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Um país que preza pela segurança e bem estar da população é um país que se
desenvolve e torna-se lugar de morada para a nação. Sabe-se que algumas tragédias,
sobretudo relacionadas à criminalidade, estão sujeitas a acontecer em diversos ambientes,
por isso, o Brasil elaborou políticas de amparo à segurança e prevenção para proteção à
população. Em instituições que acomodam crianças e adolescentes, como creches e escolas,
essa proteção deve ser redobrada e garantido o resguardo a toda a essa população
vulnerável. É lamentável que tragédias como a ocorrida na creche de Blumenau (BORGES
& PACHECO, 2023) possam sobrevir nesses ambientes, é necessário, desse modo,
tomarem-se, ações interventivas para a elaboração de estratégias de prevenção, acolhimento
e prestação de apoio às vítimas.
Para isto, políticas como o Serviço de Proteção Social Especial (PSE),
fundamentam e organizam a oferta de serviços, programas e projetos de caráter
especializado, com o intuito de “contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e
comunitários” (CREAS, p.17, 2012), possibilitando o fortalecimento de proteção às
famílias e indivíduos para o enfrentamento de situações de risco pessoal e social em
decorrência da violação de direitos.
A primeira ação política após uma tragédia é identificar todas as famílias afetadas,
o processo de sofrimento vivenciado e sua especificidade, se houveram perdas e o grau de
danos. Nesse momento é realizado o reconhecimento da heterogeneidade do corpo familiar
e suas variadas demandas, considerando que cada família irá vivenciar o luto e os traumas
da tragédia de uma forma distinta. Após a identificação, uma ação é necessária para realizar
o acolhimento e a avaliação de risco que a família possa ainda correr e como mitigar o
sofrimento já vivenciado. De acordo com a gravidade da situação de cada família uma
modalidade de serviço é acionada nas formas de Proteção Social Especial de Média
Complexidade (PSE/MC) e Proteção Social Especial de Alta Complexidade (PSE/AC).
A Proteção Social Especial de Média Complexidade (PSE/MC) envolve contextos
nos quais a demanda de serviços, programas e projetos requerem maior estruturação técnica
e operativa mais definidas e são destinados ao atendimento de famílias e indivíduos em
situação de risco pessoal e social, por violação de direitos. Em decorrência da fragilidade e
do agravamento destas situações, é necessário que haja acompanhamento especializado
constante, de forma individualizada e articulada com outros serviços da rede (CREAS,
2012). No caso de um ataque às creches ou escolas do munícipio, será necessário um
acompanhamento com as famílias afetas e a realização de encaminhamentos aos serviços
especializados de saúde para contenção e apoio para passarem pelo sofrimento vivido,
aprendendo a lidar de forma saudável com o processo de luto e sendo instruídos a tomarem
medidas para proteção de toda a família.
As unidades de referência a que se remetem os serviços de Proteção Social
Especial de Média Complexidade são: o Centro de Referência Especializado de Assistência
Social (CREAS) e o Centro de Referência Especializado para População em Situação de
Rua (Centro POP). O CREAS é o mais indicado para o contexto das famílias atingidas, pois
lá serão realizados acompanhamentos e encaminhamentos conforme as demandas da
família, sendo disponibilizados serviços de saúde, apoio socioassistencial, apoio
psicológico e outros serviços vinculados à rede de apoio municipal para manutenção da
segurança familiar. Nesses casos, para suporte há o Serviço de Proteção e Atendimento
Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) que fornece suporte e proteção às famílias e
indivíduos em situação de violação de direitos (MDASFCF, 2019a) e o Serviço
Especializado em Abordagem Social, que desenvolve ações planejadas de aproximação,
escuta qualificada e construção de vínculo de confiança com pessoas e famílias em situação
de risco pessoal e social nos espaços públicos (MDASFCF, 2019).
Já a Proteção Social Especial de Alta Complexidade (PSE/AC) tem como o objetivo
ofertar serviços especializados, em diferentes modalidades e equipamentos, com vistas a
afiançar segurança do acolhimento a famílias e indivíduos distanciados temporariamente do
núcleo familiar ou comunitários do qual fazem parte. De acordo com o MDS (2012, p.21),
para oferta desse serviço:
Deve-se assegurar proteção integral aos sujeitos atendidos, garantindo atendimento
personalizado e em pequenos grupos, com respeito às diversidades (ciclos de vida,
arranjos familiares, raça/ etnia, religião, gênero e orientação sexual). Tais serviços
devem primar pela preservação, fortalecimento ou resgate da convivência familiar e
comunitária - ou construção de novas referências, quando for o caso - adotando,
para tanto, metodologias de atendimento e acompanhamento condizente com esta
finalidade (MDS, 2019, p. 21).
Referências
BORGES, C., PACHECO, J. Quatro crianças são mortas em ataque a creche em Blumenau;
homem foi preso. Globo.com. São Paulo, 2023. Disponível em:
https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2023/04/05/ataque-creche-blumenau.ghtml
Acesso em: 07/07/2023.
MDASFCF – Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à
Fome. Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos. Gov.br. Brasília – DF, 2019a.
Disponível em: https://www.gov.br/mds/pt-br/acoes-e-programas/assistencia-social/servicos-
e-programas-1/paefi Acesso em: 06/07/2023.