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13/07/2023
Número: 0801174-81.2021.8.18.0039
Classe: APELAÇÃO CRIMINAL
Órgão julgador colegiado: 2ª Câmara Especializada Criminal
Órgão julgador: Desembargador JOAQUIM DIAS DE SANTANA FILHO
Última distribuição : 19/10/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0801174-81.2021.8.18.0039
Assuntos: Latrocínio
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
KENNET LUIS MENESES SILVA (APELANTE) BRUNO DE ARAUJO LAGES (ADVOGADO)
PROCURADORIA GERAL DA JUSTICA DO ESTADO DO EDILVO AUGUSTO MOURA REGO DE SANTANA
PIAUI (APELADO) (ADVOGADO)
JOSE RENATO BORGES (APELADO) ILTON LEMOS JUNIOR (ADVOGADO)
MARIA DO CARMO DO NASCIMENTO BORGES (APELADO) ILTON LEMOS JUNIOR (ADVOGADO)
GEORGE REGIS LUSTOSA FLORINDO (TESTEMUNHA)
EMERSON SILVA DE JESUS (TESTEMUNHA)
MARCIO DO NASCIMENTO BORGES (TESTEMUNHA)
ALISSON LANDIN MACEDO (TESTEMUNHA)
ANA LETICIA ARAUJO LAGES (TESTEMUNHA)
MIGUEL CUNHA RABELO FILHO (TESTEMUNHA)
RICAELE VITORIA LIMA CHAVES (TESTEMUNHA)
FRANCISCO THARLES PINHEIRO DIAS (TESTEMUNHA)
IGOR HENRIQUE GONDIM NUNES registrado(a) civilmente
como IGOR HENRIQUE GONDIM NUNES (TESTEMUNHA)
EDUARDO SILVEIRA COSTA (TESTEMUNHA)
TARSÍLIA TORRES (TESTEMUNHA)
CRISTIANO ALVES DE ALENCAR (TESTEMUNHA)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
11338 12/07/2023 09:22 Voto do Magistrado Voto
308
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço dos recursos.
Como dito, o réu Kennet Luís Meneses Silva requer seja ABSOLVIDO das condutas
dos “art. 157, § 3º do Código Penal Brasileiro e art. 244-B do Estatuto da Criança e do
Adolescente” reconhecendo a violação dos artigos 156 e 386, inciso VII, do Código de
Processo Penal, em conformidade com a inteligência do princípio do in dubio pro reo.
Requer, ainda, que seja reconhecida a violação de lei federal prevista no art. 211,
caput, do Código Penal, consequentemente a DESCLASSIFICAÇÃO da conduta do
crime imputado do art. 157, § 3º do Código Penal Brasileiro para o delito previsto no
art. 211, caput, do Código Penal.
Porém, pelas declarações das testemunhas e declarações do menor na fase
inquisitiva e pelo laudo de Exame Cadavérico (ID 6747878) não restam dúvidas de que
o réu KENNET LUIS MENESES SILVA e o adolescente M C R F, em união de
desígnios, abordaram Marcílio Augusto do Nascimento Borges, com emprego de arma
de branca, para roubá-lo e matá-lo.
Vejamos as declarações das testemunhas arroladas pela acusação, devidamente
transcritas na sentença, as quais corroboram com a identificação da autoria e
comprova a materialidade:
“este narrou que foi chamado por Kennet para realizar a capina na casa de Miguel,
oportunidade em que ouviu o acusado enviando áudios a uma pessoa de Batalha, e
o conteúdo dizia respeito a um convite para uma festa de família, no qual o réu
insistia para que vítima fosse sozinha e de motocicleta. Além disso, a testemunha
informa que ouviu articulações prévias realizadas por Kennet e Miguel, esclarecendo
que Miguel falou que eles iriam subtrair o dinheiro do ofendido e Kennet acrescentou
que se houvesse alguma resistência por parte da vítima, eles iriam matá-la. A
testemunha destacou que a vítima chegou à casa de Miguel de carro, ocasião em
que Miguel entrou no carro e logo em seguida Kennet os acompanhou atrás de moto,
pedindo para que Emerson (testemunha) o esperasse, pois iria levá-lo para casa.
Esclareceu, por fim, que Kennet retornou junto com Miguel de moto, por volta das 19
horas, e que Miguel estava sujo de sangue e sem camisa. Mais tarde, Emerson
afirma que Kennet o convidou para dormir em sua casa, momento em que o acusado
pediu para que a testemunha não contasse a ninguém o que tinha ouvido ou visto na
casa de Miguel.”
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Testemunha George Regis Lustosa Florindo:
“informou que Marcílio lhe havia enviado mensagens por meio do aplicativo
whatsapp, encaminhando áudios e a foto de Kennet (a fim de identificá-lo como autor
dos áudios)...”
“QUE na quarta-feira, dia 30/03/2021, por volta das 07:00 horas, seu amigo e
vizinho KENNEDY lhe convidou para capinar em' um sítio chamado SÃO
MIGUEL, próximo do Rio Longá; QUE KENNEDY já fazia esse tipo de trabalha
lá; QUE pelo trabalho, o declarante receberia R$ 50,00; QUE trabalhou até as
11:00 horas, indo para casa almoçar e retornando , ao local por volta das 13:00
horas, onde no turno na tarde limpou a piscina, pois KENNEDY e MIGUEL, filho
dos proprietários do sítio iriam fazer uma "resenha", ou seja, uma pequena festa
privada no período d noite; QUE lembra que por volta das 14:0 horas, enquanto
limpava a parte interna da piscina, ouviu claramente KENNEDY e MIGUEL
conversando entre si e ao mesmo tempo falavam através de mensagens de
audio no celular com um CARA DE BATALHA - PI; QUE kENNEDY era a pessoa
que falava através do celular, sendo que ele pedia para esse cara de Batalha vir
para a resenha de motocicleta e não de carro, pois, assim quando terminasse o
evento, KENNEDY e MIGUEL iriam acompanhar a vítima de volta até Batalha;
QUE KENNEDY também insistia para que o cara de batalha viesse sozinho,
além de trazer dinheiro e bebida alcoólica para a resenha a noite, pois seria uma
festa de família e reservada; QUE lembra bem que KENNEDY insistia para o
cara de Batalha vir de motocicleta, contudo p cara de Batalha não queria vir de
motocicleta, pois dizia "pressentir" algo mim; QUE como estava trabalhando bem
perto de KENNEDY e MIGUEL, pois eles estavam sentados na beira da piscina,
o declarante duvia bem as conversas de áudio tanto enviadas por KENNEDY
quanto as enviadas de volta pelo cara de Batalha; QUE recorda também que ao
mesmo tempo em que conversavam por celular com o cara de Batalha,
KENNEDY e MIGUEL também conversavam entre si e combinavam de roubar o
cara de Batalha, sendo que MIGUEL dizia apenas que queria pegar o dinheiro
dele, contudo, KENNEDY era mais incisivo e dizia que caso o cara de Batalha
reagisse, eles deveriam mata-lo; QUE ' ainda conversando com o cara de
Batalha, lembra• de KENNEDY combinar para se encontrar com o cara de
Batalha na ponte do Rio Longa; QUE continuou trabalhando nas piscina e por
volta das 16:00 horas KENNEDY e MIGUEL foram para o portão do sitio onde
ficaram por lá até por volta das 17:30 horas, quando chegou um carro baixo, cor
preta e vidro fumê; QUE nesse momento MIGUEL entrou dentro do carro e o
veiculo saiu do local e entrou numa estrada de piçarra ao lado do sitio, e vai em
direção ao Rio Longa; QUE Kennedy ficou no local e cerca de 10 min depois ele
adentrou rapidamente na casa de MIGUEL e em seguida saiu na motocicleta
Ronda Biz cor preta em que ele anda; QUE KENNEDY antes de sair pediu para
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que o declarante o aguardasse, pois ele iria retornar para levar o declarante para
casa; QUE em seguida KENNEDY seguiu o mesmo caminho do carro e entrou
na estrada vicinal em direção ao rio; QUE ficou esperando no local e por volta
das 19:00 horas KENNEDY já chegou no local em sua motocicleta trazendo
MIGUEL na garupa, vindo não pelo estrada vicinal por onde foram, mas sim pelo
rodovia estadual que dá acesso a zona urbana de Barras - Pi; QUE lembra que
MIGUEL estava sem camisa e sujo de sangue e que tinha um corte no braço,
próximo do cotovelo; QUE a bermuda também estava suja de sangue; QUE
KENNEDY não estava sujo de sangue ou com ferimentos; QUE logo que chegou
MIGUEL foi tomar banho no chuveiro do lado de fora da casa, pois a mãe dele
estava dentro do imóvel e ele não queria ser visto naquele estado; QUE lembra
ainda que KENNEDY e MIGUEL retiraram três litros de bebida alcoólica de
dentro do bagageiro da motocicleta; QUE não lembra quais eram as bebidas,
mas as garrafas eram duas de cor azul e uma branca; QUE em seguida
KENNEDY saiu novamente dizendo que iria pegar uma muda de roupa na casa
dele para MIGUEL usar; QUE após KENNEDY voltar ele pediu para o declarante
ir na motocicleta buscar a irmã dele chamada BRUNA em sem sua casa, ao
passo que o declarante foi imediatamente; QUE ao chegar na casa de
KENNEDY, j declarante não quis mais voltar para o sítio apenas entregou a
motocicleta para BRUNA, que saiu em direção ao local; QUE então começou a
chover e o declarante ficou em cada, sendo que era por volta das 19:30 horas
QUE por volta das 20:00 horas KENNEDY apareceu na casa do declarante e o
chamou para ir comer um pizza no sítio, contudo o declarante não foi, mas sua
mãe não deixou; QUE diante da recusa da mãe do declarante, KENNEDY
também desistiu de ir par o sítio e convidou o declarante para ir agsistir um filme
e dormir na casa dele; QUE como são vizinhos e a mãe de KENNEDY estava no
local, o declarante aceitou e foi para a casa de KENNEDY, Onde o declarante
dormiu em uma rede na sala e KENNEDY dormiu no seu quarto com a mãe dele;
QUE antes do dormir, KENNEDY pediu para o declarante não contar nada para
ninguém sobre o que teria ouvido ou visto no sitio São Miguel; QUE no dia
seguinte, após acordar, o declarante foi para sua casa, QUE neste dia, se . ;
espalhou na cidade a noticia de que um corpo havia sido encontrado próximo do
rio Longa com perfurações de faca; QUE ao ver fotos do Crime, identificou o
carro encontrado próximo ao corpo do rio como sendo o mesmo carro preto que
viu chegando a tarcte do dia anterior no sitio SÃO MIGUEL, de modo que na
mesma hora teve certeza que o corpo se tratava do "cara de Batalha" com quem
KENNEDY e MIGUEL conversaram por telefone e marcaram o encontro; QUE
após o fato não viu mais KENNEDY ou MIGUEL nem teve qualquer contato com
eles.”
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dia 30/03/2021 e MARICILIO relatou estar receoso de ir; QUE MARCILIO enviou ao
depoente uma fotografia do rapaz com o qual iria se encontrar em Barras-PI e
áudios que ele havia lhe enviado; QUE depois MARCILIO somente enviou
mensagem no dia 30/03/2021 às 15:48h e visualizou a aplicação por último às
16:45h; QUE MARCILIO era homossexual e mantinha relacionamentos esporádicos
em outras cidades diversas de Batalha-PI; QUE MARCILIO conversava com esse
rapaz de Barras-PI indicado na fotografia desde de outubro de 2020; QUE o
depoente não conhece o referido rapaz de Barras-PI”
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uma arma branca, se associou previamente ao menor para o cometimento do roubo
com emprego de violência e grave ameaça, de forma que responde pelo latrocínio,
pois a morte da vítima era previsível, inclusive tendo em vista que o réu atraiu a vítima
para roubá-la e, inclusive afirmou anteriormente que a mataria caso apresentasse
resistência, conforme declarações da testemunha Emerson.
Nesse sentido, vejamos o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, inclusive
invocando a teoria monista ou unitária:
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o formam, para fins específicos de aplicação da pena. Para a sua aplicação, a
norma extraída do art. 71, caput, do Código Penal exige, concomitantemente,
três requisitos objetivos: I) pluralidade de condutas; II) pluralidade de crime da
mesma espécie ; III) e condições semelhantes de tempo lugar, maneira de
execução e outras semelhantes (conexão temporal, espacial, modal e
ocasional).
II - O Código Penal, em seu art. 14, II, adotou a teoria objetiva quanto à
punibilidade da tentativa, pois, malgrado semelhança subjetiva com o crime
consumado, diferencia a pena aplicável ao agente doloso de acordo com o
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Nessa perspectiva, a jurisprudência
desta Corte adota critério de diminuição do crime tentado de forma inversamente
proporcional à aproximação do resultado representado: quanto maior o iter
criminis percorrido pelo agente, menor será a fração da causa de diminuição.
III - No caso em apreço, a Corte local aplicou a redução pela tentativa em 1/3
(um terço), tendo em vista o iter criminis percorrido pelo agente. Neste contexto,
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não se vislumbra ilegalidade perpetrada a ser reparada.
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(AgRg no AREsp 2010805/SP, Rel. Ministro JESUÍNO RISSATO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJDFT), QUINTA TURMA, julgado em
08/03/2022, DJe 17/03/2022).
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prática delituosa na companhia de maior de 18 anos.
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Por fim, ressalta-se, que, diferentemente do alegado pelo recorrente, não houve
ofensa aos artigos 156 e 386 do Código de Processo Penal, posto que os delitos foram
exaustivamente comprovados, não havendo falar em absolvição.
2) DA DOSIMETRIA.
I) Latrocínio:
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estadual apontou elementos concretos aptos a justificar a exasperação
da pena-base em razão dessas circunstâncias judiciais, sobretudo
diante do alto desvalor de sua conduta e de uma maior gravidade, pois
"a vítima foi atingida por, pelo menos, três golpes de arma branca
(faca), o que, à evidência, gera maior repulsa, ficando, segundo o laudo
de exame de corpo de delitos, com lesões em diversas regiões do
corpo (paraesternal direita, axilar média, região espondiléia, lombar alta
direita, ombro esquerdo, joelho direito e região torácica lateral direita),
gerando-lhe franco risco de morte, em razão de um pneumotórax, com
necessidade de drenagem torácica, por conta da perda da função
pulmonar, chegando, inclusive, a ficar sete dias hospitalizada" (e-STJ
fl. 175), e, "para ter acesso ao interior da residência da vítima, o réu
teve que escalar um muro, segundo laudo técnico pericial, de 2,30m de
altura, o que, por si só, já demonstra um esforço incomum, além de
arrombar a porta principal da residência. Além disso, os fatos
ocorreram por volta das 5h00 da manhã, ou seja, ainda de madrugada,
sendo o ofendido colhido enquanto ainda estava deitado na cama, fato
que, sem dúvidas, reduziu consideravelmente sua capacidade
defensiva" (e-STJ fl. 176).
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Sobre o tema, vejamos o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
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Passo a dosimetria da pena.
Como é sabido o crime de latrocínio (art. 157, § 3º, II do CP) tem pena em abstrato de
reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
Portanto, verificando que existe apenas (02) duas circunstâncias judiciais
desfavoráveis ao apelante, aplico o aumento de 1/6 sobre a diferença entre a pena
máxima e mínima para cada circunstância, fixando a pena-base em 23 (vinte e três)
anos e 04 (quatro) meses de reclusão.
II - O réu fará jus à atenuante do art. 65, III, 'd', do CP quando houver
admitido a autoria do crime perante a autoridade, independentemente
de a confissão ser utilizada pelo juiz como um dos fundamentos da
sentença condenatória, e mesmo que seja ela parcial, qualificada,
extrajudicial ou retratada (REsp n. 1.972.098/SC, Quinta Turma, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, DJe de 20/6/2022).
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III - O parágrafo 4º, do art. 33, da Lei n. 11.343/06, dispõe que as penas do
crime de tráfico de drogas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços,
vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente
seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas, nem integre organização criminosa.
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de seu defensor.
Mas, por outro lado, o juiz de piso reconheceu uma agravante, tendo em vista “o
recurso utilizado dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima, que segundo o
exame cadavérico, morreu em decorrência de múltiplas perfurações, constatando-se,
ainda, imobilização da vítima e morte violenta”.
Ocorre que as múltiplas perfurações na vítima já foram utilizadas na primeira fase para
configurar a elevada culpabilidade, tendo em vista o meio cruel, razão pela qual não se
deve utilizar nessa fase.
Porém, a imobilização da vítima pelo réu, fato comprovado tanto pelas declarações do
réu quanto pelo depoimento menor infrator na fase inquisitiva, demonstra que a vítima
foi imobilizada por Kennet no carro, o que facilitou que fosse esfaqueada.
Assim, não restam dúvidas de que houve recurso que impossibilitou a defesa da
vítima, qual seja, a imobilização.
Portanto, mantenho a agravante do art. 61, II do Código Penal (recurso que
impossibilitou a defesa da vítima).
Assim, há uma agravante genérica (art. 61, II do CP) e a presença de duas atenuantes
preponderantes, referentes à menoridade relativa (art. 65, I do CP) e a confissão.
Desse modo, aplico a redução de 1/6 relativa a confissão e a redução de 1/12
referente atenuante da menoridade relativa, tendo em vista a compensação parcial
desta com agravante do recurso que impossibilitou a defesa da vítima, resultando em
uma redução total de 3/12 (1/4).
Porém, tendo em vista que a atenuante não pode reduzir a pena na segunda fase
para aquém do mínimo, conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de
Justiça (súmula 231), mantenho a pena, nessa fase, no mínimo legal de 20 (vinte)
anos de reclusão.
3ª fase:
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definitiva em 20 (vinte) anos de reclusão quanto ao delito do art. 157, § 3º, II do Código
Penal.
Mantendo a proporção, fixo a pena de multa em 10 (dez) dias-multa, sendo cada dia
no valor mínimo legal.
1ª fase:
Verifica-se que o magistrado a quo não considerou, para o delito de corrupção de
menores, nenhuma circunstância judicial desfavorável ao réu.
2ª fase
In casu, se verifica as atenuantes da menoridade relativa e da confissão, conforme
consignado acima.
Porém, tendo em vista que a atenuante não pode reduzir a pena na segunda fase
para aquém do mínimo, conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de
Justiça (súmula 231), mantenho a pena, nessa fase, no mínimo legal de 01 (um) ano
de reclusão.
3ª fase
Tendo em vista que não há causas de aumento ou diminuição, estabeleço a pena
definitiva em 01 (um) ano de reclusão para o delito de corrupção de menores (art. 244-
B do ECA.
Dessa forma, não há o que se retificar na pena imposta em decorrência do delito de
corrupção de menores, tendo em vista que o juiz sentenciante já aplicou no mínimo
legal.
Por fim, ressalta-se que, tendo em vista o quantum das penas aplicadas, o regime
inicial fechado, fixado na sentença, deve ser mantido, conforme estabelece o art. 33, §
2º, a do Código Penal.
Pede o recorrente seja revista a condenação das custas processuais diante de sua
impossibilidade de cumprimento por falta de recursos financeiros.
Quanto ao pedido de isenção ao pagamento das custas processuais, por ser assistido
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pela Defensoria Pública e ser beneficiário da Justiça Gratuita, não pode ser acatada,
tendo em vista, que o réu beneficiário da assistência judiciária gratuita, pode ser
condenado ao pagamento das custas processuais, nos termos do artigo 804 do
Código de Processo Penal, ficando, todavia, seu pagamento sobrestado, enquanto
perdurar o seu estado de pobreza, pelo prazo de cinco anos, quando então a
obrigação estará prescrita, conforme determinação inserta no artigo 12 da Lei nº
1.060/50. Ademais, a isenção do pagamento é matéria de execução penal, quando,
efetivamente, deverá ser avaliada a miserabilidade do beneficiário da justiça gratuita.
Art. 804. A sentença ou o acórdão, que julgar a ação, qualquer incidente ou recurso,
condenará nas custas o vencido.
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beneficiário da assistência judiciária gratuita, deve ser condenado ao pagamento das
custas processuais nos termos do art. 804 do Código de Processo Penal. Vejam-se os
precedentes:
III - Nos termos da Súmula 83 desta Corte, "Não se conhece do recurso especial
pela divergência, quando a orientação do tribunal se firmou no mesmo sentido
da decisão recorrida.”
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GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 01/08/2012).
(Sem grifo no original).
Verifica-se que pedido do réu para recorrer em liberdade não merece prosperar, pois,
na sentença condenatória, o juiz a quo fundamentou devidamente a necessidade de
manutenção da prisão preventiva do apelante nos seguintes e exatos termos: “o
modus operandi da ação criminosa atesta a gravidade concreta na prática delitiva, com
um planejamento da ação, uso de arma branca, acrescido pelo fato de a vítima ter sua
vida ceifada sem nenhuma oportunidade de defesa, de forma ignóbil”.
O juiz de piso acrescentou, ainda, que:
(...)
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DELITO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
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possibilidade da sua imposição quando evidenciado, de forma fundamentada e
com base em dados concretos, o preenchimento dos pressupostos e requisitos
previstos no art. 312 do Código de Processo Penal - CPP. Deve, ainda, ser
mantida a prisão antecipada apenas quando não for possível a aplicação de
medida cautelar diversa, nos termos previstos no art. 319 do CPP.
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Des. Joaquim Dias de Santana Filho, ao apreciar o processo em epígrafe, foi
proferida a seguinte decisão: “Acordam os componentes da Egrégia 2ª Câmara
Especializada Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, à
unanimidade, em consonância com o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça,
VOTAR pelo PARCIAL PROVIMENTO do presente recurso de apelação criminal,
de forma a estabelecer a pena definitiva de 20 (vinte) anos de reclusão mais 10
(dez) dias-multa no valor mínimo legal para o delito de latrocínio (art. 157, § 3º do
CP), mantendo-se incólumes os demais termos da sentença condenatória, na
forma do voto do(a) Relator(a).” Participaram do julgamento os Excelentíssimos
Desembargadores, Exma. Sra. Desa. Eulália Maria Ribeiro Gonçalves Nascimento
Pinheiro, Exmo. Sr. Des. Joaquim Dias de Santana Filho e Exmo. Sr. Des. Erivan
José da Silva Lopes.
Ausência justificada: não houve.
Impedimento/Suspeição: não houve.
Acompanhou a sessão, o Exmo. Sr. Dr. Aristides Silva Pinheiro - Procurador de
Justiça.
PLENÁRIO VIRTUAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO
PIAUÍ, Teresina/PI, data registrada no sistema.
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