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Luciana Bolognini
Colaboração
Naiara Teixeira
Luciene Cristina
Heder Sousa
Silvia Mara Pereira
Tânia Magno
Ricardo Antunes de Abreu
Novembro de 2011
Para a elaboração desta Nota técnica foi realizada uma pesquisa nas diversas legislações e
normatizações que formam o arcabouço da política pública de Assistência Social, a saber:
Neste arcabouço legal e normativo são observados, dentre outros, os objetivos a serem
alcançados pela PNAS: as seguranças a serem afiançadas pelos serviços; o trabalho essencial à prestação
do serviço; os princípios éticos dos trabalhadores da Assistência Social; a orientação quanto à atuação de
equipe multidisciplinar; a organização do sistema de forma descentralizada.
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- Processo de debate público realizado pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate a Fome – MDS e o Fórum Nacional dos Trabalhadores – FNTSuas, durante o ano de 2010.
Federação Nacional dos Sociólogos
CNPJ 26.229.666/0001-00
Av. Dona Amália Golin Pagnoncelli, 10
Jd. Rosa de França CEP: 07081-200
Guarulhos - SP
federacaodossociologos@gmail.com
(11) 98109-7614 (TIM)
https://sites.google.com/site/federaca
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Assim, face ao acima exposto, para a confecção desta Nota Técnica, foram levantados quais os
conhecimentos, técnicas e estratégias o sociólogo possui e que podem contribuir para a implantação,
execução, gestão e consolidação o SUAS.
Fundamentada nos documentos e legislação acima citados a presente Norma Técnica busca
orientar a atuação do/a sociólogo/a no SUAS, tanto nos equipamentos públicos ou privados de Proteção
Social bem como na gestão da política de Assistência Social. A participação efetiva do sociólogo no
SUAS, é certo, contribuirá no processo de emancipação humana e política na defesa dos direitos
socioassistenciais de trabalhadores e usuários.
2
Documento entregue ao Ministro Patrus Ananias, do Ministério do Desenvolvimento Social, durante o Congresso Regional de
Sociólogos, realizado em Belo Horizonte-MG, em 22 de setembro de 2009. Disponível em:
http://sites.google.com/site/congressoregionaldossociologos/home/documento-entre-ao-ministro
3
Oficio no qual Federação Nacional dos Sociólogos - FNS solicitou medidas visando a inclusão do/as sociólogos/as na equipe de
referência do SUAS, especificamente no Sistema de Vigilância Socioassistencial em conformidade com a moção apresentada
pela - FNS dentro da VII Conferência Nacional de Assistência Social, disponível em:
http://sites.google.com/site/congressoregionaldossociologos/home/oficio-enviado-ao-mds-cnascongemas
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2 - Introdução
A Política Nacional de Assistência Social, aprovada pelo governo federal em 2004, é um grande
passo na história do país no sentido de reconhecer a exclusão social como produto da sociedade e de
reiterar, portanto, a responsabilidade do Estado na promoção e garantia da proteção social.
Tendo como arcabouço a Constituição Federal de 1988, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS
1993) e as demandas sociais advindas de Conferências da área, a PNAS materializa a construção da
política pública de Assistência Social e o seu reconhecimento enquanto direito de cidadania,
estabelecendo princípios, diretrizes e objetivos para o seu redesenho e renovação nas bases de um
sistema ainda em implementação, o SUAS, Sistema Único da Assistência Social.
Além disso, e para que tais ações sejam viabilizadas, a PNAS propõe uma gestão baseada no
pacto federativo em que ficam definidas atribuições e competências para os três níveis de governo.
Compõem ainda a provisão do sistema de proteção os importantes elementos de monitoramento,
avaliação e, especialmente, o da participação plural e abrangente no controle social da política.
O foco da ação da PNAS é na família e no território e sendo assim, faz necessário um agir dentro
da perspectiva de integração entre indivíduo/família e território, colaborando para a construção do
sentimento de pertencimento a uma coletividade (CARVALHO: 2011). Os vínculos relacionais de
pertencimento são essenciais para a efetividade da proteção social e desenvolvimento socioterritorial.
Da mesma forma as redes sociais4 existentes no território são fundamentais para apoiar e sustentar os
vínculos relacionais e institucionais.
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Organizações, serviços, projetos, grupos, vínculos, instituições
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A política pública de Assistência Social ocorre por meio de atividades continuadas e permanentes
(acompanhamento sociofamiliar) e da oferta de benefícios de prestação continuada e eventuais voltados
às necessidades da população. Um conjunto de ações integradas e complementares que visam qualificar,
incentivar, potencializar e melhorar a condição de vida da população.
Segundo a Norma Operacional Básica do SUAS – NOB/SUAS 2005 é essencial para execução da
política pública de Assistência Social a realização de atividades socioeducativas que visem à redução e a
prevenção do impacto das vicissitudes sociais e naturais dos ciclos de vida, proporcionando acesso ao
conhecimento dos direitos sociais e dos mecanismos para sua defesa. Desta forma, a nova organização
da assistência social rompe com as idéias tutelares, de subalternidade e de gestão da pobreza.
“De acordo com as atribuições dos diferentes níveis de gestão do Suas, definidas na
NOB/SUAS, compete a cada uma delas contar e manter o quadro de pessoal qualificado
academicamente e por profissões regulamentadas por Lei, por meio de concurso (...)”
(NOB-RH/SUAS, p. 15).
A Tipificação Nacional dos serviços socioassistenciais dispõe sobre a padronização dos serviços,
definindo o trabalho social essencial para execução dos serviços:
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- Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS, Resolução CNAS nº 269, de 13 de dezembro de 2006.
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• Atividades e campanhas socioeducativas e comunitárias;
• Mobilização social para o exercício da cidadania;
• Desenvolvimento e estímulo ao convívio familiar, comunitário e a organização da vida
cotidiana;
• Acompanhamento familiar6.
A Resolução CNAS nº 17, de junho de 2011 para atender as requisições específicas dos serviços
socioassistenciais reconheceu as categorias profissionais7 de nível superior que podem integrar as
equipes de referência8, conforme
6
“considera-se acompanhamento familiar no âmbito do PAIF ou do PAEFI aquele acompanhamento realizado por meio de
atendimentos sistemáticos e planejado com objetivos estabelecidos, que possibilitem às famílias/indivíduos o acesso a um
espaço onde possam refletir sobre sua realidade, construir novos projetos de vida e transformar suas relações, sejam elas
familiares ou comunitárias. (Art. 4º, Resolução CNAS nº 4/2011)
Portanto, a Ciências Sociais contribui com uma gama de conhecimentos, que fortalece e aprimora
a política de assistência social; por meio da participação no planejamento, implantação, execução,
monitoramento e avaliação das ações da assistência social que busquem amenizar ou reverter os
quadros de vulnerabilidade e risco social. As habilidades e técnicas de pesquisa social, de construção de
instrumentais para registro da realidade do território são importantes instrumentos para a realização da
vigilância socioassistencial.
A Sociologia é uma das ciências pilares no subsídio à instituição da política pública de Assistência
Social. Ao colaborar para a construção de uma compreensão histórica e social da realidade do país, no
contexto das relações sociais produzidas pelo sistema capitalista, a Sociologia oferece meios para pensar
o atuar efetivo sobre os processos e fenômenos da exclusão (social, econômica, política, etc.).
A compreensão científica e afirmação teórica da Sociologia, apoiadas num amplo escopo das
ciências humanas – Antropologia, Ciência Política, História, Filosofia, Psicologia Social, Economia –,
trazem à tona os fatores determinantes na produção das realidades micro e macro sociais situadas no
interior de uma sociedade fundamentalmente desigual na distribuição de riqueza e na garantia de
direitos. Bem como, com base na Ciência Política, torna possível conhecer da cultura institucional do
Brasil e as limitações que historicamente os grupos dominantes impuseram à população na condução e
ocupação dos espaços de poder, marcadamente anti participativos e anti democráticos.
7
Entende-se por categorias profissionais de nível superior para atender as especificidades dos serviços aquelas que possuem
formação e habilidades para o desenvolvimento de atividades específicas e/ou de assessoria à equipe técnica de referência.
(artigo nº2, §2º , Resolução nº 17/2011)”.
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Equipe de referência definidas no artigo 1º desta Resolução é composta por Assistente Social, Psicólogo e Advogado.
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A sociologia ao debruçar-se sobre os processos e eventos sociais, tem como uma de suas
características fundamentais, a visão de contexto, que toma em consideração, diversos fatores,
permitindo que sejam identificadas dimensões recorrentes da vida coletiva, em sociedade. Portanto, a
diversidade do conhecimento sociológico acerca das questões socioeconômicas, culturais, do mundo do
trabalho, da infância e adolescência, da educação, do lazer e esporte, do rural e urbano, da família e da
organização social, entre outras, contribuiu para a reflexão sobre os processos e condições sociais que
justificam e exigem a atuação pública (estatal) sobre as situações de vulnerabilidades e risco social.
Concomitantemente, fornece instrumental e subsídios empíricos por meio de técnicas de pesquisa, para
identificar as singularidades dos diferentes setores sociais e formas de organização social: etnia,
escolaridade, comportamento, condições de moradia, trabalho, renda, participação e mobilização social,
dentre outros.
Desta forma, o conhecimento sociológico contribui para a gestão da política de assistência social,
na conformação dos diagnósticos socioterritoriais, no monitoramento e na avaliação dos serviços,
projetos e programas. Ainda contribui para os processos de produção e gestão da informação que
subsidiam a tomada de decisão por parte dos gestores que atuam em instâncias públicas e privadas de
proteção e desenvolvimento social.
É possível constatar a presença do profissional das Ciências Sociais colaborando com a gestão da
política de Assistência Social bem como atuando nos equipamentos de Proteção Social básica e especial
do SUAS integrando as equipes multidisciplinares, seja no âmbito estadual ou municipal.
Portanto ao atuar na política de Assistência Social, o Sociólogo pode desempenhar uma série de
atividades, dentre as quais destacamos:
Dessa forma, o objeto da sociologia e as atribuições dos sociólogos apresentam-se com forte
relação com as especificidades da política de Assistência Social.
4 - Princípios éticos dos sociólogos e dos trabalhadores do SUAS
O código de ética da profissão sociólogo estabelece princípios éticos e fundamentais para a
atuação do sociólogo, definindo como tarefas do profissional de sociologia, a realização de investigação
sobre a realidade social, a divulgação pública dos resultados de suas pesquisas e a interpretação da
realidade dos fatos e das relações sociais, na busca de melhoria das condições de vida da população.
Além das prerrogativas éticas de cada categoria profissional, o trabalhador do SUAS deve pautar
sua atuação no reconhecimento da Assistência Social como direito constitucional que deve ser
defendido; e que todos os usuários têm direito ao acesso à benefícios e serviços socioassistenciais de
qualidade que considere a singularidade e privacidade do usuário.
O trabalhador deve ter compromisso em prestar serviços que garantam à convivência familiar e
comunitária, o exercício da cidadania, a dignidade humana, respeitando a autodeterminação –
A lei que cria a profissão do sociólogo/a define em seu artigo 2º as competências deste profissional:
ι ι . ensinar Sociologia Geral ou Especial, nos estabelecimentos de ensino, desde que cumpridas as
exigências legais;
A atuação profissional multidisciplinar busca a construção de soluções para as questões sociais de forma
a compreender as várias dimensões dos processos que geram a vulnerabilidade e o risco social. A seguir
apresentamos a contribuição profissional Sociólogo/a para o desenvolvimento qualitativo do Sistema
Único da Assistência Social.
Na gestão
• Planejar e executar benefícios, programas, projetos e serviços de assistência social;
Na defesa de direitos
• Avaliar o impacto dos serviços, programas, projetos e benefícios na redução dos riscos,
vulnerabilidades e das violações de direitos e seus danos;
• Produzir estudos que identifique e priorize os problemas de sociais que vulnerabilizam e coloquem
em risco famílias e grupos populacionais delimitados;
Os sociólogos podem atuar nos serviços socioassistenciais de Proteção Básica e Proteção Especial de Média
Complexidade;
• Acompanhamento familiar.
Referências Bibliográficas
______, Presidência da República. Lei Orgânica da Assistência Social, n. 8.742, de 7 de setembro de 1993.
_______, Política Nacional de Assistência Social, resolução CNAS n. 145, de 15 de outubro de 2004.
_______, Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social, Brasília, 2005.
_______, Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social, Brasília,
2006.
Graduação, 2011.
Federação Nacional dos Sociólogos (FNS), Código de Ética dos Sociólogos. Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/direitos/codetica/codetica_brasil/sociolg.html
http://sites.google.com/site/congressoregionaldossociologos/home/oficioenviado-ao-mds-cnas-congemas
http://sites.google.com/site/congressoregionaldossociologos/home/docume nto-entre-ao-ministro.