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Silvia Tejadas
Assistente Social
Doutora em Serviço Social
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Definição de território: [...] recortes territoriais que identifiquem conjuntos populacionais em situações
similares (BRASIL, 2004, p.38).
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de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades
estigmatizadas em termos étnico, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante
de deficiências; exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas
públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violência advinda do
núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não inserção no mercado
de trabalho formal e informal; estratégias e alternativas diferenciadas de
sobrevivência que podem representar risco pessoal e social.
O SUAS prevê que os serviços socioassistenciais desenvolvam ações
continuadas e por tempo indeterminado voltadas à proteção social da população
usuária da rede da Assistência Social. O Sistema organiza-se por meio de duas
modalidades de proteção, a proteção social básica e a proteção social especial.
O quadro 1 demonstra como se efetiva a organização do SUAS em relação
à rede socioassistencial, constituída conforme o porte do município.
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Possui caráter preventivo, visando evitar o esgarçamento dos vínculos
sociais, por meio do atendimento a situações de fragilização do pertencimento a
determinados grupos sociais (situações de discriminação etária, étnica, de gênero
ou por deficiência).
Os destinatários deste nível de proteção são segmentos da população que
vivem em condições de vulnerabilidade social em razão da pobreza e da privação
de renda e precário ou nulo acesso aos serviços públicos, entre outros.
Os programas, projetos e serviços da Rede de Proteção Básica devem ser
organizados e coordenados pelos Centros de Referência da Assistência Social
(CRAS).
Os CRAS devem ser constituídos, conforme o porte do município e o número
de famílias referenciadas, devendo dispor de quadro de recursos humanos
conforme descrito a seguir:
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O CRAS tem distintas atribuições, tais como: orientação quanto ao convívio
sociofamiliar e comunitário à família e a indivíduos; informação e orientação para a
população de sua área de abrangência; articulação da rede de proteção social local;
promoção da inserção das famílias nos serviços de assistência social local;
mapeamento e organização da rede socioassistencial de proteção social básica,
sob orientação do gestor municipal da Assistência Social. Os serviços que podem
ser oferecidos pelos CRAS são os seguintes: Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos (SCFV), Serviço de Proteção e Atendimento
Integral à Família (PAIF) e Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para
Pessoas com Deficiência e Idosas.
Como pode ser observado, o rol serviços oferecidos pelo CRAS tem como
foco o combate à pobreza e o suporte às famílias para protegerem seus membros,
com vistas à garantia da convivência familiar e comunitária.
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2.1. Proteção Social Especial de Média Complexidade
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2.2. Proteção Social Especial de Alta Complexidade
3. CONSIDERAÇÕES GERAIS
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Ver NOB-RH/SUAS Capítulo VI Diretrizes nacionais para os planos de carreira, cargos e salários- PCCS.
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aqueles que vivenciam o cotidiano da implementação da Política de Assistência
Social há muitos dilemas e indefinições a serem superados.
O público-alvo da Política constitui-se em uma de suas indefinições, o que dá
margem a diferentes interpretações. Cabendo questionar, o que é a pobreza?
Sposatti (1997, p. 15-16) debatendo o tema aponta que:
a pobreza é uma medida relativa, pois considera os índices registrados em
determinada realidade em relação a outros registros com melhores
resultados, na mesma ou em outra realidade. O padrão de vida, por sua
vez, é um modelo ou uma referência que permite estabelecer o que se
considera básico. É um lugar buscado e ainda não instalado. O padrão de
vida é uma referência a alcançar, enquanto a pobreza é um fenômeno.
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conjuntura, com a emenda constitucional 95/2016 que congela o orçamento público
pelos próximos 20 anos, efetivando um refluxo no processo de expansão da política
e indicando, no máximo, sua mera subsistência. Ainda, há ameaças frequentes ao
Benefício de Prestação Continuada (BPC) com relação a sua restrição, inclusive de
valores, bem como notícias de interrupção na concessão de benefícios sem causas
justificadas.
A descentralização político-administrativa embora se constitua num novo
paradigma que busca um aprofundamento da democracia, é tarefa árdua e
complexa. Segundo Stein (1998) as mudanças ocorridas na administração pública
brasileira não se efetivaram de forma planejada e ordenada, ou seja, às estruturas
existentes, não lhes sucedeu outras articuladas nos diferentes níveis de governo. A
chamada municipalização, que prevê a centralidade do ente municipal como
planejador e executor da Política de Assistência Social, tem sido demarcada pela
atribuição de responsabilidade aos municípios sem a devida contrapartida
financeira dos estados e da União, comprometendo a sua execução.
Nesse contexto, a nova ordem pressupõe partilha de poder entre as
instâncias do executivo e a sociedade civil. No caso dos municípios, prevê na
execução da Política uma parceria entre a o executivo municipal e as organizações
da sociedade civil, mantendo a primazia do Estado. Observa-se a fragilidade das
ações do Poder Público em suas distintas instâncias, dado o frágil aporte de
recursos e inconsistência, por vezes, na elaboração teórico-prática. Por outro lado,
há um crescente fortalecimento das estruturas e organizações assistenciais não
estatais - sem fins lucrativos -. Tais movimentos expressam, em alguns momentos,
movimentos ambíguos, que põem em questão o caráter da Política como Direito e
Pública.
Os Conselhos, em muitos casos, não têm tido o vigor necessário para cumprir
o papel de formuladores de políticas, mas adquirem caráter cartorial, onde a
negociação entre os interesses privados e públicos evidencia-se.
No campo da Seguridade Social, as três áreas têm funcionado isoladamente
e de forma concorrente, com aparente rejeição da Previdência à Assistência Social,
a qual tende a ser vista como um apêndice. As leis de regulamentação foram
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realizadas por áreas e não englobando a Seguridade como um todo, as próprias
estruturas no Governo Federal mantém-se ao longo do tempo fragmentadas.
Iniciativas de debate e reflexão sobre a questão da Assistência Social são
fundamentais, pois possibilitam uma revisão permanente do trabalho no campo
estrutural, operacional e acerca das práticas desenvolvidas que ainda hoje
reproduzem, em alguma medida, o modelo assistencialista que se almeja superar.
5. Referências
BRASIL. Constituição Federal. Brasília. 1988.
_______. Lei Orgânica da Assistência Social Lei Federal nº 8742, 1993, alterada
pela Lei 12.435/2011.
MENDES, Jussara Maria Rosa; PRATES, Jane Cruz e AGUINSKY, Beatriz (Orgs).
Capacitação sobre PNAS e SUAS. No caminho da implantação. Porto Alegre:
EDIPUCRS,2006.
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Ministério Público na fiscalização do Sistema Único da Assistência Social – SUAS.
Rio de Janeiro: 2010.
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