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Memórias Póstumas de Brás Cubas

“Senhoras e senhores, sejam bem-vindos à Memórias Póstumas de Brás Cubas,


história de Machado de Assis, 1881”

 CENA 1( ENTERRO)
*Personagens: Brás, figurantes, virgília e sabina
*Cenário: Cemitério

Narração: Expirei as duas horas da tarde de uma sexta feira do mês de agosto de 1869, na
minha bela chácara. Tínha uns 64 anos quando morri por uma ideia fixa e revolucionária , era
solteiro e fui acompanhado por 11 amigos, incluindo minha irmã e meu grande amor, virgília,
no qual era a que mais padecia da minha morte naquela hora.

 CENA 2( INFÂNCIA)
*Personagens: Brás, figurantes
*Cenário: Cozinha/ Sala/ Festa

Narração: Após meu nascimento, cresci, cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os
gatos. Talvez os gatos sejam menos espertos, e com certeza, as magnólias são menos inquietas
do que eu era na minha infância.
Desde os cinco anos me nomearam de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra
coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por
exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negou uma colher do doce de
coco que estava fazendo. Fazia Prudêncio, um moleque de casa, de meu cavalo todos os dias;
dava mil voltas de um lado pro outro lado, e ele obedecia sem dizer uma palavra , e quando
reclamava eu o retrucava “Cala a boca, besta!”.
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Em uma festa que teve em casa, um falatório sem fim do Doutor Vilaça me impedia de
satisfazer meu estômago, quando pensava que um dos seus discursos tinha acabado vinha
outro, esse crime merecia uma grande vingança! Ao ver ele e Dona Eusébia descendo as
escadas, os segui, e assim presenciei um beijo nas escondidos trêmulo e receoso, logo corri
para onde estava os demais e os delatei em alto e bom som como se fosse uma canção.

 CENA 3.1 ( MARCELA)


*Personagens: Brás; Marcela
*Cenário: Praça

Narração: Tinha 17 anos, com olhos Vividos resolutos, sustentados pela arrogância. Sim eu era
um rapaz bonito e facilmente se imagina que várias damas se inclinavam diante de mim.
Porém a única que me cativou foi uma dama espanhola, Marcela. Ela não possuía a essência e
inocência rústica de todas as garotas, e mal chegava a entender a moral do código. Ademais,
era uma bela e simples cortesã Conheci-a na grande praça do Rio de janeiro. Dexei-me
apaixonar, estava vibrante e ansioso. Foi daí que me enamorei apesar de ela ser encantada por
um tal Xavier.

 CENA 3.2 ( MARCELA)

Narração: Porém, em uma festa dada em sua casa, segurei-lhe nas mãos e puxei a para mim, e
dei lhe um beijo veloz como um tufão e incerto como um bêbado.
 CENA 4 ( MARCELA)
*Personagens: Brás; Marcela
Narração: Gastei 30 dias para ir do Rocio grande ao coração de Marcela, primeira comoção da
minha juventude, que doce que me foste!
Mas, ai triste! não o era de graça. Marcela amava o luxo, jóias e tudo que era brilhante. Foi-
me preciso juntar dinheiro, multiplicá-lo, inventá-lo. Primeiro explorei as larguezas de meu pai;
ele dava-me tudo o que eu lhe pedia. Mas a tal extremo chegou o abuso, que ele restringiu um
pouco as franquezas. Então recorri a minha mãe, e induzi-a a desviar alguma coisa, que me
dava às escondidas, era pouco; Então lancei mão de um recurso último: comecei a extrair
sobre a herança de meu pai e assinar obrigações, que devia resgatar um dia com usura.
Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.

 CENA 5( LISBOA)
*Personagens: Brás(Paulo), pai do Brás
*Cenário: Navio, “Local de estudo”, Formatura
Narração: Meu pai, logo que soube dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o
caso excedia os limites de um capricho juvenil. Assim, obrigou-me a fazer as malas e me levou
ao navio que ia para Lisboa.
No primeiro dia pensei em me matar, no segundo em virar padre, no terceiro em beber até
cair, no quarto pensei em escrever uma carta para Marcela, no quinto comecei a pensar na
Europa, e no sexto sonhava com as noites em Lisboa. Em 6 dias Deus fez o mundo e eu refiz o
meu. E foi assim que desembarquei em Lisboa e segui para Coimbra. A Universidade esperava-
me com as suas matérias árduas; estudei-as muito mediocremente, e nem por isso perdi o
grau de bacharel.
No dia em que a Universidade me atestou, em pergaminho, uma ciência que eu estava longe
de trazer aprofundada em meu cérebro, confesso que me achei de algum modo enganado,
ainda que me sentisse orgulhoso.

 CENA 6( RETORNO AO BRASIL)


*Personagens: Brás, Virgília
*Cenário: Quarto da mãe

Narração: Depois de alguns anos de permanência em Lisboa, atendi a súplica de meu pai e
retornei ao Brasil, devido ao estado terminal de minha mãe, única de minha família que amei.
Ler a carta em que dizia sobre o estado de minha mãe, foi como um soco em meu estômago. A
ver morrer foi uma terrível, longa e cruel dor.
Decidi levar uma vida simples na Tijuca após a morte de minha mãe, numa velha casa de
nossa propriedade, lá me encontrei solitário por vários dias, quando meu pai solicitou uma
mudança de atitude, ao menos ser algo na vida me dedicando a vida política e ao casamento.
Apesar de não ter interesse em ambos aceitei, daí que conheci a noiva, virgília (a mesma
presente em minha cova), que de início não me conquistou.
 CENA 7
*Personagens: Brás (Paulo), eugenia e dona eusebia
*Cenário: Casa de dona Eusébia

Narração: Na tarde do mesmo dia em que aceitei me casar e eleger, fui visitar minha nova
vizinha, dona Eusébia, a mesmo do qual expus quando criança acerca do seu caso secreto com
o doutor vilaça. Estando a recordar-me sobre suas viagens, estudos e namoros. Ouço um
ranger de porta, era sua filha, eugenia. Tinha certa graça natural, um ar de senhora que me
encantou e ela por mim.

 CENA 8
*Personagens: Brás (Paulo), eugenia e dona eusebia
*Cenário: Casa de dona Eusébia

Narração: Dona Eusébia me convidou para tomar um chá, quando notei que sua filha
mancava, então que percebi que era manca! Tinha uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca,
uma compostura tão senhoril e coxa!
Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?
Num domingo dei lhe o seu primeiro beijos, mas mal sabia que na minha mente só se passava
uma coisa: era manca!
Foi então que por esse motivo, somente por esse motivo , desci da Tijuca. Porém antes da
minha descida, eugenia foi em minha varanda e despediu se de mim com um suspiro de
tristeza, engolindo as lágrimas. Podia lhe alcançar em poucos passos já que era manca, mas
preferi retornar ao meu compromisso com virgília.

 CENA 9
*Personagens: Brás, Virgília e Lobo Neves
*Cenário: Praça

Narração: Atrasei-me ao encontro. Entrei apressado, achei Virgília ansiosa, com mau humor,
dizendo que esperava que eu viesse mais cedo. Defendi-me do melhor modo, falei do cavalo, e
de um amigo, que me detivera. Sentei-me enquanto Virgília calada, fazia estalar as unhas.
Seguiram-se alguns segundos de pausa. Falei-lhe de coisas estranhas ao incidente; ela porém
não me respondia nada, nem olhava para mim. Foi por esses motivos e outros que não deu
cabo no nosso casamento. Então apareceu o Lobo Neves, um homem que não era mais esbelto
que eu, nem mais elegante e todavia foi quem me arrebatou Virgília e a candidatura, dentro de
poucas semanas.
 CENA 10
*Personagens: Brás, pai de Brás, Virgília, Sabina, Lobo Neves e figurantes
*Cenário: Praça/Quarto do pai de Brás

Narração: Meu pai ficou perplexo com o desfecho entre mim e Virgília , e me pareceu que não
morreu de outra coisa. Eram tantos os castelos que construiria, tantos e tantíssimos os sonhos,
que não podia vê-los desmoronando, sem adoecer. Depois disso, meu pai vivia repetindo
inúmeras vezes ao dia “Um Cubas!”.
Como eu era moço, tinha o remédio em mim mesmo, após a desilusão amorosa. Meu pai é
que não pôde suportar facilmente a pancada. Pode ser que não morresse precisamente desse
acontecimento, mas que ele lhe complicou as últimas dores, é certo. Morreu alguns dias
depois da visita do ministro, em uma manhã de maio, entre os dois filhos, Sabina e eu, e mais o
tio Ildefonso e meu cunhado , abatido, triste, a tristeza de morrer sem me ver posto em algum
lugar alto, com uma preocupação intensa e contínua, à semelhança de remorso, um
desencanto mortal, que lhe substituiu os reumatismos e tosses.
Morreu sem lhe poder valer a ciência dos médicos, nem o nosso amor, nem os cuidados, que
foram muitos, nem coisa nenhuma; tinha de morrer, morreu. e suas últimas palavras foram
“Um Cubás”. E com muito tristeza, exclamei em alta voz: “Morto, está Morto!”

 CENA 11.1
*Personagens: Brás, Lobo Neves, Virgília, Dona Plácida
*Cenário: Festa/ Casinha

Narração: Em uma festa na residência de Lobo Neves, convidei Virgília agora casada com Lobo
a dançar, visto que o mesmo não tinha a mínima vontade de dançar com a esposa. Durante a
dança senti meu coração bater mais forte, eu era incapaz desviar meus olhos de Virgília e de
sua beleza que me cegava, e era recíproco, nosso amor proibido nasceu ali, e apenas crescia a
cada dia que sucedia.
 CENA 11.2

Numa bela manhã quando cheguei em casa achei uma caixa de charutos, que Lobo Neves
tinha me mandado. Logo entendi e a abri, e tirei este bilhete:
“Meu B.
Desconfiam de nós; tudo está perdido; esqueça-me para sempre. Não nos veremos mais.
Adeus; esqueça-se da infeliz
V.a”.

 CENA 11.3

Foi um golpe esta carta, quando anoiteceu, corri à casa de Virgília. Já era tarde, ela estava
arrependida. Rapidamente contou-me o que a baronesa disse na noite anterior, comentado as
minhas relações na casa. Quando me dei conta, éramos objeto da suspeita pública. Virgília
concluiu dizendo que não sabia o que fazer. Insinuei que era melhor fugirmos, ela negou
depressa, abanando a cabeça.
Vi que era impossível separar duas coisas que no espírito dela estavam inteiramente ligadas: o
nosso amor e a consideração pública.
 CENA 11.4

Com isso, concordamos em nos encontrar em uma casinha e nela iria morar uma mulher,
conhecida de Virgília, Dona Plácida, na qual seria uma costureira, não a diríamos tudo, mas ela
aceitaria facilmente o resto.
A casa me tirava tudo; o mundo vulgar terminaria na porta; dali para dentro era o infinito, um
mundo eterno, superior, excepcional, nosso, somente nosso, sem leis, sem instituições, sem
baronesas, sem olheiros, sem escutas.

 CENA 12.1
*Personagens: Brás, Lobo Neves, Virgília, Dona Plácida
*Cenário: Casinha

Narração: Lobo Neves foi convidado a ocupar o cargo de presidente da província no Norte,
porém logo recusou por razões de pura superstição com o número 13, dia em que aconteceria
a nomeação, nunca agradeci tanto a um número na minha vida! A sensação de quase ter
perdido Virgília fez meu amor por ela crescer ainda mais intensamente.

 CENA 12.1
Certo dia na casinha, Dona Plácida veio correndo ofegante alertando que Lobo Neves estaria
vindo, ligeiramente me escondi debaixo da mesa. Quando Lobo adentrou a casa, Virgília o
distraiu dizendo que estava fazendo uma visita a dona plácida e que já estava de saída, assim o
convenceu de retorna a sua casa junto com ela. Fiquei furioso após sua partida, como ele
ousava pisar no precioso espaço que seria exclusivamente meu e de Virgília, mesmo assim
Virgília e eu, de certa forma, tivemos a súbita consciência que estivemos próximos de perder
nosso amor.

 CENA 12.2
Não passou muitos dias após esse incidente, alguém enviou uma carta anônima para Lobo
Neves denunciando o caso amoroso de sua esposa comigo. Ao questionar Virgília, ela negou de
todas as maneiras possíveis.

 CENA 12.3
Quatro semanas depois, vim a saber que Lobo Neves havia sido nomeado presidente da
província, e infelizmente a data da nomeação não cairia em um dia 13. Sem delongas, chegou
a hora da despedida, Virgília partiu com o seu marido para província e o tempo passou, meses,
anos, e o nosso amor que era caloroso um dia aos poucos se congelou. Vendi a casinha e voltei
a morar na velha propriedade dos meus pais e avós.

 CENA 13
*Personagens: Brás, Sabina, Quincas e Eulália
*Cenário: -

Narração: Duas forças se juntaram para tornar minha vida agitada como de costume: Sabina e
Quincas Borba, meu amigo de tempos. Minha irmã, Sabina, achava-me um homem solitário e
um verdadeiro solteirão, dizia que devia me casar. Apresentou-me Eulália; e em seguida me
encaminhou a candidatura conjugal de um modo verdadeiramente impetuoso. Quando dei por
mim estava com a moça quase nos braços e noivo. Quanto ao Quincas Borba, me mostrou
finalmente o Humanitismo, sistema de filosofia destinado a arruinar todos os demais sistemas.
 CENA 14
*Personagens: Eulália, Brás e figurantes
*Cenário: Enterro

Narração: "Aqui jaz D. Eulália Damascena de Brito, morta aos 19 anos de idade, orai por ela!".
A lápide diz tudo. O que dói mais do que a doença que mataste Eulália, com toda a certeza é a
morte, o desespero da família, o enterro. Eulália morreu após a primeira entrada da febre
amarela. Não digo mais nada, apenas que a acompanhei até o último jazigo, e me despedi
triste, mas sem lágrimas. Concluí que talvez não a amasse muito.

 CENA 15
*Personagens: Brás, Quincas, Virgília, Sabina e figurante
*Cenário: Enterro

Narração: Após algum tempo e decepções, conversamos eu e Quincas Borba. Estava


envergonhado, aborrecido após tantas desilusões; Quincas Borba pôs-se a me animar. Para
distrair-me, convidou-me a sair, saímos para todos os lados do Engenho Velho. Íamos a pé,
filosofando as coisas. A palavra daquele homem era cordial e encorajava-me a não desistir.
Dizia-me para fundar um jornal e desmanchar toda essa igrejinha. Resolvi ser jornalista.
Mandei logo para a imprensa uma notícia discreta, dizendo que provavelmente começaria a
publicação de um jornal oposicionista. Publiquei-o e nos primeiros seis meses meu jornal
encheu-me a alma de uma vasta aurora. Depois, entretanto, chegou a hora da velhice, e daí a
duas semanas a hora da morte.
Entre a morte de Quincas Borba e a minha, aconteceram os sucessos narrados na primeira
parte do história. O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo,
por causa da doença da qual morri, após de simplesmente abrir a janela para sentir o ar fresco
que vinha de fora.
Em minha vida miserável, não tive um final de contos de fadas, mas sim solitário e indigno,
sem ninguém ter estado ao meu lado no derradeiro de minha morte. Não alcancei a
celebridade de um emplasto, não fui ministro, não fui califa e não conheci o casamento,
somente morri de pneumonia.

Brás( dito voz alta): Mas uma coisa foi positiva "não tive filhos, não transmiti a nenhuma
criatura o legado de nossa miséria".
 EQUIPE CENÁRIO

*Prescisamos:
•Plaquinha confeccionada para censurar o beijo
•Caixão( que caiba o Brás)
•Uma caixinha pequena com um papel dentro( como se fosse uma carta)
•Colher
•”Diploma”
•Latas de refrigerante ou embalagem de alguma bebida infantil
•Bíblia
•2 cadeiras e 1 mesa( fáceis de locomover)
•Jóias( cordões, brincos, etc…)
•Malas
•Plaquinha com o número 13
•Véu, Buquê
•Jornal

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