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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO PRETÓRIO

EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Partido Político, com representação no Congresso Nacional, com sede na


Rua ......, número ......., Bairro ......, CEP ...... , Estado, UF, CNPJ no ....., por
intermédio de seu bastante causídico que firma a presente (procuração) anexa), com
escritório para recebimento de intimações de estilo na Rua ....., número ...., Bairro .....,
CEP ....., com endereço eletrônico ......... Estado, UF, vem à presença de Vossa
Excelência, respeitosamente, ajuizar a presente

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

com fundamento no art. 102, I, “a”, da CRFB/88 e na Lei nº 9.868/99, em face


do Presidente da República e da Mesa do Congresso Nacional, tendo em vista o art.
22 do tratado..., aprovado, promulgado e ratificado na forma do decreto legislativo... e
do decreto..., conforme especificará ao longo desta peça preambular, nos termos e
motivos que passa a expor.

I- DO OBJETO:

O governo brasileiro, preocupado com os índices crescentes de ataques


terroristas marítimos no mundo, vinculou-se à Convenção sobre os Direitos Humanos
das Vítimas de Atividades Terroristas Marítimas, convenção internacional, de âmbito
multilateral, que estabelece restrições aos direitos dos presos condenados por crimes
resultantes de atividades terroristas marítimas.

O presidente da República assinou o tratado e o enviou ao Congresso Nacional,


conforme disposição do art. 49, I, da Constituição Federal e, em poucos meses o
Congresso Nacional aprovou o texto do tratado na forma de decreto legislativo. Após
isso, o presidente da República editou decreto promulgando e ratificando referido
tratado.

O art. 22 do tratado em comento preleciona que: "as presas condenadas por


crimes resultantes de atividades de terrorismo, logo após darem à luz, deverão deixar
seus filhos sob a responsabilidade de entidade pública de assistência social até que
cumpram integralmente a pena". Esse artigo tem sido plenamente aplicado por vários
juízes, em todo o território nacional.

II - COMPETÊNCIA:

Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição Federal conforme redação escrita no art. 102, I, "a", da CRFB/88,
competindo-lhe processar e julgar, originariamente, a ação direta de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, contrários à
Constituição Federal, e o pedido cautelar correspondente (alínea "p” do mesmo
dispositivo). Revela-se inequívoca a competência desta Corte Suprema para o
julgamento da presente ação direta.

III - LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA:

A legitimidade ativa para atuar no controle concentrado de constitucionalidade


foi entregue a um rol taxativo, hoje presente no art. 103 da Constituição Federal. Não
paira dúvida de que o Partido Político com representação no Congresso Nacional
detém legitimidade para ajuizar a ação direta de inconstitucionalidade, haja vista a
previsão do art. 103, VIII, da CRFB e do art. 2°, VIII, da Lei n° 9.868/99.

Vale ressaltar que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no


sentido de que a representação no Congresso Nacional se aufere no momento de
propositura da ação, tornando-se irrelevante a modificação desse estado no decorrer
do processo, que, aliás, em função de seus contornos objetivos, não admite desistência
nos termos do art. 5° da Lei n° 9.868/99.

A legitimidade passiva é atribuída, nas ações diretas de inconstitucionalidade,


aos responsáveis pela edição da lei ou ato normativo. Assim, em se tratando de lei
estadual, devem figurar no polo passivo a Assembleia Legislativa e o Governador de
Estado.

IV- DA MEDIDA CAUTELAR:

A Constituição prevê expressamente a possibilidade de pedido cautelar nas


ações diretas de inconstitucionalidade art. 102, I, p, da CRFB. Constitui providência
de caráter excepcional, à vista da presunção de constitucionalidade dos atos
normativos.

Os requisitos para a sua concessão, segundo a jurisprudência do STF, são: a)


plausibilidade jurídica da tese exposta (fumus boni iuris); b) possibilidade de prejuízo
decorrente do retardamento da decisão postulada (periculum in mora); c)
irreparabilidade ou insuportabilidade dos danos emergentes dos próprios atos
impugnados; e d) necessidade de garantir a ulterior eficácia da decisão. Alguns
julgados referem-se à relevância do pedido (englobando o sinal de bom direito e o
risco de manter-se com plena eficácia o ato normativo) e à conveniênia da medida,
que envolve a ponderação entre o proveito e o ônus da suspensão provisória.

Cumpre salientar, que Lei nº 9.868/99, em seu art. 10, estabelece que a medida
cautelar na ação direta de inconstitucionalidade será concedida por decisão da maioria
absoluta dos membros do Tribunal, reunidos em sessão do Pleno com a presença de
pelo menos oito Ministros.

Nesse sentido, o presente caso motivo da ação proposta é totalmente passível


de medida cautelar, em razão do cumprimento dos requisitos esbanjados acima e que
uma vez constatados, ensejam imediatamente sua concessão.

V - DO DIREITO:
De forma incipiente, é válido destacar que a Convenção sobre Direitos das
Vitimas de Atividades Terroristas, embora compreenda uma convenção internacional
sobre direitos humanos, tem status de lei ordinária, visto que foi integrada em nosso
ordenamento jurídico pelo rito ordinário, não se impondo quórum qualificado na
forma do art. 5°, § 3o, da CRFB/88, mas sim conforme as regras anteriores à EC
45/04, estando, portanto, sujeita ao controle de constitucionalidade.

Ressalte-se também que o procedimento de incorporação dos tratados e


convenções internacionais ao direito brasileiro é feito mediante dois procedimentos
distintos, quais sejam: I) após a celebração do tratado ou convenção internacional,
feito exclusivamente pelo Poder Executivo, conforme o art. 84, VIII, da CRFB, este o
submete à aprovação do Congresso Nacional, o que é feito por intermédio de Decreto
Legislativo; II) após a expedição do Decreto Legislativo, há a promulgação do
Decreto Presidencial, a partir do qual o tratado ou convenção internacional adquire
força normativa no direito positivo interno.

A inconstitucionalidade material evidencia-se quando o conteúdo do ato


normativo entra em conflito com regras ou princípios estabelecidos na Constituição
Federal. Tal inconstitucionalidade encontra-se presente no art. 22 da Convenção sobre
os Direitos Humanos das Vítimas de Atividades Terroristas, visto que o referido
dispositivo vai de encontro com o art. 5°, L, da CRFB.

De acordo com o art. 5°, L, da CRFB, às presidiárias serão asseguradas


condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de
amamentação. Nesse sentido, não há dúvida que o art. 22 da Convenção é
inconstitucional, pois afronta dispositivo expresso na CRFB, ao dispor que "as presas
condenadas por crimes resultantes de atividades de terrorismo, logo após darem à luz,
deverão deixar seus filhos sob a responsabilidade de entidade pública de assistência
social até que cumpram integralmente a pena".

Nos termos da esteira fundamentação exposta, resta comprovada a


inconstitucionalidade do art. 22 da Convenção, e, portanto, dos decretos legislativo e
presidencial, cuja integração dá força e validade à convenção, diante do disposto no
art. 5°, L, da CRFB.

De forma derradeira, demonstrada a inconstitucionalidade do art. 22 da


Convenção sobre Direitos das Vítimas de Atividades Terroristas e dos decretos
referenciados, deve-se admitir a presente ADI, para que no mérito seja julgada
procedente, declarando-se a inconstitucionalidade do referido dispositivo, assim como
dos decretos que levaram por sua convalidação.

VI- DOS PEDIDOS:

Com base em todo o exposto ladeado de fundamentos jurídicos pertinentes, pugna-se


pelos seguintes pedidos.

a) A concessão da liminar para afastar a agressão à Constituição Federal.


b) Restando comprovada a inconstitucionalidade material do art. 22 do tratado...,
requer o Partido Político... que, na forma da Lei 9.868/99, sejam mantidos os efeitos
da liminar concedida.

c) Sejam juntados os documentos em anexo, na forma do art. 3° da lei 9.868/99.

d) Sejam solicitadas informações às autoridades competentes, conforme art. 6° da lei


9.868/99.

e) Que se proceda a oitiva do Advogado Geral da União e do Procurador-Geral da


República, na forma do art. 8° da lei 9.868/99, para que, ao final, seja julgado
procedente o pedido e declarada a inconstitucionalidade do dispositivo citado;

Dá-se à causa o valor de R$...............

Termos em que, pede deferimento.

Local e data

Advogado
OAB n.º...

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