Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
da Pessoa Idosa
3 instrumentos de ação ao
enfrentamento da violência
contra a pessoa idosa
1
Conteudista:
Enap, 2021
2
Sumário
Unidade 1. Redes de atenção e cuidados à pessoa idosa...................................................... 4
1.1 Programas de atenção à pessoa idosa e suas funcionalidades enquanto rede protetiva.............4
1.2 Equipes de atenção à pessoa idosa e seu trabalho de suporte social, acolhimento e cuidado...6
2.2 Instrumentos de ações e suas capacidades de enfrentamento dos abusos contra pessoas idosas......11
2.3 As políticas públicas e sua relação com as redes de proteção da pessoa idosa..............................14
3
Rede de proteção e seus instrumentos
MÓDULO
No ano de 2006, ocorreu, no Brasil, a I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, enfocando a
criação da RENADI - Rede Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa, para se elencar oportunidades de
haver uma integração nacional a fim de se discutir e estabelecer metas que alcançassem a população nacional
como um todo, justamente porque a demanda de vulnerabilidade se constatava desde aquela época.
Na referida Conferência, foram aprovadas deliberações, divididas em eixos temáticos voltados para o
envelhecimento saudável e sua promoção nas mais diversas esferas da vida social, tais como família,
saúde pública e assistência social.
Qualquer sujeito que vive possui direitos preconizados legalmente, os quais precisam ser adquiridos
não somente pela existência necessariamente de leis, mas para efetivar o compromisso social de
cidadãos de direito.
4
DESTAQUE
As políticas públicas que desencadeiam as ações em torno da pessoa idosa em cenário
nacional implicam em atenção na perspectiva tanto de prevenção como de cuidado.
O eixo preventivo promove a conscientização da sociedade como um todo quanto aos
aspectos de violação de direitos e o eixo de cuidado ocupa o espaço de atendimento
em si às possíveis demandas que emergem quando já ocorreu a violação de direitos.
Assim, a rede de atenção à pessoa idosa é formada por diversos componentes, os quais refletem tanto
o planejamento como as próprias ações necessárias, a depender das demandas de cada local e sua
realidade específica.
Independente quais sejam as questões que impliquem na regionalidade de cada espaço, o foco deve
ser a atenção integral à pessoa idosa, a partir das condicionalidades disponíveis, buscando, sempre
que possível, o incentivo de decisões colegiadas, como o Conselho Municipal ou Estadual da Pessoa
Idosa em torno dos interesses e necessidades de atendimento a este público específico. Vale lembrar
que são nestes espaços que ocorrem os planejamentos necessários de implementação de ações em
torno das reais demandas e enfrentamentos.
Dentro dos quadros de atenção à pessoa idosa, encontramos redes específicas de atenção que podemos
citar como destaque o Sistema Único de Assistência Social-SUAS e o Sistema Único de Saúde-SUS, os
quais possuem direcionamentos de atividades e operacionalização de serviços que atendem a pessoa
idosa de maneira específica.
5
1.2 Equipes de atenção à pessoa idosa e seu trabalho de suporte social,
acolhimento e cuidado
O cuidado percorre todos os caminhos existentes no trabalho de atenção à pessoa idosa, independente da área
em que as equipes estejam atuando, e toda pessoa idosa deve poder contar com o apoio do serviço de atenção.
Partindo das particularidades que estruturam as vivências da pessoa idosa na sociedade contemporânea,
podemos citar situações que vão desde as condições naturais de sua vida, passando por necessidades
individuais de convivência social, bem como das situações específicas de atenção e cuidado. Inicialmente,
podemos citar o direito à convivência familiar e comunitária, fatores determinantes quanto às formas de
viver de maneira saudável.
Para isso, toda pessoa idosa pode e deve contar com a rede de atenção básica que opera em várias instâncias,
sendo dever do poder público garantir a eficácia do atendimento às necessidades de seus usuários. A
Proteção Social Básica tem o intuito de prevenir situações de risco, por meio do desenvolvimento de
potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, avaliando um conjunto
de serviços, programas, projetos e benefícios, sempre na perspectiva da inclusão. Estão organizados em
rede, buscando incluir, nas diversas ações ofertadas, o atendimento às famílias, com as ofertas que se
estabelecem a partir do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS).
A proteção social especial prevê um conjunto de serviços e programas especializados de média e alta
complexidade a famílias e indivíduos em situação de risco ou com direitos violados. Inclui os riscos e
violações relacionados à situação de dependência de cuidados com terceiros em virtude da idade. Busca
contribuir para o fortalecimento de vínculos familiares, sociais e comunitários, reconstruindo vínculos
familiares fragilizados ou rompidos; e protegendo famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações
de violação de direitos.
Dessa forma, convidamos vocês para assistir ao vídeo que segue, o qual trata das especificidades da
proteção social contextualizada:
6
DESTAQUE
Com destaque às questões de proteção especial, sempre que houver violação de
direitos da pessoa idosa, a rede de enfrentamento à violência é acionada no sentido de
minimizar danos à vida dos mesmos. É importante que o atendimento ocorra em rede,
pois cada espaço de trabalho atende a uma demanda, e muitas vezes precisa haver
constantes articulações e debates sobre os casos vivenciados, posto que as exigências
do atendimento variam entre as queixas apresentadas e a situação materializada.
Ainda de acordo com esta publicação, a vulnerabilidade é definida pela gerontologia, dentre várias possíveis
definições, pela suscetibilidade de danos a qual o indivíduo pode estar exposto, acima de tudo na qualidade
de vida.
Existem vulnerabilidades antes do envelhecimento que podem ser determinantes com o avançar da idade.
As condições de deterioração precoce da saúde, os cuidados não preventivos da área mental, a necessidade
do trabalho prolongado, seja vertical (dia) ou horizontal (anos), exposição a situações de estresse contínuo,
falta de lazer, entre outros, geram efeitos estruturais que repercutem no contexto biopsicossocial e na
qualidade de vida das pessoas que envelhecem.
7
Promoção do bem-estar de idosos moradores de rua.
Fonte: Projeto Envelhecer na rua: acompanhamento psicossocial e promoção da qualidade de vida de idosos
em situação de vulnerabilidade em Belo Horizonte, sob Coordenação da Profª. Sônia Maria Soares, Site da
Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG/ Diretoria de Cooperação Institucional-COPI
Embora o envelhecer seja um processo natural, devido ao aspecto fisiológico, o como envelhecer é um fato
que precisa ser planejado . Nesse sentido, apesar de existir um declínio da qualidade de vida no processo de
envelhecimento, os fatores que geram a vulnerabilidade nem sempre advém somente desse momento da
vida. É nesse caminho reflexivo que a questão socioeconômica, com suas variáveis de acesso à educação e
à cultura, se mostra muito importante. Segundo as autoras Keila Talitha Fernandes Barbosa, Fabiana Maria
Rodrigues Lopes de Oliveira e Maria das Graças Melo Fernandes, as pessoas idosas com menor nível de
escolaridade têm dificuldades para acessar serviços como saúde e segurança, tendo ora desconhecimento
sobre os seus direitos, ora dificuldade de lutar pela efetivação destes.
Essa situação de vulnerabilidade pode também estar ligada à violação dos direitos da população idosa por
meio da omissão do Estado na oferta ou facilidade para o acesso à educação permanente. Assim, percebe-
se que a vulnerabilidade, também, é resultado da combinação de como o indivíduo consegue informações,
recursos materiais, e de como enfrenta barreiras culturais e imposições violentas. Essa concepção tem sua
origem nas desigualdades sociais, próprias da estrutura de uma sociedade de Estado com ação mínima.
8
As autoras Isabela Thaís Machado de Jesus, Ariene Angelini dos Santos Orlandi, Eliane da Silva Grazziano
e Marisa Silvana Zazzeta, em trabalho publicado em 2017, afirmam que as demandas de políticas públicas
relacionadas à assistência social, saúde e educação são extremamente importantes para superação das
condições de vulnerabilidade. São elas que podem auxiliar na retomada ou construção da autonomia da
pessoa idosa, proporcionando a construção de projetos de vida melhor elaborados.
O estímulo dos elementos sociopsicológicos nas atividades de lazer e a participação em grupos criam
vínculos que garantem segurança, a qual representa um bem-estar que pode prevenir demências e criar
qualidade de vida. Melhores condições de renda, acesso e melhores condições de estudos formais e
diversidade nas opções educativas não formais fazem parte de contextos de superação da vulnerabilidade
biológica que o envelhecimento acarreta.
A pessoa idosa deve ser reconhecida e reconhecer-se como cidadão, o que significa compreender o próprio
processo de envelhecimento que lhes afeta e atuar preventivamente para as consequências do tempo. Para
isso, é preciso fomentar estratégias que ampliem a atenção ao idoso, auxiliando-o na ação participativa e
ativa na sociedade. Pelas dimensões da situação de vulnerabilidade, o modelo de atenção integral às pessoas
idosas deve se concentrar nos princípios: dignidade, concorrência, autonomia, participação, abrangência,
independência, individualidade, inclusão social, bem-estar e continuidade de cuidados.
9
Assim, a superação da vulnerabilidade, considerando as dimensões individuais, coletiva e programática,
refere-se ao direito das pessoas idosas, sua participação política ou empoderamento e a organização
estrutural e histórica da sociedade. As intervenções das políticas públicas devem considerar a especificidade
da pessoa idosa diante do acesso universal de atendimento aos cidadãos, elaborando planejamentos frente
às vulnerabilidades. O cuidado dos sistemas públicos precisa ter um foco multidisciplinar, observando as
condições do envelhecimento, otimizando as ações junto a essa demanda e potencializando o cuidado
integral e em rede.
SAIBA MAIS
Vamos entender um pouco mais sobre vulnerabilidade da pessoa idosa?
10
2.2 Instrumentos de ações e suas capacidades de enfrentamento dos
abusos contra pessoas idosas
O manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa, de 2014, define a violência como uma
concepção referente aos processos e às relações sociais interpessoais de grupos, classes, gênero ou
objetivadas em instituições, quando empregam diferentes formas, métodos e meios de aniquilamento ou
de coação direta ou indireta, causando danos físicos, mentais e morais.
O enfrentamento à violência contra a pessoa idosa se estabelece com a parceria entre governo e sociedade,
por meio da construção de uma rede de proteção a esse segmento populacional.
Convém destacar que a violência é um problema social que ocorre não apenas em espaços externos, mas
também em ambientes domésticos. Há casos em que a fragilidade da pessoa idosa no nosso país está
na violência intrafamiliar. Quando nos referimos à pessoa idosa, o “Caderno de Atenção Básica n. 19:
Envelhecimento e saúde da pessoa idosa” indica que o problema é redimensionado para duas formas: a
violência estrutural, fundamentada pela desigualdade social, e a institucional, estabelecida na aplicação ou
omissão da gestão de políticas sociais. Nesse sentido, a violência acontece pela ação e/ou omissão, em casa
ou fora dela, por membros da família ou por afetividade. Os episódios podem ser cotidianos ou esporádicos,
levando da dependência física e psicológica ao agravamento do homicídio ou suicídio. A identificação de sinais
de violência contra as pessoas idosas não pode ser negligenciada e cabe a todos cidadãos sua denúncia.
Na Gerontologia, a atenção é identificada a partir de três planos, os quais devem buscar ajudar o profissional
que atua na gestão. O primeiro plano refere-se à vida e cuidados e configura-se como uma ferramenta
básica para os profissionais coletarem as avaliações, informações, objetivos pessoais, ideias, propostas de
intervenção personalizada de apoio e recomendações para a pessoa adquirir o mais alto grau sobre suas
vidas diárias. O Plano de Cuidado Personalizado é tratado com a participação da pessoa idosa, de seus
familiares e dos profissionais. Define como serão os cuidados e a assistência pessoal não-médica ou de
enfermagem para idosos e adultos que, após uma doença ou enfermidade, se encontram num processo
gradual de recuperação, ou com deficiências ou com qualquer tipo de limitação, para que realizem as suas
atividades diárias. Já o Plano de Atenção e Vida (PAV), propõe incorporar um formato próximo aos planos de
cuidados para serem utilizados nos serviços gerontológicos. Visa agir de maneira preventiva e terapêutica,
promovendo a saúde integral da população idosa, refletindo, na Saúde Pública, a diminuição de gastos
com, com internação, institucionalização e mortalidade.
11
Embora focados na saúde, os planos demonstram o caráter sistêmico do atendimento à pessoa idosa e
identificam atores importantes para o sucesso, como o próprio idoso e seus familiares. Na superação das
vulnerabilidades, é importante se pensar que muitas delas estão relacionadas com a violência gerada por
familiares dentro do espaço que deveria ser acolhedor para uma melhor qualidade de vida no envelhecimento.
As violências como negligência e abandono, em sua grande maioria, são marcadas por familiares, podendo
levar à morte. Além disso, muitas outras violências como físicas, psicológicas, financeiras e materiais são
identificadas junto a essa demanda. Para tanto, a Assembleia Geral das Nações Unidas em 2011, após
solicitação da Rede Internacional de Prevenção ao Abuso de Idosos (INPEA), reconheceu em junho de 2006,
o Dia Mundial da Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, o qual representa uma manifestação
do mundo todo contra os abusos às gerações mais velhas.
O Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência Contra a Pessoa Idosa, publicado em 2005, pelo
Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos (CNDI), com a participação do Governo Federal e movimentos
sociais, busca estabelecer as estratégias sistêmicas de ação, no processo de planejamento, organização,
coordenação, controle, acompanhamento e avaliação de todas as etapas de execução das ações de
prevenção e enfrentamento da violência contra a pessoa idosa. Esse documento é um instrumento que
auxilia na implementação da Política de Promoção e Defesa dos Direitos aos segmentos da população idosa
do Brasil, objetivando a construção de uma sociedade tolerante e com boa convivência intergeracional,
fortalecendo e efetivando mecanismos e instrumentos institucionais na garantia de direitos.
O foco do enfrentamento está na luta contra a violência e na superação da exclusão social, os quais geram
situações de cada vez mais vulnerabilidade. Além disso, reconhecem a pessoa idosa como um cidadão,
um sujeito de direitos que precisam ser defendidos. A pessoa idosa sofre com estigmas e discriminações
pautados na relação de desigualdade social, muitas vezes, naturalizados pelas relações de produção
econômica e reprodução social, rotulando as pessoas idosas como um peso social por não serem “produtivas”.
Além disso, a violência pode apresentar-se pela desigualdade social e omissões institucionais advindas de
gestão das políticas do estado.
12
CMDI de criciúma adere campanha nacional de enfrentamento à violência contra o idoso
Fonte: Redação Engeplus
Nesse caminho, o enfrentamento em rede contra a violência é muito importante. Um trabalho com a
perspectiva de rede pela qual as autoras Michele Rinco, Andrea Lopes e Marisa Accioly Domingues
sinalizam estar dividida em informal e formal. A rede informal são os familiares, amigos e vizinhos. Já a rede
formal são as organizações e profissionais, como os atendimentos domiciliares oferecidos por algumas
universidades públicas, programas da Secretaria de Saúde, como a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o
Programa de Acompanhantes de Idosos (PAI).
Tais redes de suporte social são construídas com objetivos de atender mecanismos importantes na velhice,
como dar e receber apoio emocional, ajudar de forma material ou de serviços, manter e afirmar a identidade
social, entre outras.
SAIBA MAIS
Quais foram suas percepções frente à necessidade de instrumentalizar ações para capacitar o
atendimento, diante das redes de enfrentamento?
Convidamos, também, a assistir a live do Ministério Público de Santa Catarina a qual trata dos
casos de violência física, financeira e psicológica que acontecem dentro de casa. O coordenador
do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e Terceiro Setor (CDH), o Promotor de
Justiça Douglas Roberto Martins vai responder todas as dúvidas.
Caderno Violência Contra a Pessoa Idosa: perguntas mais frequentes sobre direitos das pessoas
idosas
Fonte: Secretaria nacional dos direitos da pessoa idosa do Ministério da mulher, da família e dos direitos humanos
13
2.3 As políticas públicas e sua relação com as redes de proteção da pessoa idosa
A Cartilha Rede de Proteção à população vulnerável, criada pelo Centro de Apoio Operacional aos Direitos
Humanos do Ministério Público do Rio Grande do Sul, publicada em 2018, descreve que a rede institucional
é uma forma de articulação entre os diferentes setores envolvidos para atender uma demanda. Ainda, a
rede institucional tem como meta encontrar soluções comuns para atender o indivíduo.
A rede intersetorial é aquela que compartilha os serviços de organização governamental, não governamental,
do setor privado e da comunidade. O trabalho em rede busca viabilizar a articulação de saberes e experiências
para planejamento e concretização de políticas públicas.
É nesse sentido que a intersetorialidade se apresenta como uma construção conjunta de ações e políticas
entre diferentes setores, dentre eles saúde, assistência social e direitos humanos.
No âmbito da pessoa idosa, as redes de proteção intersetoriais buscam o enfrentamento das violências
num entrelaçamento em que os segmentos se conectam e se sustentam sem predominância de um sobre
o outro, numa interdependência de esforços. Isso significa políticas amplas, que envolvam não apenas a
pessoa idosa, mas sua família, a comunidade e todo o contexto social no qual esta pessoa está inserida.
Deste modo, é importante destacarmos os atores que ocupam espaço diante da rede de enfrentamento da
violência, que podem ser identificados em espaços públicos destinados a atender toda e qualquer demanda
de violência que possa atingir a população idosa em cenário nacional. Dentre tais espaços, encontramos a
Defensoria Pública, a qual se define por uma instituição essencial aplicada à função jurisdicional do Estado,
em que se incumbe a orientação jurídica e a defesa, de todos aqueles que dela necessitem. O papel da
Defensoria Pública se encontra previsto e amparado pela Constituição Federal, posto que cabe ao estado
subsidiar a assistência jurídica, de maneira integral e gratuita, a qualquer cidadão que não disponha de
condições para custear tais serviços.
De igual forma, a OAB - Ordem dos Advogados do Brasil disponibiliza atendimento e acompanhamento
jurídico gratuito às pessoas idosas mais vulneráveis e que recebem até dois salários mínimos.
Outro importante ator a ser citado é o Ministério Público, órgão que tem por responsabilidade a manutenção
da ordem jurídica no Estado e a fiscalização do poder público, bem como prima pela garantia e efetivação
dos direitos assegurados legalmente. Destacam-se as promotorias especializadas na temática da pessoa
idosa, que atuam na tutela dos direitos de pessoas idosas a fim de assegurar o respeito a essa faixa etária,
por parte do poder público e da sociedade em geral, conforme preceituado na legislação brasileira.
14
Ainda, o trabalho das promotorias especializadas compreende medidas judiciais e extrajudiciais. Ocorrendo
ameaça aos direitos da pessoa idosa, o Promotor de Justiça ou o Juiz, podem determinar medidas protetivas
como: encaminhamento à família ou curador; orientação e acompanhamento temporários; requisição para
tratamento de saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; abrigo em entidade; inclusão em
programa de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas, lícitas ou ilícitas, à pessoa
idosa ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação.
Somam a esse contexto, as Delegacias especializadas de proteção à pessoa idosa e a Polícia Militar, que
atuam no enfrentamento às violações de direitos dessa faixa etária e dispõem de equipes profissionais que
podem ser acionadas a depender da exigência que cada caso disponha.
Os municípios contam, ainda, com os serviços das equipes especializadas dos CREAS - Centro de
Referência Especializada em Assistência Social, que contribuem para a prevenção de agravamentos e para
o enfrentamento de situações que envolvam risco pessoal e social, violência, fragilização e rompimento de
vínculos familiares, comunitários e/ou sociais. Algumas situações podem ser citadas como violência física,
psicológica e negligência; abandono; violência sexual; situação de rua; afastamento do convívio familiar,
dentre outras.
Tem destaque nessa discussão a Central Judicial do Idoso, referência no atendimento à pessoa idosa, que
se consubstancia conforme a seguir:
DESTAQUE
É um serviço ofertado no Distrito Federal, destinado à pessoa idosa que tenha
seus direitos ameaçados ou violados e que necessite de orientação e atendimento
na esfera da Justiça. Tem como principais objetivos: garantir a efetiva aplicação
do Estatuto do Idoso, prover a comunidade do DF de informações, promover
a articulação com instituições para atendimento das demandas existentes e
assessorar autoridades competentes.
Fonte: Central Judicial do Idoso — Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
Por fim, ressalta-se o Disque 100 como um importante instrumento de conexão da rede de proteção, sendo
um serviço gratuito que atende, recebe e analisa, via telefone, denúncias de maus tratos envolvendo a
pessoa idosa. Tais encaminhamentos podem ser feitos pela própria pessoa acometida pela violência, caso
seja possível, ou ainda, por qualquer cidadão civil que almeja evitar que uma violência ocorra.
Como compromisso se estabelece pelo Pacto Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (PNDPI), previsto
para o período de 2020 a 2030, o qual busca engajamento formal entre os governos federal, estadual e
municipal na implementação das principais políticas públicas com a proposta de difundir a Política Nacional
dos Direitos da Pessoa Idosa, em especial o Estatuto do Idoso, em território nacional; ampliar o número de
Conselhos dos Direitos das Pessoas Idosas; e reduzir o índice de violência contra a pessoa idosa.
15
Uma das materializações dessas políticas, é o Programa Viver - Envelhecimento Ativo e Saudável, instituído
pelo Decreto nº 10.133, de 26 de novembro de 2019, o qual possui o objetivo de proporcionar a inclusão
digital e social da pessoa idosa, contribuindo para a promoção do direito ao envelhecimento ativo e
saudável, sendo desenvolvidos por meio de quatro campos de ação: tecnologia, saúde, mobilidade física
e educação, os quais devem ser fomentados pelo ente federativo que aderir ao Programa por meio de
atividades, oficinas e cursos nas temáticas citadas.
Quanto às propostas de parcerias internacionais, está a Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa, instituída
em 2021, a qual é desenvolvida pelo Governo Federal em parceria com o Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD), da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Organização Mundial da
Saúde (OMS). Essa ação tem por objetivo levar qualidade de vida aos idosos e promover o envelhecimento
saudável e ativo da população e reúne ações dos setores governamentais, organismos internacionais e
instituições públicas e privadas.
SAIBA MAIS
O que achou da discussão sobre as redes de proteção da pessoa idosa? Conseguiu relacioná-
las com a Política de Proteção?
Fonte: Canal do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH)/2021 no YouTube
16