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ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CREAS JUNTO À ADOLESCENTES

INSTITUCIONALIZADOS EM CUMPRIMENTO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS


EM LIBERDADE ASSISTIDA E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE

Adriana Aparecida Lopes da Silva - RA


Claudia Vivine da Silva - RA: 2855706
Diego Lázaro Xavier Santos - RA 3939239
Lívia Medeiros Bernardi Araújo - RA 1220361
Nathalya Santana de Souza - RA 3205380

Resumo

Este artigo tem como objetivo, identificar as principais estratégias do Assistente


Social, ao adolescente em acolhimento institucional no Centro de Referência
Especializado de Assistência Social, procurando evidenciar o trabalho do
profissional segundo suas atribuições, o acolhido em cumprimento de medida
socioeducativa e os conceitos de liberdade assistida e prestação de serviços à
comunidade. Fundamentando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e
outras legislações, de modo a equiparar o atendimento prestado atualmente,
analisando também a equipe de referência para compreensão do todo, descrevendo
suas atividades e contribuições para promoção integral.

Utilizamos o método de observação em campo e pesquisas em artigos, cartilhas,


documentos para apresentação deste trabalho.

Palavras-chave: Adoslecente. Acolhimento Institucional. CREAS. Medidas


Socioeducativas.

1. INTRODUÇÃO

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) organiza todos os serviços da


Política Nacional de Assistência Social (PNAS) do Brasil e tem como objetivo
garantir os dois tipos de proteção social: básica, que se trata de prevenção das
famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social; e a especial, destinada a
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casos que há violação de direitos, dividida entre média e alta complexidade,


diferenciadas pelos vínculos familiares, cujos, na alta complexidade foram rompidos
e na média são mantidos. (definição do ministério da cidadania e desenvolvimento
social)

O CREAS- Centro de Referência Especializado de Assistência Social- faz parte da


proteção especial, atuando na média e alta complexidade, onde existe a
possibilidade de enredamento de casos, os quais por não serem recorrentes, não
chamam a atenção do serviço a possuir uma metodologia específica, deste modo,
exige que a cada acompanhamento haja um novo processo de cooperação e
articulação entre os setores e os profissionais de cada área.

Este artigo tem então, como objetivo de pesquisa compreender a atuação dos
Assistentes Sociais em casos de adolescentes que infringiram a lei e por
consequência precisam cumprir Medidas Socioeducativas em Liberdade Assistida,
no entanto, sofreram violação de seus direitos por parte da família e estão
simultaneamente acolhidos institucionalmente. Indagamos como se dá esta
articulação entre os profissionais envolvidos nestes casos e atuação profissional
aborda e garante os direitos dos adolescentes em situações de tamanha
complexidade.

2. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA GARANTIA DE PROTEÇÃO


SOCIAL

O assistente social em atuação necessita, entre suas atribuições, assegurar a


proteção social do adolescente em acolhimento institucional e em cumprimento de
medida socioeducativa.

Dentre os direitos garantidos constitucionalmente, é dever do estado assegurar às


políticas de saúde, previdência e assistência social. Por se tratar de uma defesa
fundamental, o Art. 194 da Constituição Federal de 1988, estabelece a política de
assistência social como seguridade social essencial à condição humana, previsto
pelo estado de bem estar social.

Promulgado pela Constituição, criou-se a Lei Orgânica da Assistência Social


(LOAS), a Lei n° 8742, de 7 de dezembro de 1993, posteriormente complementada
pela Lei nº 12.435, de 6 de Julho de 2011 a Lei do Sistema Único de Assistência
Social (SUAS).

Segundo o art. 2° a assistência social tem por objetivos:


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"I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de


danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente:

a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência


e à velhice;

b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;

Para a garantia da universalidade e seguridade social, a Lei se dedica a expor, entre


as alíneas, os tipos de proteções destinadas a promover os direitos, não só da
criança e do adolescente, mas de cidadãos, para garantia do amparo e proteção
social, como responsabilidade do estado.

“A PNAS/2004 reorganiza projetos, programas, serviços e benefícios


de assistência social, consolidando no país, o Sistema Único de
Assistência Social – SUAS, com estrutura descentralizada,
participativa e articulada com as políticas públicas setoriais. Nesse
sentido, demarca as particularidades e especificidades, campo de
ação, objetivos, usuários e formas de operacionalização da
Assistência Social, como política pública de proteção social”.

Reafirmando o dever do estado em contribuir com a política de seguridade social


não contributiva, com ações que visam o atendimento às necessidades básicas,
provendo os mínimos sociais com procedimentos de iniciativa pública e privada.

Em 2004, foi aprovada a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), como


forma de reorganizar o âmbito da Assistência Social consolidando a proposta do
LOAS.

Seguindo na perspectiva do PNAS, ainda em 2005, foi aprovada a Norma


Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS), sistema
descentralizado e participativo que surgiu para promover a regularização dos já
existentes programas, serviços, projetos e benefícios da Assistência Social.

O Assistente Social trabalha pela garantia da proteção social, sua linha de atuação,
no âmbito básico ou especial, deve comprometer-se com a defesa dos direitos
humanos e políticas públicas. Amparados pelos instrumentos jurídicos citados pelo
presente artigo, o Código de Ética da profissão e a Lei de regulamentação, exigindo
do profissional a formação teórica-metodológica, técnica-operativa e ético-política
pela garantia de cidadania com um olhar à realidade social.

A Proteção Social está dividida em serviços de média e alta complexidade, que


contam com uma rede de atenção pública, ofertada em unidade de Centro de
Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).
“A Proteção Social Especial (PSE) de Média Complexidade organiza
a oferta de serviços, programas e projetos de caráter especializado
que requerem maior estruturação técnica e operativa, com
competências e atribuições definidas, destinados ao atendimento a
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famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, por


violação de direitos. Devido à natureza e ao agravamento destas
situações, implica acompanhamento especializado, individualizado,
continuado e articulado com a rede” (Caderno CREAS, pg 20, 2011).

Segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, criada em 2009, a


PSE de Média Complexidade contempla os serviços de proteção que demandam
acompanhamento do indivíduo ainda inserido no meio familiar, como o de proteção
social a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de liberdade
assistida (LA), e de prestação de serviços à comunidade (PSC) que dedicaremos um
capítulo posteriormente.

“A Proteção Social Especial de Alta Complexidade, por sua vez, tem


como o objetivo ofertar serviços especializados, em diferentes
modalidades e equipamentos, com vistas a afiançar segurança de
acolhida a indivíduos e/ou famílias afastados temporariamente do
núcleo familiar e/ou comunitários de origem. Para a sua oferta, deve-
se assegurar proteção integral aos sujeitos atendidos, garantindo
atendimento personalizado e em pequenos grupos, com respeito às
diversidades (ciclos de vida, arranjos familiares, raça/ etnia, religião,
gênero e orientação sexual). Tais serviços devem primar pela
preservação, fortalecimento ou resgate da convivência familiar e
comunitária - ou construção de novas referências, quando for o caso
- adotando, para tanto, metodologias de atendimento e
acompanhamento condizente com esta finalidade” (Caderno CREAS,
pg 20, 2011).

Ainda conforme a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais a PSE de Alta


Complexidade contempla os serviços de Acolhimento Institucional, em República,
em Família Acolhedora e no Serviço de Proteção em Situações de Calamidades
Públicas e de Emergências. Em outros termos a atenção deve se voltar ao
atendimento de pessoas em situação de abandono, ameaça e violação de direito,
com risco social e pessoal que necessitam de acolhimento em local que não seja o
meio familiar.

Para enfrentamento da questão social, a intervenção do Assistente Social junto a


uma equipe, no âmbito da Proteção Social Especial, se materializa no atendimento
ao sujeito e a família em situação de risco social, no qual seus direitos foram
violados ou ameaçados.

Sua atuação, no CREAS ou em qualquer campo da Assistência Social, além de um


olhar de totalidade, exige um senso sobre a realidade socioeconômica, intervindo
nas situações do cotidiano, das demandas ocasionadas pelas desigualdades sociais
em ações de planejar, realizar, organizar, administrar, assessorar, supervisionar e
participar para garantia da ampliação de direitos.

2.1 MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

A atuação profissional do Assistente Social no atendimento a adolescentes


institucionalizados e em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto,
seja liberdade assistida ou prestação de serviços à comunidade, percorre a
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intersetorialidade entre o CREAS (Centro de Referência Especializado da


Assistência Social) e o SAICA (Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e
Adolescente)

O cumprimento de medida socioeducativa se dá pelo judiciário e pode variar de


advertência a medida de internação, de acordo com a gravidade do ato infracional.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê:

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade


competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

I - Advertência;

II - Obrigação de reparar o dano;

III - Prestação de serviços à comunidade;

IV - Liberdade assistida;

V - Inserção em regime de semiliberdade;

VI - Internação em estabelecimento educacional;

VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua


capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.

§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a


prestação de trabalho forçado.

§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência


mental receberão tratamento individual e especializado, em local
adequado às suas condições.

Diante de decisão judicial, cabe ao CREAS a atribuição de executar junto aos


adolescentes, as medidas socioeducativas.

A atividade profissional, amparada pelo Código de Ética da Profissão, precisa


promover a execução de maneira educativa, de maneira que garanta os direitos
desses adolescentes, despertando a reflexão e o senso crítico, para que não volte a
cometer o ato infracional. O atendimento ao adolescente deve contemplar a sua
responsabilização perante o ato infracional e a proteção social. As atividades
desenvolvidas são:
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1. Atendimento psicossocial ao adolescente e sua família;


2. Acompanhamento da frequência escolar;
3. Elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA);
4. Elaboração e encaminhamento de relatórios sobre o
acompanhamento do adolescente ao Ministério Público e ao Poder
Judiciário;
5. Orientação e encaminhamentos para a Rede de Serviços
Socioassistenciais.

As principais leis que regem a Medida Socioeducativa em Meio Aberto são:

● Convenção sobre o Direito da Criança e Adolescente (ONU, 1989)


● Constituição Federal (1988)
● Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (1990)
● Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (1993)
● Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (1996)
● Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE (2012)

2.2 ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

O serviço de acolhimento institucional faz parte do sistema de proteção


integral, e visa garantir os direitos das crianças e adolescentes que por algum motivo
tenham sido afastados do núcleo familiar, seja por violência ou algum outro direito
violado, a partir de decisão judicial.

Dentre a atuação profissional, assim que o profissional tem contato com o


caso iniciasse os processos de diagnóstico onde vai se conhecer a demanda posta,
através de atendimento, visita domiciliar, estudo de caso, entre outros instrumentais,
se identificar o direito violado e inicia o processo de trabalho a fim de eliminar tal
violação para a reinserção dessa criança/adolescente ao convívio familiar, ou tendo
esgotado as possibilidades de reinserção ao núcleo familiar vem a busca por família
extensa ou em último caso, quando essa não tem a a possibilidade vem a busca por
família substituta através do Cadastro Nacional de Adoção.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS

BRASIL, MDS - Normativas LOAS Anotada. Disponível em :

https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normat
ivas/LoasAnotada.pdf Acesso no dia 10 de Outubro de 2022.

BRASIL, MDS - Normativas PNAS - 2004. Disponível em :

https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/
Normativas/PNAS2004.pdf&ved=2ahUKEwiqo6LWg9f6AhU8r5UCHRQ-
DzkQFnoECA8QAQ&usg=AOvVaw0-OIe_i5soifORbh_-a-Mn. Acesso no dia 09 de
Outubro de 2022.

BRASIL, MDS - Caderno CREAS. Disponível em:

https://aplicacoes.mds.gov.br/snas/documentos/04-caderno-creas-final-
dez..pdf. Acesso no dia 10 de Outubro de 2022.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05.10.1988. Brasília,


1988. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm. Acesso no dia 10 de Outubro


de 2022.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.069/90. São Paulo, Atlas,


1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso no
dia 09 de outubro de 2022.
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CFESS, Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de


Assistência Social, 2011. Disponível em:

http://www.cfess.org.br/arquivos/Cartilha_CFESS_Final_Grafica.pdf. Acesso no
dia 10 de Outubro de 2022.

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