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Política Nacional da Assistência

Social (PNAS) 2004


Profª Larissa de Brito
https://www.youtube.com/watch?v=tRup-b3UrT4
Direitos humanos e políticas públicas
Diante da construção dos direitos atentar para
demandas diversas dos setores sociais e
particularidades
Ação transversal em conjunto com a sociedade
Atuação: combate os sistemas de violação de
direitos (culturais: racismo, sexismo,
colonialismo, imperialismo, escravismo,
misoginia, transfobia….)
PP: Espaço de promoção e garantia de direitos.
Psicologia e Políticas Públicas
 Como a psicologia pode atuar?
 Historicamente comprometida com ideologias dominantes. É
regulamentada como profissão em plena ditadura em 1962
 Atendimento das necessidade de produção do sistema
capitalista: seleção e orientação para indústria e escola
 Práticas de higienização, categoriação, controle, ajustamento,
normal X patológico (contexto da escola), diagnóstico,
patologização, individualização das questões sociais
 Amparada em modelo biomédico (individualista e biológico)
 Distanciamento de questões sobre direitos sexuais e
reprodutivos. Exemplo: pesquisa- desconhecimento de pauta e
direitos das pessoas LGBTQIPN+
PNAS
 Constituição federal de 1988 (inclui a AS como seguridade
social) e Lei orgânica das assistência social- LOAS (1993)
visam incluir os “invisíveis” transformados em casos individuais
e não considerados como parte de situação social coletiva
 Tríade da seguridade social: Assistência Social, Saúde e
previdência social
 3 vertentes de proteção social: indivíduos em seus contextos,
família e cotidiano onde emergem os riscos e vulnerabilidades
 Política pública centrada na territorialidade
 Público prioritário: idosos, adolescentes em conflito com a lei,
indígenas, quilombolas, pessoas com deficiências, ou seja,
minorias. (grupos vulneráveis)
LOAS
 “A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é
Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os
mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de
iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às
necessidades básicas”
 1993: regulamenta a Assistência Social
 Atua em novo campo: dos direitos, da universalização dos
acessos e da responsabilidade estatal articulada a outras políticas
do campo social, voltadas à garantia de direitos e de condições
dignas de vida
 A proteção social deve garantir : segurança de sobrevivência (de
rendimento e de autonomia); de acolhida
(direitos à alimentação, ao vestuário e abrigo); de
convívio ou vivência familiar.
Princípios da PNAS
I – Supremacia do atendimento às necessidades sociais
sobre as exigências de rentabilidade econômica;
 II Universalização dos direitos sociais (acesso
às demais políticas públicas);
 III – Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao
seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à
convivência familiar e comunitária;
 IV – Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem
discriminação de qualquer natureza, garantindo-se
equivalência às populaçõesurbanas e rurais;
 V – Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas
e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos
pelo Poder Público e dos critérios
Diretrizes
I - Descentralização político-administrativa,
respeitando-se as diferenças e as características
socioterritoriais locais;
 II – Participação da população, por meio de
organizações representativas, na formulação das
políticas e no controle das ações
em todosos níveis;
 III – Primazia da responsabilidade do Estado na
condução da Política de Assistência Social em
cada esfera de governo;
 IV – Centralidade na família em suas ações
Objetivos
Integração com outras políticas setoriais,
considerando as desigualdades socioterritoriais,
visando seu enfrentamento, à garantia dos
mínimos sociais, ao provimento de condições
para atender contingências sociais e à
universalização dos direitos sociais.
Prover serviços e programas
Contribuir para a inclusão e acessos aos serviços
sócio-assistenciais
Centralidade na família e garantir convivências
familiar e comunitária
Usuários
Cidadãos e grupos que se encontram em situações de
vulnerabilidade e riscos sociais tais como:
 famílias e indivíduos com vínculos afetivos familiares e
comunitários fragilizados ou rompidos
 Identidades estigmatizadas em termos étnico, cultural
e sexual;
 desvantagem pessoal em decorrência de deficiências;
 exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas;

 uso de substâncias psicoativas;


 diferentes formas de violência advinda do núcleo
familiar, grupos e indivíduos;
 inserção precária ou não inserção no mercado de
trabalho formal e informal;
 estratégias e alternativas diferenciadas de
Níveis de proteção social
 Proteção social Básica: situações nas quais os vínculos
familiares e comunitários estão fragilizados, mas ainda não
foram rompidos
 Executor: Centros de referência da Assistência Social (CRAS)
 Proteção social especial: diante de vínculos rompidos (exclusão
social), direitos violados. Situação: de abandono, maus tratos,
abuso sexual, uso de drogas, em situações de medidas
alternativas, de rua, trabalho infantil.
 Executor: Centros de atenção especializada (CREAS)
 Estratégias: de atenção sociofamiliar que visem a
reestruturação do grupo familiar e a elaboração de novas
referências morais e afetivas, no sentido de fortalecê-lo para o
exercício de suas funções de proteção básica ao lado de
sua auto-organização e conquista de autonomia.
Proteção social especial
Média complexidade: atendimentos às famílias e indivíduos com
seus direitos violados, mas cujos vínculos familiar e comunitário
não foram rompidos. Requer acompanhamento sistemático.

 Serviço de orientação e apoiosociofamiliar.


• Plantão Social.
• Abordagem de Rua.
• Cuidado no Domicílio.
• Serviço de Habilitação e Reabilitação na
comunidade das pessoas com deficiência.
• Medidas socioeducativas em meio-aberto
(Prestação de Serviços à Comunidade – PSC e
Liberdade Assistida – LA)
Proteção social especial
 Alta complexidade: garantem proteção integral – moradia,
alimentação, higienização e trabalho protegido para famílias e
indivíduos que se encontram sem referência e, ou, em situação de ameaça,
necessitando ser retirados de seu núcleo familiar e, ou, comunitário. Tais
como:
• Atendimento Integral Institucional.
• CasaLar.
• República.
• Casade Passagem.
• Albergue.
• Família Substituta.
• Família Acolhedora.
• Medidas socioeducativas restritivas e privativas de
liberdade (semiliberdade, internação provisória e sentenciada).
• Trabalho protegido
CRAS
Onde é estabelecido como prioridade o
atendimento integral às famílias,
buscando manter e fortalecer os seus
vínculos, assim como a inclusão dos
cidadãos nas políticas públicas e no
mercado de trabalho, mediante ações
baseadas em realidades locais que
envolvam e incentivem o protagonismo e
a emancipação dos sujeitos e
comunidades (BRASIL, 2005)
CRAS
Localizado em áreas de vulnerabilidade
social
Referência territorializada
Atendimento 1000 famílias/ano
Equipe multidisciplinar
Responde pelo desenvolvimento do
programa de atenção integral às famílias
(PAIF)
CRAS
 1. Serviços: socioeducativo-geracionais, intergeracionais e
 com famílias; sócio-comunitário; reabilitação na comunidade;
 outros;
 2. Benefícios: transferência de renda (bolsa-família e outra);
 Benefícios de Prestação Continuada – BPC; benefícios
 eventuais – assistência em espécie ou material; outros;
 3. Programas e Projetos: capacitação e promoção da inserção
 produtiva; promoção da inclusão produtiva para beneficiários
 do programa Bolsa Família – PBF e do Benefício de Prestação
 Continuada; projetos e programas de enfrentamento à
 pobreza; projetos e programas de enfrentamento à fome;
 grupos de produção e economia solidária; geração de trabalho
 e renda.
Atuação do Psicólogo no CRAS
fonte: Referência técnica para a atuação do psicólogo no CRAS 2008

 Garantir emancipação social e protagonismo social, trabalho com


grupos comunitários, prática de entrevista e acolhimento, visitas
domiciliares, elaboração de metodologias e estratégias de
intervenção e atuação que favoreça desenvolvimento individual e
comunitário a partir da identificação de demandas e potenciais
(Fábio Porto, 2010)
 Uma Psicologia comprometida com a transformação social toma
como foco as necessidades, potencialidades, objetivos e
experiências dos oprimidos.
 As práticas psicológicas não devem categorizar, patologizar e
objetificar as pessoas atendidas, mas buscar compreender e intervir
sobre os processos e recursos psicossociais, estudando as
particularidades e circunstâncias em que ocorrem (aspectos sócio-
culturais)
 Facilitar o movimento dos sujeitos para o desenvolvimento de sua
capacidade de intervenção e transformação do meio social onde
vive (CFP, 20 página 25 e 26
Atuação d@ Psicólog@
Desafios:
Trabalho interdisciplinar- função
compartilhada com AS e outros.
Profissionais recém-formados distantes da
realidade
CREPOP (Centro de referência técnica
em psicologia e políticas públicas).
Documento: Referência técnica para a
atuação do psicólogo no CRAS 2008
Sistema Único da Assistência Social
(SUAS) 2005
 Modelo de gestão descentralizado e participativo, constitui-se
na regulação e organização em todo o território
nacional das açõessocio-assistenciais.
 Gestão compartilhada, co-financiamento da política
pelas três esferas de governo e definição clara das
competências técnico-políticas
 Efetiva o conteúdo da LOAS em seus objetivos e resultados
 Asepctos: Matricialidade Sociofamiliar, Descentralização
político-administrativa e Territorialização, Novas
basespara a relação entre Estado e Sociedade
Civil, Financiamento, Controle Social, O desafio da
participação popular/cidadão usuário, A Política de
Recursos Humanos (NOB-RH), A Informação, o
Monitoramento e a Avaliação.
Práticas de resistência à estigmatização da pobreza: caminhos
possíveis
James Ferreira Moura Jr.
Jorge Castella Sarriera

Além da renda, outras privações


Privação de liberdade (escolhas):
econômica, educacional, salutar, social e
cultural
Agência: controle e poder que a pessoa
exerce suas escolhas de modo responsável
Liberdade instrumental: meios para alcançar
vida digna; intrínseca: valor da liberdade em
si
Pobreza
 Preconceito e exclusão
 Representação estigmatizada da pobreza
 Estigmatização da morada/comunidade
 Culpabilização dos sujeitos pobres
 Violências e humilhação
 Gera vergonha: avaliação pessoal de fracasso. Processos
macro são internalizados e migram pro nível psíquico,
tornando o pobre o próprio juiz que se autodeprecia.
 Sentimento de fracasso por estar nessa situação,
sentindo-se inferiores
 sofrimento ético-político (Sawaia)
Pobreza
A humilhação e a vergonha: podem gerar
consequências como isolamento social e
comunitário. Cerceamento da constituição
do indivíduo
Não acesso às PP, diante da incapacidade
sentida na busca.
Porém , há possibilidade de desenv.
Postura crítica e de agência desse
processo, de expansão de potencialidades
 Consciência parcial da própria condição de opressão e
dominação
 Consciência : compreensão da realidade pelo oprimido e
ruptura para transformação. Não fatalismo e
conformismo, não aceitação da condição de privação
 Ato de resistência- Debate sobre origem da pobreza e da
desigualdade como construção histórica- resignificação
da existência. Não interesse das estruturas de poder
 Reconhecimento das potencialidades (vocação
ontológica)
 Emissão de vozes, autonomia

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