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1- Falta de evidência concreta: ao longo do livro, Machado de Assis nunca apresenta nenhuma
evidência direta de que Capitu tenha traído Bentinho. Todas as suspeitas são baseadas em
insinuações e suposições.
2- Narrador não confiável: o narrador de "Dom Casmurro" é o próprio Bentinho, que narra a
história muitos anos após os acontecimentos. Como ele próprio admite, sua memória não é
confiável e ele pode ter interpretado mal os fatos ou distorcido sua própria visão do que
aconteceu. Portanto, a versão dos eventos pode estar contaminada pela sua própria
subjetividade.
5- Bentinho diz que o bebê não é dele, e sim de Escobar pois ele tem traços parecidos aos da
criança. Mas como Bentinho estava muito desconfiado, ele pode ter criado em sua mente a
semelhança de traços entre o bebê e Escobar... Cientistas e doutores nomeados dizem que a
mente é poderosa e pode criar imagens do que nós acreditamos, mas nem sempre é verdade.
6- Capitu era extremamente apaixonada por Bentinho, o considerava o amor de sua vida.
7- Bentinho era naturalmente calado, o que não é uma característica muito boa quando se
trata de um relacionamento. Ele não tinha diálogo com a sua amada, isso pode ter feito com
que ele tirasse suas próprias conclusões sobre a suposta traição. Por entender errado ou por
não coletar informações suficientes, Bentinho pode ter se precipitado e colocado a culpa em
sua esposa.
8- No livro, Capitu diz que teme a separação de seu marido. Se ela disse isto, quer dizer que
ela não o trairia. Se ela tivesse traído, provavelmente ela não faria tanto drama em resposta
do pedido de separação do marido.
9- Bentinho desde a infância só cita fatos sobre ela que pudessem apontar como ela era
dissimulada. Não seria um modo de preparar o leitor para que na hora que ele contasse sobre
a suposta traição, o leitor já estivesse preparado a desconfiar da índole de Capitu, e assim não
questionaria seu ciúme louco?
10- No final do livro o próprio personagem confessa ter exagerado em suas acusações, dizendo
que as mesmas foram proferidas devido à antipatia que sentia por seu pai, o Pádua.
(Declaração de José Dias no final: “Ela é um anjo… boa, discreta, prendada, amiga da gente, …
e uma dona de casa que não digo nada.)
11- Capitu era transparente em seus sentimentos. Bentinho os tinha confusos. (“Capitu temia
a nossa separação.”)
13- O comportamento de Bentinho pode ser explicado por outros fatores: além dos ciúmes
exagerados, Bentinho também sofre de uma série de problemas psicológicos ao longo do
livro, incluindo ansiedade e paranoia. Esses fatores podem ter influenciado sua percepção de
Capitu e levado a uma interpretação equivocada de seus gestos e olhares.
15- O livro é uma crítica à sociedade patriarcal: que limitava a liberdade das mulheres e as
condenava por comportamentos considerados imorais ou impróprios. Nesse sentido, a
ambiguidade em torno da traição de Capitu pode ser interpretada como uma forma de
questionar os padrões duplos que existiam para homens e mulheres na época.
16- A traição poderia ser uma projeção dos medos e inseguranças de Bentinho: ele pode ter
interpretado os olhares entre Capitu e Escobar como uma traição porque, no fundo, temia
perder Capitu ou não ser suficiente para ela.
17- Há certas insinuações de que Bentinho pode ter tido uma relação homoafetiva com
Escobar, como por exemplo, o fato de que Bentinho frequentemente se refere a Escobar como
"meu querido" e "meu amado". Além disso, há passagens no livro em que Bentinho descreve
a beleza física de Escobar com detalhes sugestivos. (são questões bem sutis e deixadas em
aberto para a interpretação do leitor).
18- Alguns estudiosos da literatura e da psicologia argumentam que Bentinho apresenta sinais
de transtornos psicológicos ao longo da narrativa. Por exemplo, é possível interpretar o
comportamento obsessivo de Bentinho em relação a Capitu como um sintoma de transtorno
obsessiva-compulsivo (TOC). Ele é dominado por pensamentos obsessivos sobre a traição de
Capitu e é incapaz de se livrar desses pensamentos, mesmo quando não há evidências claras
de infidelidade. Além disso, sua tendência a isolar-se da família e dos amigos e viver em um
mundo de fantasia também pode ser vista como um sintoma de um transtorno psicológico.
Outra possibilidade é que a narrativa de "Dom Casmurro" seja uma representação ficcional de
um processo psicológico conhecido como "gaslighting", que ocorre quando uma pessoa
manipula a realidade para fazer outra pessoa questionar sua própria sanidade. Nesse sentido,
Bentinho poderia estar inventando a história da traição de Capitu para justificar seus próprios
sentimentos de ciúme e rejeição.