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21/7/17
- Filho, vamos ter que lhe ensinar a viver! – Era a voz bondosa e
paciente do pai Velho.
Ao abrir os olhos, o local era lindo, uma luz calma e uma grande
paz. Pomba gira ao seu lado lhe estende a mão:
Era tarde da noite e seu filho ainda não voltara para casa, sua
esposa deitada na cama fazia uma linda oração para Deus/Olorum o
proteger em seu retorno para casa.
Alfredo amparado por Pomba gira não entendia porque seu filho
que era um homem bem-sucedido havia decaído tanto em espírito.
Alfredo agora já sabia quem era seu filho, sua tristeza era
imensa e Pomba gira agora ia com ele para sua casa, iriam ver a
esposa...
- Agora vou viajar, vou nesse Cruzeiro para a Europa, sou ainda
jovem e preciso encontrar um par!
Alfredo chorava, não sabia o quanto sua esposa era infeliz. Achava
que seu trabalho no Centro de Umbanda era reconhecido.
Pomba gira ao seu lado lhe dava coragem, era preciso entender
que o trabalho no terreiro era importante, mas que em casa era preciso
também dar amor e carinho e atenção.
Em casa, Henrique seu filho tudo podia ver. Não chegava perto
pois sentia aquela energia negativa que vinha do seu pai José Augusto.
A esposa carinhosa arrumara a mesa, colocara seu prato e no seu
coração só tinha gratidão, olhava o marido e o filho saudável e bonito
agradecendo a Deus o quanto seu lar era abençoado, de certa forma
tranquilo e todos com saúde e estabilidade financeira.
- Você é meu pai, mas eu não pretendo ser como você, eu gosto
de farra, de uma boa mulher da vida, gasto meu dinheiro comigo. Sou
mais experto e pelo que me parece, mais experiente.
Pai Alfredo chorava, não conseguia falar, seu filho não ouviria.
- Meu amigo, daqui para frente não podes ir. Deixe comigo.
Capítulo 4 - Encontro com a vida.
Era o início da tarde, José Augusto saia de uma reunião bravo,
batera a porta do carro e dirigia à procura de um pouco de sossego e
diversão. Entrava pisando duro em direção ao quarto de Janaina. Não
era esperado, e a moça estava sim no quarto; quando abre a porta vê
Janaina nua linda, feliz com um moço bonito e viril e mais uma moça
ali da casa emaranhados e gemendo a procura de prazer. Janaina sente
medo, mas por sorte José Alfredo une-se ao trio e só retorna para casa
bem tarde da noite.
José Augusto é acudido pela esposa que sem saber acorda com o
forte gemido.
José Augusto volta para casa, não sente direito seu lado
esquerdo, não come sozinho e precisa de ajuda. Um enfermeiro é
contratado.
Janaina também sente sua falta, quer dizer do seu dinheiro, mas
toca sua vida, no fundo aliviada pois “o homem “era um bruto.
Uma energia alcança Jose Augusto, ela é cinza e desanima-o
por completo.
Jose Augusto está com raiva e joga tudo que pode no chão, o
enfermeiro o ajuda, na sua cabeça prefere morrer. Não consegue falar
direito, não dá para andar, se sente um inválido. Logo ele que tem
tudo na vida muito dinheiro, e muito poder! Do seu ser só há raiva
pela vida e ódio por Deus.
Alfredo não acredita no que vê, a mata é verde com uma luz
deslumbrante, o céu de um azul sem par. Ali também tem pássaros de
toda cor. Sentado 7 Flechas o ampara.
-Amigo Alfredo, sua família também errou, sua esposa não tem
nada de elevado dentro de si, sua ignorância trouxe a soberba e seu
filho já era um espirito perdido. Olorum dentro de seu saber colocou
todos a ti, você fez o seu melhor, filho você errou pois doou-se demais
e de alguma maneira escondeu-se na sua espiritualidade.
Aurora.
Algumas teias de ódio que ela enviava para ele, nesse momento
a espiritualidade retira.
Pomba-gira se vai.
- Posso ajuda-la?
- Irmão, nosso pai levou uma vida inteira ajudando seus filhos
no terreiro e ajudando a espiritualidade a trabalhar entre os
necessitados. Papai abnegou-se e consequentemente da família.
Percebo que agora de alguma maneira ele nos acalenta.
- Irmão, não sei porque lhe digo isso, mas de alguma maneira
sinto que papai está a nos resgatar, sinto uma onda de amor muito
grande e que algumas entidades dele nos amparam.
- Oh, senhor José Augusto, sinto lhe informar que talvez seja
tarde demais, minha pequena mão encontrou doador compatível de
medula e mesmo que o doador apareça já deve ser tarde e seu
corpinho está frágil e se findando, ela provavelmente não aguentaria.
- Cale-se Aurora. Você não sabe de nada!
Capitulo 7 – A Ajuda
- Isso já é passado...
- Amém.
Iasmim abre os olhos e sorri, frágil parece que há ainda ali uma
grande força. A força do Amor.
Seria um milagre?
“... procure o terreiro, volte a sua origem, peça ajuda aos filhos
de Pemba do seu querido pai. “
Jose Augusto escuta o comando, sai de casa e vai até a casa de
sua irmã Priscila que prontamente lhe dá o endereço e se interessa em
irem juntos.
Era um lindo dia claro de mar azul e brisa fresca. Ana Clara no
seu passeio satisfeita toma sol.
- Buona Sera! (Boa noite)- Olá Gian! Que bom vê-lo aqui.
Sente-se comigo, vamos jantar.
- Si bela!
- Gian, você ficou hoje muito tempo sozinho, o que você fez o
dia todo?
Gian sorri.
O moço não queria nada mais com ela, talvez mais algum valor.
O dia vai alto, a tarde se põe e Ana Clara cansada nem procura o
rapaz. Ela se ajeita e sai para jantar na esperança de reencontrar o
rapaz.
Ana Clara pensa nos filhos, no neto, na sua casa e com um toque
de Exu sobre sua testa lembra-se como era bom se sentir protegida por
Alfredo. Como era bom saber que seu marido era uma boa pessoa.
Sente saudades.
Ana Clara pede licença e sai sozinha pelo navio. Anda Caminha
um pouco apreciando a linda noite. Gian se aproxima.
Gian parado não sabe o que fazer. Parece que o moço pressente
que Ana Clara “acordou”. Resolve agir. Gian a abraça com força. E
fica calado.
Ana Clara sente proteção. De alguma forma esse jovem bonito e
galante a faz sentir menos solitária.
Era Exu Marabo que estando Gian sob efeito do álcool colocava
em sua mente fragmentos de um passado, de um amor fracassado.
Gian se sentiu nauseado lembrando vagamente de um homem,
uma linda moça e sentia as lembranças do seu amor. Era algo vago e
longínquo. Gian muito alto da bebida não entendeu o que se passava.
- Sua vida está ainda no início, você tem toda uma juventude
pela frente. È preciso que encare sua vida de frente.
Marabo sorri.
- Seduzi, mas fui seduzido pela vida fácil, pela ganância, pelo
jogo, bebidas e drogas. Realmente.
Crianças correndo...
Capitulo 17 – A Verdade
- Ana Clara...
Ana Clara se assusta. Que voz era aquela? Quem era esse
menino?
- Gian, você foi meu salvador, vim para esse navio vazia e
desamparada. Entendo que lhe usei, assim como você me usou. Não
lhe devo perdão. Sobre o dinheiro, esqueça.
Nunca me envolvi.
- Eu achava que o Dom do meu marido era seu destino. Não o
meu. Deixei que ele se envolvesse abertamente para sua religião e de
alguma maneira o perdi.
Silencio.
- Sabe Gian? Hoje sei que posso voltar para eles. Meus filhos, meu
neto e os conquistar, sei que consigo porque os amo.
- Não posso refazer o que perdi com meu marido. Ele se foi...
- Se fui feliz?
- Um tempo fui muito feliz, e quero me lembrar de Alfredo
nesse tempo. Sei que ele está lá em algum lugar. Sei também que ele
gostaria que eu continuasse minha vida, quem sabe um dia vou revê-
lo... em outra encarnação.
Madalena