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Regularização jurídica de
INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA (ILPI) SEM FINS LUCRATIVOS
Regularização jurídica de
INSTITUIÇÕES DE LONGA
PERMANÊNCIA (ILPI) SEM FINS
LUCRATIVOS
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Regularização jurídica de
INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA (ILPI) SEM FINS LUCRATIVOS
Elaboração
Realização
Apoio
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Regularização jurídica de
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EXPEDIENTE
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Regularização jurídica de
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Apresentação
Como fruto dessa iniciativa a RAPI desenvolveu junto à Escola de Formação em Di-
reitos Humanos de Minas Gerais (EFDH – MG) uma série de Cursos para promover a
melhoria do ambiente de proteção aos direitos da pessoa idosa e a capacitação dos
profissionais que trabalham junto a esse segmento populacional.
O curso Regularização jurídica das ILPIs sem fins lucrativos foi desenvolvido como
um projeto de extensão do Curso de Direito da Universidade Federal de Lavras (UFLA)
sob coordenação da advogada e Profa. a Dra. Stefania Becattini Vaccaro e com a co-
laboração da advogada, especialista em 3º Setor, Dra. Lívia Furtado Borges. Ambas
as autoras são pesquisadoras do Grupo de Trabalho Espaços Deliberativos e Gover-
nança Pública (GEGOP).
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Sumário
Introdução................................................................................................................ 7
2. Natureza Jurídica................................................................................................. 21
4. Considerações finais............................................................................................ 39
Referências bibliográficas....................................................................................... 40
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Introdução
Este curso tem como objetivo geral capacitar os atores locais que atuam no cuidado,
na promoção e na proteção da pessoa idosa como forma de alcançar os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas políticas relacionadas à saúde, ao envelheci-
mento e ao estado de bem-estar.
Nesse sentido, este material foi planejado para apresentar ao cursista problemas re-
correntes na gestão jurídica das ILPIs, as suas consequências para a sustentabilida-
de das instituições e as formas de adequação às legislações regentes.
Além disso, este Curso pretende ser uma forma de aproximação entre o público leigo
e o mundo jurídico já que a finalidade última do Direito é melhorar o funcionamento da
sociedade. Assim, as referências às normas e suas implicações legais foram realiza-
das numa linguagem acessível e desmistificada.
Neste Curso, esperamos que você aprenda a: (i) identificar exigências legais para fun-
cionamento regular das ILPIs e (ii) estabelecer uma ordem de prioridades na resolu-
ção dos problemas jurídicos.
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O modelo de serviço
SOCIOASSISTENCIAL DAS ILPIS
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O modelo de serviço
SOCIOASSINTENCIAL DAS ILPIS
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Nesse sentido, o Estado brasileiro tem o dever (por meio de seus 3 entes federativos:
União, estados e municípios) de promover e de incentivar políticas públicas de forma
integrada, descentralizada e participativa. Já a sociedade deve participar de todas as
fases de desenvolvimento das políticas públicas (elaboração, implementação, exe-
cução e controle) de modo assegurar um envelhecimento saudável e ativo a qualquer
pessoa.
No tocante aos cuidados com a pessoa idosa, esses Sistemas têm interconexões im-
portantes. O Ministério da Saúde, por exemplo, instituiu a Atenção Domiciliar no âm-
bito do SUS (Portaria nº 2.029/2011) para:
Além disso, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria nº 2.528/2006) es-
tabeleceu como porta de entrada da Atenção Básica o Programa Saúde da Família
(PSF), atual Estratégia Saúde da Família (ESF).
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O modelo de serviço
SOCIOASSINTENCIAL DAS ILPIS
O SUAS, por sua vez, criou dois níveis de atendimento que alcançam a pessoa idosa:
Proteção Social Básica (PSB) e Proteção Social Especial de Média e de Alta Comple-
xidade (PSE).
SAIBA MAIS
A insuficiência de meios de sobrevivência é verificada com base no percentual
de rendimento da unidade familiar (1/4 do salário mínimo vigente).
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III. Ambiente
• Serviços de atenção biopsicossocial, em regime integral,
integral
prestados por instituições asilares.
institucional
A opção pelo atendimento integral foi inicialmente estruturada como estratégia resi-
dual para oferecer residência coletiva a idosos independentes em situação de carên-
cia de renda e/ou de família, bem como para aqueles que necessitarem de cuidados
prolongados para o desempenho das atividades diárias.
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O modelo de serviço
SOCIOASSINTENCIAL DAS ILPIS
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substi-
tuta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ain-
da, em instituição pública ou privada. (Lei nº 10.741/2003, destacamos)
As ILPIs não governamentais, por sua vez, têm natureza privada e podem ter finalida-
de lucrativa ou não. Mas, independentemente de sua finalidade, são fiscalizadas pelo
Estado.
Sendo uma instituição com finalidade lucrativa, deve-se adotar a forma empresária,
sendo seu nascimento legal condicionado ao registro na Junta Comercial.
Essa finalidade lucrativa faz com que a oferta de serviços seja condicionada à co-
brança de pagamentos de mensalidade de seus residentes, a exemplo de escolas
particulares.
Por outro lado, as instituições sem fins lucrativos podem adotar a forma de associa-
ção ou de fundação, sendo seu nascimento legal condicionado ao registro no Cartório
de Registro de Pessoas Civis.
O nome “sem fins lucrativos” significa que a finalidade última da instituição não é re-
alizar lucro para seus sócios. Isso, no entanto, não significa que a ILPI deva trabalhar
com prejuízos. Ao contrário!!!
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Toda instituição sem fins lucrativos deve buscar ser superavitária (ter resultados fi-
nanceiros positivos) em seus resultados como forma de sustentabilidade de sua ati-
vidade.
A diferença principal entre as instituições com e sem finalidade lucrativa está na for-
ma de escrituração contábil que determina a obrigatoriedade, no caso de associação
ou de fundação, de reversão dos resultados integralmente aos objetivos sociais, sem
a possibilidade de retornar o patrimônio às pessoas que a instituíram (vide Lei nº
9.532/1997).
SAIBA MAIS
Para que uma instituição sem fins lucrativos seja reconhecida como filantrópi-
ca é preciso que seu objeto social esteja voltado à assistência social, à saúde e
à educação e que tenha o “Certificado de Entidade Beneficente de Assistência
Social” (CEBAS). Ou seja, nem toda instituição sem fins lucrativos é filantrópica.
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SOCIOASSINTENCIAL DAS ILPIS
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1.1.2 Público-alvo
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O modelo de serviço
SOCIOASSINTENCIAL DAS ILPIS
O exercício da atividade econômica no Brasil pode ser realizado livremente nos ter-
mos assegurados no art. 170 da CRFB/1988. Algumas atividades, no entanto, dizem
respeito ao interesse da coletividade e exigem para seu regular funcionamento a au-
torização pública, a qual ocorre pela expedição de alvarás e/ou de licenças. Esse é o
caso das ILPIs!
De acordo com o art. 52 do Estatuto do Idoso essas instituições devem ser fiscaliza-
das “pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros".
Por consequência, é dever da ILPI organizar, manter atualizados e com fácil acesso
os documentos necessários à fiscalização, à avaliação e ao controle social (RDC 502,
art. 13).
Mas cuidado, fiscalizar significa muito mais que punir. O bom exercício da fiscaliza-
ção pressupõe orientação clara sobre os pressupostos de regularidade da atividade
antes de qualquer punição. Esse critério é conhecido como dupla visita e estabelece
que o órgão fiscalizador deve primeiro orientar e posteriormente retornar para veri-
ficar se as providências para regularidade foram adotadas. Só então, caso contrário,
deverá punir.
1.2.1 Alvarás
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1.2.4 CAGEC
O Cadastro Geral de Convenentes do Estado de Minas Gerais (CAGEC) foi criado com a
finalidade de conferir transparência às pactuações entre o Estado e as organizações
da sociedade civil, fundos e serviços sociais autônomos.
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Para realizar o cadastro é preciso a obtenção de vários documentos legais que ates-
tem a regularidade da instituição. A lista completa consta na Resolução Conjunta SE-
GOV/CGE nº 5 de Janeiro de 2020. Dentre as exigências, destacamos a necessidade
de apresentar Certidão Negativa (ou positiva com efeitos negativos) de débitos junto
à Justiça do Trabalho e junto ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para
atestar a regularidade das relações trabalhistas no âmbito da instituição.
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Organização jurídica das
ILPIS
2. Natureza Jurídica
A escolha da natureza jurídica diz respeito ao regime jurídico a que a ILPI estará sub-
metida e essa opção é um passo importante no planejamento de sustentabilidade da
instituição porque produz impacto direto sobre seus custos.
Como já vimos, uma ILPI pode ter natureza governamental ou não governamental.
As primeiras são regidas exclusivamente por normas de direito público, enquanto as
segundas são regidas pelo regime de direito privado, ainda que recebam verbas pú-
blicas.
Por óbvio, quando ocorre o recebimento de recursos públicos pelas ILPIs vários pro-
cedimentos de transparência e de controle devem ser observados na medida em que
são recursos pertencentes à toda sociedade.
As ILPIs não governamentais podem ser com ou sem finalidade lucrativa. Quando per-
seguirem a finalidade lucrativa devem adotar a forma empresária; quando se consti-
tuir sem finalidade lucrativa podem adotar a forma de associação ou de fundação.
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É possível que essa regularização seja feita pela expedição de documentos entre ma-
triz e filial ou como uma unidade autônoma. A escolha entre uma ou outra opção deve
fazer parte do planejamento da instituição.
Ao longo dos anos, as instituições sem finalidade lucrativa receberam muitos nomes
diferentes, veja no Quadro 3.
Quadro 3: O que é?
É uma atribuição conferida às entidades sem fins lucrativos que
buscam alcançar atividades de interesse social e, por tal, colocam-
ONG -se ao lado do Estado no cumprimento de suas atividades. Esse não
é um título jurídico propriamente, mas uma referência de mercado.
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Organização jurídica das
ILPIS
Quadro 3: O que é?
É um título jurídico que pode ser atribuído às instituições sem fins
lucrativos constituídas há no mínimo 3 anos. A obtenção desse tí-
tulo traz diversas vantagens à instituição, tais como a possibilidade
OSCIP de remuneração dos dirigentes, a possibilidade de firmar termos
de parceria com o poder público e a possibilidade de receber doa-
ções de pessoas jurídicas.
Quadro 4: Diferenças
Associação Fundação
Constituída por pessoas. Constituída por patrimônio, que seja
aprovado previamente pelo Ministério
Público (MP).
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Quadro 4: Diferenças
Associação Fundação
Pode ou não ter patrimônio inicial. O patrimônio é condição para sua cria-
ção.
Quadro 4: Diferenças
Fonte: Cartilha 3º Setor da OAB/SP (2011).
Já no caso das associações é possível mudar sua finalidade ao longo de sua existên-
cia, sendo suficiente para tanto a deliberação dos associados em assembleia convo-
cada exclusivamente para essa finalidade.
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Organização jurídica das
ILPIS
Assim como nas formas empresárias, as instituições sem fins lucrativos precisam
ter recursos próprios suficientes para manterem sua estrutura e para que consigam
cumprir com qualidade suas finalidades sociais.
As doações devem ser entendidas como renda extra capaz de trazer melhorias às ins-
tituições sem que, todavia, sua ausência comprometa seriamente a estrutura básica
organizacional. Por isso, o planejamento é fundamental!
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ção dessa estratégia pode ser importante a ajuda de profissionais para compreender
o contexto de atuação institucional e traçar possibilidades.
É claro que o planejamento inicial deverá passar por adaptações ao longo do tempo.
Ele precisará estar em constante atualização para acompanhar os rumos da insti-
tuição. Assim, é importante programar períodos com toda equipe para (re)pensar a
organização em todos seus aspectos.
Neste sentido, a RDC 502 (art. 6º) estabelece as diretrizes que devem ser seguidas
pelas instituições, conforme consta no Quadro 05.
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Organização jurídica das
ILPIS
É ideal que seja elaborada uma proposta prévia de estatuto a ser debatida entre os
sócios fundantes na Assembleia Geral de Constituição.
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Quadro 6: Organização
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Organização jurídica das
ILPIS
Para o nascimento legal da associação, deve ser realizado seu registro no Cartório de
Registro Civil das Pessoas Jurídicas da cidade em que possui sede apresentando os
seguintes documentos:
O cartório irá fazer a análise de todos os documentos. Após esse momento, a associa-
ção adquire personalidade jurídica própria, mas ainda necessita providenciar a emis-
são do CNPJ junto à Receita Federal do Brasil.
Jamais esqueça que o Estatuto Social é a lei interna da instituição e, por isso, deve
estar alinhado com seu planejamento estratégico e com sua realidade. Caso contrá-
rio, deve ser realizada a atualização das normas estatutárias. De modo geral, sugere-
-se a revisão desse documento a cada 5 anos.
O Regimento interno é um documento obrigatório (RDC 502, art. 9º) que estabelece
as regras de funcionamento dos serviços da ILPI. Sua elaboração pode ser realizada
pela Diretoria ou a quem esta incumbir, mas deverá ser apresentado para aprovação
da Assembleia Geral.
A finalidade última desse documento é servir para direcionar a atuação dos funcioná-
rios, do público em geral e dos residentes. Assim, deve ser redigido em uma lingua-
gem clara e acessível para dar transparência às regras.
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Após sua aprovação, a cópia do Regimento Interno deve ser entregue para cada um
dos residentes que poderão vir a solicitar esclarecimentos e/ou fazer sugestões de
alterações.
Esse documento, igualmente ao Estatuto Social, deve ser revisado sempre que suas
normas estejam desalinhadas com a realidade institucional.
Em essência, essa lei trouxe regras para parcerias em geral com a administração pú-
blica e medidas para sustentabilidade institucional pela simplificação de regimes tri-
butários e da concessão de títulos e/ou de certificados pelo Estado.
Assim, se uma instituição optar por utilizar exclusivamente de recursos privados sem
a realização de parcerias públicas estará dispensada da observância das normas do
MROSc.
Por outro lado, se a instituição pretender pactuar com quaisquer dos entes federati-
vos (União, estados, municípios) deverá seguir as previsões legais do MROSc. Neste
caso, o Estatuto Social da instituição deve expressamente prever os itens arrolados
no art. 33 da referida Lei.
Art. 33. Para celebrar as parcerias previstas nesta Lei, as organizações da so-
ciedade civil deverão ser regidas por normas de organização interna que pre-
vejam, expressamente:
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V - possuir:
a) no mínimo, um, dois ou três anos de existência, com cadastro ativo, compro-
vados por meio de documentação emitida pela Secretaria da Receita Federal
do Brasil, com base no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, confor-
me, respectivamente, a parceria seja celebrada no âmbito dos Municípios, do
Distrito Federal ou dos Estados e da União, admitida a redução desses prazos
por ato específico de cada ente na hipótese de nenhuma organização atingi-
-los;
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Atendimento à
PESSOA IDOSA
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Atendimento à
PESSOA IDOSA
No mesmo sentido, estabelece a RDC 502 (art. 12) que inclusive indica expressamente
a necessidade de existência do contrato de prestação de serviço ainda que a interna-
ção seja resultante de uma medida judicial.
A assinatura do contrato deve ser realizada pelo representante legal da ILPI e a pessoa
idosa. Caso alguma outra pessoa responsabilize-se por prestar informações acerca
da pessoa idosa ou responsabilize-se pelo pagamento das mensalidades deverá assi-
nar conjuntamente com a pessoa idosa o contrato de prestação de serviço.
Em caso de interdição judicial a assinatura do contrato deve ser realizada pelo cura-
dor. Se este for ao mesmo tempo curador e dirigente da instituição não deve assinar
como contratante e contratado. Nesses casos, o contrato de prestação de serviço
deve ser assinado por outro representante legal da instituição (art. 3º da Resolução nº
12 do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso).
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sua concordância. No contrato também deve ser assegurado que o restante do bene-
fício previdenciário, de no mínimo 30%, seja destinado à própria pessoa idosa (art. 2º
da Resolução nº 12 CNDI).
A ILPI deve manter registro financeiro com o número de pessoas idosas que realizam
contraprestação financeira com seus respectivos valores de participação indicando
as despesas subsidiadas com esses recursos (art. 2º Resolução nº 12 do CNDI).
Nos casos em que a instituição tenha a curatela do residente deverá realizar a presta-
ção individualizada do valor residual, de no mínimo 30%, demonstrando a realização
do gasto em prol do residente em itens que não sejam de prestação obrigatória da
ILPI.
Como a existência das ILPIs governamentais é muito rara é possível que o poder pú-
blico, em qualquer de suas três esferas, venha a firmar parcerias com ILPIs sem fins
lucrativos para transferir recursos financeiros de natureza pública. Nesses casos, o
instrumento de pactuação entre o poder público e a instituição deve prever o atendi-
mento de pessoas idosas sem qualquer rendimento.
A RDC 502 (art. 36) estabelece a obrigatoriedade da ILPI elaborar, a cada dois anos, o
Plano de Atenção Integral à Saúde (PAIS) dos residentes. Dessa forma, passa a ser
um dever da instituição assegurar a efetivação do acesso à saúde da pessoa idosa
pela rede pública e/ou pela rede privada.
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Atendimento à
PESSOA IDOSA
A ILPI ainda pode realizar o Plano de Atendimento Individual a seu residente como
instrumento de efetivação do atendimento personalizado preconizado no Estatuto
do Idoso (art. 50).
Por fim, é bom lembrar que atualmente a maior parte dos serviços ofertados pelas IL-
PIs são correlacionados ao atendimento curativo e biomédico tais como a assistência
de médicos, psicólogos, terapia ocupacional e fisioterapia.
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Essa é uma dinâmica nova que exige das ILPIs muita atenção para evitar a ocorrência
de ações prejudiciais a seus residentes e/ou de ações que possam vir a gerar danos à
própria instituição.
Caso o idoso não possa exprimir a sua vontade, a autorização expressa e prévia deve
ser dada por seu representante legal (familiares ou curador) podendo vir a ser revoga-
da a qualquer momento.
Importante ressaltar também que a “curatela não alcança o direito sobre o próprio
corpo, sexualidade, matrimônio, privacidade, educação, saúde, trabalho da pessoa
interditada” (Brasil, 2020). Assim, mesmo que o diretor da ILPI seja curador da pessoa
idosa residente, ele não poderá dispor livremente de suas imagens.
A instituição não pode, por exemplo, expor pessoas idosas em situações vexatórias
ou íntimas para tentar “sensibilizar” e conseguir doadores. Também não deve, de for-
ma alguma, publicar dados pessoais das pessoas idosas, de seus familiares ou de
qualquer pessoa da instituição, sem autorização prévia. Tais atos configuram uma
violação à dignidade da pessoa humana e podem resultar no dever de indenização
financeira.
A terceira regra diz respeito à guarda e proteção dos dados de titularidade dos resi-
dentes. De acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018) as ILPIs
são entendidas como Agente de Tratamento ao ter o controle e a operação de dados
pessoais de seus residentes.
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As ILPIS devem, portanto, adotar cuidados na gestão sobre dados e informações das
pessoas idosas seguindo os princípios da finalidade, da necessidade, da adequação,
da transparência e da segurança (art. 2º).
Por outro lado, o titular poderá a qualquer momento exercer seu direito de acesso aos
dados, à retificação e à exclusão. Mas, se a coleta e o registro de dados for resultante
de obrigação legal não poderão vir a ser objeto de exclusão.
Dessa forma, as ILPIs precisam estar atentas à guarda dos dados e informações dos
residentes já que são consideradas responsáveis pela preservação de risco de vaza-
mento ou utilizações indevidas.
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Regularização jurídica de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. Considerações finais
A regularidade jurídica da instituição também deve ser vista como um fator crucial
para a sustentabilidade de longo prazo de suas atividades. Sem a conclusão dessa
etapa não é possível o recebimento de benefícios públicos, o recebimento de des-
tinação de Imposto de Renda de pessoas privadas, a participação em editais, entre
outros.
Por fim, a regularidade jurídica deve ser vista como um fator de segurança e de trans-
parência para todos da sociedade permitindo aos diferentes atores sociais diferen-
ciar as instituições e suas prestações de serviço.
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Referências bibliográficas
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