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Psicologia e Proj

Comunitários II

A S S I S T Ê N C I A S O C I A L
Questão Social
• Expressa as contradições sociais, políticas, econômicas e culturais presentes no modelo
de desenvolvimento capitalista;

• Traduz as desigualdades vigentes na sociedade;

• Exige positividade do Estado por meio da responsabilização e da oferta de respostas


qualitativas às situações manifestas, em especial com a instituição de políticas sociais
públicas.
Assistência Social
• A Assistência Social é política pública de Estado que consta na Constituição Federal de
88.

• A Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), datada de 1993, já previa, em seus artigos 18
e 19, a elaboração de uma Política Nacional de Assistência Social, que foi, finalmente,
aprovada, em 22 de setembro de 2004, pelo Conselho Nacional de Assistência Social
(CNAS).

• Surgia assim uma Política Nacional de Assistência Social voltada à defesa do direito de
cidadania e definida como responsabilidade do Estado.
segurança pública, a educação, o meio

Assistência Social ambiente, a saúde, etc.

• Realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, considerando as desigualdades


socioterritoriais, visando a seu enfrentamento, à garantia dos mínimos sociais, ao
provimento de condições para atender a contingências sociais e à universalização dos
direitos sociais.

• O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é aprovado na Lei nº 12.435, de 2011, e


tem a função de um sistema articulador e provedor de ações no qual se estabelece a
hierarquia e as responsabilidades dos atores do sistema na atenção ao cidadão na oferta
de serviços, programas, projetos, benefícios e ações de assistência social.
Antes do SUAS Com o SUAS
Ausência de responsabilidade do Estado na Dever do Estado na oferta dos serviços de
oferta de serviços e no atendimento à situação referência local ou regional para a recomposição
de violação de direitos. dos direitos violados.

Serviços, programas e projetos planejados e Serviços continuados por níveis de proteção


executados de forma fragmentada, segmentada e social (básica e especial), com foco prioritário
focalizada no indivíduo. de atenção à família.

Inexistência de equipamento de referência para A PNAS prevê dois centros de referência para o
o atendimento aos usuários de Assistência atendimento das famílias e indivíduos: CRAS e
Social. CREAS. Universalizando o acesso ao direito.
O que são serviços socioassistenciais?
• No art. 2º da LOAS, a assistência social tem por objetivos:

1. A proteção social:

a) a proteção à família, à maternidade, infância, à adolescência e à velhice;

b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;

c) a promoção da integração ao mercado de trabalho;

d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à


vida comunitária; e

e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso


que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua
No art. 2º da LOAS, a assistência social tem por objetivos:
• A vigilância socioassistencial que visa analisar territorialmente a capacidade protetiva das
famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; e;
produção de informações, indicadores e índices territorializados
de vulnerabilidade
• A defesa de direitos que visa a garantir e riscos.
o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões
socioassistenciais.

• Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma


integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para
atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais.
Na Proteção Social, o SUAS se organiza em
dois níveis de complexidade:
• Proteção social básica: conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da
assistência social que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social
por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento
de vínculos familiares e comunitários;

• Proteção social especial: conjunto de serviços, programas e projetos que tem por
objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários,
a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a
proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de
violação de direitos, que devem ser caracterizados como de Média ou Alta
complexidade

(BRASIL. Lei nº 12.345, art. 6-A, 2011).


Proteção Social Básica - CRAS
• Na Proteção Social Básica (PSB), o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é a
unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com maiores índices de
vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no seu
território de abrangência e à prestação de serviços, programas e projetos socioassistenciais de
proteção social básica às famílias (BRASIL. Lei nº 12.435).

• O CRAS pode ser considerado como uma das portas de entrada no SUAS enquanto equipamento
de base territorial que desempenha a função de gestão da proteção social básica e a oferta
obrigatória do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), além da oferta
do Serviço de convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e o Serviço de PSB para PCD
e idoso no domicílio.
CRAS – Rio Preto

• 13 unidades: Jardim Antunes, Centro,


Cidadania, Eldorado, Jardim Belo
Horizonte, João Paulo II, Lealdade e
Amizade, Novo Mundo, Santo Antônio,
São Deocleciano, Schmitt, Solo
Sagrado e Vila Toninho
Proteção Social Básica - CRAS
Serviços Proteção
Básica - Tipificados
pela Resolução
109/2009

• Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF);

• Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.

• Serviço de Proteção Básica no domicílio para pessoas com deficiências e idosas.


CRAS - PAIF
• O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF consiste no trabalho social com
famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias,
prevenir a ruptura de seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na
melhoria de sua qualidade de vida. Prevê o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das
famílias e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, por meio de ações de caráter
preventivo, protetivo e proativo. Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2009

• Tem como princípios dois pilares:

PAI
F

Território
Família
“(...) Núcleo afetivo, vinculada por laços consanguíneos, de
aliança ou afinidade, onde os vínculos circunscrevem
obrigações recíprocas e mútuas, organizadas em torno de
CRAS - PAIF relações de geração e gênero”. NOB/05

A família é reconhecida como núcleo primário de


afetividade, acolhida, convívio, sociabilidade, autonomia,
sustentabilidade e referencia no processo de
desenvolvimento e reconhecimento de cidadania. E o
Estado tem o dever de prover proteção socias às famílias
a fim de possibilitá-las ao exercício da função protetiva.

O trabalho social com famílias do PAIF é baseado no


respeito à heterogeneidade dos arranjos familiares, aos
valores, crenças e identidades das famílias.
Fundamenta-se no fortalecimento da cultura do diálogo,
no combate a todas as formas de violência,
preconceito, de discriminação e de estigmatização nas
relações familiares, na potencialização dos recursos
disponíveis, formas de organização, sociabilidade e
redes informais de apoio
Importante – Interrelação CRAS e PAIF
O Serviço de Proteção e
Todo Centro de Referência de Atendimento Integral à Família -
Assistência Social - CRAS, PAIF é uma atribuição exclusiva do
deve, obrigatoriamente poder público e é desenvolvido
implementar o Serviço de necessariamente no Centro de
Proteção e Atendimento Integral Referência de Assistência Social -
à Família - PAIF. CRAS.
Ou seja,
O PAIF só é executado no CRAS
Todo CRAS executa, obrigatoriamente, o PAIF
assim

• o PAIF e o CRAS não são sinônimos.

• SÃO, respectivamente, um serviço e uma unidade intrinsecamente relacionados.


CRAS – PAIF
Ações que compõem o PAIF
Recepção no CRAS
• Acolhida
Entrevista
Visita Domiciliar
Grupos de famílias
• Atividades com famílias Atendimento Particularizado
Atendimento particularizado domiciliar
Reuniões de planejamento participativas
• Atividades coletivas/Comunitárias Palestras
Campanhas Socioeducativas
Eventos comunitários
Encaminhamento, com acompanhamento, para benefícios e serviços
• Encaminhamentos
socioassistenciais ou para as demais políticas setoriais.
É nessa etapa que será definido

CRAS- PAIF Atendimento de PAIF x Acompanhamento


de PAIF (PAF)

• Acolhida
• Processo de contato inicial com o usuário do PAIF, com objetivo de instituir vínculo entre
as famílias e o PAIF, necessário para a continuidade do atendimento socioassistencial
iniciado. A recepção consiste na recepção e escuta qualificada das necessidades e
demandas trazidas pela população, com oferta de informações sobre serviços, programas,
projetos e benefícios da rede socioassistencial e demais políticas setoriais, bem como
defesa de direitos.

• A acolhida é PRIMORDIAL na garantia de acesso da população ao SUAS e de


compreensão da assistência social como direito de cidadania.

Estudo Social
CRAS- PAIF
• Atividades com Famílias
Consiste na oferta de atividades planejadas e continuadas, com objetivos específicos, em
especial grupos de famílias, que valorizam o convívio, protagonismo, autonomia, fortalecimento
de vínculos familiares e comunitários e o desenvolvimento de projetos coletivos. A abordagem
interdisciplinar e a utilização de espaços apropriados são fundamentais para a garantia do
atendimento integras às famílias.

• O princípio fundamental que deve nortear as atividades é o reconhecimento de que as famílias


são protagonistas de suas historias mas sofrem os impactos da realidade socioeconômica e
cultural nas quais estão inseridas, em especial as contradições do território.
CRAS- PAIF
• Atividades Coletivas/Comunitárias
• São processos coletivos e/ou comunitários voltados para a dinamização das relações no território do
CRAS; a defesa ou efetivação de direitos decorrentes de mobilização de grupos ou comunidades ou
como decorrência de projetos coletivos propostos pelos grupos que participam dos serviços
socioeducativos. Tem como objetivo evidenciar as demandas da comunidade, promover participação
ativa das famílias referenciadas, bem como agir de forma a prevenir as potenciais situações de risco
sociais identificadas.
• Constituem importantes instrumentos de comunicação comunitária, mobilização social e
desenvolvimento do protagonismo, devido ao seu papel na divulgação e promoção do acesso a direitos,
bem como sensibilizar a comunidade, fazendo-a reconhecer as condições de vida do seu território, as
possibilidades de mudança, as iniciativas já existentes no territórios que podem ser utilizados na
melhoria da qualidade de vida da comunidade.
Constituem escopo das oficinas com famílias no PAIF:
Na esfera familiar: Na esfera comunitária/territorial:
• Fomentar vivências que questionem padrões estabelecidos e • Estimular a identificação das vulnerabilidades e recursos do território
estruturas desiguais, estimulando o desenvolvimento de e seus impactos na vida das famílias, promovendo a reflexão sobre a
autoestima positiva dos membros das famílias; realidade vivenciada, o fortalecimento das redes sociais de apoio, a
• Estimular a socialização e a discussão de projetos de vida, a identificação das articulações intersetoriais necessárias e a mobilização
partir de potencialidades coletivamente identificadas; para a potencialização da rede de proteção social do território;
• Possibilitar a discussão sobre as situações vivenciadas pelas • Promover espaços de vivência que contribuam para a
famílias e as diferentes formas de lidar com tais situações, por autocompreensão, ou seja, que possibilitem aos membros das famílias
apreenderem-se como resultado das interações entre os contextos
meio da reflexão sobre os direitos, os papéis desempenhados e
familiar, comunitário, econômico, cultural, ambiental entre outros nos
os interesses dos membros das famílias; quais estão inseridos, assumindo-se como sujeitos capazes de realizar
• Propiciar a melhoria da comunicação e fomentar a cooperação mudanças, pois “quanto mais sabemos por que agimos como agimos
entre os membros das famílias; (...) provavelmente seremos mais capazes de influenciar nossos próprios
• Romper com preconceitos, estereótipos e formas violentas de futuros”
interação e repensar os papéis sociais no âmbito da família. • Proporcionar o compartilhamento de experiências, o desenvolvimento
das habilidades de negociação e mobilização, com vistas ao exercício do
protagonismo e autonomia;
CRAS- PAIF
• Encaminhamentos
• Consiste no processo de encaminhamento voltado para a promoção do acesso dos usuários do

SUAS aos demais serviços socioassistenciais, políticas setoriais e programas de


transferência de renda e benefícios assistenciais. Sua efetividade depende de um
investimento do Município na promoção da intersetorialidade local, bem como da capacidade
da gestão local em estabelecer fluxos de encaminhamentos e articulações intersetoriais no
âmbito do território.
• Os encaminhamentos constituem importantes instrumentos de inclusão e, em consequência, de

desenvolvimento social, pois formam uma rede de proteção social com potencialidade para
articular os diversos saberes e práticas que apresentem respostas inovadoras à complexidade
Impacto Esperado do PAIF
• Contribuir para:
• Redução da ocorrência de situações de vulnerabilidade social no território de abrangência
do CRAS;
• Prevenção de ocorrência de riscos sociais, seu agravamento ou reincidência no território
de abrangência do CRAS;
• Aumento de acessos a serviços socioassistenciais e setoriais;
• Melhoria da qualidade de vida das famílias residentes no território de abrangência do
CRAS.
CRAS – PAIF - Equipe
• Os profissionais responsáveis pela oferta dos serviços, programas, projetos e benefícios de
proteção social básica e especial constituem as equipes de referência. Essa formação deve
considerar o número de famílias e indivíduos referenciados, o tipo de atendimento e as
aquisições que devem ser garantidas aos usuários.

• Ser equipe de referência significa que a população, se precisar, sabe que pode contar com
essa equipe, uma vez que a oferta dos serviços tem caráter contínuo.
CRAS – PAIF - Equipe
• Um (1)
Coordenador,
concursado, com
experiência em
trabalhos
comunitários e
gestão de
programas,
projetos, serviços e
benefícios
socioassistenciais.
As ações do PAIF não devem possuir caráter terapêutico!
• Ao avaliarem a existência de uma demanda para atendimento psicoterapêutico, psicodiagnóstico e/ou
psicopedagógico no território, os profissionais do CRAS devem mobilizar a rede intersetorial, o
órgão gestor da política de assistência social (para o encaminhamento ao órgão gestor competente, na
ausência dos serviços demandados no território) e os órgãos de controle social, a fim de promover o
acesso das famílias aos serviços cabíveis, que atendam esse tipo de demanda.

• O entendimento de que as práticas clínicas não compõem o rol de ações do PAIF também não nega
que os profissionais dos CRAS com formação em psicologia utilizem seus conhecimentos para atender
e acompanhar as famílias, possibilitando, por meio desta ação, uma escuta dos aspectos subjetivos
envolvidos nas situações de vulnerabilidades vivenciadas pelas famílias, possibilitando, quando for o
caso, o encaminhamento aos serviços adequados na rede
Usuários PAIF
São destinatários do PAIF as famílias em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, do
precário ou nulo acesso aos serviços públicos, fragilização de vínculos de pertencimento e sociabilidade
e/ou qualquer outra situação de vulnerabilidade e risco social residentes nos territórios de abrangência dos
CRAS, prioritariamente:

• Famílias dos programas de transferência de renda (Auxílio Brasil)

• Famílias em extrema pobreza

• Famílias do BPC

• Famílias egressas da PSE


Características do Profissional
• Capaz de fazer boas perguntas e interpretar as respostas

• Ter uma noção clara das questões sociais que estão sendo estudadas

• Ser bom ouvinte e não ser enganado por suas próprias ideologias e preconceitos

• Ser imparcial em relação a noções preconcebidas, incluindo aquelas que se originam de


uma teoria

• Capaz de ser adaptável e flexível, de forma que as situações recentemente encontradas


possam ser vistas como oportunidades e não ameaças.
Referências
• Política Nacional de Assistência Social - PNAS/2004

• Norma Operacional Básica - NOB/SUAS 2012

• Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2009.

• Lei 8742 – Lei Orgânica da Assistência Social

• CREPOP. Referências Técnicas para atuação de Psicólogas(os) no CRAS/SUAS. ed. —


Brasília : CFP , 2O21

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