Everaldo Silva, j. 31-08-2017). - Grifei

No tocante à causa de diminuição de pena prevista no § 1º

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do artigo 121 do Código Penal, inviável sua apreciação, ao passo que tal
matéria compete exclusivamente ao Conselho de Sentença, conforme
previsto no artigo 7º da Lei de Introdução do Código de Processo Penal:
"O juiz da pronúncia, ao classificar o crime, consumado ou tentado, não
poderá reconhecer a existência de causa especial de diminuição da pena."

Por fim, o recorrente busca a absolvição em relação ao


crime previsto no artigo 217-A, do Código Penal, alegando que os atos de
intimidade se deram mediante consentimento.

O pleito, todavia, não merece acolhimento.

Como visto acima, no exame do recurso ministerial, a


questão deve ser submetida ao juízo singular competente para julgamento
dos crimes contra a dignidade sexual, em virtude da ausência conexão
com crime doloso contra a vida, motivo pelo qual não há falar em
absolvição nesta etapa processual.

À luz do exposto, opino pelo conhecimento e provimento do


apelo ministerial e desprovimento do recurso defensivo.

É o parecer.

Florianópolis, 31 de outubro de 2017.

[assinatura digital]
Humberto Francisco Scharf Vieira
PROCURADOR DE JUSTIÇA

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