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ESPECIALIZADA DA
PROTEÇÃO SOCIAL
ESPECIAL NO SUAS
DA CONCEPÇÃO À
PRÁTICA!
www.gesuas.com.br
Realização:
UNIVERSIDADE GESUAS
4 Apresentação
26
O acompanhamento especializado
de famílias e indivíduos no SUAS
81
Construindo processos de
referência e contrarreferência
92 Considerações Finais
94 Referências Bibliográficas
99 Sobre o Autor
APRESENTAÇÃO
04
No segundo capítulo, as discussões centrais serão sobre o
acompanhamento especializado de famílias e indivíduos no
SUAS, com apresentação de fluxos sobre os processos de
trabalho no serviço e a descrição detalhada das etapas do
acompanhamento. Nesta seção, esperamos que você
leitora e leitor possa utilizar das sugestões contidas neste e-
book para aprimorar o seu trabalho e, ou, refletir sobre a
construção de um SUAS mais protetivo e especializado.
05
A ORGANIZAÇÃO DA PROTEÇÃO SOCIAL
ESPECIAL NO ENFRETAMENTO ÀS
SITUAÇÕES DE VIOLAÇÃO DE DIREITO.
06
Este preceito legal, “a quem dela necessitar”, ainda é
compreendido por alguns gestores, trabalhadores e
conselheiros desta política, como o “sujeito necessitado”, ou
seja, um remonte a assistência social balizada pela caridade
e benesse, marcada pelo primeiro damismo, voluntariado e
ausência de responsabilidade pública na proteção das
famílias e indivíduos que demandam algum tipo de
proteção socioassistencial.
NECESSITADO
NECESSIDADE DO SUJEITO
07
uma política que busca combater desigualdades e
promover o desenvolvimento humano tem um papel
central nesse diálogo, pois o trânsito do ambiente
individual para o social é a raiz fundante da política pública
que exige seu distanciamento da mediação da
benemerência ou da caridade (SPOSATI, 2009, p. 27).
08
Na Proteção Social Básica, a principal Unidade de Proteção
é o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, que
deve estar localizado nas áreas com maiores índices de
vulnerabilidade e risco social, realizando trabalho social
com famílias cujo objetivo é de prevenir o rompimento dos
vínculos familiares e a violência no âmbito de suas
relações, garantindo o direito à convivência familiar e
comunitária (BRASIL, 2012). Já na Proteção Social Especial
de Média Complexidade, temos o Centro de Referência
Especializado de Assistência Social - CREAS, o qual tem
como objetivo apoiar, orientar e acompanhar famílias e
indivíduos em situação de ameaça ou violação de direitos,
articulando os serviços socioassistenciais com as diversas
políticas públicas e com órgãos do sistema de garantia de
direitos.
09
São serviços da Proteção Social Especial de média
complexidade:
10
Na PSE de alta complexidade, destacam-se os serviços de
acolhimento institucional, nas modalidades de abrigo
institucional, casa lar, casa de passagem e residência
inclusiva. Além do serviço de acolhimento em república;
serviço de acolhimento em família acolhedora e serviço de
proteção em situações de calamidades públicas e de
emergências.
11
Assim, é possível apontar que a delimitação do público a
que se destina a Proteção Social Básica, por exemplo, é
caracterizada por dois grupos que estariam em situação de
vulnerabilidade social: aqueles que estão em condições
precárias ou privados de renda e sem acesso aos serviços
públicos (dimensão material da vulnerabilidade) e
aqueles cujas características sociais e culturais (diferenças)
são desvalorizadas ou discriminadas negativamente
(dimensão relacional da vulnerabilidade), BRASIL, 2017,
p.8.
12
Historicamente, as respostas às vulnerabilidades materiais
foram compreendidas enquanto de exclusividade da
assistência social, o que com a consolidação da Política
Nacional e do Sistema Único de Assistência Social vêm
ganhando novos contornos, e vislumbrando respostas
conjugadas entre as diversas políticas setoriais. Não se
pode falar em combate à pobreza, em programas de
transferência de renda, em economia social e solidária e ou
em estratégias de geração de emprego e renda aos
públicos mais vulneráveis, entre outras, sem que cada
política setorial assuma sua responsabilidade.
13
Para o professor e sociólogo VIGNOLI (2002, p. 96) alguns
pontos chaves de atenção às determinantes de
vulnerabilidade social devem ser observadas:
14
Neste sentido, os itinerários de proteção a serem
propostos com os usuários exigem um conjunto de ações,
que extrapolam as experiências individuais com as famílias
e indivíduos. As ações particularizadas de cunho individual,
embora importantes e fundamentais, não esgotam o
repertório de potencialidades de trabalho das equipes e as
possibilidades dos serviços. Proteção se constrói no
coletivo, e é no encontro com o outro (que experimentam
vivências e conflitos comuns) que os sujeitos se fortalecem
e as redes de apoio comunitário ganham vida. Nas palavras
do professor Edval Bernardino, “os usuários precisam ter
corpos coletivos, pois não se tornam atores políticos
individualmente”. Não se trata de anular a individualidade
e peculiaridade das situações vivenciadas pelos sujeitos
acompanhados, ao contrário, é reconhecê-las dentro das
tramas sociais existentes e construir saídas plurais de
proteção.
15
Assim, para efetivação do trabalho especializado é
fundamental que as equipes de referência dos serviços da
proteção social especial possibilitem a construção de
vínculos com os indivíduos e famílias, permitindo um
espaço que seja de referência para eles. Mas também
possibilitem espaços de encontro destes indivíduos e
famílias com outros usuários, para que a proteção também
possa operar no coletivo.
16
Assim, o exercício da violência “impede o reconhecimento
do outro - pessoa, classe, gênero ou raça - mediante o uso
de força ou da coerção, provocando algum tipo de dano (...)
deixando pouco espaço para o aparecimento do sujeito da
argumentação, da negociação ou da demanda” (ZALUAR,
1999, pp.13-14).
[1] Conceitos extraídos do documento manual de instruções para o registro das informações especificadas na
Resolução nº04/2011 alterada pela resolução nº20/2013 da Comissão Intergestores Tripartite – CIT (MDS, 2018).
Disponível em https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/atendimento/doc/Manual_RMA_CREAS2018.pdf
17
Violência psicológica: É identificada quando existe um tipo de
assimetria nas relações entre as pessoas, mais especificamente
nas relações de poder, podendo se expressar na imposição de
forças de uma pessoa sobre a outra, de alguém com mais força
sobre outra pessoa que é subjugado num processo de apropriação
e dominação da sua vontade. Pode produzir na pessoa vítima por
esta forma de violência comportamentos destrutivos, isolamentos,
medos/fobias, dentre outros. Inclui-se nesse tipo de violência as
ameaças de morte, a humilhação pública ou privada, a tortura
psicológica, a exposição indevida da imagem da criança ou do
adolescente (FALEIROS,1996; AZEVEDO; GUERRA, 1998).
18
Abuso sexual é um ato através do qual um adulto obriga ou
persuade uma criança ou adolescente a realizar atividade sexual
que não é adequada para a sua idade e que viola os princípios
sociais atribuídos aos papéis familiares (GOUVEIA, 2006). É todo e
qualquer jogo sexual, em uma relação heterossexual ou
homossexual, entre um ou mais adultos com uma criança ou
adolescente, tendo por finalidade estimular sexualmente a criança
ou utilizá-la para obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa
ou de outra pessoa (AZEVEDO; GUERRA, 1989). O abuso sexual se
configura de diversas formas, sendo elas o exibicionismo
(exposição dos genitais), carícias inapropriadas, violação ou
incesto, telefonemas obscenos, voyerismo (observar atividades
sexuais), fetichismo (uso de objetos inanimados) e frotteurismo
(tocar ou roçar-se numa pessoa que não consente).
19
Negligência: É identificada quando existe uma dependência de
cuidados e de proteção de uma pessoa em relação a outra, nas
quais as necessidades específicas não são atendidas por seus
cuidadores (VOLIC; BAPTISTA, 2005). Representa uma omissão em
termos de prover as necessidades físicas e emocionais da criança,
do adolescente, da pessoa com deficiência e da pessoa idosa e se
configura quando os responsáveis falham na atenção dessas
necessidades, e quando tal fato não é o resultado de condições de
vida além do controle dos cuidadores. É fundamental
problematizar a negligência não como uma nova forma de
criminalização da pobreza, mas numa perspectiva de um não
exercício de proteção quando é possível exercê-lo.
20
contexto, as atividades de trabalho na condição legal de aprendiz,
de trabalho protegido, que são permitidas por lei a partir dos 14
anos. Conforme Decreto nº. 6.481, de 12 de junho de 2008, dentro
da definição de trabalho infantil há ainda àquelas situações
consideradas como as piores formas de trabalho infantil.
21
Discriminação em decorrência de orientação sexual e/ou
raça/etnia: A discriminação por orientação sexual é aquela
cometida contra homossexuais, bissexuais, transexuais ou
intersexuais, unicamente por conta de sua homossexualidade,
bissexualidade ou identidade de gênero, respectivamente. A
discriminação por raça/etnia acontece contra os usuários em
função da cor de sua pele (diferenças fenotípicas) e, ou, por sua
origem e identidade étnica (diferenças culturais como religião,
língua, história e símbolos, por exemplo). Tais discriminações se
expressam por meio da violência física e simbólica na
agressividade verbal, corporal, moral, dentre outras, podendo até
ocasionar o óbito destas pessoas.
Fonte: BELO HORIZONTE, 2020, p. 22/24 - Orientações Técnicas para o aprimoramento dos
processos de trabalho e de gestão do Centro de Referência Especializado de Assistência
Social (CREAS) no município de Belo Horizonte.
22
Ao conceito de negligência, destacamos a necessidade de
um olhar atento da equipe de referência para não
repetição de padrões violadores com as famílias mais
pobres, onde a ausência de meios para prover a
necessidade dos seus membros é culpabilizada na forma
de negligência. Uma forma aporofobica de lidar com as
vulnerabilidades materiais que podem provocar e agravar
as vulnerabilidades relacionais.
23
Crises humanitárias em contextos migratórios,
imigratórios, de refúgio, apátridas, retornados e de
guerra;
Crises sanitárias;
24
integração entre serviços, programas, projetos e benefícios,
garantindo o afiançamento das seguranças
socioassistenciais.
25
O ACOMPANHAMENTO ESPECIALIZADO
DE FAMÍLIAS E INDIVÍDUOS NO SUAS
26
qualificada no sentido de superar ou minimizar as violações
de direito. Trata-se, portanto, de uma intervenção pautada
não mais na prevenção de uma violação, mas na
construção de itinerários de proteção e reparo a um direito
já violado. Isso não significa dizer que a PSE não tenha
responsabilidade efetiva com a prevenção, pelo contrário,
ela deve ser atuante no território de forma integrada com a
proteção social básica, promovendo a prevenção para não
ocorrência das violações de direitos, mas também, atuando
de forma preventiva, proativa e protetiva gerando impacto
social na redução da reincidência de padrões violadores
(prevenção da reincidência).
27
de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA), e de
Prestação de Serviços à Comunidade (PSC), por exemplo, a
TNSS nos orienta que:
28
+ Para relembrar:
29
pela acolhida, trabalho social essencial ao serviço (com o
desenvolvimento de atividades individuais e coletivas),
avaliação e gestão dos casos e o alcance dos impactos
sociais esperados, desencadeando o processo de
contrarreferência para proteção social básica.
30
Exemplo: Senhor João Alfredo, 74 anos, residente na
comunidade ribeirinha do Vale das Flores, beneficiário do
Benefício de Prestação Continuada BPC, mora com sua filha
Soraia (42 anos), os netos João Paulo (19 anos), Maria
Eduarda (17 anos) e Carlos Augusto (17 anos), além de
Roberto (39 anos), que é companheiro de Soraia. Soraia é
filha única, diarista e atualmente a única que trabalha
formalmente na casa e tem demonstrado grande
afetividade com o pai. O Sr. João Alfredo desde que sofreu
AVC, tem dificuldades para as atividades da vida diária (fala,
locomoção, alimentação e higiene pessoal) e conta com o
apoio da família. Com frequência os vizinhos relataram aos
agentes de saúde e à equipe do CRAS que escutam Carlos,
quando embriagado, gritar com o Sr. João Alfredo,
chamando-o de velho imprestável, entre outros
xingamentos. Há indícios que João Paulo negligencia a troca
de fraldas e alimentação do avô. O Sr. João Alfredo já deu
entrada duas vezes na Unidade de Pronto Atendimento
(UPA) do município, a primeira em decorrência de uma
queda no banho, e a outra por um corte no supercílio, onde
também foi observado alguns hematomas em seu braço.
Nas duas situações o Sr. João Alfredo estava sozinho com o
neto João Paulo.
31
provocar uma nova violação de direitos – rompimento da
convivência familiar e comunitária.
32
SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL
Atendimento em grupo
Ações particularizadas individuais
(grupo de famílias, grupo de usuários)
(Atendimentos da equipe
Realização de Grupos/Oficinas
de referência, visitas, relatórios, etc.).
com Famílias (Metodologia coletiva)
Avaliação e Reavaliação
33
a) Formas de acesso
34
Serviço | Unidade de Formas de Acesso
Referência (de Oferta)
Serviço Especializado em
Abordagem Social
35
Serviço de Proteção Demanda espontânea de
Social Especial para membros da família e/ou da
Pessoas com Deficiên-cia, comunidade;
Idosas e suas Famílias. Busca ativa;
Por encaminhamento dos demais
Unidade: Domicílio do serviços socioassistenciais e das
Usuário, Centro Dia, demais políticas públicas
CREAS ou Unidade setoriais;
Referenciada ao CREAS. Por encaminhamento dos
demais órgãos do Sistema de
Garantia de Direitos.
36
Serviço de Acolhimento Por determinação do Poder
Institucional para Judiciário;
Crianças e Adolescentes -Por requisição do Conselho
Tutelar. Nesse caso, a autoridade
Unidade: Abrigo competente deverá ser
Institucional e Casa Lar comunicada, conforme previsto
no Artigo 93 do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
37
Serviço de Acolhimento
Institucional para Pessoas
Idosas Por requisição de serviços de
políticas públicas setoriais, CREAS,
Unidade: Abrigo Institucional demais serviços socioassistenciais,
(Instituição de Longa Ministério Público ou Poder
Permanência para Idosos -
Judiciário.
ILPI) e Casa Lar.
Serviço de Acolhimento
Institucional para Mulheres Por requisição de serviços de
em Situação de violência políticas públicas setoriais, CREAS,
demais serviços socioassistenciais,
Unidade: Abrigo Ministério Público ou Poder
Institucional Judiciário.
38
Serviço de Acolhimento em Por encaminhamentos do CREAS,
República para Jovens demais serviços socioassistenciais
e/ou de outras políticas públicas;
Unidade: República
Demanda espontânea.
39
Serviço de Acolhimento Por determinação do Poder
em Família Acolhedora Judiciário;
Unidade: Unidade de
referência da Proteção
Social Especial (Gestão do
Serviço) e residência da
Família Acolhedora
(execução do serviço).
40
No âmbito da PSE, o processo de busca ativa pode ser
potencializado por ações comunitárias no território, a
exemplo de campanhas com temáticas relativas às
violações de direito, palestras e rodas de conversas,
oficinas educativas pontuais de apresentação dos serviços
para a comunidade, divulgação dos serviços nas mídias
locais (internet, rádio, tv, jornal impresso, redes sociais,
entre outros). Além das estratégias de busca ativa
programada, onde as equipes de referência do serviço, a
partir de dados da vigilância socioassistencial, se deslocam
até territórios com maior incidência de violação e possíveis
usuários, indo ao encontro dessas pessoas (proteção social
proativa), antecipando-se à procura espontânea ou às
costumeiras comunicações/chamadas/encaminhamento ou
até denúncias.
41
Quanto aos encaminhamentos, é importante também que
as Unidades e Serviços tenham perceptibilidade quanto
aquilo que não lhes compete. E, ao receberem
encaminhamentos que extrapolam as suas funções,
contem com o apoio dos órgãos gestores da política de
assistência social e Procuradoria Jurídica (ou setor
congênere) sempre que necessário para darem a resposta
negativa à instituição encaminhadora.
Realização de Perícia;
Inquirição de vítimas e acusados;
Oitiva para fins judiciais;
Produção de provas de acusação;
Guarda ou tutela de crianças e adolescentes de forma
impositiva aos profissionais do serviço de acolhimento
ou ao órgão gestor da assistência social, salvo nas
previsões estabelecidas em lei;
Curatela de idosos, de pessoas com deficiência ou com
transtorno mental aos profissionais de serviços de
acolhimento ou ao órgão gestor da assistência social,
salvo nas previsões estabelecidas em lei;
42
Adoção de crianças e adolescentes;
Averiguação de denúncia de maus-tratos contra
crianças e adolescentes, idosos ou pessoas com
deficiência, de violência doméstica contra a mulher.
43
Chamamos atenção para a diferença entre “demanda
espontânea” e “procura espontânea”. Na procura
espontânea o usuário já é acompanhado por um serviço
socioassistencial e busca a equipe de referência sem um
atendimento programado, não se trata de uma condição de
acesso, pois a família ou indivíduo já está inserido no
serviço. Nas duas situações devem ser construídas
estratégias para garantir o atendimento ao
indivíduo/família, tendo como perspectiva as seguranças
afiançadas pelo SUAS.
44
Estatuto da Criança e do Adolescente:
Art. 13 [...]: § 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes
portas de entrada, os serviços de assistência social em seu
componente especializado, o Centro de Referência
Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais
órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do
Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao
atendimento das crianças na faixa etária da primeira
infância com suspeita ou confirmação de violência de
qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular
que inclua intervenção em rede e, se necessário,
acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº 13.257,
de 2016 – grifo nosso);
Estatuto do Idoso
Art. 3º [...]: § 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade
especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas
necessidades sempre preferencialmente em relação aos
demais idosos. (Incluído pela Lei nº 13.466, de 2017 – grifo
nosso);
45
b) Acolhida: Momento de estabelecer vínculos
a) condições de recepção;
b) escuta profissional qualificada;
c) informação;
d) referência;
e) concessão de benefícios;
f) aquisições materiais e sociais;
g) abordagem em territórios de incidência de
situações de risco
h) oferta de uma rede de serviços e de locais de
permanência de indivíduos e famílias sob curta,
média e longa permanência.
(BRASIL, 2012)
46
condições de sigilo, acessibilidade, ventilação, iluminação,
mas também ser um local agradável e que traduz confiança
ao usuário. Pense na seguinte comparação, se você
enquanto cliente for em uma loja, e o espaço for feio, sujo,
bagunçado, sem iluminação, sem ventilação, com uma
decoração incompatível com aquilo que você procura. Qual
a chance de você voltar nessa loja?
47
A família também não deve se sentir pressionada a fazer ou
falar sobre algo. É comum que exista receio por parte dos
usuários em expor seus conflitos, ainda mais, quando estes
acontecimentos envolvem pessoas que ainda estabeleçam
vínculos de convivência e de afetividade com os
destinatários dos serviços. Lembre-se que criar uma
ambiência acolhedora é uma função técnica de
responsabilidade da equipe de referência e não do
usuário!
48
comum no direito à proteção e na luta pelo pertencimento
social. Esses cuidados de acolhida podem produzir ou
facilitar o estabelecimento de uma relação de confiança
para, posteriormente, estabelecimento de vínculos e
unidades de referências que ofereçam suporte às suas
inquietações e desafios.
Objetivos da Acolhida:
49
Apresentação da Unidade, pessoas de referência,
telefones de contato;
Definição de um próximo encontro.
Formas de acolhida:
50
em situação de rua; grupo de famílias em processo de
reintegração familiar; grupos de crianças e ou
adolescentes (e suas famílias) egressos do acolhimento
institucional e ou familiar; crianças e adolescentes em
situação de trabalho infantil e suas famílias; grupos de
famílias de idosos que vivenciam a mesma
vulnerabilidade; entre outros.
51
violências sexuais, violação de direitos decorrentes de
discriminações/submissões a situações que provocam
danos e agravos a sua condição de vida e os impedem
de usufruir autonomia e bem-estar, outras de avaliação
das equipes.
52
São sugestões para demarcar o momento da acolhida:
Local da acolhida:
53
Neste sentido, o domicílio do usuário será um local onde
com frequência pode acontecer atendimentos que
inauguram o processo de acolhida. No caso do Serviço
Especializado de Abordagem Social, os espaços públicos,
ruas, praças, estações rodoviárias, ferroviárias, entre
outros, serão os lócus de intervenção do serviço e
consequentemente espaços de acolhida.
54
Corresponde ao conjunto de estratégias metodológicas e
instrumentais técnico-operativos que materializam a
existência do sistema protetivo de apoio, orientação e
cuidado às famílias e indivíduos frente às situações de
vulnerabilidades sociais e violações de direitos vivenciadas.
A Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais
(BRASIL, 2009) apresenta em sua matriz padronizada as
atividades do trabalho social essencial a serem trabalhadas
em cada um dos serviços tipificados.
55
QUANTO DE PROTEÇÃO A FAMÍLIA OU INDIVÍDUO REQUER?
56
a) Estudo de Caso: O estudo de caso pode ser
compreendido como a sistematização da compreensão
compartilhada da situação familiar e comunitária do
usuário/usuária e suas famílias para o enfrentamento das
vulnerabilidades e riscos sociais a que estão expostos que
produzem desproteções e vitimização.
57
Onde se situa o estudo de caso?
58
O estudo de caso é processual, inicia-se com a acolhida, e compõe
várias etapas e procedimentos do trabalho social com as famílias e
indivíduos (AKERMAN, 2022).
59
Observação do itinerário no SUAS e SGD e percepção sobre a
rede.
60
Desta forma, no âmbito da Proteção Social Especial do
SUAS, ao considerar as situações de violações de direitos,
os atendimentos desenvolvidos exigirão mais tempo,
estratégias múltiplas e qualificação em suas ações para o
restabelecimento do direito e das condições de convivência.
É imprescindível planejamento e articulações entre as
ações: atendimento especializado + encaminhamento à
rede socioassistencial + articulação com outras políticas
públicas + defesa e garantia de direitos.
61
Quando os usuários não demostram voluntariedade para
atendimentos em grupo e, ou, a equipe identificar que o
usuário se sente desconfortável em atividades em grupo,
não sendo aquele espaço favorável a construção de
vínculos e facilitação do diálogo.
62
Os usuários devem ter conhecimento sobre as intervenções (quantas,
com quem, duração, horários) a serem realizadas com as famílias. É
importante que as agendas tenham regularidade (exemplo: toda quarta-
feira 14h, com a técnica fulana, duração média de 1h), isso possibilita maior
organização das famílias e indivíduos.
63
Os atendimentos em grupo objetivam ainda promover a
organização política dos usuários para defesa e garantia de
direitos, estimulando sociabilidade, promovendo
convivência social e colaborando para o desenvolvimento
de competências para o exercício da cidadania. É uma
oportunidade de trabalhar com os sujeitos que suas
vulnerabilidades são consequências de uma sociedade
desigual e violenta, ou seja, transpor o modelo de
responsabilização individual para coletiva.
64
As atividades comunitárias podem utilizar ainda de datas
comemorativas para explorar determinadas temáticas e
serem conduzidas pelos serviços da PSE, em parceria com a
proteção social básica ou com as demais políticas setoriais.
A seguir apresentamos algumas sugestões:
65
Comunidades Tradicionais: 19 de abril dia do índio,
aproveitar a data para falar da inclusão dos diversos
povos tradicionais no SUAS;
Abril
Trabalho protegido para o adolescente: 24 de abril –
Dia do Jovem Trabalhador;
66
Direitos da Pessoa com Deficiência: 21 de Setembro –
Setembro Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência;
67
d) Visita domiciliar: A visita domiciliar é uma atividade
técnico-metodológica que se desenvolve, de forma
planejada, na residência da família ou do indivíduo com a
participação dos técnicos das equipes de referência dos
serviços socioassistenciais, e visa possibilitar a escuta
qualificada, a compreensão da dinâmica e história de vida,
e o registro e análise de dados e informações sobre o
cotidiano da vida familiar. Deve pautar-se pelo respeito à
privacidade da família, tanto no que se refere à
receptividade para uma entrevista, quanto à
disponibilidade para responder a perguntas específicas,
quando for necessário. Não deve ser confundida com
apuração de denúncia ou até mesmo com caráter
fiscalizatório (BRASIL, 2016, p. 5)
68
Devemos desmistificar que benefícios e programas “são competências
exclusivas da PSB”, essas provisões compõem o SUAS, e perpassam os
dois níveis de proteção.
69
articulação com os demais serviços, projetos e programas
da rede local, durante o período de acompanhamento no
serviço.
70
PLANO DE ACOMPANHAMENTO FAMILIAR – PAF
71
A partir das particularidades de cada família e indivíduo, e
verificadas as situações que levaram a inserção no serviço,
o PAF deve conter objetivos, estratégias e ações com a
finalidade de garantir, no mínimo:
72
§A preparação para o referenciamento e
contrarreferenciamento para os demais serviços do SUAS.
73
§Algumas reflexões e perguntas geradoras para a primeira
etapa:
74
Para construir esta etapa, é importante respondermos
alguns questionamentos correlacionado com matriz
padronizada das fichas de serviços socioassistenciais:
CONSEGUIMOS?
Palavras e conceitos chave: Objetivos do Serviço – Impacto
Social Esperado
75
Embora não exista um instrumental padrão do Plano de
Atendimento Individual ou Familiar, para todos serviços do
SUAS, é importante que o município elabore um modelo
que dialogue com a realidade do município, com as
normativas e orientações da política pública de assistência
social e com o prontuário SUAS.
76
h) Monitoramento dos encaminhamentos: Os
encaminhamentos realizados internos e externos ao SUAS
devem ser monitorados pela equipe de referência do
serviço. Por vezes, os usuários podem ter dificuldades de
efetivar as orientações recebidas e nestas situações as
equipes devem estar mais próximas, acompanhado sempre
que necessário.
77
Relatório para uso externo do SUAS: são documentos
elaborados a partir de solicitações e/ ou requisições de
políticas setoriais, órgãos de defesa de direitos e órgãos do
Sistema de Justiça, com o objetivo de prestar informações
sobre a inserção de famílias e indivíduos no
acompanhamento realizado pelos serviços
socioassistenciais. Sempre que solicitados, esses relatórios
devem ser organizados pelos (as) Coordenadores (as) dos
serviços, em conjunto com os técnicos de referência, com
as informações sobre as ações desenvolvidas nos serviços
com a família ou indivíduo em questão e a evolução do
acompanhamento realizado. Devem-se observar as
orientações e aspectos éticos de caráter privado e sigiloso.
Não deve ser enviado original de cadastros, prontuários,
fichas ou qualquer documento de registro de informações
dos atendimentos e acompanhamentos realizados pelas
equipes de referência.
78
Exemplo: Maria das Graças, mulher vítima de violência, atendida pelo
CREAS Novo Olhar semanalmente conforme estabelecido em seu Plano
de Acompanhamento Familiar (PAF), não comparece aos três últimos
agendamentos. Técnica de Referência: Joana Garcia.
79
Vários fatores podem impactar no implemento dos
combinados, metas e objetivos do PAF e o plano deve ter a
mobilidade para acolher as novas situações sempre que
necessário.
80
CONSTRUINDO PROCESSOS DE
REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA
81
a equipe de referência do serviço especializado promoverá
o encaminhamento do usuário para a unidade de origem
para que a continuidade da proteção aconteça no âmbito
do território do CRAS.
A Função de Referência:
82
outras atividades, e é identificada uma situação de violação
de direitos que compreende as condições de acesso ao
PAEFI, o CRAS promoverá o encaminhamento ao CREAS.
Neste caso, não se trata de uma ação ampliada de
referenciamento ao CREAS, pois inexistem, naquele
momento, os elementos para transmissão do
acompanhamento familiar que caracterizam este
procedimento conforme sugeridos a seguir, se procederá
um encaminhamento padrão do serviço.
83
ETAPA DESCRITIVO
84
Recomendação de estabelecimento de agendas
entre as equipes de referência do CRAS e
CREAS, para a discussão e análise dos
encaminhamentos das famílias realizados entre
os serviços PAIF e PAEFI, e o estudo das
Agenda de
situações de vulnerabilidade e risco social mais
discussão a
recorrentes, que demandam ações conjuntas
análise
dos dois níveis de proteção social do SUAS,
como campanhas socioeducativas e/ou eventos
comunitários. (Orientações Técnicas PAIF
Volume 2, p. 47)
85
Encaminhamento de cópia dos documentos de
identificação e caracterização das famílias, cópia
do plano de acompanhamento anteriormente
Encaminhamento elaborado e demais informações do prontuário
ao CREAS da e relatório de evolução dos atendimentos.
documentação da
família Atenção: o município deve avaliar as condições de
acesso à informação dos Sistemas e quais
documentos são necessários de encaminhamento.
Continuidade de
participação das Continuidade da troca de informações entre as
famílias nas ações equipes sempre que necessário e a cada
territoriais e avaliação do PAF no CREAS.
Monitoramento
A Função de Contrarreferência:
86
SUGESTÃO DE AÇÕES PARA PROMOÇÃO DO PROCESSO
DE CONTRARREFERÊNCIA:
87
ETAPA DESCRITIVO
88
Recomendação de estabelecimento de agendas
entre as equipes de referência do CRAS e
CREAS, para a discussão e análise dos
encaminhamentos das famílias realizados entre
os serviços PAIF e PAEFI, e o estudo das
Agenda de situações de vulnerabilidade e risco social mais
discussão a recorrentes, que demandam ações conjuntas
análise dos dois níveis de proteção social do SUAS,
como campanhas socioeducativas e/ou eventos
comunitários. (Orientações Técnicas PAIF
Volume 2, p. 47)
89
Encaminhamento de cópia dos documentos de
identificação e caracterização das famílias, cópia
do plano de acompanhamento anteriormente
Encaminhamento elaborado e demais informações do prontuário
ao CRAS da e relatório de evolução dos atendimentos.
documentação da
família Atenção: o município deve avaliar as condições de
acesso à informação dos Sistemas e quais
documentos são necessários de encaminhamento.
90
comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva
localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
(BRASIL, 1990, grifo nosso)
91
CONSIDERAÇÕES FINAIS
92
indivíduos que historicamente não acessaram as Unidades
do SUAS, embora apresentem situações de violações de
direito a serem acolhidas no âmbito da política pública de
assistência social.
93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
94
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Política
Nacional de Assistência Social – PNAS/2004. Brasília, MDS,
2005.
95
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome. Fundamentos ético políticos e rumos teórico
metodológicos para fortalecer o Trabalho Social com
Famílias na Política Nacional de Assistência Social. Brasília,
2016.
96
MIOTO, R. C. T.; NOGUEIRA, V. M. R. Política Social e Serviço
Social: os desafios da intervenção profissional. Revista
Karálysis, v. 16, p. 61–71, 2013.
97
SPÍNDOLA, R. A. A. Capacitação Introdutória da Política
Nacional de Assistência Social, Sistema Único de Assistência
Social – SUAS e os serviços tipificados e ofertados pela
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e
Cidadania de Mariana. Herkenhoff & Prates, 2021. Belo
Horizonte/MG.
98
SOBRE O AUTOR