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Federação Nacional dos Sociólogos - FNS

Atuação do Sociólogo/a na Política de


Assistência Social

Luciana Bolognini

Colaboração
Naiara Teixeira
Luciene Cristina
Heder Sousa
Silvia Mara Pereira
Tânia Magno
Ricardo Antunes de Abreu
Novembro de 2011

Federação Nacional dos Sociólogos


CNPJ 26.229.666/0001-00
Av. Dona Amália Golin Pagnoncelli, 10
Jd. Rosa de França CEP: 07081-200
Guarulhos - SP
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1- Apresentação

Com o intuito de contribuir com o processo de debates1relativo às categorias profissionais de


nível superior que compõem os Recursos Humanos (RH) do Sistema Único de Assistência Social - SUAS a
Federação Nacional dos Sociólogos – FNS elaborou o presente documento para orientar a atuação do
profissional formado em Ciências Sociais (Sociologia, Antropologia e Ciência Política) na política pública
de Assistência Social.

Para a elaboração desta Nota técnica foi realizada uma pesquisa nas diversas legislações e
normatizações que formam o arcabouço da política pública de Assistência Social, a saber:

• Política Nacional de Assistência Social (PNAS 2004);


• Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS)
• Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOBSUAS 2005),

• Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS


2006),

• Tipificação Nacional dos Serviços socioassistenciais (Resolução CNAS nº109/09),

• Resolução CNAS nº 17/2011.


• Resolução CNAS nº 04/2011

Neste arcabouço legal e normativo são observados, dentre outros, os objetivos a serem
alcançados pela PNAS: as seguranças a serem afiançadas pelos serviços; o trabalho essencial à prestação
do serviço; os princípios éticos dos trabalhadores da Assistência Social; a orientação quanto à atuação de
equipe multidisciplinar; a organização do sistema de forma descentralizada.

1
- Processo de debate público realizado pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate a Fome – MDS e o Fórum Nacional dos Trabalhadores – FNTSuas, durante o ano de 2010.
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Assim, face ao acima exposto, para a confecção desta Nota Técnica, foram levantados quais os
conhecimentos, técnicas e estratégias o sociólogo possui e que podem contribuir para a implantação,
execução, gestão e consolidação o SUAS.

Cabe ressaltar que as atribuições profissionais do sociólogo estão referenciadas em legislação,


nos documentos e normativas que delimitam a atuação deste profissional a saber:

• Lei 6.888/80 - dispõe sobre a criação da profissão de Sociólogo,


• Decreto 89.531/84 - dispõe sobre a regulamentação da profissão de Sociólogo,

• Classificação Brasileira de Ocupações,


• Código de Ética do Sociólogo,
• O Sociólogo e sua contribuição na implantação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS 2,

• Ofício 103/10 – enviado ao CONGEMAS, MDS e CNAS em 20103.

Fundamentada nos documentos e legislação acima citados a presente Norma Técnica busca
orientar a atuação do/a sociólogo/a no SUAS, tanto nos equipamentos públicos ou privados de Proteção
Social bem como na gestão da política de Assistência Social. A participação efetiva do sociólogo no
SUAS, é certo, contribuirá no processo de emancipação humana e política na defesa dos direitos
socioassistenciais de trabalhadores e usuários.

2
Documento entregue ao Ministro Patrus Ananias, do Ministério do Desenvolvimento Social, durante o Congresso Regional de
Sociólogos, realizado em Belo Horizonte-MG, em 22 de setembro de 2009. Disponível em:
http://sites.google.com/site/congressoregionaldossociologos/home/documento-entre-ao-ministro

3
Oficio no qual Federação Nacional dos Sociólogos - FNS solicitou medidas visando a inclusão do/as sociólogos/as na equipe de
referência do SUAS, especificamente no Sistema de Vigilância Socioassistencial em conformidade com a moção apresentada
pela - FNS dentro da VII Conferência Nacional de Assistência Social, disponível em:
http://sites.google.com/site/congressoregionaldossociologos/home/oficio-enviado-ao-mds-cnascongemas
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2 - Introdução

A Política Nacional de Assistência Social, aprovada pelo governo federal em 2004, é um grande
passo na história do país no sentido de reconhecer a exclusão social como produto da sociedade e de
reiterar, portanto, a responsabilidade do Estado na promoção e garantia da proteção social.

Tendo como arcabouço a Constituição Federal de 1988, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS
1993) e as demandas sociais advindas de Conferências da área, a PNAS materializa a construção da
política pública de Assistência Social e o seu reconhecimento enquanto direito de cidadania,
estabelecendo princípios, diretrizes e objetivos para o seu redesenho e renovação nas bases de um
sistema ainda em implementação, o SUAS, Sistema Único da Assistência Social.

Tal processo visa promover o estabelecimento de ações responsáveis e comprometidas com o


protagonismo, a sustentabilidade, a construção da autonomia, o acesso a oportunidades, a qualidade na
oferta dos serviços, a socialização de bens e conquistas, a construção de projetos de vida pessoais e
coletivos, entre outras, junto àqueles que delas necessitarem.

Além disso, e para que tais ações sejam viabilizadas, a PNAS propõe uma gestão baseada no
pacto federativo em que ficam definidas atribuições e competências para os três níveis de governo.
Compõem ainda a provisão do sistema de proteção os importantes elementos de monitoramento,
avaliação e, especialmente, o da participação plural e abrangente no controle social da política.

O foco da ação da PNAS é na família e no território e sendo assim, faz necessário um agir dentro
da perspectiva de integração entre indivíduo/família e território, colaborando para a construção do
sentimento de pertencimento a uma coletividade (CARVALHO: 2011). Os vínculos relacionais de
pertencimento são essenciais para a efetividade da proteção social e desenvolvimento socioterritorial.
Da mesma forma as redes sociais4 existentes no território são fundamentais para apoiar e sustentar os
vínculos relacionais e institucionais.

O SUAS prevê a implantação da vigilância socioassistencial que visa produzir, sistematizar e


construir informações, indicadores e índices das situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social.
Identificar a existência de pessoas em situação de abandono e de redução de capacidade pessoal, em
situação de exploração, maus tratos, ameaça, violência e vítimas de apartação social. Também deve
exercer o monitoramento e avaliação dos padrões dos serviços ofertados.

4
Organizações, serviços, projetos, grupos, vínculos, instituições
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A política pública de Assistência Social ocorre por meio de atividades continuadas e permanentes
(acompanhamento sociofamiliar) e da oferta de benefícios de prestação continuada e eventuais voltados
às necessidades da população. Um conjunto de ações integradas e complementares que visam qualificar,
incentivar, potencializar e melhorar a condição de vida da população.

Segundo a Norma Operacional Básica do SUAS – NOB/SUAS 2005 é essencial para execução da
política pública de Assistência Social a realização de atividades socioeducativas que visem à redução e a
prevenção do impacto das vicissitudes sociais e naturais dos ciclos de vida, proporcionando acesso ao
conhecimento dos direitos sociais e dos mecanismos para sua defesa. Desta forma, a nova organização
da assistência social rompe com as idéias tutelares, de subalternidade e de gestão da pobreza.

O novo contexto da política de assistência social passou a exigir a profissionalização e atuação


multidisciplinar nas atividades de gestão da política pública, na gestão dos benefícios, nos serviços
socioassistenciais, nos projetos e programas de enfrentamento à pobreza, nos processos de
planejamento, monitoramento e avaliação, e por fim na vigilância socioassistencial.

A atuação do profissional sociólogo/a esta em conformidade com a NOBRH/SUAS 20065 o item 6


do Capítulo II – Princípios e diretrizes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS, estipula a
contratação de profissionais com profissões regulamentadas por lei.

“De acordo com as atribuições dos diferentes níveis de gestão do Suas, definidas na
NOB/SUAS, compete a cada uma delas contar e manter o quadro de pessoal qualificado
academicamente e por profissões regulamentadas por Lei, por meio de concurso (...)”
(NOB-RH/SUAS, p. 15).

A NOB-RH/SUAS define as funções essenciais para a gestão do SUAS: gestão, coordenação,


planejamento, cooperação técnica, assessoria, apoio, capacitação, gerenciamento,
diagnóstico, monitoramento, gestão do trabalho e controle do sistema público de
Assistência Social – execução dos serviços, programas, projeto e benefícios
socioassistenciais. ( NOB-RH/SUAS, p.24)

A Tipificação Nacional dos serviços socioassistenciais dispõe sobre a padronização dos serviços,
definindo o trabalho social essencial para execução dos serviços:

5
- Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS, Resolução CNAS nº 269, de 13 de dezembro de 2006.
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• Atividades e campanhas socioeducativas e comunitárias;
• Mobilização social para o exercício da cidadania;
• Desenvolvimento e estímulo ao convívio familiar, comunitário e a organização da vida
cotidiana;

• Mobilização e fortalecimento das redes sociais de apoio;


• Elaboração de relatórios e notificação da ocorrência de situações de violações de direitos;

• Organização do sistema de informação - banco de dados de usuários e das entidades sociais


e cadastramento socioeconômico;

• Elaboração de instrumentos técnicos de conhecimento do território: vigilância


socioassistencial, diagnóstico socioeconômico e estudo social;

• Produção de orientação técnica e de materiais informativos;


• Desenvolvimento de projetos para enfrentamento à pobreza;
• Monitoramento e avaliação dos serviços socioassistenciais;
• Construção do fluxo da rede de atendimento socioassistencial e articulação com outras
políticas setoriais (intersetoriedade); • Informação, comunicação e defesa dos direitos;

• Acompanhamento familiar6.
A Resolução CNAS nº 17, de junho de 2011 para atender as requisições específicas dos serviços
socioassistenciais reconheceu as categorias profissionais7 de nível superior que podem integrar as
equipes de referência8, conforme

6
“considera-se acompanhamento familiar no âmbito do PAIF ou do PAEFI aquele acompanhamento realizado por meio de
atendimentos sistemáticos e planejado com objetivos estabelecidos, que possibilitem às famílias/indivíduos o acesso a um
espaço onde possam refletir sobre sua realidade, construir novos projetos de vida e transformar suas relações, sejam elas
familiares ou comunitárias. (Art. 4º, Resolução CNAS nº 4/2011)

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“a necessidade de estruturação e composição, a partir das especificidades e particularidades
locais e regionais, do território e das necessidades dos usuários, com a finalidade de aprimorar e
qualificar os serviços socioassistenciais” (artigo 2º §1º, Resolução nº 17/2011).

Os Sociólogos compõem o conjunto de “categorias profissionais de nível superior que,


preferencialmente, poderão atender as especificidades dos serviços socioassistenciais” e da gestão do
SUAS (artigo 3º, Resolução nº 17/2011) .

Portanto, a Ciências Sociais contribui com uma gama de conhecimentos, que fortalece e aprimora
a política de assistência social; por meio da participação no planejamento, implantação, execução,
monitoramento e avaliação das ações da assistência social que busquem amenizar ou reverter os
quadros de vulnerabilidade e risco social. As habilidades e técnicas de pesquisa social, de construção de
instrumentais para registro da realidade do território são importantes instrumentos para a realização da
vigilância socioassistencial.

3 - Objeto da Sociologia e a contribuição desta para a consolidação da política de assistência social

A Sociologia é uma das ciências pilares no subsídio à instituição da política pública de Assistência
Social. Ao colaborar para a construção de uma compreensão histórica e social da realidade do país, no
contexto das relações sociais produzidas pelo sistema capitalista, a Sociologia oferece meios para pensar
o atuar efetivo sobre os processos e fenômenos da exclusão (social, econômica, política, etc.).

A compreensão científica e afirmação teórica da Sociologia, apoiadas num amplo escopo das
ciências humanas – Antropologia, Ciência Política, História, Filosofia, Psicologia Social, Economia –,
trazem à tona os fatores determinantes na produção das realidades micro e macro sociais situadas no
interior de uma sociedade fundamentalmente desigual na distribuição de riqueza e na garantia de
direitos. Bem como, com base na Ciência Política, torna possível conhecer da cultura institucional do
Brasil e as limitações que historicamente os grupos dominantes impuseram à população na condução e
ocupação dos espaços de poder, marcadamente anti participativos e anti democráticos.
7
Entende-se por categorias profissionais de nível superior para atender as especificidades dos serviços aquelas que possuem
formação e habilidades para o desenvolvimento de atividades específicas e/ou de assessoria à equipe técnica de referência.
(artigo nº2, §2º , Resolução nº 17/2011)”.

8
Equipe de referência definidas no artigo 1º desta Resolução é composta por Assistente Social, Psicólogo e Advogado.
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A sociologia ao debruçar-se sobre os processos e eventos sociais, tem como uma de suas
características fundamentais, a visão de contexto, que toma em consideração, diversos fatores,
permitindo que sejam identificadas dimensões recorrentes da vida coletiva, em sociedade. Portanto, a
diversidade do conhecimento sociológico acerca das questões socioeconômicas, culturais, do mundo do
trabalho, da infância e adolescência, da educação, do lazer e esporte, do rural e urbano, da família e da
organização social, entre outras, contribuiu para a reflexão sobre os processos e condições sociais que
justificam e exigem a atuação pública (estatal) sobre as situações de vulnerabilidades e risco social.
Concomitantemente, fornece instrumental e subsídios empíricos por meio de técnicas de pesquisa, para
identificar as singularidades dos diferentes setores sociais e formas de organização social: etnia,
escolaridade, comportamento, condições de moradia, trabalho, renda, participação e mobilização social,
dentre outros.

Desta forma, o conhecimento sociológico contribui para a gestão da política de assistência social,
na conformação dos diagnósticos socioterritoriais, no monitoramento e na avaliação dos serviços,
projetos e programas. Ainda contribui para os processos de produção e gestão da informação que
subsidiam a tomada de decisão por parte dos gestores que atuam em instâncias públicas e privadas de
proteção e desenvolvimento social.

As atividades de gestão e execução do SUAS estão em consonância e permeiam a atuação do


sociólogo – e vice-versa. Identificamos as atividades que vão ao encontro a área de atuação do sociólogo
e fundamentam, conseqüentemente, sua participação na equipe multidisciplinar.

É possível constatar a presença do profissional das Ciências Sociais colaborando com a gestão da
política de Assistência Social bem como atuando nos equipamentos de Proteção Social básica e especial
do SUAS integrando as equipes multidisciplinares, seja no âmbito estadual ou municipal.

Portanto ao atuar na política de Assistência Social, o Sociólogo pode desempenhar uma série de
atividades, dentre as quais destacamos:

• Produção e gestão da informação, para subsidiar a tomada de decisão de gestores (públicos


e privados);

• Elaboração de relatórios e notificação da ocorrência de situações de violações de direitos;

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• Estudos sobre a demanda por equipamentos da Assistência Social a capacidade de
atendimento, - a produção de conhecimento a cerca do público atendido, do não atendido,
buscando identificar as demanda latente;
• Organização do sistema de informação - banco de dados de usuários, das
entidades sociais, cadastramento socioeconômico,
acompanhamento familiar;

• Construção do fluxo da rede de atendimento socioassistencial e articulação com outras


políticas setoriais (intersetoriedade);

• Diagnóstico, planejamento, monitoramento e avaliação de projetos para enfrentamento à


pobreza;

• Estratégias para a diminuição da incidência dos fatores que causam a vulnerabilidade e a


violação de direitos - tais como o trabalho infantil, a violência doméstica contra crianças,
adolescentes e mulheres, a exploração sexual, o abandono, o uso de substâncias psicoativas,
etc ;

• Desenvolvimento de estratégias e instrumentais de pesquisa que permitam o diagnóstico e a


consolidação de dados sobre as situações de risco e vulnerabilidade da realidade
socioterritorial em sua complexidade;

• Incentivo e estímulo para o convívio familiar, comunitário e da organização da vida


cotidiana;

• Acompanhamento familiar sistemático por meio da oferta de serviços e benefícios


socioassistenciais;

• Execução de atividades e campanhas socioeducativas que visem a mobilização social e


individual para o exercício da cidadania e defesa dos direitos;

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• Mobilização e fortalecendo as redes sociais de apoio comunitário e familiar;

• Participação em campanhas socioeducativas e atividades comunitárias que promovam o


protagonismo dos usuários;

• Formulação de orientação técnica de materiais informativos.

Dessa forma, o objeto da sociologia e as atribuições dos sociólogos apresentam-se com forte
relação com as especificidades da política de Assistência Social.
4 - Princípios éticos dos sociólogos e dos trabalhadores do SUAS
O código de ética da profissão sociólogo estabelece princípios éticos e fundamentais para a
atuação do sociólogo, definindo como tarefas do profissional de sociologia, a realização de investigação
sobre a realidade social, a divulgação pública dos resultados de suas pesquisas e a interpretação da
realidade dos fatos e das relações sociais, na busca de melhoria das condições de vida da população.

Os profissionais da sociologia têm o compromisso em produzir informações a respeito da


realidade social e sua divulgação pública; lutar pelo exercício da soberania popular e auto-determinação
dos povos; opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, defendendo os princípios expressos na
Declaração Universal dos Direitos do Homem; garantir o sigilo profissional sobre todas as informações
confiadas e / ou colhidas no exercício profissional.

A NOB-RH SUAS, no Capítulo III – Princípios éticos para os trabalhadores da


assistência social, determina que a normatização e regulação das atividades profissionais no
SUAS deve considerar os princípios éticos de cada profissão.

Além das prerrogativas éticas de cada categoria profissional, o trabalhador do SUAS deve pautar
sua atuação no reconhecimento da Assistência Social como direito constitucional que deve ser
defendido; e que todos os usuários têm direito ao acesso à benefícios e serviços socioassistenciais de
qualidade que considere a singularidade e privacidade do usuário.

O trabalhador deve ter compromisso em prestar serviços que garantam à convivência familiar e
comunitária, o exercício da cidadania, a dignidade humana, respeitando a autodeterminação –

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autonomia e liberdade de escolha. Todas as atividades desenvolvidas no SUAS devem ser na perspectiva
de impulsionar potencialidades e a emancipação de seus usuários.
5 - Competências e atribuições profissionais dos/as sociólogos/as
A atuação do profissional graduado em Ciências Sociais, Ciências Políticas, Ciências
Sociais, Sociologia e Política e / ou Antropologia é orientada pelos direitos e deveres que
constam na Lei 6.888/80, decreto 89.531/84 que cria e regulamenta a profissão de Sociólogo.
Para o exercício da profissão de Sociólogo/a, a Lei nº 6.888/80 determina a realização de registro
no órgão competente do Ministério do Trabalho.

A lei que cria a profissão do sociólogo/a define em seu artigo 2º as competências deste profissional:

ι . elaborar, supervisionar, orientar, coordenar, planejar, programar, implantar, controlar, dirigir,


executar, analisar ou avaliar estudos, trabalhos, pesquisas, planos, programas e projetos
atinentes à realidade social;

ι ι . ensinar Sociologia Geral ou Especial, nos estabelecimentos de ensino, desde que cumpridas as
exigências legais;

ι ι ι . assessorar e prestar consultoria a empresas, órgãos da administração pública direta ou indireta,


entidades e associações, relativamente à realidade social;

ι ς . participar da elaboração, supervisão, orientação, coordenação, planejamento, programação,


implantação, direção, controle, execução, análise ou avaliação de qualquer estudo, trabalho,
pesquisa, plano, programa ou projeto global, regional ou setorial, atinente à realidade social.

A Classificação Brasileira de Ocupações reafirma estas competências na descrição sumária das


atividades / atribuições da profissão sociólogo/a:

• Realizar estudos e pesquisas sobre as realidades sociais, econômicas e políticas;

• Participar da gestão territorial e socioambiental;


• Estudar e gerir o patrimônio histórico e cultural;
• Participar da elaboração, implementação, avaliação de políticas e programas públicos;
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• Organizar informações sociais, culturais e políticas e;
• Elaborar documentos técnico-científicos.
Elencamos alguns conhecimentos, técnicas e estratégias competentes aos profissionais de
sociologia e fundamentais para a gestão da política pública de assistência social e à execução dos serviços
socioassistenciais na busca do exercício da cidadania.

O profissional de sociologia detém conhecimentos nos temas/ área:


• dos direitos humanos, sociais e políticos;

• das questões de gênero e sexualidade,

• das culturas e costumes, raça / etnia, estigmas e preconceito;

• das relações de trabalho, das regras e organização social;

• da organização política e social do Estado

• das relações de poder e cidadania,

• das políticas públicas e da participação social;

• dos processos de organização popular e dos movimentos sociais.

As técnicas e estratégias adotadas são, entre outras:


• Abordagem sistêmica, problematização, história de vida;

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• Atividades socioeducativas, grupos de discussão e reflexão;

• Articulação e mobilização do território e da comunidade, fortalecimento de redes sociais;

• Estudo e diagnóstico de realidade e do território, sistematização de informações, construção de


indicadores sociais e perfil socioeconômico, métodos e técnicas de pesquisa social;

• Elaboração e produção de materiais técnicos e informativos, elaboração e execução de campanhas


socioeducativas.
6-- Múltiplas formas de atuação profissional do sociólogo na Política de Assistência Social.

A atuação profissional multidisciplinar busca a construção de soluções para as questões sociais de forma
a compreender as várias dimensões dos processos que geram a vulnerabilidade e o risco social. A seguir
apresentamos a contribuição profissional Sociólogo/a para o desenvolvimento qualitativo do Sistema
Único da Assistência Social.

Na gestão
• Planejar e executar benefícios, programas, projetos e serviços de assistência social;

• Coordenar e participar de estudos e pesquisas para conhecimento da realidade territorial, das


condições de vida das populações mais vulneráveis, que orientem as ações e os serviços a serem
desenvolvidos;

• Participar da coordenação, articulação e desenvolvimento de ações e serviços de prevenção,


proteção social e reinserção social.

• Estabelecer mecanismos e estratégias para efetivar a vigilância socioassistencial;

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• Coordenar os processos de monitoramento e avaliação dos programas, benefícios, projetos e
serviços socioassistenciais por meio do desenvolvimento de ferramentas e instrumentais de coleta
de sistematização de dados e informações;

• Desenvolvimento de indicadores e taxas de mensuração;

• Participar da organização do sistema de informação

• Articular a rede de serviços socioassistenciais com outras políticas setoriais;

• Coordenar a proteção social - básica e especial;

• Desenvolvimento de projetos para o enfrentamento à pobreza.


No controle social

• Desenvolvimento de análises conjunturais e estruturais dos processos de participação e de


mobilização dos movimentos populares e sociais;

• Análises dos processos e mecanismos de participação popular em seu contexto social;

• organização popular para o exercício do controle social.

Na defesa de direitos

• Produção de orientação técnica e materiais informativos;

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• Elaboração de relatórios, notificação da ocorrência de situações de violações de direitos;

• Mobilização social para o exercício da cidadania;

• Realizar a Informação, comunicação e defesa dos direitos;

Na realização de estudos e pesquisa

• Produzir, sistematizar informações, indicadores e índices territorializados das situações de


vulnerabilidade e risco pessoal e social e violações de direitos que incidem sobre famílias/pessoas;

• Desenvolver estudos e pesquisas que proporcione o conhecimento da realidade territorial para a


orientação da implantação de serviços socioassistencial;

• Detectar e informar as características e dimensões das situações de precarizações, que


vulnerabilizam e trazem riscos e danos aos cidadão, à sua autonomia, à socialização e ao convívio
familiar;
• Analisar as informações oriundas dos sistemas de registros de riscos e vulnerabilidades social e
pessoal e notificações compulsórias das violações de direitos;

• Avaliar o impacto dos serviços, programas, projetos e benefícios na redução dos riscos,
vulnerabilidades e das violações de direitos e seus danos;

• Produzir estudos que identifique e priorize os problemas de sociais que vulnerabilizam e coloquem
em risco famílias e grupos populacionais delimitados;

• Elaboração de instrumentos técnicos de conhecimento do território, vigilância socioassistencial e


diagnóstico socioeconômico e estudo social;
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Participação na equipe multiprofissional dos serviços socioassistenciais

Os sociólogos podem atuar nos serviços socioassistenciais de Proteção Básica e Proteção Especial de Média
Complexidade;

• Coordenar e/ou gerenciar os CRAS e os CREAS e demais serviços socioassistenciais;

• Elaboração e execução de atividades e campanhas socioeducativas e comunitárias;

• Mobilização social para o exercício da cidadania;

• Desenvolvimento e estímulo do convívio familiar, comunitário e da organização da vida cotidiana;

• Mobilização e fortalecimento das redes sociais de apoio;

• Articulação intersetorial e interinstitucional;

• Elaboração de relatórios e notificação da ocorrência de situações de violações de direitos;


• Organização do sistema de informação - banco de dados de usuários e das entidades sociais e
cadastramento socioeconômico;

• Elaboração de instrumentos técnicos de conhecimento do território: vigilância socioassistencial,


diagnóstico socioeconômico e estudo social;

• Produção de orientação técnica e de materiais informativos;

• Desenvolvimento de projetos para enfrentamento à pobreza;

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• Ações de incentivo a inserção produtiva;

• Monitoramento e avaliação dos serviços socioassistenciais;

• Construção do fluxo da rede de atendimento socioassistencial e articulação com outras políticas

setoriais (intersetoriedade); • Informação, comunicação e defesa dos direitos;

• Acompanhamento familiar.

A partir de tais considerações, entendemos que se justifica necessidade da presença dos


profissionais de ciências sociais – antropólogos, sociólogos e cientistas políticos nas equipes responsáveis
pela gestão e execução da Política de Assistência Social em todos os níveis de proteção social.

Referências Bibliográficas

______, BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil: 1988.

______, Presidência da República. Lei Orgânica da Assistência Social, n. 8.742, de 7 de setembro de 1993.

_______, Política Nacional de Assistência Social, resolução CNAS n. 145, de 15 de outubro de 2004.

_______, Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social, Brasília, 2005.

_______, Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social, Brasília,

2006.

_______, Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, Resolução CNAS n.

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109, de novembro de 2009.

________, Resolução CNAS n. 4 de maio de 2011.

________, Resolução CNAS n. 17 de junho de 2011.

________, Lei de criação da Profissão do Sociólogo, n. 6.888/80.

________, Decreto n. 89.531/84, regulamenta a profissão de sociólogo.

________, Ministério do Trabalho e Emprego, Classificação Brasileira de Ocupações.

CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. A política de Assistência Social. Curso de

Especialização em Política de assistência Social e Gestão do SUAS. Pitágoras: Pós-

Graduação, 2011.

Federação Nacional dos Sociólogos (FNS), Código de Ética dos Sociólogos. Disponível em:

http://www.dhnet.org.br/direitos/codetica/codetica_brasil/sociolg.html

____________________________, Ofício FNS n. 103/10. Disponível em:

http://sites.google.com/site/congressoregionaldossociologos/home/oficioenviado-ao-mds-cnas-congemas

O Sociólogo e sua contribuição na implantação do Sistema Único de Assistência

Social – SUAS. O documento apresentado no Congresso Regional de Sociólogos, Belo Horizonte-MG,

setembro de 2009. Disponível em:

http://sites.google.com/site/congressoregionaldossociologos/home/docume nto-entre-ao-ministro.

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