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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA CRIMINA DA
COMARCA DE BENTO GONÇALVES - RS

DENÚNCIA - Elaboração

Antonioni do Carmo, do dia 15 Abr 16, valendo-se do breu da noite, por volta das 22 h,
aborda Justiniona Alvares na rua Flores da Cunha, altura do n. 500, bairro Lindóia em Bento
Gonçalves, conduzindo-a até um matagal próximo, local onde a obriga a praticar conjunção
carnal e outras formas atos libidinosos.
A ação foi percebida por Cândida e Amarildo, os quais, comunicando a Polícia, propiciaram a
prisão em flagrante de Antonioni.
Autoria e materialidade fixadas pelo competente inquérito policial.
Com base nos textos fornecidos, levando em conta o tipo de Ação Penal (Art. 225, CP)
na condição de representante do Ministério Público, elabore a respectiva DENÚNCIA.
Considere a Lei dos Crimes Hediondos.
Em ambos os casos, acoste doutrina e Jurisprudência.
O MINISTÉRIO PÚBLICO, por seu Promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de suas
atribuições constitucionais e legais, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, oferecer
DENÚNCIA contra ANTONIONI DO CARMO, brasileiro, solteiro, natural de (XXX), nascido
aos (xxx), com 28 (vinte e oito) anos de idade, sem ocupação definida, filho de (XXX) e de
(XXX), sem endereço fixo, atualmente preso, pelo seguinte fato:

Consta nos autos do Inquérito Policial tombado nesse Juízo sob o n°. (xxx) (IP n. (xxx)-
DEAM/ZN) que no dia 15 de abril, por volta das 23h, na Rua (XXX), 137, Loteamento (XXX),
bairro (XXX), nesta capital, o denunciado (XXX) ingressou clandestinamente na residência das
vítimas (XXX) e (XXX), mediante o uso de arma branca fez grave ameaça a ambos, tomou-
lhes quantia em dinheiro, reteve-os, cerceando-lhes as liberdades no recinto para fins sexuais e
violentou sexualmente a vítima feminina, obrigando-a a ter com ele conjunção carnal e a nele
praticar ato libidinoso diverso, causando aos ofendidos graves sofrimentos mentais, em
decorrência da natureza da retenção.

Como se infere dos autos de informação, no dia, hora e local citados, o denunciado (XXX)
invadiu a casa das vítimas, que estavam dormindo, acendeu a luz e surpreendeu-as com o
anúncio do assalto, mostrando que estava armado com uma faca peixeira, e os advertiu que dois
comparsas o aguardavam do lado de fora lhe dando cobertura, para que não esboçassem reação.
A vítima (XXX) comunicou ao acusado que estava sem dinheiro, pois havia perdido os
documentos, mas que tinha R$32,00 (trinta e dois) reais na carteira de sua esposa, os quais
foram tirados pelo acusado.

Em seguida, o denunciado (XXX) amarrou o ofendido (XXX) em sua própria cama, puxou
para si a vítima (XXX), passou-lhe as mãos nas partes íntimas, e exclamou ao marido desta:
“CHEIRA AÍ, SEU GALADO!”. Então, colocou um travesseiro no rosto do companheiro aflito,
apagou a luz e arrastou a outra ofendida para a sala da casa.

No sofá do referido cômodo, o acusado (XXX) colocou a tesoura que portava junto à vítima
(XXX), tirou-lhe a roupa e compeliu-a a ter com ele a conjunção carnal. Ainda obrigou-a a nele
fazer sexo oral e, depois, novamente, à união sexual forçada.

Após uma hora de desespero das vítimas, policiais militares, que haviam sido acionados
para averiguar a notícia da invasão da residência, bateram à porta, tendo o denunciado (XXX)
atendido, como se fosse o dono da casa. Perguntaram-lhe, assim, se algo havia acontecido,
obtendo como resposta que não, e que não precisava da Polícia. Neste momento, a vítima
(XXX), ao ouvir os policiais dialogando com o acusado, gritou: “SOCORRO, ESTOU PRESO,
ESTOU AMARRADO. ESSE HOMEM É UM BANDIDO!”, tendo ainda falado à sua
companheira, para que esta conseguisse ultrapassar o terror que estava vivenciando:
“MULHER, FALE A VERDADE!”. A vítima (XXX) conseguiu falar que não conhecia o
acusado (XXX), ocasião em que este fechou a porta, não antes de um dos policiais conseguir
efetuar um disparo de arma de fogo em um de seus pés, na tentativa de imobilizá-lo e, com isto,
ingressar e salvar as vítimas.

Iniciou-se, então, um processo de negociação com o acusado, para a liberação dos


ofendidos e entrega própria, para os devidos trâmites processuais. A vítima (XXX), que pedira
para ir ao banheiro, abriu a porta da cozinha, por onde ingressou a Polícia, que prendeu o
acusado e libertou os ofendidos de seus martírios.

A quantia em dinheiro das vítimas, subtraída pelo denunciado sob grave ameaça, não foi
recuperada.

Desprovida de dúvidas resta a conclusão jurídica do que acima se expôs, fundada nas
oitivas das vítimas e testemunhas no Inquérito Policial, instaurado mediante Auto de Prisão em
Flagrante Delito, que comprovaram a materialidade e autoria das figuras típicas de roubo,
qualificado pelo emprego de arma branca, cárcere privado, praticado com fins libidinosos e que
resultou nas vítimas, em razão da natureza da retenção, grave sofrimento moral, estupro e
atentado violento ao pudor.
Destarte, estando o denunciado incurso nas penas dos arts. 157, §2º, I, e 148, §1º, V e §2º,
213 e 214, c/c o art. 69, todos do Código Penal e o art. 1º, V e VI, da Lei n. 8.072/90 (Lei dos
Crimes Hediondos), requer, após o recebimento e autuação desta denúncia, seja este citado para
o interrogatório e, enfim, para se ver processar até final julgamento, quando, então, deverá ser
condenado, notificando-se as pessoas do rol abaixo para virem depor em juízo em dia e hora a
serem designados, sob as cominações legais.

Requer, ainda, o Ministério Público:

1. Seja requisitado da autoridade presidente do Inquérito Policial que junte aos autos: a.
Cópia dos documentos de qualificação do denunciado e sua identificação criminal; b. O Laudo
de Exame de conjunção Carnal, realizado pela COMELE/ITEP; c. O Laudo de Exame em Local
de Delito, realizado pela COCRIM/ITEP;

2. Seja comunicado ao ITEP/RN e ao SINIC o ajuizamento desta Ação Penal, de forma


mais pormenorizada possível, determinando a inclusão desta informação em seus bancos de
dados e requisitando-lhes as que possuem em nome do denunciado.

Nestes termos,
Pede deferimento.

(XXX), 17 de setembro de 2007.

PAULO GOMES PIMENTEL JÚNIOR


Promotor de Justiça
Rol:
1°. (XXX), Policial Militar, qualificado à fls. 02 do IP;
2º. (XXX), Policial Militar, qualificado à fls. 04 do IP;
3º. (XXX), Policial Militar, qualificado à fls. 06 do IP;
4º. (XXX) (vítima), qualificado à fls. 08 do IP;
5º. (XXX) (vítima), qualificada à fls. 09 do IP.

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