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A FAMILIA DE PAI OSÓRIO.

Um Pai de Santo após o desencarne e o que ele percebe de sua


família. Esse Pai pode ser Osório, João, Pedro, Paulo... pode ter
qualquer nome e ser qualquer um. Aqui foi Pai Alfredo.

Espirito Madalena pela médium Carolina


A Família do Pai Osório

Pelo Espírito Madalena

21/7/17

No seu último suspiro Alfredo não se lamentava, deixou


sua família muito bem de vida.

No primeiro instante de lucidez pode visualizar do astral as


verdades escondidas nos espíritos familiares encarnados, não foi tarefa
fácil: a mulher já não lhe amava, sua filha se entregara as drogas e seu
filho estava envolvido em falcatruas diversas no trabalho. Que
desilusão. Nunca imaginara isso, logo ele o “Pai Alfredo”.

Pomba gira estava ali, olhando-o nos olhos com um misto de


compaixão e entendimento. Alfredo suspira como a lhe responder que
sentia muito, sabia que perdera a família.

Um véu se abriu e Pomba gira lhe mostrou um passado recente


de trabalho na espiritualidade: passes, ajuda espiritual por anos a fio e
muita caridade para terceiros. Após um longo silêncio Alfredo
calmamente escuta:

-Grande mérito você obteve no seu trabalho na terra como Pai de


Santo amigo Alfredo! - a voz era da Pomba gira.

-Amigo você falhou com você! Dizia a voz do Caboclo logo


atrás.
- Amigo, você se esqueceu de viver! – A voz era do seu Exu
companheiro de trabalho.

- Filho, vamos ter que lhe ensinar a viver! – Era a voz bondosa e
paciente do pai Velho.

E lá no fundo Alfredo via-se agora como uma criança levada


agora pelas mãos de seus mestres e amigos de trabalho para um pouco
de descanso na espiritualidade.

Ao abrir os olhos, o local era lindo, uma luz calma e uma grande
paz. Pomba gira ao seu lado lhe estende a mão:

- Meu amigo, levante-se vamos hoje a terra, é preciso orientar seus


filhos que estão perdidos e sua mulher desiludida...
Capítulo 1 - José Augusto

Era tarde da noite e seu filho ainda não voltara para casa, sua
esposa deitada na cama fazia uma linda oração para Deus/Olorum o
proteger em seu retorno para casa.

José Augusto estava num restaurante se assim era possível dizer


pois no fundo uma escada luxuosa levara os homens de negócio para o
desfrute das bonitas garotas de programa. Havia ingerido álcool e
como de costume “um pouco” de cocaína. Sua mente estava
impregnada de poder e exaltação, havia conseguido através de um
trabalho sujo direcionar para suam conta no exterior uma quantia bem
grande de dólares, a maior até agora.

José Augusto havia adquirido o hábito de frequentar tais lugares


com um copo de whisky e às vezes à tarde para desfrutar de bonita
mulher antes do consumo de cocaína. Janaina estava ali em sua
companhia. Cocaína e bebida lhe faziam companhia e ao lado deles
seres embriagados de prazer, seres perdidos na espiritualidade que
brigavam por lhes retirar a energia advinda das drogas e da
promiscuidade física e moral.
Tudo ali aos olhos da espiritualidade era triste e devastador,
atrás da opulência daquele ambiente, do luxo e da beleza feminina
havia um esqueleto de horror e de seres maltrapilhos.

Janaina não gostava de José Augusto, mas adorava seus


presentes e deleitava-se quando ele proporcionava o uso de cocaína.

A casa era comandada por Madame Lecler, entendida “senhora


dos prazeres” que não admitia o uso de drogas, abrindo exceção
quando os clientes eram de “boa estirpe”.

Janaina estava cercada de três entidades todas femininas, suas


roupas sujas eram lembranças de um passado vivido no Império
Romano, uma mais maltrapilha que a outra. Espíritos perdidos que ali
desesperadamente permanecem à espera da energia sexual pervertida e
desregrada, drogas e do éter da bebida que aproveitavam.
José Augusto ajeita o paletó, paga a casa e deixa uma gorjeta
para Janaina, nesse dia de valor baixo. O moço não queria perder a
beleza da prostituta, mas não gostava deixa-la orgulhosa.

- Idiota. - Braveja Janaina enfurecida; voltando para a sala a


procura de um outro homem, quem sabe agora mais novo, e
promiscuo, pois, José Augusto era feio demais e asqueroso, até seu
perfume a enojava.

A casa estava escura e José Augusto entrara contente, altivo, feliz,


apronta-se rápido e se põe a dormir. Ao seu lado sua esposa dorme.

Havia ali uma proteção de forças: dois Caboclos e uma Cabocla.


Eles a protegiam e antes de José Augusto chegar, fora jogada uma
rede de proteção e amparo. Maria Eugenia não merecia sofrer e com
essa rede de alguma maneira José Augusto não conseguia na sua
beleza de mulher, assim ele quase nunca a tocava e o sexo era
praticamente nulo.

Alfredo amparado por Pomba gira não entendia porque seu filho
que era um homem bem-sucedido havia decaído tanto em espírito.

- Alfredo, sua nora Maria Eugenia é médium e trabalhadora de


Umbanda, fervorosa do bem. Há muito tempo protegida e esses laços
a auxiliam e amparam e ao seu neto Henrique que com apenas 6 anos
via muito bem a espiritualidade e essa mediunidade precoce merecia
ser protegida.

O dia raiou e José Augusto apressado sai de carro para o


trabalho, na rua descuidado” não vê” o farol fechar e num iscar de
olhos atropela um pobre mendigo. A batida foi leve porem o
maltrapilho bate a cabeça na calçada e há bastante sangue.

- Acalme-se Senhor, vou ajuda-lo, sou enfermeira. Era a jovem


Aurora que se fazia sentir no meio de gritos e do desespero de José
Augusto.

- Moço, leve-o ao hospital, vou junto, meu nome é Aurora.

José Augusto atordoado dirigia e a moça o orientava, o hospital


era próximo.

Algumas horas depois despedia-se e Aurora orientava-o que


além de se explicar no Hospital era necessário ir à delegacia fazer um
BO.

- Espere Aurora, obrigada! Posso lhe dar um cartão? Se precisar


de alguma coisa me procure. Você foi para mim um anjo hoje.

- Não é preciso nada, faça sua parte e fale com a Assistência


Social, o hospital vai tratar o pobre moço e orientá-lo, mas fique em
paz, foi somente um pequeno corte e para você somente um susto.
- De qualquer maneira obrigado. José Augusto estava tonto, o
BO levou horas e naquela cadeira simples e fria da delegacia pensava
em Aurora.

Jose Augusto não percebera nada, mas no momento do acidente


foi preciso um Exu Mirim fazer uso de sua magia e assim dirigir com
ele o carro. Para a espiritualidade, nada era em vão.

Em casa jantava quieto, e por alguns minutos observava seu


filho Henrique brincando e de alguma maneira naquele momento um
pouco de amor nos seus olhos pode-se notar.

Capitulo 2 – A vida segue.


Aurora volta para casa, hoje estava de folga no Hospital. Sua
filha Iasmim estava na escola, mas muito havia par fazer dentro da
casa.

No momento do acidente um ser pequeno, um Ere do Astral


esteve com Aurora para que ela estivesse presente, socorresse o pobre
homem e com sua desenvoltura pudesse ajudar também José Augusto.

Aurora não percebe, mas também no hospital tinha um ser de


luz ao seu lado e sua bondade e pureza de alma fazia com que Jose
Augusto não tirasse os olhos dela.

Antes das 8 horas da manhã, na empresa, Jose Augusto gritava


com a secretária:

- Joana! Mande meu carro para o reparo, aqui está o Boletim de


Ocorrências, acione o Seguro e assegure-se que me devolvam até o
final da semana, em perfeito estado!

Nem um bom dia, Joana sua secretária já estava acostumada.

No canto da sala Pomba gira só observa ...

Alfredo agora já sabia quem era seu filho, sua tristeza era
imensa e Pomba gira agora ia com ele para sua casa, iriam ver a
esposa...

Ana Clara sentada na cama escovava os cabelos, termina de se


arrumar ela sai, Alfredo lê agora seus pensamentos:
- Pobre marido, morreu e já foi tarde, eu não aguentava mais
essas suas saídas para o terreiro, essa coisa de espírito de luz, toda
uma caridade com os outros na rua. Onde será que ele estava com a
cabeça? Porque não gozou mais de seu dinheiro? Nunca viajamos, e
era da casa para o terreiro e só envolvido com o bem nunca me tratou
como eu merecia.

- Agora vou viajar, vou nesse Cruzeiro para a Europa, sou ainda
jovem e preciso encontrar um par!

Alfredo chorava, não sabia o quanto sua esposa era infeliz. Achava
que seu trabalho no Centro de Umbanda era reconhecido.

Pomba gira ao seu lado lhe dava coragem, era preciso entender
que o trabalho no terreiro era importante, mas que em casa era preciso
também dar amor e carinho e atenção.

- Uma mulher merece o contato, merece afago, muitas vezes eu


o inspirei a tocá-la. Muitas vezes eu o inspirei a dizer o quanto a
amava. Eu tentei, mas você meu amigo estava “elevado” demais nas
“coisas do bem” e esqueceu que nessa terra onde vocês vicem são
homem e mulher.

Alfredo chorava, amava sua esposa e em algum lugar do


passado, esqueceu-se de ser também homem.
Capitulo 3 - Sábado
Era sábado à tarde e José Augusto saia de casa, gostava de sair
dizendo que ia encontrar com amigos no clube de cartas, mas já
voltava para os braços de Janaina. A casa de Madame Lecler estava
vazia, era cedo e Janaina como de costume já o aguardava.

- Vou me esforçar na toalete, talvez a gorjeta do José Augusto


hoje possa ser “mais gorda”.

O toque de José Augusto era forte agressivo, Janaina estava


cansada, fechava os olhos com cara de prazer.

- Esse bruto é um homem nojento, estou me desfazendo em


atenção, hoje a gorjeta tem que ser boa.

Jose Augusto agora era só soberba, vestia-se tomara um último


drink e hoje deixou uma grossa gorjeta.

- Vou tomar um banho e me preparar, quem sabe mais tarde


posso saciar meu prazer com um jovem bonito, sensual e de “melhor
estirpe”.

Entidades com uma espécie de aura cinza, maltrapilhas bebam


com
José Augusto. As mesmas entidades de aspecto asqueroso,
desesperadas rondavam Janaina e todo aquele lugar.

Em casa, Henrique seu filho tudo podia ver. Não chegava perto
pois sentia aquela energia negativa que vinha do seu pai José Augusto.
A esposa carinhosa arrumara a mesa, colocara seu prato e no seu
coração só tinha gratidão, olhava o marido e o filho saudável e bonito
agradecendo a Deus o quanto seu lar era abençoado, de certa forma
tranquilo e todos com saúde e estabilidade financeira.

Naquela noite José Augusto saia do corpo e já no caminho de


trevas vai de encontro aos “amigos” de farra. Era desesperadamente
aspirado e teias de horror colocadas em seu períspirito. Os seres
perdidos aspiravam energia do álcool e do sexo desregrado, das
drogas e de sua imoralidade de pensamento.

Pomba gira chega. Agora com alguns Exus e numa debandada


alguns dos espíritos negativados saem correndo, alguns rastejam e
todos são encaminhados, seja como deve ser.

E vê-se Exu colocando sua capa sobre Alfredo, protegendo-o e


amparando para não pertencer a essa cena bruta. Pai Alfredo agora
reza.

Seu filho José Augusto de alguma maneira vê o pai, não diz


nada, não sente nada. Alfredo se aproxima e tenta lhe abraçar, mas ele
se esquiva.
-Tarde demais meu pai, como você mesmo pode ver, sou um
bom homem de negócios e ao contrário de você, ouso vivenciar o que
adquiri. Você meu pai, foi um tolo que vivia no terreiro com aquela
perda de tempo falando com espíritos. Sim meu pai, você nada fez de
bom para a sua vida e para a nossa família, não viveu, não viajou, não
curtiu sua vida e mamãe não lhe amava, quantas vezes escutei ela
reclamar com as amigas que você ”a deixava na mão”.

- Você é meu pai, mas eu não pretendo ser como você, eu gosto
de farra, de uma boa mulher da vida, gasto meu dinheiro comigo. Sou
mais experto e pelo que me parece, mais experiente.

Pai Alfredo chorava, não conseguia falar, seu filho não ouviria.

- Quando foi que o perdeu?

Agora Alfredo pode entender, via muito pouco aquela família,


estavam sempre distantes e seu filho estava sempre com uma energia
pesada, apareciam num carro luxuoso, roupas de luxo.... Protegido
pelas suas entidades ele se lembrou que a nora quase não sorria e que
seu neto parecia ter até um certo medo do pai.... Como nunca
percebera isso? Quem era seu filho?

Jose Augusto lhe deu as costas e saiu garrado a mulheres


imundas rindo e cambaleando como bêbado entra numa espécie de
buraco escuro. Alfredo dá um passo para o segurar, mas Exu Marabo
comenta com muita altivez:

- Meu amigo, daqui para frente não podes ir. Deixe comigo.
Capítulo 4 - Encontro com a vida.
Era o início da tarde, José Augusto saia de uma reunião bravo,
batera a porta do carro e dirigia à procura de um pouco de sossego e
diversão. Entrava pisando duro em direção ao quarto de Janaina. Não
era esperado, e a moça estava sim no quarto; quando abre a porta vê
Janaina nua linda, feliz com um moço bonito e viril e mais uma moça
ali da casa emaranhados e gemendo a procura de prazer. Janaina sente
medo, mas por sorte José Alfredo une-se ao trio e só retorna para casa
bem tarde da noite.

Nesse dia não deixou gorjeta.

Na entrada de sua casa estavam dois baianos que barraram na


porta alguns seres dementados e asquerosos que se aproveitam
daquela energia de José Augusto. Não era possível a entrada desses
seres naquela casa, a esposa mantinha uma aura de proteção com
oração e elevação de pensamento.

José Augusto janta e distraidamente vê a TV, sozinho na sala,


perdido em pensamentos e energias extraídas da luxuria daquele dia.

De repente uma luz diferente se faz presente na sala, entrando:


Pomba gira Cigana, Exu Marabo e Exu Mirim.

O peito de Jose Augusto arfa, e Exu Mirim abre os braços, o


moço sente forte dor, era um enfarte... O homem na sala sozinho
geme, e de sua gargalhada Pomba gira explica: “- Excesso de álcool,
putaria e drogas, não faz exercício e nessa energia de negativismo
todo, para Exu Mirim e Exu Marabo executarem a Lei estava bem
fácil. “

José Augusto é acudido pela esposa que sem saber acorda com o
forte gemido.

- “O infarto poderia ter sido fulminante, vamos ter que operar,


por favor como esposa assine a autorização, faremos o necessário. ”
Era a voz do médico explicando para Maria Eugênia na sala de espera
do hospital.

Lá no fundo da sala Exu gargalha.

José Augusto volta para casa, não sente direito seu lado
esquerdo, não come sozinho e precisa de ajuda. Um enfermeiro é
contratado.

Sua secretária liga, seus gerentes estão tomando conta de tudo,


sua agenda foi refeita e quando desliga a moça sorri: “graças a Deus o
bastardo teve o que merece”.

Janaina também sente sua falta, quer dizer do seu dinheiro, mas
toca sua vida, no fundo aliviada pois “o homem “era um bruto.
Uma energia alcança Jose Augusto, ela é cinza e desanima-o
por completo.

-“São emanações de alivio e descaso dos que trabalham e


tinham relações com ele, daquelas pessoas que ela tanto prejudicava”.
- Explica pacientemente Pomba gira Cigana para Pai Alfredo que
preocupado pede para não sair da casa do filho.

Pai Alfredo está sentido e faz uma oração à Olorum e aos


Orixás, pede clemencia e refazimento para seu filho, para ele mesmo e
para sua família. Pomba gira abre os braços e dessa oração bem
sentida uma energia se une a ela e ondas de luzes viajam pela casa.
Sentado no quintal o pequeno Henrique sente essa onda e sorri. Sua
mãe embora cansada sente um alento.

Jose Augusto está com raiva e joga tudo que pode no chão, o
enfermeiro o ajuda, na sua cabeça prefere morrer. Não consegue falar
direito, não dá para andar, se sente um inválido. Logo ele que tem
tudo na vida muito dinheiro, e muito poder! Do seu ser só há raiva
pela vida e ódio por Deus.

Permanece assim emanando para seus amigos espirituais


esfarrapados, doentes da alma certas teias repletas de negativismo e
assim mais e mais espíritos dementados se unem a ele, agora espíritos
de raiva e rancor.
- “Fique longe disto Alfredo, agora você não pode fazer nada.
José Augusto escolheu seu caminho, deixe- o trilhar seu livre arbítrio”
.- Era a Pomba gira Cigana enérgica e ao mesmo terna orientando Pai
Alfredo.

Pai Alfredo chora e mais calmo ora.

Uma luz se fez presente no quarto e o Caboclo chega, um brado


alto e muitos espíritos saem horrorizados de medo alguns são
capturados e muitos são ajudados. Caboclo abre os braços e do alto do
quarto mais daqueles espíritos desesperados são resgatados.

A oração é honesta e sentida, e quando abre os olhos Pai Alfredo


não se abala, já conhecia seu amigo Caboclo, seus olhos molhados e
sua alma se alegram. Era Caboclo 7 Flechas que abre os braços e
naquele abraço eles se encontram.

- Filho meu nunca é abandonado, agradeço a oportunidade de


contigo contar, foram muitas as consultas e junto a ti conseguimos
encaminhar almas perdidas. Você é amigo de Fé, aqui estamos nós
para te ajudar.

Pai Alfredo chora e implora:

-“ Meu companheiro 7 Flechas! Que bom o ver; errei com


minha família, por Olorum te imploro vamos ajuda-los”.
Caboclo levanta os braços, bate no peito e uma linda mata abre-
se naquele quarto. Alfredo vai com ele e sente maior alento.

Pomba gira fica no quarto, limpa o ambiente e a energia


melhora.

Alfredo não acredita no que vê, a mata é verde com uma luz
deslumbrante, o céu de um azul sem par. Ali também tem pássaros de
toda cor. Sentado 7 Flechas o ampara.

- Abro o meu coração, estou perdido meu amigo, errei e quero


recomeçar.

Caboclo 7 Flecha sorri, sua força amparava Alfredo e da sua


sabedoria o Caboclo avisa:

-Amigo Alfredo, sua família também errou, sua esposa não tem
nada de elevado dentro de si, sua ignorância trouxe a soberba e seu
filho já era um espirito perdido. Olorum dentro de seu saber colocou
todos a ti, você fez o seu melhor, filho você errou pois doou-se demais
e de alguma maneira escondeu-se na sua espiritualidade.

- Entenda meu filho que a sua Fé o salvou, mas como espirito


encarnado e pai de família você não fez sua lição de casa. Não se
preocupe e não se avexe, 7 Flecha vai ajudar agora:

- Vamos, levante-se, temos uma família para resgatar!


José Augusto abre os olhos e não acredita no que vê, ela tinha
uma luz diferente, uma voz conhecida e sua esposa apresenta ali a sua
nova enfermeira.

Aurora.

Uma nova esperança veio pelas mãos da Pomba gira. Aurora


traz a calma, traz também esperança.

José Augusto a reconhece e não sabe porque vai se acalmando e


pelas mãos de Aurora vai ajudando e melhorando. Agora já anda e
semanas depois está mais calmo e evoluindo.

Aurora amparada pela Pomba gira Cigana vai fortalecendo José


Augusto.

-Senhor José Augusto, hoje o senhor teve alta médica, já pode ir


trabalhar.

José Augusto não responde algo dentro dele estava diferente, um


amor. Sentindo um frio na barriga percebe que não precisa mais de
Aurora, e a convida para continuar na sua casa, agora como babá de
seu filho.
-Não senhor, agradeço, gosto muito de Henrique mas preciso
trilhar meu caminho na oportunidade que Deus me deu, volto para o
hospital pois com certeza haverá um outro enfermo para eu cuidar.

José Augusto se desespera, olha em volta e o sorriso de sua


esposa dá a entender que Aurora tinha razão.

Na empresa volta a ser o homem durão, mas de alguma maneira


consegue manifestar um cumprimento de” bom dia”, de” obrigado” e
até um “por favor”. Sua secretária percebe, mas nada diz.

Capitulo 5 – A vida continua

Algumas teias de ódio que ela enviava para ele, nesse momento
a espiritualidade retira.

José Augusto toca a vida e não procura mais o jogo, a casa de


Madame Lecler, não aguentaria as drogas, os excessos do álcool.
Sente falta do sexo, mas não da formosa Janaina.

Em seus pensamentos existia a energia de Aurora.


José Augusto se inquieta e se arrepia. Fazem meses, mais de ano
que não olhava sua mulher. Maria Eugenia era bonita, recatada, vivia
para o lar. Sem perceber José Auguro se recorda do quanto já suspirou
por ela, do namoro, do quanto ela podia ser quente e ardorosa. José
Augusto passa a sonhar com sua esposa, não aquela mulher pacata e
do lar, mas sua namorada do passado, uma mulher gostosa.

Pomba gira Cigana gargalha.

No banho Maria Eugenia também sente arrepio. Sente seu corpo


esquentar e num instante lembra-se do marido e tem saudade dos seus
beijos e carícias. Pomba gira roda a saia.

A noite José Augusto geme baixinho, Maria Eugenia


preocupada sente seu pulso, e se tem alguma febre.

José Augusto num gesto simples a abraça.

Uma saia roda ao pé da cama, uma energia de sexo toma conta


do casal.

Pomba-gira se vai.

José Augusto meio sem jeito beija a esposa, Maria Eugenia se


larga e deixa beijar, embalados pelo sexo José Augusto e Maria
Eugenia não sabem, mas com alinhamento de Chakras é bem mais
fácil a espiritualidade os ajudar.

José Augusto acorda em paz, está fora do corpo e logo criaturas


horrendas já vem lhe sugar. Um estrondo no ar. Um chicote. Um
brado e do nada ali tem boiadeiro, caboclo e assim as criaturas
apavoradas se vão. José Augusto não tem muito mérito, mas sua
esposa tem. Ali fora do corpo Maria Eugenia se coloca a orar. Foi
atendida.

No café da manhã existe um mal-estar no ar, de tanto que estão


afastados o casal nem sabe como se tratar. Um bom dia soa leve e sem
jeito. Pomba gira mexe a saia e abre os braços.

Num impulso José Augusto abraça a esposa, beija e lhe dá um


tapinha no bumbum. Corada Maria Eugenia está feliz, seu lado
feminino está a pulsar.

Pomba gira está satisfeita, é moça senhora da vida e do desejo,


trabalha o amor e se for preciso atua no desejo, energizando. Pomba
gira conhece a abertura e limpeza dos Chakras e sabe que a energia
sexual, é salutar, arrebatadora e reparadora. A energia da vida.

O casal segue assim, Jose Augusto na empresa agora mais


educado e Maria Eugenia consciente que além de esposa é sua mulher.

Exu Marabo chega, sua capa agitando e abrindo caminho, pois


Pai Alfredo precisa de ajuda, agora com Priscila sua filha mais nova.

Priscila estava numa enrascada.


Capitulo 6 - Priscila , a filha.

Na mão um cigarro de maconha e assim Priscila sorri, vai se


deixando levar. Ali naquela roda de amigos tem moça e tem moço e
todos se divertindo. Exu precisa agir rápido. Alguns se “picando “e
Priscila embora sob o efeito da maconha e do álcool não tem no seu
caminho de vida o encontro com a Aids.

Exu abre a capa e Priscila se sente mal, seu coração agora


acelera. Priscila cardíaca, Exu Mirim age rápido e Priscila desfalece.
- Amigo Alfredo, sua filha tem o livre arbítrio e está envolvida
com drogas, álcool e companheiros de sexo fácil, mas no seu caminho
não há a necessidade de ela contrair a doença Aids, olhe bem, ali junto
desses moços existem dois que já carregam essa insígnia da morte.

Pai Alfredo com os olhos marejados olha para sua menina.


Linda, cabelos de um lindo dourado, a blusa entreaberta dava para ver
o coração pulsando rápido.

A ambulância chega e Priscila é amparada, No Hospital seu


irmão José Augusto chega desesperado.

O médico avisa que a moça ingeriu bastante álcool e seu


coração teve um leve colapso, sem comer por dietas está fraca e
desnutrida e que havia feito uso da droga maconha e que agora já está
melhor.

José Augusto desesperado chora, quantas vezes ele mesmo havia


feito uso de álcool e até de cocaína. Ele sofreu um enfarte e olhado
sua irmã dormindo ficou sensibilizado, sentado na cadeira ao lado da
cama pensava na vida.

Pomba gira Exu e Alfredo entram com Alfredo. Do lado de José


Augusto tem um índio que lhe intui boa palavras e com a mão em sua
cabeça ajuda-o a se acalmar. O ambiente é propício, José Augusto
olha a irmã e lembra da linda Janaina. Um horror percorre sua mente:
- E se Priscila seguir a vida de” moça da vida”? Pobre minha irmã,
sem o pai para lhe ajudar.

Aurora entra no quarto.

José Augusto a cumprimenta feliz. Agora seu olhar na


enfermeira é de ternura.

Não entende, mas percebe que Aurora lhe traz pensamentos


bons.

Aurora estava cobrindo uma enfermeira de folga. Fala pouco e


ajuda Priscila que vai acordando.
José Augusto permanece calado, não quer lhe dar dissabor, não
deseja lhe insultar. Olha a irmã com carinho.

Aurora carinhosamente arruma Priscila e sem saber porque,


amparada pela Pomba gira acaba por alertá-la que naquele grupo de
jovens que Priscila fazia parte, hoje um deles deu entrada com parada
cardíaca no hospital e que seus pais estavam desolados esse amigo de
nome Pedro estava acordado e perguntou por Priscila. Pedro estava
desesperado e achava que Priscila havia usado droga na mesma
seringa que eles... Pedro sabia ser aidético.

Priscila e José Augusto choram.

Aurora os consola, diz que no braço não havia sinal de picada e


que Priscila teve um pequeno colapso do coração e que por Deus e
pela sua vasta experiência sabia que a menina não havia feito uso da
droga injetável.

Aurora fecha os olhos marejados e de repente se despede. José


Augusto estranha: - Aurora o que foi? Fizemos alguma coisa?
- Não senhor, meu turno já terminou e agora preciso me
apressar, minha filha está internada na ala infantil.

- Posso ajuda-la?

- Receio que não, obrigada.

- Como é o nome todo dela?

- Iasmim Pereira Conceição.

- Por favor Aurora, autorize a minha entrada na ala infantil,


daqui a pouco volto para encontrá-la. Estou a seu dispor. Quero lhe
falar.

Naquele momento Alfredo sente que alguma coisa no coração


do seu filho está diferente.

José Augusto volta para o quarto de Priscila que acordada e


bastante acanhada agradece.

- Irmão, não tenho palavras para te agradecer, há muito tempo


tenho andado por aí, gastando o dinheiro do papai, fugindo da vida em
drogas e sexo casual. Sei que de alguma maneira papai está
entristecido sabendo o que andei fazendo de minha vida.

- Você realmente acha que papai pode nos ver?

-Irmão, quando eu estava sob o efeito da maconha sempre via


sombras ao redor do meu gruo de amigos. Enxergava vultos escuros
absorvendo a droga e arrastando-se entre nós. Nunca reagi, tinha
medo.

- Hoje quando Aurora me alertou sobre o perigo que corri, vi


papai amparado por um homem muito alto entrando no quarto. Ele
sorria.

José Augusto olhava-a com atenção.

- Irmão, nosso pai levou uma vida inteira ajudando seus filhos
no terreiro e ajudando a espiritualidade a trabalhar entre os
necessitados. Papai abnegou-se e consequentemente da família.
Percebo que agora de alguma maneira ele nos acalenta.

Haviam lágrimas em seus olhos e José Augusto lembrou de


Aurora... tinha algo diferente nela.

- Irmã, desde o meu ataque cardíaco a enfermeira Aurora me


ajudou e algumas coisas mudaram dentro de mim.

- Sinto que eu também estava perdido em uma vida de bebidas e


cocaína, ganhei dinheiro ilicitamente e não mais olhava para minha
família. O importante era eu, minha paixão pelo prazer. O prazer
acabava e a cada dia eu buscava mais e mais.

- Irmão, não sei porque lhe digo isso, mas de alguma maneira
sinto que papai está a nos resgatar, sinto uma onda de amor muito
grande e que algumas entidades dele nos amparam.

- É mesmo? Será que de alguma maneira ele vive? Assim liberto


do lado de lá? – Jose Augusto se sente intrigado.

Uma leve brisa sentiu-se naquele quarto de janelas fechadas. Era


7 Flechas chegando com alguns Caboclos e Pai Alfredo amparado
mais uma vez por suas forças agora agradecia:

- “Filhos queridos, a espiritualidade nunca descansa, ouçam o


coração de vocês, sintam o quanto ainda podem ajudar. O importante
é melhorar e aprender. O que se passou deixem para traz.”

Priscila escuta e vai transmitindo ao irmão:

- Irmão, sinto papai pedindo para deixarmos os erros no


passado, os dele e os nossos e começarmos realmente a nos preocupar
em não nos perder nessa oportunidade da reencarnação.
- Você escuta nosso pai?

- Não, eu consigo ver e escutar o Caboclo 7 Flechas que


transmite essa mensagem em nome de nosso pai. Ele vem dizendo que
papai sente muito por nossas vidas, e continuará nos ajudando no que
pode. Que a vida tem altos e baixos, mas o mais importante é vive-la
de verdade e termos Fé. Nada é por acaso e não estamos sozinhos.

- Irmã, me abrace agora, tudo isso é de difícil entendimento para


mim, mas senti a pouco uma brisa aqui nesse quarto. O que impossível
pois portas e janelas estão fechadas. Não conheci esse Caboclo, sei
que trabalhava com papai, e agora sinto que existe algo mais.

Pai Alfredo sorri agradecido e satisfeito.


Capítulo 6 - Iasmim

José Augusto deixa a irmã descansar e sai ao encontro de


Aurora.

- Aurora, posso ajudar?

- Entre José Augusto, por favor.

- Esta é sua filha? Iasmim, bonito nome. O que ela tem?


- Ah, senhor queria eu poder trata-la assim como a tantos que
pude ajudar.

- Senhor José Augusto, minha filha sobre de Leucemia. E por


conta da doença vive agora em hospitais. Olha como está fraca, pela
minha experiência sei que...

- Não choro Aurora, vai acordá-la, por favor, não sofra...

Silencio profundo no quarto.

Ao lado da cama da menina um espírito de uma linda senhora


tomava conta da frágil criança.

- Aurora, deve haver alguma maneira de ajuda-la! Eu sei. Eu


sinto.

- Oh, senhor José Augusto, sinto lhe informar que talvez seja
tarde demais, minha pequena mão encontrou doador compatível de
medula e mesmo que o doador apareça já deve ser tarde e seu
corpinho está frágil e se findando, ela provavelmente não aguentaria.
- Cale-se Aurora. Você não sabe de nada!

Aurora aterrorizada não reconhece mais José Augusto, que voz


estranha e que certeza era aquela?

Exu Guardião ao lado de José Augusto colocando a mão em sua


testa que continua em voz firme:

- Sinto grandemente uma força em meu coração, hoje mesmo


vou procurar o seu médico. Alguma coisa há de se poder fazer a
respeito. Dê-me o nome dele. Preciso ajuda-las. E falando
calmamente:

-“ Sinto que preciso ajuda-las, sinto no coração uma coragem e


uma força que me faz ter esperança. Força Aurora!!

Deitada na cama do hospital Iasmim dormi parecendo sorri.


Saindo do quarto José Augusto visita sua irmã. O médico já lhe
deu alta e dentro do carro Jose Augusto leva confiante a irmã para
casa, sabedor que uma força maior está a lhes ajudar.

Capitulo 7 – A Ajuda

- Senhor Jose Augusto, a menina não tem muito tempo, a


Leucemia é uma doença em alguns casos de certa forma rápida
quando manifestada nessa idade. O que acontece é que nos EUA
existe um hospital especializado e com um banco de medulas capaz de
encontrar um doador em maior velocidade.

- Desculpe, talvez ainda haja tempo. A menina tem vontade de


viver. Não sei o senhor é sabedor, mas dona Aurora é funcionária
deste hospital, aliás ótima colaboradora e por isso sua filha recebe o
tratamento totalmente gratuito aqui..

- Não se preocupe, Doutor Vasconcelos, daqui para frente nós


tomaremos as providências cabíveis e necessárias.
- Ok Senhor Jose Augusto, vou providenciar os contatos e eu
mesmo escrever a recomendação, tenho um colega em Boston e de
bom grado gostaria de lhe ajudar. Partam o mais rápido possível a
menina ficara cada dia mais fragilizada.

Com a carta de recomendação na mão Jose Augusto saiu


pensativo. Quem seria esse “nós” que acabei de informar ao Doutor
Vasconcelos? De alguma maneira tenho a certeza de não estar
sozinho...”

E não estava Exu Marabo ali sorria.

A viajem deixou Iasmim fraca e Aurora preocupada. Jose


Augusto não foi sozinho, pediu a Maria Eugenia que os
acompanhassem, precisava mais do que nunca do seu apoio, e da sua
força. E assim o pequeno Henrique os acompanhou. No hotel Jose
Augusto preocupado com Iasmim sentia-se responsável e querendo
seu bem-estar fazia de tudo, e sem perceber se viu orando para
Olorum pedindo aos Orixás que conhecia de infância e aos guias do
terreiro do seu pai, para que o ajudassem.

Nesse momento seu filho pequeno Henrique, brincando no chão,


sentiu na sua mediunidade o manifestar da oração de seu pai e levanta
correndo feliz para seus braços:

- “Papai a Iasmim precisa mesmo de hospital? Ela não pode


brincar? Ela dormiu a viagem toda. Papai eu gosto dela. Papai eu
posso ajudar?”

Uma brisa passou pelos cabelos de José Augusto. Ele já sentira


essa brisa antes...
O que seu filho estava querendo dizer em “posso ajudar”? Como
um garotinho de 6 anos poderia ajudar? Sentindo um nó na garganta
orou:

-“Meu Deus me dê força e coragem, essas duas precisam de


ajuda, sei que fui um homem descuidado, mundano e até prepotente,
mas agora posso ajuda-las, não quero só auxiliar nas custas do
tratamento. Por favor Deus, me deixe realmente ajuda-las.”

Capitulo 8 - Hospital e a espera.

Seu inglês não era dos melhores, José Augusto precisava da


esposa para entender o que se passava. Maria Eugenia falava com os
médicos.

- Quer dizer então que o transplante seria arriscado? Não havia


no momento doador disponível, mas foi dado alerta ao banco de
medulas para uma situação de necessidade imediata?

- Sim, inclusive estamos procurando em todos os possíveis


bancos. Dentro e fora do Estado.

- Doutor, gaste o que for necessário, mas encontre um doador,


pode ser no País, no Mundo...no Universo; por favor salve essa
garotinha! - Maria Eugenia agora gritava.
Jose Augusto sentiu um peso em suas costas. Trouxe Iasmim e
Aurora, mas será que conseguiria um doador? E a menina? Será que
teria forças para responder ao tratamento?

No hotel Maria Eugenia na sala de estar via TV de mãos dadas


lhe dava forças e o pequeno Henrique brincava no chão.

José Augusto arrependido se perguntava: - Meus Deus me


perdoe, olha a família que eu estava perdendo, porque não fiz mais por
eles? Porque eu fui uma droga de marido? Que papel de pai ausente e
sem coração eu estava vivendo?

Ao seu lado uma voz carinhosa parece responder:

- Isso já é passado...

Exu Marabo sorria.


Capítulo 9 - Poucas esperanças

Uma semana e nada de doador.

José Augusto calado, Aurora desdobrava-se em cuidados com


Iasmim a menina agora estava com febre. Maria Eugenia vai ao
encontro de Aurora e calada segura sua mão.

No quarto Pai Alfredo, Caboclo 7 Flechas e o amparo dos


guardiões. Todos unidos naquela ação. Pomba gira aproxima-se.

Maria Eugenia levanta e abre os braços e uma força tamanha se


aproxima dela:

- “Pai criador! Olorum, Senhor nosso! Somos tão pequenos.


Somos seus filhos! Estamos desesperados. Olhai por nós e por essa
criatura que tanto precisa de cura.

- Dai-nos a benção de vossa Força Divina! Derrame sobre essa


menina a sua Luz Divina da Salvação! Temos Fé no Senhor! Vigie por
nós Guardiões dos Céus! Que Oxala abra seus braços trazendo a
transformação do Pai Obaluaie e que a saúde se reestabeleça nesse
pequeno ser.”

Henrique sentado no chão brincando distraidamente responde:

- Amém.

Do lado de Henrique um Ere menina abre seus pequeninos


braços e uma luz intensa se faz naquele quarto. Juntos encarnados e
desencarnados seres do astral, trabalhadores da luz permanecem em
silêncio e oração.

Iasmim abre os olhos e sorri, frágil parece que há ainda ali uma
grande força. A força do Amor.

Alguns minutos e a porta se abre e o médico chega


acompanhado de dois enfermeiros do astral. Maria Eugenia escuta o
inglês e traduz a todos:

- Bom dia. Senhor José Augusto, a doação de medula


compatível não foi encontrada ainda em nenhum hospital contactado.
Porem... hoje de manhã vindo para o hospital pensei em verificar se
vocês são compatíveis com a doação da medula. Vocês já verificaram
essa possibilidade?

Meio sem graça continua:

- Como médico jamais tomei tal liberdade. Mas como pai de


família algo ecoou dentro de mim. I´m sorry.
Prontamente José Augusto observa que realmente, nenhum deles
se submeteu a qualquer verificação. A viajem foi tão repentina, nem
tiveram tempo.

O exame foi rápido e para surpresa de todos, claro exceto da


espiritualidade que estava certa de ter chegado o momento, sim Jose
Augusto era o doador perfeito para a frágil menina.

Seria um milagre?

Caboclo 7 Flechas de braços abertos faz singela oração. Naquele


momento almas afins de outros tempos se encontravam, se tocavam e
se misturavam nessa abençoada terra.

Iasmim veio no avião o tempo todo dormindo, ainda será


necessário muito descanso e o cuidado de um hospital.

Mal chegam em casa e o telefone toca, era Aurora:

- Senhor José Augusto, Iasmim tem febre, desculpe incomodá-


lo, temo por ela. Tanto trabalho, tanta oração, estou com medo.

- Acalme-se Aurora, eu e Maria Eugenia estamos indo.


A menina não melhorava, a febre estava instalada a dias. Ao seu
lado encarnados e protetores estavam atentos.

Pai Alfredo sensibilizado clama pela presença do seu protetor, o


Caboclo 7 Flechas pedindo auxílio. Ora a Olorum, aos Orixás e
fervorosamente clama por auxílio.

- Caboclo meu amigo, vejo que a menina pode desencarnar, oro


por ela, e por sua mãe, por favor interceda.

O Caboclo Altivo chega e se aproxima numa luz vibrante a que


os acalenta:

- Amigo querido, seu filho Jose Augusto agora sofre. De alguma


maneira essa união de almas de outros passados o torna feliz. Vamos
ajudá-lo a buscar o seu caminho, tenha paciência, ore.
Capitulo 10 - Origens

José Augusto olhava sua xícara de café, longe pensativo: “- Que


dor é essa meu Deus? Sinto como se Iasmim fizesse parte de mim. O
que se passa? Deus pai, me oriente e me ajude. O que posso fazer?
Como posso ajudar? Me deixe ajudar. ”

Pomba gira Cigana atenta rodava SUA SAIA, Exu Marabo


coloca a mão sobre Jose Augusto.

José Augusto mais calmo lembra-se do pai.

“... procure o terreiro, volte a sua origem, peça ajuda aos filhos
de Pemba do seu querido pai. “
Jose Augusto escuta o comando, sai de casa e vai até a casa de
sua irmã Priscila que prontamente lhe dá o endereço e se interessa em
irem juntos.

- José Augusto conheço o local, já fui algumas vezes, vou com


você, hoje é sexta-feira vamos na gira!

O encontro com os médiuns na casa é uma grande alegria e no


atendimento o Caboclo mentor da mãe da casa os cumprimenta muito
feliz.

- Filhos da casa vos saúdo! Agradeçam ao amigoCaboclo 7


Flecha, esse retorno foi muito esperado. Pelas forças de Oxóssi agora
vamos ajudar, levem essa fita vermelha e amarrem na testa da menina,
acendam esse toco, aguardem uma lua. Orem com Fé. Voltem aqui
depois e partam em Paz.

José Augusto no carro dirige calado. Algo dentro de si dizia que


tudo ia ficar bem.

A menina Iasmim melhora realmente em poucos dias.

José Augusto e Priscila voltam a casa para agradecer na gira.

Agora é gira de Exu.

A capa o trabalho, o cheiro do cachimbo, Exu Marabo


acompanha os filhos:
- Agradeço a visita. Seu pai foi um trabalhador fiel desta casa.
Seu pai está melhor e agora satisfeito. Filhos vocês têm um lindo
caminho, vão em Paz e José Augusto não se avexe, lhe aviso que seu
filho hoje ainda pequeno tem um destino nessa casa. Sempre que
puder volte. Traga também o menino, no futuro um grande
trabalhador.

Alfredo chora, as lágrimas escorrem:

- O que mais poderia querer? Agora realmente se sentia feliz.


Completo.

Ali ao lado estava Pai Alfredo, feliz e emocionado. Pomba gira


o ampara e conversam:

- Obrigada meus amigos.

- Alfredo, agradeço e já lhe aviso. Ainda há mais a fazer, você


foi também omisso com sua esposa, se você assim desejar agora
devemos também visitá-la.

Pai Alfredo assente e partem.


Capitulo 11 – O Navio

Era um lindo dia claro de mar azul e brisa fresca. Ana Clara no
seu passeio satisfeita toma sol.

Esses dias estão sendo maravilhosos, a noite passada foi um


verdadeiro sonho. Adorei. Há muito tempo não tive tanto prazer em
viver. Gian Francesco é um cavalheiro. Quer saber? Por esse lindo
homem posso mesmo me apaixonar. Está certo que ele é ainda um
garoto. Mas... ele me olha com tanto desejo. Acho que vou até ficar na
Itália como ele me pediu. Agora sou livre. Quero viver...

- Buona Sera! (Boa noite)- Olá Gian! Que bom vê-lo aqui.
Sente-se comigo, vamos jantar.

- Si bela!

- Como você está bonita?! “La più bela di questa notte!

- Gian, você ficou hoje muito tempo sozinho, o que você fez o
dia todo?

Gian sorri.

- Eu estava dormindo e depois me preparando para mais essa


noite. Você é uma gata selvagem e quero adorá-la.
Ana Clara não percebe que naquele jovem de palavras sedutoras
existe um viciado em jogos de azar. O moço jogou o dia todo, perdeu
tudo e agora queria através dela recuperar o valor o que precisava.

-Gian querido, vamos dançar?

-Não minha querida Ana Clara, vamos lá fora ver as estrelas,


pretendo beijá-la. Você é minha “cara” (querida), tenho olhos só para
ti.

Gian era esperto. Precisava ganha-la queria voltar a jogar.

Pai Alfredo presenciou a cena e Exu Marabo já explicava:

- Amigo Alfredo, sua esposa escolheu essa viajem e se perde nas


garras desse jovem por vontade própria. Você não precisa ajuda-la se
não quiser. Mas como amigo eu sugiro que fique. Vamos ver o que
podemos fazer... Veja a Aura que envolve esses dois, estão pesadas e
ruins.

Ana Clara perdeu-se em bebidas e uma noite inteira de amor.


Gian era esperto e não sentia nada por ela, nada que um tal
comprimido azul não ajudasse a manter aquela senhora presa em suas
amarras. Por mais tedioso que isso fosse.
Ana Clara acorda feliz. Gian dorme. O café da manhã ela pediu
no quarto e feliz de nada desconfia. O moço na madrugada furta de
sua bolsa muito do seu dinheiro.

Ele dá uma desculpa dizendo ir para sua cabine trocar de roupa.

Ana Clara sorri, pois, pensa em ir arrumar o cabelo e unhas.


Quando retorna a sua cabine não acha o rapaz.

Gian joga a tarde toda e só altas horas da noite aparece no


quarto.

Ana Clara está chateada, havia lhe procurado no quarto, bateu,


procurou pelo navio e jantou sozinha. Disse que havia se arrumado
toda, desde o cabelo, o vestido, tudo para ele. Onde ele estava?

Astuto o rapaz insinua que dormiu demais, como uma pedra...

E aquele cheiro de cigarro, do local fechado deixa Ana Clara


sentida. Cega como estava e carente de amor, não comentou nada.
Entregou-se a ele que rapidamente a satisfez.

O moço não queria nada mais com ela, talvez mais algum valor.

Na verdade, estava querendo ir embora. Sua necessidade de


dinheiro fazia-o ficar.

Na madrugada ele mexe nas bolsas e não havia mais dólar


algum para pegar. Gian se desespera volta para a mesa de jogo e perde
o que não tem, agora ele havia levado o cartão de crédito dela e paga a
mesa dizendo ser de sua namorada.

Ninguém desconfia de nada. Os dois andam sempre juntos.

O dia vai alto, a tarde se põe e Ana Clara cansada nem procura o
rapaz. Ela se ajeita e sai para jantar na esperança de reencontrar o
rapaz.

Ana Clara havia feito alguns amigos. Um casal de idosos que no


deck conversam animadamente.

Exu Marabo se aproxima. O senhor era médium de uma casa


espirita de Kardec, Exu cumprimenta seu mentor e conversam. Pede
ajuda.

O senhor começa a falar de família, de como se conheceram e


amparado pelos espíritos seu coração se abre em amor, respeito e
dedicação pela sua esposa e filhos. Seus olhos brilham.

Ana Clara pensa em Pai Alfredo seu falecido marido, em como


era o namoro, na sua vida de casada, e nos momentos de alegria.
Esquece das passagens ruins e se perde em memórias e pensamentos
bons.

Exu vai amparando-a, vai elevando seu pensamento e ao mesmo


tempo recolhendo daquela filha toda energia deletéria que a manteve
presa a Gian.

Ana Clara pensa nos filhos, no neto, na sua casa e com um toque
de Exu sobre sua testa lembra-se como era bom se sentir protegida por
Alfredo. Como era bom saber que seu marido era uma boa pessoa.
Sente saudades.

Ana Clara pede licença e sai sozinha pelo navio. Anda Caminha
um pouco apreciando a linda noite. Gian se aproxima.

O jovem galanteador está desesperado na ânsia e querendo jogar


mais lembra-se do cordão de ouro e dos anéis que Ana Clara exibia.
Tamanho era seu desespero para voltar a jogatina.

Uma ideia lhe ocorre.

Aproxima-se com um galanteador e a cumprimenta: Come stai


bella?

Ana Clara olha o jovem. De alguma maneira não vê o Don Juan,


o galanteador. Ana Clara lembra-se de sua filha e dos amigos dela.
Aquele garoto tinha a idade da filha. Ana Clara chora. Seu peito doe,
sua cabeça roda, não consegue falar e senta-se.

Gian parado não sabe o que fazer. Parece que o moço pressente
que Ana Clara “acordou”. Resolve agir. Gian a abraça com força. E
fica calado.
Ana Clara sente proteção. De alguma forma esse jovem bonito e
galante a faz sentir menos solitária.

A solidão é uma companhia ruim. Ana Clara tem medo da


solidão.

- Vamos nos sentar ali dentro Bella!


Capitulo 12 - Gian

Ana Clara não percebe, Gian cuidadosamente estava levando-a


para o bar.

A moça se refez. Lembra-se que quer se divertir. Tem vontade


de se sentir mais forte, mulher, desafiadora, quer ser uma mulher
sedutora. Quer se sentir amada, protegida de alguma forma. Quer ser
feliz!

Gian pede um vinho e brinda ao amor, fala coisas bonitas sobre


a vida, sobre ele e com se sente atraído por Ana Clara. Começa a
mentir e discorre como é solitário, percebe que já tem a atenção de
Ana Clara. Descreve sua vida como uma vida perfeita
profissionalmente como jornalista. Começa a descrever mais, agora
sobre suas insatisfações e sua ” solidão”.

Percebe que essa é a situação de Ana Clara, até porque já havia


conhecido tantas mulheres e é sabedor que a solidão faz a mulher estar
indefesa e procurar qualquer tipo de compensação sem pensar muito.
O que era preciso num caso desses era dar atenção e galanteio.
Ao lado deles Marabo passa a explicar a Alfredo detalhes da
vida espírito encarnado de Gian:

“A solidão é um estado do espirito em que um ser não se sente


amado, sente medo de viver, sente que a vida está passando e
reconhece que estar só traz muita desilusão.

Gian é um verdadeiro mestre em comandar essa situação.

Outras foram as encarnações onde Gian aprendeu a ser um


Mestre do Amor. Já tivera oportunidade de se redimir vivendo uma
encarnação como um Frei. Sua posição de poder e força dentro da
Igreja, sua beleza e intuição com as mulheres sempre causavam muito
impacto. Nessa encarnação em roupagem de Frei, Gian afugentava-
se nos braços de mulheres que se diziam mal-amadas e até amou
muito uma jovem donzela.

Esta moça era prometida a um rico mercador. Gian sofreu de


amor pois a donzela não lhe correspondia e não lhe tinha desejo
vendo-o realmente como um Frei celibato da Igreja. Inconformado
Gian seduziu o jovem mercador e para desespero da donzela, um dia
se fez encontrar entre lençóis com seu marido.

Gian nunca teve escrúpulos e ele mesmo sofria muito com a


solidão. Nunca foi amado e de alguma infeliz situação do destino
nunca mais amou.”

Gian começa a recordar de sua vida, de seu passado. Seu vazio

Não entendia direito o que se passava com ele.

Era Exu Marabo que estando Gian sob efeito do álcool colocava
em sua mente fragmentos de um passado, de um amor fracassado.
Gian se sentiu nauseado lembrando vagamente de um homem,
uma linda moça e sentia as lembranças do seu amor. Era algo vago e
longínquo. Gian muito alto da bebida não entendeu o que se passava.

Naquela noite, Ana Clara entra no quarto e prontamente


adormece.

Gian sai do quarto aliviado. Esquecendo-se das joias pois estava


sob o efeito das garras de Exu e também perdido nos fragmentos de
seu passado sórdido.

Sente imensa solidão. Dormiu até tarde no outro dia.

Pai Alfredo de nada dessa conversa teve consciência, Exu


Marabo o fizera imediatamente esquecer o que se passou pois não lhe
cabia participar da vida pregressa deste rapaz.
Capitulo 13 - Alfredo

Alfredo orava a Olorum queria ajudar sua esposa. Pedia forças


ao Pai Amado e aos Orixás e agora calmamente aguardava observando
o mar.

Nunca estivera num navio.

- Porque nunca viajara com sua esposa? Deus! Estava sempre


trabalhando e depois ia para o Centro. Sentia que era esse o seu
destino. Sentia-se bem no auxílio ao próximo. Nada do quanto doou-
se ao próximo fez para si ou para sua família. Esse era o seu erro.

Pomba gira a seu lado:

- Sim amigo! Não devemos nos esquecer que antes de ajudar ao


próximo é preciso fazer a lição de casa. Não que um Pai de Santo não
tenha mérito em suas obrigações. Tem muito mérito.

- Amigo, entenda que a encarnação é sua! Viestes sozinho. E


fostes embora sozinho!

- Agora eu lhe pergunto: e você? E a sua vida?

Pai Alfredo não consegue chorar. Entende o recado.

Como teria sido bom um passeio de navio com sua amada


esposa? Onde foi que se perdeu?

Marabo chega junto e da sua altivez vai dizendo sem pudor:


- Alfredo, as vezes o Pai de Santo se acha tão iluminado que de
tanto trabalhar e na ânsia de se fazer ajudar não percebe que está na
verdade exercendo o erro da magnitude. Você se achava um Pai de
Santo exemplar e em seu orgulho lhe tomou de magnitude e
esplendor. Não te repreendo, pois, sei que sofre agora por ter sido
assim. E você teve méritos. Somente se excedeu e se perdeu... Espero
que entenda. E estamos a lhes ajudar, você sabe que cada um vive
segundo seu Livre arbítrio e conhecimento. Acalme-se amigo.

Capitulo 14 – Ana Clara


Ana Clara está quieta e apagada passeando pelo convés. Agora
ela não sabe se está correta em curtir a vida ao extremo e se quer
mesmo viver assim. As vezes acha que sim. Percebe que na noite
passada portou-se como uma adolescente. Nem lembrava do que
haviam feito!

- Quem era esse Gian?

- O que fazia um bel rapaz italiano assim num navio sozinho?


Seria ele um desses Don Juan metido a galantear mulheres solitárias?

- O que ela queria da vida?

Sentia-se mais solitária e perdida.

De repente resolveu se arrumar. Desceu para o salão e refez seu


cabelo, fez uma massagem e tomou um banho, arrumou-se toda.

Saiu para jantar muito bonita por fora, procurando na verdade


alento para sua dor. Pediu um champanhe. Ana Clara achava que
champanhe era o símbolo que liberava ela como mulher.

Tomou duas, três taças. Subiu para o deck e encontrou Gian


olhando perdido para o mar.

O jovem estava insatisfeito e perdido quando vira Ana Clara


como uma salvação para seu sofrimento. A solidão era reciproca.

Agarrados à sensação de vazio, nesse momento descem ao


quarto para cada um aplacar a sua dor. E foi feito um sexo de paixão e
de tesão pela vida. Uma alma procurando para si satisfação e
envolvimento para curar um buraco, uma falta de amor.

A solidão causa essas coisas. Na solidão as pessoas se perdem e


se buscam. Mas na dor da solidão dificilmente alguém realmente se
encontra.

Pomba gira estava ali. E emanava desse ser espiritual uma


energia que refazia por algum tempo a dor. Essa energia não curava.
Ajudava.

Perdidos no tempo aquelas duas almas se juntavam, mas ainda


era possível ver o abismo de dor que mesmo satisfeitos no sexo e até
de certo modo no carinho nada aplacava.

Pomba gira fazia o que podia, trabalhadora do astral, sabe


quanto pode e deve ajudar. E o quanto não pode não deve ajudar pois
entre as criaturas existe o Livre arbítrio que deve ser respeitado.

Pai Alfredo amparado por Exu permanece no Astral para


descansar um pouco. Muitas foram as emoções dos últimos dias e
Marabo sabedor disso deixa-o aos cuidados dos Pretos Velhos.

Profundos conhecedores da cura das almas, os Pais Velhos


ajudavam Alfredo a se refazer e se equilibrar. No Astral Alfredo
dormia.
Capitulo 15 - Itália

Ana Clara sorria, o navio aportara em Nápoles na belíssima


Itália.
A brisa leve do mar convidava-a a desembarcar. Alguns amigos
ali do navio convidam e Ana Clara prontamente aceita.

O dia estava perfeito, claro, o passeio maravilhoso, as praças o


comércio, a Igreja e o astral dos Italianos envolvem Ana Clara que se
distrai em boa companhia.

Gian não desce do navio. Quisera permanecer só. Achava-se


infeliz e repensava sua vida. Estava diferente...- O que estaria fazendo
de sua vida? Roubara aquela senhora, estava viciado em jogo, em
bebida, perdera tudo e percebia o quanto fútil, descarado e vil havia se
tornado.

- Estou perdendo minha vida.

Sentado na beira da piscina, estava pensativo, triste, pensativo e


muito desorientado.

Exu Marabo se aproxima.

O jovem estava receptivo, entre recordações de vidas passadas e


da consciência pesada devido ao caráter sórdido de sua atual
encarnação, o jovem estava perdido.

Exu Marabo estava ali para reequilibra-lo. Era preciso. Havia


uma Ordem do Astral a ser cumprida. Era o resgate de almas que se
perderam.
A atuação era de sua avó Materna, essa senhora que
desencarnada orava fervorosamente pelo neto que cada dia mais
estava se perdendo.

Sabedor da Lei do Livre arbítrio, Marabo aproveitou-se que o


jovem estava sóbrio, sentido e aberto, perdido em pensamentos de
culpa e aflição.

Esse era um bom momento.

Exu Marabo coloca-o sobre suas forças, e o jovem cansado


adormece ali mesmo na cadeira da piscina.

Despendido do corpo o jovem percebe Marabo, um senhor alto e


forte e conversam. Marabo experiente e Senhor de seu Mistério age.

Sem saber porque o jovem sente vontade de se abrir. Exu


Marabo absorve um pouco da dor que esse espírito carrega de uma
encarnação de enganos e desenganos. Assim Marabo trabalha,
descarrega esse filho de Deus.
Capitulo 16 – Gian

Mais calmo Gian chora.

Gian chora uma dor de muitos séculos. Chora o desengano que é


a sua vida.
Exu Marabo abre os braços e do alto de sua sabedoria sorri.
Marabo não fala nada. Olha com profundidade e o jovem se
recompõe.

- Sua vida está ainda no início, você tem toda uma juventude
pela frente. È preciso que encare sua vida de frente.

Marabo sorri.

O jovem acorda atordoado, abre os olhos e parece que sonhou.


Recorda de sua vida, do quem tem feito e como tem agido.

- Não precisa ser assim... parece escutar uma bonita voz.

Realmente dessa vida de noitadas nunca aprendeu nada, percebe


que seduziu mulheres que no fundo deu a elas o que pediram. Foi de
certa forma uma troca justa. Parece escutar uma voz dentro de si...

- O que fiz está feito, não dá para voltar atrás.

- Seduzi, mas fui seduzido pela vida fácil, pela ganância, pelo
jogo, bebidas e drogas. Realmente.

- Mas agora sei que só eu perdi. Eu me perdi de mim mesmo.

O entardecer estava lindo. Gian sentia-se bem, tranquilo, algo


deveria mudar. Chega dessa vida. Não posso querer somente isso para
mim. Seu pensamento era sincero.
Chama um garçom e agora sente fome. Toma um lanche e
permanece assim resolvido, curtindo o início da noite quando houve o
barulho dos hospedes felizes que voltavam do passeio.

Crianças correndo...

Famílias cansadas, mas felizes...

Risos e muita alegria.

Capitulo 17 – A Verdade

Ana Clara sorri vendo o jovem ali sentado.

Gian a vê feliz e convida-a para sentar. Pergunta sobre o passeio


a Nápoles, mas nem escuta direito a resposta.

- Ana Clara...

Gian resolve se abrir.


Ana Clara pede um suco e feliz conta mais sobre seu passeio,
lhe dá um pequeno regalo.

Gian abre a caixa: era uma caneta.

- Para você escrever...

O jovem pensa no jornalismo, como é feliz quando escreve!


Num impulso toma coragem e abre sua vida com aquela jovem
senhora.

Ana Clara se assusta. Que voz era aquela? Quem era esse
menino?

O homem galanteador virou apenas um menino.

Gian de olhos marejados continua. Ana Clara esta calma agora,


vê naquele moço seus filhos. Perdoa-lhe ali mesmo.

- “Quem seria sua mãe? “

-“Onde andariam seus próprios filhos? Como estaria seu neto?”.


A felicidade do dia a deixa forte.

Ana Clara toma-lhe as mãos e carinhosamente diz:

- Gian, você foi meu salvador, vim para esse navio vazia e
desamparada. Entendo que lhe usei, assim como você me usou. Não
lhe devo perdão. Sobre o dinheiro, esqueça.

- Quero que você me prometa que vai se ajudar. Eu tenho filhos


sabe? Não sei o que pensam e a algum tempo também não sei
realmente como estão. Se você se abriu comigo, abro-me com você.
Te perdoo, me perdoe. Não fui uma boa mãe.

-Sei que você vai descer agora quando chegarmos a Roma na


próxima parada. Quero que você seja meu amigo. Vou lhe ajudar se
você quiser minha ajuda. Quando chegar à sua cidade, volte para sua
profissão, seja um escritor. Coloque no papel toda a sua angustia,
escreva, para o mundo o que você pretende aprender.

-Nada nesse mundo é em vão.

Gian permanecia calado, seus olhos brilhavam.

Quem era aquela mulher? Que força maravilhosa ela tinha.

Pomba gira sorria.

Ana Clara suspira e continua:

- Sabe, eu tinha um marido muito bom. Ele era uma espécie de


mestre do Espirito, trabalhava numa casa que se chamamos no Brasil
de Centro. Não sei se você entende. Ele trabalhava para as pessoas
necessitadas de palavras de auxílio, amparo, proteção e carinho.

Muitas vezes fui no Centro com ele.

Muitas foram as vezes que estive em contato coma


espiritualidade.

Nunca me envolvi.
- Eu achava que o Dom do meu marido era seu destino. Não o
meu. Deixei que ele se envolvesse abertamente para sua religião e de
alguma maneira o perdi.

- Me arrependo disso pois se o tivesse mantido ao meu alcance,


eu e ele, seriamos mais felizes. Eu me perdi.

- Tínhamos boa condição financeira eu fazia muitas compras e


me excedi em prazeres diversos. Nunca fui infiel. Mas fui infiel a
mim, e ao nosso casamento esqueci de ser esposa, de ser sua
companheira. De procurar viver a vida dele, me interessar, estar
presente..

- Errei também om nossos filhos que se fizeram cada um por si.

Silencio.

- Sabe Gian? Hoje sei que posso voltar para eles. Meus filhos, meu
neto e os conquistar, sei que consigo porque os amo.

- Não posso refazer o que perdi com meu marido. Ele se foi...

- Gian, você pode conhecer uma boa pessoa, ser o companheiro


da sua vida. Casar. Sabe? A vida de casado tem altos e baixos,
tristezas e alegrias. O importante é vocês viverem juntos e unidos.

- Ana Clara, você foi feliz no seu casamento?

- Se fui feliz?
- Um tempo fui muito feliz, e quero me lembrar de Alfredo
nesse tempo. Sei que ele está lá em algum lugar. Sei também que ele
gostaria que eu continuasse minha vida, quem sabe um dia vou revê-
lo... em outra encarnação.

Gian chorava. De alguma forma tinha lembranças de já amara e


que a perdera. Entendia o que Ana Clara sofreu.

O sol se fora e a noite caia.

Ana Clara se refez e convida:

- Gian, vamos nos arrumar, jantar e comemorar. Sinto que


minha vida está mais clara. Vamos viver o agora e se Deus quiser
amanhã será um novo dia.

- Meu amigo, me abrace, quero um abraço de um amigo!

Uma capa esvoaça por ali. Uma gargalhada na espiritualidade se


ouvia. Era Marabo que satisfeito no trabalho partira.

Pai Alfredo dessa conversa nada participou, mas Pomba gira em


breve lhe contaria.

Ouve-se o farfalhar de uma saia...pombagira partira.

Madalena

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